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Aula 05 - Parte 02

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CURSO ON-LINE – ICMS/RJ – DIREITO CIVIL
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROF: DICLER FERREIRA 
1 
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AULA 5 – 2ª parte - CONTRATOS EM ESPÉCIE 
Introdução 
Já estudamos na penúltima aula os conceitos gerais aplicáveis às diversas
espécies de contratos existentes, sejam eles previstos em lei (contratos típicos) ou não
previstos em lei (contratos atípicos). 
Dessa forma, hoje abordaremos algumas espécies de contratos previstas no
Código Civil e cobradas em provas de concursos públicos para os diversos tribunais de
nosso país. Fazendo uma análise dos principais editais, conclui que as espécies de
contratos a serem estudadas hoje são: 
- Da compra e venda; 
- Do contrato estimatório; 
- Da doação; 
- Do empréstimo; 
- Da prestação de serviço; 
- Da empreitada; 
- Do seguro; 
- Da transação; 
- Do mandato; 
- Do depósito; e 
- Da fiança. 
Da compra e venda
A definição do contrato de compra e venda é dada pelo art. 481 do CC. 
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
Percebe-se que a simples celebração do contrato de compra e venda não
transfere a propriedade, pois cria apenas uma obrigação de dar. 
O Código Civil brasileiro adotou o sistema romano ou alemão, diferente do sistema
francês ou italiano onde o simples contrato já transfere a propriedade da coisa para o
comprador. 
Então, quando que se transfere a propriedade no Direito Civil brasileiro?
A resposta é dada pelos arts. 1.245 e 1.267 do CC. 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título
translativo no Registro de Imóveis. 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes
da tradição. 
 
 
 
 
 
 
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Em se tratando de bens imóveis, o comprador só adquire a propriedade quando
efetua o registro do bem no Cartório de Imóveis, por outro lado, quando o bem for móvel,
a propriedade é adquirida com a tradição (entrega da coisa ao adquirente). 
SISTEMAS JURÍDICOS NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
SISTEMA FRANCÊS 
OU ITALIANO 
O simples contrato de compra e venda já transfere a propriedade
da coisa. 
SISTEMA ALEMÃO 
OU ROMANO 
O contrato de compra e venda cria uma obrigação de dar. É o
sistema adotado no Brasil. 
 
 Sobre a natureza jurídica do contrato de compra e venda temos que ele é: 
- bilateral ou sinalagmárico: gera obrigações para ambas as partes; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- consensual: em relação aos bens móveis se forma com o simples acordo de vontades;
- solene: em relação aos bens imóveis a validade depende da lavratura de escritura
pública. 
- comutativo (regra): costuma haver equivalência de prestações, entretanto, pode,
excepcionalmente ser aleatório, como vimos na aula passada (emptio spei e emptio rei
speratae). 
O comprador tem a obrigação de pagar o preço, receber a coisa vendida e
devolver a duplicata da fatura, se for o caso. Ao vendedor cabe a obrigação de transferir a
propriedade, com a tradição dos bens móveis ou escritura dos imóveis, bem como de
responder pela evicção e pelos vícios redibitórios, salvo estipulação em contrário. 
OBRIGAÇÕES 
DO COMPRADOR DO VENDEDOR 
- pagar o preço; 
- receber a coisa; e 
- devolver a duplicata, se houver. 
- transferir a propriedade; 
- responder pela evicção; e 
- responder pelos vícios redibitórios. 
O contrato de compra e venda possui três ELEMENTOS ESSENCIAIS (art. 482 do
CC): a coisa ou objeto (res), o preço (pretium) e o acordo de vontades (consensus). 
 
