Prévia do material em texto
8- Dor pós-operatória Conceito 78,2% dos pacientes terão dor nas primeiras 24h após a cirurgia oDor intensa em 27,1% dos pacientes oDor moderada em 57,3% O manejo inadequado da dor ocorre em 44,6% dos pacientes. Ou seja, não há um cuidado devido com a dor pós-operatória como devia. Definição de dor: É uma experiencia sensorial e emocional desagradável associada com dano tecidual real ou potencial Dor peri-operatória está presente no paciente cirúrgico devido a doença pré- existente, ao procedimento cirúrgico ou à combinação de ambos. Experiência angustiante associada a uma lesão tecidual atual ou potencial, com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a dano real ou potencial ao tecido Avaliação e mensuração da dor Tipos de instrumentos Instrumentos unidimensionais o Escala verbal numérica (0 a 10) Dor fraca: intensidade igual ou menor a 3 Dor moderada: intensidade de 4 a 6 Dor intensa: intensidade de 7 a 9 Dor insuportável: intensidade 10 o Escala visual numérica (EVC) o Escala visual analógica (EVA) o Escala de faces o Escala de categoria verbal: ausência de dor, dor fraca, dor moderada, dor forte, dor insuportável Multidimensionais Específicos: para dor crônicas Escala deve ser usada em conjunto com mais 7 elementos adicionais p/ avaliação da dor Início e padrão Localização Qualidade da dor Fatores agravantes e atenuantes. O que faz a dor melhorar ou pior? Tratamento anterior Efeito: como da dor afeta a função física, sofrimento emocional e sono Se existem barreiras para a avaliação da dor Importância do tratamento A avaliação da dor deve ser rotina no atendimento de todo corpo clínico dos hospitais Dor como 5º sinal vital (Pulso, PA, temperatura e FR) O objetivo é minimizar ou eliminar o sofrimento causado pela dor, facilitar o processo de recuperação, reduzir a morbidade associada à dor, tornar o tratamento economicamente compensador Dor aguda Propósito de alerta, resposta à lesão aguda Inicia reflexos de retirada e protetores Principal resposta psicológica é a ansiedade Dor de início recente e de provável duração limitada Há correlação causal e temporal com a incisão cirúrgica Tende a ser mais intensa no início Dor aguda pós-operatória Dor de início recente e de provável duração limitada Há correlação causal e temporal com incisão Tende a ser mais intensa no início Manejo ideal perioperatório o Evidências clínicas o Procedimento específicos o Particularidade dos pacientes Abordagem atual para dor pós- operatória Assume que todo pós-op deve ter planejamento de gestão para otimizar a dor física e função emocional Avalia intensidade da dor em repouso e na atividade para recuperação necessárias, geralmente visando intensidade leve, mas com exceções notáveis, como em traumas graves com estado mental aletrado Identifica com antecedência aqueles pacientes que podem requerer atenção especial para controle de dor pós-op (dor crônica pré-op, ansiedade, terapia com opioides ou comportamentos anormais como catastrofização ou transtorno de uso de substâncias) Integrar o controle da dor e outros aspectos de preparação e recuperação da cirurgia, como educação do paciente, nutrição e ingestão de líquidos Combinar vários tipos de medicamentos, como antiinflmatórios e, quando viável, bloqueios periféricos em uma estratégia multimodal para reduzir a dependência de um agente sozinho (como com opiodes com seus muitos efeitos colaterais) Monitorar os pacientes após a alta para identificar e tratar a dor persistente e outras indesejáveis consequências cirúrgicas, o mais cedo possível Organizar o controle da dor pré, intra e pós-op de acordo com um contexto adequado e processos de todo o sistema de saúde para melhorar a qualidade e a segurança Reconhecer que o manejo da dor aguda, como após a cirurgia, tornou-se uma subespecialidade médica devido ao crescimento do conhecimento e de técnicas especializadas como anestesia regional Avaliação da dor pós-op Avaliação sistemática Dor estática (em repouso) Dor dinâmica (em movimento) oA intensidade a dor é menor ao repouso e maior em movimento (tosse, por exemplo) e a dor ao repouso diminui mais rapidamente do que a dor ao movimento Fatores de risco para dor pós-operatória Tipo de