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CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA 02: Fato Jurídico. Ato Jurídico. Negócio Jurídico: Conceito, Classificação, Elementos essenciais gerais e particulares, Elementos Acidentais, Defeitos, Nulidade Absoluta e Relativa, Conversão no negócio jurídico nulo. Questão 01. (ESAF/AFRF/2009) A nulidade absoluta do negócio jurídico a) somente poderá ser alegada pelos prejudicados, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz. b) só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ou solidariedade. c) poderá ser arguida por qualquer interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. d) poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de confirmação e de convalidação pelo decurso do tempo. e) será decretada se ele for praticado por pessoa relativamente incapaz sem a devida assistência de seus legítimos representantes legais. O estudo do fato, ato e negócio jurídico tem início nas relações jurídicas ocorridas entre pessoas, entre pessoa e os bens (coisas materiais, imateriais, etc.). Estas relações jurídicas são vínculos entre pessoas e/ou bens, decorrente da prática de declarações, de contratos. O quadro abaixo não é unânime, mas é o adotado pela doutrina majoritária bem como para concurso e demonstra as divisões dos fatos jurídicos: CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 2 www.pontodosconcursos.com.br RELAÇÃO JURÍDICA SUJEITO DO DIREITO ------- VÍNCULO --------- OBJETO DO DIREITO PESSOAS ------------ ATO JURÍDICO ------------- BENS SUJEITO DE DIREITO ------- VÍNCULO --------- SUJEITO DE DIREITO PESSOAS --------- NEGÓCIO JURÍDICO -------- PESSOAS Fato Jurídico Negócio Jurídico: bilateral Ato Jurídico: unilateral Extraordinário: força maior, caso fortuito Ordinário: nascimento, morte Voluntário Natural Ato Jurídico Sentido amplo CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 3 www.pontodosconcursos.com.br As relações jurídicas têm como fonte geradora os fatos jurídicos. Conceito: Fato Jurídico: é todo acontecimento que produz uma consequência jurídica; é qualquer acontecimento em virtude do qual nascem, modificam, subsistem ou se extinguem direitos. Ex: nascimento de uma pessoa, maioridade, morte, etc. A ciência do Direito “escolhe” determinados fatos sociais e passa a regulamentá-los. Assim, o conjunto dos fatos sociais são mais amplos do que o conjunto dos fatos jurídicos. FATO JURÍDICO Os fatos jurídicos se dividem em: INVOLUNTÁRIOS (naturais): Fatos jurídicos em sentido estrito. Ocorrem independentemente da vontade do ser humano. Ocorrem pela ação da natureza. Ex.: a morte, uma inundação, o nascimento, etc. A morte tem consequência no mundo jurídico (interessa à ciência do Direito; há o direito sucessório com a transmissão dos bens do “de cujus”). A mesma coisa se diga com relação ao nascimento: se nasceu com vida é pessoa, tem personalidade, é sujeito de direitos, possui capacidade de gozo ou de direito e pode contrair direitos e deveres na ordem civil. VOLUNTÁRIOS (humanos): Atos jurídicos em sentido amplo. Derivam da vontade direta do ser humano e se subdividem em: Lícitos: quando produzem efeitos legais, conforme a vontade de quem os pratica: casamento, contrato de compra e venda; Ilícitos: quando produzem efeitos legais contrários à Lei: o homicídio, o roubo, a agressão, etc. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 4 www.pontodosconcursos.com.br Os FATOS NATURAIS podem ser: ORDINÁRIOS: o que é um ato natural ordinário? Como o próprio nome já diz, ocorre ordinariamente, corriqueiramente: todos os dias pessoas nascem, morrem, etc. EXTRAORDINÁRIOS: Os fatos jurídicos extraordinários como o próprio nome sugere não são fatos que ocorrem ordinariamente, corriqueiramente no dia a dia, porém em ocorrendo causam consequencias jurídicas. É o caso da força maior e do caso fortuito. Os FATOS VOLUNTÁRIOS se subdividem em: O Ato Jurídico (UNILATERAL): É uma DECLARAÇÃO DE VONTADE (manifestação) de vontade de um agente. Ex.: declaração de nascimento de filho, emissão de Nota promissória, etc. Todo ato jurídico é unilateral. Isso decorre do fato da necessidade de apenas e tão somente uma pessoa para declarar sua vontade. E você pode estar se perguntando: Professora pode ocorrer de várias pessoas declararem sua vontade? Sim, pode. Mas para a declarar a vontade, para se fazer uma declaração, manifestação da vontade necessita-se apenas de um indivíduo. Negócio Jurídico (BILATERAL): o negócio jurídico parte da ideia de contrato. É sempre bilateral porque para a realização de qualquer negócio (contrato) requer-se, no mínimo, duas pessoas. Existe a manifestação da vontade de dois agentes, criando entre eles uma relação jurídica. Ex.: contrato de compra e venda. Neste caso, o ato jurídico passa a chamar-se Negócio Jurídico (Contrato). Ex.: todos os contratos, o empréstimo pessoal, etc. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 5 www.pontodosconcursos.com.br Ato Jurídico: é uma DECLARAÇÃO DE VONTADE que tem como consequência jurídica adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. ATO JURÍDICO = UNILATERAL Para a prática do ato jurídico (sentido estrito) é necessário apenas uma declaração (uma pessoa). LEI INCIDE sobre a DECLARAÇÃO de VONTADE Consequências jurídicas (efeitos jurídicos) ATO JURÍDICO (Sentido estrito) CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 6 www.pontodosconcursos.com.br O Código Civil tratou sobre os negócios jurídicos e ao final dispôs que: as normas aplicáveis aos negócios jurídicos se aplicam aos atos jurídicos, no que couber. Para que os negócios jurídicos sejam válidos é necessário preencher determinados requisitos que estão elencados no art. 104 e a falta de alguns dos requisitos causa a nulidade ou anulabilidade do negócio jurídico: NEGÓCIO JURÍDICO = CONTRATO = BILATERAL CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 7 www.pontodosconcursos.com.br REQUISITOS DE VALIDADE DO ATO/NEGÓCIO JUDÍDICO Regra: Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. REQUISITOS DE VALIDADE – ART. 104 ATO/ NEGÓCIO NULO – ART. 166 ATO/NEGÓCIO ANULÁVEL – ART. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. III - forma prescrita ou não defesa (proibida) em lei. IV - não revestir a forma prescritaem lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 8 www.pontodosconcursos.com.br Validade do Ato Jurídico A falta de algum elemento substancial do ato jurídico torna-o nulo (nulidade absoluta) ou anulável (nulidade relativa). A diferença entre o nulo e o anulável é uma diferença de grau ou gravidade, a critério da lei. A nulidade absoluta pode ser alegada, arguida a qualquer tempo por qualquer pessoa, pelo Ministério Público e pelo Juiz, inclusive, não se admitindo convalidação nem ratificação. A nulidade relativa, ao contrário, só pode ser argüida dentro do prazo previsto (4 anos, em regra) - somente pelos interessados diretos, admitindo convalidação e ratificação. Ato jurídico inexistente é o ato que contém um grau de nulidade tão grande e visível, que dispensa ação judicial para ser declarado sem efeito. Ato jurídico ineficaz é o ato que vale plenamente entre as partes, mas não produz efeitos em relação a certa pessoa (ineficácia relativa) ou em relação a todas as outras pessoas (ineficácia absoluta). Exs.: alienação fiduciária não registrada, venda