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MENINGITE BACTERIANA


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HELENA C. FRANCO 
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MENINGITE BACTERIANA 
DEFINIÇÃO: É a infecção das meninges e do 
espaço subaracnóide. Está relacionada a intensa 
reação inflamatória no sistema nervoso central. 
Manifesta-se como: 
 Rebaixamento do nível de consciência 
 Convulsões 
 Aumento da pressão intracraniana 
 Eventos isquêmicos 
- O diagnóstico precoce e a instituição imediata 
do tratamento reduzem a mortalidade pela 
doença e previne seqüelas. 
FISIOPATOLOGIA: 
- Tem como evento inicial a colonização das vias 
aéreas superiores associada à invasão da 
corrente sanguínea. 
- A lise bacteriana e liberação de elementos da 
parede celular, como o lipopolissacarídeo e 
peptideoglicano induzem a inflamação intensa 
das meninges devido a produção de citocinas. 
- As citocinas levam a um aumento da 
permeabilidade capilar, alterando as 
propriedades da barreira hematocefálica, 
favorecendo ao: 
 Edema vascular do tipo vasogênico 
 Extravasamento de proteínas e leucócitos 
para o líquor, elementos que vão 
determinar a formação do exudato 
espesso. 
ETIOLOGIA: os diplococos são os principais 
agentes da meningite  meningococo e 
pneumococo. 
 Diplococo gram negativo → Menigococo 
 Diplococo gram positivo → 
Pneumococo 
 Bacilo gram negativo → Haemophilus 
 Bacilo gram positivo → Listeria 
 
 
QUADRO CLÍNICO: caracterizado por 3 
síndromes: 
1. SÍNDROME TOXÊMICA: 
- Febre alta 
- Mal estar geral 
- Prostração 
- Agitação psicomotora 
2. SÍNDROME DA IRRITAÇÃO MENÍNGEA 
Sinais encontrados: 
- Rigidez de nuca 
- Sinal de Kernig: dor nucal à flexão do quadril. 
- Sinal de Brudzinski: dor a flexão do quadril, 
durante o movimento de flexão da nuca. 
3. SÍNDROME DE HIPERTENSÃO 
INTRACRANIANA 
- Caracterizada por cefaléia holocraniana intensa, 
náusea, vômitos, fotofobia e confusão mental. 
- Os vômitos podem ser em “jato”, sem náusea 
que precede. 
- Convulsões ocorrem em 20-40% dos casos. 
DIAGNOSTICO LABORATORIAL: 
- Deve ser confirmado pela punção lombar 
diagnóstica. 
- Em caso de: rebaixamento de nível de 
consciência, déficit focal e papiledema se faz 
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exame de imagem antes da punção. Se optar por 
essa conduta, deve ser feito a primeira dose de 
ATB intravenoso. ( O exame de imagem visa 
avaliar se há lesão exercendo efeito de massa  
risco de herniação) 
- Em pacientes com nível de consciência normal, 
sem déficit focal, papiledema, a punção liquórica 
é realizada na região lombar entre L1 e S1, 
sendo mais indicado nos espaços L3-L4, L4-L5 
ou L5-S1. 
- Deve-se repuncionar em caso de ausência de 
melhora após 48h de antibióticoterapia. 
ANÁLISE DO LÍQUOR: 
- COLORAÇÃO: líquido normal é límpido e 
incolor (“água de rocha”). Os neutrófilos 
degenerados tornam o líquido turvo e de aspecto 
purulento. 
 Xantocromia: coloração derivada do 
pigmento da bilirrubina. 
Quando xantocromia verdadeira: está associado 
à hemorragia subaracnóide, em que o LCR não 
se torna mais límpido após centrifugação, pois é 
devido à lise de hemácias por período superior a 
quatro horas. 
CONTAGEM DE CÉLULAS 
- O líquor normal apresenta até 4células/mm³, 
sendo constituído de linfócitos e monócitos. 
- Na meningite bacteriana, a contagem é maior 
que 500 células, com predomínio de neutrófilos 
(>70%). 
- Faz –se a contagem global de células por mm³ 
e a contagem específica das células. 
TÉCNICAS BIOQUÍMICAS 
 DOSAGE DE GLICOSE: o valor de referência 
da glicose no LCR é maior que 2/3 do valor do 
sangue. 
- Na meningite bacteriana ocorre 
hipoglocorraquia (representada por glicose 
inferior a 40mg/dl) ou por uma relação inferior a 
0,40. 
- A quantidade de proteínas varia com a idade, 
sendo maior nas primeiras semanas de vida e na 
velhice. 
AGLUTINAÇÃO PELO LATEX 
- É feita para pesquisa de antígenos bacterianos. 
- Um resultado positivo confirma o agente 
infeccioso. 
 