 
 
 
 
 
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Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita,
desde que as partes acordarem no objeto e no preço. 
Quando a compra e venda se referir a bens imóveis cujo valor supere 30 salários
mínimos, além dos três elementos citados, é necessária a forma especial (escritura
pública). 
1. COISA OU OBJETO 
A coisa, objeto de um contrato de compra e venda, deve atender a três requisitos: 
- existência potencial: segundo o art. 483 do CC são suscetíveis de venda as coisas
atuais (que já existem) ou as coisas futuras (que irão existir); 
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso,
ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes
era de concluir contrato aleatório. 
- individualização: a coisa deve ser determinada ou então determinável ao tempo do
cumprimento da obrigação; e 
- disponibilidade jurídica: as coisas insuscetíveis de apropriação (indisponibilidade
natural), legalmente inalienáveis (indisponibilidade legal) e gravadas com cláusula de
inalienabilidade (indisponibilidade voluntária) não podem ser objeto de um contrato de
compra e venda. Já as coisas litigiosas podem ser objeto, desde que o adquirente
assuma o risco da evicção (art. 457 do CC). 
Ainda sobre a coisa, temos o art. 484 do CC que trata da venda realizada através
de amostras. 
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-
se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição
ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. 
2. PREÇO 
Sem haver preço em dinheiro, estaríamos diante de um contrato de doação, pois a
onerosidade do negócio deixaria de existir. Se o preço não for em dinheiro, estaríamos
diante da uma troca ou permuta 
Os arts. 485 a 489 do CC tratam do assunto. 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a
incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes
designar outra pessoa. 
Como regra, o preço é fixado pelos próprios contratantes, entretanto pode ser
ajustado pelas partes que um terceiro determine o preço. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de
bolsa, em certo e determinado dia e lugar. 
Como exemplo do art. 486 do CC, temos um contrato de compra e venda onde o
preço do café será indicado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo em
determinado dia. 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros,
desde que suscetíveis de objetiva determinação. 
Pode também o vendedor de barras de ouro estipular o preço com base no valor
do grama a taxa de certo dia. 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se
sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá
o termo médio. 
 
Como exemplo do art. 488 do CC, se o vendedor de verduras omitir o preço em
determinado contrato, o valor que poderá ser cobrado será aquele habitualmente
praticado nas outras vendas. 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes a fixação do preço. 
Como o consenso é um dos requisitos a serem observados, não pode o preço ser
arbitrado por uma das partes, sob pena de nulidade. 
3. ACORDO DE VONTADES 
Uma pergunta que já me fizeram em sala de aula diz respeito à pessoa que entra
em uma loja para comprar uma roupa que estava na vitrine com um preço já fixado. Tal
caso seria um arbítrio do preço? 
A resposta é negativa, ou seja, se você entrou na loja é porque concordou com o
preço davitrine configurando-se o consensus. 
O contrato de compra pode ocasionar diversos EFEITOS E CONSEQUENCIAS,
dentre eles destacamos: 
- Despesas do Contrato (art. 490 do CC): cabe ao comprador pagar as despesas de
escritura (caso a venda seja solene), bem como de um eventual registro do contrato; por
outro lado, cabem ao vendedor as despesas referentes à entrega (tradição da coisa que
estava em seu poder). 
 
 
 
 
 
 
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Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. 
DESPESAS DE ESCRITURA E REGISTRO Î COMPRADOR 
DESPESAS COM A TRADIÇÃO Î VENDEDOR 
- Pagamento do preço (art. 491 e 495 do CC): a obrigação pelo pagamento do preço
surge para o comprador antes do vendedor entregar o objeto, dessa forma, se o
comprador não paga o preço, pode o vendedor se recusar a entregar a coisa. 
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa
antes de receber o preço. 
A exceção ocorre quando a venda é a crédito, pois, neste caso, o vendedor é
obrigado a entregar a coisa antes de receber o pagamento. 
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o
comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até
que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado. 
Também nas vendas a prazo, ocorrendo a insolvência (valor das dívidas superior
ao valor dos bens) do comprador, a lei permite ao vendedor que retenha a coisa vendida
até que o comprador apresente uma caução. 
- Riscos da coisa e do preço (arts. 492 a 494 do CC): risco é o perigo a que a coisa está
sujeita de perecer ou deteriorar, por caso fortuito ou força maior. Dessa forma, antes da
tradição, o vendedor ainda é dono e, por isso, se a coisa perecer antes da entrega, deve
suportar o prejuízo devendo o eventual dinheiro recebido ser devolvido. 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador. 
 antes da tradição 
 Riscos da coisa: vendedor 
 Riscos do preço: comprador 
§ 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar
coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e
que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. 
O art. 492, § 1º do CC se refere à tradição simbólica, ou seja, quando a coisa
comprada é colocada à disposição do comprador, para que as conte, marque ou assinale. 
tradição 
 
