Buscar

CADERNO UNIFICADO - 4o semestre TAJ

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 627 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 627 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 627 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO UNIFICADO – 4º SEMESTRE 
FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO 
 
 
 
ATT. EM 22/02/2023 
 
 
 
 
THIAGO COELHO 
@taj_studies 
 
2 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
SUMÁRIO 
 
 Introdução à metodologia científica – Ana Thereza: 3-24; 
 Arbitragem – Gabriel Seijo: 25-93; 
 Direito Internacional Público – Thiago Borges: 94-200; 
 Direito das Obrigações – Maurício Requião: 201-287; 
 Direito de Família – Camilo Colani: 288-385; 
 Direito Penal III – Daniela Portugal: 386-494; 
 IED Processual – Diana Rios: 495-626; 
 
 
USO EXCLUSIVO PARA FINS DIDÁTICOS, SENDO VEDADA A 
COMERCIALIZAÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO DE INTRODUÇÃO À METODOLOGIA CIENTÍFICA – ANA THEREZA – 
2022.2 
 
AULA 01 – APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E COMENTÁRIOS INICIAIS 
 
1. A importância da disciplina “Introdução à metodologia científica”: 
Trata-se de uma disciplina instrumental voltada para a organização de uma pesquisa 
científica do direito. Auxiliará a pesquisa de doutrina e jurisprudência; na formação de 
pesquisas jurídicas; no projeto de monografia, no acesso de informações seguras, entre 
outros âmbitos. 
 
2. Conteúdos: 
 
 Teoria da pesquisa: Aspectos teóricos da construção do conhecimento científico. 
 
 Ciência e conhecimento científico; 
 Tipos de pesquisa e métodos de pesquisa; 
 Aspectos teóricos para produção do conhecimento científico: Roteiro do Artigo/ 
Artigo Científico (avaliação será a produção de um artigo científico); 
 
 Prática da pesquisa: Atendimentos individuais com o fito de restringir o objeto de 
pesquisa do artigo científico de cada um. 
 
 Diretrizes e normas para elaboração e escrita de trabalhos científicos acadêmicos; 
 Produção do artigo científico e orientações individualizadas (procedimento); 
 
Os materiais de apoio serão disponibilizados no Ágata na parte de “conteúdos” e devem ser 
armazenados para a produção das avaliações. 
 
3. Divisão da disciplina: 
 
4 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 1ª unidade: Aulas teóricas + atendimentos para orientações individuais 
presencialmente; 
 2ª unidade: Aulas teóricas + atendimentos para orientações individuais 
presencialmente; 
 
4. Avaliações: 
 
 As avaliações deverão ser postadas na plataforma conforme calendário informado. 
Não serão consideradas avaliações encaminhadas por e-mail; 
 Avaliações atrasadas somente serão recebidas até a aula subsequente à data da 
entrega estabelecida. A tolerância quanto ao atraso é de 1 (uma) semana; 
 A entrega da avaliação posterior à data limite ocasiona o desconto de pontuação (3,0 
pontos sobre a nota aferida); 
 A responsabilidade pela postagem da avaliação é integralmente do aluno. Este deve 
verificar se o arquivo foi anexado; 
 O conteúdo e tamanho da avaliação serão trabalhados em sala de aula; 
 O aluno receberá um barema com os critérios detalhados que indicarão (quando 
assinalados) os erros cometidos. A marcação do critério no barema indica que o erro 
pode ter sido cometido uma ou várias vezes. Não haverá a indicação diretamente em 
cada texto do respectivo erro cometido, mas, sim, no barema; 
 Critérios centrais: Pontualidade, plágio e técnica de pesquisa; 
 Datas das avaliações: 
 
 1ª avaliação (16/09 a 20/09): Roteiro do artigo (mínimo de 11 laudas); 
 2ª avaliação (18/11 a 22/11): Artigo científico (mínimo de 18 laudas); 
 
5. O problema do plágio: 
 
 Quanto à forma: 
 
 Cópia das palavras literalmente sem referência (0,0); 
 Cópia da ideia sem referência – sem paráfrase (0,0); 
 
 Quanto ao percentual de cópia: 
 
 Partes copiadas + partes não copiadas (0,0); 
 Integralidade copiada (0,0); 
OBS: Atenção com o perigo do uso de modelos e trabalhos “emprestados”. 
5 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
6. Dinâmica da disciplina: 
 
 Parte teórico-expositiva: aulas; 
 Parte prática: Orientações e dúvidas; 
 Aulas com programação de orientações e dúvidas; 
 
 
7. Roteiro do artigo: 11 laudas em texto corrido, incluindo capas e referências 
preliminares. 
 
 Capa (1 lauda); 
 Contextualização do tema e problema de pesquisa (no mínimo 1 lauda); 
 Perguntas auxiliares; 
 Relevância sociojurídica; 
 Pretensão de pesquisa; 
 Adequação da metodologia; 
 Posição preliminar da doutrina (no mínimo, 5 laudas); 
 Referências preliminares (1 lauda); 
 
 
8. Desdobramentos da disciplina: 
Para além da sala de aula: 
Grupo de pesquisa ou extensão através do artigo produzido; 
CF/88: art. 207 – Princípio da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão 
ENSINO – Sala de aula Disciplinas propedêuticas; 
Disciplinas profissionalizantes; 
Disciplinas práticas; 
 *A importância dos estágios 
EXTENSÃO – Cursos Participação em projetos (relação 
comunitária); 
a) O Eleitor do Futuro; 
b) O Direito na Escola; 
PESQUISA – Produção científica Grupos de pesquisa dentro ou fora da 
faculdade (critérios seletivos – editais); 
Artigos científicos (Introdução à 
metodologia/ disciplinas optantes); 
Monografia (8º e 9º semestres); 
6 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Periódico institucional: Caderno de Iniciação 
Científica; 
Outros periódicos 
Participação em eventos científicos 
Prêmios acadêmicos institucionais; 
 
9. Capacidade de pesquisa e atuação prático-profissional: 
 
 A formação da qualificação profissional: 
 
 Graduação 
 Especialização 
 Mestrado 
 Doutorado 
 Pós-doutorado 
 
 A formação do currículo: 
 
 O mercado de trabalho; 
 Seleções e concursos públicos = Barema de títulos e documentos; 
 Currículo Lattes 
 
OBS: Apoio do núcleo: 
 Pressuposto da disciplina: Escolha temática (aula); 
 Orientações: Metodológica + Núcleo de atendimento ao Discente 
 
AULA 02 – A ESCOLHA DO TEMA DO ARTIGO 
 
1. Roteiro do artigo: 
(11 laudas no mínimo em texto corrido, incluindo capa e referências preliminares) = 16/09 a 
20/09 
 Capa (1 lauda) – modelo disponibilizado no Ágata 
7 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 1 - Contextualização do tema e problema de pesquisa (mínimo 1 lauda) 
 2 - Perguntas auxiliares 
 3 - Relevância sócio-jurídica 
 4 - Pretensão de pesquisa 
 5 - Adequação da metodologia 
 6 - Posição preliminar da doutrina (mínimo 5 laudas) 
 Referências preliminares (1 lauda) 
 
O roteiro do artigo científico irá auxiliar na construção do artigo científico 
a) Relação de precedência: Roteiro  Artigo; 
b) Finalidade do Roteiro; 
c) Artigo científico: possibilidades de publicação? 
d) Pontos de partida 
 Preferência (momento do curso); 
 Experiência (estágio/vivência); 
 Realidade (fatos/ notícias/ acesso) *pandemia 
e) Dificuldades; 
 
2. Pressuposto: escolha do tema de pesquisa 
 
 Afinidade temática; 
 
 Auxílio: 
 Sumário de livros (impresso/ pdf/ e-book); 
 Revistas jurídicas (periódicos online – lista); 
 Obras coletivas (organizadas/ coordenadas); 
 
 Núcleo de atendimento ao discente (Secretaria): Contato mais próximo com os 
professores; 
 
 Tipo de pesquisa: 
 Levantamento bibliográfico; 
 Pesquisa de campo (online) + levantamento bibliográfico; 
 
 Onde pesquisar temas e buscar fontes? 
 Aulas/palestras ministradas; 
 Periódicos online (Lista); 
8 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Livros (pdf/e-book); 
 Repositórios institucionais e banco de testes e dissertações da Capes (Lista); 
 Sites Institucionais (públicas ou privadas); 
 Canais de congressos (Ex: Conpedi – Lista); 
 
 Especificidade e clareza (exemplo do slide): 
 Área de concentração/ Natureza do Direito: Direito Público/Direito material 
 Disciplina(s): Direito Constitucional; 
 Assunto: Pandemia/ Direito à saúde; 
 Tema/título: A expansão dos leitos de U.T.I enquanto medida fundamental no 
contexto pandêmico pré-vacina: Uma análise da medida de responsabilidadedo Estado em caso de morte por ausência de assistência hospitalar; 
 
TEMA  PROBLEMA DE PESQUISA (Formulado por pergunta)  INDICAÇÃO NO ROTEIRO 
(Vincula o artigo)  RESPOSTA NO ARTIGO 
 
3. Contextualização do tema e problema de pesquisa: 
 
 Texto descritivo (1 a 2 laudas completas); 
 Explicação do contexto de surgimento do tema: 
 Quais os fatores relacionados ao tema proposto? 
 Qual é a controvérsia/ discussão que envolve o tema escolhido? 
 
 Não há citações; 
 Formulação do problema ao final (não responder); 
 Tamanho: 1 (completa) a 2 laudas escritas; 
Para a próxima aula: Escolha do tema e, caso queira, elaborar a contextualização do tema e 
o problema de pesquisa. 
OBS: Os slides e demais materiais referentes à aula serão disponibilizados no Ágata. 
 
AULA 03 – TÓPICOS 2 A 5 DO ROTEIRO 
 
1. Perguntas auxiliares: 
 
9 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Trata-se de um esboço do conteúdo a ser tratado. 
 São perguntas que antecedem e auxiliam a resposta ao problema de pesquisa 
proposto. 
 Para chegar à resposta do problema de pesquisa, é necessário identificar as 
perguntas auxiliares a esta resposta. 
 