cirurgia: Existem cirurgias que causam mais dor pós-operatória que outras --> Cirurgias de tórax são muito dolorosas, assim como cirurgia de andar superior do abdome --> tem que ter estratégias de controle da dor importantes. Sem elas, isso pode inviabilizar essas cirurgias Presença de dor pré-operatória: geralmente pacientes com dor crônica tem maior chance de dor pós-operatória mais intensa Expectativa do paciente e do médico sobre a intensidade da dor após a cirurgia Medo do paciente em relação ao resultado da cirurgia influencia na dor pós- operatória Idade do paciente --> homens jovens sentem mais dor Dor crônica Alto traço de ansiedade Estados depressivos Complicações da dor aguda pós- operatória Sistema respiratório Diminuição da CV, CRF, VR, FEF1sà Se ele não consegue respirar, ele diminui a capacidade vital, capacidade residual funcional, redução do fluxo respiratório etc. Esses pacientes ficam mais propensos a ter atelectasias: alteração da relação V/Q à causa hipóxia tecidual, hipercarbia; Há uma supressão da tosse, devido a dor ao tossir. Ai a movimentação ciliar fica diminuída (dificuldade de mobilização de secreções), podendo gerar infecção pulmonarà se paciente ter febre, deve pensar em uma infecção por complicação da dor Distensão abdominal (íleo paralítico) e o intestino diminui sua peristalse: afeta função respiratória Efeitos agravados pela: idade avançada, obesidade, urgências, tipo e duração das cirurgias, tipo de anestesia, tabagismo, DPOC. A analgesia peridural pós-operatória nas cirurgias que causam muita dor, reduz muitas complicações respiratórias Cardiovascular Dor libera catecolaminas, em resposta a agressão o Paciente com problemas coronarianos são candidatos a isquemia miocárdica, pois ele terá taquicardia, aumento da PA, DC, trabalho cardíaco e consumo de O2 pelo coração, ocorrendo isquemia oA analgesia peridural reduz a chance de isquemia miocárdica, ou seja, IAM no intra e pós-operatório Taquicardia, elevação da PA, aumento do DC, aumento do trabalho consumo de O2 pelo coração, podendo ocorrer isquemia Aumento do risco de isquemia e infarto do miocárdio Dor >imobilização> estase venosa, ativação da coagulação, aumento da reatividade plaquetária, diminuição da fibrinólise > TVP --> a dor aumenta risco de TVP. Gastrointestinal Dor > retardo do esvaziamento gastrointestinal, diminuição da motilidade > íleo prolongado. Maior incidência de náuseas e vômitos Retardo da alimentação oral >podendo ter infecção intestinal e sepse Ativação simpática determinada pelo estresse > diminuem a motilidade Neuroendócrino Aumento do tônus simpático, com estimulação hipotalâmica, secreção de catecolaminas Aumento de hormônios catabólicos e diminuição de anabólicos Psicológica Ansiedade Reação depressiva Resultados clínicos indesejados da dor pós-operatória mal tratada Retardo na cicatrização da ferida devido ao aumento do tônus simpático e má oxigenação Aumenta o risco de manutenção ou transição para dor crônica Aumenta a taxa de deiscência de anastomoses Aumento do risco de complicações pulmonar, incluindo pneumonia devido à diminuição da ventilação Aumenta o risco de trombose Aumenta o risco de delirium Aumenta a mortalidade Resposta ao estresse sustentado: catecolaminas elevadas, cortisol, catabolismo aumentado Resultados administrativos indesejados da dor pós-operatória maltratada Maior tempo de permanência no hospital ou unidade de terapia intensiva Maiores taxas de complicações (incluindo possível dor crônica) que aumentam os custos para o sistema de saúde Redução do "pagamento por desempenho" com base na interferência de qualidade inferior de atendimento Sequelas fisiológicas adversas da dor: cronificação da dor aguda (deixa de ser componente periférico e passa a ser central) Quando a dor aguda não é bem tratada, ela pode cronificar. A dor aguda tem que ser tratada muito bem inicialmente, pois depois fica mais difícil tratar (tratamento de dor crônica é mais complicado, pois é mais central) Fisiopatologia da dor aguda pós- operatória Estimulo nocivo --> transdução --> Neurônio aferente primário --> transmissão desse impulso doloroso --> neurônio de segunda ordem --> no corno dorsal da medula há sinapse --> transmissão do