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13- Patologia do colo uterino Epidemiologia Nas mulheres, a maior causa de câncer no Brasil é de mama, seguido por colorretal, tireoide, colo uterino e pulmão (2ª, 3ª, 4ª causa de CA) o No mundo, existem regiões de maior e de menor incidência de CA de colo uterino o As áreas de menor incidência são em países desenvolvidos o As áreas de maior incidência são subdesenvolvidos -> regiões africanas, oriente médio... o Brasil tem uma incidência intermediaria A mortalidade acompanha a incidência o Mortalidade alta em países com alta incidência e mortalidade baixa em países com baixa mortalidade (desenvolvidos ou que apresentam uma politica de saúde melhor) o O Brasil apresenta uma mortalidade intermediaria Dentro do Brasil, a incidência também é heterógena, tem regiões com baixa incidência, regiões com alta incidência e regiões com incidência intermediaria Introdução Alta incidência -> falha de prevenção Se relaciona com a infecção pelo HPV: o Infecção extremamente comum o Sinais clínicos, sintomas e achados patológicos são infrequentes o Cura sem tratamento (90% leva a cura pela ação do sistema imunológico) 3º mais comum câncer em mulheres Países pobres e emergentes possuem alta prevalência (alta mortalidade) Ausência ou pouca eficácia dos programas de prevenção China e Vietnam possuem baixa incidência de câncer de colo uterino Maior chance de ter HPV e evoluir para lesões intraepiteliais (o que favorece o desenvolvimento de lesões intraepiteliais) o Inicio precoce da atividade sexual (maio a chance de exposição/ exposição precoce) o Múltiplos parceiros o Multíparas o Parceiro com múltiplas parceiras (prévio) o HPV persistente (trata e não cura) o Infecções genitais principalmente relacionada a IST o HPV DNA detectado em 95% dos carcinomas cervicais o As lesões intraepiteliais podem ficar estáveis durante anos ou a vida toda, podem progredir ou regredir Carcinoma epidermoide (carcinoma de células escamosas) presente em 85% -> carcinomas originados do epitélio escamoso da ectocervice o Lesões precursoras do carcinoma epidermoide: Displasia -> passado Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) -> passado Lesão escamosa intraepitelial (LEI) -> presente Adenocarcinoma da endocérvice -> carcinoma originado no epitélio colunar glandular da endocervice no epitélio colunar: 10% HPV eleva o risco de câncer cervical em 50-100 vezes 15 HPV oncogênicos responsáveis por 95% das neoplasias: tipos, subtipos e variantes dentro de um mesmo HPV (HPV de alto risco) o HPV 16 -> carcinoma de células escamosas o HPV 18 -> adenocarcinoma As lesões precursoras tem um potencial para progressão, mas se forem tratadas também apresentam um potencial para regressão o (as regressões são vistas, principalmente, nas lesões precursoras de baixo grau as de alto grau possuem uma tendencia mínima de regressão, elas tendem a progressão) Co-fatores: podem interferir na progressão de lesão precursora para câncer o Gonorreia, clamídia, tricomonas, herpes o Associação de lesões no colo uterino o Vários tipos de HPVs o Imunossupressão: AIDS -> transformação de lesão precursora para carcinoma se acelera Resposta imunológica: aproximadamente 90% evoluem para cura -> paciente com imunossupressão grave, a partir de uma infecção nova ou de um HPV latente, elas podem encurtar a progressão (ao invés de progredir por 15-20 anos podem evoluir com apenas 3-4 anos) HPV DNA vírus Vírus complexo que possui algumas estruturas importantes para a carcinogênese Possui capsula (L1 e L2) -> base para as vacinas 2 proteínas modificadas pelo HPV (E6 e E7) -> proteínas oncogênicas o E6: desnatura a proteína p53, perdendo o controle do stop do ciclo celular (passa da fase G1 para a S mais fácil, aumentando a proliferação celular); aumenta a expressão de telomerase (garantindo a imortalidade celular) o E7: desnatura a proteína do retinoblastoma – pRb (quando a proteína está fosforilada, ela mantem a proteína E2F inativa, quando perde a fosforilação, ela libera a