 
 
 
 
 
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Os casos fortuitos ocorridos no ato de contar, marcar e assinalar (ex: no ato de contar
várias caixas uma delas cai de determinada altura e o objeto nela guardado se quebra)
correrão por conta do comprador. 
§ 2o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e
pelo modo ajustados. 
No art. 492, § 2º do CC temos outra situação onde o comprador arcará com os
prejuízos se estiver em mora de as receber (mora accipiendi). Ou seja, o vendedor
colocou o bem a disposição para o comprador receber e este, por algum motivo não
recebeu. Neste caso, os riscos da coisa correm por conta do comprador. 
 Riscos da coisa: comprador 
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no
lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. 
A entrega da coisa ocorrerá no lugar previsto pelas partes no contrato. Em caso de
silêncio, a norma supletiva da vontade dos contratantes indica que o local do cumprimento
será aquele em que a coisa se encontrava ao tempo da venda. 
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua
conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das
instruções dele se afastar o vendedor. 
Se o comprador determinar o envio ou expedição da coisa para local diverso do
convencionado, correrão por conta dele os riscos da perda. 
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos
que gravem a coisa até o momento da tradição. 
Caso existam dívidas que gravem a coisa no momento da tradição, tais dívidas,
em regra, serão de responsabilidade do vendedor. 
- Defeito oculto na venda de coisas conjuntas (art. 503 do CC): o Código Civil
brasileiro optou pela redibição parcial, permitindo apenas a devolução da coisa viciada e
mantendo as demais que estejam intactas. 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a
rejeição de todas. 
coisa
colocada à
disposição mora do
credor 
 
 
 
 
 
 
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O Código Civil também prevê, em certas situações, que determinadas pessoas
não podem celebrar o contrato de compra e venda sob pena de nulidade. Tais situações
ocasionam uma FALTA DE LEGITIMAÇÃO PARA CELEBRAÇÃO DA COMPRA E
VENDA. 
- Venda de ascendentes para descendentes (art. 496 do CC): com a intenção de evitar
possíveis fraudes por ocasião da sucessão legítima (ex: o pai simular a transferência dos
bens para um dos filhos prejudicando os demais), a compra e venda entre ascendentes e
descendentes pode ser anulada pelo cônjuge (se o regime de bens não for o da
separação obrigatória) e demais descendentes se eles não manifestarem consentimento
expresso na venda. 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o
regime de bens for o da separação obrigatória. 
- Compra por pessoas com poder sobre os bens do vendedor (arts. 497 e 498 do
CC): o tópico em questão não permite que determinadas, em razão do poder que
exercem sobre os bens do vendedor, comprem os bens citados, ainda que a venda seja
realizada em hasta pública. 
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta
pública: 
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
à sua guarda ou administração; 
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a
que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade; 
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados. 
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. 
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os
casos de compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida,
ou para garantia de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso. 
Para os casos aqui citados o legislador impôs como pena a nulidade absoluta dos
atos. 
- Venda por condômino de coisa indivisível (art. 504 do CC): o condômino
(propriedade comum – pertencente a mais de uma pessoa)) de coisa indivisível
permanece no regime de condomínio por obrigação, pois as únicas formas de extinção do 
 
 
 
 
 
