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MONOGRAFIA TEXTO FINAL_O Transtorno de Personalidade Antissocial TPAS_ classificação, origem e desdobramentos

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O Transtorno de Personalidade 
Antissocial – TPAS: classificação, 
origem e desdobramentos 
 
 
MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 Nome Completo: ANDREA DE OLIVEIRA ROCHA DA SILVA 
 E-mail: andreadeoliveirarocha@gmail.com 
 Conclusão: 1º SEMESTRE/2022 
 Curso: Formação em Psicanálise Clínica 
 Unidade: Campinas (SP) 
 Professores: André Figueira e Paulo Vieira 
 
 
Campinas (SP), 13/06/2022 
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 2 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
Dedico este trabalho aos que honestamente buscam o conhecimento e a 
verdade. 
 
 
 
 
Agradecimentos 
A Deus, eternamente. Aos meus pais, sempre. Ao meu esposo Fábio pelo 
incentivo e compreensão todos os dias. Ao meu irmão André Elias, que acredita 
em mim mais do que eu mesma. Aos meus mestres do IBPC, uma grande fonte 
de motivação e inspiração! 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 3 
 
 
 
Citação 
“A psicanálise simplifica a vida. Nós atingimos uma nova síntese depois da 
análise. A psicanálise cria uma nova ordem para o labirinto onde estão perdidos 
certos impulsos, e tenta conduzi-los para o lugar ao qual pertencem. Ou, usando 
outra metáfora, ela é o fio que conduz o homem para fora do labirinto do seu 
próprio inconsciente.” (Frase de Sigmund Freud em entrevista a George 
Sylvester Viereck, intitulada “O valor da vida”, publicada no livro: “Glimpses of 
the Great”, 1930) 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 4 
 
Introdução 
 
Neste trabalho, desenvolveremos uma reflexão sobre o Transtorno de 
Personalidade Antissocial, o TPAS. 
Esta abordagem é relevante, porque há grande dificuldade em identificá-
la como todo transtorno de personalidade e, a partir do momento em que o 
TPAS se relaciona com o crime, precisamos aprofundar os estudos para 
repensarmos, inclusive, as questões de políticas públicas. 
Freud não se ocupou de estudar o crime, mas todos os seus esforços, 
apontaram também para esta direção. Fato relacionado a esta questão reside na 
ideia de que todos somos agressivos, e isso é uma característica inerente do ser 
humano, uma questão relacionada à sobrevivência, primeiramente. 
Temos como objetivo iniciar discussões acerca do TPAS e do sujeito 
criminoso que não recebe assistência adequada ao cumprimento da pena, vindo, 
mais tarde, a reincidir no crime. Buscamos possíveis alternativas para 
ressocialização, uma vez que cumprida a pena, estará novamente em meio à 
sociedade. 
Na primeira parte do trabalho, identificaremos o Transtorno de 
Personalidade Antissocial e as classificações relacionadas a ele. Na segunda 
parte, trataremos sobre as relações dos traços de personalidade com os 
transtornos de personalidade. Na terceira parte, abordaremos sobre as raízes 
dos transtornos de personalidade antissocial sob a ótica da Medicina e da 
Psicanálise, passando à quarta parte do trabalho à questão: O Transtorno de 
Personalidade Antissocial e o crime andam juntos? E encerramos com o título “O 
Transtorno de Personalidade Antissocial, a responsabilidade penal e o 
tratamento”, questão que nos moveu e norteou este trabalho. 
Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi de 
levantamento bibliográfico 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 5 
 
 
1. Os Transtornos de Personalidade e 
suas classificações 
No livro Personality pathology and personality disorders, o Dr. Skodol1 
(2019, p. 711) registra que 
 
Transtornos de personalidade geralmente são 
padrões generalizados e persistentes de 
perceber, reagir e se relacionar que causam 
sofrimento significativo ou comprometimento 
funcional. Os transtornos de personalidade 
variam significativamente em suas 
manifestações, mas acredita-se que todos sejam 
causados por uma combinação de fatores 
genéticos e ambientais. Muitos tornam-se menos 
graves com a idade, mas certos traços podem 
persistir com alguma intensidade após os 
sintomas agudos que levaram ao diagnóstico de 
um transtorno diminuírem. O diagnóstico é 
clínico. O tratamento é feito com terapias 
psicossociais e, algumas vezes, terapia 
medicamentosa. 
 