 Aumento de polimorfonucleares 
(neutrófilos) + glicose baixa → bacteriana 
 
 
 Aumento de polimorfonucleares 
(neutrófilos) + glicorraquia normal 
o Caxumba 
o Fase precoce de uma meningite 
bacteriana 
 
 
 Aumento de linfomononucleares 
(leucócitos) + glicose baixa 
o Meningite tuberculosa 
o Meningite fúngica → 
principalmente imunossuprimidos 
 Importante: criptococo → 
gera quadro de 
meningismo, com alteração 
do nível de consciência e 
do comportamento 
 
 
 Aumento de linfomononucleares + glicose 
normal → meningite viral 
o Enterovírus 
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o Herpes vírus 
 Quadro grave 
 Tipicamente, gera lesão no 
lobo temporal 
 Indica-se o uso de aciclovir 
 
TRATAMENTO 
ANTIBIÓTICOTERAPIA 
- Por se tratar de uma emergência infecciosa, 
deve ser tratada de maneira ágil. 
- Quando houver suspeita e por algum motivo 
não puder realizar punção lombar, deve-se fazer 
o tratamento de início imediato com antibiótico de 
acordo com a faixa etária. 
 
- A antibióticoterapia deve ser ministrada de 
maneira intravenosa, por um período de 7-14 
dias, dependendo da evolução clínica e da 
etiologia. 
CORTICOTERAPIA 
- É utilizada em todas as formas de meningite 
bacteriana aguda, visando reduzir a inflamação 
no SNC e diminuindo consequentemente 
diminuindo as chances de óbito e sequelas 
neurológicas. 
- O tratamento deve ser iniciado 15-30min antes 
do inicio da antibióticoterapia ou no máximo junto 
com a primeira dose. 
 Além do uso de antibióticos e corticóides, são 
necessárias outras medidas como: 
 Isolamento respiratório 
 Hidratação com solução isosmolar 
evitando a hiper-hidratação, o que 
agravará o edema cerebral e a secreção 
inapropriada do ADH. 
 Elevar a cabeceira da cama 
 Manitol: promove a diurese osmótica e 
melhora o edema cerebral nos pacientes 
com HIC. 
 Diazepam para o tratamento das 
convulsões e hidantoína ou fenobarbital 
para controle. 
 Ventilação mecânica na presença de 
coma ou arritmias respiratórias. 
PROFILXIA DOS CONTATOS 
MENINGOCOCO → transmissão por gotícula 
(ocorre com até 1m de distância) 
 Lembrar de fazer notificação imediata 
 
 Prevenção de gotículas por 24h 
o Quarto privativo 
o Uso de máscara (pode ser 
cirúrgica) para examinar 
 
 Indicação de quimioprofilaxia: 
o Utilizar profilaxia para todos os: 
 Contatos domiciliares 
 Contatos íntimos (escolas, 
creches, orfanatos) 
o Profissionais de saúde se: 
entubação orotraqueal, aspiração 
de vias aéreas ou realização de 
fundoscopia sem máscara 
 
 Esquema: 
o 1a escolha: Rifampicina (600 mg, 
12/12h) por 2 dias 
o Outras opções: 
 Ceftriaxona (250 mg IM 
em dose única) 
 Ciprofloxacino (500-750 
mg em dose única) 
 
 Obs: vacinação de bloqueio só é feita em 
caso de surtos ou epidemias 
 
HAEMOPHILUS: 
 Deve ser feita para todos os contactantes 
(inclusive adultos) que tenham contato 
com alguma criança < 4 anos, que não 
foi completamente imunizada (não 
recebeu 3 primeiras doses no primeiro 
ano de vida) 
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o Outro caso: berçários com 2 casos 
em menos de 60 dias → faz-se 
profilaxia em todas as crianças 
 Rifampicina por via oral, 1x ao dia, por 4 
dias 
 