 Técnica de identificação das perguntas: 
 Leitura 
 Gerais  Específicas 
 
 No roteiro: 
 Mínimo de 25 perguntas auxiliares; 
 Numeradas; 
 Não há respostas às perguntas (isso só vai acontecer na elaboração do artigo); 
 
Exemplo: A necessária rotulagem dos alimentos transgênicos à luz do princípio da 
vulnerabilidade do consumidor. 
Problema: Os alimentos transgênicos devem conter informação clara sobre sua condição, 
considerando o princípio da vulnerabilidade do consumidor? 
Perguntas auxiliares: 
 O que são alimentos transgênicos? 
 O consumo pode causar danos à saúde? 
 Quais danos podem causar? 
 Quais as recomendações da OMS? 
 O produto para consumo deve conter rotulagem sobre suas características? 
 Quais são as informações obrigatórias? 
... 
 
2. A relevância sociojurídica: 
 Relevância jurídica: Qual é a importância deste tema para o Direito? Identificar a 
motivação que torna a pesquisa juridicamente relevante. 
 
 Relevância social: Qual é a importância deste assunto para a sociedade? Determinar 
em que medida o trabalho tem relevância para a sociedade. 
10 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 No roteiro: 
 Tamanho sugerido: ½ a 1 lauda; 
 Não usar citações ou abordagens teóricas; 
 
3. Pretensões da pesquisa (a partir do problema de pesquisa): 
Aonde se pretende chegar construindo este roteiro? (transformação do problema em 
pretensão). 
Começar com um verbo no infinitivo. 
 
Exemplo: 
Tema: Reprodução humana post mortem e a ausente manifestação escrita de vontade. 
Pretensões: Analisar se é juridicamente possível que a reprodução humana post mortem 
seja realizada sem que tenha sido manifestada a vontade de ambos os cônjuges ou 
companheiros envolvidos. 
Avaliar se é possível admitir outros meios de prova que possam comprovar a vontade do 
cônjuge/companheiro morto em executar o projeto parental. 
 
4. Adequação da metodologia: 
 
 No roteiro: 
 Definir tipos de pesquisa escolhido e fundamentação para a escolha conforme 
classificação a seguir; 
 Descrever recursos para a construção da pesquisa; 
 Definir elementos de pesquisa conforme a classificação; 
 Definir o método de pesquisa; 
 
 Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: 
 Pesquisa bibliográfica (predominantemente no Direito – legislação, doutrina e 
jurisprudência); 
 Pesquisa documental (mais difícil de se pensar, embora se possa ter, a depender 
da proposta temática); 
 Pesquisa experimental (não cabível para a área jurídica); 
11 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Levantamento (ou surveys) – pesquisa de campo (questionários); 
 Estudo de caso – algo que aconteceu faticamente e daremos a ele um cunho 
analítico. OBS: Citar um caso não é realizar uma análise jurídica complexa; 
 
Do ponto de vista da abordagem do problema: Qualitativa x Quantitativa 
PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA 
Interpretação/ Compreensão e avaliação do 
objeto de pesquisa; 
 
O sujeito que observa ou interpreta 
(pesquisador) influencia e é influenciado 
pelo fenômeno pesquisado; 
As ciências sociais, muitas vezes, precisam 
lidar com dados estatísticos, os quais podem 
influenciar o Direito. 
 
Descrição de características de uma 
determinada situação, avaliando e medindo 
numericamente as hipóteses levantadas a 
respeito de um problema de pesquisa 
(estudo estatístico). 
 
OBS: A pesquisa deve ser majoritariamente qualitativa, entretanto, pode englobar dados 
estatísticos (gráficos, tabelas, perguntas objetivas). 
Exemplo de pesquisa quantitativa: 
 
 
 
5. Elementos de pesquisa: 
 
a) Local – Pesquisa campal: varas, penitenciária, Tribunal de Justiça, Instituições de 
Ensino, etc; 
b) Instrumentos – Entrevistas, questionários, levantamento de dados estatísticos; 
12 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
c) Aspecto temporal da pesquisa – O tempo dos dados coletados, a distância entre a 
coleta e o tempo atual; A interpretação dos dados diante da historicidade; A 
atualidade das fontes usadas em Direito (as fontes devem ser as mais próximas do 
tempo possível); 
 
6. Método científico: 
A função e a importância do método. 
O problema do método no Direito: 
a) Subjetividade e falsa ideia de anarquia científica; 
b) Multiplicidade de métodos; 
É melhor buscar o método da dedução, ou seja, uma perspectiva dedutiva: colocar 
premissas (roteiro) para se chegar a um resultado (artigo). 
 
 O método dedutivo (Karl Popper): 
São feitas observações, constatações e análises para, a partir delas, serem deduzidas 
hipóteses que podem ser confirmadas ou não. 
 
Exemplo: 
Todas as proibições contidas nas leis são escritas; 
Se a proibição não está escrita; 
A proibição não está contida em lei. 
 
Parte-se do geral para o específico/particular. 
Trabalha-se com deduções a partir da formulação de hipóteses: conjecturas ou refutações 
(afirmações provisórias que precisam de testes). 
 
AULA 04 – POSIÇÃO PRELIMINAR DA DOUTRINA 
 
1. A posição preliminar da doutrina: 
13 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Até então (tópicos 1-5), não falamos em citação para o roteiro. 
 A posição preliminar da doutrina corresponde ao texto científico contendo 
referências às fontes doutrinárias encontradas na pesquisa até então sobre o tema. 
 Pode-se incluir jurisprudência, mas não substitui doutrina (adicional) 
 Posicionamento preliminar: 
 Oito fontes citadas no mínimo (doutrina); 
 Referenciadas no texto; 
 Multiplicidade do tipo de fonte: livro; periódico; livro coletivo; internet; parecer, 
etc; 
 Tamanho mínimo: 5 laudas; 
 
2. Exemplo: 
 
 Problema: Quais são os critérios usados para quantificar o dano moral nas relações 
de emprego? 
 Principais perguntas auxiliares: Quais os elementos da relação de emprego? Como 
caracterizá-la? Como se configura o dano moral? O dano moral se concretiza a partir 
da violação de quais direitos? Revista íntima pode ensejar dano moral? Assédio no 
trabalho pode ensejar dano moral? 
 
 Texto (Posição preliminar da doutrina): 
 Pressupostos de configuração do dano moral; 
 Caracterização da relação de emprego; 
 Situações (assédio e revista íntima) que podem ensejar o dano moral; 
 Aspectos incidentes na construção dos critérios de quantificação; 
OBS: Deve-se evitar tanto o plágio direto quanto o plágio indireto. Praticamente todos os 
parágrafos da posição preliminar da doutrina precisam conter referências com fontes. Afinal, 
trata-se da posição preliminar da doutrina e não a do aluno. 
 
3. Como começar a escrever o texto científico: 
Escolha dos principais pontos referentes ao tema escolhido: 
 Conceitos; 
 Princípios relacionados; 
 Teorias; 
14 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Divergências teóricas; 
 Notíciasveiculadas; 
 Julgados; 
 
4. Citação: 
Forma de citação é a forma pela qual a ideia é posta no texto. 
Citar envolve dois conhecimentos: 
 Direta (cópia das palavras do autor) – não pode ser frequente (tem que ser exceção); 
 Até três linhas: aspas; 
 Mais de três linhas completas: texto recuado; 
 
 Indireta/paráfrase* (cópia da ideia do autor com as suas palavras) – predominância 
(participação efetiva de quem está escrevendo o roteiro); 
Não é aconselhável utilizar citações diretas recuadas (no caso de mais de três linhas 
completas) nem informações no rodapé. No máximo, deve-se utilizar uma vez sob pena de 
perda de ponto. 
Deve-se utilizar o mecanismo autor-data (dá menos trabalho): as referências dos autores 
citados são informadas no texto. 
 Exemplo de citação direta autor-data: 
Segundo X (ano, p. y)  Segundo Ronald Dworkin (2003, p. 341) 
 
 Exemplo de citação direta com mais de um autor: 
(DWORKIN; SILVA, 2022, p. 1500) 
 
 Exemplo de citação indireta autor-data  autor, ano e página (se possível): 
Jussara Meirelles (2000, p. 113) afirma que o embrião, como pessoa em potencial, pode, 
então, ser encarado a partir de duas interpretações: A primeira parte da ideia de que o seu 
tratamento não deve ser o mesmo do conferido à pessoa (...) 
 
5. Regras iniciais da ABNT: 
 Fonte times ou arial – tamanho 12; 
 Espaçamento entre linhas: 1,5; 
15 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Espaçamento entre parágrafos: 6 pts antes e depois (formatar/ parágrafo – 6 pts 
antes e 6 pts depois) ou recuo de 2cm na primeira linha dos parágrafos sem usar o 
espaço de 6 pts entre eles; 
 Configuração de páginas: 3 cm superior e esquerda e 2 cm inferior e direita; 
 
6. Referências: 
Construir a lista, colocando todas as fontes citadas, mesmo sem entender as fontes da ABNT. 
 
Atendimentos individuais: 30/08; 31/08; 06/09; 13/09. 
 
AULA 05 – O ARTIGO CIENTÍFICO 
 
1. Comentários gerais sobre a segunda avaliação: 
 
 Artigo científico 
 De 18 a 20 laudas, podendo passar um pouco. 
 Intervalo de postagem: 18/11 a 22/11. 
 Não se deve esperar a entrega da Avaliação I para executar a Avaliação II. 
 