 
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condomínio são: um dos condôminos comprar as demais partes ou a venda da coisa com
a repartição do valor. 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino,a quem não se
der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de
decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de
maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais,
haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando
previamente o preço. 
- Venda a cônjuge (art. 499 do CC):um cônjuge pode vender um bem para outro quando
o bem não integrar o patrimônio comum do casal, ou seja, quando estiver excluído da
comunhão. 
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão. 
Como exemplo, temos a vende entre casais cujo regime seja o da separação total
de bens. 
Alguns tipos de venda apresentam certas peculiaridades que são resolvidas por
regras específicas. Nesse contexto encontram-se a VENDA AD MENSURAM e a VENDA
AD CORPUS tratadas nos arts. 500 e 501 do CC. 
- Venda ad mensuram (art. 500, caput do CC): é a venda feita por medida, ou seja,
aquela em que o preço é fixado tendo em consideração a real dimensão da área. Ou seja,
a metragem é mencionada a título taxativo, de modo que a dimensão exata da área é
um requisito essencial do contrato. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou
se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às
dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não
sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento
proporcional ao preço. 
É o que ocorre na venda onde se estipule o preço de cada unidade, alqueire,
metro quadrado, ou metro de frente. Como exemplo, temos a venda de 100 alqueires de
terra por R$ 30.000,00 cada um. 
Caso a dimensão não corresponda à que foi indicada, resta ao comprador propor a
complementação da área ou devolução de parte do preço ou resolução do contrato. 
- Venda ad corpus (art. 500, § 3º do CC): é a que compreende uma coisa certa e
determinada, de modo que o preço não tem relação direta com a extensão exata do 
 
 
 
 
 
 
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imóvel. Ou seja, a metragem é mencionada a título meramente enunciativo, porque a
preocupação é a venda e compra de um imóvel certo e determinado, de modo que a
dimensão exata da área não é requisito essencial do contrato. 
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for
vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência
às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad
corpus. 
Como exemplo, temos a compra de uma fazenda determinada sem referência à
sua área, ou com alusão a esta, mas em caráter meramente enunciativo, isto é, apenas
para caracterizar melhor a coisa, utilizando-se de expressões do tipo “mais ou menos 500
alqueires”. 
 Na venda ad corpus não cabe a complementação no preço, caso a área seja
maior, nem complementação da área, se esta for menor. 
De acordo com o art. 500, § 1º do CC, tem-se uma presunção relativa de que a
venda foi ad mensuram quando a diferença for inferior a 1/20 (5%). 
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando
a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada,
ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria
realizado o negócio. 
Já o art. 500, § 2º do CC prevê uma situação inversa, ou seja, se a área real for
maior que a mencionada no instrumento contratual. 
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para
ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha,
completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. 
Através do art. 501 do CC, o prazo decadencial para o comprador que recebeu
área menor ou para o vendedor que vendeu área excessiva em compra ad mensuram
exercerem seus direitos expostos é de um ano contado a partir do registro do título no
Cartório de Imóveis. 
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o
vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do
título. 
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao
alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência. 
É possível que algumas cláusulas especiais atribuam um feitio diferenciado ao
contrato de compra e venda, subordinando a sua duração ou eficácia a um evento futuro
e incerto. Essas CLÁUSULAS ESPECIAIS, também chamadas de pacto adjeto, são: 
- retrovenda; 
- venda a contento; 
 
 
 
 
 
 
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- preempção ou preferência; 
- venda com reserva de domínio; 
- venda sobre documentos. 
 Retrovenda (arts. 505 a 508 do CC) é uma cláusula especial num contrato de
compra e venda na qual se estipula que o vendedor poderá resgatar a coisa vendida,
dentro de um prazo determinado, pagando o mesmo preço ou diverso, desde que
previamente convencionado (incluindo, por exemplo, as despesas investidas na melhoria
do imóvel). 
A cláusula deve ser inserida no contrato de compra e venda, entretanto, não há na
legislação proibição de que possa ser acordada em pacto apartado. Esta cláusula tem
natureza jurídica acessória à compra e venda. É caracterizada a retrovenda como
condição resolutiva expressa, tendo como conseqüência o desfazimento da venda. Ou
seja, no prazo determinado o comprador tem a propriedade resolúvel do imóvel e, após o
prazo, não sendo exercido o direito de resgate, a propriedade passa a ser plena. 
A retrovenda, aplicável somente aos imóveis, não é considerada uma nova venda,
ou seja, é uma consequencia da venda anterior. Seu prazo máximo é de três anos, ou
seja, o vendedor só poderá reaver o imóvel através da retrovenda durante este período, e
para ser exercitado este direito, deverá constar expressamente no contrato. O prazo de
três anos é improrrogável e, chegando o termo final, extingue-se o direito,
independentemente de interpelação. Conta-se o dies a quo (termo inicial do prazo) a partir
da data do contrato e não do registro. 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. 
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor,
para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente. 
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor
restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o
comprador. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. 
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo
imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele 
Compra com
cláusula de 
retrovenda Prazo de Resgate
(até 3 anos) 
Propriedade
Resolúvel 
Propriedade
Plena 
Após o Prazo de
Resgate 
 
