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SISTEMA DE ENSINO DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Livro Eletrônico http://www.grancursosonline.com.br ARAGONÊ FERNANDES Atualmente, atua como Juiz de Direito do TJDFT. Contudo, em seu qualificado percurso profissio- nal, já se dedicou a ser Promotor de Justiça do MPDFT; Assessor de Ministros do STJ; Analista do STF; além de ter sido aprovado em vários concursos públicos. Leciona Direito Constitucio- nal em variados cursos preparatórios para con- cursos. ARAGONÊ FERNANDES Atualmente, atua como Juiz de Direito do TJDFT. Contudo, em seu qualificado percurso profissio- nal, já se dedicou a ser Promotor de Justiça do MPDFT; Assessor de Ministros do STJ; Analista do STF; além de ter sido aprovado em vários concursos públicos. Leciona Direito Constitucio- nal em variados cursos preparatórios para con- cursos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO Poder Judiciário .........................................................................................5 Apresentação da Metodologia .......................................................................5 1. Disposições Gerais – Artigos 92 a 100 .......................................................5 1.1. Órgãos do Poder Judiciário ....................................................................6 1.2. Ingresso na Carreira da Magistratura ......................................................9 1.3. Promoção na Carreira .........................................................................11 1.4. Hipóteses de Perda do Cargo ...............................................................12 1.5. Das Sessões Administrativas................................................................15 1.6. Possibilidade de Criação de Órgão Especial ............................................15 1.7. Cláusula de Reserva de Plenário ...........................................................16 1.8. Fim das Férias Coletivas ......................................................................19 1.9. Regra do Quinto Constitucional ............................................................19 1.10. Garantias dos Magistrados .................................................................21 1.11. Proibições dos Magistrados ................................................................24 1.12. Julgamento de Juízes e de Membros do Ministério Público ......................26 1.13. Autonomia Administrativa, Financeira e Orçamentária dos Tribunais ........27 1.14. Juizados Especiais ............................................................................29 1.15. Precatórios ......................................................................................33 2. Dos Tribunais – Composição e Competências – Artigos 101 a 126 ................38 2.1. Supremo Tribunal Federal ....................................................................40 2.2. Conselho Nacional de Justiça ...............................................................66 2.3. Superior Tribunal de Justiça .................................................................73 2.4. Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais ........................................96 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 2.5. Tribunais e Juízes do Trabalho ............................................................ 109 2.6. Tribunais e Juízes Eleitorais ............................................................... 121 2.7. Tribunais e Juízes Militares ................................................................ 126 2.8. Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal .............................. 130 3. Tópico Especial: Súmulas Aplicáveis à Aula ............................................. 137 Questões de Concurso - FCC .................................................................... 142 Gabarito - FCC ....................................................................................... 187 Gabarito Comentado - FCC ...................................................................... 190 Questões de Concurso - IBFC ................................................................... 285 Gabarito - IBFC ...................................................................................... 292 Gabarito Comentado - IBFC ..................................................................... 293 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br PODER JUDICIÁRIO Apresentação da Metodologia Caro(a) aluno(a), O capítulo destinado ao Poder Judiciário é frequentemente cobrado nas provas de concurso. Diferentemente do que você possa imaginar, questões relacionadas ao Judiciário caem também em certames de outras áreas e Poderes. É o caso, por exemplo, de concursos nas carreiras policiais, do Executivo, do Ministério Público e do Legislativo. O ponto-chave aqui é mesclar a leitura da Constituição com a interpretação dada pelo STF e pelo STJ. A doutrina, neste ponto, não é tão importante. As disposições gerais – artigos 92 a 100 – são exaustivamente cobradas nas provas. Logo, fazer questões das provas anteriores será de fundamental importân- cia para assimilação do conteúdo. Tem mais: a competência dos Tribunais, para muitos, é um verdadeiro tormen- to! Vou tentar tornar as coisas mais simples, decodificando o juridiquês. Mãos à obra! 1. Disposições Gerais – Artigos 92 a 100 Eu já avisei aí em cima e aproveito para reafirmar: as disposições gerais são exaustivamente cobradas nas provas. Você vai ver que várias vezes eu farei menção à EC n. 45/2004, responsável pela ‘Reforma do Poder Judiciário’. A bem da verdade, ela (a EC n. 45) tratou também de outros pontos, mas é no Judiciário e nas funções essenciais à Justiça que ela promoveu modificações mais consistentes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br E tem mais: eu diria que ela é a “Reforma do Judiciário – Parte I”, pois contem- plou apenas os assuntos acerca dos quais houve consenso. Ficaram de fora outros pontos, mas isso não nos interessa, ao menos por ora... 1.1. Órgãos do Poder Judiciário Logo aqui começam várias indagações. Então, a melhor coisa a fazer é transcre- ver o artigo 92, para depois pontuar as observações que eu entendo necessárias. Avançando, o artigo 92 da Constituição diz que o Judiciário é composto pelos seguintes órgãos: I – o Supremo Tribunal Federal - STF; I – A - o Conselho Nacional de Justiça – CNJ (EC 45/04); II – o Superior Tribunal de Justiça - STJ; II – A - o Tribunal Superior do Trabalho – TST (EC 92/16); III – osTribunais Regionais Federais (TRF) e os Juízes Federais; IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; V – os Tribunais (TSE e TRE) e Juízes Eleitorais; VI – os Tribunais e Juízes Militares (STM) e auditorias militares; VII – os Tribunais (TJ) e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. A primeira coisa a destacar é que o CNJ, como você viu, está inserido como órgão do Poder Judiciário. E qual a importância dessa constatação? Ora, há inúmeras questões de prova indicando que o CNJ faria o controle ex- terno do Judiciário. Você, no entanto, tem que lembrar que o controle feito pelo CNJ é interno (STF, ADI n. 3.395). Há mais: a EC n. 92/2016 inseriu o inciso II-A, deixando clara a presença do TST entre os órgãos. Antes dessa inovação, havia apenas o registro da expressão “Tribunais e Juízes do Trabalho”. A novidade, sem dúvida, aparecerá nas próximas provas! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Mas o mais importante vem de algo que não está no artigo 92: as turmas re- cursais! Objeto de cobrança em diversas provas, objetivas e subjetivas (eu mesmo já fiz concurso em que o tema foi cobrado – Juiz do TJPB): o STF entendeu que as Turmas Recursais não são órgãos do Poder Judiciário. Na mesma linha, o acesso a elas não caracteriza promoção, e sim, mera desig- nação. Consequentemente, não é necessária a observância dos critérios de anti- guidade e merecimento (RE n. 590.409/RJ). Em consequência, não haverá vagas para os membros do MP e da OAB (quinto constitucional). Avançando, diz o texto constitucional que o STF e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. Já o CNJ, criado pela EC n. 45/2004, embora tenha sede na Capital Federal, não possui ju- risdição – ele não tem competências jurisdicionais. A Justiça desportiva (STJD e TJD), o Tribunal Marítimo, os Tribunais de Contas e os Tribunais Arbitrais não são integrantes do Poder Judiciário. Eles são tribunais administrativos. Foi também a EC n. 45/2004 a responsável pela extinção dos Tribunais de Al- çada – TA, que pertenciam à estrutura do Poder Judiciário estadual (ficavam po- sicionados um pouco abaixo dos TJs). Os membros que integravam os TAs foram transformados em Desembargadores de Tribunais de Justiça. Falando nisso, entendo ser importante fazer uma observação, pois muita gente confunde e outros não sabem, mas ficam com vergonha de perguntar: os membros do Poder Judiciário de 1ª instância (1º grau) são chamados de juízes; aqueles que atuam na 2ª instância (2º grau) recebem o nome de Desembargador; os que tra- balham nos Tribunais Superiores e no STF são denominados Ministros. Embora haja essa diferenciação na nomenclatura, todos podem ser chamados de Magistrados. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Outra informação importante, especialmente para as provas objetivas: o STF entende que o princípio do duplo grau de jurisdição não está previsto nem explícita nem implicitamente na CF/1988. Ele existiria na legislação supralegal (Pacto de São José da Costa Rica), e não na Constituição (STF, AI n. 513.044). De outro lado, não haveria afronta ao princípio do juízo natural no fato de os órgãos fracionários dos Tribunais (turmas, câmaras ou seções) serem compostos majoritariamente por juízes de primeiro grau, convocados (STF, RE n. 597.133). Lembramos, por fim, que não existe Poder Judiciário, Ministério Público ou mesmo Defensoria Pública na esfera municipal. Veja abaixo o organograma do Judiciário: Organograma do Poder Judiciário STF CNJ STM TSE TST STJ TM*1 TRE TRT TRF TJ*2 Auditorias militares Juízes e juntas eleitorais Juízes do trabalho Turma recursal de juizados especiais federais*3 Juízes federais Juízes estaduais Turma recur- sal de juizados especiais*3 Juizados especiais federais Juizados especiais *1: só haverá em tempos de guerra. *2: nos estados em que o efetivo de militares (PM e Bombeiros) superar 20.000 integrantes, pode ser criado um TJM (Tribunal de Justiça Militar). Caso ele não exista, esses militares são julgados no TJ. *3: em regra, decisão proferida por Turma Recursal de Juizados Especiais é definitiva. Exceções: a) se houver violação à CF, pode ser interposto recurso extraordinário (RE) para o STF; b) pode ser impe- trado habeas corpus (HC) e mandado de segurança (MS), apontando-se como autoridade coatora a Turma Recursal. Nesse caso, o julgamento será feito pelo respectivo TJ ou TRF (antes também ia direto para STF); c) a decisão de Turma Recursal não pode ser questionada por meio de recurso especial no STJ (STJ, Súmula n. 203), mas há outros meios de impugnação, que serão detalhados à frente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.2. Ingresso na Carreira da Magistratura Há previsão de que lei complementar, de iniciativa do STF, disporá sobre o Estatuto da Magistratura. Essa lei ainda não foi editada. Em razão disso, continuam sendo observadas as regras contidas na Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC n. 35/1979) naquilo que não contrariarem o atual texto constitucional. O cargo inicial para ingresso na carreira da Magistratura é o de juiz substitu- to. O candidato deve se submeter a concurso público de provas e títulos, sendo obrigatória a participação da OAB em todas as fases da disputa. Uma inovação trazida pela EC n. 45/2004 é a chamada quarentena de entra- da. De acordo com essa regra, exige-se do bacharel em Direito no mínimo três anos de atividade jurídica. O dispositivo surgiu com o claro intuito de que o fu- turo julgador tenha mais experiência, dada a relevância das funções que exercerá. Para regulamentar o conceito ‘atividade jurídica’, o CNJ editou a Resolução n. 75/2009. Nela são previstas diversas hipóteses de contagem do prazo de três anos. Destaco que não há a obrigatoriedade de o candidato exercer a advocacia, sendo esta apenas uma das diversas hipóteses. Eu, por exemplo, usei tanto no concurso de Promotor de Justiça quanto no de Juiz o período em que fui Analista Judiciário do STF e Assessor de Ministro do STJ – eu também passei para Defensor Público, mas na época (2011) não havia a exigência para Defensor, o que aconteceu apenas com a EC n. 80/2014. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Em decisão recorrentemente cobrada nas provas, o STF entendeu que a contagem do prazo de três anos se inicia com a conclusão do curso, enão com a colação de grau. Ainda sobre o tema, há uma decisão importantíssima (para as provas e para a vida!): “a comprovação de atividade jurídica pode considerar o tempo de exercício em cargo não privativo de bacharel em Direito, desde que ausentes dúvidas acerca da natureza eminentemente jurídica das funções de- sempenhadas” (STF, MS n. 28.226). Assim, nada impede que o(a) candidato(a) que trabalha como técni- co(a) judiciário(a) (nível médio) de um Tribunal ou técnico(a) adminis- trativo(a) no Ministério Público se candidate ao concurso da Magistra- tura (ou MP ou Defensoria), quando comprovar que desempenhava a chamada atividade-fim. Outra coisa: em regra, os requisitos do cargo público devem ser comprova- dos no ato da posse. No entanto, para a Magistratura, a comprovação deve ser feita na inscrição definitiva (STF, RE n. 655.265). Para que não haja dúvidas, deixe-me explicar aqui a “maratona” que é um concurso desse porte: primeiro, o candidato faz a inscrição preliminar. Depois, submete-se a provas objetivas, subjetivas e de sentença. Após a sentença (e antes da prova oral), é hora da inscrição definitiva, oportunidade de compro- vação também dos três anos de atividade jurídica. Finalizando, acontecem as provas orais e de títulos, esta é de caráter meramente classificatório. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.3. Promoção na Carreira A promoção acontece de entrância para entrância, e da primeira para a se- gunda instância, sempre de maneira alternada, por antiguidade e merecimento, observadas as regras constantes na seguinte ilustração: Promoção por merecimento 1 se juiz estiver na lista por três vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas, será obrigatoriamente promovido; 2 juiz tem de ter no mínimo dois anos na entrância e deve integrar a quinta parte entre os mais antigos, salvo se os que preenchem os requisitos não quiserem (Ex.: se Tribunal tem 100 juízes, candidato deve ser um dos 20 mais antigos); 3 para aferir (medir) merecimento, devem ser utilizados critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição + frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; Promoção por antiguidade 1 o Tribunal só pode recusar o juiz + antigo pelo voto fundamentado de 2/3 dos membros, assegurada ampla defesa. Se o juiz retiver, injustificadamente, os autos que estão em seu poder além do prazo legal, não será promovido, nem por antiguidade nem por merecimento. Um esclarecimento: entrância é divisão existente nas leis de organização judi- ciária. Em alguns estados, há comarcas de primeira, segunda e terceira entrância (ou até entrância especial). A primeira contemplaria as Comarcas menores e a úl- tima estaria situada nos grandes centros. Parte-se da premissa de que as causas mais complexas estão nos grandes centros. Então, a lógica seria colocar os juízes iniciantes na primeira entrância, enquanto os mais tarimbados ficariam nas demais. A mudança de uma entrância para outra é uma espécie de promoção, que ocorre na horizontal. O mais importante é lembrar que o Magistrado que atua em qualquer uma dessas entrâncias ainda será um juiz de 1º grau (1ª ins- tância). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Nesse contexto, o Magistrado só passará ao cargo de Desembargador quando for promovido da 1ª para a 2ª instância. Em data recente, o STF entendeu que, na promoção por antiguidade, o quó- rum de 2/3 (dois terços) deve considerar as cadeiras preenchidas e aque- les em condições legais de votar, e não o número de cargos de Desembargador. Em outras palavras, se o TJ conta com 40 cargos de Desembargador, mas 10 deles estão afastados pelo CNJ, os 2/3 serão computados sobre o número 30 (STF, MS n. 31.361). Por fim, como falei anteriormente, o ato de composição das turmas recur- sais não caracteriza promoção de magistrado para outra entrância ou mesmo de remoção, porém de mera designação para integrar órgão de primeiro grau, não se impondo, portanto, a observância dos critérios de merecimento ou antiguidade (STF, MS n. 28.254). 1.4. Hipóteses de Perda do Cargo O texto constitucional faz a seguinte diferenciação, levando em conta o fato de o Magistrado possuir – ou não – a vitaliciedade: HIPÓTESES DE PERDA DO CARGO ANTES do vitaliciamento APÓS o vitaliciamento A perda do cargo pode ocorrer em duas hipóteses: a deliberação do Tribunal a que o juiz está vinculado; b sentença judicial transitada em julgado. A perda do cargo fica restrita à sentença judicial transitada em julgado*. Há, ainda, outra hipótese de perda do cargo pouco lembrada pela doutrina, mas que já foi cobrada, por exemplo, na prova de Juiz Federal da 2ª Região (RJ e ES), elaborada pelo CESPE. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Com efeito, quando estudamos as competências do Senado Federal – art. 52 da CF/1988 –, vimos competir àquela Casa processar e julgar, nos crimes de respon- sabilidade, os Ministros do STF e os membros do CNJ e do CNMP, além de outras autoridades. Levando em conta que uma das consequências possíveis da condenação por cri- me de responsabilidade é a perda do cargo, salientamos que os Ministros do STF e os membros do Judiciário que estejam integrando os conselhos acima referidos também poderão perder o cargo por decisão do Senado Federal. Mas, aproveitando que falei das hipóteses de perda do cargo de Magistrado, não há como deixar de falar nos casos de perda do cargo do servidor estável. Mais do que isso, veja o quadro que preparei para você com as diferenças cen- trais entre estabilidade e vitaliciedade: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br PARÂMETRO ESTÁVEL VITALÍCIO Período necessário para aquisição Três anos de efetivo exercício Dois anos de efetivo exercício para quem ingressa na 1ª instância, por meio de con- curso. Obs.: os membros que entram direta- mente nos Tribunais são vitalícios desde a posse. Hipóteses de perda do cargo I – sentença condenatória transi- tada em julgado; II – mediante processo adminis- trativo, em que lhe seja assegu- rada ampla defesa; III – mediante avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa; IV – se for ultrapassado limite de gastos com pessoal (artigo 169, § 4º, da Constituição). Em regra, apenas sentença condenatória transitada em julgado. Obs.: Ministros do STF, PGR,membros do CNJ e do CNMP também podem perder o cargo por decisão do Senado Federal, no Crime de Responsabilidade (artigo 52, I, da Constituição). Manutenção das prerrogativas do cargo após a apo- sentadoria Não. Sim. Contudo, o foro especial cessa com a aposentadoria. Assim, mesmo Desembargadores e Ministros dos Tribu- nais Superiores serão processados na 1ª instância após a aposentadoria. A quem se aplica A todos os servidores efetivos, aos Membros da Defensoria Pública e da Advocacia Pública. Aos Membros do Judiciário, do Ministé- rio Público e dos Tribunais de Contas. O STF decidiu ser inconstitucional lei estadual que preveja a exoneração de servidor em estágio probatório pelo simples fato de ele participar de movimento grevista. Na ocasião, entendeu-se que a norma previa indevida diferenciação entre estáveis e não estáveis (STF, ADI n. 3.235). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.5. Das Sessões Administrativas As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão públi- ca, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros. Antes da EC n. 45/2004, as decisões administrativas eram reservadas (fechadas). 1.6. Possibilidade de Criação de Órgão Especial O inciso XI, do artigo 93, da Constituição, diz que, se o Tribunal tiver mais de 25 membros, poderá ser criado órgão especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros. Esse órgão especial terá competência para o exercício das atribuições adminis- trativas e jurisdicionais delegadas pelo Tribunal Pleno. Para entender a necessidade de criação do órgão especial (que pode ter vários nomes, como Corte Especial ou Conselho Especial), basta pensar no funcionamento do TJSP, Tribunal que conta atualmente com quase 400 Desembargadores. É nota- damente mais fácil reunir 25 do que 400 desses Magistrados. A composição do órgão deverá contar com metade das vagas preenchida pelo critério da antiguidade, enquanto a outra metade será por eleição do Tribunal Pleno. Vale destacar que caberá ao Plenário do Tribunal definir quais são as atribuições que delega ao Órgão Especial (STF, MS n. 26.411). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.7. Cláusula de Reserva de Plenário Eu diria que a cláusula de reserva de plenário é, ao mesmo tempo, importantís- sima para quem se prepara para concursos públicos e pouco compreendida pelos candidatos! Prevista no art. 97, da Constituição, é também chamada full bench (banco cheio). Embora um Juiz de primeira instância possa, isoladamente, declarar a inconstitucionalidade de uma norma (controle difuso), nos Tribunais a regra é diferente. Isto porque se prevê que, somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros (Plenário) ou dos membros do órgão especial, poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo Poder Público. Vale lembrar que, em matéria de controle de constitucionalidade, o ordena- mento brasileiro adota um sistema misto, abrangendo o controle difuso – de origem norte-americana – e o controle concentrado, sistema adotado na Europa. O controle difuso de constitucionalidade pode ser feito por qualquer juiz ou Tribunal do país, enquanto o controle concentrado é realizado apenas pelo STF (guardião da Constituição Federal) e pelo TJ (guardião da Constituição Estadual). Quando o controle difuso é feito por um Tribunal – ex.: STJ, TJDFT, TST –, in- cidirá a regra segundo a qual a norma somente será declarada inconstitucional se houver decisão nesse sentido de maioria absoluta dos membros do Tribunal ou de seu órgão especial – como visto acima, este substitui o Plenário do Tribunal. Pensando no STJ para ilustrar, a inconstitucionalidade não poderá ser declarada por um Ministro, pela Turma ou por uma Seção, ficando reservada à Corte Especial, uma vez que lá há o órgão especial. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br A razão da existência da referida cláusula é a seguinte: é certo que uma decisão proferida por um Juiz de determinada Comarca é importante. No entanto, muito mais importante é uma decisão proferida por um Tribunal da envergadura do STJ, pois, nesse último caso, todos os Tribunais inferiores indicarão o julgamento a título de orientação e exemplo. Vale dizer, as decisões dos Tribunais são mais importantes e, por isso, não podem ser tomadas monocraticamente ou por um pequeno número de julgadores (órgão fracionário). Esse tema, de difícil compreensão por grande parte dos estudantes, tem direta relação com a Súmula Vinculante n. 10, que tem esta redação: viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Qual a razão de ser da SV n. 10? É o seguinte: muitas vezes, para fugir da exigência de submeter a questão re- lativa à inconstitucionalidade ao Plenário – ou órgão especial –, os órgãos fracioná- rios dos Tribunais (turmas, câmaras ou seções) dão ‘um jeitinho’: em vez de dizer que a norma é inconstitucional, eles deixam de aplicá-la. No final das contas, só deixaram de aplicá-la por entender que era inconstitucional... Por fim, cabe alertar que somente será necessário submeter a questão ao Ple- nário – ou ao órgão especial – quando se entender que a norma é inconstitucional, pois todas as normas nascem com presunção (relativa) de constitucionalidade. Ou seja, para se afirmar a constitucionalidade da norma, não há necessidade de uma Turma mandar o caso para o Plenário, pois estará confirmando a regra, “chovendo no molhado”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Foi exatamente dentro dessa diferença que trabalhou o examinador de recente concurso para a Magistratura no DF. Na ocasião, perguntou-se a diferença entre a Interpretação Conforme a Constituição e a Declaração de Inconstitucionalidade Parcial sem redução de Texto. Antes mesmo de dar a resposta, vou lembrá-lo de uma dica: todas as vezes que for indagada a diferença entre institutos, você deve encontrar inicial- mente a semelhança. Isto porque as perguntas giram em torno de temas com vários pontos de inter- secção. Exemplificando, não será perguntada a diferença entre caneta e relógio. A pergunta recairia sobre a diferença entre tênis e sapato. Em casos assim, ocandidato res- ponderia: “embora ambos sejam calçados, masculino e feminino (semelhança), o tênis é utilizado para ocasiões mais casuais, enquanto o sapato, para eventos for- mais (diferença).” Pois bem. Voltando à questão feita no concurso do TJDFT, tanto a interpretação conforme à Constituição quanto à declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto são técnicas de manipulação situadas entre os limites constitucionalidade/in- constitucionalidade (elas estariam dentro do grande gênero ‘sentenças intermediá- rias’, na subdivisão ‘decisões transitivas’). Além disso, as duas atuam em palavras plurissignificativas – até aqui, vimos as semelhanças! Avançando sobre a distinção, tem-se que, na interpretação conforme a Cons- tituição, se faz um juízo positivo de constitucionalidade. Em outras palavras, afirma-se a constitucionalidade, o que conduz à desnecessidade de remeter o caso ao Plenário (ou órgão especial, se houver). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Já na declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, o juízo é negativo. Neste caso, como se profere um juízo de inconstitucionalida- de (negativo), será necessária a observância da regra do artigo 97, da CF, ora em estudo. Não há necessidade de observância da cláusula de reserva de plenário por juízes de primeira instância, por Turmas Recursais de Juizados Especiais (embora colegiadas, são compostas por juízes de primeiro grau) e também pelas Turmas do STF (STF, AI n. 607.616). 1.8. Fim das Férias Coletivas A Reforma do Judiciário também extinguiu as férias coletivas nos juízos de 1º e 2º grau, ou seja, na 1ª e na 2ª instância a atividade jurisdicional será ininterrupta. Por outro lado, as férias coletivas não acabaram no âmbito do STF e dos Tribunais Superiores. Nesses órgãos, elas continuam ocorrendo no período de 2 a 31 de janeiro e 2 a 31 de julho. 1.9. Regra do Quinto Constitucional Um quinto (1/5) das vagas dos TRFs, dos TJs (dos Estados e do DF), do TST e dos TRTs será preenchido por membros do Ministério Público e da OAB, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das classes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Caso 1/5 das vagas não resulte em número inteiro, o arredondamento deve ser feito sempre para cima. Exemplificando, no TST, onde se têm 27 Ministros, 1/5 daria o resultado 5,4, que é arredondado para 6 vagas. Depois que o respectivo Tribunal recebe a lista sêxtupla, ele deve fazer uma votação, reduzindo essa lista para tríplice (3 nomes). A partir daí, competirá ao chefe do Poder Executivo escolher um dos listados, no prazo de 20 dias. Lembro que será do Presidente da República a escolha referente aos membros do TST, dos TRTs e dos TRFs, pois esses Tribunais integram o Poder Judiciário da União. De outro lado, tratando-se de Poder Judiciário Estadual (TJ), a escolha ca- berá ao governador. Há, ainda, a peculiar situação do Distrito Federal. Isto porque o TJDFT também é integrante do Poder Judiciário da União. Assim, é do Presidente da República a prerrogativa de escolher o membro que ocupará a cadeira do quinto constitucional no TJDF. Em relação aos membros do Ministério Público, exige-se que eles possuam mais de 10 anos de carreira; quanto aos membros da OAB, além do requisito anterior, também há previsão de que eles possuam notório saber jurídico e reputação ilibada. Ademais, o STF entende que viola o princípio da separação dos Poderes norma de Constituição Estadual que preveja aprovação, pela Assembleia Legislativa, de candidatos do 1/5 constitucional à vaga no TJ (STF, ADI n. 4.150). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br No âmbito do STJ, não há o 1/5 constitucional, mas sim o 1/3, pois há divisão igualitária entre Desembargadores de TJ, Juízes de TRF (Desembargadores Fede- rais) e Membros do MP/OAB. Pergunta: há a possibilidade de o Tribunal recusar a lista sêxtupla encaminhada pelo órgão de classe? Em caso positivo, haveria o dever de fundamentar a recusa? A questão foi tratada no STF diante de impasse envolvendo vaga oriunda da OAB para o STJ. Na ocasião, o Tribunal entendeu pela possibilidade de recusa, e pela desnecessidade de fundamentação quanto a ela (STF, RMS n. 27.920). 1.10. Garantias dos Magistrados Os magistrados possuem basicamente três garantias, que devem ser interpre- tadas não como privilégios, mas como prerrogativas para atuarem sem medo de retaliação de detentores do poder econômico ou político. São elas: 1.10.1. Vitaliciedade É adquirida após dois anos de efetivo exercício, para aqueles que ingres- sam, mediante concurso público, na 1ª instância. Os membros que ingressam diretamente nos Tribunais, seja pelo quinto constitucional, seja por indicação (STF, STJ, TST, TSE etc.), são vitalícios desde a posse. Lembro, ainda, que os conceitos de vitaliciedade e de titularidade não se confundem. Desse modo, pode um juiz titular não ser vitalício, assim como pode um juiz já vitalício ainda ser substituto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Por outro lado, vitaliciedade e estabilidade apresentam algumas distinções, que já trabalhei anteriormente. Para se olhar para apenas uma delas, o prazo para a aquisição da estabilidade é bem maior – 3, e não 2 anos. Fique atento(a), pois os detentores de vitaliciedade (Magistrados, Membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas) mantêm as prerrogativas do cargo após a aposentadoria, mas uma delas – talvez a mais importante para as provas – não é mantida: o foro especial. Então, pedimos sua atenção porque o STF entende que, com a aposentado- ria, acaba o foro por prerrogativa de função. Exemplificando, um Ministro do STJ que estivesse respondendo a ação penal perante o STF, caso se aposente, o processo passará a tramitar na 1ª instância (STF, RE n. 549.560)! 