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Lutas - Unip 1

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Autor: Prof. Mário Luiz Miranda
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Lutas: Aspectos 
Pedagógicos e 
Aprofundamentos
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Professor conteudista: Mário Luiz Miranda
Natural de São Paulo, é mestre em ciências, desde 2012, pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade 
de São Paulo (USP) e graduado, em 2004, em Educação Física na Universidade Paulista (UNIP), onde atua como 
coordenador pedagógico, desde 2006, e professor nas disciplinas de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor e Lutas: 
Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos, da qual é o líder acadêmico. Exerce docência para cursos de pós-graduação 
na disciplina de Teoria de Aprendizagem Motora, por meio de Ensino a Distância (EaD) em Instituição de Ensino Superior 
(IES): Estácio de Sá, Universidade Municipal de São Caetano do Sul e Grupo Ser Educacional, na Universidade Maurício 
de Nassau. Seus principais trabalhos publicados versam sobre: A iniciação no Judô: relação com o desenvolvimento 
infantil; Efeitos do uso da instrução verbal e demonstração por vídeo na aprendizagem de uma habilidade motora do 
Judô; estudos de prática formalizada de kata (rotinas de aprendizagem de golpes da modalidade de Judô), com título 
Práctica y caracterización de las katas por profesores y árbitros de Judô experimentados, Psychological, physiological, 
performance and perceptive responses to Brazilian Jiu-Jitsu combats e livro sobre Respostas psicofisiológicas da 
arbitragem de Judô: efeitos da experiência dos árbitros e do nível das competições. Também participou da elaboração 
dos livros-texto do curso de EaD da UNIP nas disciplinas de Crescimento e Desenvolvimento Humano e Aprendizagem 
e Desenvolvimento Motor. É árbitro internacional de Judô pela Federação Internacional de Judô e atua como 
coordenador e palestrante de cursos de arbitragem pela Federação Paulista de Judô.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M672e Miranda, Mário Luiz.
Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos / Mário Luiz 
Miranda – São Paulo: Editora Sol, 2018.
196 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-099/18, ISSN 1517-9230.
1. Lutas na educação física. 2. Fundamentos técnicos. 3. Medidas 
e avaliação. I. Título.
CDU 796.8
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Nascimento
 Vitor Andrade
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Sumário
Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 LUTAS NO ESPORTE EDUCAÇÃO ...................................................................................................................9
1.1 Definições ................................................................................................................................................ 10
1.1.1 Lutas ..............................................................................................................................................................11
1.1.2 Artes Marciais na Antiguidade .......................................................................................................... 12
1.1.3 Defesa Pessoal e as Artes Marciais na atualidade ..................................................................... 15
1.1.4 Modalidades de Esporte de Combate ............................................................................................. 27
2 LUTAS, ARTES MARCIAIS E AS MODALIDADES DE ESPORTE DE 
COMBATE NA EDUCAÇÃO ATUAL ................................................................................................................. 32
2.1 Contato corporal natural humano: brincadeiras turbulentas ............................................ 32
2.2 Diferenças entre briga e Luta .......................................................................................................... 35
3 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DAS LUTAS .................................................................................................. 38
3.1 Princípios de domínio e de confronto ......................................................................................... 45
4 LUTAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA....................................................................................... 53
4.1 Jogos de Combate ................................................................................................................................ 57
4.2 Bullying e as Lutas ............................................................................................................................... 60
4.3 Lutas e interdisciplinaridade ............................................................................................................ 63
4.4 O papel do profissional de Educação Física e as Lutas.......................................................... 64
4.5 Lutas brasileiras ..................................................................................................................................... 66
4.5.1 A Capoeira .................................................................................................................................................. 66
4.5.2 As Lutas africanas ................................................................................................................................... 78
4.5.3 Outras Lutas indígenas brasileiras .................................................................................................... 79
4.6 Ensino nas Lutas ................................................................................................................................... 82
4.6.1 Aprendizado motor em Lutas ............................................................................................................ 83
4.6.2 Psicomotricidade nas Lutas ................................................................................................................ 86
4.6.3 Classificação das tarefas motoras nas Modalidades 
de Esportes de Combate e Artes Marciais ................................................................................................ 89
Unidade II
5 LUTAS NO ESPORTEPARTICIPATIVO ........................................................................................................ 97
5.1 Segurança pessoal no uso cotidiano ............................................................................................ 98
5.2 Segurança pública e a prática participativa nas Lutas .......................................................100
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5.3 Lutas e a promoção da saúde........................................................................................................102
5.4 Idosos e as Lutas .................................................................................................................................105
5.5 As Lutas virtuais ..................................................................................................................................110
6 LUTAS E RECREAÇÃO ...................................................................................................................................116
6.1 Lutas na recuperação de dependentes químicos ..................................................................122
Unidade III
7 LUTAS NO ESPORTE DE RENDIMENTO ..................................................................................................130
7.1 O estudo da Biomecânica nas Modalidades de Esporte de Combate ...........................132
7.1.1 Os deslocamentos nas Modalidades de Esporte de Combate ........................................... 135
7.1.2 Capacidades motoras condicionantes e suas consequências ............................................ 137
7.1.3 Equilíbrio nas Modalidades de Esporte de Combate ..............................................................141
7.1.4 Torque e alavancas nas Modalidades de Esporte de Combate .......................................... 142
7.2 Aspectos fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate.....................................148
7.3 Perda deliberada de peso ................................................................................................................154
8 MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM MODALIDADE DE ESPORTE DE COMBATE ..................................155
8.1 Medidas fisiológicas ..........................................................................................................................156
8.2 Medidas subjetivas .............................................................................................................................157
8.3 Avaliação de medidas motoras e físicas ...................................................................................158
8.4 Metodologia de treinamento para Modalidades de Esporte de Combate ..................159
8.4.1 Periodização ........................................................................................................................................... 162
8.5 Lesões nas Modalidades de Esporte de Combate ..................................................................163
8.6 Arbitragem nas Modalidades de Esportes de Combate ......................................................165
8.7 Características psicológicas ............................................................................................................167
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos tem intenção de ser uma 
ferramenta valiosa para contribuir com o desenvolvimento do estudante de Educação Física, em 
especial, apresentar instrumentos que permitam ao futuro professor empregar todos os seus 
abrangentes recursos pedagógicos, com o intuito de incrementar aspectos físicos, cognitivos e 
psicossociais de seus praticantes.
Desse modo, a disciplina caminhará para introduzir elementos de construção de importantes valores 
da área da Educação Física e esportes: discorrerá sobre aspectos relacionados às ciências humanas, isto é, 
entender o comportamento humano diante do aprendizado e exercício das Lutas, e as ciências naturais, 
ou seja, a compreensão no emprego dos elementos de natureza anatômica, mecânica e fisiológica na 
prática das Lutas.
A disciplina visa dar suporte à formação integral do universitário e versará de modo abrangente a 
tudo que se relacione ao universo das Lutas.
INTRODUÇÃO
A humanidade tem se deparado com as Lutas desde os tempos mais remotos. Atualmente elas 
estão cada vez mais difundidas no contexto social, econômico, político e esportivo. Assim, a disciplina 
Lutas vem ao encontro da necessidade de o futuro professor se envolver com a aplicação de seus 
fundamentos nas aulas de Educação Física para iniciação esportiva, lazer, promoção e conscientização 
da saúde, autoconhecimento e de alto rendimento esportivo, e relacioná-los com elementos sociais, 
educativos e o progresso individual e coletivo.
O conteúdo a ser oferecido nesta publicação transcorrerá por associação com outras áreas do 
conhecimento humano, pois abordaremos a filosofia e a sociologia das Lutas, a classificação motora e 
o aprendizado expansivo de seus gestos técnicos, os estudos biomecânicos, a aplicação dos princípios 
básicos da fisiologia e da metodologia de treinamento para os praticantes de Lutas. O leitor vai encontrar 
subsídios para formalizar um acervo importante sobre história, origens, metodologias de instrução 
formativa, preparação generalizada e fundamentos científicos que permitam sua atuação nas áreas 
de introdução técnica-esportiva das Lutas e, adicionalmente, a captação do universo de informações 
acadêmicas necessárias para sua futura especialização em aplicação desportiva competitiva.
Portanto, é essencial que no Ensino Superior de Educação Física se possa analisar a disciplina de 
Lutas em um conjunto abrangente de aplicações (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006).
A dimensão e as especialidades das Lutas são tamanhas e exigem adaptações particulares para o 
seu estudo e compreensão. Logo, vamos direcionar três unidades específicas para nossa apresentação: 
1º) as Lutas no contexto do Esporte Educação – formação e iniciação esportiva, vinculada ao princípio 
do desenvolvimento esportivo e à construção da cidadania; 2º) do Esporte Participativo – recreacional e 
saúde e, por fim, 3º) do Esporte de Rendimento – competição e preparação esportiva profissional.
