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Modulo de Gestão Financeirapdf

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Prévia do material em texto

CURSO DE LICENCIATURA EM 
CONTABILIDADE E AUDITORIA 
 
 
 1º Ano 
 
Disciplina/Módulo: GESTÃO FINANCEIRA 
Código: ISCED12-ECOCFE012 
Total Horas/1o Semestre: 150 
Créditos (SNATCA): 6 
 
Número de Temas: 07 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
 
Direitos de autor (copyright) 
 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou 
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Coordenação do Programa de Licenciaturas 
Rua Dr. Lacerda de Almeida. No 211, Ponta - Gea 
Beira - Moçambique 
Telefone: 23323501 
Cel: +258 823055839 
Fax: 23323501 
E-mail: direcção@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
Agradecimentos 
 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste 
manual: 
 
 
Pela coordenação 
 
Direcção Acadêmica do ISCED 
 
Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e logística 
 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
à Distância (IAPED) 
 
Pela revisão final Dr. Emílio Jovando Zeca 
 
 
 
 
 
Elaborado Por: 
Dr. Edilton Alfândega – Licenciado em Contabilidade e Auditoria, pela Universidade Católica 
de Moçambique. 
 
 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
i 
 
Índice 
Visão geral 1 
Bem-vindo ao Módulo de Gestão Financeira ................................................................................. 1 
Objectivos do Módulo .................................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo .............................................................................................. 1 
Como está estruturado este módulo ............................................................................................. 1 
Ícones de actividade ....................................................................................................................... 3 
Habilidades de estudo .................................................................................................................... 3 
Precisa de apoio? ........................................................................................................................... 4 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................................. 5 
Avaliação ........................................................................................................................................ 5 
TEMA – I: GESTÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS 7 
UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Gestão Financeira .............................................................. 7 
UNIDADE Temática 1.2. Demonstrações Financeiras. .................................................................11 
UNIDADE Temática 1.3. Exercícios ...............................................................................................19 
TEMA – II: GESTAO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO 23 
UNIDADE Temática 2.1. Conceito de Curto Prazo; Análise de Fluxo de Caixa .............................23 
UNIDADE Temática 2.2. Planeamento Financeiro a Curto Prazo .................................................30 
UNIDADE Temática 2.3. Exercícios ...............................................................................................36 
TEMA - III: AVALIACAO DE EMPRESAS 38 
UNIDADE Temática 3.1. Introdução. Necessidades e Métodos de Avaliação. ............................38 
UNIDADE Temática 3.2. Técnicas de Avaliação de Investimentos. ..............................................53 
UNIDADE Temática 3.3. Exercícios ...............................................................................................59 
TEMA - IV: EVOLUCAO RECENTE DO MERCADO DE CAPITAIS EM MOCAMBIQUE 61 
UNIDADE Temática 4.1. Conceitos Fundamentais do Sistema Financeiro. .................................61 
UNIDADE Temática 4.2. Mercado de Capitais no Contexto Moçambicano .................................62 
UNIDADE Temática 4.3. Exercícios ...............................................................................................68 
TEMA - V: PRODUTOS FINANCEIROS DE INVESTIMENTO 69 
UNIDADE Temática 5.1. Introdução. Principais Produtos Financeiros ........................................69 
UNIDADE Temática 5.2. Avaliação das Acções.............................................................................71 
UNIDADE Temática 5.3. Exercícios ...............................................................................................76 
TEMA - VI: CARTEIRAS DE ACTIVOS E GESTÃO DO RISCO 77 
UNIDADE Temática 6.1. Introducao. Carteiras de Activos ...........................................................77 
UNIDADE Temática 6.2. Tipos de Risco. Risco vs Retorno ...........................................................77 
UNIDADE Temática 6.3. Instrumentos de Gestão do Risco Financeiro .......................................86 
UNIDADE Temática 6.4. Exercícios ...............................................................................................88 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
1 
 
Visão geral 
Bem-vindo ao Módulo de Gestão Financeira 
Objectivos do Módulo 
Geral 
Proporcionar ao estudante o conhecimento teórico e prático sobre 
as técnicas da administração empresarial. 
 
Ao terminar o estudo deste módulo o estudante deverá ser capaz 
de: 
 
Objectivos 
Específicos 
 Conhecer os elementos fundamentais a considerar na 
gestão das finanças de uma entidade; 
 Elaborar um plano financeiro que satisfaça os objectivos de 
uma entidade quer a curto, quer a médio e longo prazos; 
 Identificar, avaliar e gerir o risco associado aos 
investimentos de uma entidade, visando a sua 
minimização; 
 Reconhecer a importância da gestão financeira para o 
alcance do fim último de uma entidade, o lucro. 
 Aplicar as técnicas de avaliação, para aconselhar a 
empresa em relação as opções de investimento. 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Contabilidade e Auditoria do ISCED e outros como 
Gestão de Recursos Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, 
contudo, que haja leitores que queiram actualizar e consolidar 
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não 
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o 
manual. 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Gestão Financeira, para estudantes do 1º ano do 
curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança 
dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
2 
 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por 
um sumário.Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade 
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de 
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os 
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas, algumas incluindo estudo de casos. 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si, 
num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique 
e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu 
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza nas 
bibliotecas física e virtual do seu Centro de Recursos mais material 
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou 
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou 
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma 
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
pedagógica, etc sobre como é que deveriam ser ou estar 
apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que o 
próximo módulo venha a ser melhorado. 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
3 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existir. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo 
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da 
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num 
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em 
cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
4 
 
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que 
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
das actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas 
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
5 
 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo deestudos a distância, é de muita importância, na 
medida em que permite lhe situar, em termos do grau de 
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira 
ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. 
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os 
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e 
unidade temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
6 
 
avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento 
de avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
7 
 
TEMA – I: GESTÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS 
UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Gestão Financeira. 
UNIDADE Temática 1.2. Demonstrações Financeiras. 
UNIDADE Temática 1.3. Exercícios deste Tema 
 
UNIDADE Temática 1.1. Introdução a Gestão Financeira 
 
Introdução 
 
A administração financeira assume um papel de relevo para o sucesso 
de qualquer empresa, visto que esta função envolve vários aspectos, 
onde podemos destacar: as obrigações financeiras, planeamento, 
concessão de crédito para clientes, avaliação de investimento, 
obtenção de créditos para financiar as operações da empresa. Esta 
unidade visa dar a conhecer os principais aspectos a considerar na 
gestão de uma entidade e, por essa razão iremos tratar dos objectivos 
pretendidos por uma entidade e da função do administrador para a 
materialização destes objectivos. 
 De referenciar que esta unidade foi preparada com base na obra do 
Autor Lawrence J. Gitman: Princípios de Administração Financeira, 10ª 
edição. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Definir a empresa e conhecer o seu fim último; 
 Evidenciar a necessidade de gestão das finanças de uma 
empresa; 
 Identificar as principais tarefas do gestor financeiro; 
 Entender a função da gestão financeira e estabelecer a sua 
relação com a contabilidade; 
 
1.1.1. Conceito de Finanças e Empresa 
 
Finanças – é a arte e a ciência de administrar o dinheiro.2 É referente 
a transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e governo, 
através de instituições e mercados financeiros. 
 
A vida das pessoas e organizações é afectada por um campo amplo e 
dinâmico em que há muitas oportunidades de carreira, que se podem 
resumir em: 
 
 
2 Gitman, 12ª edição, pag. 3 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
8 
 
1.1.1.1. Serviços Financeiros – respeitantes à concepção e 
oferta de assessoria e produtos financeiros a pessoas fiscais, 
empresas e órgãos governamentais. 
 
1.1.2. Administração financeira – respeita as atribuições do 
administrador financeiro na empresa. Resume-se na tarefa de 
gestão dos negócios da empresa, tais como: planeamento, 
concessão de créditos a clientes, avaliação de desembolsos 
elevados e formas de captação de recursos de financiamento 
das operações da empresa. 
 
Este campo possui princípios que podem ser aplicáveis as finanças 
empresariais bem com as pessoais. Mas o foco do nosso estudo é a 
gestão financeira nas empresas. 
 
Segundo o Código Comercial, em vigor em Moçambique, considera-se 
empresa comercial, toda a organização de factores de produção para 
o exercício de uma actividade económica destinada à produção, para 
a troca sistemática e vantajosa, designadamente: da actividade 
industrial dirigida a produção de bens ou serviços; da actividade de 
intermediação na circulação de bens; da actividade agrícola e 
piscatória; das actividades bancária e seguradora; e das actividades 
auxiliares das precedentes. 
 