estímulo para o tálamo (área intermediaria da interpretação do processo doloroso) --> córtex (cognição) Dor: inclui componentes discriminativos da sensibilidade dolorosa (envolve aspectos afetivos e motivacionais) Nocicepção : mecanismo pelo qual os estímulos periféricos são transmitidos ao SNC (percepção dos estímulos nocivos) Transdução Detecção inicial de um estímulo nociceptivo externo ou interno e sua transformação em sinal neuronal (potencial de ação) Ativação de nociceptores (terminações nervosas livres) o Estímulos nóxicos periféricos Mecânicos: ácido Térmicos: calor e frio Químicos o Estímulos nóxicos viscerais Isquêmicos Mecânicos (estiramento) Térmicos Presença de nociceptores: o Fibras C Lentas e amielinizadas Estimulo térmico, químico e mecânico Dor crônica: indistinta e mal localizada o Fibras A delta Rápidas e mielinizadas Estímulos térmicos e mecânicos Dor aguda: cortante e bem localizada o Fibras A beta à vibração, movimentos e toque leve, mas podem acabar transmitindo sensações dolorosas (transmite dor em condição não- fisiológicas) No processo de cronificação da dor, há sensação dolorosa em locais em que não há geralmente dor. Quem transmite essa sensação dolorosa, não são as fibras nociceptivas (C e Adelta), mas sim fibras A beta Nociceptor silente: Quando ocorre lesão tecidual e/ou inflamação, fibras nervosas que normalmente não são sensíveis a estímulos térmicos e mecânicos, passam a ser responsivos, mesmo durante movimentos normais Dor pós-operatório possui 2 componentes o Periférico: ocorre no aferente primário (sensibilização periférica) oCentral: acorre nos neurônios de segunda ordem presentes no corno dorsal da medula (sensibilização central) Sensibilização periférica = Hiperalgesia primária oQuando há lesão tecidual, há ativação de nociceptores (aferentes primários) oAumenta a liberação de prostaglandinas, bradicininas, histamina oAumentam a permeabilidade vascular, migração de leucócitos, produção de cininas, produção de prostaglandinas, destruição de células, liberação de potássio etc o Isso faz com que ocorra uma redução do limiar da dor para atividade neuronal e aumentam o potencial de repouso da membrana neuronal o Liberação de mediadores algógenos e modulação periférica --> inflamação Ácidos graxos de cadeia longa Cininas (bradicinina) Vasodilatação Ácido araquidônico Prostaglandi nas (PGE2) Vasodilatação e redução do limiar de excitabilidade dos nociceptores Macrófagos e leucócitos polimorfonucleare s IL 1, G, fator alfa de necrose tumoral Estimula céls endoteliais a iniciar processo de adesão -> ativa mecanismo de migração de leucócitos na área lesada Estimulação dos nociceptores Substância P, neurocinina A, peptídeo geneticame nte relacionado à calcitonina Sensibilização central = Hiperalgesia secundária o Fibras C não mielinizadas: produzem potencial excitatórios pós-sinápticos lentos: liberação constante de NT excitatório: Glutamato oNo corno dorsal/posterior da medula, o principal NT é o glutamato (excitatório) -> Glutamato age no receptor AMPA (receptor de canal de cálcio) -> Quando o estímulo é intenso e há liberação cte de glutamato na fenda sináptica --> ocorre sensibilização do segundo receptor: NMDA (receptor de canal de cálcio) -> A resposta do receptor NMDA é amplificada -> Perda de interneurônios inibitórios: GABA e glicina -> Aumento da liberação: glutamato e substância P -> Aparecimento de novas formas de sinapses excitatórias que interagem com receptores NMDA e AMPA oOcorre na periferia da lesão estimulação de receptores táteis oAtiva fibras de baixo limiar amplifica campo nociceptivo oDepende de mecanismos de sensibilização no crono dorsal da medula o Liberação de substância P Transmissão: transmissão dos impulsos nervosos dos nociceptores até medula espinhal e desta para o córtex Transmissão periférica e central Lamina 1 é mais marginal (centro receptivo de informações que chegam da periferia) -> sinapse p/ lamina 2 (maior parte da modulação do estimulo doloroso) e lâmina 5 (leva informação para tálamo e córtex) -> neurônio cruza linha média da medula -> ascende em direção ao tálamo por fascículos antero-lateral o Fibras C: lâminas 2 e 5 o Fibras A delta: lâminas 1, 2 e 4 Corno dorsal --> passa