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 Observação
Usaremos AEC para nos referir a Antes da Era Comum e EC para Era 
Comum. A Era Comum se inicia com o ano I do calendário gregoriano.
 Observação
As seguintes palavras serão escritas nesta publicação sempre 
em maiúsculas: Luta(s), Artes Marciais, Modalidades de Esporte de 
Combate, Defesa Pessoal, Esporte Educação, Esporte Participativo e 
Esporte de Rendimento.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Unidade I
1 LUTAS NO ESPORTE EDUCAÇÃO
Primeiramente se faz necessário relembrar a definição de Esporte Educação e seus aspectos mais 
contemporâneos e, para isso, vamos discorrer de forma breve sobre o aparecimento de atividades 
esportivas humanas.
O esporte (ou as atividades pré-esportivas) é um fato real, que aconteceu de modo indispensável 
na sociedade humana desde os tempos mais remotos. Em especial, o nascimento do esporte combativo 
decorreu, essencialmente, da necessidade do ser humano em sistematizar os movimentos instintivos 
da Luta, da espontaneidade corporal, e se fundamentou nas vertentes primitivas da natureza humana 
relativas à manutenção de sua própria sobrevivência.
É fato que para chegarmos aonde chegamos como sociedade organizada,o enfrentamento prévio 
com predadores foi constante, e graças à manifestação da inteligência o ser humano se sobressaiu 
de modo incomparável diante de todas as ameaças que o colocavam em risco de se transformar em 
alimento de animais maiores e carnívoros. Além disso, a organização social e o desenvolvimento de armas 
auxiliaram bastante no estabelecimento de uma posição mais confortável frente aos seus inimigos mais 
imediatos. Na verdade, podemos descrever essas manifestações corporais de defesas e ataques como 
atividades pré-esportivas, pois elas não eram estruturadas para servirem aos domínios político, social, 
econômico e cultural como se fazem presentes na sociedade contemporânea.
Adiante vamos ampliar esse tema sobre o esporte e as Lutas relativas às sociedades mais antigas e 
discorrer sobre as artes e modalidades que se destacavam nas mais distintas civilizações. O importante 
agora é trazer a compreensão de que, a partir das práticas de atividades pré-desportivas combativas, 
sempre existiu a prevalência de alguém, por ser o mais forte, aquele muito mais rápido ou ao mesmo 
tempo o mais competente. Segundo Campbell e Moyers (1990), o ser humano não consegue seguir 
sozinho as suas aventuras pela vida, ele segue a trilha do herói para encontrar a sua própria experiência.
A partir de então, houve condições para práticas organizadas em eventos de modalidades bastante 
aguerridas, umas muito brutais e outras mais brandas, com intenção de se encontrar sentido na 
participação do confronto como parte da existência e chegar ao êxtase como exemplo a ser seguido. 
Desse modo, houve a continuidade da utilização, então sistematizada e direcionada do esporte para o 
enaltecimento da vitória, do troféu e da diferenciação entre “maiores” – ou vencedores e “menores” – os 
derrotados. Paralelo a isso, ocorreu a comparação, pela coletividade em geral, de que essas conquistas 
esportivas eram realizadas por heróis sobre-humanos. Tal fato permaneceu por longo tempo, desde os 
combates dos Jogos Olímpicos na Grécia Antiga e Clássica. Em seguida, nas disputas dos gladiadores 
romanos, passando pelas competições cavalariças medievais na Idade Média, os eventos e disputas 
violentas acontecidas durante a Revolução Industrial, chegando aos tempos modernos, novamente com 
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Unidade I
os Jogos Olímpicos da Era Moderna, no fim do século XIX, até os Jogos contemporâneos, nos idos da 
década de 1970.
Lembra Tubino (2010) que é notório que a globalização e o desenvolvimento social e econômico 
salientaram a importância da prática de atividades físicas para a saúde e, além disso, houve o 
reconhecimento do esporte como valioso instrumento de fomento social para o ser humano. Essas 
afirmações se fizeram constantes na Carta Internacional de Educação Física e Esporte (UNESCO, 1976), 
independente das práticas de rendimento esportivo até então conhecidas e exaltadas na sociedade. 
No Brasil, essa determinação, aliada à Constituição Brasileira de 1988, a qual estabeleceu o direito às 
práticas esportivas formais e não formais para todos os cidadãos brasileiros, provocou o entendimento 
do desporto para além do rendimento competitivo, ampliando seu conceito para o emprego como 
esporte lazer/saúde – ou Esporte Participativo e também como Esporte Educação, de tal modo que 
se aflorou o esporte para a concepção socioeducativa, isto é, o de direcionar para a constituição da 
cidadania, da coeducação, promover a cooperação e solidariedade, além de estar comprometido com o 
espírito e desenvolvimento esportivo (TUBINO, 2010).
Ressalta-se que o esporte educacional volta-se essencialmente para crianças e adolescentes e pode 
ser exercido por meio de atuação escolar: curricular ou extracurricular, nas comunidades e instituições 
não governamentais. Ademais, concebe-se e deve-se ter atenção especial por intermédio da iniciação 
esportiva em clubes e academias, respeitando-se essencialmente de modo acadêmico e científico o 
espectro desenvolvimentista de promoção cognitiva, psicossocial e física desses indivíduos.
Assim sendo, o Esporte Educação faz parte do contexto profissional do qual o professor de 
Educação Física deve se inteirar. É de sua total responsabilidade colaborar na constituição integral do 
ser e portanto usar a disciplina de Lutas como mais um excelente instrumento para contribuição na 
formação infantojuvenil.
Como se verá nesta publicação, as Lutas abrangem uma ampla ação motora, incentivam o desenvolvimento 
afetivo-emocional, a construção da reflexão e juízo de valor e a ascensão para a Educação Física.
Iniciaremos fazendo uma distinção importante do uso do termo Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate.
 Lembrete
Esporte Educação é voltado para a área educacional, em especial, à 
formação de crianças e adolescentes.
1.1 Definições
Na nossa sociedade ocorre a utilização bastante ordinária do termo Lutas, mostrando significação 
de algo, cujo resultado a ser alcançado se deverá ao confronto irracional, gerando violência e causando 
prejuízo para outrem, além de dar sentido de ação, que requererá o uso de algum poder de imposição 
e choque com valores desumanos. Além disso, é comum haver uma mistura de significados cujas 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
colocações nas descrições literárias, acadêmicas, revistas, blogs, sites e jornais trazem alguma desordem 
quanto ao seu emprego correto e compreensão, em especial se confundindo com as atividades de 
Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais. Dessa maneira, faremos uma diferenciação 
e padronização acadêmica para atribuir adequadamente as disposições, as classes e os estudos que 
serão discutidos nesta publicação. As classificações e categorias sugeridas para distinguir os nomes das 
atividades exercidas por meio de combates corporais ou com armas auxiliarão extremamente o juízo e 
o aproveitamento das Lutas na educação, na saúde e no esporte.
1.1.1 Lutas
Segundo Mahatma Gandhi (1948), “A alegria está na Luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, e 
não na vitória propriamente dita”.
Lutas indicam prontidões que se caracterizam por serem de confronto, seja corporal, seja mesmo de 
embate da retórica, alcançando até aquelas que visam pretensões sócio-político-profissionais e as que 
exigem posicionamentos de ideias e sentimentos. Em geral, as Lutas se associam a conquistas eficientes, 
atingindo objetivos determinados, sem que haja fundamentalmente a preocupação com a derrota do 
adversário, mas sim em atingir o seu próprio êxito. Os escrúpulos são de ordens restritas ao contexto e 
nível humano dos participantes da contenda, subjuga-se o oponente e debela-se sua resistência para se 
atingir o sucesso. O mais importante é vencer, e não necessariamente acabar com seu adversário.
Para se dar um exemplo concreto para o uso da palavra Luta com a intenção de se vencer, mas 
não de abater o oponente, citam-se os animais que Lutam pelo acasalamento, tomadas de liderança 
e domínio de território para a proteção à prole, exemplo: “Os elefantes mais jovens Lutaram para 
destronar o animal mais velho do armento” ou “Os hipopótamos Lutam ferozmente contra a invasão 
de seu território, e nenhum outro animal se atreve a se aproximar quando estão vigilantes”, “Ursos 
Lutaram pela fêmea, o perdedor abandona a região e vai procurar outra oportunidade de perpetuar seus 
genes”. Nos jornais e revistas também se encontram repetidamente descrições que mencionam o termo 
Luta. De acordo com UOL Notícias (2009), coloca-se o vocábulo como procedimento para se atingir 
determinado sucesso, assim apresentado: “O documento contempla uma série de melhoras na Luta 
contraa imigração irregular, que buscam aprofundar os instrumentos de prevenção, aumentar a eficácia 
dos procedimentos de repatriação e a melhora das garantias nas diferentes situações”. Na política, o uso 
da palavra Luta é muito comum, como no modelo político-educativo citado por Rui Barbosa: “Quem 
não Luta pelos seus direitos, não é digno deles”. A palavra induz a um significado amplo de buscar e 
conquistar algo, mas não necessariamente exterminar seu opositor. É comum verificar-se que políticos 
disputam uma votação e ao fim quem vence diz-se que lutou muito para conquistar os votos da maioria. 