Dentro do grande grupo dos Transtornos de Personalidade, 
encontramos outros três, nos quais há a divisão por semelhança nas 
características. São divididos em grupo A, B e C, nos quais: 
• Grupo A (parecem estranhos ou excêntricos): transtorno de 
personalidade paranoide (apresenta desconfiança e suspeita), transtorno de 
personalidade esquizoide (apresenta desinteresse em outras pessoas) e 
transtorno de personalidade esquizotípico (apresenta ideias e comportamentos 
excêntricos). 
 
1 Andrew E. Skodol, MD, Professor da Universidade de Psiquiatria do Arizona, membro da Força Tarefa 
para o DSM-5 e Presidente de seu Grupo de Trabalho de Personalidade e Transtornos da Personalidade, 
dentre inúmeras competências e ações. 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 6 
 
• Grupo B (parece dramático, emocional, errático): transtorno de 
personalidade antissocial (apresenta irresponsabilidade social, desrespeito pelos 
outros, manipulação para ganho próprio), transtorno de personalidade borderline 
(humor, comportamentos e relacionamentos instáveis); transtorno de 
personalidade histriônica (quer chamar a atenção para si), transtorno de 
personalidade narcisista (grandiosidade aparente e autoestima desregulada). 
• Grupo C (parece ansioso ou apreensivo): transtorno de 
personalidade esquivo (evita contato interpessoal), transtorno de personalidade 
dependente (submissão e necessidade de ser cuidado), transtorno de 
personalidade obsessiva-compulsiva (rigidez, perfeccionismo, obstinação). 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5, 
traz a informação de que os transtornos de personalidade estão permeados por 
problemas com autoidentidade e problemas com o funcionamento das relações 
interpessoais. Ainda, apesar dessa divisão em grupos ser útil para o estudo, ela 
ainda não foi validada. Além disso, um único indivíduo pode apresentar, 
concomitante, outros transtornos de quaisquer grupos, além do predominante. 
 
2. Relação entre os traços de 
personalidade e os Transtornos de 
Personalidade 
Telles (1999) diz que ao observarmos a classificação dos transtornos de 
personalidade, facilmente concluiremos que eles abrangem todas as 
modalidades do comportamento humano. Também é preciso que observemos 
que dentro dessa dimensão estão o normal e o patológico, ora o transtorno está 
para o extremo da normalidade, ora está para o patológico. Quando os traços de 
personalidade estão mal-adaptativos, rígidos, o comportamento do indivíduo 
com esse transtorno o leva ao fracasso em suas relações interpessoais. É 
fundamental que o paciente seja levado a entender que seus traços de 
personalidade é que carregam a raiz do problema. 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 7 
 
Os traços da personalidade são inerentes ao ser-humano, eles 
representam padrões de pensamento, percepção, reação e relacionamento que 
permanecem relativamente estáveis ao longo do tempo (Zimmerman, 2021), são 
marcas que deixamos registradas, como somos conhecidos nos meios onde 
vivemos e convivemos. Entretanto, o sofrimento decorrente dos comportamentos 
socialmente mal-adaptativos, como no caso dos pacientes com transtorno de 
personalidade, são tão radicais que necessitam de apoio constante para mudar. 
Até que as consequências no meio social não tragam grandes perdas, o 
paciente não busca ajuda, lida com seus pensamentos e sentimentoscomo se 
fossem normais, notando seus déficits apenas com ajuda especializada. 
Devemos ainda frisar que o apoio familiar, além da terapia e 
atendimento médico só terão efeito se o paciente consente e aceita que precisa 
de ajuda, se ele nota que seu problema é interno e não externo. Evidentemente 
que não há como especificar um tempo para começar a ver resposta real no 
paciente. Dependendo da situação, o paciente pode aprender a forjar respostas 
de acordo com o socialmente aceito (manipuladores) e não estar realmente 
sendo tratados na raiz do problema. Mas são investimentos em terapia e 
acompanhamento médico para que os primeiros resultados possam ser vistos, 
além do esforço pessoal e familiar. 
 