pelas laminas I, II e V --> faz 1a sinapse dos impulsos dolorosos --> neurônios cruzam a linha média e ascendem pelos tratos neoespinotalâmico ou Paleoespinotalâmico até atingirem a Formação Reticular e o Tálamo (que são áreas da percepção dolorosa), através do fascículo ântero-lateral, que contém os feixes neoespinotalâmico e paleoespinotalâmico, além do trato espinoreticular Espinotalâmico oAbrange a parte lateral dos impulsos sensoriais o Projeta-se diretamente para o núcleo lateral do tálamo ventro basal contralateral o Informações discriminativas da dor Trato Neoespinotalâmico: oResponsável pelo componente cognitivo da dor o Informa sobre o começo, duração, localização e intensidade da lesão oResposta consciente e imediata - dor aguda Trato Paleoespinotalâmico: oResponsável pelo sistema qualitativo e plástico da dor o Transmite sinais lentos, informações sobre a persistência da injúria - dor crônica Espinorreticular talâmico: o Projeta-se para: núcleo medial do tálamo e estruturas moduladoras do tronco cerebral oDor de difícil localização oRelacionada a aspectos emocionais e memória Modulação: pode amplificar ou reduzir o sinal elétrico da dor Corno dorsal da medula espinhal Magnitude da dor depende do balanço entre mecanismos inibitório e facilitatórios: o Inibitórios: via descendente inibitória da dor (sistema anti-nociceptivo) Substância periaquedutal cinzenta: endorfinas Núcleo da rafe magno: encefalinas, serotonina, nora Interneurônios espinhais: dinorfinas Outras células espinhais: nora, ocitocina, relaxina Outros sistemas: GABA, glicina o Excitatórios: aumento da excitabilidade e descargas espontâneos do segundo neurônio Dependente da ativação dos receptores NMDA Na inflamação prolongada ocorre aumento da densidade e sensibilidade dos receptores NMDA: hiperalgesia secundária, expansão do campo receptivo, redução do limiar para novos impulsos --> aumento da resposta do segundo neurônio Ativados pela liberação sustentada de glutamato Receptores: neurotransmissores ou neuropeptídeos o Posição pré-sináptica: Opioides - endorfinas encefalinas (-) GABA b- GABA (-) Alfa 2 adrenérgicos - noraepinefrina (-) Neurocinina 1 (NK1) - substância P (+) Serotonina (5HT2) - serotonina (-) Glicina - glicinaa (-) o Posição pós-sináptica GABA a,b - GABA (-) AMPA - glutamato (+) NMDA - glutamato (+) Opioides - endorfinas encefalinas (-) Serotonina (5HT1b) - serotonina (-) Adenosina (A1) - adenosina (-) OBS: +: facilitador da dor e -: dificultador da dor Percepção e cognição: representação cerebral da dor Diferentesáreas recebem impulsos nociceptivos do tálamo Principal em região anterior a pré-frontal Área somestesica primária, secundária, giro cingulado anterior e ínsula Princípios do tratamento da dor pós- operatória Existe evidência para guiar a seleção dos medicamentos apropriados e estratégias conforme as necessidade de cada tipo de cirurgia. Esta evidência é baseada em três componentes estratégicos: Analgesia multimodal Analgesia específica para cada procedimento Reabilitação precoce depois da cirurgia Analgesia multimodal Vantagens: Analgesia otimizada Redução da necessidade de opioides (economia de opioides) Redução dos efeitos colaterais dos opioides Bloqueios periféricos e locais ou anestesia regional do neuroeixo: abordagem multimodal Analgésicos sistêmicos incluem: Dipirona ou paracetamol (acetominofeno) Antiinflamatório não esteroidais não seletivos e seletivos de COX 2 Moduladores alfa-2-delta (gabapentina e pregabalina) Antagonistas do receptor NMDA (quetamina) Agonistas alfa-2-adrenérgicos (clonidina, dexmedetomidina) Anestésicos sistêmicos locais Corticosteroides Opioides Analgesia preventiva Técnica ou terapia antálgica antes da lesão, com o objetivo de diminuir a intensidade da dor e evitar a sensibilização central Usada em qualquer parte da via dolorosa: o Periferia: usa-se analgésicos e AINES oVia de condução: anestésicos locais oMedula: opióides: AL, clonidina, quetamina (bloqueia receptor NMDA de forma não seletiva) oCentros superiores: opióides por via sistêmica Analgesia específica para cada procedimento Diferentes cirurgias causam: Dor resultante de diferentes mecanismos (dor musculoesquelética, depois de cirurgia ortopédica