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11.08 - FARMACO I - PROF. JU Conceitos gerais, definições, formas farmacêuticas e vias de administração de fármacos Objetivos →conhecer os princípios fundamentais das bases da farmacologia - conceitos e definições →identificar e diferenciar as vias de administração de fármacos apontando vantagens e desvantagens de cada via →correlacionar as formas farmacêuticas com as vias de administração adequadas Nomenclatura dos fármacos Química: N-acetil-p-amino-fenol Genérico: Paracetamol (BP), Acetoaminofeno (USP) Comercial: Tylenol, Parador, Colpol etc. →nome comercial é o nome fantasia do medicamento Nomenclaturas Nome químico: é um nome científico que descreve sua estrutura atômica e molecular (não é empregado no dia a dia da clínica) Nome genérico: uma forma simples de identificar o medicamento (nome do princípio ativo - PA) Nome comercial: nome de marca ou fantasia - é selecionado e registrado pelo fabricante →medicamento referência: é o primeiro que foi lançado no mercado Medicamento referência x similar x genérico Ex.: novalgina (referência), anador (similar à novalgina), dipirona (genérico) →qual a diferença entre eles? lei de intercambialidade - se um médico prescreve o medicamento referência, é permitida a troca apenas pelo medicamento genérico (que é exatamente igual, com o mesmo princípio ativo e excipientes, porém pode haver diferenças entre um laboratório e outro). →enquanto que o similar não precisa obrigatoriamente ter a mesma forma farmacêutica que o medicamento referência; pode haver diferença entre alguns parâmetros farmacocinéticos. →para tratamentos crônicos é preferível que seja realizado utilizando medicamentos referências; se houver a necessidade de troca pelo genérico, o tratamento, então, deve ser continuado apenas com o genérico. Definições Medicamento referência: primeiro medicamento descoberto. Produto inovador, registrado, possui patente. Lei de 9279. Eficácia e segurança comprovadas. Possui nome comercial fantasia. Medicamento genérico: medicamento lançado após o vencimento de patente. Não possui nome fantasia. →mesmo princípio ativo (PA). Mesma forma farmacêutica (FF), mesma dosagem. →passam por testes de bioequivalência e biodisponibilidade - ANVISA Medicamento similar: vendidos com o nome fantasia, mesmo PA, mesma dosagem, não necessariamente mesma FF. →até 2014 não eram necessários testes bioquímicos, de bioequivalência e biodisponibilidade (prazos para ajuste) →variações no tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. BIODISPONIBILIDADE X BIOEQUIVALÊNCIA Biodisponibilidade: fração do fármaco administrado que chega na circulação sistêmica como fármaco intacto, levando em conta sua absorção e metabolização. Quando dois fármacos têm a mesma biodisponibilidade são também chamados de bioequivalentes ou equivalentes farmacêuticos. Um intravenoso possui biodisponibilidade de 100%, pois é aplicado diretamente na corrente sanguínea. Absorção de um fármaco: é todo o caminho percorrido através do intestino, fígado, corrente sanguínea sistêmica (não se considera absorção a porção que foi absorvida pelo intestino). Absorção e metabolização do medicamento No estômago, o pH ácido começa a dissolver a cápsula, e quando chega no duodeno, é a região onde ocorre a maior absorção do medicamento. Assim que é absorvido no intestino, não cai direto na circulação sistêmica, e sim no sistema porta-hepático, de onde vai para o fígado. Metabolismo de primeira passagem No fígado ocorre o primeiro metabolismo (metabolismo de primeira passagem). Por exemplo, se for administrado um medicamento que possui dosagem de 100 mg, geralmente não são absorvidos 100 mg, e sim 80 mg. Esses 80 mg sofrem metabolismo de primeira passagem, dos quais, uma porção é transformada em metabólitos inativos, que não possuem mais função como medicamento, que caem na bile, e, posteriormente, no intestino e assim são excretados nas fezes. Uma parte também cai nos rins e é eliminada na urina. →se uma parte dos 80 mg é metabolizada e sobram 50 mg, esses 50 mg são direcionados para a corrente sanguínea sistêmica, do fígado. Assim, a biodisponibilidade desse medicamento é de 50 mg, ou seja, 50%. Essas perdas de fármaco ocorrem principalmente por causa do metabolismo de primeira passagem. Medicamento na forma líquida e comprimido: a diferença está no tempo de absorção. A forma líquida é absorvida muito mais rapidamente do que a forma em comprimido. Pode ser que a biodisponibilidade da forma líquida seja maior, pois