1.10.2. Inamovibilidade Os juízes não podem ser removidos de ofício, salvo se houver motivo de interesse público. A decisão para afastar a inamovibilidade do magistrado será tomada pela maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do CNJ. Fique de olho, pois esse quórum era de 2/3 até a EC n. 45/2004. A questão queridinha das Bancas examinadoras nesse ponto diz respeito a outra peculiaridade: o STF entendeu que a inamovibilidade valeria para os Magis- trados titulares e para os Substitutos. Em relação a estes, a inamovibilidadeestaria na Comarca ou na Circunscrição (STF, MS n. 27.958). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Ilustrando, um Juiz Substituto que esteja lotado na Comarca de Ribeirão Preto/SP poderá substituir os Colegas que estiverem afastados, doentes, em férias etc. Con- tudo, não se pode exigir que ele deixe sua Comarca. Do contrário, ele viveria como artistas circenses, vagando de uma Cidade para outra. 1.10.3. Irredutibilidade de Subsídios Nesse ponto, destaca-se a observância do teto do funcionalismo e o pagamento de tributos. Ademais, com base na tese de que não há direito a regime jurídico, o STF entendeu que Magistrados não poderiam incorporar quintos incorporados em regime jurídico diverso (STF, RE n. 587.381). Para você entender melhor, vou usar meu caso como exemplo: eu era Técnico Judi- ciário (nível médio) e possuía direito a 2/5 (dois quintos) de gratificação em chefia, proporcionais ao período em que a lei ainda permitia a incorporação. Quando virei Analista (nível superior), pude trazer comigo aquele valor incorporado. Contudo, ao mudar de regramento, saindo da Lei n. 8.112/1990 para LC n. 35/1979 (Lei da Magistratura Nacional), deixei de fazer jus à incorporação, perdendo aquela parcela. Ah, importante lembrar que verbas de caráter indenizatório (exemplo, férias pagas em pecúnia) não se submetem ao teto constitucional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.11. Proibições dos Magistrados Se, de um lado, a Constituição assegura um leque de garantias, de outro consa- gra diversas vedações, justificadas pela importante função exercida por tais agen- tes estatais. Veja as principais proibições previstas no art. 95: 1.11.1. Exercício de Outro Cargo ou Função Veda-se o exercício de outro ofício ou profissão, ainda que em disponibilidade, salvo uma de Magistério. Foi com base nesse dispositivo constitucional que o CNJ editou a Resolução n. 10/2005, a partir da qual se proibiu que os membros do Judiciário também integrassem a Justiça desportiva. Esse ato normativo foi questionado junto ao STF, que entendeu pela sua autoaplicabilidade (STF, MS n. 25.938). Quando se fala “salvo uma de Magistério”, não há uma restrição numérica, mas sim ligada à compatibilidade de horários, para que não haja prejuízo à função judi- cante (STF, ADI n. 3.126). Ainda sobre o tema, em recente decisão, o CNJ entendeu pela proibição do exercício de atividades de coaching, mentoria ou similares (Resolução n. 226/2016). Por outro lado, idêntica proibição não alcança os Membros do Ministério Público. Ah, considerando o entendimento do STF no sentido de que, na acumulação lícita de cargos públicos deve ser observado o teto de remuneração em cada cargo isoladamente e não na somatória dos valores, é possível que na prática o Magistra- do supere o subsídio mensal pago aos Ministros do STF. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.11.2. Quarentena de Saída Todo cuidado é pouco aqui, pois são muitas questões cobrando este assunto: você viu que são exigidos três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira (quarentena de entrada). Agora é hora de vermos a quarentena de saída, que nada mais é do que o período em que se proíbe que o Magistrado exerça a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, também pelo período de três anos. Note que a restrição alcança o Tribunal de onde o Magistrado se afastou, ainda que a Corte tenha jurisdição em todo o território nacional. Assim, poderia um Mi- nistro do STF advogar no STJ, por exemplo. Há, ainda, uma importante polêmica sobre o tema: em 2013, o Conselho Fede- ral da OAB editou ato segundo o qual a proibição de advogar se estenderia a todo o escritório integrado pelo Magistrado aposentado. Esse ato foi questionado junto ao STF por meio de ADPF, mas ela não foi julga- da. É importante acompanhar a tramitação, pois o tema certamente será objeto de perguntas nas provas que estão por vir (STF, ADPF n. 310). 1.11.3. Dedicação a Atividades Político-Partidária Para os Magistrados, esta vedação já estava prevista desde o texto original da Constituição, do ano de 1988, enquanto para os Membros do Ministério Público foi incluída apenas no ano de 2004, com a Emenda n. 45. Um ponto importante: a vedação não persiste durante a inatividade. Ou seja, com a aposentadoria do Magistrado, este poderia candidatar-se a mandato eletivo. 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É também do Tribunal de Justiça a competência para julgar os membros do Ministério Público Estadual nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalva- da a competência da Justiça Eleitoral. De outro lado, a questão não é tão simples quando envolver os membros do Ministério Público da União – MPU. Inicialmente, lembro que o MPU possui qua- tro ramos: MP Federal; MP do Trabalho; MP Militar; e MP do Distrito Federal e dos Territórios. Veja as regras: 1. o PGR será julgado, nos crimes comuns, pelo STF e, nos crimes de responsabi- lidade, pelo Senado Federal; 2. os membros do MPU que atuem perante Tribunais (de 2ª instância ou superio- res) serão julgados, nos crimes comuns + responsabilidade, pelo STJ; 3. os membros do MPU que atuam na primeira instância serão julgados, nos crimes comuns + responsabilidade, pelo respectivo TR; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 4. os membros do MPDFT são julgados, nos crimes comuns + responsabilidade, pelo TRF, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (STF, RE n. 418.852). Para ajudar a sistematizar, vou usar um quadro esquemático: FORO PARA JULGAMENTO DE MEMBROSDO MINISTÉRIO PÚBLICO Ministério Público ESTADUAL Ministério Público da UNIÃO PGJ Em crime comum TJ PGR Em crime comum STF Em crime de responsabilidade TJ (STF, ADI n. 541) Em crime de res- ponsabilidade Senado Federal Se atuar em 2ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar em tribunal (2ª instância ou superior) STJ Se atuar em 1ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar na 1ª instância TRF, exceto crime eleitoral Os Juízes do TJDFT são julgados nos crimes comuns e nos de responsabilidade pelo próprio TJDFT, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; já os Promoto- res de Justiça do MPDFT serão julgados pelo TRF nos mesmos crimes. 1.13. Autonomia Administrativa, Financeira e Orçamentária dos Tribunais De acordo com a Constituição, cada Tribunal deve: a) elaborar seu regimento interno e eleger seus órgãos diretivos; b) prover os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; c) propor a criação de novas varas; e d) prover, por concurso O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br público, os cargos necessários à administração da Justiça (Ex.: Analista, Técnico), exceto os de confiança – que não precisam de concurso. Invocando o artigo 96, I, a, da Constituição, o STF declarou a inconstitucionali- dade de portaria editada pelo Presidente de Tribunal de Justiça, a qual estabelecia novo horário de funcionamento da Corte Estadual. Na ocasião, entendeu-se pela necessidade de Resolução, editada pelo Colegiado (e não apenas pelo Presidente) para tratar sobre o tema (STF, ADI n. 2.907). Ainda segundo a Constituição, o STF, os Tribunais Superiores e os Tribunais de Justiça devem propor ao Legislativo: a) a alteração do número de membros dos Tribunais inferiores; b) a criação de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, bem como a fixação de subsídio de seus membros e dos juízes; c) a criação ou extinção dos Tribunais inferiores; e d) a alteração da organização e da divisão judiciárias. Trata-se de iniciativa privativa de lei. Assim, não cabe aos outros Poderes dar início ao processo legislativo nas matérias acima listadas. Além disso, não se permite emenda parlamentar que provoque aumento de des- pesa em projeto de iniciativa do Poder Judiciário ou mesmo do Ministério Público (STF, ADIs n. 4.062 e n. 4.075). Embora a organização judiciária seja tratada por meio de lei em sentido formal, a jurisprudência do STF entende ser possível a especialização de varas também através de resolução do Tribunal de Justiça – e não apenas por meio de lei. Aliás, essa questão aparece frequentemente em provas de concursos, espe- cialmente para cargos do Poder Judiciário (STF, HC n. 91.024). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Os Tribunais elaborarão as propostas orçamentárias dentro dos limites estipula- dos conjuntamente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. Vamos, então, para mais um quadro, esquematizando o encaminhamento das propostas orçamentárias: Encaminhamento de propostas orçamentárias No âmbito da União No âmbito dos Estados, DF e Territórios Compete ao Presidente do STF e dos Tribunais Superiores, com aprovação dos respectivos Tri- bunais. Compete ao Presidente do Tribunal de Jus- tiça, com aprovação dos respectivos Tribu- nais. Se os órgãos responsáveis não encaminharem as propostas dentro do prazo estabelecido na LDO, o Poder Executivo considerará os valores aprovados na LDO vigente. Ou seja: vai repetir para o ano seguinte os valores repassados no ano corrente (na prática, é uma punição, porque as despesas normalmente são crescentes). Se proposta orçamentária for encaminhada em desacordo com limites da LDO, o Poder Execu- tivo poderá ajustar valores. Durante a tramitação do projeto da LOA, pode o Legislativo promover cortes no orçamento do Judiciário, mesmo que eles sejam muito drásticos. Por essa razão, o STF negou pedido for- mulado pela Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho – ANAMATRA, que pretendia a declaração de inconstitucionalidade da Lei n. 13.255/2016, porque ela promoveu um corte de 90% nas despesas de investimento e de 24,9% nas de custeio no orçamento de 2016 da Jus- tiça do Trabalho (STF, ADI n. 5.468). Não pode haver realização de despesas nem assunção (assumir) obrigações que extrapolem limites da LDO. Exceção: se houver abertura de créditos suplementares ou especiais. 1.14. Juizados Especiais Diz o art. 98, I, da Constituição que a União, no DF e nos Territórios, e os Esta- dos criarão Juizados Especiais, promovidos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Os popularmente conhecidos ‘juizados de pequenas causas’ – na verdade, jui- zados especiais – estão inseridos na estrutura dos Tribunais de Justiça (TJ) e dos Tribunais Regionais Federais (TRF). Eles surgiram com o claro intuito de resolver as causas de menor complexidade de maneira mais célere. Nesse contexto, eventual recurso contra a decisão proferida pelos juizados es- peciais deve ser encaminhado à Turma Recursal, que é composta por três juízes de primeiro grau. Note que na turma recursal não há Desembargadores e, na linha do entendi- mento do STF, elas não são consideradas Tribunais (STF, RE n. 590.409). Avançando, o STF entende que o acesso às Turmas Recursais não caracte- riza promoção, e sim mera designação. Em consequência, não há necessidade de observância dos critérios de antiguidade e merecimento. Em outras palavras, a definição dos critérios para composição da Turma Recur- sal seria um ato interno do próprio Tribunal (STF, MS n. 28.254). Como regra, a decisão proferida pelas turmas recursais será irrecorrível. No entanto, havendo violação à Constituição, caberá recurso extraordinário, endereçado ao STF. Há também a possibilidade de impetração de habeas corpus e mandado de segurança, que serão julgados pelo respectivo TJ ou TRF. Nesse ponto, uma atenção especial para as provas: está superada a Súmula n. 690/STF, que previa a competência do STF para o julgamento de HC ou MS impe- trados contra as turmas recursais. Por outro lado, mesmo que violada a legislação federal, não será cabível a interposição de recurso especial contra decisão de turmas recursais (STJ, Súmula n. 203). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof.Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Essa observação é importante, pois o aluno costuma fazer um paralelo entre o recurso extraordinário (RE) e o recurso especial (RESP), sendo o primeiro julgado pelo STF – guardião da Constituição –, enquanto o último é da competência do STJ – guardião da lei federal. Uma pergunta: decisão de turma recursal de juizado especial que contra- rie o entendimento do STJ pode ser combatida através de algum recurso? Nesse caso, deve ser feita a seguinte diferenciação: 1. decisão é proveniente de turma recursal de juizado especial estadual: a lei dos juizados especiais estaduais – Lei n. 9.099/1995 – não prevê a existência de turma de uniformização de jurisprudência. Em razão disso, não haveria como se combater a decisão proferida pela turma recursal (ressalvado, como visto, o ca- bimento do recurso extraordinário por violação à Constituição ou a impetração do HC e do MS). Por conta dessa falta de recurso próprio, o STF, num primeiro momento, firmou a compreensão de que, se a decisão de turma recursal de juizado especial estadu- al contrariar a jurisprudência do STJ, será cabível reclamação para este tribunal (STJ) – (STF, RE n. 571.572). Regulamentando a reclamação, o STJ editou a Resolução n. 12/2009. Contudo, no ano de 2016, diante do excessivo número de reclamações que chegavam ao Tribunal contra decisões das Turmas Recursais Estaduais, o STJ editou outro ato normativo. Pois é, atualmente, segundo a Resolução n. 3/2016 (já na vigência do Novo CPC), entende-se que a parte que se sentir prejudicada com a decisão de Turma Recursal de Juizado Estadual deve ingressar com reclamação no próprio TJ. Ou seja, o STJ empurrou esse abacaxi para o TJ descascar... O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Então, sistematizando, caberá reclamação para o TJ Estadual (ou TJDFT) quando a decisão da Turma Recursal de Juizado Estadual contrariar jurisprudência do STJ que esteja consolidada em: a) incidente de assunção de competência; b) incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR); c) julgamento de recurso especial repetitivo; d) enunciados das Súmulas do STJ; e) precedentes do STJ. 2. decisão é proveniente de turma recursal de juizado especial federal: a Lei n. 10.259/2001, que trata dos juizados especiais federais, trouxe um procedi- mento próprio para tratar da questão. Segundo seu artigo 14, a parte que se sentir prejudicada com a decisão da Turma Recursal de Juizado Federal poderá formular pedido de uniformização de jurisprudência para a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência (TRU). Daí, caberá novo pedido para a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência (TNU). Se a orientação acolhida pela Turma de Uniformização contrariar súmula ou jurisprudência dominante no STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste (STJ), que dirimirá a divergência. Repito: a provocação do STJ não será feita por meio de recurso especial (STJ, Súmula n. 203). 