Empresa Industrial – é uma unidade produtiva combinando os 
factores necessários (matéria-prima, mão-de-obra, encargos gerais de 
fabrico, etc.) à realização de determinado processo de fabrico.3 
Empresa – é um conjunto complexo e estruturado que exige uma 
direcção e organização e que exerce uma actividade remuneradora 
através da produção e/ou distribuição de bens e serviços. O fim 
último da unidade produtiva (individuo, sociedade ou organismo 
publico que crie ou adicione valor) é o lucro ou a satisfação das 
necessidades colectivas, caso se trate de empresas ou cooperativas 
de unidades colectivas de produção (Nabaias, 1991, Praticas 
Administrativas). 
Varias modalidades de organização de empresas podem existir. As 
mais comuns são as seguintes: firma em nome individual, sociedades 
por quotas e sociedades por acções4. No nosso estudo destacaremos 
as sociedades por acções. 
 
1.1.2. A Função do Gestor Financeiro 
 
Para materializar os seus objectivos, a empresa precisa deter de uma 
variedade de bens (tangíveis e intangíveis) dentre os quais 
destacamos: equipamento fabril e administrativo; conhecimento 
técnico e patentes. Estes recursos exigem um pagamento. E para tal, 
 
3 BENZINHO, Jorge; RODRIGUES, Marcos. Técnicas de Gestão de Empresas, pag. 9 
4 Esse tipo de sociedade também é conhecido por sociedade anónima. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
9 
 
a empresa vende activos financeiros ou títulos (esses papers têm 
valorna medida que representam reivindicações sobre os bens e 
sobre o dinheiro que estes activos irão produzir), ou seja, ela obtém 
dinheiro emprestado do banco e, o banco por sua vez, passa a ter um 
activo financeiro, que lhe confere o direito a cobrança de juros e o 
reembolso do respectivo empréstimo. 
O gestor financeiro tem um posicionamento intermédio entre os 
bens reais da empresa e os mercados financeiros onde esta capta 
recursos para financiar o seu negócio. 
A função do gestor financeiro é a de traçar a trajectória dos fluxos 
monetários dos investidores para a empresa e da empresa para os 
investidores. 
Na assunção de suas tarefas, o gestor financeiro enfrenta dois 
problemas de base: 
1. Quanto dinheiro a empresa deveria investir, e em que activos? 
Essa é uma decisão de investimento, ou seja, decisão de 
orçamento de capital. 
2. Como captar o dinheiro necessário para o investimento? Essa é 
uma decisão financeira, isto é, decisão sobre os meios de 
financiamento para o investimento em bens reais. 
 
O gestor financeiro tem a tarefa de preparar, assumir, executar e 
controlar as decisões financeiras na empresa. Estas decisões afectam 
significativamente a situação financeira da empresa, tanto a curto 
prazo (para as decisões que afectam a tesouraria, tais como: decisões 
sobre gestão das disponibilidades, gestão de stocks, gestão de 
pagamento a fornecedores, a negociação de créditos bancários de 
curto prazo) quanto a médio e longo prazo (para as decisões que 
afectam a situação financeira a médio e a longo prazo, tais como: 
decisões sobre novos investimentos, a definição da politica de 
dividendos, a estrutura dos capitais permanentes). 
 
1.1.3. Objectivo da Empresa 
 
Nas sociedades por acções é comum os proprietários não serem os 
administradores do negócio, dai que o administrador financeiro deve 
encaminhar a empresa de modo que ela alcance os objectivos 
pretendidos pelos seus proprietários. Neste tipo de sociedades a 
lucratividade é medida em termos de lucro por acção (LPA) – que 
traduz-se no montante ganho a cada período por cada acção ordinária 
em circulação. 
 
Tomemos o seguinte exemplo: 
Uma empresa dedicada ao fabrico de componentes para motores 
náuticos, tem duas opções de investimento e o seu administrador 
financeiro está preocupado com a escolha entre elas. A tabela a seguir 
mostra o LPA em $ que cada empresa ira proporcionar durante o 
período de 3 anos. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
10 
 
Lucro Por Acção (LPA) 
Investimento Ano 1 Ano 2 Ano 3 Total 
Rotor 1,40 1,00 0,40 2,80 
Válvula 0,60 1,00 1,40 3,00 
 
Considerando a maximização do lucro, a opção seria investir na 
válvula, uma vez que apresenta em termos de LPA um resultado maior 
no fim de três anos. Mas a maximização do lucro não será o objectivo 
razoável, na medida que desconsidera: 
 
 O momento da ocorrência dos retornos – é preferível que a 
empresa obtenha o quanto antes, um rendimento pelos fundos 
investidos. Neste exemplo, apesar de o lucro total do Rotor ser 
inferior em relação ao da válvula, ele fornece um lucro muito 
maior no primeiro ano e, essa rentabilidade pode ser reinvestida 
para proporcionar maiores lucros futuros. 
 
 O fluxo de Caixa – os lucros não resultam necessariamente em 
fluxo de caixa disponíveis para os accionistas, pois, estes recebem 
fluxo de caixa sob a forma de dividendos em dinheiro que lhes são 
pagos. Um maior lucro por acção não é o pressuposto de que o 
conselho de administração aprovará um aumento dos dividendos. 
 
 O risco – a maximização do lucro ignora o risco, a probabilidade de 
ocorrências indesejadas entre os resultados reais e os esperados. 
O retorno e o risco são os principais determinantes do preço da 
acção e representa a riqueza que o proprietário investiu na 
empresa. 
O fluxo de caixa e o risco afectam o preço da acção da seguinte 
maneira: 
 Um maior fluxo de caixa associa-se a um maior preço por acção. 
 Um maior risco associa-se, normalmente, a um menor preço 
por acção porque o accionista exige remuneração pelo risco 
adicional. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática estudamos e discutimos os aspectos 
fundamentais a considerar, pelo gestor financeiro, na assunção de 
suas tarefas como o guia da entidade para o alcance do seu fim último, 
a maximização da riqueza dos proprietários, que até o presente 
momento o estudante não deverá ter dúvidas sobre tal. É também 
importante lembrar que neste módulo daremos ênfase as sociedades 
por acções, visto que a abordagem pretendida a avaliação das 
empresas é mais exequível as entidades cotadas na bolsa e grande 
parte delas são sociedades por acções. 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
11 
 
Exercícios 
1. Defina Finanças. 
2. Defina a empresa e aponte o seu objectivo fundamental? 
3. Que oportunidades de carreiras existem no campo de 
afectação da vida das empresas? 
4. Debruce-se sobre a função do gestor financeiro numa 
entidade. 
5. Há dois problemas de base que o gestor financeiro enfrenta na 
assunção de suas tarefas. Indique-os. 
6. O que é o risco? 
 
 
UNIDADE Temática 1.2. Demonstrações Financeiras. 
 
Introdução 
 
Periodicamente, as empresas precisam conhecer a sua posição 
financeira, o seu desempenho financeiro e a sua capacidade para 
honrar com os mais variados compromissos. Para o efeito, são 
elaboradas demonstrações que, obedecendo os pressupostos da 
continuidade do exercício, periodização, consistência, materialidade e 
comparabilidade, permitem que o administrador financeiro faça uma 
avaliação da empresa de modo a garantir que os objectivos estudados 
na unidade anterior sejam eficientemente alcançados. Nesta unidade 
analisaremos as demonstrações financeiras de acordo com rácios de 
avaliação de desempenho financeiro e económico. 
De referenciar que esta unidade foi preparada com base na obra do 
Autor Lawrence J. Gitman: Princípios de Administração Financeira, 10ª 
edição. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 Compreender a importância das demonstrações financeiras 
para a avaliação do desempenho de uma entidade; 
 Saber quem e como utiliza os rácios financeiros e económicos; 
 Saber usar os rácios para avaliar a liquidez, a actividade e a 
rentabilidade de uma entidade; 
 Fazer uma análise de rácios tendo em conta o tempo de vida da 
empresa. 
1.2.1. Principais Demonstrações Financeiras 
 
As empresas fazem avaliação de desempenho financeiro mediante a 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
12 
 
análise de diversas demonstrações, das quais podemos apontar as 
seguintes: 
 
 Demonstração do Resultado – espelha o resumo financeiro dos 
resultados operacionais da empresa num determinado período 
económico. Normalmente abrange o período de um ano e é 
apresentada a data de 31 de Dezembro de cada ano. Mas as 
empresas podem elaborar demonstrações de resultados periódicas 
para o uso da administração bem como para a avaliação, pelos 
proprietários, do desempenho da empresa. 
 