 
 
 
 
 
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acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito,
contanto que seja integral. 
Venda a contento (arts. 509 a 512 do CC) é uma cláusula pactuada em contrato
de compra e venda (pode abranger coisa móvel ou imóvel) através da qual o comprador
tem a prerrogativa de devolver a coisa quando esta não o satisfizer. Ou seja, a venda só
se efetivase o comprador aprovar a coisa; caso contrário, o contrato se desfaz. Vale aqui
o comum ditado: "Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!". 
Trata-se de uma venda realizada sob a condição suspensiva, ou seja, o comprador
toma a posse da coisa como mero comodatário e o domínio só será transmitido após a
manifestação positiva. 
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita,
enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. 
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição
suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja
idônea para o fim a que se destina. 
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob
condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não
manifeste aceitá-la. 
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor
terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo
improrrogável. 
 Na preempção ou preferência (arts. 513 a 520 do CC), que pode incidir sobre
bens móveis e imóveis, o comprador se compromete a dar preferência ao vendedor se
vier a vender a coisa posteriormente. Difere-se da retrovenda porque o preço a ser pago
deve ser o exigido pelo comprador, e não o preço da venda anterior. 
Compra com
cláusula de venda 
a contento Prazo para
manifestar o agrado
Posse Propriedade
Plena 
Compra com
cláusula de
preempção 
B. Móveis: até 180 dias 
B. Imóveis: até 2 anos 
 
 
 
 
 
 
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Dessa forma, caso o bem seja vendido no prazo para exercer o direito de
preferência sem ser oferecido ao devedor principal, nos termos do art. 518 do CC, deverá
o vendedor responder por perdas e danos. 
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer
ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use
de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. 
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a
cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. 
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o
comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa. 
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a
pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado. 
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for
móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos
sessenta dias subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor. 
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se
alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão
as demais utilizá-lo na forma sobredita. 
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter
dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem.
Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço
atual da coisa. 
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros. 
 Na venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528 do CC) o vendedor transfere
ao comprador a posse da coisa, mas conserva para si a propriedade sobre a mesma, até
que o preço seja quitado. 
Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito por escrito e, para valer contra
terceiros (eficácia erga omnes), deve ser registrado no Registro de Títulos e Documentos 
Prazo para exercer a
preferência 
Na hipótese de venda o bem
deve ser oferecido
primeiramente ao vendedor
primitivo.
 
 
 
 
 
 
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do domicílio do comprador. A doutrina predominante considera-o como sendo uma venda
sob condição suspensiva, ou seja, a venda se torna perfeita quando o preço é quitado. 
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade,
até que o preço esteja integralmente pago. 
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de
registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. 
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível
de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-
se a favor do terceiro adquirente de boa-fé. 
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o
preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o
comprador, a partir de quando lhe foi entregue. 
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após
constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial. 
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a
competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe
for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida. 
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as
prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas
feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao
comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual. 
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos
e ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira
e a respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato. 
Se o comprador não pagar uma prestação no vencimento, pode o vendedor
escolher duas alternativas: 
- mover ação para cobrança das prestações vencidas e vincendas (art. 526 do CC); e 
- recuperar a posse da coisa vendida, com a devolução das prestações pagas, podendo,
porém, retê-las até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e
o mais que de direito lhe for devido (art. 527 do CC). 
Compra com
cláusula de reserva
de domínio Antes do preço ser
totalmente quitado 
Posse Propriedade 
 
 
 