ou visceral após cirurgia abdominal, por exemplo) Dor de diferentes gravidades e com diferentes impactos funcionais Dor em diferentes localizações Analgesia ideal Que se consiga um bom nível de analgésicos, sem efeitos adversos, e sem que se reduza a concentração plasmática desses analgésicos para que o paciente não sinta dor no processo de internação Analgesia controlada pelo próprio paciente no pós-operatório ele não precisaria esperar que a enfermeira administre o analgésico Reabilitação precoce depois da cirurgia Com o objetivo de promover a diminuição da estadia hospitalar e reduzir as taxas de complicações. Tais protocolos enfatizam: oRedução da resposta ao estresse cirúrgico e risco de disfunções orgânicas oOtimização do manejo de fluido pré- operatório e temperatura corporal o Evitar drenos cirúrgicos, tubos nasogástricos, cateteres e outros procedimentos invasivos desnecessários oDieta enteral precoce oMobilização precoce Manejo da dor pós-operatória Evitar a prescrição de analgésicos "se necessário" nas primeiras 48 horas do período pós-operatório (dor moderada e/ou forte) Analgesia controlada pelo paciente O conceito básico da técnica é poder oferecer ao doente um recurso que lhe permita auto administrar analgésicos para dor, assim que ele mesmo julgue necessário. Ele não ficaria mais dependente de auxiliares de enfermagem para administrar esses analgésicos. Isso diminui ansiedade, pois muitos pacientes sentem dores fortes. Vantagens: Participação ativa do paciente no tratamento Elevado grau de aceitação e satisfação do paciente Diminuição o tempo de administração de analgésicos Otimização do tempo da enfermagem / menos analgésicos de resgate Segurança no manejo das drogas / dosagens Significa que o paciente pode decidir quando e quanto analgésico ele receberá Maior conforto físico e emocional ao paciente Métodos de administração: pode ser continuo ou sob demanda (quando ele mesmo solicitar) Analgesia venosa controlada pelo paciente: Infusão contínua x demanda x associação Analgesia peridural controlada pelo paciente: permite combinar anestésicos locais, opioides e drogas adjuvantes (clonidina) Analgesia regional controlada pelo paciente: Anestésicos locais administrados em plexos Manejo da dor pós-operatória em adultos Analgesia regional Bloqueios: oNervos periférico o Plexos nervosos oNeuroeixo Analgesia sistêmica Regular: evitar que a dor apareça é mais fácil do que trata-la após ter iniciado a crise álgica Demanda (SOS):medicação potente, inicio rápido, por via parenteral, para dor incidentalà quando o paciente sente dor mesmo com a analgesia sistemática, deve-se prescrever uma droga mais forte, para que ele não tenha mais complicações da dor Drogas usadas na analgesia pós- operatória Opióides Anti-inflamatórios não esteroidais Anestésicos locais Analgésicos não opióides Adjuvantes oCetamina oAlfa 2 adrenérgicos oAntidepressivos oAnticonvulsivantes Opioide São drogas importantes como estratégia de controle de dor pós-operatória e aguda de grande intensidade. Ela tem ação central e nas dores refratárias a analgésicos AINES. Elas interagem com receptores específicos dos peptídeos opioides que são distribuídos por todo o SNC e por terminais nociceptivos. Os opióides ativam mecanismos inibitórios na formação reticular, na medula espinhal e no sistema límbico. Receptores opiáceos mu (MOP): Analgesia, depressão respiratória, prurido, miose, bradicardia, náuseas, obstipação intestinal Kappa (KOP- só está presente na medula): Analgesia medular, miose e sedação Delta (DOP): Disforia, alucinação, alteração de comportamento NOP: receptor peptídico FQ de nociceptinas orfanina: função distinta Distribuição dos receptores opioides Medula espinhal: substância gelatinosa do corno dorsal No cérebro: região cinzenta periaquedutal, sistema límbico, área postrema, tálamo, córtex cerebral: bloqueia liberação de NT excitatórios como glutamato e substância P SNC: reduz informações de nocicepção periférica na lâmina 2, bloqueia reflexos e modifica interpretação da dor Sistema gastrintesinal: intestino (constipação), vias biliares e outros tecidos Nível da medula espinhal: inibe liberação de substância P a partir de neurônios sensoriais primários no corno