 Balanço Patrimonial – descreve a posição financeira da empresa 
em determinado momento. Consiste no equilíbrio dos activos da 
empresa contra o seu financiamento (capital próprio e/ou capital 
alheio). 
 
 Demonstração das Mutações do Património Líquido – ilustra, 
resumidamente, todas as transacções patrimoniais ocorridas num 
determinado ano. 
 
 Demonstração dos Fluxos de Caixa – é o documento que resume os 
fluxos de caixa havidos no período em causa. Ele permite a 
distinção entre os fluxos de caixa das operações, de investimentos 
e de financiamentos. 
 
1.2.2. Análise às Demonstrações Financeiras 
 
As informações contidas nas demonstrações financeiras (DFs) são de 
grande importância para os stakeholders5 que, com alguma 
regularidade, necessitam de medidas relativas acerca do desempenho 
da empresa. A análise às DFs é baseada no uso de índices. Esta pode 
ser feita de três formas, designadamente: 
 
 Análise em corte transversal – que é a comparação dos índices 
financeirosde duas ou mais empresas do mesmo sector de 
actividade, na mesma data ou período. Esta análise também pode 
ser feita comparando os índices da empresa com as médias 
sectoriais do seu sector de actividade. 
 
 Análise em série temporal – que compreende a avaliação do 
desempenho da empresa ao longo do tempo (de ano para ano). 
Este tipo de análise permite que os analistas avaliem os avanços de 
uma empresa, permitindo diagnosticar tendências de variações 
significativas, que podem significar a ocorrência de alguns eventos 
indesejáveis. 
 
 
5 Os mais variados utilizadores da informação financeira, dentre os quais se destacam: 
o administrador do negócio, Estado, accionista, investidores, credores, clientes, etc. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
13 
 
1.2.2.1. Análise de Rácios 
 
Rácio – é o quociente estabelecido entre duas rubricas das 
demonstrações financeiras (balanço e/ou demonstração do resultado). 
O método dos rácios é uma das técnicas utilizadas na análise 
financeira. Eles constituem uma excelente base para se emitir ou fazer 
um diagnóstico, na medida que uma análise apoiada no método dos 
rácios pressupõe a comparação permanente entre os valores 
assumidos pelo mesmo rácio durante outros exercícios económicos. 
Sempre que possível, é importante conhecer os “rácios-padrão” 
relativos ao mesmo sector de actividade em que a empresa se insere, 
para melhor se justificar os eventuais desvios. 
 
1.2.2.1.1. Rácios de Liquidez 
 
A liquidez de uma empresa é medida segundo a sua capacidade de 
solver as suas obrigações a curto prazo, ou seja, a facilidade com que 
pode pagar as suas contas atempadamente. Estes rácios podem 
antecipar possíveis problemas de insolvência no negócio de uma 
empresa, quando os seus resultados forem baixos. As medidas 
fundamentais de liquidez são: 
 
Liquidez Corrente – mede a capacidade da empresa pagar as suas 
dívidas de curto prazo. 
 
Liquidez Corrente 
 
Liquidez Seca – é semelhante a liquidez corrente, mas aqui excluem-se 
os stocks, pelo facto de muitos deles não poderem ser facilmente 
vendidos, para além de que também podem ser vendidos a prazo, o 
que significa que tornam-se em contas a receber antes da sua 
conversão em dinheiro. 
 
Liquidez Seca 
 
1.2.2.1.2. Rácios de Actividade 
 
Estes rácios medem a velocidade com que diversas contas são 
convertidas em vendas ou em caixa. No referente as contas do 
circulante, as medidas de liquidez podem ser inadequadas na medida 
em que as diferenças entre a composição dos activos circulantes e os 
passivos circulantes podem afectar significativamente sua liquidez 
real, dai que surge a necessidade de se avaliar a actividade de contas 
específicas do circulante. 
 
Giro do Stock – mede a actividade do stock de uma empresa. É a 
eficiência da empresa na conversão das suas mercadorias em vendas, 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
14 
 
ou seja, o tempo que a empresa leva para vender as suas mercadorias. 
 
Giro do Stock 
 
Para converter o giro do stock na idade média do stock, ou seja, o 
tempo que seria necessário para vender os stocks, teria de se dividir 
365 pelo resultado obtido no cálculo do giro do stock. 
 
Prazo Médio de Recebimento – é a idade média das contas a receber. 
 
Prazo Médio de Recebimento 
 
Prazo Médio de Pagamento – é a idade média das contas a pagar 
 
Prazo Médio de Pagamento 
 
Giro do Activo Total – mede a eficiência com que a empresa utiliza 
seus activos para gerar vendas. 
 
Giro do Activo Total 
 
1.2.2.1.3. Rácios de Endividamento 
 
Vimos que para financiar os seus activos, a empresa também pode 
faze-lo com recurso a capitais alheios. O endividamento mede o 
volume de dinheiro de terceiros usado para gerar lucros na empresa. 
 
Índice de Endividamento Geral – mede o nível de financiamento dos 
activos da empresa com recurso a capitais alheios. 
 
Endividamento Geral 
 
Índice de Cobertura de Juros – indica a capacidade da empresa honrar 
suas obrigações de pagamentos de juros. Quanto maior for o seu 
valor, maior será a capacidade da empresa em honrar com esses 
compromissos. 
 
Índice de cobertura de juros 
 
1.2.2.1.4. Rácios de Rentabilidade 
 
As medidas de rentabilidade permitem aos analistas avaliar os lucros 
da empresa à um dado nível de vendas, um dado nível de activos ou 
investimento dos proprietários. Dentre elas, destacam-se as seguintes: 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
15 
 
Margem do Lucro Bruto – mede a percentagem de cada unidade 
monetária que permanece na empresa após a dedução do custo dos 
bens vendidos. Quanto maior for a margem, melhor será para a 
empresa. 
 
Margem de Lucro Bruto 
 
Margem de Lucro Operacional – mede a percentagem de cada unidade 
monetária de vendas que permanece na empresa após a dedução de 
todos os custos e despesas, excepto os juros, imposto de renda e 
dividendos de acções preferenciais. 
 
Margem de Lucro Operacional 
 
Lucro Por Acção – representa o número de unidades monetárias 
ganhas no período para cada acção ordinária em circulação. 
 
Lucro Por Acção 
 
Retorno Sobre o Activo Total – indica a eficácia da administração na 
geração de lucros com a utilização dos activos disponíveis. 
 
Retorno Sobre o Activo Total 
 
Retorno Sobre o Capital Próprio – mede o retorno obtido sobre o 
investimento dos accionistas ordinários na empresa. 
 
Retorno Sobre o Capital Próprio 
 
Sumário 
 
Nesta unidade discutimos sobre os indicadores de avaliação de 
desempenho financeiro e económico de uma empresa, baseada em 
demonstrações financeiras. Esta avaliação poderá ser feita em corte 
transversal, em series temporais e de forma combinada, de acordo 
com o objectivo de avaliação pretendido pelo analista financeiro. 
A análise de rácios poderá ser feita em termos de liquidez – para 
conhecer a capacidade da empresa em solver as suas obrigações a 
curto prazo; Actividade – para conhecer o tempo que a empresa leva 
para converter os seus stocks em dinheiro, o tempo que ela leva para 
receber as dividas de clientes e o tempo que leva para pagar as dividas 
aos fornecedores; Endividamento – para conhecer a estrutura do seu 
capital e a capacidade dela pagar as obrigações resultantes do 
financiamento de terceiros; 
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16 
 
Rentabilidade – para conhecer a capacidade da empresa em gerar 
rendimentos com o capital nela investido e a eficiência na utilização 
dos seus activos para gerar vendas. 
O cálculo resumido de todos os índices pode ser usado para fazer um 
estudo completo, em corte transversal ou em séries temporais, 
diagnosticando a situação da empresa para conhecer as áreas que 
geram, tanto o desempenho financeiro positivo quanto o negativo, 
considerando-se a lucratividade, actividade e alavancagem financeira. 
Exercícios de Auto-Avaliação 
 
1. A seguir estão apresentados as demonstrações de resultados e os 
balanços patrimoniais da Barttlett Company para os anos 
encerrados em 31 de Dezembro de 2009 e 2008: 
 
Demonstração do Resultado da Barttlett Company (milhares de $) 
Exercícios anuais encerrados em 31 de Dezembro 
 2009 2008 
Receita de vendas 3.074 2.567 
-Custo das mercadorias vendidas 2.088 1.711 
Lucro bruto 986 856 
-Despesas operacionais 
 Com vendas 100 108 
 Gerais e administrativas 194 187 
 Arrendamentos mercantis 35 35 
 Depreciação 239 223 
 Total das despesas operacionais 568 553 
Resultado operacional 418 303 
-Despesas financeiras 93 91 
Lucro liquido antes do imposto de renda 325 212 
-Imposto devido (aliquota de 29%) 94 64 
Lucro liquido depois do imposto de renda 231 148 
-Dividendos preferenciais 10 10 
Lucro dispon. aos accionistas ordinários 221 138 
Lucro por acção 2,90 1,81 
Dividendo por acção 1,29 0,75 
 
Informação adicional: 
 O número de acções ordinárias existentesfoi de 76.262 em 2009 e 
76.244 em 2008. 
 Os dividendos pagos aos accionistas foram de $ 98.000 em 2009 e 
57.183 em 2008. 
 As compras representam 70% do custo das mercadorias vendidas. 
 