Outro exemplo que designa com propriedade sua compreensão está contido na seguinte descrição: 
“Mesmo com condições climáticas desfavoráveis, o piloto lutou para dominar o avião e conseguiu fazer 
uma aterrissagem segura, salvando todos os tripulantes”. O termo Luta assume a realidade de ser usado 
como jornada, trabalho, conquista, determinação e atitude.
Luta está intimamente ligada ao conceito de alcançar um objetivo, planejado e consciente e ao 
mesmo tempo, firmemente, conservar a preservação da ética humana essencial, ou seja, minha trajetória 
na busca desse objetivo, minha decisão e minha conduta têm de ser benéfica para mim, útil ao meu 
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Unidade I
oponente direto e proveitosa para a sociedade. Relembrando Aristóteles, descrito por Guthrie (1998), 
faz-se uma livre associação da definição de Luta compreendendo a utilização do conceito de ethos: 
caráter moral e identidade de preservação universal da vida, do logos: racionalidade na validade dedutiva 
e do pathos: emotividade humana como caminho participativo, e não somente como condicionamento.
 Observação
De modo generalizado, todas as ações humanas que envolvem e exigem 
disputas de contrários – corporais ou não – são Lutas.
1.1.2 Artes Marciais na Antiguidade
O emprego corporal na história humana é bastante efetivo, pois nos primórdios da humanidade 
restava apenas o próprio corpo como dispositivo para práticas e enfrentamento de ameaças à 
sobrevivência. Devido à evolução humana, à concepção das estruturações sociais, à formação de 
grupos e ao aparecimento de ferramentas e armas como pedras lascadas, lanças e dos recursos de 
cordoaria, o ser humano conseguiu se estabelecer com solidez e provar sua eficiência frente aos 
grandes inimigos e predadores.
A prática de afrontar inimigos e ameaças imputaram a necessidade de se organizar os grupos 
de ações e sistematizar as ações de combate, assim chamadas de guerras. Surgiu então a estratégia 
de uso dos armamentos e jeitos de se combater. Consequentemente os humanos se estabeleceram 
e geraram-se exércitos e armadas bastante eficientes e apareceu a metodologia para se guerrear, ou 
seja, a Arte Marcial.
Figura 1 – Pintura rupestre pré-histórica. Homens com armas: caça e guerra
Vai-se reforçar e se apresentar a definição de arte marcial em duas etapas bem distintas: a primeira 
parte desde AEC, que se inicia no conhecimento histórico dos primeiros arranjos das civilizações que 
visavam as necessidades que se faziam presentes para sobrevivência social, até quase meados do século 
XIX. Essa indicação continua a partir do fim dessa época para os dias atuais.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Como já se mencionou, as Artes Marciais eram ações coordenadas para serem usadas na guerra, 
ou seja, metodologias específicas para organizar, empreender e participar de atividades de combate 
territorial, corporal e plenamente armamentista, por meio de esquadrões que representavam interesse 
político, ideais religiosos e econômicos de estados e soberanos. Em geral, os governos e seus executivos 
procuravam expandir seus domínios para poder prover condições de manutenção de seu poder, liderança, 
perpetuação monárquica e também oferecer condições de sustentação de seus reinos. Outros objetivos 
como a cobiça mandatória, a escravatura, o enriquecimento dos monarcas e a defesa da pátria eram 
motivos bastante usados para se guerrear e organizar movimentos militares.
O mais antigo documento histórico já angariado sobre prélios humanos é a “Estela de Abutres”, 
bloco monolítico de pedra, que se encontra no museu do Louvre em Paris, cujas inscrições retratam a 
primeira guerra registrada, por volta de 2.525 AEC, no qual constam detalhes de planejamento e disputas 
ferrenhas. Essa peleja aconteceu na província de Lagash, antiga região da Suméria, que, segundo as 
inscrições lidas sobre a rocha, travava guerras contra a cidade de Umma, por captação de água e para 
aquisição de terras cultiváveis (COOPER, 1983; MELLA, 2004).
 Observação
Estela é sinônimo de rocha esculpida.
A figura a seguir mostra uma parte da escultura achada, a qual descreve também o tratado de paz 
acordado depois da vitória do rei Eannatum de Lagash sobre a cidade de Umma.
Figura 2 – Estela de abutres: bloco monolítico de pedra retratando a guerra e o acordo entre as cidades 
de Lagash e Umma. Museu do Louvre, Paris
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Unidade I
Muito conhecido e divulgado na atualidade, pode-se ressaltar, para justificar o termo Arte 
Marcial, o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, que foi um general chinês que viveu, segundo alguns 
documentos, nos idos de 500 AEC, junto ao rei Ho Lu, no reinado da era WU (CLAVELL, 1983). Naquela 
época, esse chefe militar, líder incontestável, deixou registros que davam diretrizes bastante seguras 
para selecionar e treinar soldados, planejar, deixando bem concebidas as atividades guerreiras 
e as marchas a serem efetuadas de acordo com as próprias vontades, necessidades estratégicas e 
disposições inimigas.
Conforme assinala Sun Tzu, na paz era preciso se preparar para a guerra e, na guerra, preparar-se 
para a paz. Desse modo, os estudos bélicos ou a constituição da “Arte Marcial” eram fundamentais para 
o Estado, para o ser humano e, por fim, questão de vida ou de morte! (CLAVELL, 1983).
Portanto, considerando-se essas circunstâncias, o designativo composto Arte Marcial se refere 
estritamente aos procedimentos aparelhados para se preparar legiões e formar exércitos a fim de 
combater em batalhas contra inimigos.
Mais adiante, na sociedade ocidental, o vocábulo Arte Marcial se relaciona às atividades exercidas 
com os mesmos propósitos já delineados no parágrafo anterior, e com a mesma epistemologia, isto 
é, designação de artimanhas específicas para as estratégias bélicas. Contudo, o termo é ainda muito 
demarcado pela mitologia grega, já que essa crença dispunha especificamente de deuses da guerra 
– Atena, feminina e estratégica e Ares, masculino e impetuoso, reconhecido principalmente em 
Esparta. Outras culturas e religiões se manifestaram também cultuando deuses que representavam 
a incursão guerreira, por exemplo: as divindades Odin e Thor, da mitologia nórdica, o deus Ogum, 
da mitologia iorubá (vinda da África – dos países da República do Benim e da Nigéria). Do mesmo 
modo, a divindade Belona, juntamente com o deus Marte, responsáveis pela guerra e pelas armas, 
aparecem na mitologia romana, os quais surgiram como substitutos dos deuses Atena e Ares, 
respectivamente, por terem dado sequência natural da mescla de mitologias grega e romana. Do 
nome do deus Marte deriva o vocábulo Marcial.
Portanto, o procedimento técnico e tático para o combate era condição natural e bem estabelecida 
na sociedade humana. Guerrear significava planejamento, logística, coordenação de movimentos da 
armada, operações de direcionamento de recursos financeiros, e táticas de posicionamento, ataquee 
defesa, isto é, estudos muito profundos, conhecimento do inimigo, de seu território, de seus costumes, 
geografia, número de soldados etc. Obviamente o termo arte tem relação com magnitude, excelência e 
intensidade, por essa condição o designativo composto Arte Marcial se consolidou, então, em tempos 
antigos como o sinônimo de a excelência para a guerra.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 3 – Deus Ares, da mitologia Greco-romana: deus da guerra e das armas
Embora bem ilustrado e se relacionando com a literalidade, o termo Arte Marcial foi acomodado 
por outras vertentes sociais e sofreu alterações substanciais em sua acepção e deve-se seguir adiante e 
explicitar a segunda etapa que altera seu significado relativo ao emprego atual, contribuindo para a melhor 
categorização do termo. Para isso, faz-se uma colocação referente à Luta como Defesa Pessoal, ou seja, o 
uso organizado de ações de combate para a própria conservação da vida e segurança física e emocional.
1.1.3 Defesa Pessoal e as Artes Marciais na atualidade
O ser humano se defendeu sempre com o uso de suas próprias atribuições e possibilidades. Procurou 
usar seus membros superiores e inferiores e outras partes corporais, como a boca e a cabeça, de modo 
a imobilizar, afastar, dominar, refrear e também se proteger de acometimentos que o colocavam em 
perigo de sobrevivência, detrimento de território, perda de sua prole e ameaça à sua liderança. A essas 
ações chamamos de Defesa Pessoal. Assim sendo, a Defesa Pessoal se relaciona diretamente com o 
emprego corporal e ao uso de armas que visam à própria segurança e de seus familiares e amigos, além 
do grupo ao qual pertence ou ao qual era designado por obrigação ou vontade própria.