3. decisão é proveniente de turma recursal de juizado especial da Fazenda Pública: a Lei n. 12.153/2009, que trata dos juizados especiais da Fazenda Públi- ca, também prevê a possibilidade de a questão ser submetida ao STJ, nas hipóte- ses de contrariedade a Súmulas do STJ, ou mesmo para uniformizar a orientação nas Turmas Estaduais. Ou seja, em linhas gerais, o procedimento se assemelha àquele usado pela Lei n. 10.259/2001. Há diferenças, mas elas não interessam ao objetivo deste trabalho porque caem em concursos muito específicos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Ultrapassada toda essa discussão, mas ainda sobre os juizados, chamo sua atenção para o fato de que, dentro da ideia de menor complexidade, não se insere o julgamento relativo a pedidos de indenização decorrentes das consequências da- nosas advindas do cigarro (STF, RE n. 537.427). Em outro julgamento, o STF confirmou a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha – Lei n. 11.340/2006 –, regra que afasta da incidência dos juizados especiais o julgamento de crimes ou contravenções penais co- metidos mediante violência doméstica contra a mulher (STF, HC n. 106.212). 1.15. Precatórios Quando a gente fala em precatório, o aluno já torce o nariz. O primeiro proble- ma que surge é que o candidato sequer sabe o que é um precatório. Para piorar, as regras são realmente confusas, pois há um grande número de emendas à Constituição, disposições espelhadas no artigo 100 da Constituição e também em alguns pontos do ADCT e inúmeras decisões judiciais relevantes, par- tindo do STF. Ou seja, segure-se aí, pois a tarefa não será fácil. Ah, se você preferir pular o assunto, pode ir, mas saiba que as Bancas Examinadoras adoram cobrar questões sobre precatórios nas provas. Começando, eu conceituaria, de maneira resumida, precatório como o meio utilizado para se cobrar um débito do Poder Público – Fazenda Federal, Estadual ou Municipal –, decorrente de decisão judicial. Como eu já adiantei, há algumas emendas à Constituição tratando do tema. Eu destacaria a EC n. 62/2009, fruto da denominada PEC dos Precatórios – também conhecida de ‘PEC do calote’ –, e a EC n. 94/2016, que incluiu um regime especial de pagamento para os casos de mora. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Vejamos, então, os principais pontos, que ajudarão você a se sair bem nas pro- vas objetivas e discursivas. De início, alerto que o pagamento dos débitos do Poder Públicos provenientes de decisões judiciais deve obedecer à ordem cronológica de apresentação dos precatórios, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orça- mentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Em outras palavras, é proibido ‘furar a fila’. Pensando em uma instituição bancária, há uma “fila normal”, uma “fila prefe- rencial” e aquelas pessoas que vão resolver situações muito simples, que sequer enfrentarão qualquer fila, como é o caso do cidadão que quer apenas trocar uma nota de R$ 50,00, viabilizando um depósito no envelope no montante de R$ 30,00. Traçando um paralelo, teríamos a situação dos credores em geral (“fila normal”), uma fila preferencial, destinada a detentores de crédito de natureza alimentícia (menor, mas continua tendo fila), e a situação daquelas pessoas que resolverão questões simples – os credores de RPV (requisições de pequeno valor). Pois bem. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salá- rios, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previ- denciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com pre- ferência sobre todos os demais débitos, à exceção da hipótesenarrada logo a seguir. Além das filas ‘normal’ e ‘preferencial’ (débitos de natureza alimentícia), há ainda o RPV, cujo valor varia para cada uma das esferas de governo – federal, estadual e distrital, e municipal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Quanto à definição do RPV, o § 4º, do artigo 100, estipula que o valor mí- nimo será igual ao montante do maior benefício do Regime Geral da Previ- dência Social – RGPS. Com base nessa disposição, o STF deferiu a cautelar para suspender a aplicação de lei municipal que fixava em R$ 1.950,00 o marco do RPV (STF, ADPF n. 370, decisão cautelar). É certo que, em regra, não é possível o fracionamento do valor do preca- tório, para se receber uma parcela como RPV e o restante na fila, seja normal ou preferencial. No entanto, há previsão na Constituição possibilitando o fracionamento. A exceção fica por conta dos créditos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham acima de 60 (sessenta) anos de idade, sejam portadores de doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei. Nesses casos, faz-se o fracionamento, para se pagar, com preferência sobre todos os demais débitos, o montante relativo até o triplo do valor fixado em lei como RPV. O saldo restante, por sua vez, será pago na ordem cro- nológica de apresentação do precatório. Vale lembrar que a expressão “ou por sucessão hereditária” foi incorporada pela EC n. 94/2016, ampliando os legitimados a se beneficiarem do fracionamento do precatório. A referida Emenda também retirou o trecho “na data da expedição do precatório”, responsável por violar o princípio da isonomia, segundo decidiu o Su- premo Tribunal (STF, ADI n. 4.425). E mais: incluiu os deficientes entre os benefi- ciados para o fracionamento dos precatórios. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de ver- ba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Sobre o tema, a Súmula Vinculante n. 17 diz que durante o período previs- to no parágrafo primeiro, do artigo 100, da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. Ou seja, caso o precatório seja pago dentro do prazo constitucional especificado no parágrafo anterior, não deve o Estado pagar juros. A organização da fila dos precatórios fica a cargo do Presidente do Tri- bunal. Caso ele, por ato comissivo ou omissivo, retarde ou tente frustrar a liquida- ção regular de precatórios, incorrerá em crime de responsabilidade e responde- rá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. A EC n. 62/2009 trouxe ao credor a faculdade de entregar seus créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. Tal disposição, no entanto, depende de lei a ser editada pela entidade devedora. Tem mais: o credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor. Entre- tanto, em caso de cessão, não se fala em observâncias às regras mais benéficas (de idade; de doença e de RPV). Exemplificando, se um credor de precatório possui 30 anos de idade e o crédito não possui natureza alimentícia, caso ele ceda o valor a que faz jus para seu avô de 90 anos, por exemplo, o crédito não passa a tramitar de forma prioritária. Aliás, se isso fosse possível, você acha que quantas pessoas recorreriam a tal manobra? A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. Avançando, o STF declarou inconstitucional a EC n. 62/2009 quanto à atualização de precatórios e requisições de pequeno valor pela TR, sob o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br fundamento de que “este referencial é manifestamente incapaz de preservar o va- lor real do crédito de que é titular o cidadão” (STF, ADI n. 4.357). Em modulação de efeitos, estabeleceu-se a incidência do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR) até a data de conclusão do julgamento (25/3/2015). Após tal marco, a correção deveria seguir o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial, IPCA-E. Em outro ponto, também se declarou a inconstitucionalidade do regime de compensação que constava nos §§ 9º e 10, do art. 100, da CF/1988. Na oca- sião, destacou-se a ofensa à isonomia entre o poder público e o particular, pois este não disporia de ferramenta idêntica em seu benefício. Por outro lado, entendeu o STF que “o regime ‘especial’ de pagamento de precatórios para Estados e Municípios, criado pela EC n. 62/2009, ao veicular nova moratória na quitação dos débitos judiciais da Fazenda Pública e ao impor o contingenciamento de recursos para esse fim, viola a cláusula consti- tucional do Estado de Direito (CF, art. 1º, caput), o princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), o postulado da isonomia (CF, art. 5º), a garantia do acesso à justiça e a efetividade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV), o direito adquirido e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI)” (STF, ADI n. 4.425). Mudando o foco, fique atento(a) quando o assunto relacionar precatórios e ho- norários advocatícios, certo? É que a Súmula Vinculante n. 47 dispõe que os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor são entendidos como verba autônoma, de natureza alimentar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Por conta disso, os honorários serão quitados por meio de RPV – caso se encai- xem nesses valores – ou através de precatórios na fila preferencial. Desse modo, pode ocorrer de o advogado receber antes de seu cliente. “Como assim?” Imaginemos a situação em que o crédito principal (do cliente) não seja enten- dido como de natureza alimentícia. Nessa situação, o cliente aguardará na “fila normal”, enquanto seu advogado receberá via fila preferencial ou como RPV, a de- pender do montante (STJ, RESP n. 1.347.736). Ressalto ainda que “as sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza nãoconcorrencial subme- tem-se ao regime de precatório” (STF, RE n. 852.302). Esse benefício, todavia, não seria extensível àquelas entidades que ex- ploram atividade econômica, em regime de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas. Afastou, com base nessa pre- missa, a aplicação do regime de precatórios à Eletronorte (STF, RE n. 599.628). Pronto! Você viu os pontos principais dos precatórios, o que já dá munição sufi- ciente para fazer uma boa prova! 2. Dos Tribunais – Composição e Competências – Artigos 101 a 126 Aqui, o desafio não é menor do que aquele verificado ao tratarmos das Disposi- ções Gerais. Isto porque a questão relativa à competência dos Tribunais tira o sono de muitos candidatos. Vou tentar ser claro e objetivo, indo direto ao ponto, sem fugir das ‘bolas divi- didas’ ou dos temas polêmicos, ok? Uma dica: é muito comum o aluno errar questões sobre competência dos Tri- bunais, porque na hora da prova ele olha para o cargo ocupado pela pessoa que O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br será julgada, acha pomposo, e logo pensa que a competência deveria ser do STF ou do STJ. É aí que mora o problema: as competências dos artigos 102 e 105 devem ser interpretadas restritivamente. Em outras palavras, se não está em um desses dis- positivos, é porque outro deve ser o órgão competente para julgamento. Quer um exemplo? O julgamento de um HC impetrado contra Delegado de Polícia Federal, em re- gra, deverá ser julgado pela Justiça Federal de 1ª instância. Daí o examinador vem e manda: “A quem cabe julgar HC impetrado contra o Chefe da Interpol no Brasil?” Você me responde: “E eu lá sabia que tinha chefe da Interpol no Brasil...” Pois é. Tem, sim. Essa função é ocupada por um Delegado de Polícia Federal. Logo, o HC também será dirigido ao Juiz Federal de 1ª instância. O problema é que o aluno cai no canto da sereia de dizer que a competência seria do STF... Para não errar novamente, lembre-se sempre de que o STF e o STJ possuem pouquíssimos julgadores (11 e 33, respectivamente), enquanto a Magistratura de 1º grau é composta por cerca de 16.000 juízes. Ou seja: é muito mais lógico as coisas começarem lá embaixo do que lá no an- dar de cima, já assoberbado pela quantidade de processos que naturalmente vão para lá por conta do grande rol de competências originárias e recursais. Ah, falando nisso, competência originária é quando o processo começa direta- mente no Tribunal. É o caso de julgamento de Membros do Congresso Nacional em crimes comuns, que se dá no próprio STF. Já na competência recursal, o processo normalmente nasce na 1ª instância e vem subindo até chegar aos Tribunais Superiores e no STF. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Agora vem outro detalhe: a regra é o processo parar na 2ª instância (TJ, TRF, TRT ou TRE), até porque daí para cima nós falamos em “recursos excepcionais”. “Como assim?” Ora, pense no STJ: além das competências originárias, seus 33 Ministros rece- bem recursos vindos de todos os TRFs e TJs do país. Se você lembrar que apenas o TJSP já conta com quase 400 Desembargadores, já dá para ter uma ideia de que o filtro para impedir a subida deve ser muito eficaz. Do contrário, não haveria como o Tribunal funcionar. Está bem! Já falei demais! Hora de colocar a mão na massa e ver os pontos mais importantes para as provas! 2.1. Supremo Tribunal Federal 2.1.1. Composição e Processo de Escolha O STF é composto por 11 (onze) Ministros, escolhidos livremente pelo Presi- dente da República, entre brasileiros natos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade. Eles devem possuir notório saber jurídico e reputação ilibada. Repare que não há formação de listas para a escolha do novo membro e não se fala em quinto constitucional. Atendendo a regra dos freios e contrapesos (checks and balances), o nome in- dicado pelo Presidente da República (Executivo) para ocupar uma cadeira no STF (Judiciário) deverá ser aprovado pelo voto de maioria absoluta do Senado Federal (Legislativo). Fique atento(a), pois a aprovação do nome pelo Senado Federal acontecerá em votação secreta, exceção à regra das votações abertas no Parlamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 41 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 2.1.2. Competências do STF É certo que o STF, órgão de cúpula do Poder Judiciário, tem a missão de ser o guardião da Constituição Federal. A ele cabe interpretar a norma constitucio- nal, dando-lhe os contornos e os limites. Também em decorrência disso, o STF fará o controle concentrado de cons- titucionalidade quando a ofensa se direcionar à Constituição Federal. Tratan- do-se, no entanto, de violação à Constituição Estadual, caberá aos TJs realizar o controle concentrado. Aproveitando, lembro que o controle difuso pode ser feito por qualquer juiz ou Tribunal do país, o que obviamente também inclui o STF. Ou seja, o Tri- bunal atuará nas duas frentes, como adiante se verá. Antes de verificarmos o rol de competências originárias e recursais do Supremo Tribunal, lembro que elas deverão ser interpretadas restritivamente. Competência Originária O artigo 102, I, da Constituição diz que cabe ao STF processar e julgar, origi- nariamente: I – as ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) de lei ou ato normativo federal; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LUENA MITIE TAKADA BARROS - 00628709200, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 42 de 313 DIREITO CONSTITUCIONAL Poder Judiciário Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Sempre digo que as ferramentas do controle concentrado são cinco, ca- bendo em minha mão! Então, tome nota: ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI Inter- ventiva. No primeiro inciso, a Constituição trata de duas das ações: a ADI e a ADC. Não é por acaso que elas estão juntas: fala-se que elas são ações de sinal trocado ou efeito ambivalente. “Como assim?” Ora, a decisão em uma implica o contrário da outra. Exemplificando, quando alguém ajuíza uma ADI, busca que a norma seja declarada inconstitucional. Se ganhar, a norma é inconstitucional; se perder, foi confirmada a constitucionalidade. Agora, raciocinando com a ADC, o objetivo do autor é espantar as dúvidas sobre a validade da norma, confirmando sua constitucionalidade. Caso a ação seja julga- da improcedente, isso significa que se declarou a inconstitucionalidade. Avançando, eu chamo sua atenção para um detalhe: a ADI pode ser usada para questionar a validade de normas federais e estaduais, além
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