2. Estrutura do artigo: 
 
 Título/autoria/qualificação; 
 Resumo; 
 Sumário; 
 Introdução; 
 Desenvolvimento; 
 Conclusão; 
 Referências; 
 
3. Título/autoria/qualificação: 
Recorte ajustado na 1ª avaliação 
Exemplo: 
 
16 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
A SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO E A RESPONSABILIDADE DO ESTADO PELA 
VIOLAÇÃO DOS DIREITOS À INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA DO PRESO 
Nome completo do aluno (adicionar nota de rodapé) 
 
1 Graduando em Direito pela Faculdade Baiana de Direito. 
 
4. Resumo: 
 Deve ser feito após a construção de todo o artigo; 
 Síntese do conteúdo que foi tratado durante o artigo; 
 Tamanho: 80 a 100 palavras; 
 Descrição reduzida: 
 
a) Tema-problema; 
b) Objetivo; 
c) Metodologia; 
d) Principais pontos; 
 
 
5. Sumário: 
 A técnica da pirâmide invertida: Geral > > Específico; 
 Primeiro passo da escrita; 
 É importante estabelecer divisões para aprofundamento; 
 Estrutura obrigatória: 
 
1 Introdução 
2 e 3 Pressupostos 
4 Núcleo do tema 
17 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
5 Conclusão 
Referências 
 
 
 
 
6. O texto: 
 
a) Introdução: Apresentação do artigo; 
b) Desenvolvimento: Fundamentos científicos (doutrina/legislação/jurisprudência) + 
emitir opinião própria (podendo aproveitar a posição preliminar da doutrina como 
base); 
c) Conclusão: Ideias finais; 
 
7. A introdução: 
 
 Retomada do roteiro do artigo: 
a) Contextualização do tema e problema; 
b) Pretensão de pesquisa; 
18 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
c) Relevância sociojurídica; 
d) Adequação da metodologia; 
e) Descrição dos capítulos (ou conteúdo) a serem tratados no artigo – só é possível 
descrever (realizar essa prospecção) após finalizar o trabalho; 
 
8. Ordem de escrita: 
SUMÁRIO  DESENVOLVIMENTO  CONCLUSÃO  INTRODUÇÃO E RESUMO 
 
Para a próxima aula: Desenvolvimento. 
AULA 06 – DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO 
 
1. Introdução: 
 
 Retomada do roteiro do artigo: 
a) Contextualização do tema e problema de pesquisa; 
b) Pretensão de pesquisa; 
c) Relevância sociojurídica; 
d) Adequação da metodologia; 
e) Descrição dos capítulos (ou conteúdo) a serem tratados no artigo; 
 
 Tamanho: 1 a 2 páginas; 
 Consultar o roteiro (I unidade); 
 
2. Desenvolvimento: 
 
 Regras preliminares: 
a) Linguagem jurídica/ regras da língua portuguesa; 
b) Constante referenciação; 
c) Variabilidade de fonte; 
d) Necessidade de delineamento do conteúdo a ser tratado; 
e) Perguntas auxiliares (roteiro); 
 
TEMA  PROBLEMA  PERGUNTAS AUXILIARES  RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS (capítulos 
do artigo)  RESPOSTA AO PROBLEMA DE PESQUISA (durante os capítulos do artigo e 
categoricamente na conclusão). 
19 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Deve-se conciliar o roteiro (AV1) com o artigo (AV2). 
Predominância de citações indiretas (90%), que envolve a interpretação do autor. 
A posição autoral deve ser dada na conclusão. 
 
3. Sistemas de citação: 
Conceito: mecanismo de informação das referências citadas. 
a) Autor-data (as referências dos autores citados são informadas no texto) ou 
b) Numérico (as referências dos autores citados são informadas em notas de rodapé); 
Escolha a critério do aluno, o qual não deve mesclar sistemas, ou seja, escolher um ou outro. 
Predominância da citação indireta (mínimo de 90%); 
 
Exemplo de Autor-data: (MEIRELLES, 2000, p. 113). 
 
4. Citações especiais: 
 
 Apud: 
É a exceção da exceção: o uso da citação da citação. 
Ex: (ENGELHARDT apud BARROSO, 2007, p. 112). 
 
 Legislação: 
Segundo o(a) (DIPLOMA LEGAL),... 
Não é preciso colocar (BRASIL, 2002) para se referir ao Código Civil, por exemplo, caso já 
haja previamente “Segundo o Código Civil, ...”. 
 
 Jurisprudência: 
Basta informar os dados do julgado entre parênteses. 
 
20 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
5. O sistema numérico: 
 
 Inserção da nota de rodapé; 
 Sistema automático (“Inserir nota” no nome do autor mencionado ou ao final da 
citação”); 
 O número pode colocar logo após mencionar o autor ou após a citação (margem de 
discricionariedade para o autor do artigo); 
 O nome do livro deve ser colocado e negrito. Ex: KANT, Immanuel. Fundamentação 
da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos. São Paulo: Martin Claret, 2008, p.89 
 
Ibidem MESMA OBRA 
Idem MESMO AUTOR 
Op.cit OBRA CITADA 
Loc.cit LOCAL CITADO 
Apud CITADO POR 
Et seq E SEGUINTES 
Passim E OUTRAS 
 
Fonte: 10, espaçamento entre linhas simples, espaçamento entre parágrafos 0pts, sem 
recuo, justificado. 
 
6. Conclusão: 
 
 Parte mais curta do artigo, assim como a introdução; 
 Resposta ao problema de pesquisa identificado; 
 Atestado do pensamento do autor do texto; 
 Solução: 
 Melhor teoria: melhor interpretação; melhor jurisprudência; 
 Proposta de lei ou de entendimento; 
 Aspectos críticos; 
 
 Forma: não há citações (cunho autoral); 
 Tamanho: 1 a 2 laudas; 
AULA 07 – REFERÊNCIAS 
 
21 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
1. As referências: 
 
 É necessário mostrar as fontes utilizadas para a construção do artigo. 
 Correspondência ao texto: colocar no texto  colocar nas referências (ao mesmo 
tempo para minimizar as chances de erro); 
 Independência do sistema de citação usado; 
 Listar por ordem alfabética do sobrenome do autor; 
 Não justificar (alinhar à esquerda); 
 Espaçamento entre linhas simples; 
 Espaçamento entre uma referência e outra = 1 enter. 
 São 20 páginas no total, contando com as referências. Todavia, se pode passar (ir até 
umas 25 – é mais fácil de lapidar, mantendo-se uma proporcionalidade); 
 
2. Livros (obra completa): 
 
Agnome não deve aparecer sozinho (Jr.,Filho, Neto...), mas acompanhando o sobrenome. 
Livro estrangeiro deve ser colocado o título da sua origem ou fazer referência à tradução. 
Em casos de livros publicados por pessoas jurídicas (ex: OMS), o autor é a pessoa jurídica. 
 
3. Capítulo em obra coletiva: 
22 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Tudo o que for tirado da internet deve ser acompanhado de: 
 Disponível em: 
 Acesso em: 
 
4. Trabalhos de conclusão de curso (monografias, dissertações e teses): 
 
Deve-se ter cuidado para não realizar o “plágio do plágio”. 
Deve-se dar preferência a autores conhecidos. 
 
5. Periódicos: 
23 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
6. Material disponível em internet em geral: 
 
 
Deve-se tomar cuidado com citações provenientes de redes sociais. Deve-se questionar 
realmente aquela informação é relevante e buscar qual a pesquisa científica ensejou aquela 
postagem. 
 
7. Documentos jurídicos – Legislação: 
24 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Deve-se ter cuidado para não citar fontes desatualizadas. 
O site do planalto é a fonte mais confiável de legislação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO DE ARBITRAGEM – GABRIEL SEIJO – 2022.2 
 
AULA 01 – ARBITRAGEM: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1. Apresentação da disciplina: 
 
 Corte entre arbitragem e mediação (Disciplina “Arbitragem” x Disciplina “Técnicas de 
resolução de conflitos”); 
 Enfoque teórico e prático – estudo da legislação, doutrina e casos; 
 Aulas expositivas (Limitação do conteúdo dos slides – slides servem apenas para + 
incentivo ao debate) 
 Talvez ocorram atividades em grupo valendo pontos extras; 
 Sites: CBAr, CONIMA, Kluwer Arbitration Blog, Kluwer Mediation Blog; 
 Referências bibliográficas: 
 
 Textos publicados no Ágata; 
 “Curso de Arbitração e Mediação”/ Cahali; 
 “Arbitragem e processo”/Carmona; 
 “Teoria geral da arbitragem”/Fichtener, Monteiro e Mannheimer; 
 
2. Noções introdutórias: 
Os bens da vida são limitados, o que culmina na constante ocorrência de conflito de 
interesses. 
A função social do Direito é prevenir e resolver disputas. A arbitragem é um meio de 
resolução de disputas. 
 
Os meios de resolução de disputas podem ser: 
 Autocompositivos: Permitem a resolução do conflito por acordo entre as partes. Ex: 
A e B demarcam um território entre si; A e B resolvem ajustar o valor da dívida entre 
si; 
Exemplos: Negociação, conciliação e mediação; 
 
Embora envolva um terceiro, o mediador não resolve o problema, mas busca por 
meio de técnicas que as partes dialoguem mais facilmente (há a geração de empatia 
mútua). O espectro da mediação é muito amplo. 
26 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Heterocompositivos: A resolução é dada por um terceiro. 
 
Exemplos: 
 
 Jurisdição estatal: Exercida pelo Poder Judiciário cuja decisão é vinculante e 
final; 
 
 Dispute resolution boards: Decisão não é final/imutável/definitiva/vinculante, 
podendo a jurisdição estatal ou a jurisdição arbitral atuar. A decisão pode ser 
contestada; 
 
 Expertise ou arbitramento pericial: É contrato um expert que vai examinar a 
disputa e proferir uma decisão. Não se trata de uma decisão jurisdicional, 
podendo ocorrer atuação posterior da jurisdição estatal ou da jurisdição 
arbitral. A decisão pode ser contestada; 
 
 Arbitragem: Exercida por um particular (terceiro) cuja decisão é 
vinculante/final/imutável/definitiva. A grande distinção é o fato de que a 
decisão do árbitro se equipara à justiça estatal 
OBS: Não necessariamente antes de um meio heterocompositivo precisa ter um meio 
autocompositivo; 
 
3. Ditame constitucional: eficácia do processo e acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV e 
LXXVIII): 
A jurisdição estatal não é mais suficiente na tarefa de classificar a sociedade. É necessário 
que o profissional do século XXI domine, também, outros mecanismos de resolução de 
conflitos em virtude do aumento da demanda. 
Art. 5º 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) 
 
27 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Somando-se as curvas azul, vermelha e verde, chegamos à conclusão de que há um processo 
para a cada dois habitantes em curso no Brasil. Destarte, infere-se uma elevada demanda do 
Poder Judiciário. 
 
Quebra do mito de que “juiz não trabalha”. Este trabalha muito, assumindo uma carga de 
trabalho excessiva. 
A remuneração dos servidores públicos não é uma carreira muito atrativa para os bons 
profissionais. 
 