3. Raízes do Transtorno de 
Personalidade Antissocial – visões da 
Medicina e da Psicanálise 
Além das questões genéticas, nossas interações relacionais da infância 
cravarão nosso futuro. De acordo com o Manual Merck Sharp and Dohme - MSD, 
 
Tanto fatores genéticos como ambientais (por 
exemplo, abuso durante a infância) contribuem 
para o desenvolvimento do transtorno de 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 8 
 
personalidade antissocial. Um mecanismo 
possível é agressividade impulsiva, relacionada 
com o funcionamento anormal do transportador 
de serotonina. Desprezo pela dor dos outros 
durante a primeira infância foi associada ao 
comportamento antissocial durante a 
adolescência tardia. O transtorno de 
personalidade antissocial é mais comum em 
parentes de 1º grau de pacientes com o 
transtorno do que na população em geral. O 
risco de desenvolver esse transtorno aumenta 
tanto em filhos adotivos como biológicos dos 
pais com o transtorno. E se transtorno de 
conduta acompanhado por déficit de 
atenção/hiperatividade se desenvolve antes dos 
10 anos de idade, o risco de desenvolvimento 
do transtorno de personalidade antissocial 
durante a idade adulta é maior. O risco de 
transtorno de conduta evoluir para transtorno de 
personalidade antissocial pode ser maior 
quando os pais abusam ou negligenciam o filho 
ou são inconsistentes quanto à disciplina ou em 
estilo parental (por exemplo, alternar entre 
cordial e apoiador para insensível e crítico). 
 
Transtornos de personalidade não são doenças, mas sim anomalias do 
desenvolvimento psíquico. De acordo com Morana et al. (2006), existem 
estudos que apontam para a ausência de fatores de risco neuropsiquiátrico 
para o desenvolvimento transtorno de personalidade antissocial. No entanto, 
pesquisadores têm investigado se há ligação com complicações obstétricas, 
epilepsia e infeção cerebral; foram encontrados achados anormais nos exames 
eletroencefalográficos – EEG de indivíduos com TPAS, inclusive naqueles que 
cometem crimes. Há uma persistência de ondas cerebrais lentas nos lobos 
temporais. Esses indivíduos apresentam um sistema nervoso relativamente 
insensível a baixos níveis de estimulação, são aqueles que querem sempre 
mais e apresentaram hiperatividade na infância. 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 9 
 
Ainda não encontraram genes específicos para os transtornos mentais, 
sejam quais forem; ou seja, os genes não podem ser considerados 
responsáveis pelos transtornos, mas pela predisposição, sim. Isto sabido, 
devemos considerar o ambiente vivido e sentido pelo indivíduo, bem como 
suas interações e relações estabelecidas. Interessante notar que 
comportamentos mais agressivos podem estar associados a níveis maiores de 
testosterona, e comportamentos mais sociáveis, a níveis mais elevados de 
serotonina. Talvez esteja aí, também, o porquê de maior incidência entre 
homens do que em mulheres. 
É necessário que nos atentemos para as relações primitivas, do seio 
familiar, pois elas influenciarão totalmente na formação da personalidade. 
Vejamos o que diz Morana et al. (2006): 
 
Quanto à interação que o indivíduo estabelece 
com o meio ambiente, uma importância especial 
tem sido dada aos relacionamentos primitivos, 
devido à sua influência na formação do núcleo 
de sua personalidade. Sabe-se que a 
negligência e os maus-tratos recebidos por uma 
criança em que o cérebro está sendo esculpido 
pela experiência, induz à uma anomalia da 
circuitaria cerebral, podendo conduzir à 
agressividade, hiperatividade, distúrbios de 
atenção, delinquência e abuso de drogas. 
 
 
Pelo olhar da Psicanálise, sabemos que tudo o que vem à tona emerge 
das profundezas do Inconsciente. Freud, não se ocupou de estudar o crime, 
mas sua teoria dá embasamento para a compreensão do TPAS, bem como 
serve de ferramenta para o estudo da Ciência chama Criminologia. Além do 
mais, a Psicanálise continuou pós-Freud e permanece favorecendo o 
conhecimento do indivíduo; nas palavras de Joel Zac (1977), ela (a 
Psicanálise) permitiu o conhecimento dos problemas da articulação das 
emoções, pelo estudo das fantasias inconscientes, dos mecanismos de defesa, 
do superego como representante interno dos fatores sociais. 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 10 
 