dorsal, atenuando a transferência de sensações dolorosas para o cérebro Tronco cerebral: modula a transmissão nociceptiva no corno dorsal da medula espinhal/ vias descendentes inibitórias Mecanismo de ação dos opioides: Receptores mu, kappa e delta: Ação pré-sináptica: inibição da adenilciclase Ação pós-sináptica: hiperpolarização da membrana celular (abertura do canal de potássio), diminuição na condutância ao potássio e diminuição da liberação de adrenalina, dopamina e acetilcolina (inibição do canal de cálcio: inibe liberação de NT) Vias ascendentes: oDiminui despolarização na extremidade nociceptiva: hiperpolarização oDiminui abertura de canais de cálcio na terminação pré-sináptica: diminui liberação de neurotransmissor oAumento da abertura de canais de potássio e no neurônio pós-sináptico Efeitos colaterais Depressão respiratória: monitora respiração, nível de consciência oRedução dose-dependente o Sinais: redução da FR com aumento compensatório do volume corrente, mas que, em sua evolução, não é capaz de evitar a hipercapnia Náuseas e vômitos Prurido Sedação Retenção urinária Obstipação Confusão Bradicardia, diminuição do tônus simpático e aumento da capacitância venosa Drogas e doses disponíveis Opióides fortes Opióides fortes Morfina: VO, IV, SC, ED, SD Metabolização: conjugação hepática de fase 2, para formar morfina-3- glicurinídeo e morfina-6b-glicuronídeo -> produz analgesia e depressão respiratória por ação agonistas em receptores mu Indicação: controle de dor pós-ope (excelente) Hipotensão: liberação de histamina no intra-op com altas doses de morfina e por efeito simpatolítico central Tempo de início de ação lento: pKA 8: quase completamente ionizado Efeito prolongado: solubilidade lipídica baixa Fentanil: IV,ED, SD Derivado sintético da morfina e é 100 vezes mais potente Mais solúvel em lipídios do que a morfina Administração de dose única em bolus: opioide de curta duração Se doses maiores e múltiplas: pode levar à depressão respiratória prolongada e mais tempo para recuperação Metadona: IV, VO Alta lipossolubilidade: 73% atravessa BHE T1/2: 24 h Analgesia: 4 a 8h Potência = morfina Menores efeitos adversos Metabólitos inativos Menor dependência Dupla atividade: mi agonista e antagonista NMDA Interação com benzodiazepínico Doses repetidas: efeito acumulativo Não deve ser administrado no subcutâneo Alfentanil Latência curta pH fisiológico tem 90% de suas moléculas na forma não ionizada, prontas para ligação aos receptores na biofase Sinergia com propofol é da ordem de 25% -> deve ser considerada no cálculo da dose de indução e manutenção Menos lipossolúvel -> menor volume de distribuição -> restrito ao compartimento central, de onde é eliminado por metabolização hepática com relativa rapidez Sulfentanil 2x mais lipossolúvel que o fentanil Maior taxa de ligação à proteínas plasmáticas entre os opioides -> reduz seu volume de distribuição e sua deposição em gorduras Alta depuração hepática Elegível para infusão contínua Indução de anestesia geral Remifentanil Ligação éster em sua molécula, suscetível à quebra por enzimas esterases plasmáticas e tissulares, responsável por seu rápido término de ação Em razão da sua lipossolubilidade, menor ligação com proteínas plasmáticas e alta afinidade pelo receptor o remifentanil apresenta rápido início de ação, com volume de distribuição extremamente pequeno, virtualmente restrito ao compartimento central Após cerca de 4 min de sua interrupção: redução de 50% da concentração no plasma e biofase Curta latência, fácil titulação de efeito e grande previsibilidade -> adequado ao regime cirúrgico ambulatorial É destituído de analgesia pós-operatório Oxicodona: VO Opióides fracos Tramadol: VO, IV, SC Opioide de mecanismos misto com fraca afinidade para o receptor um e inibição da recaptação da serotonina e norepinefrina Mais indicado para procedimentos ambulatoriais e pós-op de cirurgias de pequeno e médio portes Doses devem ser tituladas. O efeito é dose- dependente Eliminação: metabolização hepática e excreção renal Antagonista opioide Nalbufina: agonista pra kappa e antagonista Mi Naloxona: antagonista de todos os receptores Droga de escolha no tto de depressão respiratória induzida por opióides