4. Acesso à justiça: modelo de Cappelleti e Garth 
 
 Primeira onda: Assistência judiciária, sobretudo no que tange à população carente, já 
que esta não pode ser privada do acesso à justiça. 
28 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Segunda onda: Direitos difusos e coletivos em juízo. Verificou-se a necessidade de 
proteger constitucionalmente direitos que não apresentam sujeitos identificáveis 
(vide o caso do derramamento de petróleo nas praias do Nordeste em 2019); 
 
 Terceira onda: Meios alternativos (adequados) de resolução de disputas (ADR). 
Alguns doutrinadores criticam a noção de “meios alternativos” pois esta pressupõe a 
existência de “meios principais” (a jurisdição estatal), daí, a defesa da substituição do 
termo “alternativos” por “adequados”. No Brasil, estamos fortemente na terceira 
onda. 
 
 Arbitragem: Modernização da legislação (Lei 9.307/96/ CNY) – foi somente 
em 1996 que a arbitragem foi impulsionada no Brasil, embora esta técnica já 
fosse contemplada desde as Ordenações Filipinas; 
 
 Mediação: Criação de legislação (Lei 13.140/2015) – tornou a prática da 
mediação mais segura; 
 
 Política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e conflitos 
de interesses (Resolução CNJ 125/2010) – reconhecimento de que a 
jurisdição estatal, sozinha, é insuficiente para resolver os conflitos vigentes no 
Brasil. 
 
 
5. Acesso à justiça: modelo de Frank E. Sander 
Buscou identificar soluções com a administração da justiça que contemplasse a insatisfação 
dos cidadãos estadunidenses. 
Justiça multiportas (multi-door courthouse): A justiça é uma casa que pode ser acessada por 
diversas portas para além da justiça estatal. 
Inspirou a Resolução CNJ 125/2010. 
 
 
29 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
6. Definição de arbitragem na doutrina brasileira: 
“...meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais 
pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem 
intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença 
judicial...” (Carmona) 
A decisão proveniente de arbitragem faz coisa julgada (decisão imutável) – grifos nossos. 
 
“... the concept of arbitration is a simple one. Parties who are in dispute agree to submit their 
disagreement to a person whose expertise or judgment they trust. They each put their 
respective cases to this person – this private individual, this arbitrator – who listens, 
considers the facts and the arguments, and then makes a decision. That decision is final and 
binding on the parties (...) Arbitration, in short, is an effective way of obtaining a final and 
binding decision on a dispute or series of disputes, without reference to a court of law.” 
(Redfern e Hunter/ Blackaby e Partasides) 
 
7. Elementos de definição: 
 
 Núcleo ontológico: Meio de resolução de disputas; 
 Origem: Negócio jurídico; 
 Mecanismo: Escolha de terceiro para resolver a disputa; 
 Efeitos: Natureza definitiva e vinculante da decisão (coisa julgada) e subtração da 
resolução do mérito da disputa do Judiciário; 
 
Livros sugeridos:“Um artista da fome” e “O processo”, de Franz Kafka. 
 
AULA 02 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ARBITRAGEM 
 
1. Vantagens da arbitragem: 
 
 Celeridade: O processo arbitral costuma a durar 18 a 24 meses (mais célere); 
 
 Julgamento especializado: O que é muito difícil de acontecer no âmbito do Poder 
Judiciário. Visa-se, portanto, a escolher pessoas com conhecimento especializado 
sobre a matéria; 
30 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Segurança jurídica: O Direito é formado por um plexo de valores, entre os quais se 
inclui a segurança jurídica (direito fundamental positivado no art. 5º, caput, CF/88). 
Em muitas ocasiões, a segurança jurídica (previsibilidade da decisão) deve, sobretudo 
em relações particulares, se sobrepor, inclusive em detrimento da justiça; 
 
 Flexibilidade do procedimento: O procedimento é um passo-a-passo a ser seguido 
em um processo. O procedimento, na arbitragem, é propositalmente flexível 
(organização da audiência, apresentação de provas entre as partes, prazo para a 
sentença, como será realizado o protocolo, contagem de prazo... – tudo pode ser 
acordado, desde que respeite a ordem pública); 
 
 Custo-benefício: Há uma economicidade em comparação com os procedimentos do 
Poder Judiciário. Deve-se adequar a câmara à realidade econômica das partes. Além 
disso, precisa gerar benefício às partes; 
 
 Autonomia (arbitragem internacional): 
 
 
2. Desvantagens da arbitragem: 
“Not everthing in the garden is lovely” (Blackaby e Partasides). 
 Custos: A escolha de um prestador de serviço que não caiba no orçamento das partes 
pode se tornar uma desvantagem; 
 
 Ausência de recurso: Gabriel Seijo não considera esta uma desvantagem da 
arbitragem; 
 
 Dificuldade de agregar terceiros à arbitragem: Por exemplo, em uma disputa que 
agrega somente A e B, é difícil trazer C à comissão de arbitragem; 
 
 Dificuldade de consolidar arbitragens distintas: É difícil, por exemplo, reunir dois 
processos inerentes a comissões de arbitragens distintas. 
 
 Dificuldade de indicar árbitros em arbitragem multipartes; 
 
 Limitação dos poderes dos árbitros; 
 
Temos, basicamente, três tipos de tutelas (proteção). 
31 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Conhecimento: 
 Condenatória: O árbitro impõe a uma das partes o cumprimento de uma 
obrigação (ex: determina que A é devedor de B); 
 Constitutivo: O árbitro constitui ou desconstitui uma relação jurídica (por 
exemplo, um divórcio); 
 Meramente declaratória: O árbitro apenas declara o direito, não impondo 
uma obrigação, nem constitui ou desconstitui um direito (ex: negócios 
jurídicos nulos por ilicitude do objeto – por lei nunca foi constituído, vide os 
estudos de IED Privado II); 
 
 Cautelar: Tem por objetivo proteger o futuro resultado útil de um processo. Uma das 
partes demonstra ao julgador que, se for aguardado o final do processo, existe uma 
situação de risco que pode tornar inócua a sentença a ser proferida. Havendo tal 
risco e demonstrado que a parte tem uma aparência de bom direito, o árbitro, então, 
concede uma tutela cautelar para proteger a futura sentença. Esse risco pode não vir 
a se concretizar, conduto, naquele momento era justificável a sua possível 
ocorrência. 
 
 Execução: É uma medida de satisfação efetiva/concreta do Direito. Ex: A foi obrigado 
a entregar a B uma máquina via sentença condenatória e não o fez. B, neste caso, 
precisa de uma tutela de execução para que as autoridades possam remover a 
máquina das mãos de A. A outro título exemplificativo pode-se citar a busca e 
apreensão de documentos. 
 
3. Corte do estudo: 
ARBITRAGEM DE DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO 
Presente em guerras, conflitos, acordos 
entre os Estados, etc. 
 
Pode ser feita: Arbitragem de Direito 
Internacional Público ad hoc (caso a caso) ou 
pela Corte Permanente de Arbitragem 
(Haia). 
ARBITRAGEM DE INVESTIMENTO Ex: Se algum Estado fizer um investimento 
em outro Estado e este tomar atitudes para 
prejudicar aquele, ter-se-á a atuação de uma 
arbitragem de investimento internacional. 
 
Convenção de Washington de 1965 (criou 
um órgão denominado ICSID/ BITs); 
32 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Doutrina Calvo: Doutrina da qual o Brasil é 
adepto. Na disputa entre um Estado e um 
particular estrangeiro, relativo a atos 
ocorridos naquele Estado, devem ser 
resolvidos pelos tribunais locais (daquele 
Estado). 
ARBITRAGEM COMERCIAL: OBJETO DO 
ESTUDO DA DISCIPLINA 
Trata-se de todas as outras arbitragens que 
não se relacionem com as duas 
anteriormente citadas (de Direito 
Internacional Público e de Investimento). 
 
A doutrina utiliza a nomenclatura Comercial 
(uso consagrado na prática), a qual Gabriel 
Seijo considera equivocada por estar 
vinculada somente a uma relação de 
comércio. Seria mais plausível a 
nomenclatura empresarial (embora não se 
restrinja a este âmbito, embora 
predominantemente sim) ou, melhor, o 
emprego do termo residual. 
 
4. Histórico da arbitragem comercial (universal): 
Dificuldade do estudo: “Privative dispute resolution has always been resolutely private” (Lord 
Mustill) 
 
Arbitragem na Idade Antiga: 
 Referência em textos literários e religiosos; 
 Evidências na Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma (em Roma a jurisdição era 
exercida, principalmente, por particulares); 
 Grécia: autonomia privada e exclusão de cortes estatais (defesa da participação ativa 
dos cidadãos); 
 Roma: compromissum e arbiter (regime jurídico do árbitro); 
 
Arbitragem comercial a partir da Idade Média: Tivemos a utilização costumeira da 
arbitragem. 
33 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Expansão comercial e lex mercatória – surgimento de um Direito Internacional 
costumeiro praticado por vários países. Passam a surgir arbitragens pautados na lex 
mercatória para solucionar eventuais conflitos; 
 Instituições não estatais de resolução de disputas – tais como as corporações de 
ofício (guildas) e marítimos + Officium mercanziale; 
 Instituições não estatais para a disputa de setores da sociedade – ex: Tribunais 
rabínicos; 
 
Arbitragem comercial a partir do Século XX: 
 Desenvolvimento do internacionalismo, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial – 
Fundação da CCI (Câmara de Comércio Internacional – 1919); 
 Passa-se a compreender a arbitragem, cada vez mais, como um mecanismo de 
pacificação de conflitos; 
 Aperfeiçoamento normativo da arbitragem comercial internacional: 
 Protocolo de Genebra de 1923 (convenções arbitrais); 
 Convenção de Genebra de 1927 (execução de sentenças estrangeiras); 
 Convenção de NY de 1958 (execução de sentenças estrangeiras); 
 Convenção do Panamá de 1975 (arbitragem internacional); 
 Regulamento de Arbitragem da Uncitral (ad hoc) (1976/2010); 
 Lei Modelo da Uncitral sobre a arbitragem comercial internacional (1985/2006), a 
qual influencia a nossa lei; 
 
 Desenvolvimento do institucionalismo: 
 Consolidação e aperfeiçoamento da CCI; 
 Surgimento de novas instituições arbitrais; 
 
 Aperfeiçoamento das legislações nacionais: 
 Novas leis em países de todos os continentes; 
 Influência da Lei Modelo de Uncitral sobre Arbitragem Comercial (natureza 
vinculante da convenção de arbitragem, impossibilidade de revisão do mérito 
da sentença arbitral pelo Judiciário); 
 
Sugestões de leitura: Viva o Povo Brasileiro – João Ubaldo Ribeiro + Ilíada e Odisseia 
(Homero). 
 