Com o passar do tempo, a Psicanálise se aprofundou nos estudos da 
personalidade psicopática e Anna Freud teve peso nessa caminhada. 
Trabalhando com o psicanalista August Aichhorn, decidiu estudar e 
desenvolver suas ideias, que podem ser encontradas no livro “Juventude 
abandonada”, de 1925, onde ele aborda os problemas do vínculo emocional da 
criança com os pais, deficiências na socialização, no desenvolvimento do 
superego, culpa pela separação dos pais, desintegração da identificação com 
os pais devido à separação. Neste estudo, Aichhorn aponta também a 
transferência da situação infantil para a comunidade e da realidade do 
pensamento para a ação. Phyllis Greenacre aponta o caráter destoante da 
consciência desse indivíduo e diz que a origem dos defeitos está numa 
penetrante infiltração de produtos desfavoráveis do narcisismo, que deforma o 
sentido de realidade e enfraquece a consciência. Betty Joseph (1973), ressalta 
a caracterização desse indivíduo em três aspectos: incapacidade de tolerar 
frustração e ansiedade, uma relação objetal dominada por sentimentos 
persecutórios e uma peculiar utilização de mecanismos de defesa, baseados 
na onipotência, na dissociação e na identificação projetiva e introjetiva. 
Para León Grinberg, os impulsivos manejam a culpa por meio da ação, 
não o conseguem no plano mental. Procuram satisfazer imediatamente seus 
desejos e não suportam frustração e espera; são irresponsáveis e não 
possuem sentimento ético, podem ser cruéis e inescrupulosos. Por conta de 
uma labilidade do ego, seus impulsos são irresistíveis, mas são sintônicos com 
o ego. O significado latente da atuação psicopática implica uma tentativa de 
negar uma culpa, insuportável porque é não elaborada e de natureza 
persecutória, fazendo recair sobre os outros; 
Liberman diz que esse indivíduo não consegue pensar 
independentemente da ação, ele passa da percepção à ação quase que sem 
transição, e a linguagem verbal só é utilizada para manipular as pessoas. 
Também diz que tem alterado o processo da formação de símbolos. 
De acordo com Zac (1964), existem fatores que são fundamentais no 
estabelecimento da conduta do indivíduo psicopático: 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 11 
 
Experiências traumáticas no nascimento e na 
lactância, associadas a particularidades 
características do grupo familiar, o que perturba 
o processo de maturação e integração do ego, 
que, mutilado, não pode se desenvolver 
adequadamente, incapaz de discriminar os 
objetos e unificá-los. À perturbação da 
identidade e à regressão a níveis primitivosda 
personalidade (posição esquizoparanóide), 
acrescentam-se ainda, defesas características 
centralizadas na identificação massiva com o 
objeto idealizado onipotente (introjetado) e na 
projeção de uma parte do ego e da culpa sobre 
um parceiro simbiótico, capaz de aturar estes 
aspectos não admitidos. 
 
 
Zac também destaca a situação confusional, que diz respeito a não-
diferenciação entre o mundo externo e interno e de um déficit na estruturação 
do ego. 
Outro estudioso, o argentino José Bleger (1977), descreve algumas 
características da psicopatia como: 
 
Desenvolvimento deficiente da área mente, 
indiferenciação corpo-mundo, a falta de insight, 
a multiplicidade e alternância dos depositários 
das partes primitivas e fragmentadas da 
personalidade ou núcleo aglutinado (projetadas 
nos depositários), a limitação do sentido de 
realidade e a falta de introjeções. Relação 
simbiótica. 
 
 
Em um simpósio na Argentina, em 1964, sobre “Mania e Psicopatia”, 
também trouxeram à luz dos estudos os mecanismos de identificação projetiva, 
comunicação, simbolização e personificação. Houve grande colaboração do 
meio psicanalítico para a compreensão do que hoje vemos a respeito dos 
transtornos de personalidade, especificamente aqueles em que os acometidos 
estão radicalmente envolvidos e comprometidos em suas vidas. 
Envolvido nessa leitura psicanalítica, David Liberman considera três 
pontos centrais: relações da psicopatia com o princípio do prazer, utilização 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 12 
 