Como já vimos, práticas sistematizadas de movimentos militares corporativos envolviam a necessidade 
de contingente humano que manipulavam armas, tais como: lanças, arcos, cavalos, engalfinhando-se 
corpo a corpo com seus adversários. Obviamente, os esquadrões mais treinados proviam exercícios que 
visavam à preparação dos guerreiros para esse enfretamento pessoal. Observações militares levam a se 
acreditar que, no momento desses embates, o soldado se imbuía de grande determinação, pois era a sua 
vida em nome da nação ou de seu general, ele precisava atacar e se defender e assim protegia a própria 
vida. Muitos guerreiros se destacavam por terem bastante habilidade e batalhavam com grande destreza 
e competência. A Defesa Pessoal era fruto de intensos treinamentos e práticas exigentes.
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Unidade I
Essas práticas de defesa corporal e uso de armas derivam basicamente de duas vertentes, bem 
generalizadas, que parecem muito similares, mas que contêm diferenças importantes para que possamos 
definir a segunda etapa do significado atual do termo Arte Marcial. Essas vertentes de classificam em: 
Lutas ocidentais e Lutas orientais.
As Lutas ocidentais são vastamente documentadas por meio da arqueologia e de seus estudos 
antropológicos e encontradas em pinturas rupestres e esculturas. Segundo Levinson e Christensen 
(1999), desde a época dos sumérios na Mesopotâmia, por volta de 3000 AEC, encontram-se em afrescos 
Lutadores que parecem estar Boxeando.
Os egípcios também são relatados por Doberstein (2010) como exímios guerreiros treinados em 
armas e competências corporais de Lutas desde a época do faraó Djoser, da terceira dinastia, que reinou 
entre 2737 e 2717 AEC.
López (2011) descreve que a civilização dos egeus na antiga Creta usava as Lutas como preparação 
guerreira e educacional, por meio de Jogos de Combate com os punhos fechados; elas ficaram conhecidas 
pelos achados do sítio arqueológico de Tera, em Santorini, atual Grécia, nos quais se encontraram várias 
esculturas e afrescos. A mais divulgada dessas pinturas apresenta a figura de dois meninos se golpeando, 
remanescente da época compreendida entre 1700 e 1500 AEC, e parecia ter conotação de preparação 
educativa e também guerreira, pois os meninos usavam luva em apenas uma das mãos; uma delas 
golpeava e a outra servia apenas para se defender.
Figura 4 – Meninos Boxeando com luvas
Em seguida, encontram-se os gregos, povo no qual as Lutas eram parte integrante e faziam parte da 
educação militar para defesa incansável da nação e das comemorações pelas boas colheitas (SCANLON, 
2014). Além disso, ressalta-se a importância dos Jogos Olímpicos. Os documentos acerca dos referidos 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Jogos gregos citam as Lutas de Boxe, a Luta olímpica e o Pankration Athlima – Pancrácio esportivo – 
como o auge das competições na Grécia Antiga. Esta modalidade possuía poucas regras (eram proibidas 
as mordidas e os ataques aos órgãos genitais e aos olhos), no entanto deveriam ser rigorosamente 
cumpridas, caso contrário o infrator era execrado publicamente e em muitas ocasiões expulso da cidade. 
Os vencedores eram venerados pela força, pela inteligência e determinação e o público os relacionava 
aos mitológicos personagens Héracles (Hércules, de força descomunal) e Teseu (personalidade perspicaz, 
ágil e significativamente potente). Esses deuses e semideuses eram considerados heróis que serviam 
como modelo da aventura humana, da participação e construção da vida.
Figura 5 – Ânfora grega mostrando Héracles e a Luta contra o centauro Nesso entre 625-600 AEC. Museu arqueológico de Atenas
Figura 6 – Escultura de mármore do semideus Teseu Lutando contra o Minotauro de Étienne-Jules Ramey – Jadins de Tuileries, Paris, 
França, 1828
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Unidade I
As Lutas assumiram grande importância na educação grega, em especial na Era de Alexandre III, O 
Grande (356-323 AEC), no extenso império macedônico, pois, além de fazerem parte do treinamento 
militar, estendiam-se para o fortalecimento físico, na construção do corpo belo e harmonioso, e propiciava 
o afloramento da inteligência estratégica, política e tomada de decisões rápidas. Esse conceito se aliava ao 
ideal de educação clássica baseada na paideia, que visava à formação integral do estudante por meio de 
disciplinas como ginástica, Lutas e exercícios físicos, matemática, filosofia, história, geografia e gramática. 
Essa educação fundamentava o ser na sociedade na qual se vivia e as Lutas eram estudadas para que se 
pudesse verificar especialmente como se podia alcançar a aretê, ou seja, a virtude e a excelência no trato 
social. Na época era inegável a necessidade de se prover bons cidadãos para o desenvolvimento da pátria, 
além de que pudessem se estabelecer diante de tantas ameaças vindas de inimigos que constantemente 
desejam invadir seus territórios. Assim, a Defesa Pessoal era direcionada para a preparação do indivíduo e o 
estudo das artes da Luta visava o entendimento do uso das suas capacidades físicas e habilidades para se 
alcançar um estado de prontidão social e guerreira, enfim, a defesa da pátria igualmente.
As Lutas constituíam disciplina para fortalecimento do corpo e, ao mesmo tempo, promoviam os 
estudos do contato físico como meio de compreender as inerentes limitações físicas e potencialidades 
de seus oponentes.
Portanto, naquela época, pelo estudo das Lutas e pela interatividade na sua prática, – surgia a ética 
no uso dos próprios potenciais corporais–, pois para se Lutar, é necessário ao menos que dois oponentes 
se coloquem em posições antagônicas. A Defesa Pessoal implicava a justificaçãodo próprio ser humano.
 Saiba mais
A fim de aprofundar seu conhecimento nos temas referidos à educação 
e aos Jogos Olímpicos gregos, leia:
GARCIA, A. B. Educação Grega e Jogos Olímpicos: Período clássico, 
helenístico e romano. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.
Dando continuidade ao pensamento para explicar o termo Arte Marcial para a atualidade, trazem-
se algumas considerações acerca das Lutas orientais, famosas pela sua eficiência motriz e plasticidade 
corporal. Essas Lutas provenientes das regiões asiáticas do planeta se destacavam por serem consideradas 
as precursoras de sistemas de Defesa Pessoal, pois eram vistas como propriedades individuais para a 
busca da segurança individual.
De acordo com Ohlenkamp (2003), compilado pelo comando do exército imperial japonês no ano 
720 EC, documentam-se as disputas de Lutas de força do torneio de “Chikara Kurabe”, ocorrido em 230 
AEC. Esse documento parece sugerir, por estudiosos e pesquisadores, que essa Luta foi protagonista 
dos primeiros estágios embrionários como predecessora das resultantes que chamamos de Sumô e de 
Jujutsu (atualmente chamada de Jiu-Jitsu – técnica suave) e com o emprego estratégico e formativo na 
preparação de soldados. Veja a seguir as figuras que retratam as referidas Lutas.
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Figura 7 – A Luta milenar de Sumô
Figura 8 – Jiu-Jitsu
Por sua vez, é muito divulgado, quase que por unanimidade entre os praticantes de Lutas asiáticas, 
que as origens das Lutas e Artes Marciais de Defesa Pessoal derivam de estudos, práticas e disseminação 
promovidas pelo monge chamado Bodhidharma (Damo), tendo sido documentada sua aparição no 
templo budista Shaolin na China, em 527 EC (ASHRAFIAN, 2014). A lenda ou o fato da criação dessas 
ações de grande precisão corporal por Bodhidharma se relaciona à ocorrência de muitos saques aos 
templos budistas, e ataques corporais aos monges, que viviam entre os arredores da Pérsia e da Índia. 
Assim sendo, ele decidiu que haveria de ter uma maneira de defender os víveres e pertences dos 
monásticos contra os bandidos e salteadores. Muito provavelmente, cita Ashrafian (2014), Bodhidharma 
estudou as técnicas da Luta Kalaripayattu – ações sistematizadas de Lutas corporais encontradas na 
Índia desde o ano 600 AEC (MIGUEL, 2011). Ainda nos lembra Ashrafian (2014) que se dá crédito a 
Bodhidharma nas documentações encontradas no templo Shaolin à criação de ações corporais de 
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combate baseadas em movimentos de ataque e defesa de animais, mais precisamente da serpente, do 
dragão, do leopardo, do tigre e da garça. Depois esses movimentos contundentes foram profundamente 
desenvolvidos pelos monges budistas do templo Shaolin, os quais aliaram movimentos de outros animais 
também às resultantes de forças da natureza. Consequentemente apareceram ações fundamentadas nos 
movimentos de rotação dos tufões, o sugar dos redemoinhos, o agitamento dos ventos, o empuxo das 
marés, a flexibilidade e resignação dos galhos leves das plantas frente ao peso da neve etc., incorporadas 
às atuações humanas com propósitos de Defesa Pessoal. Observe as figuras a seguir e veja a comparação 
entre a movimentação do redemoinho e o giro do corpo no Sumô.