AULA 03 – CONSTITUCIONALIDADE DA ARBITRAGEM 
34 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
1. Principal legislação arbitral em vigor 
 
Normas de direito internacional vigentes no Brasil: 
 Convenção de Nova York (Decreto n. 4311, de 23.07.2002) – Global; 
 Convenção do Panamá (Decreto n. 1902, de 09.05.1996) – América; 
 Acordo de Buenos Aires (Decreto n. 4719, de 04.06.2003) – Mercosul; 
 Protocolo de Las Leñas (Decreto n. 2067, de 12.11.1996) – Mercosul; 
Eventuaisconflitos entre os diplomas normativos mencionados são solucionados através do 
critério da especialidade: lei especial derroga a lei geral. 
 
Lei arbitral esparsa: 
 Dissídios trabalhistas coletivos de natureza econômica: litígios que envolvem, pelo 
menos, um sindicato em uma das pontas – CF (art. 114, §§ 1º e 2º) + Lei n. 7783/89; 
 Disputas societárias – Lei n. 6404/76; 
 Concessões do setor de óleo e gás – Lei n. 9487/97; 
 Concessões de serviços públicos – Lei n. 8987/95; 
 Parcerias público-privadas – Lei n. 11079/95 + Lei estadual n. 9290/04; 
 
2. A Lei de Arbitragem (Lei n. 9307/96): 
Natureza jurídica: É uma lei. Não é um código (legislação elaborada para durar um logo 
período em vigor e que, baseada nos postulados da sistematização e da coerência, busca 
regulamentar todo um grande ramo do direito – ex: Código Penal, Código Civil, Código 
Tributário, etc). 
 
Principais influências da LA: 
 Lei Modelo da Uncitral sobre Arbitragem Comercial; 
 Lei espanhola de 1988; 
 Convenção de Nova York de 1958; 
 Convenção do Panamá de 1975; 
 
Principais características da LA: 
35 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Convenção arbitral: compromisso e cláusula compromissória (art. 3º): Torna-se 
desnecessário, portanto, reafirmar, através de outro contrato, o interesse na 
realização de arbitragem já expresso contratualmente; 
 
 Execução específica da cláusula compromissória (art. 7º): Obtenção de providências 
necessárias para se começar o processo arbitral. Trata-se da possibilidade da vítima 
reivindicar arbitragem mesmo que a outra parte não concorde; 
 
 Vedação à homologação judicial (art. 18): O árbitro é juiz de fato e de direito. A 
sentença por ele proferida não fica sujeita a recurso ou homologação pelo Judiciário; 
 
 Princípio competência-competência (arts. 8º, parágrafo único, e 20, §2º): Somente 
após o término do processo arbitral, o Judiciário pode intervir. Dessa forma, a Lei de 
Arbitragem visa a segurar a não intervenção na arbitragem. Ademais, quem juga a 
validade e eficácia da convenção arbitral são os árbitros. 
 
 Extinção do processo judicial face à convenção arbitral (art. 41): Se as partes 
convencionaram que vão realizar arbitragem e, mesmo assim, uma das partes leva a 
disputa ao Judiciário, o réu pode alegar a existência da convenção arbitral e o juiz 
deve extinguir o processo judicial sem a análise do mérito. 
 
 Coisa julgada e vedação à revisão judicial do mérito (arts. 31 e 32): As decisões 
proferidas pelos árbitros são imutáveis (detentoras de natureza jurisdicional). Uma 
parte insatisfeita não pode iniciar outra arbitragem ou conduzir a questão ao Poder 
Judiciário. 
 
 Constituição de título executivo judicial (arts. 31 e 41): Os árbitros tem poder para as 
tutelas de conhecimento e cautelares. Os títulos executivos são documentos 
necessários para a ocorrência do processo arbitral – os quais podem ser judiciais ou 
extrajudiciais. 
 
3. Constitucionalidade da LA: 
 
 Antecedentes históricos: 
 
 Tradição da arbitragem no Direito brasileiro; 
 Julgamento da AI 52181 pelo STF; 
 
36 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
INCORPORAÇÃO, BENS E DIREITOS DAS EMPRESAS ORGANIZAÇÃO LAGE E DO ESPOLIO DE 
HENRIQUE LAGE. JUÍZO ARBITRAL. CLÁUSULA DE IRRECORRIBILIDADE. JUROS DA MORA. 
CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. LEGALIDADE DO JUÍZO ARBITRAL, QUE O NOSSO DIREITO 
SEMPRE ADMITIU E CONSGROU, ATÉ MESMO NAS CAUSAS CONTRA A FAZENDA. 
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2. LEGITIMIDADE DA CLÁUSULA DE 
IRRECORRIBILIDADE DE SENTENÇA ARBITRAL, QUE NÃO OFENDE A NORMA 
CONSTITUCIONAL. 3. JUROS DE MORA CONCEDIDOS, PELO ACÓRDÃO AGRAVADO, NA 
FORMA DA LEI, OU SEJA, A PARTIR DA PROPOSITURA DA AÇÃO. RAZOAVEL INTERPRETAÇÃO 
DA SITUAÇÃO DOS AUTOS E DA LEI N. 4.414, DE 1964. 4. CORREÇÃO MONETÁRIA 
CONCEDIDA, PELO TRIBUNAL A QUO, A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DA LEI N. 4.686, DE 21.6.65. 
DECISÃO CORRETA. 5. AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGOU PROVIMENTO. 
 
(STF - AI: 52181 GB, Relator: Min. BILAC PINTO, Data de Julgamento: 14/11/1973, TRIBUNAL 
PLENO, Data de Publicação: DJ 15-02-1974 PP-*****) 
Inafastabilidade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV): Alguns doutrinadores fundamentam 
através desse inciso a inconstitucionalidade da arbitragem a luz do ordenamento jurídico 
brasileiro. 
Art. 5º, XXXV - CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito. 
 
Controle de constitucionalidade da LA: Julgamento da SE 5206 AgR pelo STF – A arbitragem 
é constitucional. 
 
4. Análise do julgamento da SE 5206 AgR pelo STF: 
 
 Desnecessidade de compromisso arbitral; 
 Cabimento de execução específica de cláusula compromissória; 
 Equiparação dos efeitos da sentença arbitral à judicial (norma que dá o caráter 
jurisdicional à arbitragem); 
 Alguns dispositivos foram declarados constitucionais à unanimidade; 
 Alguns dispositivos foram declarados constitucionais pela maioria (7 x 4); 
 
 
 
 
37 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Declaração de constitucionalidade por unanimidade (11x0): 
 
Declaração da constitucionalidade por maioria (7x4): 
 
Fundamentos para o resultado: 
 Consensualismo e autonomia privada: 
 Liberdade de escolher o meio de resolução dos próprios litígios; 
 Aplicação apenas a litígios sobre direitos patrimoniais disponíveis; 
 Direitos passíveis de renúncia e transação; 
 
 Interpretação do art. 5º, XXXV, da CF: 
 O destinatário da norma é o legislador e não o jurisdicionado (as partes em comum 
acordo podem, no exercício da autonomia privada, afastar o acesso ao Judiciário); 
 Renunciabilidade do direito de ação (voto vencido, porém que merece destaque): A 
renúncia só pode ser realizada quando o Direito já existia. Não basta a renúncia 
através da cláusula compromissória, mas a existência de uma dupla manifestação da 
vontade para assegurar a compatibilidade com a Constituição. 
 
 Possibilidade de controle pelo Poder Judiciário: Ação anulatória (não pode ocorrer 
em virtude do caráter jurisdicional da decisão arbitral); 
 Acesso à justiça por meios alternativos: O acesso à justiça não se confunde com 
acesso ao Judiciário. A arbitragem é fruto da tradição do direito brasileiro e já foi 
difundida internacionalmente. 
 
OBS: A homologação de sentença estrangeira no Brasil, hoje, é realizada pelo STJ. 
38 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
5. Arbitragem no CPC/2015 (destaques): 
 
 Preservação da LA (arts. 3º, § 1º e 42): A Lei de Arbitragem continua em vigor; 
 Preservação da Convenção de NY e demais tratados internacionais (art. 960, § 3º); 
 Segredo de justiça em processos relativos a arbitragem (art. 189, IV); 
 Criação da carta arbitral (arts. 237, IV, 260, § 3º, e 267); 
 Convenção de arbitragem em preliminar (art. 337, X) – impossibilidade de 
conhecimento de ofício pelo Judiciário (art. 337, § 5º) + renúncia à arbitragem em 
caso de silêncio (art. 337, § 6º); 
 Sentença sem resolução do mérito (art. 485, VII) – acolhimento da alegação de 
convenção de arbitragem + reconhecimento da própria competência pelo árbitro 
(Princípio competência-competência); 
 Sentença arbitral como título executivo judicial por equiparação em virtude do seu 
cunho jurisdicional (art. 515, VII); 
 
6. Arbitragem no Código Civil de 2002: 
 
 Poderes especiais para firmar compromisso (art. 661, § 2º); 
 Normas sobre compromisso e cláusula compromissória (arts. 851 a 853). 
 
 
7. Arbitragem a luz da Convenção de NY: 
 
 Trata-se de um dos principais tratados internacionais relacionados ao instituto da 
arbitragem. 
 Foi aderida pelo Brasil; 
 Semelhanças com a LA; 
 Equiparação de tratamento à sentença judicial; 
 Reconhecimento das convenções de arbitragem; 
 Limitação das causas de denegação de reconhecimento; 
 
 
AULA 04 – ESPÉCIES DE ARBITRAGEM 
 
1. Espécies de arbitragem em geral: 
 
 Arbitragem de DireitoInternacional Público 
 Arbitragem de investimento 
39 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Arbitragem residual (“comercial”) – embora não se resuma a questões de comércio. 
 