das pessoas como depositárias e a estrutura caracterológica governada pelos 
instintos. Ele também ressalta as perturbações da comunicação com estados 
de tédio, fracassos na posição depressiva, perda da capacidade de usar o 
pensamento verbal como ação de ensaio, tentativas do ego para se livrar dos 
efeitos da impaciência e do desespero, por meio da identificação projetiva e do 
controle onipotente do depositário, captando seu ideal do ego. Ele ainda fala a 
respeito da alteração da formação de símbolos e sobre a polarização conativa 
da comunicação, momento no qual o psicopata se apodera da vontade do 
interlocutor. 
Finalizando, Guillermo Ferschtut e Reggy Serebriany apontam que o 
psicopata recorre ao pseudo-símbolo, ou seja, um produto do processo 
primário – equação simbólica, com aparência de processo secundário – 
símbolo. 
As contribuições desse simpósio para a Psiquiatria, Psicanálise e 
Psicologia foram de inestimável valor para o arcabouço dos transtornos de 
personalidade, em especial. 
 
4. O Transtorno de Personalidade 
Antissocial e o crime andam juntos? 
Poderíamos dizer que o psicopata é aquela 
pessoa que sabe a letra da música, mas não 
sente a melodia. (Dra. Ana Beatriz Barbosa 
Silva) 
 
De acordo com o DSM-5 (2014, p. 645), o transtorno de personalidade 
antissocial, enquadrado no Grupo B dos transtornos de personalidade, é um 
padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros. Também é conhecido 
como psicopatia, sociopatia e transtorno da personalidade dissocial. 
Pessoas com este transtorno não conseguem se ajustar às regras 
sociais, principalmente quando diz respeito ao comportamento legal. Podem 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 13 
 
cometer atos ilícitos passíveis de detenção, estando presos ou em liberdade e 
jamais sentem qualquer tipo de remorso ou culpa. Características bem 
acentuadas são o desrespeito total ao outro, não importando quem o seja; são 
enganadores, manipuladores, mentirosos, trapaceiros, maldosos, impulsivos, 
intolerantes à frustração, agressivos, irresponsáveis. Também podem abusar do 
uso de substâncias ilícitas ou fármacos, abuso de álcool, podem apresentar 
comportamento sexual exacerbado; são cínicos, insensíveis, arrogantes. 
Ainda que a mídia reforce negativamente acerca de muitos transtornos, 
relacionando-os ao crime, vamos ressaltar que nem todo indivíduo com 
transtorno de personalidade é um criminoso. Muitos deles seguem algum 
tipo de tratamento terapêutico regular, tratamento médico, com a intenção de 
modificar comportamentos indesejáveis. Alguns obtém êxito, geralmente aqueles 
em que a família e seu círculo mais próximo se esforçam para o bem do 
indivíduo com transtorno. 
 Diante do breve exposto baseado na literatura médica, vamos confrontar 
o que sabemos até o momento com a forma com a qual o Direito vê o transtorno 
de personalidade antissocial, a conhecida psicopatia e se esses indivíduos 
podem ou não serem julgados a partir do crime. Reiteramos, nem todo 
indivíduo com o transtorno de personalidade antissocial torna-se um 
criminoso. Apenas aqueles em que o TPAS se apresenta num grau moderado a 
grave é que a ilicitude irrompe, como no caso de muitos psicopatas e sociopatas. 
Em uma edição da Revista Superinteressante, de 2011, vemos que. a 
prevalência de psicopatas nas cadeias é de 20%; 50% dos crimes graves são de 
responsabilidade destes 20%; ainda relata que um psicopata comete mais 
crimes violentos do que o criminoso comum e a probabilidade de ele matar um 
estranho é de sete vezes mais chances do que outros criminosos. 
De acordo com Silva (2018), em relação à quantidade de atos 
criminosos violentos e agressivos cometidos dentro e fora das prisões por 
psicopatas, é superado em mais de duas vezes o número dos demais 
criminosos. 
 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 14 
 
4.1 O Transtorno de Personalidade 
Antissocial, a responsabilidade penal e o 
tratamento 
Para entendermos um pouco melhor a respeito do TPAS e sua relação 
com a agressividade que leva ao crime, vamos caminhar rapidamente por três 
teorias que se destacam na explicação sobre a violência e criminalidade e que 
são aceitas atualmente quando o assunto se trata dessa esfera polêmica da 
sociedade. 
Para Casoy (2001, p.10), quando o assunto se relaciona a crimes 
hediondos, ela aponta três escolas para explicar a violência cometida por esses 
indivíduos: 
 