 
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17 
 
Balanço Patrimonial da Barttlett Company (milhares de $) 
em 31 de Dezembro 
Activo 2009 2008 
Activo Circulante 
Caixa 363 288 
Títulos negociáveis 68 51 
Contas a receber de clientes 503 365 
Stocks 289 300 
 Total do Activo circulante 1.223 1.004 
Activo Imobilizado 
 Terrenos e edificações 2.072 1.903 
 Maquinas e equipamentos 1.866 1.693 
 Moveis e utensílios 358 316 
 Veículos 275 314 
 Outros 98 96 
 Activo total imobilizado bruto 4.669 4.322 
 -Depreciação acumulada (2.295) (2.056) 
 Activo imobilizado líquido 2.374 2.266 
Activo total 3.597 3.270 
Passivo e Património Liquido 
Passivo Circulante 
 Fornecedores 382 270 
 Títulos a pagar aos bancos 79 99 
 Despesas a pagar 159 114 
 Total do Passivo Circulante 620 483 
Dívidas de longo prazo 1.023 967 
 Passivo total 1.643 1.450 
Património líquido 
 Acções preferenciais 200 200 
 Acções ordinárias 191 190 
 Ágio na venda de acções ordinárias 428 418 
 Lucros retidos 1.135 1.012 
 Total do património líquido 1.954 1.820 
Passivo total e património líquido 3.597 3.270 
 
 Análise de Rácios baseada no ano de 2009 
 
Liquidez: 
 
Liquidez Corrente = 
 
Um resultado igual a 1 (um) significa que a empresa tem capacidade 
para solver as suas obrigações de curto prazo a 100%. Quanto maior 
for o índice de liquidez corrente, maior será a capacidade da empresa 
solver as suas dividas de curto prazo. Este não é o único pressuposto 
para considerarmos aceitável um resultado igual ou superior a um. É 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
18 
 
necessário compara-lo com a média exigida do sector que ela actua. 
 
Liquidez Seca = 
 
Este indicador de liquidez, revela-se como o que mais aproxima a 
empresa a sua realidade, no caso de ela comercializar stocks que não 
sejam fáceis de converte-los em dinheiro. 
 
Actividade: 
 
Giro do Stock = 
 
Convertendo este resultado em termos de idade média do stock, 
teremos: = 50,7, ou seja, dividimos o número de dias num ano pelo 
resultado obtido no cálculo do giro de stock. Este resultado obtido na 
divisão representa o número médio de dias que a empresa leva para 
vender os seus stocks. 
 
P.M. Recebimento = = 59,7 dias 
 
Para receber as contas devidas pelos clientes, a empresa leva em 
média 59,7 dias. Num modelo em que a empresa estabelece 30 dias 
para receber as contas devidas pelos clientes, aquele resultado não 
seria satisfatório, o que levaria a acreditar que os créditos concedidos 
aos clientes estão sendo mal administrados. 
 
P.M. Pagamento = = 95,4 dias 
 
Se os fornecedores da empresa tiverem fixado 30 dias de prazo de 
pagamento, então o resultado apurado não seria aconselhável. Pelo 
que a empresa teria de rever as politicas de credito para os seus 
clientes ou negociar um tempo mais extenso com os fornecedores. 
 
Giro do Activo Total = = 0,85 
 
Este resultado significa que a empresa gira os seus activos 0,85 vezes 
ao ano. Quanto maior for o indicador, revela-se que a entidade usa 
mais eficientemente os seus activos para gerar vendas. 
 
Endividamento: 
 
Endividamento Geral = = 0,457 = 45,7% 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
19 
 
Este resultado revela que a empresa financiou mais do que a metade 
dos seus activos com recurso a capital próprio e cerca de 45,7% com o 
capital alheio. Maior grau de endividamento significa maior 
alavancagem financeira. Geralmente, quanto maior for alavancagem 
finaceira melhor será para a empresa. Assim quanto maior for o 
resultado deste indicador maior será o grau de alavancagem 
financeira. 
 
Índice de cobertura de juros = 
 = 4,5 
 
Rentabilidade: 
 
Margem de Lucro Bruto = = 32,1% 
 
Margem de Lucro Operacional = = 13,6% 
 
Lucro Por Acção = = 
2,90 
 
Retorno Sobre o Activo Total = 
 = 6,1% 
 
Retorno Sobre o Capital Próprio = 
 = 12,6% 
 
UNIDADE Temática 1.3. Exercícios 
 
1. Calcule os índices da Sterling Company para o exercício mais 
recente, admitindo um ano de 365 dias, dadas as 
demonstrações financeiras, os índices históricos e as medias do 
sector, fornecidos a seguir. Analise sua situação financeira 
geral dos pontos de vista tanto de corte transversal quanto de 
serie temporal. Decomponha sua Analise em avaliações de 
liquidez, da actividade, do endividamento e da rentabilidade. 
 
Sterling Company 
Demonstração do Resultado Para o Ano de 2009 
Exercício encerrado em 31 de Dezembro (em $) 
Receita de vendas 10.000.000 
-Custo das mercadorias vendidas 7.500.000 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
20 
 
Lucro bruto 2.500.000 
- Despesas Operacionais 
 Com vendas 300.000 
 Gerais e administrativas 650.000 
 Arrendamentos mercantis 50.000 
 Depreciação 200.000 
 Total das despesas operacionais 1.200.000 
Resultado operacional 1.300.000 
-Despesas financeiras 200.000 
Lucro liquido antes do imposto de renda 1.100.000 
-Imposto devido (aliquota de 40%) 440.000 
Lucro liquido depois do imposto de renda 660.000 
-Dividendos preferenciais 50.000 
Lucro dispon. aos accionistas ordinários 610.000 
Lucro por acção 3,05 
 
Balanço Patrimonial da Sterling Company - 2009 
Activo (em $) 
Activo Circulante 
Caixa 200.000 
Títulos negociáveis 50.000 
Contas a receber de clientes 800.000 
Stocks 950.000 
 Total do Activo circulante 2.000.000 
Activo imobilizado bruto 12.000.000 
 -Depreciação acumulada 3.000.000 
 Activo imobilizado líquido 9.000.000 
Outros activos 1.000.000 
Activo total 12.000.000 
Passivo e Património Liquido 
Passivo Circulante 
 Fornecedores 900.000 
 Títulos a pagar 200.000 
 Despesas a pagar 100.000 
 Total do Passivo Circulante 1.200.000 
Passivo de longo prazo 3.000.000 
 Passivo total 4.200.000 
Património líquido 
 Acções preferenciais 1.000.000 
 Acções ordinárias 600.000 
 Ágio na venda de acções ordinárias 5.200.000 
 Lucros retidos 1.000.000 
 Total do património líquido 7.800.000 
Passivo total e património líquido 12.000.000 
 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
21 
 
Índices históricos da Sterling Company e Índices médios sectoriais 
Índice 2007 2008 
Média sectorial 
em 2009 
Índice de liquidez corrente 1,40 1,55 1,85 
Índice de liquidez seca 1,00 0,92 1,05 
Giro de stock 9,52 9,21 8,60 
Prazo médio de recebimento 45,6 dias 36,9 dias 35,5 dias 
Prazo médio de pagamento 59,3 dias 61,6 dias 46,4 dias 
Giro do activo total 0,74 0,80 0,74 
Índice de endividamento 
geral 
0,20 0,20 0,30 
Índice de cobertura de juros 8,20 7,30 8,0 
Margem de lucro bruto 0,30 0,27 0,25 
Margem de lucro 
operacional 
0,12 0,12 0,10 
Margem de lucro líquido 0,062 0,062 0,053 
Retorno sobre o activo total 0,045 0,050 0,040 
Retorno sobre o capital 
próprio 
0,061 0,067 0,066 
Lucro por acção $ 1,75 $ 2,20 $ 1,50 
 