Duração do antagonismo efetivo é de 30 min. Por isso, quando utilizado para reverter efeitos de agonistas de ação prolongada, novos bolus ou infusão contínua devem ser administrados para manutenção do nível plasmático do antagonista Naltrexona e nalmafeno: Meia vida prolongada, próxima a 24 horas se administrado via oral -> uso para dependentes de opiáceos Metilnaltrexona e alvimopam: Prevenção e tratamento de disfunção intestinal induzida por opioide Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Vantagens: Efetividade analgésica Anti-inflamatório e antipirético Não provocam sedação, distúrbios psíquicos, náuseas e constipação Controlam melhor a dor do tipo inflamatória, que os opióides Não produzem tolerância ou dependência COX1: efeito homeostático Proteção gástrica, homeostasia renal e função plaquetária COX 2: efeito inflamatório Inflamação, dor e febre Enzima Indutiva Presente em reações inflamatórias Induzida por citocinas endotoxinas, fatores de crescimento, agentes oxidantes Presente em células endoteliais de macrófagos, fibroblastos Aumenta 20 vezes na inflamação Constitutiva no corno dorsal da medula Anti-inflamatórios AINES de primeira geração: o Inibem ação da COX 1 (constitutiva) e COX 2 (indutiva) o Em altas doses ou em uso crônico causam problemas na mucosa gástrica, fígado, rins e plaquetas (COX 1) AINES de segunda geração (coxibs): oBloqueiam seletivamente a COX 2 oBaixas concentrações em diversos órgãos e em grande quantidade nos monócitos e endotélio, quando lesões ou inflamações ocorrem Efeito “teto” dos AINES, diferentemente dos opioides à ele tem efeito máximo, se der mais do que esse teto, não tem ação mais potente. Nova forma de isoforma da ciclooxigenase: COX 3 Ações propostas aos AINES: o Inibição da hipersensibilização periférica (hiperalgesia primária) oAtivação de mecanismos descendentes inibitórios Efeitos colaterais Trato Digestivo Superior oDispepsia o Erosões oAnemia aguda, sangramentos oÚlceras Sistema Renal oDisfunção renal o Insuficiência renal aguda/crônica oHAS o Insuficiência cardíaca Efeito anti-agregante plaquetário oContribui para o sangramento Inibidor de COX 2 e risco cardiovascular o Favorecimento da produção de tromboxano em detrimento das prostaglandinas Analgésicos não opioides Paracetamol oAlta biodisponibilidade oMecanismo de ação incerto (não tem efeito antinflamatório) o Início de ação em 40 min oDuração de ação entre 4 e 6 horas oMetabolização hepática: oxidação via P450 -> N-acetil-p-benzoquinona (hepatotóxico) Pode aparecer até 4 dias após tto Elevação de TGO/TGP 7% dos pacientes o Farmacocinética Alta biodisponibilidade oral Metabólitos ativos: 4-N- metilaminoantipirina/ 4- aminoantipirina Metabolização hepática Excreção renal o Efeitos colaterais Hiperssensibilidade Agranulocitose Anemia aplástica Necrose epidérmica Medicamentos adjuvantes: Medicamentos que ajudam, prestam auxilio Medicamento que entra numa fórmula para secundar a ação do medicamento principal Gabapentinóides: gabpentina ou pregabalina Não deve ser administrado de forma rotineira Falta de eficácia clínica consistente e potencial de dano (p.ex: sedação, tontura, depressão respiratória) Considerar como parte do controle da dor multimodal da seguinte forma: oContinuar gabapentinóoides para pacientes que já fazem uso oAdministrar gabapentina para pacientes que tomam opioides cronicamente antes da cirurgia; gabapentina pode facilitar a descontinuação de opioides após cirurgia oAdministrar gabapentina perioperatória para pacientes com condições de dor neuropática crônica Efeitos colaterais: o Sedação, tontura, disfunção cognitiva pós-op e delírio. Depressão respiratório em pacientes mais velhos e naqueles com uso com outros analgésicos. Portanto, os gabapentinoides devem ser usado com cautela quando coadministrados com opioides Dexametasona Eficaz na prevenção de NVPO e também pode reduzir dor pós-op Doses mais baixas: profilaxia de NVPO Dor pós-op Os efeitos benéficos da dexametasona para a dor pós-op não são claros e provavelmente se aplicam a tipos específicos de procedimentos (cirurgias de coluna) Riscos: cicatrização prejudicada, hiperglicemia e imunocomprometimento Magnésia Antagonista do receptor NMDA Magnésio