2. Espécies de arbitragem comercial: 
 
 Multiplicidade de critérios; 
 Arbitragem institucional x Arbitragem ad hoc; 
 Arbitragem doméstica x Arbitragem internacional; 
 Arbitragem de direito x Arbitragem de equidade 
 
3. Arbitragem institucional x ad hoc 
ARBITRAGEM INSTITUCIONAL AD HOC 
Presença de uma instituição arbitral 
(câmara); 
 
Funções dessa instituição: 
 Faz a gestão da arbitragem (função 
administrativa); 
 Traz segurança jurídica; 
 Resolve questões processuais e 
incidentais, exercendo, de certa 
forma, jurisdição; 
 Auxilia na constituição do tribunal 
arbitral (considerada a mais 
importante entre as funções); 
 
Exigência de previsão expressa (art. 5º); 
 
Procedimento: 
 Utilização do regulamento da 
instituição arbitral (art. 5º) – 
modificação do regulamento pelas 
partes ou pelo árbitro 
 Utilização do regulamento de outra 
instituição arbitral (o que pode não 
acontecer, pois essa instituição não é 
obrigada a seguir o regulamento de 
outra – ninguém é obrigado a fazer 
nada se não em virtude de lei, art. 
5º, II, CF/88); 
Não há a presença da câmara; 
Realizada entre particulares, por isso é difícil 
mensurar quantas existem; 
Administração do processo arbitral; 
 
Procedimento: 
Estabelecimento na convenção de 
arbitragem (art. 26); 
Estabelecimento pelo árbitro (art. 26, § 1º); 
Utilização do regulamento de instituição 
arbitral; 
Utilização do Regulamento de Arbitragem da 
Uncitral; 
 
Indicação do árbitro: 
 Pelas partes; 
 Por terceiro; 
 Pelo Poder Judiciário (art. 7º), no 
caso de falha das partes e de 
terceiro, já que não há uma câmara 
na arbitragem ad hoc – isso se 
mostra extremamente ineficiente; 
 
Custos: Geralmente mais barata; 
 
Vantagens: 
 Flexibilidade; 
 Custos; 
40 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Indicação do árbitro: 
 Pelas partes; 
 Pela instituição arbitral; 
 Por terceiro; 
 Pelo Poder Judiciário (art. 7º)? – 
carece de interesse e necessidade; 
 
Custos: Tende a ser mais cara, mas não 
necessariamente. 
 
Vantagens: 
 Previsibilidade e segurança; 
 Regulamento previamente 
estabelecido; 
 Auxílio na nomeação de árbitro; 
 Equipe especializada na 
administração de processos arbitrais; 
 
Desvantagens: 
 Menor flexibilidade; 
 Custos; 
 
Constituição e funcionamento de 
instituições arbitrais: 
 Criação livre; 
 Natureza jurídica: pessoa jurídica de 
direito privado; 
 Não precisam de autorização de uma 
autarquia especializada; 
 Inexistência de entidade de classe de 
fiscalização; 
 Fiscalização pelo Poder Público – uso 
de símbolos oficiais;* 
 Fiscalização pela sociedade civil - 
Funções do Conima e do CBAr; 
 
Exemplos: 
 Instituições arbitrais setoriais e 
gerais; 
 
 
Desvantagens: 
 Imprevisibilidade e insegurança; 
 Possíveis dificuldades para nomear 
árbitro; 
 Possíveis dificuldades para 
estabelecer o procedimento; 
 Possíveis dificuldades para 
administrar o processo arbitral; 
 Exigência de maior colaboração; 
41 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Instituições arbitrais setoriais: 
 Câmara de Arbitragem do Mercado – 
B3; 
 CAS – Court of Arbitration for Sport 
(não integra o Poder Judiciário), 
localizada na Suíça; 
 The Refined Sugar Association; 
 Camagro – Câmara de Arbitragem e 
Mediação de Agronegócio; 
 
Principais instituições arbitrais gerais 
internacionais: 
 CCI – Paris ; 
 ICDR/AAA – Nova York; 
 LCIA – Londres; 
 SCC – Estocolmo; 
 SIAC – Singapura; 
 
Principais instituições arbitrais nacionais: 
 ACB – Salvador; 
 CCBc – São Paulo; 
 CIESP/FIESP – São Paulo 
 CAMARB 
 
* 
4. Arbitragem de direito e arbitragem de equidade: 
ARBITRAGEM DE DIREITO ARBITRAGEM DE EQUIDADE 
Arbitragem propriamente dita. 
 
Geralmente adotado pelas partes. 
A diferença é pautada na liberdade de 
escolha do critério de julgamento (art. 2º) 
 Autonomia privada; 
42 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Consensualismo; 
 
Uma forma de decidir sem que haja 
remissão necessária ao direito positivo; 
 
Sua característica principal é a liberdade de 
método decisório; 
 
Quase impossível de ser constatada no dia-
dia; 
 
Com o direito positivo (arbitragem de 
direito) já é difícil obter um resultado, 
imagina com a equidade. 
 
Concede poder em demasia ao intérprete; 
 
Limites da arbitragem de equidade: 
princípios e garantias fundamentais (ordem 
pública) – ex: uma ordem que determina o 
corte da mão de um indivíduo é considerada 
nula; 
 
Exigência de previsão expressa (art. 11, II) – 
em virtude da insegurança jurídica por ela 
proporcionada. 
 
AULA 05 – NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM 
 
1. Modelos de política legislativa: 
MODELO DUALISTA MODELO MONISTA 
Ocorre nos ordenamentos jurídicos que 
distinguem a arbitragem internacional e 
doméstica; 
 
Previsão de regimes jurídicos distintos; 
 
Utilização do modelo (ex.): França/Portugal; 
Adotado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro e por outros países como a 
Alemanha; 
 
Indistinção legislativa entre arbitragem 
internacional e doméstica; 
 
43 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Tem a virtude de nos aproximar de uma “lex 
mercatoria” com a arbitragem internacional. 
Previsão de regime jurídico único; 
 
Utilização do modelo jurídico único; 
 
Tem a virtude de simplificar a aplicação de 
critérios (são os mesmos, já que não há a 
pretensão de se distinguir arbitragem 
doméstica e internacional); 
 
MODELO MONISTA INTERNACIONALIZANTE 
Distinção legislativa entre arbitragem internacional e doméstica; 
 
Previsão de regime jurídico único, com poucas regras especiais para a arbitragem 
internacional (há um número insuficiente para estabelecer um regime jurídico próprio) – daí 
“modelo monista internacionalizante”; 
 
Países aderentes: Espanha/Itália. 
 
2. Modelo monista na lei de arbitragem: 
Indistinção entre arbitragem internacional e doméstica. 
Art. 2º - LA: A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes. 
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na 
arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. 
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base 
nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio 
(lex mercatoria) 
§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e 
respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 
2015) (Vigência) 
 
Art. 9º - LINDB: Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituirem. 
44 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Se um contrato é celebrado no Brasil, as normas brasileiras incidem; caso seja celebrado em 
Portugal, as normas portuguesas incidem. O Brasil adota, como regra, o modelo monista. 
Debate doutrinário: Uma parte da doutrina considera que a norma anterior é uma norma de 
norma pública e outra parcela não considera-a norma de ordem pública. Para a segunda 
corrente, normas jurídicas estrangeiras podem regular contratos celebrados no Brasil em 
virtude da autonomia privada das partes (desde que, obviamente, compatíveis com a ordem 
pública brasileira). 
 
3. Natureza jurídica da arbitragem: 
Introdução: 
 Importância da identificação da natureza jurídica; 
 As normas não são produzidas de forma sistemática, mas, em algumas ocasiões, de 
forma que tende ao caos. 
 A função social do jurista consiste em transformar o ordenamento desorganizado em 
um sistema organizado, coerente, coeso, previsível e seguro (Tercio SampaioFerraz 
Junior). 
 
Teorias: 
CONTRATUAL JURISDICIONAL MISTA 
A arbitragem é um negócio 
jurídico bilateral (contrato), 
que se estende 
definitivamente. 
 
A autonomia privada da 
arbitragem não se manifesta 
somente na origem negocial 
da arbitragem (arts. 3º, 8º e 
9º), mas também: 
 Na escolha dos 
árbitros (art. 13, § 
1º); 
 Na escolha das 
normas aplicáveis 
(art. 2º) 
 Na flexibilidade do 
Parte do conceito 
contemporâneo de 
jurisdição. 
 
Segundo os teóricos dessa 
corrente, no século XXI, o 
Estado não é necessário para 
considerar um mecanismo 
jurisdicional. 
 
Fala-se, portanto, em um 
Pluralismo Jurídico. Ex: 
Comunidades indígenas da 
Bolívia ou no sul dos EUA 
exercem jurisdição. 
 
A jurisdição apresenta 
Mescla de aspectos 
contratuais e jurisdicionais. 
 
A arbitragem passa a ser 
jurisdicional quando o 
processo se inicia. 
 
Antes do processo se iniciar, 
há a predominância 
contratual; a partir do início, 
a jurisdicional passa a 
prevalecer. 
 
Essa é a visão compartilhada 
por Gabriel Seijo. 
 
 
45 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
procedimento (art. 
21) 
 
Parcela dos contratualistas 
afirma que a jurisdição 
somente pode ser exercida 
pelo Estado. 
 
caráter vinculante, seja 
exercida ou não pelo Estado. 
 
O árbitro é juiz de fato e de 
direito (art. 18 – LA): exerce 
atividade jurisdicional 
(produz decisões 
vinculantes, imutáveis, 
finais, definitivas). 
 
As decisões proferidas pelo 
árbitro se equiparam às 
decisões proferidas pelo 
Judiciário (art. 31 – LA). 
 
Constituição de título 
executivo judicial (art. 31 – 
LA): O árbitro não detém 
tutela jurídica de execução. 
O processo de execução para 
ser possível, deve contar 
com a apresentação do 
documento conhecido como 
título executivo. 
 
Títulos executivos 
extrajudiciais (cheques, taxas 
condominiais, escritura 
pública, etc) x Títulos 
executivos judiciais (deve-se 
respeitar as disposições do 
CPC). 
 