não registrada de automóvel, bens alienados pelo falido após a falência. Requisitos para um Negócio Jurídico ser VÁLIDO: art. 104 a) agente capaz - o agente deve estar apto a praticar os atos da vida civil. Os absolutamente incapazes devem ser representados e os relativamente incapazes devem ser assistidos; b) Objeto Lícito e possível - o objeto do ato jurídico deve ser permitido pelo direito e possível de ser efetivado; CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 9 www.pontodosconcursos.com.br c) Forma Prescrita (estabelecida) ou não vedada em Lei - a forma dos atos jurídicos tem que ser a prevista em Lei, se houver esta previsão, ou não proibida. É nulo o ATO JURÍDICO quando praticado por pessoa absolutamente incapaz ou quando não revestir a forma prescrita em lei ou quando o objeto for ilícito ou não possível. Os atos jurídicos a que não se impõe forma especial prescrita em lei, poderão provar-se mediante: confissão, atos processados em juízo, documentos públicos e particulares, testemunhas, presunção, exames, vistorias e arbitramentos. Disso decorre que não podem ser admitidas como testemunhas: os loucos de todo gênero, os cegos e surdos (quando a ciência do fato, que se quer provar, dependa dos sentidos que lhes faltam), o interessado do objeto do litígio, bem como o ascendente e o descendente, ou o colateral, até 3º grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade. A nulidade é um vício intrínseco ou interno do ato jurídico. O Ato jurídico é nulo quando: for preterida a forma que a lei considere essencial para a sua validade; for ilícito ou impossível o seu objeto; for praticado por pessoa absolutamente incapaz. O ato jurídico é anulável quando: as declarações de vontade emanarem de erro essencial, viciado por erro, dolo, coação ou simulação. A respeito da nulidade, pode-se afirmar que: opera de pleno direito; pode ser invocada por qualquer interessado e pelo Ministério Público; o negócio não pode ser confirmado nem prevalece pela prescrição. Resolvendo a questão 01: Questão 01. (ESAF/AFRF/2009) A nulidade absoluta do negócio jurídico a) somente poderá ser alegada pelos prejudicados, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 10 www.pontodosconcursos.com.br b) só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ou solidariedade. c) poderá ser arguida por qualquer interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. d) poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de confirmação e de convalidação pelo decurso do tempo. e) será decretada se ele for praticado por pessoa relativamente incapaz sem a devida assistência de seus legítimos representantes legais. Comentários: A nulidade pode ser alegada pelos interessados bem como pelo ministério público e pode ser decretada de oficio pelo juiz. Gabarito: c Formas prescritas nos Atos Jurídicos: Locação, Mútuo, Comodato, Depósito, Fiança (Escrita ou verbal); Testamento (Escrita e exige cinco testemunhas); Pacto Antenupcial e Doação de Imóveis (só podem ser feitos por escritura pública); Procuração (Escrita e exige o reconhecimento de firma p/validade perante 3ºs). Se houver FORMA PREVISTA EM LEI, a desobediência ANULA o Ato. Os Atos Jurídicos podem ser: * Formais ou solares - casamento, testamento, compra/venda de imóveis, etc. *Não formais ou consensuais – locação, comodato, etc. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 11 www.pontodosconcursos.com.br DIFERENÇAS ENTRE ATO NULO e ANULÁVEL A falta de algum elemento substancial do ato jurídico torna-o nulo (nulidade absoluta) ou anulável (nulidade relativa). A diferença entre o nulo e o anulável é uma diferença de grau ou gravidade, a critério da lei. DECORAR AS DIFERENÇAS! ATO/NEGÓCIO NULO ATO/NEGÓCIO ANULÁVEL Nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer tempo por qualquer pessoa, pelo Ministério Público e pelo Juiz. A nulidade relativa só pode ser alegada no prazo dos arts. 178 e 179. Art. 177. Só os interessados a podem alegar. Não se admite convalidação nem ratificação (correção): Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Art. 177. Só os interessados a podem alegar. Art. 169. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 12 www.pontodosconcursos.com.br O ato/negócio nulo pode ser alegado/arguido a qualquer tempo e qualquer grau de jurisdição. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Efeito ex tunc (retroativos) Efeito ex nunc (não retroativos) CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO NULO O último edital de AFRF traz expressamente dentro do tópico “fato jurídico” , a conversão do negócio jurídico nulo. Assim, não tenho a menor dúvida de que é extrema importância ante para a prova. Trata da conversão do negócio jurídico nulo o art. 170. Para a incidência do artigo 170 do novo Código Civil exige-se a conjunção dos seguintes elementos: 1º) que haja um negócio nulo; 2º) que o negócio nulo contenha os requisitos necessários de outro negócio jurídico, e que esses requisitos necessários sejam apropriados a produzir efeitos jurídicos para satisfazer, razoavelmente, os Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 13 www.pontodosconcursos.com.br interesses das partes; 3º) que o fim a que as partes tinham em vista leve à convicção de que elas teriam querido este novo contrato, em lugar daquele, que originariamente fizeram, se houvessem previsto a sua nulidade. Assim, celebrado o acordo aceitaram as partes o negócio jurídico. Tendo conhecimento da nulidade cominada, da impossibilidade de se realizar o negócio, permitiu a lei um recurso às circunstâncias e finalidades do negócio inválido, de maneira a manter o negócio pelos celebrantes, caso este contenha os requisitos de outro negócio jurídico. Exemplo: a nota promissória nula por inobservância dos requisitos legais de validade é aproveitada como confissão de dívida. Exemplo: contrato de compra e venda com o valor do imóvel acima de 30 salários mínimos exige-se que seja realizado por escritura pública. Caso os contratantes realizassem-no sem esse requisito, este poderia ser convertido em contrato preliminar (promessa de compra e venda). INCAPACIDADE RELATIVA INVOCADA EM BENEFÍCIO PR[OPRIO Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. ART. 105 – Ato praticado pelo relativamente incapaz: a) com assistência = ato válido b) sem assistência = pode ser argüido, alegado a anulabilidade – arts. 171, 178, 179. Art. 105: 1) se a outra parte SABIA da incapacidade: NÃO PODE ser invocada a incapacidade relativa em benefício próprio (ver arts. 180 e 181); CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 14 www.pontodosconcursos.com.br 2) se a outra parte NÃO SABIA da incapacidade: PODE invocar a incapacidade = negócio jurídico anulado: a) NÃO aproveita aos co-interessados; b) APROVEITA aos co-interessados se a obrigação for indivisível. IMPOSSIBILIDADE INICIAL DO OBJETO Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. ART. 106 – Impossibilidade relativa: pode ser cumprida de outro modo. Considere F = formação do NJ. F = impossibilidade inicial absoluta = NJ nulo (art. 166) F = impossibilidade inicial relativa = NÃO torna o NJ nulo pois pode ser cumprida de outro modo. Ex: Um dos contratantes tem como obrigação de entregar uma safra (objeto possível) ao outro. Não pode alegar que “tal” terreno está alagado e por esse motivo não pode cumprir a obrigação, porque ele pode plantar em outro terreno. Não pode alegar que não pode cumprir porque o agrotóxico X está em falta no mercado porque existem outros agrotóxicos de outras marcas. A impossibilidade aqui não é absoluta, total. Também se considera impossibilidade relativa quando a obrigação a princípio é impossível de se cumprir, porém antes de ocorrer a condição a obrigação se torna possível. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 15 www.pontodosconcursos.com.br FORMA DA DECLARAÇÃO DE VONTADE A regra é a forma livre, a liberdade de forma, salvo se a lei exigir alguma formalidade (solenidade): Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, regra: a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato. RESERVA MENTAL: Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Trataremos da reserva mental no estudo dos vícios ou defeitos do negócio jurídico. O SILÊNCIO COMO CONSENTIMENTO DA VONTADE: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 16 www.pontodosconcursos.com.br usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. O silêncio, regra geral, não significa anuência, consentimento. Porém, as circunstâncias ou os usos podem indicar ou presumir que o silêncio indica a aceitação do negócio jurídico. Por exemplo, uma compra e venda programada mensalmente. Suponhamos que loja representante de produtos de beleza da marca “X” faça uma compra programada consubstanciada num único pedido dos referidos produtos para entrega parcelada durante uma ano. As remessas são mensalmente entregues. Suponhamos que as revendas estejam fracas e após a sexta entrega, loja deseje cancelar as futuras compras. Nesse caso, deve fazê-la por expresso, oral ou por escrito, conforme o pedido originalmente realizado. O silencio mês a mês da loja induz anuência, consentimento quanto à entrega da remessa atual bem como das futuras. INTENÇÃO DA DECLARAÇÃO: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. INTERPRETAÇÃO dos Negócios Jurídicos (devem ser interpretados conforme o Princípio da Boa-fé e os usos do lugar da celebração): Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA: Negócios jurídicos benéficos por exemplo, a doação bem como a renúncia interpretam-se restritivamente: Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 17 www.pontodosconcursos.com.br NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO COM MENOR DE IDADE Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Art. 181.Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 18 www.pontodosconcursos.com.br VÍCIOS OU DEFEITOS DO ATO/NEGÓCIO JURÍDICO Os Atos ou Negócios Jurídicos podem apresentar-se com vícios ou defeitos, que provocando a sua ineficácia tornam NULO ou ANULÁVEL o Negócio Jurídico. Vícios de Consentimento: ocorrem da própria vontade. Ex.: erro, dolo, coação. Vícios de Consentimento Podem ser objeto de ação anulatória no prazo de 4 anos ou 2 anos (arts. 178 e 179) Coação Dolo Erro Estado de Perigo Lesão Fraude contra credores ANULÁVEL CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 19 www.pontodosconcursos.com.br Nos vícios de consentimento ou de vontade o prejudicado é um dos contratantes, pois há manifestação da vontade sem corresponder com o seu íntimo e verdadeiro querer. Os vícios sociais consubstanciam-se em atos contrários à boa fé ou à lei, decorrentes da malícia humana prejudicando terceiro. São vícios da vontade: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão; e vícios sociais: a fraude contra credores e a simulação. ERRO Erro: é a FALSA noção que se tem de um objeto ou de uma pessoa. Ocorre quando o próprio agente pratica o ato baseando-se em falso juízo ou engano. A pessoa se engana sozinha; ninguém a induz a erro. Pode ser cometido por conta própria. Só anula o ato jurídico o erro SUBSTANCIAL ou essencial. Ex.: compra de um quadro de um autor como se fosse de outro. Não acarreta nulidade de um ato o erro acidental ou secundário Ex.: comprar uma casa com seis janelas, pensando que tinha sete. ART. 138 – ANULÁVEL o NJ = ERRO SUBSTANCIAL: Vícios Sociais Simulação NULO ANULÁVEL CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 20 www.pontodosconcursos.com.br ARt . 139 – ERRO SUBSTANCIAL: • NATUREZA: empresto um computador, a pessoa pensa que foi doação; • OBJETO: comprou um lote num condomínio pensando ser valorizado; trata-se de outro condomínio de nome parecido; • QUALIDADES: comprou relógio pensando ser de ouro, porém é dourado; • IDENTIDADE OU QUALIDADE DA PESSOA: casa-se com criminoso procurado ou com alguém que possui defeito físico não revelado anteriormente. Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. ERRO ACIDENTAL: NÃO ANULA = é o erro sobre as qualidades secundárias, acessórias do NJ; não vicia o NJ; continua válido, produz efeito por não incidir sobre a declaração de vontade. Ex: compro uma casa pensando ter seis janelas, porém possui três. ERRO NA INDICAÇÃO DA PESSOA NÃO ANULA QUANDO A PESSOA PUDER SER IDENTIFICADA: Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 21 www.pontodosconcursos.com.br vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Exemplo: Marcos indica Maria como beneficiaria de um seguro de vida em caso de sua morte, quando na verdade, queria indicar Socorro. Se pelo contexto ou circunstancias se puder indicar Socorro, o negocio subsiste e não será anulado. FALSO MOTIVO: Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Não há obrigatoriedade de indicar o motivo pelo qual estar se realizando o ato/negocio jurídico. Porem, uma vez indicado o motivo, este devera ser verdadeiro, sob pena de anulabilidade. TRANSMISSÃO ERRÔNEA DA VONTADE E ANULAVEL: Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. A transmissão da vontade pode ocorrer por meio de um representante ou mandatário que praticará o ato/negócio em nome do representado. Exemplo: o negócio se passa entre “A”e “B”. “Ä” não podendo comparecer, constitui como seu representante um terceiro “C”. Nesse caso, “C” transmite erroneamente a vontade de “A” para “B”, viciando o ato/negocio, sendo passível de anulação. ERRO DE CÁLCULO: Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação (correção) da declaração de vontade. ART. 143. ERRO DE CÁLCULO: é uma inexatidão material: NÃO ANULA o NJ, apenas autoriza a retificação (correção). E; comprou 12 camisas por R$ 45,00. Pagou R$ 450,00; deve completar o preço de R$ 90,00. Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. DOLO CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 22 www.pontodosconcursos.com.br Dolo: é o artifício empregado pelo agente para enganar outra pessoa. O agente emprega artifício para levar alguém a pratica de um ato que o prejudica, sendo por ele beneficiado ou mesmo beneficiando um terceiro. * Dolo Bom: empregado para beneficiar o autor do ato, não é ANULÁVEL. Quando houver dolo de terceiros, se as partes contratantes não souberem, o ato jurídico não é anulável. * Dolo Mal: prejudica o autor do ato, é passível de ANULAÇÃO. O Dolo Mal pressupõe: a) prejuízo para o autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou terceiro c) Pode ser praticado pelo silêncio. Não se admite invocação do Dolo para se anular casamento. ART. 145. ANULÁVEL o NJ = DOLO PRINCIPAL, ESSENCIAL ou SUBSTANCIAL: dá causa ao NJ. O NJ não ia se realizar; só se realizou porque houve o dolo, induzimento de alguém. DOLO SUBSTANCIAL (ESSENCIAL): Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. DOLO ACIDENTAL: NÃO ANULÁVEL: Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. ART. 146. DOLO ACIDENTAL: o NJ se realizou em condições mais onerosas. Note que aqui o NJ iria se realizar, porém se realizou de modo mais gravoso, oneroso: compra de um carro mais caro do que o normal. DOLO NEGATIVO ou OMISSÃO DOLOSA: VICIA O NJ e, se vicia, e passível de anulação: Art.147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 23 www.pontodosconcursos.com.br dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. ART. 148. DOLO DE TERCEIRO: ANULA o NJ se a parte a quem aproveita SOUBER do dolo. Se a parte a quem aproveita o NJ proveniente do dolo NÃO SOUBER do dolo, NÃO VICIA O NJ e por esse motivo NÃO haverá ANULAÇÃO. Exemplo: o negocio se passa entre “A” e “B”. Porem, um terceiro “C” age com dolo para beneficiar “B”. Se “B” (parte beneficiaria do dolo) sabia do dolo, o negocio se contamina pelo vicio e pode ser passível de anulação. Se “B” não sabia do dolo, o negocio subsiste e não será passível de anulação. DOLO DE TERCEIRO: Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL: Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Não raras vezes, a pessoa não pode comparecer pessoalmente para praticar o ato /negócio jurídico. Assim, necessita de um representante para representá-la e exprimir sua vontade. O representante legal pode ser o pai, a mãe, por exemplo, de um absolutamente incapaz. Se o representante legal age com dolo, o representado responde até a importância (valor $) do proveito ou vantagem que obteve com o dolo. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 24 www.pontodosconcursos.com.br O representante convencional é o procurador, mandatário; decorre do acordo de vontades entre o representante e o representado. Caso o representante pratique dolo, tanto este quanto o representado respondem solidariamente por perdas e danos. DOLO RECÍPROCO ou DOLO DE AMBOS: Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. COAÇÃO Coação: é a pressão psicológica exercida sobre alguém para obrigá-lo a praticar determinado ato. Para que a coação vicie o ato é necessário que se incuta medo de dano à pessoa do coagido, à sua família ou a seus bens e que o dano objeto da ameaça seja providência física ou moral. COAÇÃO: ART. 151: • Temor justificado: ameaça • Dano iminente: dano para atingir pessoa, família Dano grave e sério: ameaça deve ser grave e capaz de assustar. COAÇÃO Física ou Vis absoluta = NJ NULO Psicológica ou Vis relativa = NJ ANULÁVEL CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 25 www.pontodosconcursos.com.br A doutrina é quem divide a coação física (ou absoluta ou vis absoluta) e em psicológica (ou relativa ou vis relativa). A coação física é a que priva um dos contratantes completamente: alguém coloca a arma na cabeça de outrem e manda assinar o contrato. Há nulidade absoluta. A coação psicológica é a ameaça de um contratante ao outro. Na coação psicológica o coator deixa a opção para o coagido de ceder ou não a ameaça. Exemplo: um dos contraentes ameaça falar um segredo do outro, que se sente coagido em ceder ou não a ameaça. Mas cuidado! Para qualquer questão genérica que afirme que a coação torna anulável o ato/negócio jurídico, essa questão é verdadeira, correta! A coação para tornar o ato/negócio jurídico NULO, a questão deve mencionar expressamente a expressão “coação física ou vis absoluta”. COAÇÃO PARA ANULAR: Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 26 www.pontodosconcursos.com.br EXCLUDENTE DA COAÇÃO: Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial = EXCLUI A COAÇÃO = NÃO HÁ VÍCIO = NÃO ANULA. ART. 153. EXCLUSÃO DA COAÇÃO: não se considera coação: • Ameaça do exercício normal de um direito - Ex: se você não pagar vou protestar o título. • Simples temor reverencial: ameaça de pai para que o filho obedeça. ART. 154. COAÇÃO DE TERCEIRO: ANULA O NJ SE A PARTE A QUEM APROVEITA O NJ ESTIVER EM COLUIU, CUMPLICIDADE COM O COATOR. COAÇÃO DE TERCEIRO: Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. COAÇÃO DE TERCEIRO: Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto = NÃO VICIA = NÃO ANULA. ESTADO DE PERIGO Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. ESTADO DE PERIGO: ART. 156 – ANULA. ELEMENTOS (cumulativos): • SALVAMENTO: alguém quer se salvar CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 27 www.pontodosconcursos.com.br • GRAVE DANO • CONHECIDO DA OUTRA PARTE • ASSUME OBRIGAÇÃO EXCESSIVAMENTE ONEROSA. Ex: pai que tem o filho sequestrado e o bandido pede R$ 100 mil de resgate. O amigo sabendo oferece jóias que valem R$ 50 mil por R$ 100 mil. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. Note que no estado de perigo há uma necessidade de SALVAMENTO, enquanto que na lesão, há uma inexperiência ou necessidade, mas por exclusão toda e qualquer necessidade que NÃO SEJA DE SALVAMENTO poderá configurar lesão. Os requisitos para a configuração do estado de perigo devem ser CUMULATIVOS; se faltar um dos elementos/requisitos NÃO SE TRATA DE ESTADO DE PERIGO. O ESTADO DE PERIGO, por exemplo, é aquele que se configura num naufrágio, em que havendo a necessidade de salvamento, uma das pessoas em alto mar possui dois botes de salvamento e oferece um bote a outrem pedindo em troca uma quantia exorbitante. No estado de perigo é NECESSARIO QUE UMA DAS PARTES SAIBA DO GRAVE DANO DA OUTRA; O GRAVO DANO DE UM DELES DEVE SER CONHECIDO DO OUTRO. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 28 www.pontodosconcursos.com.br LESÃO Lesão: é quando uma pessoa obtém um lucro exagerado se aproveitando da imaturidade / necessidade / inexperiência de alguém. Ex.: agiotagem Lucro exagerado- é considerado quando o valor de venda atinge 5 x o valor de mercado ou quando o valor de compra atinge 1/5 do valor de mercado. A Lesão possui dois elementos: Elemento objetivo: lucro exagerado; e Elemento subjetivo: imaturidade, necessidade, inexperiência. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. LESÃO: ART. 157 – ANULA. É o abuso, é a usura, quando há cláusulas leoninas, por exemplo num contrato 9negócio jurídico). Um dos contratantes está em posição de inferioridade. Alguém por INEXPERIÊNCIA ou NECESSIDADE celebra negócio jurídico extremamente desfavorável; assume obrigação MANIFESTAMENTE DESPROPORCIONAL. Ex: inquilino em vias de ser despejado, premido da necessidade de abrigar sua família, realiza contrato de valor bem acima do mercado. Se tivesse condições e meditar jamais teria realizado. § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 29 www.pontodosconcursos.com.br FRAUDE CONTRA CREDORES Fraude contra Credores: é a manobra ardilosa para prejudicar terceiros. É caracterizada pela ma-fé. É a venda, o desfalque pelo devedor ou pelo devedor aliado a terceiro do seu patrimônio em prejuízo dos credores, com finalidade, a intenção de prejudicar seus credores. Ocorre quando o devedor atinge um estado de insolvência (aumento de dívidas com consequente diminuição do patrimônio). A fraude contra credores possui dois elementos: Elemento Objetivo = (eventus damni) = dano, prejuízo; e Elemento Subjetivo = (consolium fraudis) = conluio (acordo). A fraude contra credores pode ser objeto de ação anulatória, também chamada Ação Pauliana. AÇÃO PAULIANA ou REVOCATÓRIA: É a ação apropriada para anular os atos lesivos aos direitos dos credores. A dilapidação do patrimônio do devedor já insolvente (embora não saiba) ardilosamente arquitetada de forma que não lhe reste bens suficientes para saldar suas dívidas é considerada fraude contra credores. O credor que não possua uma garantia real, privilegiada, conta exclusivamente com os bens do devedor para ver seu crédito satisfeito. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. A AÇÃO PAULIANA para anular o negócio jurídico pode ser proposta contra o devedor, contra terceiros adquirentes ou contra qualquer pessoa que tenham celebrado negócio fraudulento com o devedor. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 30 www.pontodosconcursos.com.br Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. FRAUDE CONTRA CREDORES: prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam seu patrimônio, com a finalidade de fraudar credores. Objetivos: Ato com a finalidade de frustrar pagamento devido ou tendentes a violar a igualdade entre os credores. ART. 158: 1) Atos a título gratuito: doação, renúncia à herança, remissão (perdão) de dívidas que o devedor já estando insolvente. 2) Atos título oneroso (159): venda realizada entre parentes próximos por preço vil. 3) Pagamento antecipado de dívidas: paga dívida ainda não vencida, por exemplo, quando o credor é um amigo, fraudando os demais que têm dívidas já vencidas. § 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. § 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. CONTRATOS ONEROSOS ANULAVEIS: Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. ART. 159. Contrato oneroso: A ---------------------- B Vendedor Comprador: Caso ignore a insolvência: NÃO anula CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 31 www.pontodosconcursos.com.br Art. 160. Se o adquirente (comprador) dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Pelo art. 160, o comprador cumpre sua obrigação (pagamento) depositando o valor do bem em juízo e requerendo a citação de todos os outros credores. Caso o comprador valor deposite o valor a menor, para conservar o bem deverá complementar o pagamento do mesmo. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. CREDOR QUIROGRAFÁRIO: Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. Credor quirografário é o credor que não possui direito real de garantia (não é um credor hipotecário); seus créditos decorrem das relações obrigacionais: cheques, duplicatas. O crédito do credor hipotecário decorre de, por exemplo, uma hipoteca constituída pelo seu devedor. O devedor pede um empréstimo e dá em garantia (hipoteca) um bem imóvel. Caso não venha a pagar o empréstimo, o credor vende o bem dado em garantia e satisfaz seu credito. Pois bem! O crédito hipotecário (credito com garantia real) tem preferência, assim como o crédito tributário e os créditos decorrentes de acidente de trabalho e legislação trabalhista. Art. 162. (credores) A (devedor) --------------------------- B C D O devedor A paga ao B, prejudicando C e D. B se obriga a devolver o valor. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 32 www.pontodosconcursos.com.br GARANTIAS DE DÍVIDAS: Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. SIMULAÇÃO Simulação: é a declaração enganosa da vontade, visando obter resultado diverso do que aparece, para iludir terceiros ou burlar a lei. Simular significa fingir. É aparência do que não existe. Dissimular, ao contrário, significa encobrir a verdade. Veja que na dissimulação há um fato verdadeiro, real, há uma verdadeque é encoberta. Já na simulação declara-se o que não existe. Na simulação as partes dão uma aparência ao negócio jurídico. A simulação consiste em: um acordo entre as partes do negócio jurídico em declarar para um terceiro um negócio aparente, cujos efeitos não são desejados pelas partes. O propósito é de enganar o terceiro com objetivo de causar prejuízo a terceiro ou fraudar a lei. A Simulação não será um defeito do ato jurídico se não houver prejuízo a alguém ou violação da lei. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 33 www.pontodosconcursos.com.br Só terceiros lesados pela simulação é que podem demandar a nulidade dos atos simulados. Ex.: um indivíduo faz contrato de compra e venda objetivando, na verdade, fazer uma doação. Suponhamos que um dos cônjuges simule um contrato de venda de um apartamento com uma pessoa, que, na verdade é sua amante. Trata-se de doação disfarçada de compra e venda. Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna e não manifestada. SIMULAÇÃO – ART. 167 – NJ NULO. Declaração enganosa da vontade visando obter resultado diverso; cria uma aparência de direito para iludir ou violar a lei. As duas partes estão combinadas com intenção de prejudicar terceiro ou violar a lei. Ex: marido vende bem para a amante, prejudicando seu cônjuge. Claro que não é contrato de compra e venda, mas doação. Espécies: SIMULAÇÃO ABSOLUTA: A declaração aparente NÃO VISA A PRODUZIR QUALQUER EFEITO JURÍDICO. SIMULAÇÃO RELATIVA: as partes VISAM PRODUZIR EFEITOS DIVERSOS, DIFERENTES. As partes t6em a intenção de gerar efeitos jurídicos, mas não os efeitos que vieram a declarar, mas outros. Ë o caso da venda do apartamento do marido para a amante, que no caso é doação. SIMULAÇÃO MALICIOSA: NÃO visam prejudicar terceiros ou causar danos ou violar a lei. Visam tão somente ocultar (esconder) de terceiros a verdadeira natureza do negócio jurídico. SIMULAÇÃO INOCENTE: as partes visam prejudicar terceiros ou violar a lei. Lembre que a simulação é o único defeito ou vício do negócio jurídico que o contamina de vício insanável, tornando-o NULO DE PLENO DIREITO. Todos os outros vícios ou defeitos tornam o ato/negócio anulável. Mas lembre da CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 34 www.pontodosconcursos.com.br coação: se na questão vier expressa “coação física ou absoluta ou vis absoluta”, atribuindo a esta espécie de coação a nulidade absoluta, a questão (item) está verdadeiro, correto. Do contrário, para toda e qualquer questão genérica que afirme que a coação torna o negócio anulável, a questão está verdadeira. Poderão demandar a nulidade dos atos SIMULADOS: os terceiros lesados pela simulação e os representantes do poder público. A simulação está disciplinada no art. 167 do Código Civil. O artigo contém duas regras. Vamos estudá-las por partes: Primeira regra: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Até aqui tudo bem! Dois ou mais sujeitos, em coluio (combinados) simulam um contrato. Segunda regra: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Veja o desenho: ART. 167. NJ simulado NJ NULO DISSIMULAÇÃO: (oculta o que é verdadeiro): que o terreno alaga. A dissimulação subsiste, permanece, é válida. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 35 www.pontodosconcursos.com.br As partes realizaram um negócio de compra e venda de um terreno em determinada circunstância que o torna simulado. Além disso, mente, esconde a verdade (dissimula) ao dizer para o comprador que o terreno não alaga (está numa determinada região não passível de alagamento). O fato de o negócio ser nulo devido a simulação sempre vai subsistir a dissimulação (terreno que alaga devido a estar localizado numa zona baixa que o nível normal). O fato do negócio ser nulo devido a simulação, a parte dissimulada subsiste. Art. 167. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. RESERVA MENTAL ou SIMULAÇÃO INOCENTE A simulação é diferente da Reserva Mental: nesta as partes não estão combinadas. A regra decorre um dos contratantes não pode saber o que se passa na mente do outro. Se “a” faz uma declaração, mas mentalmente faz a reserva de não querer o que declara, o negócio é válido, subsiste, salvo se “b” sabia dessa reserva mental. Regra: Art. 110. A manifestação de vontade subsiste (não vicia, não anula) ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, Exceção: salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 36 www.pontodosconcursos.com.br ELEMENTOS ESSENCIAIS E ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO ELEMENTOS ESSENCIAIS: CAPACIDADE DO AGENTE, OBJETO LÍCITO e CONSENTIMENTO O negócio jurídico apresenta elementos essenciais (constitutivos), obrigatórios para sua Constituição. Os elementos constitutivos abrangem: os elementos essenciais, imprescindíveis à existência do ato negocial, pois forma sua substância, podem ser gerais e particulares; os naturais, que são efeitos decorrentes do negócio jurídico, sem que seja necessário qualquer menção expressa, pois a própria norma jurídica já lhe determina quais são essas consequências jurídicas. Capacidade do agente: se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, a capacidade do agente é indispensável à sua participação válida na seara jurídica; a capacidade especial ou legitimação distingue-se da capacidade geral das partes, para a validez do negócio jurídico, pois para que ele seja perfeito não basta que o agente seja plenamente capaz; é imprescindível que seja parte legítima, isto é, tenha competência para praticá-lo, dada a sua posição em relação a certos interesses jurídicos; sua falta pode tornar o negócio nulo ou anulável; a legitimação depende da particular relação do sujeito com o objeto do ato negocial. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 37 www.pontodosconcursos.com.br Objeto lícito e possível: para que o negócio se repute perfeito e válido deverá versar sobre objeto lícito, conforme a lei; além de lícito deve ser possível, física ou juridicamente, o objeto do ato negocial. Consentimento: é vontade, a anuência válida do sujeito a respeito do entabulamento de uma relação jurídica sobre determinado objeto; pode ser ele expresso ou tácito desde que o negócio, por sua natureza ou disposição legal, não exija forma expressa. ELEMENTOS ACIDENTAIS OU CLÁUSULAS ACESÓRIAS: CONDIÇÃO, TERMO e ENCARGO Os elementos acidentais são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seus negócios para modificar uma ou algumas de suasconsequências naturais, dos quais são exemplos: a condição, o termo e o modo ou encargo. São facultativos, opicionais no sentido de que, não há obrigatoriedade de inseri-los no contrato; o negócio jurídico pode sobreviver sem eles. Porém, uma vez inseridos no negócio, ficam indissociavelmente ligados a ele. A condição, o termo e o encargo são cláusulas acessórias aos negócios jurídicos. Como assim, cláusulas acessórias? Acessórias, porque não são cláusulas principais, ou seja, o negócio jurídico pode ou não contemplá-las. Elas são tratadas a partir do art. 121 do Código Civil. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 38 www.pontodosconcursos.com.br CONDIÇÃO CONDIÇÃO: Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Está claro que a condição é uma cláusula. E essa cláusula (condição) subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Como assim? Vamos entender o que significa esse “efeito”. Os efeitos do negócio jurídico podem ser: a) eficácia e b) ineficácia. EFICÁCIA = tornar-se eficaz = produzir efeito INEFICÁCIA = tornar-se ineficaz = parar de produzir efeitos Se, o negócio jurídico contemplar uma condição, o efeito (eficácia ou ineficácia) do negócio jurídico fica subordinado a um evento futuro e incerto. Ou seja, somente quando o evento futuro e incerto ocorrer, o negócio jurídico vai produzir efeito (que pode ser eficácia ou ineficácia). A condição se subdivide em: a) CONDIÇÃO SUSPENSIVA e b) CONDIÇÃO RESOLUTIVA. CONDIÇÃO SUSPENSIVA CONDIÇÃO RESOLUTIVA Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto Subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto A) CONDIÇÃO SUSPENSIVA: o negócio jurídico SÓ se torna EFICAZ (só produz efeito) se ocorrer o evento futuro e incerto. Exemplo: o pai realiza um negócio jurídico com o filho, uma doação. Caso o filho seja aprovado no vestibular para o curso de Direito, recebe o carro. Pronto, está posta a condição no negócio jurídico! Nesse caso, a condição suspensiva, como o próprio nome diz, SUSPENDE TUDO: a aquisição EFEITO CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 39 www.pontodosconcursos.com.br do carro, bem como o exercício (dirigir o carro) ficam suspensos, até que o evento futuro e incerto (passar no vestibular) venha a ocorrer. SUSPENDE A AQUISIÇÃO E O EXERCÍCIO DO DIREITO. B) CONDIÇÃO RESOLUTIVA: o negócio jurídico se torna EFICAZ (produz efeito) imediatamente com a realização do negócio jurídico. Quando ocorrer o evento futuro e incerto, o negócio jurídico se torna INEFICAZ (pára de produzir os efeitos). Exemplo: um sobrinho realiza um negócio jurídico (empréstimo) com seu tio, nesses moldes: tio empresta seu apartamento (em outra cidade) ao sobrinho que foi lá aprovado no vestibular de medicina e não tem aonde morar; a condição é que no momento em que “colar grau” (evento futuro e incerto), devolverá o imóvel. Note que o sobrinho imediatamente inicia sua moradia no imóvel. Isso porque a condição resolutiva NÃO SUSPENDE NADA! Não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Condição Suspensiva Condição Resolutiva Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto Subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto SUSPENDE TUDO: SUSPENDE A AQUISIÇÃO E O EXERCÍCIO DO DIREITO NÃO SUSPENDE NADA! Não suspende a aquisição nem o exercício do direito Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Condição Suspensiva – art. 125: subordina a EFICÁCIA (EFEITO) do negócio jurídico a em evento futuro e incerto. A eficácia do NJ fica SUSPENSA, PENDENTE. O NJ NÃO produz efeito até que a condição se realiza: SUSPENDE A AQUISICÃO E O EXERCÍCIO DO DIREITO Condição se realiza: NJ produz efeito Ex: se (condição) você passar no vestibular para Direito (evento futuro e incerto) te dou um carro. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 40 www.pontodosconcursos.com.br pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Condição Resolutiva – art. 127: Subordina a INEFICÁCIA do NJ a um evento futuro e incerto. ENQUANTO a condição não se realizar, o NJ é EFICAZ (PRODUZ TODOS OS EFEITOS). Produz Condição se realiza NJ efeito NJ ineficaz NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO E NEM O EXERCÍCIO DO DIREITO Ex: Enquanto não colar grau na faculdade de medicina (evento futuro e incerto) te empresto meu apartamento para morar. Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. TERMO TERMO: Termo é a cláusula que subordina os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e certo. Termo inicial. O termo inicial (dies a quo, ex die), dilatório ou suspensivo é o que fixa o momento em que a eficácia do negócio deve ter início, retardando o exercício do direito. Assim sendo, o direito a termo será tido como adquirido. Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. O termo inicial é um evento futuro e CERTO que condiciona o início dos efeitos do negócio jurídico. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 41 www.pontodosconcursos.com.br NJ Termo inicial NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO DO DIREITO SUSPENDE O EXERCÍCIO DO DIREITO Vamos agora tomar como exemplo a compra de um veículo em uma concessionária. O financiamento é aprovado, o comprador paga um sinal (aquisição), mas o veículo na cor preta só será entregue do dia 20 do mês seguinte a data da compra (termo inicial para o exercício ao direito). O TERMO NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO; SUSPENDE O EXERCÍCIO AO DIREITO. Nesse caso, o carro foi adquirido, porém o sujeito só vai exercitar o seu direito de dirigir, usar o veículo no dia 20 do mês seguinte. A eficácia de um negócio jurídico pode ser fixada no tempo. Determinam as partes ou fixa o agente quando a eficácia do ato começará e terminará. Esse dia do início e do fim da eficácia do negócio chama-se termo, que pode ser inicial ou final. Denomina-se termo inicial (ou suspensivo ou dies a quo) aquele a partir do qual se pode exercer o direito; é termo final (ou extintivo ou dies ad quem) aquele no qual termina a produção de efeitos do negócio jurídico. O termo inicial suspende a eficáciade um negócio até sua ocorrência, enquanto o termo final resolve seus efeitos. É semelhante à condição. O mesmo sentido, de forma mais técnica, faz-se presente no CC: "Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva" (art. 135). O termo, porém, é modalidade do negócio jurídico que tem por finalidade suspender a execução ou o efeito de uma obrigação, até um momento determinado, ou o advento de um evento futuro e certo. Aí reside a diferença entre o termo e a condição. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 42 www.pontodosconcursos.com.br Na condição, tem-se em mira evento futuro e incerto; no termo, considera-se evento futuro e certo. Tanto que, na condição, o implemento desta pode falhar e o direito nunca vir a se consubstanciar; o termo é inexorável e sempre ocorrerá. No termo, o direito é futuro, mas deferido, porque não impede sua aquisição, cuja eficácia é apenas suspensa. Como a compreensão de condição é muito próxima da compreensão de termo, ao titular do direito a termo, a exemplo do direito condicional, permite-se a prática de atos conservatórios, de acordo com o art. 130. E no termo, com maior razão, pois o titular de direito condicional possui apenas direito eventual, o titular de direito a termo possui direito deferido, apesar de futuro. O termo pode derivar da vontade das partes (termo propriamente dito ou termo convencional), decorrer de disposição legal (termo de direito) ou de decisão judicial (termo judicial). Na condição, enquanto não se verificar seu implemento, não se adquire o direito a que o ato visa (art. 125; antigo, art. 118); no termo inicial, pelo contrário, não se impede a aquisição do direito, mas se retarda seu exercício (art. 131; antigo, artigo 123). O termo, portanto, aposto a negócio jurídico, indica o momento a partir do qual seu exercício inicia-se ou extingue-se. Há atos, contudo, que não admitem a aposição de termo. Tal não é possível quando o direito for incompatível com o termo, dada sua natureza, bem como nos casos expressos em lei. Há incompatibilidade nos direitos de personalidade puros, nas relações de família e nos direitos que por sua própria natureza requerem execução imediata. Ninguém pode fazer adoção ou reconhecer filho subordinando tais atos a termo, por exemplo. É regra geral de interpretação que a aposição do termo seja feita em benefício da pessoa obrigada, salvo prescrição legal ou estipulação em contrário. É regra também encontrada no Código, no art. 133. Prazo: O prazo é o lapso de tempo decorrido entre a declaração de vontade e a superveniência do termo. O prazo é também o tempo que medeia entre o termo inicial e o termo final. Não se confunde, portanto, com o termo. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 43 www.pontodosconcursos.com.br O termo é o limite, quer inicial, quer final, aposto ao prazo. É o tempo que decorre entre o ato jurídico e o início do exercício ou o fim do direito que dele resulta. Diz-se que o prazo é certo se o ato é a termo certo, e prazo incerto se o ato é a termo incerto. O art. 132 traça as disposições sobre a contagem dos prazos: "Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluindo o dia do começo, e incluindo o do vencimento. § 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. § 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. § 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. § 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto." O art. 133 prescreve que, "nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes". Nos testamentos, o herdeiro tem a contagem de prazo a seu favor, preferindo ao legatário. A preferência do prazo em favor do devedor é que, no silêncio do contrato e na dúvida, deve ser beneficiado, em detrimento do credor, pois o primeiro deve cumprir a obrigação e está geralmente em situação de inferioridade. Estabelece o art. 134: "Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo". Como regra geral, as partes fixam prazo dentro do qual deve ser cumprida a obrigação. O credor não pode exigir o cumprimento antes do termo. Ainda que não haja fixação de prazo, há certas obrigações que, por sua natureza, só podem ser cumpridas dentro de certo lapso de tempo, como é o caso do empréstimo, por exemplo. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 44 www.pontodosconcursos.com.br Porém, quando a obrigação permite e os contraentes não fixam prazo, a obrigação é exequível desde logo, com as ressalvas da lei, ou seja, se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. Se se tratar de empréstimo, é óbvio que o credor não pode exigir imediatamente a devolução da coisa emprestada, assim também na empreitada, no contrato de fornecimento etc. A expressão “desde logo” do art. 134 não deve ser entendida ao pé da letra: temos que entender que o negócio jurídico deve ser realizado em tempo razoável, ainda que exequível desde logo, isto é, deve haver prazo razoável para que o ato seja realizado. Não havemos de dar rigor excessivo à regra aí estabelecida. ENCARGO/MODO ENCARGO/MODO: cláusula acessória à liberalidade (doação), pela qual se impõe um ônus, uma obrigação, a ser cumprida pelo beneficiário. Gera direito adquirido a seu destinatário, que já pode exercer o seu direito, ainda que pendente o cumprimento da obrigação que lhe fora imposta. Vamos tomar como exemplo uma pessoa (doador) que faz uma doação de um imóvel (terreno) a uma Prefeitura, mas com o encargo (obrigação, ônus) de construir uma escola para crianças carentes, um hospital, ou um asilo para velhinhos, ou o que quer que seja. O encargo impõe sempre uma obrigação ao beneficiário da doação. No encargo, o beneficiário adquire imediatamente a doação. O ENCARGO NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO NEM O EXERCÍCIO DO DIREITO (regra): Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Caso o doador venha a doar o terreno como condição suspensiva, SUSPENDE- SE A AQUISIÇÃO, bem como o EXERCICIO DO DIREITO até que o beneficiário (Prefeitura) venha a construir a escola, ou hospital, enfim que cumprir a obrigação. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 45 www.pontodosconcursos.com.br TABELA – DECORAR CONDIÇÃO TERMO ENCARGO/MODO Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade com atribuição de um ônus, uma obrigação ao beneficiário. SUSPENSIVA: Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto Termo é a cláusula que subordina os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e certo Encargo, por exemplo, é uma doação. SUSPENSIVA: SUSPENDE TUDO: SUSPENDE A AQUISIÇÃO E O EXERCÍCIO DO DIREITO NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO SUSPENDE O EXERCÍCIO NÃO SUSPENDE NADA: NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO NEM O EXERCÍCIO DO DIREITO (salvo quando disposta como condição suspensiva)RESOLUTIVA: Subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto NÃO SUSPENDE NADA! Não suspende a aquisição nem o exercício do direito O encargo ou modo é restrição imposta ao beneficiário de liberalidade. Trata- se de ônus que diminui a extensão da liberalidade. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 46 www.pontodosconcursos.com.br Assim, faço doação a instituição, impondo-lhe o encargo de prestar determinada assistência a necessitados; doa casa a alguém, impondo ao donatário obrigação de residir no imóvel; faço legado de determinada quantia a alguém, impondo-lhe o dever de construir monumento em minha homenagem; faço doação de área a determinada Prefeitura, com encargo de ela colocar, em uma da vias públicas, meu nome etc. Geralmente, o encargo é aposto às doações; porém, a restrição é possível em qualquer ato de índole gratuita, como nos testamentos, na cessão não onerosa, na promessa de recompensa, na renúncia e, em geral, nas obrigações decorrentes de declaração unilateral de vontade. O encargo apresenta-se como restrição à liberdade, quer estabelecendo uma finalidade ao objeto do negócio, quer impondo uma obrigação ao favorecido, em benefício do instituidor ou de terceiro, ou mesmo da coletividade. Não deve, porém, o encargo se configurar em contraprestação; não pode ser visto como contrapartida ao benefício concedido. Se houver contraprestação típica, a avença deixa de ser liberal para ser onerosa, não se configurando o encargo. Condições Lícitas e Ilícitas São ilícitas todas que atentarem contra proibição expressa ou virtual do ordenamento jurídico. Tem-se que verificar no caso de condição ilícita o fim ilícito da condição, pois uma condição nesse aspecto sempre pode ser realizada pela vontade da pessoa a quem se dirige. Condições ilícitas: são as condições imorais e as ilegais. São imorais as que, no geral, atentam contra a moral e os bons costumes. São dessa natureza as que vão contra o direito de liberdade das pessoas, seus princípios religiosos, sua honestidade e retidão de caráter. São ilegais as que incitam o agente à prática de atos proibidos por lei ou a não praticar os que a lei manda. Não pode ser admitida, portanto, a condição de alguém se entregar à prostituição ou transgredir alguma norma penal. Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 47 www.pontodosconcursos.com.br Condição Potestativa A segunda parte do artigo trata das condições potestativas. A condição potestativa é a que depende da vontade de um dos contraentes. Uma das partes pode provocar ou impedir sua ocorrência. A ela contrapõe-se a condição causal, a que depende do acaso, não estando, de qualquer modo, no poder de decisão dos contraentes. Nem todas as condições potestativas são ilícitas. Só aquelas em que a eficácia do negócio fica exclusivamente ao arbítrio de uma das partes, sem a interferência de qualquer fator externo. Por essa razão, CC inseriu a expressão "puro arbítrio" na dicção legal mencionada. Distinguem-se, então, as condições potestativas simples das condições puramente potestativas. CONDIÇÃO POTESTATIVA SIMPLES: Nas primeiras, não há apenas vontade do interessado, mas também interferência de fato exterior. Assim serão, por exemplo, as condições "se eu me casar", "se eu viajar para a europa", "se eu vender minha casa". CONDIÇÃO PURAMENTE POTESTATIVA: A condição puramente potestativa depende apenas e exclusivamente da vontade do interessado: "se eu quiser", "se eu puder", "se eu entender conveniente", "se eu assim decidir" e equivalentes. A proibição do art. 122 refere-se tão-só às condições puramente potestativas. Puro arbítrio de uma das partes. Embora não seja muito comum, a jurisprudência tem registrado a ocorrência de condições potestativas: "É condição puramente potestativa cláusula que, em contrato de mútuo, dê ao credor poder unilateral de provocar o vencimento antecipado da dívida, diante da simples circunstância de romper-se o vínculo empregatício entre as partes". CONDIÇÕES QUE INVALIDAM O NEGÓCIO JURÍDICO Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 48 www.pontodosconcursos.com.br Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. CUIDADO COM OS ARTIGOS 123, 124 e 137: Art. 123. INVALIDAM O NEGÓCIO JURÍDICO as CONDIÇÕES IMPOSSÍVEIS SUSPENSIVAS. Negócio Jurídico Condição suspensiva (impossível) Note que quando um NJ possui uma condição suspensiva impossível (te dou um carro se você me der todas as estrelas do céu) TODO O NJ Ë INVÁLIDO. O CC especifica que essa nulidade ocorre apenas se a condição for suspensiva. Se resolutiva for, o ato ou negócio já possuir, de início, plena eficácia, que não será tolhida pela condição ilegal. No que se refere às condições fisicamente impossíveis, o atual Código adota idêntica solução: se for suspensiva essa condição, o negócio será inválido. Quanto à ilicitude da condição ou a de fazer coisa ilícita, de forma peremptória, ao contrário do antigo sistema, o presente Código aponta que essas condições invalidam, em qualquer circunstância, os negócios jurídicos que lhes são subordinados. Desse modo, a condição de furtar ou de alguém se entregar ao tráfico de drogas, por exemplo, invalida o negócio subordinado. CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO – AFC – BANCA ESAF 49 www.pontodosconcursos.com.br O CC também dispõe que as condições incompreensíveis ou contraditórias invalidam os negócios respectivos. A condição aposta a um negócio jurídico passa a integrá-lo como um todo e dele não pode mais ser dissociada. As condições são elementos acidentais do negócio até que se materializem em um negócio jurídico. Se a condição for obscura, contraditória ou se não puder ser compreendida, todo o negócio jurídico será invalidado. CONDIÇÕES QUE TEM POR INEXISTENTE O NEGOCIO JURIDICO Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Art. 124. Têm-se por INEXISTENTE as CONDIÇÕES IMPOSSÍVEIS quando RESOLUTIVAS. Negócio Jurídico Note que aqui a condição é inexistente, mas o NJ é válido Condição Resolutiva (impossível) ENCARGO – art. 136: é um ônus (obrigação) imposto por uma das partes do NJ. Ex: Doação de um terreno para a Prefeitura com o encargo de construir uma escola para crianças carentes. NÃO SUSPENDE A AQUISIÇÃO NEM O EXERCÍCIO DO DIREITO. Art. 137. São duas regras: 1ª regra: Considera-se NÃO ESCRITO o ENCARGO ILÍCITO OU IMPOSSÍVEL: CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E
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