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Frase motivacional: Tentaram nos derrubar, mas esqueceram que barbie butterfly voa. Tutoria 5 – Módulo 1 – Etapa 5 Dor Oncológica Seu impacto na qualidade de vida dos pacientes é potencialmente devastador, associando-se a maiores índices de depressão, não adesão ao tratamento oncológico e desestrutura familiar. O tratamento adequado da dor pode resultar em resolução completa do sintoma em até 90% dos pacientes, e alívio do sintoma em quase todos os restantes. Cabe ressaltar que o componente não-físico da dor ocupa proporções variáveis de sua fisiopatologia, podendo ser o principal responsável nos casos de dor de difícil controle e recorrente. O estado emocional do paciente, portanto, deve ser avaliado com cuidado, incluindo-se a abordagem de psicólogos, terapeutas ocupacionais e/ou terapias alternativas sempre que necessário. A dor por excesso de nocicepção (nociceptiva) é a mais comum no câncer. E causada por estímulos aferentes de grande intensidade, nocivos ou lesivos, produzidos por processo inflamatório ou infiltração de tecidos pelo tumor, capazes de atingir o alto limiar de excitabilidade do nociceptores e gerar a dor. A dor nociceptiva ocorre como resultado da ativação e sensibilização dos nociceptores em tecidos cutâneos e profundos, localizados preferencialmente na pele, músculo, tecido conjuntivo, osso e víscera torácica ou abdominal. A dor é denominada neuropática se a avaliação sugerir que é mantida por processos somatossensoriais anormais no sistema nervoso periférico (SNP) ou central (SNC). Ela surge quando há disfunção do SNP e/ou do SNC por invasão tumoral ou pelo tratamento do câncer (cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia). A dor pode ser definida como psicogênica se houver evidência positiva de que os fatores psicológicos predominam na manutenção do sintoma sem nenhuma evidência de causa orgânica. O evento conhecido como dor incidental, ou breakthrough pain, ocorre quando o controle da dor basal e alcançado, e, ainda assim, o paciente apresenta episódios de dor em picos, de início súbito e agudo. Pode ocorrer espontaneamente ou estar relacionado aos movimentos (pacientes com infiltração óssea), como também pode ocorrer em consequência de prescrição analgésica com doses e intervalos inadequados. Essa condição leva o paciente à apreensão e à descrença no tratamento. A intervenção terapêutica consiste na administração de doses de analgésicos de ação rápida, reavaliação do esquema regular, fornecimento de opióide de ação curta antes de atividades dolorosas, evitando falha da última dose. É necessário encontrar um equilíbrio entre a melhor dose analgésica e a presença de efeitos colaterais suportáveis. Dor causada pelo tumor 1. Infiltração óssea: é a causa mais comum de dor no câncer, podendo manifestar-se localmente ou à distância, pelo mecanismo de dor referida. Ela ocorre por conta de estimulação nociva nos nociceptores no periósteo. O crescimento tumoral ou as fraturas secundárias podem ocasionar lesão, compressão, tração ou laceração das estruturas nervosas, ocasionando dor isquêmica, dor neuropática periférica ou dor mielopática. A dor óssea se manifesta com sensação de dolorimento constante, profundo, às vezes contínuo, e surge com os movimentos (dor incidental). 2. Compressão ou infiltração de nervos periféricos: A infiltração ou compressão de troncos, plexos e/ou raízes nervosas pelo tumor, linfonodos e/ou fraturas ósseas metastáticas pode determinar dor aguda de forte intensidade, resultando em plexopatia, radiculopatia ou neuropatia, ou seja, dor na distribuição da estrutura nervosa acometida, com apresentação de dor em queimação, contínua, hiperestesia, disestesia e perda progressiva da sensibilidade. As neoplasias de cabeça e pescoço ou as lesões metastáticas para os linfonodos cervicais podem comprimir os plexos cervicais, ocasionando dor local. 