2. Analise as demonstrações financeiras que se seguem, da Zach 
Industries para o exercido encerrado em 31 de Dezembro de 
2009 
Zach Industries 
Demonstração do Resultado Para o Ano de 2009 
Exercício encerrado em 31 de Dezembro (em $) 
Receita de vendas 160.000 
-Custo das mercadorias vendidas 106.000 
Lucro bruto 54.000 
- Despesas Operacionais 
 Com vendas 16.000 
 Gerais e administrativas 10.000 
 Arrendamentos mercantis 1.000 
 Depreciação 10.000 
 Total das despesas operacionais 37.000 
Resultado operacional 17.000-Despesas financeiras 6.100 
Lucro liquido antes do imposto de renda 10.900 
-Imposto devido (aliquota de 40%) 4.360 
Lucro liquido depois do imposto de renda 6.540 
 
Balanço Patrimonial da Zach Industries - 2009 
Activo (em $) 
Activo Circulante 
Caixa 500 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
22 
 
Títulos negociáveis 1.000 
Contas a receber de clientes 25.000 
Stocks 45.500 
 Total do Activo circulante 72.000 
Terrenos 26.000 
Imóveis e equipamentos 90.000 
 -Depreciação acumulada (38.000) 
 Activo imobilizado líquido 78.000 
Activo total 150.000 
Passivo e Património Liquido 
Passivo Circulante 
 Fornecedores 22.000 
 Títulos a pagar 47.000 
 Total do Passivo Circulante 69.000 
Passivo de longo prazo 22.950 
 Passivo total 91.950 
Património líquido 
 Acções ordinárias 31.500 
 Lucros retidos 26.550 
 Total do património líquido 58.150 
Passivo total e património líquido 150.000 
 A empresa tem três mil acções ordinárias em circulação que 
estavam cotadas no fim de 2009 a $ 25 cada. 
 
a) Use as demonstrações financeiras precedentes para 
completar a tabela a seguir. Suponha que as médias 
sectoriais fornecidas na tabela são aplicáveis tanto a 
2008 como a 2009. 
 
Índice Media sectorial 2008 2009 
Índice de liquidez corrente 1,80 1,84 
Índice de liquidez seca 0,70 0,78 
Giro de stocks 2,50 2,59 
Prazo médio de recebimento 37,5 dias 36,5 dias 
Índice de endividamento geral 65% 67% 
Índice de cobertura de juros 3,8 4,0 
Margem de lucro bruto 38% 40% 
Margem de lucro líquido 3,5% 3,6% 
Retorno sobre o activo total 4,0% 4,0% 
Retorno sobre o capital 
próprio 
9,5% 8% 
 
b) Analise a posição financeira da empresa nos seguintes 
aspectos: liquidez, actividade, endividamento e 
rentabilidade. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
23 
 
TEMA – II: GESTAO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO 
UNIDADE Temática 2.1. Conceito de Curto Prazo; Analise de Fluxo de 
Caixa 
UNIDADE Temática 2.2. Planeamento Financeiro a Curto Prazo 
UNIDADE Temática 2.3. Exercícios deste Tema 
UNIDADE Temática 2.1. Conceito de Curto Prazo; Análise 
de Fluxo de Caixa 
 
Introdução 
 
Nesta unidade pretende-se que os estudantes tenham conhecimentos 
de base os requisitos para a elaboração e a posterior análise do fluxo 
de caixa. De forma sintética, os estudantes terão a noção do processo 
financeiro de curto prazo, no concernente aos elementos envolvidos e 
o período de abrangência. Esta unidade corresponde a parte 
introdutória à qual se deve dominar todos os elementos fundamentais 
para, posteriormente, entender o processo de planeamento financeiro 
de curto prazo na unidade seguinte. 
De referenciar que esta unidade foi preparada com base na obra do 
Autor Lawrence J. Gitman: Princípios de Administração Financeira, 10ª 
edição. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 Conhecer o espaço de abrangência da gestão financeira de 
curto prazo; 
 Diferenciar os fluxos de caixa operacional, de investimento e de 
financiamento; 
 Caracterizar as operações relativas a cada tipo de fluxo de caixa 
e elaborar e interpretar o fluxo de caixa. 
 
 
2.1.1. Conceito de Curto Prazo 
 
A gestão financeira de curto prazo pode ser assumida como a 
materialização das unidades dos planos a médio e longo prazos na 
medida em que as operações daquela gestão afectam os objectivos a 
alcançar pela entidade num tempo mais extenso. As operações de 
curto prazo, geralmente, compreende um período não superior a um 
ano, dai que o plano financeiro a curto prazo pode ser definido como 
plano operacional, enquanto o de longo prazo será o plano 
estratégico. 
 
 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
24 
 
2.1.2. Definição e Análise de Fluxos de Caixa 
 
A demonstração de fluxos de caixa fornece de forma sintetizada as 
saídas e entradas de dinheiro no caixa da empresa. O fluxo de caixa é o 
tema da preocupação básica do administrador financeiro, tanto na 
gestão das finanças no dia-a-dia quanto no planeamento e na tomada 
de decisões estratégicas visando a criação de valor para o accionista. 
Um importante factor determinante do fluxo de caixa de uma empresa 
é a depreciação. Do ponto de vista contabilístico, os fluxos "de caixa 
de uma empresa podem ser sintetizados na demonstração de fluxos 
de caixa. Do ponto de vista estritamente financeiro, e dum modo 
comum, as empresas preocupam-se tanto com o fluxo de caixa 
operacional, usado na tomada de decisões gerências, quanto com o 
fluxo de caixa livre, acompanhado de perto pelos participantes do 
mercado de capitais. 
 
Os fluxos de caixa da empresa podem ser divididos em: 
(1) Fluxos operacionais - são as entradas e as saídas directamente 
associadas a venda e a produção de bens e serviços pela 
empresa. 
(2) Fluxos de investimento - são aqueles associados a compra e a 
venda de activos imobilizados e a participações em outras 
empresas. E claro que as transacções de compra resultam em 
saídas de caixa, ao passo que as transacções de venda geram 
entradas de caixa. 
(3) Fluxos de financiamento – são os que resultam de operações de 
captação de recursos de terceiros e capital próprio. A captação 
(ou restituição) de recursos de terceiros de curto ou longo prazo 
resultaria numa entrada (ou saída) de caixa. De maneira 
semelhante, a venda de acções resulta numa entrada de caixa; 
o pagamento de dividendos em dinheiro ou a recompra de 
acções num fluxo de financiamento negativo (saída de caixa). 
Combinados, os fluxos de caixa operacionais, de investimento e 
de financiamento de uma empresa, em dado período, afectam 
seus saldos de caixa e suas aplicações em títulos de curto prazo 
de uma empresa. 
 
2.1.3. Classificação de entradas e saídas de caixa 
 
A demonstração de fluxos de caixa, na verdade, sintetiza as entradas e 
as saídas de caixa em certo período. 
 
As entradas (fontes) são compostas pelos seguintes elementos: 
 Redução de qualquer activo 
 Aumento de qualquer passivo 
 Lucro líquido depois do imposto de renda 
 Depreciação e outras despesas não desembolsadas 
 Venda de acções 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
25 
 
As saídas (aplicações) básicas de caixa: 
 Aumento de qualquer activo 
 Redução de qualquer passivo 
 Prejuízo líquido 
 Pagamento de dividendos 
 Recompra ou cancelamento de acções 
Por exemplo, se o saldo de contas a pagar de uma empresa 
aumentasse $ 1.000 durante o ano, a variação corresponderia a uma 
entrada de caixa. Se o stock da empresa subisse $ 2.500, a variação 
seria uma saída de caixa. 
 