proteína E2F e ela é responsável por ativar o ciclo celular); quando se tem uma super expressão da proteína E7, a célula tem um mecanismo de defesa, o p16 começa a ser super expresso e atua no ciclo celular também, atua no núcleo inibindo a cia da ciclina, consequentemente gera um stop na ativação, transcrição e proliferação celular) o P53 e pRb: regulam o ciclo celular -> quando estao desnaturadas, permitem a proliferação celular o E6 e E7: duplicação centrossomica e instabilidade genomica o Expressão de telomerase: dá imortalidade para as células Proteínas responsáveis pela replicação do DNA viral Proteínas responsáveis pela expressão gênica do HPV Proteína liberada na célula infectada (E4), responsável pela degradação de microfilamentos citoplasmáticos na célula infectada, responsável pelas células coilocitóticas DNA, L1 e L2 (capsídeo = proteínas tardias), proteínas codificadoras (E1, E2, E5, E6, E7) E6 e E7 são extremamente oncogênicas quando tem integração do DNA do vírus ao DNA da células Biomarcadores: p16 (ciclina kinase inibidor) -> p16 é superespresso quando está com HPV Infecção por HPV Relação sexual -> exposição ao vírus -> fissura no epitélio escamoso sem queratina -> HPV liberado pelo homem penetra nas fissuras -> se aloja nas células basais do epitélio pq tem o maquinário de produção celular -> se aloja no núcleo celular -> o Pode entrar em latência (não replica, não integra genomicamente) o Pode ficar em fase ativa/ proliferativa (fica no núcleo e começa a replicar sem integração genômica -> vírus fica na vagina e pode transmitir para o parceiro) -> célula vai maturando conforme a célula vai indo pra superfície e começar a descamar (HPV vai formando cápsula viral) o Fase tardia (integração genômica do vírus -> produção da proteína E6 e E7 no núcleo) CLASSIFICAÇÃO ANTIGA DAS LESÕES: o NIC1: lesão intraepitelial de baixo grau: só replicação e uma parte já começa A fazer integração genômica o NIC2: mais atipias -> predomina parte de integração genômica e diminui replicação o NIC3: só tem integração, quase não tem replicação (proteína B7 atinge o ápice) CLASSIFICAÇÃO ATUAL DAS LESÕES: de alto e baixo grau Epitélio que revesta a vagina, porção externa do colo uterino (ectocervice) -> epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado (epitélio escamoso) O principal local de infecção é o orifício externo do colo uterino O vírus entra pelo contato sexual, através de uma lesão no epitélio o vírus penetra no epitélio e atinge a porção basal (é interessante atingir as células da porção basal pois elas estão em fase de proliferação) Nas células basais, o HPV induz uma replicação com expressão dos genes precoces (genes das proteínas E) Conforme a célula da camada basal vai se maturando e vai caminhando em direção a camada mais superficial (vai perdendo o núcleo e sofre descamação), elas estão cheias de vírus e começa a ter a expressão dos genes tardios (genes da capsula viral – L1 e L2) Os vírus são liberados na vagina Eventualmente quando a infecção persiste, os vírus continuam se replicando e se formando, a mulher continua liberando eles na vagina Em uma fase mais tardia (quando a mulher fica muitos anos com essa infecção viral), além da replicação, começa a ocorrer a integração do DNA viral com o DNA da célula do epitélio -> momento em que torna grave, pois, quando tem essa integração, apesar da célula deixar de replicar muito o vírus, a proteína E6 e E7 começa a ser altamente produzida pela célula (por causa da integração), a partir dai aumenta muito a progressão para a carcinogênese, começando com uma lesão de baixo grau (lesão precoce), evoluindo até um carcinoma in situ ou eventualmente esse carcinoma rompe a barreira e invade O sistema imunológico age quando a mulher tem a infecção do HPV,antes de chegar na fase de intensa replicação Epitélio de revestimento O epitélio de revestimento do ectocervice é um epitélio escamoso (epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado) O epitélio de revestimento do endocervice é um epitélio