Figura 9 – Redemoinho de vento (tufão) Figura 10 – Giro do corpo no Sumô
Portanto, a Defesa Pessoal se estabeleceu como necessidade para se enfrentar a cobiça e a ganância, 
e é importante lembrar que as Lutas instituídas nessas regiões cultivaram a condição de que a habilidade 
é fator determinante para se contrapor à força exagerada. Consolidou-se a compreensão de que o uso 
da força deve ser muito bem aproveitado para não se desperdiçar energia, garantindo o êxito da própria 
segurança contra ofensivas baseadas em tamanho ou força estúpida.
De maneira geral, as práticas de Lutas ocidentais demonstraram que existia um aprendizado 
sociocultural, que poderia favorecer a construção da ética humana por meio da interatividade corporal. 
Adicionalmente, o aprofundamento de seus estudos trazia o desenvolvimento da concentração, do 
raciocínio ágil e de tomada de decisão.
Por sua vez, as Lutas orientais proporcionavam ao indivíduo uma maior compreensão da natureza 
que o rodeava e que o entendimento das atuações das forças naturais e sua aplicação por intermédio 
das estruturas anatômicas corporais causariam a conquista da habilidade de se preservar e garantir 
a própria sobrevivência. A integração com a natureza mostrava-se imensamente importante, pois 
o indivíduo aprendia a usar recursos corporais que o levavam à imaginação e à ponderação e o 
instigavam a analisar e pesquisar sobre o próprio corpo e seus movimentos, garantindo êxito e 
grande precisão motriz.
É notória a complexidade na execução de movimentos de Defesa Pessoal e a necessidade de se 
praticar os movimentos repetidamente e com o máximo de exatidão para que as ações sejam eficientes. 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Antecipação, agilidade, agudeza, reação instantânea, posicionamento e esquivas corporais são essenciais 
para permitir que os movimentos humanos se transformem em ações com grande sofisticação anatômica 
devido à excelência na combinação articular para execução de golpes e técnicas de contundência, 
projeção e domínio. Ao mesmo tempo, essa prática tão especial desperta reflexões interessantes: Para 
conseguir desempenho, tenho que enfrentar minhas dificuldades e ainda neutralizar as ações de meu 
oponente; preciso de um oponente que vai permitir a descoberta de minhas deficiências; necessito 
descobrir a mim mesmo, saber como posso usar minha corporeidade da melhor maneira possível; 
preciso compreender meus erros e corrigi-los. Todas essas obrigações levam o indivíduo a uma maior 
percepção de suas capacidades físicas, motoras, afetivas e intelectuais.
Várias especialidades de Lutas criadas para serem usadas por combatentes nas inúmeras batalhas 
militares da civilização foram sistematizadas em práticas específicas para se atingir a descoberta do 
próprio ser, favorecer a construção de indivíduos com grande capacidade de autocontrole e concentração, 
conscientes de seus deveres e promotores dos direitos de todos e atuar de modo cortês e ético. Pode-
se citar o Judô, o Karatê, o Aikido, sistematizados no Japão, o Hapkido, na Coreia, o Tai chi chuan, na 
China, e a Yoga, da Índia, como Lutas que vieram para ajudar seus praticantes a aprender e descobrir a 
si mesmo, promover a saúde, o desenvolvimento social e psicomotor do indivíduo.
Portanto, atualmente, Artes Marciais integram uma significação compreendida por atividades físicas 
específicas de combate corpóreo e uso de armas com vasta plasticidade física, estratégia de movimentos 
precisos e contundentes com fins de definição vital, concomitantemente ao fortalecimento espiritual 
e autodomínio, abalizadas por filosofia própria, isto é, a busca da sabedoria e estímulo à reflexão e ao 
aprofundamento das relações humanas.
O emprego das Artes Marciais e sua aplicação atual são estritamente voltados para: bem-estar, 
autoconhecimento, formação do caráter, meditação, busca de equilíbrio interior, ampliação das relações 
sociais e motivação do desenvolvimento cognitivo (MIGUEL, 2011).
Chega-se à conclusão que em alguma ocasião, considerando-se os casos mais diversos, existirão 
vulnerabilidades para o ser humano. Por mais que se adotem meios para se evitá-las, no embate das 
Lutas os adversários podem colocá-las à prova ou prepararem estratagemas que exponhama natureza 
falível do ser humano. O exercício das Lutas, em especial das Artes Marciais, consente que se evidenciem 
demandas e pressões que ponham à mostra essas fragilidades e deixem o indivíduo mais acautelado 
e mais seguro em si próprio e nas suas relações sociais. As Artes Marciais ensinam a construir os mais 
distintos valores psicossociais: autocontrole, respeito mútuo, descoberta de potencialidades, aceitação 
de diferenças, empatia e reconhecimento da importância de seu adversário para o seu progresso.
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Figura 11 – Tai chi chuan
1.1.3.1 Influências religiosas e filosóficas na prática de Artes Marciais contemporâneas
As Lutas que originaram as Artes Marciais se distinguiram como os ambientes que mais permitiram 
interferências religiosas, filosóficas e contemplativas, distanciando-se de suas raízes originais, as quais 
a definiram primeiramente como “Excelência para a Guerra”, para depois tornarem-se processos de 
autoconhecimento, interação na sociedade e comportar a ampliação do desenvolvimento do ser humano 
nos aspectos físicos, emocionais e cognitivos.
As Artes Marciais sugerem condutas bastante específicas de comportamento e exigem que seus 
praticantes as sigam com determinado rigor. A sua introdução prática ocorreu, sobretudo, por meio de 
academias especializadas e por terem em seus comandos instrutores ou, como preferem ser chamados, 
mestres. Esses mestres foram direcionados por seus antigos mentores, os quais receberam heranças 
muito fortes de movimentos filosóficos e religiosos, que envolveram procedimentos bem peculiares.
Desse modo, muitos princípios, rituais e valores das Artes Marciais provieram de axiomas fundamentados 
por pensadores importantes como Buda, Confúcio e Lao-Tsé, cujas máximas foram amplamente aceitas no 
contexto político-social de determinadas épocas. Os rituais e seus fundamentos estabeleceram comportamentos 
humanos bastante aprazíveis, cuja importância é inegável na formação do ser (CAMPBELL; MOYERS, 1990). 
Além da preocupação máxima no emprego apropriado das técnicas de ataques, defesas e esquivas por seus 
praticantes, a ritualização e os protocolos impostos pelas práticas filosóficas, religiosas e mitológicas, a execução 
das Artes Marciais envolvia, profundamente, o respeito à ética humana, em especial à vida!
De maneira generalizada, aprende-se nas Artes Marciais a Lutar para se evitar o conflito!
Portanto, a prática se sistematizou, acima de tudo, nos dogmas de preservação da vida. O indivíduo 
deve batalhar para dar prosseguimento à racionabilidade sincera e à sua sobrevivência, acolhido por uma 
educação compassiva, direcionada e austera, que o faça atingir os ideais humanos, isto é, a construção 
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da harmonia e sintonia para se evitar o confronto desnecessário entre seus semelhantes; Lutar para 
evitar a violência própria do caráter animal primitivo e integrar o sujeito ao universo.
Assim, as Artes Marciais, devido às mais diversas extensões humanas, organizaram-se para estruturar 
meios de resguardo da paz, da harmonia e da defesa de alicerces de sobrevivência humana, como 
o direito à propriedade/território, o bem comum, a organização da convivência social, dos interesses 
coletivos e o progresso do ser.
Países como Índia, China e Japão e regiões como a península coreana foram fortemente influenciados 
por movimentos religiosos e filosóficos como Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, Confucionismo e Taoísmo. 
Cada qual desses movimentos afetou, com maior ou menor alcance, o ambiente de organização política 
e social dessas sociedades e a reformulação das Lutas de guerra comuns naquelas regiões (SUGAI, 2000).