 
46 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Luiz Guilherme Marioni busca distinguir arbitragem e jurisdição por meio dos quatro 
principais argumentos mencionados no fragmento anterior. 
Gabriel Seijo critica o segundo argumento, uma vez que ministros do STF não são escolhidos 
por concurso público, mas exercem jurisdição. 
A tutela executória não pode ser exercida pelo árbitro, todavia, este pode executar uma 
justiça de tutela de conhecimento, a qual representa o exercício da jurisdição. 
As críticas anteriores foram respondidas por Fredie Didier Jr, o qual venceu, consoante visão 
do STJ. 
 
 
4. Os princípios da arbitragem: 
Geralmente os princípios são determinados pela natureza do ramo jurídico. 
47 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Autonomia privada: Base do nosso ordenamento jurídico privado, mas que deve 
respeitar os limites da ordem pública; 
 
 Boa-fé: No Código Civil, adotamos a boa-fé objetiva. As partes devem agir de forma 
leal, se submetendo ao padrão ideal de conduta. Se um contrato leva a diferentes 
conclusões, deve-se considerar aquela pautada na boa-fé objetiva. A boa-fé gera 
deveres anexos (acessórios) ao contrato: transparência, proteção à legítima 
expectativa despertada na prática contrária, não ocorrer em comportamento 
contraditório, entre outros; 
 
 Força obrigatória da convenção arbitral: Se as partes contratam, as partes estão 
obrigadas a cumprir. No caso do inadimplemento, há sanções e processos incidentes; 
 
 Relatividade dos efeitos da convenção arbitral: O contrato obriga apenas as partes e 
não terceiros; 
 
 Intangibilidade do conteúdo da convenção arbitral: Não pode ser modificado; 
 
 Princípios processuais: 
 
 Devido processo legal: ampla defesa, contraditório; 
 Fundamentação (combate à arbitrariedade); 
 Celeridade (alguns sustentam se tratar de um postulado e não, princípio); 
 Igualdade das partes (paridade de armas – Caso Paranapanema/TJSP); 
 Imparcialidade e independência do árbitro (mesmo que tenha sido escolhido 
por uma das partes); 
 Livre convencimento motivado; 
 Competência-competência; 
 
 
 
AULA 06 – CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
 
1. Introdução: 
As partes precisam celebrar uma convenção de arbitragem, ou seja, firmar um negócio 
jurídico mediante o qual pactuaram que certos litígios seriam solucionados pela via da 
arbitragem. 
48 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
A convenção de arbitragem trata-se de um negócio jurídico livremente pactuado no qual as 
partes resolvem arbitrar. 
Os negócios jurídicos podem ser unilaterais ou bilaterais. A convenção de arbitragem é um 
negócio jurídico bilateral (envolve dois ou mais sujeitos), em virtude da inexistência de um 
conflito jurídico do indivíduo para consigo mesmo. 
Na convenção de arbitragem, tem-se vontades em sentidos paralelos. As partes não estão 
em sentidos opostos, pois ambas querem a mesma coisa: resolver o litígio por meio de 
arbitragem (contrato plurilateral, para Túlio Ascarelli). 
NEGÓCIO JURÍDICO  NEGÓCIO JURÍDICO BIALTERAL  CONTRATO  CONTRATO 
PLURILATERAL 
 
2. Espécies: 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA COMPROMISSO ARBITRAL 
Natureza ex ante: Firmada antes de 
qualquer litígio entre as partes. Ex: A e B, 
cônjuges, de antemão, prevendo um futuro 
conflito, impõe que este, se acontecerá, 
deverá ser solucionado através de 
arbitragem. 
 
Objeto determinável: O objeto (disputa) 
pode vir a se concretizar ou não. 
 
Origem extrajudicial: Ela é feita 
extrajudicialmente, fora do conflito judicial e 
não em sua duração. 
 
 
Natureza ex post: Firmado quando já existe 
um conflito entre as partes (posteriormente 
ao aparecimento da controvérsia). Ex: A e B 
são vizinhos e dizem ser donos da 
propriedade às margens do rio que corta o 
terreno. A e B decidem celebrar um 
compromisso arbitral e, assim, constituir 
uma arbitragem para compor a LIDE. 
 
Objeto determinado: Se refere a uma 
disputa concretizada e, portanto, específica. 
 
Origem extrajudicial ou judicial: Firmada, em 
regra, durante o conflito judicial. 
 
Questões sociológicas e psicológicas contribuem para que, na prática, o número de cláusulas 
compromissórias seja maior. É mais fácil de se chegar a um consenso em um momento 
harmônico em comparação a um momento conflituoso. 
 
3. Efeitos da convenção de arbitragem: 
49 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
EFEITO POSITIVO EFEITO NEGATIVO 
Se submete ao princípio da força 
obrigatória. Uma celebrada a convenção de 
arbitragem, as partes estão obrigadas a 
arbitrar. 
 
Em suma, a convenção de arbitragem, uma 
vez celebrada, é obrigatória e apresenta 
tutela específica. 
Extinção do processo judicial sem resolução 
do mérito (CPC/73, art. 267, IX; CPC/15, art. 
485, VII). 
 
Ex: A deixou de entregar a B a safra que lhe 
vendeu. A e B firmaram uma cláusula 
arbitral. B deveria começar uma arbitragem. 
B, mal aconselhada pelo seu advogado, 
ajuíza uma ação perante o Poder Judiciário 
mesmo firmando uma cláusula de 
arbitragem. O juiz vai mandar citar A e A, em 
sua defesa, poderá alegar que existe uma 
cláusula compromissória. O juiz, daí, 
extingue o processo ajuizado por B sem a 
resolução do mérito (não houve a 
composição da LIDE). 
 
Em suma, na presença de uma cláusula 
compromissória, a parte não deve ajuizar 
uma ação perante o Judiciário e, caso fizer, 
este deverá ser extinto. 
 
4. Autonomia da cláusula compromissória: 
Autonomia x acessoriedade: O acessório segue o principal (princípio da gravitação). A 
cláusula de arbitragem é autônoma e, portanto, não é contaminada por eventuais defeitos 
externos (como um contrato de compra e venda, por exemplo). 
 Validade da cláusula compromissória x validade do negócio jurídico a que se refere 
(art. 8º - LA); 
 Eficácia da cláusula compromissória x eficácia do negócio jurídico a que se refere 
(art. 8º - LA); 
A cláusula compromissóriaé autônoma em relação ao negócio jurídico que ela se refere. A 
inexistência, invalidade ou ineficácia deste negócio jurídico não contamina a cláusula 
compromissória, de modo que a análise desses três planos deve ser feita separadamente. 
Art. 8º - LA: A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver 
inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da 
cláusula compromissória. 
50 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as 
questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato 
que contenha a cláusula compromissória. 
 
5. Espécies de cláusula compromissória: 
Cláusula compromissória direta x escalonada: 
 Cláusula compromissória direta: Não há escalonamento (direto para arbitragem). 
 Cláusula compromissória escalonada: Há um escalonamento (negociação  
mediação  arbitragem, por exemplo). Se falhar a negociação, tentar-se-á a 
mediação e, posteriormente, tentar-se-á a arbitragem (combinação de métodos 
autocompositivo e heterocompositivo). 
 
Controvérsia sobre os efeitos do escalonamento: 
 Alguns entendem que o escalonamento apresenta tutela específica (se foi direto ao 
ponto arbitral, sem respeitar o escalonamento, o processo deve ser extinto). Outros 
entendem que o escalonamento não deve ser um empecilho ao acesso à justiça. Para 
Gabriel Seijo, o correto seria a suspensão do processo arbitral, para se tentar a 
tentativa de autocomposição e, caso essa não funcione, retoma-se a arbitragem. 
 
Cláusula compromissória cheia x vazia x patológica: 
 Cláusula compromissória cheia: Presença de todos os elementos para instaurar a 
arbitragem (sem a necessidade de intervenção do Judiciário ou colaboração das 
partes); 
Art. 19 – LA: Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se 
for único, ou por todos, se forem vários. 
Há três técnicas para obter uma cláusula compromissória cheia: 
 Adotar a arbitragem institucional (presença de uma câmara arbitral – mais utilizada): 
Se houver qualquer problema na investidura dos árbitros, a câmara arbitral entrará 
em cena. Se o regulamento for omisso, ter-se-á um problema; 
51 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Escolher uma autoridade nomeadora: Ter-se-á problema caso a autoridade não 
aceite e nem seja obrigada a tal. Por exemplo: um contrato prevê que a indicação do 
árbitro será feita pelo presidente da OAB-SP, todavia, este não é obrigado por lei 
para tal, podendo recusar e, portanto, a questão chegará ao Judiciário. Se houver 
recusa, ter-se-á revelia (o processo continua). 
O conceito de revelia foi forjado e é conhecido da doutrina geral do processo civil 
determinando que a ausência de uma das partes não impede o julgamento da questão e que 
tem como efeito a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte requerente 
 
 Nomear um árbitro na própria cláusula: Ter-se-á problema se um árbitro estiver 
doente, morrer ou não quiser. Ex: Uma cláusula compromissória impõe que uma 
disputa seja solucionada pelo árbitro Fredie Didier; 
A cláusula compromissória cheia é negócio jurídico definitivo, sendo desnecessária, nesse 
viés, uma nova declaração de vontade. 
Art. 7º - LA: Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da 
arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer 
em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. 
 
 Cláusula compromissória vazia: 
Cláusula compromissória vazia é aquela que não contém os elementos necessários para a 
instauração da arbitragem, responsáveis por afastar a atuação do Judiciário e o consenso 
entre as partes. 
É uma cláusula que não prevê arbitragem institucional ou não concede poder aos árbitros ou 
não nomeia árbitros (há lacunas). 
 
Colmatação da lacuna: 
 Colmatação por declaração de vontade das partes: 
 Celebração de aditivo à cláusula compromissória; 
52 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Celebração de compromisso arbitral; 
 Colmatação por decisão judicial (art. 7º - LA): 
 Tutela específica da cláusula compromissória; 
 Estabelecimento de compromisso arbitral em juízo (sentença com os mesmos 
efeitos do compromisso arbitral); 
 
(Fluxograma resumido – tutela específica) 
 
Para a próxima aula: Cláusula compromissória patológica. 
 