3. Infiltração do neuroeixo (SNC): Pode ocorrer dor por invasão tumoral na medula espinal, no encéfalo e em suas meninges. A dor radicular surge por compressão ou infiltração da medula espinal, com alteração motora, sensitiva e autonômica distais ao local da lesão. Podemos observar, além da dor radicular, a primeira manifestação do comprometimento raquimedular, a dor mielopática localizada e a dor-fantasma. A compressão medular é uma urgência medica, necessitando de tratamento de radioterapia ou descompressão cirúrgica ao menor sinal de compressão da medula, como fraqueza de membros inferiores, diminuição do tato e disfunção de esfíncteres. A cefaléia insidiosa e progressiva surge como manifestação das metástases encefálicas. Se há hemorragia pela lesão causal, a dor instala-se subitamente, agravando-se com o decúbito horizontal, tosse ou espirro; piora durante o sono, melhora com a postura ortostática e vem acompanhada de náuseas e Frase motivacional: Tentaram nos derrubar, mas esqueceram que barbie butterfly voa. vômitos. Com o progredir da lesão encefálica, podem ocorrer sonolência, confusão mental, convulsões e coma. A carcinomatose das meninges manifesta-se cm 3 a 8% dos pacientes com neoplasias, especialmente de mama, pulmão e melanomas, sob forma de cefaléia e comprometimento das funções dos nervos cranianos e espinais, em 50 a 75% das vezes. 4. Infiltração e oclusão de vasos sanguíneos e linfáticos: As células tumorais podem infiltrar e/ou ocluir os vasos sanguíneos e linfáticos, ocasionando vasoespasmo, linfangite e possível irritação nos nervos aferentes perivasculares. O crescimento tumoral nas proximidades dos vasos sanguíneos leva à oclusão desses vasos parcial ou totalmente, produzindo estase venosa ou isquemia arterial, ou ambos. A isquemia causa dor e claudicação. A estase venosa produz edema nas estruturas supridas por esses vasos, determinando distensão dos compartimentos faciais e de outras estruturas nociceptivas. A oclusão arterial produz isquemia e hipoxia com destruição celular. Esses mecanismos causam dor normalmente difusa, cuja intensidade aumenta com a progressão do processo. 5. Infiltração de vísceras ocas ou invasão de sistemas ductais de vísceras sólidas: A oclusão de órgãos dos sistemas digestório, urinário e reprodutivo (estômago, intestinos, vias biliares, ureteres, bexiga e útero) produz obstrução do esvaziamento visceral e determina contratura da musculatura lisa, espasmo muscular e isquemia, produzindo dor visceral difusa (tipo cólica) constante, com sensação de peso ou pobremente localizada, referida nas áreas de inervação da víscera com¬prometida. Órgãos como linfonodos, fígado, pâncreas e supra-renais podem vir a apresentar dor devido à isquemia ou distensão de suas cápsulas. Essas vísceras sólidas também podem apresentar quadro álgico por obstrução de seus sistemas ductais. Nos tumores de fígado, baço, rim e ósseos, o edema e a venocongestão ocasionam distensão das estruturas de revestimento. Opióides 1. Agonistas puros: Estes podem ser tanto peptídeos (endógenos ou sintéticos) ou não peptídeos, como a etorfina e a metadona. Todos apresentam acentuada afinidade pelos receptores µ e, em geral, afinidade mais baixa pelos sítios δ e k. Entretanto, a metadona possui atividade sobre outros receptores não opióides, o que pode explicar sua grande variedade de efeitos adversos. (petidina, fentanil) 2. Agonistas parciais: A morfina é, de fato, um agonista parcial nos receptores opióides µ. Isso pode surpreender alguns médicos devido ao fato de ela ser um potente analgésico que pode, em doses elevadas, induzir à morte em razão de depressão respiratória grave. Entretanto, quando consideramos a ativação do receptor, a morfina apresenta eficácia intrínseca menor do que os agonistas puros. Outros fármacos opióides, notavelmente a codeína e o dextropropoxifeno,algumas vezes são denominados agonistas fracos, porque seus efeitos máximos, analgésicos e adversos, são menores que os da morfina. (buprenorfina, pentazocina) 3. Misto de agonistas-antagonistas: Estes fármacos, representados pela nalorfína e pentazocina, combinam grau de atividade k agonista e µ antagonista (ou fraca atividade agonista parcial). A maioria dos fármacos neste grupo tende a causar disforia, e não euforia, provavelmente por atuar no receptor k. 4. Antagonistas: Estes fármacos podem produzir muito pouco efeito quando administrados isoladamente, porém bloqueiam os efeitos dos opióides. Os exemplos mais importantes são a naloxona e a naltrexona. Os opióides atuam a nível celular ligando-se aos receptores opióides presentes em todo sistema nervoso central (SNC), especialmente no núcleo do trato solitário, área cinzenta periaquedutal, córtex cerebral, tálamo e substância gelatinosa da medula espinhal. Receptores