 A redução do saldo de um activo, tal como o saldo de caixa da 
empresa, é uma entrada de caixa, porque o dinheiro que estava 
preso a esse activo é liberado e pode ser usado para outra 
finalidade como o pagamento de um empréstimo. Por outro lado, 
um aumento do saldo de um activo é uma saída de caixa porque 
um volume maior de dinheiro está sendo imobilizado no saldo de 
caixa da empresa. 
 A depreciação é uma despesa não desembolsada — uma 
despesa deduzida na demonstração de resultado, mas que não 
envolve o efectivo dispêndio de numerário no período. Como 
protege a empresa contra o pagamento de impostos reduzindo o 
lucro tributável, a despesa não desembolsada é tratada como uma 
entrada de caixa. Do ponto de vista estritamente contabilístico, 
somar a depreciação de volta ao lucro líquido após o imposto de 
renda resulta no fluxo de caixa gerado pelas operações: 
 
Fluxo de caixa gerado pelas operações = 
Lucro líquido depois do imposto de renda + Depreciação e 
outras despesas não desembolsadas 
 
Uma empresa pode ter um prejuízo líquido e ainda assim obter um 
fluxo positivo de caixa das operações, quando as despesas de 
depreciação e outras despesas não desembolsadas no período são 
superiores ao prejuízo líquido. Na demonstração de fluxos de caixa, o 
lucro líquido após o impostode renda (ou os prejuízos líquidos) e a 
depreciação (e outras despesas não desembolsadas) são tratados, 
portanto, como itens separados. 
Como a depreciação é tratada como uma entrada de caixa separada, 
somente as variações brutas dos activos permanentes, e não as 
variações líquidas, aparecem na demonstração de fluxos de caixa. Esse 
tratamento evita a possibilidade de dupla contagem da depreciação. 
Lançamentos directos de variações de lucros retidos não são incluídos 
na demonstração de fluxos de caixa. Ao contrário, os lançamentos de 
itens que afectam os lucros retidos aparecem como lucro ou prejuízo 
líquido após o pagamento de impostos e dividendos. 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
26 
 
2.1.4. Elaboração da demonstração de fluxos de caixa 
 
A demonstração de fluxos de caixa para certo período é elaborada a 
partir da demonstração do resultado do período juntamente com os 
balanços patrimoniais de início e de fim do período. Todas as entradas 
de caixa, assim como o lucro líquido após o imposto de renda e a 
depreciação, são tratadas como valores positivos. Todas as saídas de 
caixa, quaisquer prejuízos e os dividendos pagos são tratados como 
valores negativos. Os itens pertencentes a cada categoria — 
operacional, investimento e financiamento - são somados, e os três 
totais são adicionados para se obter o 'aumento (redução) líquido de 
saldos de caixa e aplicações em títulos de curto prazo' no período. 
Como confirmação dos cálculos, esse valor deve ser igual a variação 
efectiva dos saldos de caixa e aplicações em títulos de curto prazo no 
período, o que pode ser obtido dos balanços de início e fim do 
período. 
 
2.1.5. Interpretação da demonstração 
 
A demonstração de fluxos de caixa permite ao administrador 
financeiro e a outros interessados fazer uma análise do fluxo de caixa 
da empresa. Ele deve prestar especial atenção tanto nas principais 
categorias do fluxo de caixa quanto nas entradas e saídas individuais 
para verificar se aconteceu algo que seja contrário as políticas 
financeiras da empresa. Alem disso, a demonstração pode ser usada 
para aferir o progresso alcançado em ter-mos de metas projectadas, 
ou para identificar situações de ineficiência. Por exemplo, os 
aumentos de contas a receber ou stocks, resultando em saídas 
significativas de caixa, podem sinalizar problemas com políticas de 
crédito ou de stocks, respectivamente. O administrador financeiro 
também pode elaborar uma demonstração de fluxos de caixa a partir 
de demonstrações financeiras projectadas. Esse enfoque pode ser 
usado para determinar se alguma providência deve ser tomada em 
vista dos fluxos de caixa resultantes. 
 
Exemplo: 
 Demonstração de Resultados da Baker Corporation - Ano 2003 
(milhares de $) 
 Exercício anual encerrado em 31 de Dezembro 
Receita de vendas 1.700 
-Custo dos produtos vendidos 1.000 
Lucro bruto 700 
-Despesas operacionais 
 Despesas de vendas 70 
 Despesas Gerais e administrativas 120 
 Alugueis 40 
 Despesa de Depreciação 100 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
27 
 
 Total das despesas operacionais 330 
Lucro antes de juros e imposto de renda (laji) 370 
-Despesas financeiras 70 
Lucro líquido antes do imposto de renda 300 
-Imposto devido (aliquota de 40%) 120 
Lucro líquido depois do imposto de renda 180 
-Dividendos de acções preferenciais 10 
Lucro dispon. aos accionistas ordinários 170 
Lucro por acção 1,70 
 O número de acções ordinárias existentes era de 100.000 
acções. 
 
 Balanço da Baker Corporation (milhares de $) 
em 31 de Dezembro 
Activo 2003 2002 
Activo Circulante 
Caixa 400 300 
Aplicações em títulos de curto prazo 600 200 
Contas a receber de clientes 400 500 
Stocks 600 900 
 Total do Activo circulante 2.000 1.900 
Activo Permanentes 
 Terrenos e prédios 1.200 1.050 
 Maquinas e equipamentos 850 800 
 Moveis e utensílios 300 220 
 Veículos 100 80 
 Outros 50 50 
 Activo total imobilizado bruto 2.500 2.200 
 -Depreciação acumulada (1.300) (1.200) 
 Activo imobilizado líquido 1.200 1.000 
Activo total 3.200 2.900 
Passivo e Património Liquido 
Passivo Circulante 
 Contas a pagar – fornecedores 700 500 
 Instituições financeiras a pagar 600 700 
 Despesas a pagar 100 200 
 Total do Passivo Circulante 1.400 1.400 
Passivo de longo prazo 600 400 
 Passivo total 2.000 1.800 
Património líquido 
 Acções preferenciais 100 100 
 Acções ordinárias 120 120 
 Ágio na venda de acções ordinárias 380 380 
 Lucros retidos 600 500 
 Total do património líquido 1.200 1.100 
Passivo total e património líquido 3.200 2.900 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
28 
 
 Demonstração de Fluxos de Caixa da Baker Corporation - Ano 2003 
(milhares de $) 
 Exercício anual encerrado em 31 de Dezembro 
Fluxo de caixa de actividades operacionais 
 Lucro liquido após o imposto de renda 180 
 Depreciação 100 
 Redução de contas a receber 100 
 Redução de stocks 300 
 Aumento de contas a pagar – fornecedores 200 
 Redução de despesas a pagar (100) 
 Caixa gerado pelas actividades operacionais 780 
Fluxo de caixa de actividades de investimento 
 Aumento de activos permanentes (300) 
 Variação de participações accionarias 0 
 Caixa gerado pelas actividades de investimento (300) 
Fluxo de caixa de actividades de financiamento 
 Redução de instituições financeiras a pagar 100 
 Aumento de dívidas de longo prazo 200 
 Variação do património líquido 0 
 Dividendos pagos (80) 
Caixa gerado pelas actividades de financiamento 20 
Aumento liquido dos saldos de caixa e aplicações em títulos de curto prazo 500 
 
 
1. Fluxo de caixa operacional 
 
O fluxo de caixa operacional (FCO) de uma empresa é aquele que ela 
consegue gerar em suas actividades operacionais regulares — 
produção e venda de bens ou serviços. 
FCO = Laji - Imposto de renda + Depreciação 
 
2. Fluxo de caixa livre 
 
O fluxo de caixa livre (FCL) da empresa representa o volume de fluxo 
de caixa disponível para os investidores — os fornecedores de capital 
de terceiros (credores) e capital próprio (proprietários) — após a 
cobertura de todas as necessidades operacionais e o pagamento de 
investimentos em activos permanentes e activos circulantes líquidos 
pela empresa. Representa a soma do fluxo de caixa líquido disponível 
para credores e proprietários durante o período. 
FCL = FCO - Investimento em activos permanentes líquidos (IAPL) 
- Investimento em activos circulantes líquidos (IACL) 
 
O investimento em activos permanentes líquidos (IAPL) pode ser 
calculado pela Equação: 
IAPL = Variação em activos permanentes líquidos + Depreciação 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
29 
 
Usando os balanços da Baker Corporation, vemos que a variação de 
activos permanentes líquidos entre 2002 e 2003 foi igual a +$ 200 ($ 
1.200 em 2003 menos $ 1.000 em 2002). Substituindo esse valor e os $ 
100 de depreciação em 2003 na Equação para o cálculo do 
investimento em activos permanentes líquidos (IAPL), obtemos o 
seguinte resultado da Baker em 2003: 
IAPL = $ 200 + $ 100 = $ 300 Portanto, a Baker Corporation aplicou $ 
300.000 líquidos em activos permanentes durante o ano de 2003. Esse 
montante, evidentemente, corresponde a uma saída líquida de caixa 
para a aquisição de activos permanentes nesse ano. 
Examinando a Equação o IAPL podemos ver que, se a depreciação 
durante o ano for inferior a redução de activos permanentes líquidos 
no mesmo ano, o IAPL será negativo e indica uma entrada liquida de 
caixa, atribuível ao c de a empresa ter vendido mais activos do que 
comprou durante o ano. 
O investimento emactivos circulantes líquidos (IACL) representa a 
aplicação líquida feita pela empresa em seus activos circulantes 
(operacionais). Nesse caso, o termo 'liquido' refere-se a diferença 
entre activos circulantes e passivos circulantes espontâneos, os quais 
incluem contas a pagar — fornecedores e despesas a pagar. Como 
correspondem a uma fonte negociada de financiamento de curto 
prazo, instituições financeiras a pagar não são incluídas no cálculo de 
IACL. Em vez disso, constituem um direito dos credores sobre o fluxo 
de caixa livre da empresa. 
 