colunar com células mucossecretoras com citoplasma alto e o núcleo fica na região basal, além de apresentar glândulas na mucosa Junção escamo-colunar (zona de transformação) -> local entre o epitélio escamoso e o epitélio colunar; é uma zona de transformação que ocorre principalmente depois da puberdade o Antes da puberdade a junção escamo-colunar está presente no endocervice (mais para dentro) o Após a puberdade a junção escamo-colunar se exterioriza, ficando mais exposta, porém , o epitélio colunar é um epitélio mais frágil então ele é substituido por um epitélio escamoso (metaplasia escamosa, já que a vagina é um local ácido, com uma concentração de microrganismos), esse local de metaplasia é chamado de zona de transformação o Na pós menopausa, com a diminuição hormonal existe uma atrofia do colo uterino e do útero, com isso a zona de transformação vai para o endocervice novamente (Papanicolau na menopausa= precisa introduzir mais a escovinha para colher a amostra) o É nessa zona de transformação que o HPV se instala o Definição: epitélio endocervical que se exterioriza na puberdade, é transformado em epitélio escamoso Pappanicolau Teste de Pappanicolau: exame de prevenção cérvico- vaginal Nos anos 50, câncer de colo de útero era a 1ª causa de morte por cancer nos EUA; hoje, é a 8ª causa de morte -> após programa de prevenção com o Teste de Pappanicolau Falsos negativos em 2 a 30% Experiencia do citotécnico ou do citopatologista A coleta: raspado da ecto e da endocérvice (precisa avaliar os dois epitélios) Esfregaço tradicional o É o mais realizado no Brasil -> não é utilizado nos outros países o O problema é que se tem um emaranhado de células (células escamosas, células endocervicais, células inflamatórias) com uma grande quantidade de células que, as vezes, fica difícil de definir o Precisa avaliar todas as áreas da lamina Citologia de meio liquido (Thin Prep) o É o realizado em países desenvolvidos, em alguns consultórios laboratoriais o Esfregaço limpo o Facilidade na avaliação o É uma coleta em meio liquido o Esfregaços adicionais (pode ter varias laminas) o Aumento do diagnóstico de atipia o Testes moleculares (pesquisa de HPV de alto e baixo risco) o Células endocervicais se agrupam; células escamosas ficam soltas o Custo elevado Classificação do Pappanicolau – Bethesda (2001): alterações que podem ser encontradas no Pappanicolau o Citologia dentro dos limites da normalidade o Alterações reparativas/reativas (células ficam mais atipicas por causa da inflamação) -> inclui alterações de pH, trauma, inflamações, outras DSTs o Atipias de células escamosas de significado incerto (ASC-US) -> quase normal, algumas alterações reparativas, mas tem alguma outra célula atipica que não pode ser relacionada com HPV, com uma lesão intraepitelial então é meio incerto o Atipias de células escamosas de significado incerto (ASC-H) -> essas mesmas células atípicas que não conseguem ser definidas em relação a algo especifico mas que possuem um grau mais acentuado de atipia (é mais preocupante, esse padrão precisa ser investigado melhor) o Lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (HPV/NIC I) -> é possível ver os coilócitos do HPV o Lesão escamosa intraepitelial de alto grau (NIC II/III) -> lesões mais importantes, as atipias se acentuam, evidencia as características coilocitóticas da célula com HPV (se vê muito mais atipia celular do que a presença do HPV) o Lesão escamosa intraepitelial de alto grau, não se pode excluir micro invasão o Carcinoma epidermóide Para falar que o sistema de prevenção está funcionando, o ideal é pegar até, no máximo lesão de baixo grau, a partir disso a prevenção está falhando pois já tem uma atipia intensa instalada Evolução da classificação do Pappanicolau: Alterações coilocitóticas: características que favorecem o diagnóstico da presença de infecção pelo HPV -> mas não são toda as células, são algumas no meio de várias células normais o Halo perinuclear proeminente e bem definido o Condensação do citoplasma -> citoplasma