A teoria freudiana acredita que a agressão nasce 
dos conflitos internos do indivíduo. A Escola 
Clássica baseia-se na ideia que pessoas 
cometem certos atos ou crimes utilizando-se de 
seu livre-arbítrio, ou seja, tomando uma decisão 
consciente com base de uma análise de custo-
benefício. Em outras palavras, se a recompensa 
é maior que o risco, vale a pena corrê-lo. Se a 
punição for extrema, não haverá crimes. A 
Escola Positivista acredita que os indivíduos não 
têm controle sobre suas ações; elas são 
determinadas por fatores além de seu controle, 
como fatores genéticos, classe social, meio 
ambiente e influência de semelhantes. Não seria 
a punição que diminuiria a criminalidade, e sim 
reformas sociais e tratamentos para recuperar o 
indivíduo. 
 
 
Para Freud, em seu texto Mal-estar na civilização, de 1929, ele diz que o 
homem possui uma agressividade inata, e que ela é o fator preponderante de 
ameaça à vida em sociedade (Freud não se ocupou de estudar sobre o crime, 
como já dissemos). Desde o início de seus trabalhos, Freud identifica as 
tendências hostis como fazendo parte do tratamento analítico, inevitavelmente 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 15 
 
elas vêm à tona no setting e são trabalhadas com profundidade, mesmo porquê, 
a intenção da Psicanálise, sempre, estará a serviço do profundo 
autoconhecimento. 
Pois bem, nos ocupemos dos seguintes modelos de psicopatia (e que 
modelos!): Ted Bundy2, Charles Manson, Franciso de Assis Pereira, Thiago 
Rocha, dentre muitos outros, de diversas nacionalidades. Após relembrarmos 
um pouco dos feitos criminosos desses indivíduos, precisamos ser levadosa 
uma séria reflexão: Esses quatro homens foram presos, todos condenados. Um 
deles encerrou sua pena na cadeira elétrica, outro morreu de causas naturais, 
Francisco e Thiago permanecem presos. Mas a questão é: a que tipo de 
tratamento especializado foram ou estão submetidos, em se tratando da 
questão pertinente à Saúde Mental? A condição das vidas perdidas e a dor 
das famílias é irreversível, mas a Justiça cobra desses indivíduos pelo 
crime cometido. No entanto, um criminoso envolto com o TPAS tem 
tratamento? A prisão, que seja de segurança máxima, apresenta as 
condições para o tratamento de um indivíduo criminoso com tal 
gravidade? 
Algo nos parece muito claro: nosso país ainda não contempla políticas 
públicas voltadas ao cuidado dos indivíduos que cometem crimes, portadores de 
transtornos de personalidade (assim como de outros transtornos, 
comorbidades). Enquanto isso, nossa sociedade sofre por todos os lados: alta 
criminalidade, medo, violência em todos os âmbitos, doenças físicas, mentais. E 
 
2 De acordo com a Wikipedia, Teodore Robert Bundy foi um assassino em série americano que 
sequestrou, estuprou e matou várias mulheres jovens na década de 1970 ou antes. Após quase 
uma década de negação, antes de sua execução em 1989, ele confessou trinta homicídios em 
sete estados de 1974 a 1978. O real número de vítimas, contudo, pode ser bem maior. Charles 
Milles Maddox foi um criminoso estadunidense. Em meados de 1967, ele formou e liderou o que 
ficou conhecido como "Família Manson", uma seita que atuava na Califórnia. Seus seguidores 
cometeram uma série de nove assassinatos em quatro locais em julho e agosto de 1969. 
Francisco de Assis Pereira, também conhecido pelo pseudônimo Maníaco do Parque, é 
um assassino em série brasileiro. Francisco estuprou e matou, ao menos, sete mulheres, e 
tentou assassinar outras nove, em 1998, mas ele confessou 11 assassinatos, sendo condenado 
por crimes de estupro, estelionato, atentado violento ao pudor e homicídio. Tiago Henrique 
Gomes da Rocha, o Maníaco de Goiânia é um assassino em série brasileiro que, ao ser preso, 
confessou ter assassinado 39 pessoas, a maioria mulheres, entre os anos de 2011 e 2014, na 
cidade de Goiânia, Goiás. Das mulheres, duas seriam garotas de programa. Entre os homens, 
alguns seriam moradores de rua e homossexuais. A partir do final de 2013 passou a matar 
apenas mulheres, a maioria jovens, escolhidas aleatoriamente e pilotando uma motocicleta. 
Tiago também praticou alguns assaltos. 
http://psicanaliseclinica.com/
 
Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 16 
 
o Sistema se revela aquém de nossas necessidades básicas, diante das 
mazelas sociais. 
De acordo com o Psiquiatra Cláudio Cohen (2010, p. 22) 
 
O crime em si não é um problema psiquiátrico, e 
sim, social. Seu conceito pode mudar, 
dependendo da cultura ou situação. Matar 
alguém é crime em nossa sociedade, mas não 
em caso de legítima defesa. Matar em uma 
guerra, não é crime. Então matar alguém não é 
crime per si. O nosso Código Penal vem do 
direito romano, que há dois mil anos já 
considerava alguns criminosos doentes, mas 
estes deveriam ser responsabilizados por seus 
atos. A psiquiatria se agregou à questão no 
século 19, buscando entender os diversos tipos 
de crime e se aqueles que o praticam deveriam 
entrar em medida de segurança. No Brasil, o 
Código Penal de 1984 determinou que só eram 
perigosos os doentes mentais, porque apenas 
eles estavam sujeitos a medidas de segurança e 
à periculosidade. Essa medida, que é 
inconstitucional, estigmatizou o grupo que tem 
transtornos mentais ou de personalidade. 
 
O que ocorre no Brasil é que muitos doentes mentais e portadores de 
transtornos que são criminosos, são reconhecidos como inimputáveis3 ou semi-
imputáveis4 pelo sistema penal; caso o indivíduo seja caracterizado como 
inimputável, ele não será condenado, apenas será recomendado à medida de 
segurança5, ou seja, o criminoso não pagará pelo crime na mesma 
proporcionalidade de sua atrocidade, mesmo sabendo que o psicopata é 
consciente de seus atos, ele será inocentado devido ao seu transtorno, sendo 
 
3 O agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. 
 
4 É a perda parcial da compreensão da conduta ilícita e da capacidade de autodeterminação ou 
discernimento sobre os atos ilícitos praticados. 
 
5 A medida de segurança é o tratamento a que deve ser submetido o autor de crime com o fim de 
curá-lo ou, no caso de tratar-se de portador de doença mental incurável, de torná-lo apto a 
conviver em sociedade sem voltar a delinquir (cometer crimes). (...) não podem ser considerados 
responsáveis pelos seus atos e, portanto, devem ser tratados e não punidos. 
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Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 17 
 
submetido a tratamento. No caso de ser tomado como semi-imputável, 
responderá pelo crime com pena reduzida, ou por medida de segurança em 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Se não houver um hospital de 
custódia, o indivíduo deve ser colocado em algum estabelecimento adequado. E 
existe este estabelecimento adequado? 
Ora, será desnecessário tecer comentários acerca das políticas públicas 
inexistentes neste caso, no entanto, é urgente que a Saúde, o Direito e a 
Sociedade se debrucem sobre este assunto tão crítico, difícil, para acharem 
saídas mais coerentes e assertivas para todos. No Canadá, existem prisões 
especiais para criminosos portadores de transtornos sendo, dessa forma, melhor 
resolvida a questão da criminalidade, colocando cada questão em seu devido 
lugar: à área da Saúde, cabe o transtorno e comorbidades; à Justiça, o crime, a 
periculosidade. Com tratamento devido, é evidente que a reincidência é 
enfraquecida. Encarcerar o psicopata numa prisão comum só prejudicará aos 
demais presos (se é que há reabilitação). Colocá-lo num hospital psiquiátrico 
com outros indivíduos que apresentam transtornos, mas não são criminosos, 
causaria um grande problema. O mais próximo do que poderíamos chamar de 
ideal seria que o criminoso fosse julgado como semi-imputável, sendo recluso 
em prisões especiais. Com uma equipe multidisciplinar assistindo ao indivíduo, 
seria possível acompanhar sua caminhada e evolução no cumprimento de sua 
pena e seu tratamento psiquiátrico. Evidentemente que em algum momento 
surgirá algum desses e seguirá todas as regras com louvor dentro das 
instituições, afinal, ele sabe como deve se portar exemplarmente. Entretanto, se 
faz importante ressaltar que o indivíduo criminoso pode sim estar manipulando 
os profissionais que o assistem e, com isso, ganhando sua liberdade antes da 
hora. Aprisionando e condenando inocentes. 
De acordo com alguns psiquiatras forenses, já surgiram boas iniciativas 
por parte do governo em vários momentos da história, mas não há continuidade 
do trabalho. É imperativo que que devemos colocar em discussão as 
consequências sociais da inimputabilidade ou semi-imputabilidade e como são 
tratados os casos aqui no Brasil e nos demais países. 
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Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 18 
 