Sumário 
Nesta unidade foi possível compreender a importância do fluxo de 
caixa para uma entidade, quer para o efeito do planeamento 
financeiro quer para o efeito de da determinação da sua liquidez. 
O fluxo de caixa, segundo Gitiman, o sangue da empresa, é o elemento 
determinante do valor de mercado de uma empresa. É importante que 
o gestor financeiro, na execução de suas tarefas, adopte técnicas que 
criem fluxos de caixa positivos em todas as actividades, operacionais, 
de financiamento e de investimento, devendo ainda monitorar para 
que a empresa continue gerando saldos de caixa positivos e, assim, 
criar valor para os proprietários. 
 
Exercícios 
1- Defina fluxo de caixa. 
2- O que entende sobre plano de curto prazo, em termos de 
período de abrangência? 
3- Aponte os tipos de fluxo de caixa que podem ser gerados de 
acordo com as actividades da empresa. 
4- Distinga o fluxo de caixa operacional do fluxo de caixa livre. 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
30 
 
5- Sobre a classificação das entradas e saídas, aponte os 
elementos a considerar na listagem das saídas de caixa. 
6- Debruce-se sobre o processo de elaboração do fluxo de caixa. 
 
 
UNIDADE Temática 2.2. Planeamento Financeiro a Curto 
Prazo 
 
Introdução 
 
O planeamento financeiro é um elemento de bastante importância nas 
actividades da empresa, pois, ele orienta, dirige, coordena e controla 
as providências tomadas pela organização para atingir os seus 
objectivos. Os elementos fundamentais no planeamento são: 
O Planeamento de caixa – é a previsão dos recebimentos e dos 
pagamentos, ou seja, a elaboração do orçamento de caixa. 
O Planeamento de resultados – neste planeamento há lugar a 
elaboração de demonstrações projectadas. 
O planeamento financeiro começam com a elaboração de planos 
financeiros de longo prazo, e estes, por sua vez, orientam a 
formulação de planos e orçamentos de curto prazo. 
De referenciar que esta unidade foi preparada com base na obra do 
Autor Lawrence J. Gitman: Princípios de Administração Financeira, 10ª 
edição. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 Conhecer e saber utilizar as ferramentas incluídas no 
planeamento financeiro de curto prazo; 
 Elaborar a previsão de recebimentos de uma empresa; 
 Elaborar a previsão de pagamentos de uma empresa; 
 Preparar o orçamento de caixa com base nas previsões de 
recebimentos e pagamentos; 
 Determinar e orientar a empresa sobre a necessidade de 
financiamento. 
 
2.2.1. Plano Financeiro Operacional 
 
Os planos financeiros de curto prazo (operacionais) determinam as 
providências financeiras de curto prazo e o impacto previsto dessas 
providências. Esses planos quase sempre abrangem um período de um 
a dois anos. Os dados básicos incluem previsão de vendas e diversas 
espécies de dados operacionais e financeiros. Os produtos básicos 
incluem uma serie de orçamentos operacionais, o orçamento de caixa 
e as demonstrações financeiras projectadas. 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
31 
 
O planeamento financeiro de curto prazo começa com a previsão de 
vendas. E dai são formulados pianos de produção que levam em conta 
os tempos necessários para a preparação de equipamentos e incluem 
estimativas das matérias-primas exigidas. 
Com base nos pianos de produção, a empresa pode estimar as 
necessidades de mão-de-obra, os gastos gerais de produção e as 
despesas operacionais. Feitas as estimativas, torna-se possível 
preparar a demonstração projectada de resultado e o orçamento de 
caixa da empresa. 
 
2.2.2. Planeamento de Caixa 
 
O orçamento de caixa é uma demonstração que apresenta as entradas 
e as saídas de caixa planeadas da empresa, que a utiliza para estimar 
suas necessidades de caixa no curto prazo, com especial atenção para 
o planeamento do uso de superavits e a cobertura de deficits. 
Geralmente, o orçamento de caixa destina-se a cobrir o prazo de um 
ano, dividido em períodos menores. O número e o tipo de intervalos 
dependem da natureza do negócio. Quanto mais sazonais e incertos 
forem os fluxos de caixa de uma empresa, maior será o número de 
intervalos. Como muitas organizações enfrentam um fluxo de caixa 
sazonal, o orçamento de caixa com muita frequência e apresentado 
em base mensal. As empresas com padrões estáveis de fluxo de caixa 
podem usar intervalos trimestrais ou anuais. 
O ingrediente básico do processo de planeamento financeiro de curto 
prazo é a previsão de vendas da empresa, de seu facturamento em um 
período, normalmente preparada pelo departamento de marketing. 
Com base na previsão de vendas, o administrador financeiro estima os 
fluxos mensais de caixa que tenderão a resultar dos recebimentos 
projectados e dos gastos relacionados a produção, aos stocks e as 
vendas. Ele também pode determinar o nível necessário de activos 
permanentes e o montante de financiamento, se for o caso, que 
poderá ser exigido para sustentar o nível previsto de vendas e 
produção. 
 
2.2.2.1. Preparação do orçamento de caixa 
 
Para a preparação do orçamento de caixa, as empresas usam dados 
projectados, internos e externos, baseados em estimativas suportadas 
pelas experiencias anteriores. Por um lado, os dados internos 
fornecem informações sobre expectativas de vendas e, por outro, os 
dados externos permitem ajustar as expectativas a factores 
económicos gerais. 
A seguir encontra-se apresentado o formato geral do orçamento de 
caixa, no qual se pode resumir as previsões dos recebimentos e 
pagamentos, bem como de outras despesas não desembolsadas, 
projectados pela empresa: 
 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
32 
 
2.2.2.2. Formato Geral do Orçamento de Caixa 
 
 Jan Fev Marco Abril Maio ….. Dez 
Recebimentos 
Menos: Pagamentos 
Fluxo Líquido de Caixa 
Mais: Saldo Inicial 
Saldo Final 
Menos: Saldo Mínimo de Caixa 
Financiamento Total Exigido 
Saldo Excedente 
 
6Exemplo 1: 
 
A. Recebimentos 
Os recebimentos incluem todas as entradas de caixa de uma empresa 
em determinado exercício financeiro. Os componentes mais comuns 
dos recebimentos são as vendas a vista, as cobranças de contas a 
receber e outros recebimentos. 
A Coulson Industries, empresa do sector de material bélico, esta 
elaborando um orçamento de caixa para o período de Outubro, 
Novembro e Dezembro. As vendas da empresa, em Agosto, foram de $ 
100.000 e, em Setembro, de $ 200.000. Vendas de $ 400.000, $ 
300.000 e $ 200.000 foram previstas, respectivamente, para Outubro, 
Novembro e Dezembro. Historicamente, 20%. das vendas da empresa 
tem sido a vista, 50% tem gerado contas a receber cobradas um mes 
mais tarde e os 30% restantes tem gerado contas a receber cobradas 
dois meses mais tarde. As perdas com clientes (valores não recebidos) 
têm sido insignificantes.5 Em Dezembro, a empresa recebera um 
dividendo de $ 30.000 de acções de uma subsidiária. O quadro de 
recebimentos esperados da empresa e apresentado a seguir: 
 
2.2.2.3. Quadro de Recebimentos Projectados 
 
Vendas previstas - este primeiro item e de carácter apenas informativo 
é fornecido como ajuda no cálculo de outros itens associados as 
vendas. 
 