opióides podem também estar presentes em terminações nervosas aferentes periféricas e em diversos outros órgãos. A eficácia de opióides administrados diretamente ao compartimento central é evidente, porém em caso de administração periférica em situações de pós-trauma ou estado inflamatório sua eficácia não é tão confiável. Os receptores opióides são ligados às proteínas G inibitórias. A ativação dessa proteína desencadeia uma cascata de eventos: fechamento de canais de cálcio voltagem dependentes, redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPs) e estímulo ao efluxo de potássio resultando em hiperpolarização celular. Assim, o efeito final é a redução da excitabilidade neuronal, resultando em redução da neurotransmissão de impulsos nociceptivos. Tolerância x Dependência A tolerância estende-se a maioria dos efeitos farmacológicos da morfina, incluindo analgesia, êmese, euforia e depressão respiratória, mas afeta muito menos as ações constipantes e constritora da pupila. Portanto, Frase motivacional: Tentaram nos derrubar, mas esqueceram que barbie butterfly voa. os dependentes podem tomar dose 50 vezes acima da dose analgésica normal de morfina, com depressão respiratória relativamente pequena, mas acentuadas constipação e constrição pupilar. A tolerância é resultado, em parte, da dessensibilização dos receptores de opióides µ, (ou seja, ao nível do alvo do fármaco) e, em parte, devido as alterações adaptativas em nível celular, sináptico e de rede. A tolerância é fenômeno geral dos ligantes de receptores de opióides, independentemente do tipo de receptor sobre o qual atuem. Ocorre tolerância cruzada entre fármacos que atuam no mesmo receptor, mas não entre opióides que atuam sobre diferentes receptores. Em ambientes clínicos, a dose de opióide necessária para alívio efetivo da dor pode aumentar em decorrência do desenvolvimento de tolerância, mas não constitui grande problema. Dependência física A dependência física caracteriza-se por síndrome de abstinência nítida. A retirada abrupta de morfina depois da administração repetitiva por alguns dias, ou a administração de um antagonista como a naloxona, causa aumento da irritabilidade, perda de peso, diarreia e vários padrões anômalos de comportamento, como estremecimentos do corpo (fibrilações musculares), contorções, saltos e sinais de agressividade. Estas reações diminuem depois de alguns dias, mas a irritabilidade anômala e a agressividade persistem por muitas semanas. Os sinais de dependência física são muito menos intensos se a retirada do opióide for gradual. O homem costuma experimentar a síndrome de abstinência durante dias ou semanas, com sintomas de agitação, coriza, diarreia, tremores e piloereção. A intensidade da síndrome de abstinência varia grandemente, e a dependência raramente evolui para o habito, no qual a dependência psicológica (i.e., o desejo compulsivo pelo fármaco) é a característica predominante. Escada analgésica da OMS Os princípios básicos para o manejo adequado da dor oncológica são: 1. As medicações devem ser sempre administradas a intervalos regulares, e não “se necessário”; 2. A reavaliação periódica da dor é essencial para evitar sub ou overdose e para ajuste da estratégia terapêutica; 3. O esclarecimento do paciente e seus familiares sobre possíveis efeitos colaterais e questões relacionadas a preconceitos contra opióides são fundamentais para a adesão ao tratamento e sucesso no controle do sintoma; 4. A atenção à equivalência de doses entre as diferentes drogas é essencial para evitar analgesia inadequada. Há diversas tabelas de equivalência disponíveis, inclusive com as diferenças de dose quando se usam vias de administração diversas para a mesma droga; 5. O uso de medicamentos adjuvantes deve ser sempre considerado, uma vez que aperfeiçoam o controle da dor. Cuidados Paliativos Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida; Não acelerar nem adiar a morte; Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente; Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto; Iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes. É Deus, é amor, é tudo de bom que existe na medicina e eu amo muito. Cuidados paliativos está para a medicina como a cerveja para Gabriela. Recomendação do dia: A morte é um dia que vale a pena viver.
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