fica mais condensado, mais laranjinha o Aumento do volume nuclear o Relação núcleo/citoplasma aumentada -> aumenta o núcleo e o citoplasma não aumenta o Hipercromasia nuclear -> células mais alongadas, mais escamoides o Membrana nuclear irregular -> não fica redondinha, pode ficar binucleado, multinucleado o Alterações degenerativas nucleares Diagnóstico citopatológico e conduta inicial Colposcopia Exame feito pelo ginecologista Utiliza um especulo e uma lupa como se fosse um microscópio Ele promove uma amplificação da visão do colo uterino A colposcopia oferece dados desde um colo normal até uma lesão de alto grau e um câncer propriamente dito Dependendo do que foi encontrado o médico faz uma biopsia do local Lesões condilomatosas (verrucosas) tendem a ser relacionadas muito mais com HPV de baixo risco, não de alto risco -> o HPV de baixo risco tende a fazer muito mais lesões vegetantes e verrucosas e não tanto que caminham para o polo da carcinogênese (muito mais “hiperplásicas” do que carcinomatosas), mas de qualquer jeito deve ser biopsiado Além de examinas olhando, podem ser realizados alguns testes o Teste de Schiller : pinta todo o colo uterino com iodo, o epitélio escamoso do colo uterino tem muito glicogênio no seu citoplasma, e o iodo reage com esse glicogênio; quando se tem um colo normal, ele fica todo pintado; quando existem áreas que não são pintadas significa que a célula perdeu pelo menos um pouco desse glicogênio, ou seja, a célula tem alguma alteração (está sendo maturada muito rapidamente e não está acumulando glicogênio) - > pode acontecer em inflamações do colo uterino, infecções por outros agentes, não necessariamente é HPV e nem câncer; só serve para identificar algumas áreas com alterações que não foi possível observar na colposcopia só com a lupa e, se tiver que fazer biópsia, ela vai ser realizada nessas áreas o Teste do ácido acético: passa ácido acético no colo uterino e as áreas que possuem mais hiperemia e mais vascularização vão ser impregnadas com o ácido e são essas áreas que teoricamente são mais suspeitas para lesões (pode ser só uma inflamação, mas direciona para o GO achar a área mais suspeita) Biópsia de colo de útero É o que confirma a presença do carcinoma A partir do momento que passa para uma lesão de alto grau as células diminuem a sua maturação ou até perdem a capacidade de maturação, ocorre uma desestruturação importante do epitélio e ficam cada vez mais anaplásicas e atípicas e a atipia vai até o topo do epitélio Em lesões de baixo grau a atipia fica na camada basal do epitélio e ainda possuem maturação Carcinoma de colo uterino Carcinoma epidermóide microinvasor: carcinoma in situ com alguns locais pequenos de invasão (até 7mm de tamanho e 5mm de profundidade), apesar de ser invasor tem um comportamento evolutivo muito melhor do que o invasor, normalmente a cirurgia é mais conservadora, principalmente se as mulheres ainda querem engravidar, faz a ressecção apenas do local Carcinoma epidermóide invasor Adenocarcinoma endocarvical: pode ser in situ ou invasor Carcinomas que provocam sintomas são os carcinomas avançados: sangramento vaginal, dor na relação sexual Quanto mais diferenciados mais queratina produz, quanto menos diferenciados menos ceratina produz Detecção do HPV no material Hibridização “in situ”: captura hibrida, CISH ou FISH - > a mais realizada é a captura hibrida PCR Cobas: é um método automatizado, uma reação de polimerase emcadeia para detectar o DNA viral -> investiga vários tipos de HPV Conclusões Prevenção: exame de rotina cervico-vaginal o Avaliação ginecológica periódica o Pappanicolau Difusão da citologia de meio liquido Utilização do diagnóstico molecular com critérios estabelecidos Perspectivas da vacinação (vacinação não exclui a prevenção) -> OBS: Outras infecções de colo uterino que podem ser identificadas pelo Pappanicolau e que levam a alterações reativas: Lactobacilos, Candidiase, Gardnerella, Tricomonas, Herpes genital, Clamídia
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