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V e t e r i n a r i a n D o c s 
www.veterinariandocs.com.br 
 
 
 
 
1 
www.veterinariandocs.com.br 
Clínica Médica de Animais Silvestres 
 
 
Cetáceos 
Introdução 
A ordem cetácea compõe-se de 79 espécies e divide-se em duas subordens: 
Subordem Mysticeti (11espécies, 8 ocorrem no Brasil): são as baleias 
sem dentes, caracterizadas pelas cerdas bucais, uma série de placas 
queratinizadas localizadas dentro da boca. As baleias usam as cerdas para filtrar 
o plâncton da água. 
Subordem Odontoceti (68 espécies, 31 ocorrem no Brasil): são as baleias 
com dentes, que servem para apreensão do alimento. São os golfinhos, orcas e 
cachalotes. 
Aspectos Biológicos: Anatomia e Fisiologia 
Os cetáceos são totalmente dependentes do meio aquático. 
Possuem corpos alongados e hidrodinâmicos. As nadadeiras peitorais tem 
formato de remos e são usadas para redirecionar os movimentos, ao passo que a 
nadadeira caudal é utilizada para propulsão. A nadadeira dorsal, quando presente, é 
utilizada na estabilização do nado. 
Não existe pavilhão auditivo externo e os olhos possuem a córnea adaptada para 
visão embaixo d’água. 
A pele é lisa, sem gandulas e sem pêlos. Com exceção de vibrissas no rostro dos 
filhotes. 
O sexo pode ser reconhecido pela diferença na distância entre a fenda genital e o 
ânus: machos não apresentam comunicação entre esses orifícios, já as fêmeas possuem 
aparentemente uma só fenda. 
 
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Misticetos possuem barbatanas para retenção do alimento e dois orifícios 
respiratórios situados no topo da cabeça. Os odontocetos possuem dentição homodonte 
e um único orifício respiratório. 
O orifício respiratório possui uma rede intrincada de sacos aéreos, que participa 
da produção de sons. 
Os pulmões são simétricos, não lobados, rigidamente elásticos e com pleura 
espessa. 
O sistema gastrintestinal tem características peculiares: 
A língua não apresenta papilas gustativas, e o esôfago, na sua porção 
proximal, contorna a laringe de emerge e divide-o dorsoventralmente em dois, 
permitindo engolir e respirar ao mesmo tempo. 
O estômago possui três compartimentos. A primeira câmara é um 
prolongamento do esôfago com função de armazenamento. A segunda 
corresponde ao estômago fúndico ou principal, com glândulas secretoras de 
ácido clorídrico e enzimas digestivas. O terceiro compartimento é secretor de 
muco e prepara para o bolo alimentar para a digestão intestinal. 
Os intestinos são extremamente longos e não possuem distinção visível 
entre intestino delgado e grosso na maioria das espécies. 
O fígado é bilobado e não apresenta vesícula biliar. O pâncreas está 
aderido ao primeiro metro do intestino. O baço é particularmente pequeno e 
firme e pode estar acompanhado de um ou mais baços acessórios. 
O sistema urogenital é similar ao de animais terrestres. 
O sistema cardiovascular é diferenciado. Os ventrículos possuem paredes 
espessas e são altamente trabeculados. Existe um mecanismo de contra-corrente, 
essencial para a termorregulação e redistribuição sanguínea durante os mergulhos. 
Os cetáceos possuem uma camada de gordura subcutânea, conhecida como 
blubber, cm função de reserva energética, flutuabilidade e é uma barreira dinâmica a 
perda de calor. 
Reprodução 
Alguns fatores como a idade de maturação sexual, período de lactação e 
intervalo entre crias são influenciados por fatores externos, como a densidade 
populacional e a disponibilidade de alimento. 
Os cetáceos apresentam fecundação interna. Geralmente dão a luz apenas um 
filhote, raramente dois, após um período de gestação de cerca de um ano. O intervalo 
entre as crias varia de 1 a 3 anos. O período de amamentação dura pelo menos 7 meses e 
a mãe dedica-se integralmente ao filhote nessa fase. 
 
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Nutrição 
Odontocetos na natureza são, em sua maioria, oportunistas, alimentando-se de 
grande variedade de crustáceos, lulas e peixes. Esses animais não ingerem água salgada, 
por isso o alimento fornece tanto água livre, quanto água derivada da oxidação de 
gorduras. Se um animal diminui a ingestão de alimento, compromete o balanço hídrico, 
e o jejum prolongado de um animal enfermo pode levar rapidamente a desidratação e ao 
desequilibro eletrolítico. 
O pescado selecionado para alimentação dos animais deve ter a mesma 
qualidade daquele empregado para alimentação humana. 
Golfinhos jovens, em geral, devem consumir de 9 a 15% do seu peso corporal, 
ao passo que, em adultos, tal relação deve ser entre 4 e 9%. 
Reabilitação de Filhotes 
O encalhe de filhotes recém-nascidos é comum no sudeste e sul do Brasil e exige 
bastante dedicação por parte de veterinários e equipes envolvidas. 
A fórmula de substituto de leite para golfinhos consiste basicamente em leite em 
pó, cálcio e vitaminas (especialmente taurina e tiamina), creme de leite, óleo e filé de 
peixe. Se possível devem adicionar também cápsulas de lactobacilos. 
Se o filhote aceitar mamadeira com bico de borracha e tomar o alimento por sua 
conta, este será o método preferível, pois será menor a possibilidade de pneumonia 
aspirativa. Outro método útil é a alimentação por sonda gástrica. 
Exames diagnósticos 
O exame clínico de um cetáceo envolve o histórico e o exame do animal e o 
ambiente. A presença de uma camada de gordura tão espessa pode tornar a palpação 
abdominal e a auscultação virtualmente impossíveis. A frequência cardíaca deve ser 
entre 50 a 90 bpm, devendo aumentar com a inspiração e devendo diminuir lentamente 
até a próxima inspiração. 
O peso corporal é essencial no exame físico inicial, bem como as condições da 
pele e dos olhos. 
Se o exame clínico apresenta alguma anormalidade, o primeiro passo é a retirada 
de uma amostra de sangue. O local mais comum para a coleta é o acesso aos vasos da 
nadadeira caudal. Amostras de urina e fezes podem ser coletados por cateteres flexíveis. 
Swabs do orifício respiratório e exposição de uma placa com Agar obtêm amostras para 
citologia e cultura. 
Outros métodos diagnósticos utilizados também são ultrassonografia, 
ecocardiografia, radiografia, endoscopia e as tecnologias mais avançadas, quando 
disponíveis, como ressonância magnética e tomografia computadorizada. 
 