as perdas no intestino acabam sendo menores devido ao fato de ser líquido. EQUIVALÊNCIA X BIOEQUIVALÊNCIA Equivalência farmacêutica: duas formulações que apresentam o mesmo fármaco, mesma dosagem, mesma forma farmacêutica e são indicadas pela mesma via de administração. Para caracterizar essa equivalência, devem ser analisados os seguintes parâmetros farmacocinéticos: o tempo de absorção do fármaco (de acordo com a faixa aceitável pela ANVISA), pico de concentração plasmática e o tempo de excreção do medicamento, além da biodisponibilidade, os quais devem ser iguais. Bioequivalência (ou equivalência terapêutica): dois equivalentes farmacêuticos que apresentam biodisponibilidade compatível, mesmo perfil de eficácia e segurança para o paciente. Teste de bioequivalência: concentração plasmática do fármaco x tempo →momento de administração do fármaco (tempo 0) →aos poucos sua concentração plasmática vai aumentando, até um pico de concentração plasmática (é o máximo que chega na circulação sistêmica). →se o genérico atinge o pico em 1 hora depois da administração e o referência em minutos, o paciente pode apresentar alterações farmacocinéticas, por isso, é importante não ficar trocando o medicamento de um laboratório para outro várias vezes. Tempo de meia-vida →é o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida pela metade. Determinado pela metabolização do fármaco. →ex.: medicamento intravenoso 100 mg, com biodisponibilidade 100%, sua concentração plasmática é de 100 mg. Tempo de meia-vida é o tempo que a concentração plasmática desse medicamento reduza para 50 mg. →importância do tempo de meia-vida: deve-se manter uma concentração mínima mas que tenha eficácia terapêutica no paciente, assim, é importante para a posologia do medicamento. →o tempo de meia-vida pode variar de uma pessoa para outra, pois a metabolização pode ocorrer de maneira diferente. Por exemplo, em idosos, em crianças, pacientes com doenças hepáticas, as doses devem ser ajustadas. Além disso, alterações genéticas também podem influenciar no tempo de meia-vida, como alterações nas enzimas do citocromo p450, que são responsáveis pela metabolização dos fármacos. Índice terapêutico (janela terapêutica) →relação entre a dose efetiva (DE) e a dose letal (DL) - tóxica, que contém a margem de segurança do fármaco (janela terapêutica). →espaço entre a concentração terapêutica e concentração tóxica: janela terapêutica, que representa o índice - é um tempo de “folga” para trabalhar com o paciente, para aumentar a dose do medicamento, por exemplo. →deve-se tomar cuidado pois há medicamentos que possuem faixas terapêuticas muito estreitas, como a Digoxina, um cardiotônico. (paciente cardíaco com coração muito fraco, a digoxina aumenta a força de contração. Se prescrever uma dose muito alta, o coração pode ter arritmia e o paciente pode ir a óbito. REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS (RAM) →resposta a um medicamento que seja nociva, não intencional e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico, terapia de doença ou para modificação de uma função fisiológica. →o efeito colateral está dentro da RAM. O efeito farmacológico é um efeito colateral. →dramin: efeito desejado para náusea, mas o efeito colateral é o sono. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS →evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Constitui causa comum de efeitos adversos.→quando dois medicamentos são administrados, concomitantemente, a um paciente, eles podem agir de forma independente ou interagirem entre si, com aumento ou diminuição do efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro. →por exemplo, se forem administrados os medicamentos A e B, em que o medicamento A ativa muito a enzima que metaboliza o medicamento B, o metabolismo do B será acelerado, ou seja, vai ser eliminado de forma muito mais rápida do organismo, assim, sua eficácia terapêutica torna-se diminuída. →os alimentos também podem interferir, como por exemplo, no caso dos antibióticos, o cálcio contido no leite inibe a absorção dos antibióticos. Outro exemplo é no caso de pacientes que tomam varfarina, um anticoagulante, eles não podem comer folhas verdes escuras pois elas contêm muita vitamina K, a qual é essencial no processo de coagulação, interferindo, assim, no efeito anticoagulante do medicamento. https://www.drugs.com/drug_interactions.html FORMAS FARMACÊUTICAS →um fármaco só se torna um medicamento quando está na forma farmacêutica (FF) adequada para o emprego terapêutico →a forma farmacêutica é definida pelo tipo de uso e pela praticidade de emprego pelo médico e pelo paciente →a escolha da via de administração é dependente de diversos fatores: - Tipo de paciente - ex. idosos, neonatos, pacientes de UTI - Objetivo terapêutico - ex. uso ambulatorial (efeito imediato) x uso crônico (muito a longo prazo), efeito tópico x efeito sistêmico - Características do fármaco - ex. características físico-químicas (como a insulina, que é injetável pois é instável ao pH do estômago) →classificação quanto ao estado físico: - Sólidos - pós, comprimidos, drágeas, pastilhas, granulados, pellets, óvulos, supositórios - Pastosos - cremes, pomadas, unguentos, cataplasmas - Fluidos - aquosas, oleosas, suspensão, emulsão, xarope, elixir - Gasosos e voláteis SÓLIDOS: mistura do PA e excipientes sólidos (pós ou granulados) preparados ou não por compressão →vantagens: alta estabilidade, facilidade na administração e armazenamento, maior adesão à terapia, mascara o sabor desagradável, dosagem correta e alto grau de precisão, possibilidade de revestimentos para reduzir efeitos no (e do) TGI. - comprimidos comuns (sem revestimentos), revestidos com revestimento simples, sublinguais, drágeas (revestimento açucarado), revestimento entérico (ex.: Profenid), retard (liberação controlada). - o recomendado é não cortar o comprimido pois perde-se parte do PA. - comprimido de liberação lenta: CÁPSULAS: podem ser duras, ou moles. Seu conteúdo invólucro ou ambos, contém adjuvantes ou são preparados de tal modo que são susceptíveis de modificar a velocidade https://www.drugs.com/drug_interactions.html ou o lugar de liberação de substâncias medicamentosas. Proteção contra o ácido gástrico do estômago. →cápsulas de liberação controlada SUPOSITÓRIOS: são preparações sólidas de forma, consistência e volume adaptados e administração por via retal. →região do reto é muito vascularizada, assim, a absorção é muito rápida, exercendo efeito rápido. →sofrem desagregação a temperatura corporal. Os excipientes utilizados são hidrossolúveis (gelatina glicerinada, polietilenoglicol) ou apresentam baixo ponto de fusão, fundindo a temperatura corporal (manteiga de cacau). SEMI SÓLIDOS: cremes, pomadas, géis, loções, emplastos →são preparações de consistência semi-sólidas com a finalidade de exercerem uma ação local ou de promoverem a penetração percutânea →são obtidos por incorporação de princípios medicamentosos em excipientes que são lipossolúveis como a glicerina, e menos vezes com excipientes lipofílicos. LÍQUIDOS: soluções, suspensões, xaropes, elixir, emulsões. Vantagens: →rápida absorção no TGI →facilidade de deglutição (por exemplo a amoxicilina, em que os comprimidos são enormes, a forma líquida facilita a medicação) Desvantagens: →menor estabilidade físico-química do que as formas sólidas - às vezes a temperatura pode modificar essas propriedades físico-químicas → a solubilização realça o sabor do fármaco, princípios ativos com sabor desagradáveis →apresentam menor estabilidade microbiológica do que as formas sólidas. Por exemplo, no caso do xarope que possui orifício para inserir a seringa, a qual quando não é lavada, pode contaminar o medicamento. →variação na dose final VIAS DE ADMINISTRAÇÃO →via oral, retal, intravenosa, percutânea, inalação, intratecal. →via intravenosa: é a única via de administração que faz com que o fármaco chegue no plasma totalmente →via oral e retal: chegam no intestino, são as duas únicas vias que podem sofrer o metabolismo de primeira passagem. Assim que chegam no intestino, vão para o sistema porta e posteriormente para o fígado, onde sofrem metabolização. Os metabólitos inativos podem ir para a urina ou para as fezes. Porém, a via retal diferentemente da via oral, pode haver absorção direta do plasma, ou seja, pode ter uma porção do fármaco que é absorvida diretamente no plasma. →via cutânea: pode até ter uma absorção no plasma, mas é a única que não vai cair na corrente sanguínea sistêmica →músculo: cai direto na corrente sanguínea, não sofre metabolismo →intratecal: diretamente no líquor, no cérebro, que vai diretamente no sangue →inalação: vai diretamente no pulmão, e cai diretamente no sangue →sublingual: cai diretamente na corrente sanguínea, não sofre metabolismo de primeira passagem Obs.: A urina e fezes não são as únicas formas de excreção do medicamento, o leite materno e o pulmão (expiração) também podem ser forma de excreção. Além da via placentária, que pode afetar o feto. ADME - Absorção, Distribuição, Metabolismo