PNEUMOCOCO: não está indicada profilaxia 
 
VACINAÇÃO: 
- Atualmente é preconizada no calendário 
vacinal. 
 ESQUEMA: 
Criança menor que 1 ano: 3 doses (2°,4° e 6° 
mês de vida) 
MENINGITE VIRAL 
- São infecções comuns que ocorrem em 
crianças maiores do que 1 ano, adolescentes e 
adultos jovens. 
- O vírus mais comum envolvido é o da 
Caxumba, Epstein-Baar, acompanhando uma 
síndrome de mononucleose infecciosa, 
enterovírus, CMV e o HIV. 
QUADRO CLÍNICO 
- O início é agudo, com náuseas, vômitos, 
cefaléia, diarréia e rash maculopapular em caso 
de enteroviroses. 
- Infecções respiratórias podem preceder a 
instalação do quadro. 
- Pode haver também agitação, rebaixamento do 
nível de consciência e crises convulsivas 
(meningoencefalite). 
DIAGNÓSTICOLABORATORIAL 
- O diagnostico etiológico é feito através da 
cultura do líquor, sorologia pareada com intervalo 
de 10 a 14 dias entre as amostras de sangue, 
coprocultura para vírus, e cultura de secreções 
da nasofaringe (até 3 dias de início da doença). 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
- Deve ser feito com outras encefalites e 
meningoencefalites. 
TRATAMENTO 
- É de suporte, com reposição hidroeletrolítica e 
controle das convulsões quando presentes. 
- O isolamento respiratório deve ser feito em 
casos de meningite pelo vírus da caxumba 
enquanto durar o aumento das parótidas ou até 9 
dias a partir do início da doença. 
MENINGITE FUNGICA 
DEFINIÇÃO 
É o processo inflamatório das meninges causado 
por fungos. 
AGENTE ETIOLÓGICO 
- Os principais agentes são os do gênero 
Cryptococcus, sendo as espécies mais 
importantes a C.neoformans e a C.gatti. 
 
MODO DE TRANSMISSÃO 
- Ocorre devido à inalação das formas 
leveduriformes do ambiente. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Apresenta-se como forma aguda ou subaguda, 
com lesões focais únicas ou múltiplas no SNC. 
- As manifestações variam de acordo com o 
estágio imunológico do paciente. 
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- Em pacientes com comprometimento 
imunológico (HIV, imunossupressão...) pode 
haver ampla variedade de sinais, podendo não 
haver sinais de irritação meníngea. 
- Em pacientes com AIDS que apresentam 
cefaléia, febre, demência progressiva e confusão 
mental, a meningite criptocócica deve ser 
considerada. 
- Em indivíduos imunocompetentes, o quadro e 
exuberante, com sintomas: cefaléia, febre, 
vômito, alterações visuais, rigidez de nuca. Pode 
haver outros sinais como: ataxia, alteração do 
sensório e afasia. Pode ocorrer evolução para 
torpor ou coma. 
COMPLICAÇÕES 
- Sequelas: 
 Diminuição da capacidade mental (30%) 
 Redução da acuidade visual (8%) 
 Paralisia de nervos cranianos (5%) 
 Hidrocefalia 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
- Exames a serem realizados no LCR para o 
esclarecimento do diagnóstico: 
 Exame micológico direto com preparação 
da tinda da China (o criptococo se cora 
pela tinta Nanquin) 
 Cultura para fungos (padrão ouro) 
 Aglutinação pelo latex – Pesquisa de 
antígeno (Crag) 
 Exame quimiocitológico do líquor 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
- Deve ser feito com outras afecções 
neurológicas, como meningite viral, abscessos, 
meningite bacteriana, neoplasias, toxoplasmose 
entre outras. 
TRATAMENTO 
- Deve considerar a presença ou não de 
imunossupressão e drogas disponíveis. 
- É dividido em três fases: indução, consolidação, 
manutenção.

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