Sabe-se que a religião Hindu é muito antiga, registrada por estudiosos a partir de 6000 AEC. Porém, 
os documentos mais conhecidos provêm das circunscrições deixadas nos Vedas (os mais antigos textos de 
tradições religiosas da Índia), escritos em 1500 AEC são base do Hinduísmo, formados por mantras, hinos, 
orações, mágicas, encantos e rituais. Os fundamentos mais sintéticos do Hinduísmo apregoam o uso da 
Yoga (também conhecida como Ioga), como prática de exercícios físicos que implicavam a meditação e 
unificação corpo-mente para a busca da iluminação da consciência. Anteriormente, os primeiros monges 
indianos, conhecidos como ascetas, que já se encontravam estabelecidos em anos mais antigos que esses 
já mencionados, já proclamavam e exerciam a austeridade do corpo para treinamento de disciplina e 
autodomínio. Os exercícios deveriam levar ao autoconhecimento, ao controle das emoções, a não violência, à 
superação de adversidades e concentração mental. Além disso, eram usados como treinamentos de posições 
que possibilitavam defesas opostas aos ataques de invasores do corpo e da alma, isto é, a constante Luta 
interna contra seus temores.
Figura 12 – Yoga: movimento de ataque lateral
O Budismo surgiu na Índia com Siddhartha Gautama (448-368 AEC) e propagou essencialmente 
ideias de destemor ao perigo, desapego material e desprendimento, isto é, o servir incondicionalmente 
ao próprio ser humano.
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O Xintoísmo apregoou de maneira relevante o respeito à pátria, à sua terra, a lealdade para com 
seus antepassados e a consideração aos valores morais como a reverência e a educação nas relações 
humanas, em especial o respeito à individualidade. Data-se a sua criação no mandato do imperador 
nipônico Jimmu, em 660 AEC.
O Confucionismo foi uma organização filosófica social, com grande repercussão na China, 
creditada a Confúcio (Kung Fu Tsu, 551-479 AEC), pensador e filósofo chinês. Seus aforismos, e a sua 
implantação respectiva, resgataram a estruturação da sociedade chinesa e consentiram uma época de 
amplo progresso para a civilização desse país, avanço nas relações entre as pessoas, fundamentada na 
educação, formação de conceitos de importância da família, estímulo ao esforço como instrumento 
para alcançar conquistas e valorização do mérito. Além disso, os procedimentos de organização social 
de Confúcio inseriram o conceito de hierarquia e respeito aos mais idosos e para aqueles que possuíam 
maior instrução e eram responsáveis pela educação nas escolas. A alfabetização era obrigatória e 
os professores eram venerados e reverenciados como denodos imprescindíveis da formação de uma 
sociedade justa e humana. Valores como benevolência, honradez e honestidade faziam parte da 
sociedade entusiasmada com os pensamentos gerados por Confúcio. Altruísmo e ritualização dos atos 
cotidianos canalizavam as afinidades entre todas as classes sociais – “Não faças ao outro aquilo que 
não queres que façam a ti”, aforismo que pressentia a ética da reciprocidade fundada por esse filósofo 
chinês. Confúcio teve oportunidade de vivenciar parte da era das Primaveras e Outonos, entre 722-481 
AEC, com grande desenvolvimento da instrução matemática, das ciências naturais e humanas, culturais 
e avanços tecnológicos na China, ainda mais difundidos e fundamentados pelos ensinamentos desse 
mestre (SUGAI, 2000).
A composição do equilíbrio de forças entre o ser humano e o universo foi a doutrina de aprofundamento 
da sabedoria buscada por Lao-Tsé. Esse filósofo chinês criou o conceito do Zen, ou do encontro do vazio 
da existência humana, com o axioma: interação com a natureza e o cosmo. A sua sabedoria impôs o 
preceito de que o ser humano é composto de forças negativas e positivas, que devem continuamente 
estar equilibradas para evitar as disfunções emocionais, físicas e mentais.Os samurais adotaram normas 
tais como as preconizadas por Lao-Tsé, descritas nesse ditado: “Uma espada deve ser usada sempre para 
se conseguir manter a honra, e a maior honra de uma espada é causar o efeito a que se aspira de justiça, 
mas sem precisar ser desembainhada de seu lugar de repouso” (LAO-TSÉ, 2004, p. 16).
Também foi usada a frase de Sun Tzu, tirada do livro A Arte da Guerra: “A suprema arte da guerra é 
derrotar o inimigo sem Lutar” (CLAVELL, 1983, p. 26).
Lao-Tsé também assentou o conceito de que as atividades humanas não podem e não são 
encaminhadas somente pela lógica racional, e sim pela imprevisibilidade: o ser humano deve de modo 
imperativo compensar, permanentemente, suas atitudes, em acordo com seus semelhantes. Nas Artes 
Marciais orientais, transformadas em Modalidades de Esporte de Combate, verifica-se claramente 
que, por mais que se estude a tática do adversário e tente se prognosticar tudo o que dele poderá 
surgir, acontecem verdadeiros arranjos surpreendentes, cujas ações e reações serão sucessivamente 
imprevisíveis, o que transforma esses combates em importantes demonstrações de intensa capacidade 
de adaptação cognitiva e emocional.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
 Saiba mais
O artigo a seguir faz uma conexão entre as éticas de origem oriental e 
ocidental:
MENDONÇA, S.; ANTUNES, M. M. Ethos e wude como fundamentação 
da ética marcial: educação de si mesmo. Revista Educação, São Paulo, v. 
6, jul./dez., p. 25-52, 2012. Disponível em: <http://www.portal.anchieta.br/
revistas-e-livros/educacao/publicacoes/revista_educacao_06.pdf>. Acesso 
em: 13 mar. 2018.
1.1.3.2 Modalidades de inteligência preponderantes nos praticantes de Artes Marciais
Segundo Gardner (1995), o ser humano parece dispor de múltiplas inteligências, no caso sete distintas: 
musical, linguística, corporal-cinestésica, lógica-matemática, espacial, interpessoal e intrapessoal, as 
quais se manifestam de maneiras diferentes e podem se conjugar por meio das capacidades genéticas 
próprias associadas aos estímulos ambientais e culturais. Ele propõe também que as inteligências são 
independentes e os indivíduos podem revelar diferentes capacidades intelectuais, cujas atuações podem 
se conjugar em uma ou mais dessas inteligências.
A inteligência musical decorre de um sistema neural simbólico acessível e lúcido de percepção e 
interpretação de sons, timbres, escalas e frequências, volumes e composição ou combinação de notas, 
de modo a compreender e realizar harmonias de sons e significados (GARDNER, 1995; SESSIONS, 
1950). A capacidade de inteligência musical implica conseguir decodificar situações em que os sons 
levam ao arranjo de circunstâncias de sensações específicas, as quais se traduzem em grande harmonia 
instrumental sendo apreciadas como arte. Além do contexto biológico, as oportunidades para se 
aprender música derivam dos estímulos para tocar instrumentos, para cantarolar, aprender as notas, 
avaliar melodias e o estudo frequente e periódico (ZENHAS et al., 2005).
A capacidade de agudeza linguística provém da estrutura biológica do ser humano em mostrar algum meio 
de comunicação inerente da capacidade filogenética humana. Porém, seu aprimoramento depende muito dos 
estímulos de escrita, leitura, debates, discussões orais, declamativas, retóricas que favoreçam a formação de 
estrutura de linguagem, sintaxe, semântica e criatividade literária, oral e poética (JOHNSON, 2010).
As extensões filosóficas e religiosas citadas anteriormente, aliadas às práticas efetivas nas Artes 
Marciais, proporcionam abrangentes mecanismos de constituição mental e afetivo-social sobre 
seus praticantes. Esses mecanismos se apresentam densamente vinculados à formação de múltiplas 
inteligências, dentre elas as que mais se destacam são: a cinestésica-corporal, a intra e a interpessoal, 
ou emocional, a inteligência lógica e a de noção de orientação espaçotemporal.
A lógica se constitui de raciocínio fundamentado nos cálculos, no estabelecer de relações sequenciais 
e classificatórias, próprias de movimentos bem estruturados e regulamentados pela eficiência, pelo dar 
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certo e evitar as tentativas imaginárias. O avaliar é baseado em experiências já vividas e as reações são 
bem organizadas e eficientes. A prática de movimentos bem precisos leva em consideração a eficácia 
da ação e provoca a concepção de séries motrizes bem claras e com grande poder resultante. O estudo 
anatômico e as posições físicas mais vulneráveis, bem como a utilização da máxima variação nos graus 
de liberdade musculoarticular provocam a estruturação única de raciocínio coerente e sistemático. As 
Artes Marciais possuem movimentos complexos, porém fundamentados em combinações corpóreas 
específicas. Ao mesmo tempo, têm regras de conduta e ritualização sequencial que permitem seguir 
normas e padrões que incentivam a reflexão de atitudes. A dedução lógica é construída pela reatividade 
exigida pela proposta de combate corporal e exercício de resolução de problemas instantâneos e 
imediatos, construindo princípios importantes para aprendizagem da tomada de decisão. Antecipação de 
movimentos pela dedução de resultantes corporais ao se contextualizar a conjunção de ações do oponente 
também exerce entusiasmo intelectual e provoca o desenvolvimento de reações predeterminadas que 
evitam riscos e previnem o fracasso.