6 Gitman, Principios da Administracao Financeira, 12ª edicao, pag. 95 
 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 
Vendas previstas 100 200 400 300 200 
Venda a vista (0,20) 20 40 80 60 40Recebimento de Contas a Receber 
 Um mês mais tarde (0,50) 50 100 200 150 
 Dois meses mais tarde (0,30) 30 60 120 
Outros recebimentos 30 
Total de Recebimentos 210 320 340 
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33 
 
Vendas a vista - as vendas a vista apresentadas para cada mes 
representam 20% do total de vendas previstas para aquele mes. 
Recebimentos de contas a receber - esses valores representam a 
cobrança de contas a receber resultantes de vendas em meses 
anteriores. 
Um mes mais tarde - esses valores indicam vendas feitas no mês 
precedente e que geraram contas a receber cobradas no mes 
corrente. Como 50% das vendas do mes corrente são recebidos um 
mes mais tarde, os recebimentos de contas a receber com um mes de 
defasagem, indicados em Setembro, representam 50% das vendas de 
Agosto, os recebimentos de Outubro representam 50% das vendas de 
Setembro, e assim por diante. 
Dois meses mais tarde - esses valores representam vendas feitas dois 
meses antes e que geraram contas a receber cobradas no mes 
corrente. Como 30% das vendas são recebidos dois meses mais tarde, 
os recebimentos com dois meses de defasagem, indicados em 
Outubro, correspondem a 30% das vendas feitas em Agosto, e assim 
por diante. 
Outros recebimentos são os recebimentos esperados de outras fontes 
que não as vendas feitas pela empresa. Juros e dividendos recebidos, 
produto da venda de equipamentos, acções e títulos de divida e 
alugueis recebidos podem aparecer neste item. Para a Coulson 
Industries, o único outro recebimento e o dividendo de $ 30.000 de 
sua subsidiária, previsto para Dezembro. 
 
B. Pagamentos 
 
Os pagamentos incluem todos os desembolsos feitos pela empresa em 
certo exercício financeiro. Os desembolsos mais comuns são: 
 Compras a vista 
 Contas a pagar 
 Aluguer 
 Salários e Vencimentos 
 Impostos 
 Compras de activos permanentes 
 Juros 
 Dividendos 
 Amortização de empréstimos 
 Recompra de acções 
 
7Exemplo 2: 
A Coulson Industries reuniu os seguintes dados necessários para a 
preparação de um quadro de pagamentos, cobrindo os meses de 
Outubro, Novembro e Dezembro. 
Compras As compras da empresa correspondem a 70% das vendas. 
Desse valor, 10% são pagos a vista, 70% são pagos no mes 
 
7 Gitman, Principios da Administracao Financeira, 12ª edicao, pag. 96 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
34 
 
imediatamente seguinte ao da compra e os 20% restantes são pagos 
dois meses após o mes da compra. 
Pagamentos de aluguer - será pago aluguer mensal de $ 5.000. 
Salários e vencimentos - o custo de vencimentos fixos anuais é de $ 
96.0000, ou seja, $ 8.000 por mes. Alem disso, os salários variáveis 
correspondem a 10% das vendas do mes. 
Pagamento de imposto Deve ser feito um pagamento de imposto em 
Dezembro, no valor de $ 25.000. 
Gastos com activos permanentes Uma máquina nova será comprada 
por $ 130.000 em Novembro, com pagamento nesse mesmo mes. 
Pagamento de juros - um pagamento de juros de $ 10.000 deve ser 
feito em Dezembro. 
Pagamento de dividendos - dividendos em dinheiro no valor de $ 
20.000 serão pagos em Outubro. 
Amortização de empréstimo - uma restituição de principal no valor de 
$ 20.000 esta prevista para Dezembro. 
Recompras de acções - não se espera nenhuma recompra de acções 
entre Outubro e Dezembro. 
O quadro a seguir apresenta os pagamentos da empresa, usando os 
dados anteriores: 
 
2.2.2.4. Quadro de Pagamentos Projectados 
 
Compras - este e um item de carácter estritamente informativo. Os 
valores representam 70% das vendas previstas para cada mes. Foram 
incluídos para facilitar o cálculo das compras a vista e dos pagamentos 
a elas associados. 
Compras a vista - representam 10% das compras do mês. 
Pagamentos de fornecedores Representam o pagamento de contas a 
pagar resultantes de compras em meses anteriores. 
Um mes mais tarde - estes valores indicam as compras feitas no mes 
precedente e que são pagas no mes corrente. Como 70% das compras 
da empresa são pagos um mes mais tarde, os pagamentos com um 
 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 
Compras (0,70 x Vendas) 70 140 280 210 140 
Compras a vista (0,10) 7 14 28 21 14 
Pagamentos a Fornecedores 
 Um mês mais tarde (0,70) 49 98 196 147 
 Dois meses mais tarde (0,20) 14 28 56 
Pagamento de Aluguer 5 5 5 
Salários e Vencimentos 48 38 28 
Pagamento de Imposto 25 
Gastos com activos permanentes 130 
Pagamento de Juros 10 
Pagamento de dividendos 20 
Amortização de empréstimo 
Total de Pagamentos 213 418 305 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
35 
 
mes de atraso, indicados em Setembro, correspondem a 70% das 
compras de Agosto, os pagamentos em Outubro correspondem a 70% 
das compras de Setembro, e assim por diante. 
Dois meses mais tarde Estes valores representam compras efectuadas 
dois meses antes e que são pagas no mes corrente. Como 20% das 
compras da empresa são pagos dois meses mais tarde, os pagamentos 
com defasagem de dois meses, em Outubro, correspondem a 20% das 
compras de Agosto, e assim por diante. 
 
Salários e vencimentos Os valores foram obtidos somando S 8.000 a 
10% das vendas de cada mes. Os $ 8.000 representam o componente 
fixo; o restante representa a parte variável das remunerações. 
Temos agora os elementos necessários para a elaboração do 
orçamento de caixa da Coulson Industries, com base nos dados já 
fornecidos. 
No fim de Setembro, o saldo de caixa da empresa era de $ 50.000. A 
empresa deseja manter um saldo mínimo de caixa de $ 25.000 como 
reserva para cobrir necessidades inesperadas. 
Para que a Coulson Industries mantenha seu saldo final exigido de $ 
25.000, ela tem necessidade de um empréstimo de $ 76.000 em 
Novembro e de $ 41.000 em Dezembro. Em Outubro, a empresa 
disporá de um saldo de caixa excedente de $ 22.000, que poderá ser 
aplicado em títulos de renda fixa negociáveis. Os valores do 
financiamento total exigido, no orçamento de caixa, referem-se a 
quanto será devido no fim de cada mes; não representam as variações 
mensais de endividamento. 
Com base nas informações disponibilizadas foi possível preparar o 
seguinte orçamento de caixa para a Coulson Industries: 
 
 
2.2.2.5. Orçamento de Caixa (em milhares de $) 
 
 Outubro Novembro Dezembro 
Total de Recebimentos 210 320 340 
Menos: Total de Pagamentos 213 418 305 
Fluxo Líquido de Caixa (3) (98) 35 
Mais: Saldo Inicial 50 47 (51) 
Saldo Final 47 (51) (16) 
Menos: Saldo Mínimo de Caixa 25 25 25 
Financiamento Total Exigido (instituições 
financeiras a pagar) 
- 76 41 
Saldo Excedente 22 - - 
 
As variações mensais de endividamento e de saldo excedente de caixa 
podem ser obtidas analisando-se um pouco melhor o orçamento de 
caixa. Em Outubro, o saldo inicial de caixa de $ 50.000, que se 
transformou em $ 47.000 após a saída liquida de $ 3.000, resulta em 
um saldo excedente de $ 22.000, depois de descontado o saldo 
mínimo exigido de $ 25.000. Em 
 ISCED – MANUAL DE GESTÃO FINANCEIRA 
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Novembro, o financiamento total exigido de $ 76.000 resulta da saída 
liquida de S 98.000, depois de subtraído o saldo excedente de $ 
22.000 em Outubro. Os $ 41.000 de financiamento total exigido de 
Dezembro resultam da redução do financiamento total de $ 76.000 de 
Novembro pela entrada líquida de S 35.000 em Dezembro. 
 
Resumindo, as actividades financeiras de cada mes seriam as 
seguintes: 
Outubro: Aplicar o excedente de caixa de $ 22.000 em títulos 
negociáveis. 
 
Novembro: Liquidar os $ 22.000 de títulos negociáveis e tomar $ 
76.000 emprestados contra a emissão de notas promissórias. 
Dezembro: Pagar $ 35.000 das notas a pagar e ficar devendo $ 41.000. 
 
Sumário 
O fluxo de caixa é o factor determinante básico do valor da empresa. 
O administrador financeiro deve planear e agir, ou seja, criar, alocar, 
conservar e monitorar o fluxo de caixa. 
O foco é garantir a solvência da entidade cumprindo

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