IV foi considerado um adjuvante eficaz par redução da necessidade de opioides Pode ser útil em pacientes tolerante a opioides ou quando há preocupações médicas relacionadas à dose de opioide Traz mais benefícios quando suado em pacientes que também estão recebendo cetamina Não usamos rotineiramente o magnésio como parte de um regime de controle da dor perioperatória Lidocaína Administrada por infusão no intra-op e/ou pós-op para o controle da dor (estratégia multimodal) Uma declaração de consenso internacional sobre o uso intraop de lidocaina IV fez várias recomendações, incluindo as seguintes, embora reconhecendo que as doses ideias pra lidocaina não foram estabelecidas oDosagem de lidocaina IV deve ser baseada no peso corporal ideal oBolus inicial deve ser ≤1,5 mg/kg IV, seguido por infusão contínua ≤1,5 mg/kg/hora IV oA infusão pode ser iniciada no intra-op e pode ser continuada no pós-op em um ambiente monitoradopor até 24 hs oA administração de lidocaína IV deve ser adiada 4 horas após o paciente ter recebido um anestésico regional ou infiltração de anestésico local oUm procedimento de anestesia regional deve ser adiado por 4 horas após a interrupção de uma infusão IV de lidocaina Cetamina Inibidor reversível não competitivo do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) e também atua nos receptores opióides mu, receptores monaminérgicos, receptores do ácido gama aminobutírico e outros Cetamina deve ser usada como estratégia multimodal e também pode ser útil para pacientes com risco aumentado de depressão respiratória relacionada a opiodes (apneia obstrutiva do sono) Administrar cetamina intra-op para pacientes submetidos a cirurgias muito dolorosas não passíveis de técnicas de anestesia regional, como parte de uma estratégia multimodal de controle da dor Dose em bolus de 0,3 a 0,5 mg/kg IV seguida por uma infusão de 0,1 a 0,5 mg/kg/hora. A infusão deve ser interrompida 60 min antes do final da cirurgia para evitar o despertar prolongado da anestesia Em outra meta-análise de estudos randomizados incluindo pacientes submetidos à cirurgia de coluna, a cetamina suplementar reduziu o consumo de morfina e os escores de dor durante as primeiras 24 horas pós-op nos eventos adversos, sem um aumento Pode haver papel para cetamina na prevenção e tratamento de sd de dor crônica pós-op, mas o momento e o regime de dosagem efetivos não foram estabelecidos Agonista alfa-2-adrnérgico Efeito analgésico, via epidural, aumenta o tempo de bloqueio Clonidina como um adjuvante para prolongamento da analgesia em bloqueio neural de injeção única Indicada, isolada ou combinada, quando há desenvolvimento de tolerância ou efeitos colaterais dos opioides Opção para os pacientes que são refratários ao tratamento com opioides Acarreta hipotensão arterial e sedação Via venosa tem efeito analgésico curto Mecanismo exato de analgesia dos agonistas alfa 2 (clonidina, dexmedetomidina) produzem analgesia permanece desconhecido; postula-se que a liberação de acetilcolina pode desempenhar um papel Infiltração da ferida cirúrgica Infiltração da ferida cirúrgica com anestésico local específico do local para cirurgia tem eficácia específica O painel recomenda o uso de anestésico tópicos locais em combinação com bloqueios de nervos antes da circuncisão Bloqueios regionais periféricos Considerar técnicas de anestesia regional periférica específicas em adultos e crianças para procedimentos, quando possível (forte recomendação, evidências de alta qualidade) Uso contínuo de anestésicos locais quando a analgesia provável exceda a duração do efeito de uma única injeção (forte recomendação, qualidade moderada de evidências) Bloqueios: face, plexo braquial, parede abdominal, parede torácica, MMII Peridural A analgesia peridural, independente do fármaco utilizado, localização do cateter e momento de avaliação da dor, provê analgesia pós-op melhor que opioides por via parenteral Conclusão A dor pós-operatória deve ser tratada. A presença de dor acarreta complicações cardiovasculares, respiratória e cronificação. A avaliação da dor pós-operatória pela escala numérica de dor Tratamento multimodal da dor Uso de analgesia peridural sobretudo em cirurgias de expectativa de dor intensa