A inteligência cinestésica-corporal provém do contato físico, cuja característica é sua intensidade 
animada. O real é a magnitude da expansão corporal do outro, contra seu domínio e resistente à submissão. 
A interação é corporal, viva e presente. Tocar, agarrar, derrubar, conter o corpo com o corpo. Conforme 
assinala Gardner (p. 23, 1995): “A evolução dos movimentos especializados do corpo é uma vantagem 
óbvia para as espécies, e nos seres humanos essa adaptação é ampliada através do uso de ferramentas”. 
Desse modo, usar uma arma de combate, expressar seu corpo em movimentos estratégicos e disputar 
espaços corporais e domínio de contraposição física faz parte da inteligência corporal-cinestésica, que 
passa assinaladamente pela prática ordenada de Artes Marciais.
A seguir podem-se observar duas figuras obtidas do livro Judô Kodokan (2008), que mostram 
princípios da física dinâmica de alavanca, formada pelo contato específico característico do Judô, 
necessário para a projeção do adversário. Essas ações coordenadas são provocantes oportunidades de 
formação das inteligências lógica dedutiva e cinestésica-corporal.
a) b)
Figura 13 – Física dinâmica no Judô
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Conseguir manter o autocontrole, mesmo nas condições mais desfavoráveis, por exemplo, recebendo 
acometimentos ofensivos, de ordem anatômica ou até psicossocial e mostrando capacidade de superação 
da presença do outro sobre seu campo de conforto e privacidade situacional é uma das qualidades humanas 
mais admiráveis. O indivíduo que pratica Artes Marciais se distingue na construção do autocontrole, pois 
alcança capacidade de suportar as mais duras ofensas e ataques, de modo a absorvê-las completamente, 
recuperar seu centro e equilibrar as forças que o desestabilizaram. Suplanta seus medos, controla seus 
instintos e evita o conflito desnecessário. Ao ser atacado, não reage intempestivamente, mas acostuma-se 
a analisar fria e rapidamente a situação e retoma sua posição de equilíbrio, mantém-se lúcido e racional, 
tomando a decisão mais favorável. Chama-se isso de contenção emocional.Essa inteligência lida com os 
aspectos internos da própria reorientação mental, isto é, a inteligência intrapessoal e com os aspectos 
que provêm de atitudes de interatividade pessoal, ou seja, a inteligência interpessoal. Nas Artes Marciais, 
respeita-se para ser respeitado. Muitas vezes se deve ceder para vencer; controlar impulsos e brandir seus 
instintos de tal modo a agir para se alcançar o resultado que contemple a preservação da vida, do controle 
da situação, do domínio emocional e o alcance da harmonia pelo estabelecimento da racionalidade.
Finalmente, a capacidade de orientação espaçotemporal é construída por meio da disposição do 
próprio corpo, do esquema corporal a ser usado, por exemplo, quais segmentos e membros que poderão 
alcançar os seus objetivos mais intrínsecos e ao mesmo tempo orientar o indivíduo na situação de 
confronto. Os ajustes são constantes e permitem a localização de espaço, tempo de aproximação e 
distanciamento entre os participantes e atletas competidores nas modalidades esportivas de combate. 
Na figura a seguir, uma disputa de Boxe, pode-se conferir a importância de se saber medir distâncias e 
efetuar as aproximações ou afastamentos próprios para os combates.
Figura 14 – Disputa de Boxe, média distância
1.1.4 Modalidades de Esporte de Combate
As competições atléticas na Antiguidade sempre tiveram como objetivo celebrar algum acontecimento, 
perpetuar o nome de antepassados, promoverem a paz entre os povos e agradecer pelas colheitas e condições 
climáticas que davam segurança e estabilidade social. O maior evento esportivo humano organizado atingiu 
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sua máxima realização por meio dos Jogos Olímpicos gregos. Havia as modalidades “leves”: corridas com 
cavalos, as ginásticas, as corridas atléticas e corridas com o porte de armas e depois as modalidades “pesadas”: 
as Lutas, “pale”, em grego. Essas Lutas, ou melhor, agora designadas como Modalidades de Esporte de Combate, 
eram disputadas com grande intensidade e muito apreciadas pela população.
Segundo Poliakoff (1987), baseado nas obras literárias do filósofo Lucius Flavius Philostratus 
(170-250 EC), sofista da época de domínio imperial romano conhecido como Philostratus de Lemnos, a 
principal competição dos Jogos Olímpicos realizada na Era Antiga e na Grécia Clássica helenística eram 
as Lutas. Como já mencionado anteriormente, o pugilismo, a Luta livre olímpica e principalmente o 
Pancrácio – Pankration Athlima, em grego – Modalidades de Esporte de Combate referenciadas nos Jogos 
Olímpicos a partir de 648 AEC. Essas Modalidades se tornaram o clímax das competições e mostravam ao 
povo helênico não apenas um vencedor, mas um herói que havia conquistado a glória pelo uso do corpo 
como instrumento de submissão ao seu adversário. No trabalho chamado Imagines, de Philostratus de 
Lemnos, e posteriormente complementado por seu sobrinho Philostratus de Atenas, conhecido como o 
Jovem, a multidão delirava em apupos e aplausos ao vencedor e o aclamava como um super-homem. 
Ambos os Philostratus afirmam que a vitória na competição dessas Modalidades de Esporte de Combate 
não era obra do acaso, e sim produto de árduos treinamentos com foco nas habilidades de sujeição física, 
no uso perspicaz da força, em estratégias de atuação, respeito ao adversário e concentração descomunal 
em objetivos determinados (POLIAKOFF, 1987). Essas descrições já demonstram a estruturação das Lutas 
como modalidades organizadas e reconhecidas como atividades de grande interesse público.
Obviamente, as contendas eram legitimadas por regulamentos específicos. Apesar de haver poucas 
regras no Pancrácio, deviam-se respeitar as normas de não morder o oponente, jamais atacar seus olhos 
e tampouco investir contra os órgãos genitais. No edital de todos os Jogos Olímpicos estava determinado 
que fosse proibido matar seu adversário e essa regra era muito importante nas Lutas, pois os combates 
corpóreos eram muito intensos e causavam contusões e lesões extraordinárias (YALOURIS, 2004).
Figura 15 – Estátua de Milón de Crotona, cópia da obra de Pierre Puget, São Paulo: seis vezes campeão olímpico de Lutas nos 60º, 62º 
e 66º Jogos Olímpicos gregos
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Devido ao interesse socioeconômico e observando-se a organização das Lutas como modo de 
competição, várias disputas corporais e com armas tornaram-se realizações esportivas e deixaram 
simplesmente de serem consideradas Artes Marciais ou Lutas. Estas foram mais e mais se estruturando, 
estabelecendo-se por meio de federações e se constituindo por intermédio de regras específicas, sendo 
disputadas com mediação e arbitragem e ganhando participação grandiosa e ativa de espectadores. 
Pode-se verificar que atualmente muitas Modalidades de Esporte de Combate são acompanhadas por 
multidões, com amplo destaque da mídia, por exemplo o Boxe e o MMA.
Podem-se comparar as figuras a seguir das Modalidades de Esportes de Combate disputadas na 
Grécia Antiga como o Pancrácio, retratado nas pinturas e afrescos da época, e o MMA, atualmente.
Figura 16 – O Pancrácio retratado na cerâmica grega
Figura 17 - MMA: as semelhanças entre ambas as Modalidades de Esporte de Combate são bastante evidentes
Assim, o conceito de competição, agôn, próprio da cultura grega, que estabelecia a norma de que 
sempre se pode ser melhor, espalhou-se e formalizou o Esporte de Rendimento, presente em diversas 
Modalidades de Esporte de Combate.
Em suma, Modalidades de Esporte de Combate são atividades de Lutas e de Artes Marciais 
esportivizadas, comandadas por instituições do esporte, como: federações, confederações e ligas. 
Essas modalidades fundamentam-se como agonistas ou demonstrativas, com regras escritas e aceitas, 
moderação por arbitragem, organização esportiva institucionalizada. O fim máximo é de se obter sucesso 
competitivo, com objetivos profissionais ou, em certos casos, apenas amadores.
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Figura 18 – Estátua de pugilista, cópia romana, século I d.C. (Idade Augusta), coleção BNL, Roma
Nos Jogos Olímpicos contemporâneos, ainda fazem parte do programa uma parcela considerável de 
Modalidades de Esporte de Combate. A sua participação envolve 25% do total de medalhas distribuídas 
nos jogos, mostrando a importância dessas disputas no interesse olímpico.