AULA 07 – A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA PATOLÓGICA E ELEMENTOS DA 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA 
 
1. Observações sobre a avaliação (26/09): 
 
 Cahali e Carmona (autores importantes); 
 Assistir à monitoria; 
 Consultar legislação; 
 
 
53 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
2. A cláusula compromissória patológica: 
É aquela decorrente de uma “doença” ou “patologia”. 
(...) a expressão cláusula arbitral patológica é utilizada para designar aquelas avenças 
inseridas em contrato que submetem eventuais litígios à solução de árbitros mas que, por 
conta de redação incompleta, esdrúxula ou contraditória, não permitem aos litigantes 
a constituição do órgão arbitral, provocando dúvida que leva as partes ao Poder Judiciário 
para a instituição forçada da arbitragem. 
(CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – Um Comentário à Lei nº 9.307/96, 
p.112) 
Ex: Uma cláusula impõe que a Câmara X decidirá o conflito, todavia, tal câmara não existe. 
Ex: Uma cláusula impõe que o árbitro deve torcer pro Vitória-BA e ser bicampeão brasileiro 
(faticamente impossível). 
Ex: Uma cláusula impõe que o árbitro deve ser um chinês, que fala japonês e torce para o 
Galícia. 
 
 Saneamento: 
Interpretação do negócio jurídico (CC, arts. 112 e 113) – Entre essas normas, há a 
possibilidade de se manter o negócio, dando mais atenção a vontade das partes em 
detrimento do que foi realmente expresso. 
Se foi demonstrado que a imposição não é elementar do contrato, ou seja, que pode ser 
afastada, poderá ser mantido o negócio jurídico. Caso contrário, como no caso de uma das 
partes confiar somente naquele juiz específico (chinês, fluente em japonês e torcedor do 
Galícia), essa imposição é elementar do contrato, o qual, dada a impossibilidade de se 
encontrar tal árbitro, será declarado nulo. 
Art. 112 – CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
 
A impossibilidade de saneamento, conforme já citado, invalida a cláusula compromissória 
(art. 166, II, CC). Toda cláusula será nula ou apenas um item? 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96
54 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Se tal disposição for indispensável, tal qual sem ela as partes manifestariam sua 
vontade de forma distinta da manifestada; 
 
 Caso seja possível sanar, ou seja, as partes manifestariam a mesma vontade sem 
aquela cláusula, nem toda a cláusula será considerada nula, mas apenas alguns itens; 
Art. 166 – CC: É nulo o negócio jurídico quando: 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
 
3. A cláusula compromissória a luz da tridimensionalidade: 
Elementos necessários: 
 Sujeitos; 
 Objeto; 
 Forma; 
 
Elementos facultativos: 
 Conveniência da inserção dos elementos facultativos; 
 Designação da instituição arbitral (arbitragem institucional de preferência); 
 Estabelecimento das normas procedimentais; 
 Critério de julgamento: Direito ou equidade? Se for Direito, quais as normas 
escolhidas? 
 Método de indicação dos árbitros: Cada parte escolhe um árbitro, cada parte veta 
dois?... 
 Sede: Onde serão realizadosos atos da arbitragem? Onde será proferida a sentença 
arbitral? Qual a nacionalidade da sentença (vai precisar ou não de homologação do 
STJ)? Qual a lei aplicado ao processo arbitral e à convenção de arbitragem? Qual o 
foro arbitral? 
 Idioma: Idioma é poder. Na arbitragem, há a primazia da autonomia da arbitragem, 
logo, não se aplica aquela norma que afirmar ser a língua portuguesa o idioma oficial 
da República Federativa do Brasil (art. 13, caput, CF/88). Pode ser realizada em 
português, inglês, espanhol, bilíngue...; 
 Prazo: A LA estabelece que a arbitragem será concluída em seis meses e senão o for, 
as partes podem notificar o Tribunal Arbitral para proferir a sentença em dez dias, 
sob pena de nulidade; 
 Confidencialidade: Trata-se de um dos atrativos da arbitragem (visão corroborada 
por Gabriel Seijo), embora não seja expresso na LA. Além disso, possa ser que a 
55 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
publicidade seja necessária em alguns casos (como, por exemplos, aqueles que 
envolvem interesses coletivos); 
 Despesas da arbitragem e honorários dos árbitros (peritos, intérpretes, 
estenotipistas, court reporter, filmador da audiência e demais profissionais). 
Geralmente, as partes adiantam uma parte do valor desde o início; 
 Honorários advocatícios, incluindo os honorários de sucumbência: 
 
 Sistema de sucumbência: No Código de Processo Civil, o qual não se aplica à 
arbitragem, é previsto que o vencido será condenado a pagar um valor ao 
advogado do vencedor (valor que pode ser muito alto). No caso de 
sucumbência recíproca (um ganhou 40% e o outro, 60%, ambos deverão 
pagar os honorários advocatícios proporcionais à parcela de prejuízo – não 
há, portanto, compensação de honorários advocatícios). Tal sistema é 
criticado veementemente por Gabriel Seijo; 
 
 Sistema do reembolso dos honorários contratuais: Há a recomposição do 
patrimônio do vencedor. Se A, na disputa com B, teve que contratar um 
advogado por cem mil reais e venceu. B deverá pagar cem mil reais a A. 
 
As partes devem acordar o sistema. No silêncio, prevalece o que estiver no regulamento. No 
caso de omissão do regulamento, prevalece o sistema do reembolso dos honorários 
contratuais (art. 27, LIA). 
Art. 27 – LIA: A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das 
custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-
fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver. 
 
 Consolidação de processos arbitrais; 
 Foro: Circunscrição onde determinado juízo exerce sua competência, no caso, o 
árbitro; 
 
AULA 08 – VALIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E ALCANCE DA 
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
 
1. Validade: 
 
56 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Capacidade (art. 1º); 
 Arbitrabilidade subjetiva; 
Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir 
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
 
2. Objeto: 
 
 Lícito: Não se pode ter uma cláusula compromissória para resolver conflitos sobre o 
tráfico de entorpecentes. 
 Possível; 
 Determinado ou determinável: Se pode ter arbitragem para eventos certos ou 
eventos futuros, desde que as partes façam um acordo sobre uma relação jurídica 
definida. A e B não podem, por exemplo, firmar em um contrato que “todo conflito 
que tivermos será resolvido por arbitragem” (objeto indeterminado). É necessário 
realizar um recorte mais específico: “todo conflito que tivermos sobre a fazenda será 
resolvido por arbitragem”. 
 Arbitrabilidade objetiva (art. 1º): Apenas os conflitos relacionados a direitos 
patrimoniais disponíveis serão arbitrados. 
 Forma: A lei exige forma específica (exceção à liberdade da forma) para negócios 
mais relevantes. A comissão de arbitragem deve ser gravada por escrito (LA, art. 4º, 
§ 1º; CNY, art. 2º, II); 
 
 Previsão no instrumento contratual; 
 Previsão em instrumento apartado; 
 Previsão em correspondências; 
Artigo II 
1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo escrito pelo qual as partes se 
comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou que 
possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico definido, seja 
ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem. 
2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral inserida em contrato ou acordo 
de arbitragem, firmado pelas partes ou contido em troca de cartas ou telegramas.” 
A sociedade evolui e a norma precisa evoluir junto com a sociedade. É anacrônico mencionar 
“cartas” e “telegramas”. 
 
 Cláusula compromissória em contrato de adesão (art. 4º, § 2º - LA): 
57 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Aquela que, em virtude de questões econômicas, não há a possibilidade de discussão. Por 
exemplo, quando alguém vai pegar um empréstimo no banco, geralmente o contrato é 
muito vantajoso para o banco e à parte só resta aceitar. 
Concordância expressa do aderente em documento anexo ou em negrito, com assinatura ou 
visto específicos. Gabriel Seijo considera essas imposições insuficientes para a comprovação 
da manifestação da vontade. 
 
3. Alcance da convenção de arbitragem: 
Quando A e B firmam uma convenção de arbitragem, não estão apenas abrindo mão de um 
direito. Essa renúncia vai além: substituição da jurisdição estatal pela jurisdição privada. 
Logo, não precisa ser interpretada, necessariamente, de forma restritiva ou ampliativa. 
Sendo a convenção de arbitragem um negócio jurídico, devemos interpretá-la a luz dos 
cânones do negócio jurídico (arts. 112 e 113 – CC). 
Art. 112 – CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
Prioriza-se, destarte, a manifestação da vontade das partes à vontade literal, levando-se em 
consideração, também, a boa-fé objetiva, os usos e os costumes (“práticas de mercado”). 
Preza-se pelo princípio da segurança jurídica (previsibilidade). 
 
 Alcance subjetivo da convenção de arbitragem: 
 Sucessores a título inter vivos: Substituição de uma pessoa por outra em certa 
relação jurídica; 
 Sucessores a título causa mortis: Quando alguém morre, os seus herdeiros se tornam 
donos do patrimônio do falecido. Supondo que A tenha vendido uma empresa e 
colocado uma cláusula compromissória. A morreu. Seus herdeiros estarão sujeitos à 
referida cláusula compromissória; 
 
Signatários e não signatários – consentimento expresso (declarado) e tácito (não se declara 
por palavras, mas é inferido por condutas): 
58 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Para a cláusula compromissória, no que tange aos não signatários, estes podem se tornar 
parte da convenção de arbitragem mediante consentimento tácito (para além do expresso). 
 No exterior: 
 Leading case: Caso Dow Chemichal (ICC 4131); 
 Evolução (ICC 4972, 6519) – controladora; 5730, 5721 – subsidiária); 
 
 No Brasil: 
 Caso Trelleborg (TJSP); 
 
 
Apesar de não terem assinado, os suecos aceitaram tacitamente por meio de condutas 
reiteradas na negociação. 
 
59 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Caso Continental (STJ): consentimento expresso e tácito – superou a 
jurisprudência do STJ. 
 
Um estrangeiro enviou um contrato por e-mail para um brasileiro. O brasileiro não assinou, 
mas cumpriu o contrato. O STJ considerou que consentimento tácito era inválido e que o 
ordenamento jurídico brasileiro exigia o consentimento expresso. 
O precedente anterior foi superado pelo Caso Continental do STF, o qual teve como relator o 
Min. Marco Aurélio. Passou-se a admitir, doravante, o consentimento tácito da cláusula 
compromissória. 
 
 
Próxima aula: Slide 10. 
 
AULA

Continue navegando