No Canadá, a periculosidade não está associada apenas a doença 
mental, ao transtorno; neste país, este conceito foi substituído pelo conceito de 
risco de reincidência. Infelizmente, no Brasil, a Lei diz que a periculosidade 
está ligada à doença mental ou transtorno. 
Para Cohen (2010), 
 
De acordo com a filosofia do Código Penal 
Brasileiro, pena não é somente condenação e 
deveria funcionar como tratamento. Nosso 
sistema penal só oferece reclusão. Em relação à 
inimputabilidade ou semi-imputabilidade, o 
Código Penal é específico e antecede ao crime.Ele prevê a avaliação se, no momento do crime, 
o indivíduo era capaz ou não de entender o ato 
que cometeu. Em um segundo momento, 
aparece a penalização, que é a 
responsabilização pelo ato praticado. (...) A 
questão que gera conflito é se o tratamento será 
da doença ou da periculosidade. O psiquiatra 
tratará da doença. A periculosidade não tem 
como ser tratada por ele. 
 
Qualquer manual de saúde não classifica periculosidade como um 
transtorno, uma doença ou síndrome. Uma pessoa pode apresentar um 
transtorno de personalidade, mas não quer dizer que seja perigosa. A boa 
notícia é que compulsividade, agressividade, transtornos de personalidade são 
características psicopatológicas tratáveis (não curáveis). Algum dia aquele 
recluso voltará ao convívio social, então as condições para manter o equilíbrio e 
remir os sintomas deverá ser trabalhado. Caso não aconteça, certamente as 
características que despersonalizam o indivíduo aflorarão e então ele cairá em 
reincidência criminal. Os juristas deveriam estar reunidos com profissionais da 
Saúde Mental para melhor escreverem as Leis para casos que demandam 
questões da área. 
 
 
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Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 19 
 
 
Conclusão 
Ao pensarmos no Transtorno de Personalidade Antissocial, o TPAS, 
pudemos visitar alguns manuais que auxiliam a Medicina, trazendo à luz um 
pouco sobre os Transtornos de Personalidade e suas classificações. Na 
sequência, vimos a relação que existe entre os traços de personalidade e os 
Transtornos de Personalidade. 
Sob a ótica da Medicina e da Psicanálise, pudemos encontrar onde 
estão as raízes do TPAS, explicações, nos levando a compreender, pelo menos 
teoricamente, a dinâmica deste transtorno. 
Reafirmando, o TPAS não faz do indivíduo um criminoso ou alguém de 
alta periculosidade, no entanto, vimos que casos graves do transtorno podem 
levar a pessoa a uma vida de fora-da-lei. 
Afinal, o sujeito do crime comete sua ação, é preso, paga sua dívida 
para com a Justiça (mas não para com a vítima e nem para com familiares e 
amigos) e volta a reincidir? Ou há tratamento eficaz para que não mais caia nas 
teias do crime? 
A infeliz conclusão é a de que ainda não alcançamos realidades efetivas, 
como no caso de países como o Canadá, onde o sujeito é recluso, mas avaliado 
e tratado por uma equipe multidisciplinar, composta de juiz, advogado, psicólogo 
ou psicanalista, assistente social e psiquiatra forense, levando à diminuição da 
criminalidade no país. 
Creio que nossos governantes saibam da necessidade de instituições 
com profissionais gabaritados para este fim, mas ainda não pudemos 
experimentar dessa realidade tão desejada por nós, uma sociedade à margem 
dos seus direitos. 
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Monografia de Conclusão do Curso de Formação em Psicanálise - psicanaliseclinica.com - pág. 20 
 
 
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