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1) COMPREENDER COMO OCORRE A HIPO E HIPERGLICEMIA NO ORGANISMO: HIPOGLICEMIA: As crises hiperglicêmicas agudas (Cetoacidose Diabética e Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar) são as complicações metabólicas mais graves do diabetes mellitus (DM). A base do seu desenvolvimento é a deficiência de insulina, que resulta em hiperglicemia e desidratação, além de acidemia na cetoacidose diabética (CAD). As reações hipoglicêmicas são as complicações mais comuns que ocorrem em pacientes com diabetes que são tratados com insulina. A hipoglicemia pode ser causada por: atraso na refeição, atividade física incomum sem complementação alimentar ou na dose de insulina, agentes orais que estimulem as células β pancreáticas (sulfonilureias, meglitinidas, etc.). A hipoglicemia ocorre mais comumente em casos de uso das sulfonilureias em periodo prolongado. Os sinais e sintomas podem ser divididos em: >Aqueles que resultam da estimulação do sistema nervoso autônomo . >Aqueles que se originam de neuroglicopenia (glicose insuficiente para função normal do SNC). Se a glicose cai para >54mg/dl, o paciente começa a apresentar sintomas do SNS (taquicardia, sudorese, palpitações e tremor) e do SNP (náusea e fome). Se esses sintomas forem ignorados e a glicemia cair ainda mais, então vão aparecer os sintomas neuroglicopênicos, que são: irritabilidade, confusão mental, visão turva, cansaço, cefaleia e dificuldade de falar. Um declínio ainda maior da glicemia pode causar perda da consciência e até convulsão. NÃO PERCEPÇÃO HIPOGLICÊMICA: Ocorre quando o nível de glicose no sangue pode cair muito e mesmo assim não haver sintomas perceptíveis. Pessoas com essa condição podem não acordar do sono quando a hipoglicemia acontece durante a noite. Essa condição resulta da falência do sistema nervoso simpático em responder à hipoglicemia, devido a um “costume” de episódios hipoglicêmicos. Essa adaptação do SNC a episódios recorrentes de hipoglicemia ocorre devido a uma regulação aumentada dos transportadores GLUT-1 na barreira hematocefálica e transporte aumentado de glicose para dentro do cérebro, em contradição aos níveis baixos de glicose sanguínea. A hipoglicemia em diabéticos tratados com insulina ocorre devido a 3 fatores: >Aspectos comportamentais: injeção de muita insulina, consumo excessivo de álcool, que interfere no metabolismo dos carboidratos, durante ou após o exercício. >Comprometimento dos sistemas contrarregulatórios: comprometimento da resposta do glucagon e das respostas simpático- suprarrenais. >Complicações do diabetes: neuropatia autonômica, gastroparesia e insuficiência renal. CETOACIDOSE DIABÉTICA: Caracterizada pela tríade: Hiperglicemia; Cetonemia e Acidose metabólica A cetoacidose só acontece quando a deficiência de insulina for absoluta, como no DM1, ou quando os níveis de hormônios contrarreguladores insulínicos (cortisol, GH, glucagon) forem extremamente altos na presença de uma deficiência relativa de insulina, como no DM2. A ausência de ação da insulina associada a ação excessiva dos hormônios contrainsulínicos, faz com que haja uma produção elevada de glicose, pelos rins e pelo fígado. A captação de glicose pelos tecidos periféricos é reduzida, ocasionando um quadro de hiperglicemia e, consequente, hiperosmolaridade, glicosúria, diurese osmótica e perda de eletrólitos (como água, sódio, potássio). A deficiência grave de insulina aumenta a lipólise, com isso, há um aumento da quantidade de ácidos graxos no fígado e consequente aumento da cetogenese hepática. Existem alguns fatores que vão desencadear a CAD, os dois principais são: >Infecção: São responsáveis por 30 a 50% dos casos de descompensação diabética, sendo as infecções mais prevalentes a pneumonia, infecções do trato urinário, celulite, sinusite, meningite e diarreia. As infecções podem levar a resistência insulínica e ao aumento de hormônios contrarreguladores, acarretando cetoacidose. >Baixa adesão ao tratamento: Principalmente em pacientes com DM tipo 1 durante a adolescência, o DIABETES MELLITUS ANA CLARA S SANTOS - IESVAP uso irregular de insulina representa cerca de 20 a 25% dos casos de CAD. ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR: É uma complicação aguda grave que geralmente ocorre em paciente com DM2, principalmente idosos. O EHH se apresenta como desidratação grave, ausência de cetonúria, níveis glicêmicos sempre elevados, frequentes sinais e sintomas neurológicos e alto índice de mortalidade. Ele ocorre devido a uma deficiência parcial ou relativa de insulina, que pode dar inicio a síndrome pela redução da utilização de glicose pelo músculo, gordura e fígado, enquanto promove hiperglucagonemia e aumenta o débito de glicose hepática. O resultado é hiperglicemia que leva a glicosúria e diurese osmótica com perda obrigatória de água. À medida que a osmolalidade aumenta, a água é retirada dos neurônios cerebrais, resultando em alterações no estado de consciência e coma. 2) ENTENDER A CONDUTA FRENTE A UMA EMERGÊNCIA DIABÉTICA: As metas terapêuticas para as crises hiperglicêmicas agudas são: >Manutenção das vias aéreas pérvias; >Correção da desidratação; >Correção dos distúrbios eletrolíticos e ácido básico; >Redução da hiperglicemia e da osmolaridade; Identificação e tratamento dos fatores precipitantes. Os principais objetivos da reposição de fluidos são a restauração do volume circulatório, depuração de cetonas e correção do desequilíbrio eletrolítico. A insulina deve ser administrada por via intravenosa e dada a uma taxa fixa usando uma fórmula baseada no peso: (0,1 unidades por quilograma de peso corporal por hora) É necessário monitoramento bioquímico frequente: glicose, cetonas capilares, pH venoso e potássio sérico. 3) ORIENTAÇÃO SOBRE INSULINOTERAPIA: A insulinoterapia é indispensável para normalização da glicemia no portador de CAD e/ou EHH, interrompendo a lipólise e cetogênese, além de melhorar a captação periférica da glicose. A correção da acidemia por meio da insulinoterapia não é imediata, necessitando de um tempo maior para avaliação. Como a administração da insulina conduz o potássio para dentro das células, sempre se terá hipocalemia e, dessa forma, a insulinoterapia somente deve ser iniciada se o potássio sérico estiver ≥ 3,3 mEq/L, devido ao risco de arritmias e até parada cardíaca. Antes disso, deve-se insistir na hidratação. Atualmente, o uso de baixas doses de insulina de ação rápida em infusão contínua endovenosa é o tratamento de escolha. Comparado com o uso de altas doses de insulina, o uso de baixas doses de insulina permite um nível contínuo de insulina plasmática que neutraliza a resistência insulínica, inibe a cetose e suprime a produção endógena de glicose para corrigir a hiperglicemia, além de reduzir as principais morbidades do tratamento intensivo com insulina: os episódios hipoglicêmicos e a hipocalemia. Na prática clínica, a correção da deficiência de insulina é iniciada duas horas após o período da hidratação, com insulina regular em bomba de infusão contínua para uso endovenoso. Com a evolução do tratamento, quando a glicemia sérica na CAD atingir 250 mg/dL e, no EHH 300 mg/dL, deve-se iniciar o soro glicosado associado à hidratação com soro fisiológico e diminuir a infusão de insulina regular até a resolução da CAD ou EHH, além de ir preparando o paciente para o regime de insulina basal/bolus em múltiplas doses, 2 horas antes da transição da via endovenosa para a subcutânea. REFERÊNCIAS: >VILAR, Lucio. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. >NETO, A. A. C.; COELHO, K. C. V. Crises Hiperglicêmicas Agudas. In: Manual de medicina intensiva: AMIB. Editora Atheneu, 2014. cap 67, p. 709-716. >WOLFRAN,Luciana; OYAFUSO, Mônica Kanashiro; OSAKI, Silvia Cristina. Cetoacidose diabética: Revisão. Pubvet, v. 13, p. 148, 2019.
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