Ilustrando a riqueza de disponibilidades de Lutas ao se pesquisar sobre esse tema, suas origens e 
aplicação, encontram-se muitos tipos e variações de combates, os quais foram fundamentados em 
culturas e práticas sociais as mais distintas. A seguir apresentamos dois quadros com algumas Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades de Esporte de Combate, com seus nomes mais comuns no ocidente e no oriente 
e com suas possíveis origens, sugerindo algumas observações gerais relativas ao seu aparecimento ou 
documentação arqueológica e/ou histórica:
Quadro 1 – Lutas ocidentais
Origem/País Denominação Aparição/Observações
Etiópia Pugilato 4.000 AEC
Argentina Sipalki 1970/mescla de AM orientais
Anglo-saxões Boxe mais moderno Séc. XIX e XX
Brasil
Huka-Huka/Capoeira
Brazilian Jiu-Jitsu Kombato
Indígenas
Família Gracie
Policial 
Bolívia/Colômbia Tinkus/Grima Indígena religiosa
Islândia/Escandinávia Glima Vikings, sec. IX
Egito Pugilato (Hikuta), Catching e Luta com bastões 2.737 AEC
Grécia Pugilato, Pancrácio e Luta livre olímpica (Wrestling) 648 AEC – Jogos Olímpicos
Creta Pugilato 1.700-1.500 AEC
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Suíça Schwingen Camponeses 
Suméria Pugilato 3.000 AEC
Senegal Laamb Etnia Wolof – tribal ancestral
Sudão Luta Nuba Kush-Núbia ~ 2.700 AEC
Holanda/França/Bélgica/Itália Luta Greco-romana
Exércitos imperiais, séculos XVIII e 
XIX (Kampfringen de origem romana 
imperial)
Alemanha/Itália/França/Sicília
Esgrima
Liu - bo
Época medieval
França
Savate
Gouren
Séc. XVIII – marinheiros
Séc. IV – nobres
Rússia Sambo/Systema 1920, URSS
EUA Full Contact/Jeet Kune Do. MMA. Bruce Lee
Espanha Keyse Defesa pessoal – 1950
Portugal e Galícia Jogo do Pau (cajados) Pastores de ovelhas/medieval
Turquia Yağli güreğ (Luta turca ou Luta de azeite) Séc. XI – tártaros
Quadro 2 – Lutas orientais
Origem/País Denominação Aparição/Observações
China
Wushu (Kung Fu), Sanshou, 
kempo (quan-shan), Tai chi chuan, 
Taijiquan
Boxe chinês competição
Organizador: Chen Wangting, 1644
Japão
Kyosho jitsu (pontos vitais), Judô, 
Kendô, Kenjutsu, Karatê, Sumô, 
Aikido, Ju-jutsu
Do = caminho
Jutsu/Jitsu = técnica
Ken = espada
Ki = energia
Tailândia Muay Thai, Krabkrabong, El Lerdrit (militar)
Angkor – 900 EC, Império Khmer
Luta Bokator pradal
Península Coreana Tae kwon do, Hapkidô, Tsangudô General Choi – ano de1955 EC
Vietnã/Laos/Camboja Viet vo dao, Quankido, Ving Tsu (Winchun)
Sul da China/Vietnã
Sra. Yim Wing Chun, após o ano 1733 
(destruição do templo Shaolin)
Filipinas/Indonésia/Arquipélago Malaio Kali Silat/Arnis de Mano/Eskrima/Dumog Na Indonésia, chama-se Pencat Silat 
Índia Yoga, Kalaripayattu, Gatka Ano 600 AEC
Israel Krav Maga 
Defesa Pessoal militar
Criador Imi Lichtenfeld, 1940 da EC
Uzbequistão/Irã/Pérsia Kurashi Ano 1000 EC
Mongólia Bayiridax e Bökh Séc XIII, Genghis Khan
Nova Zelândia Mau Räkau Maoris – instrumentos de agricultura – mitologia
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2 LUTAS, ARTES MARCIAIS E AS MODALIDADES DE ESPORTE DE COMBATE NA 
EDUCAÇÃO ATUAL
A Educação Física é área fundamental de orientação e formação de indivíduos para que exerçam 
atitudes cidadãs, possam ser protagonistas da busca de seu conhecimento em todos os espectros de 
atividades humanas, sejam elas científicas, filosóficas, culturais ou sociais. Além disso, ela deve servir 
para que o sujeito tenha condições de entender sua atuação em sociedade, que seja um ator influente 
no exercício da cidadania e para que possa exigir seus direitos de maneira a alcançar suas demandas 
por meio da atuação reflexiva, persistente, ponderada e no âmbito da lei e da humanidade. A disciplina 
de Lutas se interliga diretamente a esses conceitos e por isso é parte primordial complementar para 
manifestar a gênese educacional essencial para a construção de indivíduos comprometidos com 
altruísmo, benevolência, bem-estar social, econômico, cultural e principalmente a convivência pacífica.
Pelas razões expostas, vai-se considerar, nesse momento, como se fundamenta a aplicação das Lutas 
por meio da Educação Física no contexto educacional, em qualquer âmbito da sociedade.
2.1 Contato corporal natural humano: brincadeiras turbulentas
A essência humana é construída por uma incessante capacidade de Lutar em vários campos de 
expressão corporal. Como os animais, somos moldados para enfrentar situações que possam determinar 
nossa sobrevivência. Apesar de dependermos mais de nossos genitores e ascendentes nos primórdios 
de nossa existência do que a maioria dos animais em geral, determinados atos são constitutivos de 
nosso crescimento e desenvolvimento. Algumas aproximações corporais frequentes e com contato 
físico intenso são usuais entre as crianças e parecem divertir e trazer componentes desenvolvimentistas 
importantes para a socialização e as autodescobertas.
Vejam as figuras a seguir que comparam essas atividades entre animais e humanos:
Figura 19 – Ursos jovens em brincadeira de Lutar
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 20 – Crianças em brincadeiras agitadas
Figura 21 – Brincadeiras turbulentas: parece Wrestling infantil
Figura 22 – Duas crianças brincando de Lutar (Severin Nilsson, Nordiska Museet, Suécia, entre 1880/1910)
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Figura 23 – Gatos brincando de Lutar
Figura 24 – Brincadeiras de força entre crianças – cabo de guerra humano
Não se pode deixar de destacar que as crianças, espontaneamente, mostram atividades de contato 
corporal com tentativas de domínio físico, de supremacia corpórea e de agitação corporal com 
empurrões, agarramentos e até contatos contundentes. Manifestações de jogos de força, desequilíbrios 
e abarcamentos são bastante comuns. Elas são classificadas como brincadeiras turbulentas, próprias 
da irrequietude infantojuvenil. A característica principal dessas revelações animadas e de intensidade 
controlada entre seus participantes apresenta o afloramento do sorriso e da diversão (MORAES; OTTA, 
2003). Outro fator importantíssimo é que a brincadeira começa de modo lúdico, isto é, espontâneo e 
fluente, sem imposições.
Deve-se aproveitar dessa característica natural que provém das crianças e púberes, estudantes dos 
ciclos fundamentais e médios nas escolas, e associar o desenvolvimento dos melhores atributos da 
disciplina de Lutas como questão para a ampliação e construção de valores psicomotores e psicossociais.
Brincadeiras turbulentas são atividades de grande solicitação imediata e promovem vários disparos de 
impulsos nervosos para se solucionarem problemas advindos da própria situação, não necessariamente 
esperada, mas que provoca uma instantânea sensação de poder ou de limitação, contudo sem que se 
possa sentir perdido ou que não se espere a cooperação do companheiro.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
As ações executadas nas brincadeiras são livres de ferramentas, instrumentos ou necessidade de regras 
rigorosas, mas também são conjuradas de comum acordo em momentos que levam a circunstâncias 
bastante divertidas e aproveitáveis. O potencial de prejuízo ou possíveis lesões se dilui pelas próprias 
relações de afinidade. Despontam autolimitações instintivas pelo entendimento mútuo das condições 
de corporeidade próxima.
Por meio das brincadeiras turbulentas acontece o desenvolvimento da coordenação motora 
generalizada, o aumento de tonicidade muscular e a coordenação visomotora. O aprendizado é mútuo 
e aparece a regulação de emoções. O contato físico parece melhorar o envolvimento entre os pares 
participantes e demonstra trazer oportunidades de interação, descobertas corporais e de encorajamento 
para enfrentar situações de oposição e contrariedade. O brincar é para valer, mas assume conotação de 
interatividade pelo comportamento físico e psicossocial recíproco (SANTOS; DIAS, 2010).
Essa disposição do ser humano em manter contato corporal favorece a compreensão de que se podem 
diferenciar situações em que não há controle emocional daquele que se estabelece como calculado e 
lógico. Assim, no próximo item se fará uma distinção essencial entre os conceitos de briga e de Luta, 
fundamental para a compreensão do emprego das atividades de Lutas no universo educacional esportivo.
2.2 Diferenças entre briga e Luta
Muitas situações cotidianas parecem trazer à tona sentimentos exasperados provindos de desgoverno 
emocional e total falta

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