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Terapêutica 
Vias de administração 
Na maioria dos mamíferos marinhos, as drogas podem ser administradas com 
relativa facilidade através das vias oral, intramuscular e intravenosa. 
A via oral é a de preferência para administração de fluidos e medicamentos em 
cetáceos. Comprimidos podem ser escondidos no peixe a ser ingerido. 
A via intramuscular (IM) exige agulhas mais longas do que o normal devido a 
espessa camada de gordura, que em algumas áreas não é bem vascularizada, 
favorecendo a formação de abscessos e necrose. A via subcutânea (SC) deve ser 
utilizada com muita cautela e localiza-se entre a camada de gordura e a muscular. A via 
endovenosa (EV) pode ser utilizada nas veias da nadadeira caudal. 
Doenças Infecciosas 
01-Virais 
01.2-Morbilivírus: é tido como o patógeno mais importante em cetáceos. Os 
sinais clínicos incluem perda de massa corporal, doenças pulmonares, encefalite e 
grandes cargas de eco e endoparasitas. 
01.2-Outros: além deste, outros vírus que já foram isolados em cetáceos são: 
Papiloma, Poxvírus, Herpesvírus e outros menos comuns como: Influenza A, 
adenovírus, Calicivírus, Vírus da Hepatite B e Rhabdolike vírus. 
02-Bacterianas 
02.1-Nocardiose: é a doença bacteriana mais comum resultando em lesões 
pulmonares e cutâneas. 
*Evidências sorológicas de exposição a Brucella sp já foram documentadas. 
02.2-Erysipelothrix rhusiopathiae: causou lesões e morte de vários odontocetos 
em cativeiro. 
03-Micóticas 
03.1-Aspergilose pulmonar: é a doença mais comum em cetáceos. 
03.2-Outras espécies oportunistas incluem Cândida albicans, Cryptococcus 
neoformans, além de zigomicetos e dermatófitos, comoFusarium, Malssezia, 
Microsporidium, Sporothix, Trichophyton e Trichosporon. 
Uma doença que inicialmente responda bem a antibióticos e, subitamente, torna-
se irresponsiva, pode ser uma evidência de mudança para etiologia fúngica, 
indistinguível de bacteriana em alguns exames laboratoriais. 
 
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04-Parasitárias 
Parasitas são conhecidos por estarem em abundância em espécies selvagens. No 
caso de cetáceos, podem causar lesões em animais de vida livre, mas são raros em 
cativeiro devido a ausência de hospedeiros intermediários, uma vez que a alimentação é 
feita com pescados congelados, associados ao uso de antiparasitários. 
04.1-Nematódeos: os parasitas da família Anisakidae são os nematódeos mais 
comuns de cetáceos, sendo conhecidos por causarem gastrite e ulcerações. 
04.2-Cestódeos: que vivem no trato gastrointestinal de cetáceos, somente 
Strobilocephalus triangularis produz lesões. Trematódeos podem ser encontrados no 
trato gastrointestinal causando pequenas irritações. No entanto, quando em fígado e 
dutos pancreáticos e hepáticos, podem acarretar em perda de peso e diminuição da 
função hepática. 
Doenças Não Infecciosas 
É importante observar as indicações de suplementação de Vitaminas A, D, E, B 
e eventualmente C. 
Várias neoplasias já foram registradas em pelo menos 19 espécies de cetáceos. 
Esses animais foram expostos a uma grande variedade de carcinógenos em potencial 
como vírus oncogênicos e contaminantes (organoclorados e metais pesados). 
Algumas biotoxinas produzidas por algas, como por exemplo, o ácido domóico, 
podem ser potencialmente letais, com predominância de sinais neurológicos e 
gastrintestinais. 
Lesões gástricas podem incluir perfuração e ulceração, cujas causas multifatoriais 
incluem: administração de AINEs, corticóides, estresse e presença de Helicobacter sp. 
Torção de intestino delgado já foi observada, possivelmente em decorrência do 
aumento da motilidade gástrica. Alguns casos de lordose têm sido observados em 
cetáceos adultos que sobrevivem a encalhes. Cálculos renais de ácido úrico em animais 
de cativeiro e selvagens podem não apresentar sintomatologia clínica, ou hematúria e 
anemia em alguns casos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
CUBAS, Z.S., SILVA, J. C. R., CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de Animais Silvestres – 
Medicina Veterinária. 1 ed. São Paulo: Editora Roca, 2006.

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