e Excreção Absorção: só é concluída quando o medicamento chega na corrente sanguínea sistêmica. Ele chega na sua forma livre no plasma. Os fármacos possuem afinidade pela albumina, principal proteína no sangue. Assim, há a porção livre e a ligada (fármaco ligado) na albumina. - interação medicamentosa: se dois fármacos possuem a mesma porcentagem de afinidade de ligação à proteína plasmática, haverá competição. Se um possui 98% e outro 90%, o que possui 98% tira outro medicamento, o qual fica na sua forma livre. Consequência: quando o medicamento fica na sua forma livre, é distribuído pela corrente sistêmica (ou é armazenado no tecido adiposo, como os anestésicos gerais, que são lipofílicos. Por isso, um indivíduo obeso demora muito mais tempo para voltar da anestesia), assim, a sua potencialização de ação é aumentada, logo, corre o risco de gerar efeitos adversos ou até mesmo uma toxicidade. Obs.: um fármaco só exerce efeito farmacológico na forma livre. Excreção: se um fármaco está na forma livre, pode ser excretado sem a metabolização. Para sofrer metabolização, o fármaco também precisa estar na forma livre. Grau de ionização. Escolha do tipo de via de administração →tipo de medicamento, estudo do paciente Tipos de vias de administração Via enteral: via oral, retal, sublingual →acesso ao TGI Via oral - administração de fármacos através da via oral; absorção ocorre no TGI, (deve ser maior no duodeno e menor no estômago); cai na circulação portal, chega no fígado (onde ocorre a biotransformação, ou seja, metabolismo de primeira passagem), praticamente 100% dos medicamentos administrados por via oral são para efeitos sistêmicos →vantagens: economia, fácil administração, aumento de superfície de absorção e de fácil reversão (dependendo do tempo que o paciente ingeriu o medicamento, é possível reverter utilizando a lavagem gástrica e carvão ativado (partículas de carvão, que é poroso e absorve facilmente as substâncias, sendo eliminadas nas fezes). →desvantagens: alimentação pode influenciar na absorção, podem causar náuseas, vômitos e diarreia por ser um medicamento que atua no TGI, sofrem metabolismo de primeira passagem pois há perdas do princípio ativo, alguns medicamentos podem aumentar a motilidade intestinal, alteração de absorção no intestino, grau de ionização e solubilidade, inativação pode enzimas digestivas no intestino (que também podem causar metabolizaçãodo fármaco, não só no fígado) - por exemplo: o antibiótico destrói a flora intestinal, e o anticoncepcional necessita de bactérias intestinais, o qual pode ter sua absorção prejudicada, pois depende da flora intestinal. Circulação porta-hepática →parte do medicamento é absorvida no estômago, mas a grande maioria é pelo intestino Sublingual: rede capilar localizada abaixo da língua, caindo diretamente na circulação sistêmica (ex.: vonau, toragesic) →vantagens: sublingual pode ser feito para fármacos instáveis ao pH do estômago; não tem metabolismo de primeira passagem →desvantagens: não é de fácil reversão, pois cai diretamente na corrente sanguínea (não é possível a lavagem gástrica) Via retal: 50% da drenagem não passa pela circulação porta-hepática →vantagens: menor efeito de primeira passagem →desvantagens: formulação não disponível para todas as FFs, dose variável, pode irritar a mucosa local Via parenteral: intravenosa, intramuscular, subcutânea →não tem acesso ao TGI →vantagens: efeito é mais rápido, absorção é previsível e evita o efeito de primeira passagem →desvantagens: dor, contaminação, difícil administração, risco de flebites e embolias, difícil reversão Intravascular: efeito sistêmico sem sofrer efeito de primeira passagem →vantagens: fármacos que são instáveis ao pH gástrico e que sofrem efeito é rápido, diluição no soro →desvantagens: possibilidade de contaminação Subcutâneo: aplicação no tecido subcutâneo →vantagens: para fármacos que têm instabilidade ao pH ácido →desvantagens: volume reduzido, efeitos colaterais não podem ser revertidos facilmente Intramuscular: aplicação direta no músculo (deltóide no braço; glúteos) →vantagens: para fármacos que têm instabilidade ao pH ácido, efeitos rápidos, prolongados quando são formulações e suspensões oleosas →desvantagens: efeitos colaterais não podem ser revertidos facilmente VELOCIDADE DE ABSORÇÃO DE CADA VIA →a via intravenosa é a via de administração mais rápida, seguida de intramuscular, subcutânea e via oral →Dar uma lida em absorção e distribuição
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