 
 
 
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Por fim, temos a venda sobre documentos (arts. 529 a 532 do CC), onde o
vendedor fica exonerado da entrega efetiva da coisa, substituindo-a pela tradição do título
que a represente e de outros documentos segundo a previsão contratual ou os costumes
locais. 
Esta modalidade de venda ocorre com mais freqüência em negociações
internacionais, em que os contratantes encontram-se em lugares diversos onde está a
mercadoria no ato da conclusão do contrato. 
O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e tem direito ao
preço; e o comprador, na posse justificada de tais documentos, pode exigir do
transportador a entrega da mercadoria. 
Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega
do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no
silêncio deste, pelos usos. 
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador
recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa
vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado. 
Art. 530. Não havendo estipulaçãoem contrário, o pagamento deve ser efetuado na
data e no lugar da entrega dos documentos. 
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro
que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao
ser concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa. 
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário, caberá
a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar a coisa
vendida, pela qual não responde. 
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a
efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador. 
Do contrato estimatório
 
O contrato estimatório (arts. 534 a 537 do CC) é conhecido no comércio como
venda em consignação. Trata-se de um contrato equivalente à compra e venda em
consignação onde o comprador recebe as mercadorias em depósito e, após um prazo
fixado pelas partes, paga as que conseguir revender e devolve as restantes. 
Como exemplo, temos a pessoa que combina com o amigo para deixar o carro em
sua concessionária para ser vendido por um preço determinado. Caso o amigo consiga
vender por um preço maior, então terá um lucro, pois é obrigado a entregar apenas o
preço ajustado. 
No exemplo citado, o dono da coisa é chamado de consignante e aquele que
recebe a coisa em depósito (ex: o amigo) é chamado de consignatário. 
 
 
 
 
 
 
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Durante o período de consignação, em regra, o consignatário é um mero
depositário do bem, ou seja, não pode usá-lo. 
A natureza jurídica da venda em consignação é a seguinte: 
- unilateral: a questão é controvertida, mas a doutrina majoritária entende que com a
entrega da coisa e o nascimento do contrato, todas as obrigações são do consignatário,
sendo a principal delas o pagamento do preço estimado; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens; 
- real: só se aperfeiçoa quando o bem consignado é entregue ao consignatário;
- típico: está previsto no Código Civil; e 
- não solene: independe de forma especial. 
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado,
salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. 
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a
restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele
não imputável. 
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos
credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço. 
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe
ser comunicada a restituição. 
Da doação
O conceito de doação é dado pelo art. 538 do CC. 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
Desse conceito é possível extrairmos dois elementos: o subjetivo e o objetivo. 
Entrega do bem
consignado 
Período de
Consignação 
Posse do consignatário
como se fosse um 
depositário
Restituição
do bem
consignado
ou preço 
 
 
 
 
 
 
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- elemento subjetivo: é o animus donandi que consiste na intenção de fazer uma
liberalidade em favor do donatário; e 
- elemento objetivo: consiste na transferência da propriedade de bens ou direitos do
patrimônio do doador para o patrimônio do donatário. 
Deve-se salientar que o contrato de doação apenas gera a obrigação de transferir
os bens e direitos indicados. A efetiva transferência representa a execução do contrato de
doação. O domínio (propriedade), como vimos, só se efetua com a tradição (bens móveis)
ou com o registro (bens imóveis). 
 Quanto à natureza jurídica do contrato de doação, temos o seguinte: 
- unilateral: só o doador assume obrigação; entretanto, devemos ressaltar a doação com
encargo que é considerada bilateral, pois ambas as partes assumem obrigações
recíprocas; 
- gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra não assume
qualquer ônus; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- solene: a lei, em regra (art. 541 do CC), exige forma escrita para os bens móveis e
escritura pública para os imóveis, para que a doação se aperfeiçoe; entretanto, excetua-
se a doação verbal que poderá ocorrer quando o bem doado for de pequeno valor e
houver a imediata tradição. 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
Apesar da doação ser unilateral, trata-se de um contrato que, para se formar,
depende da convergência de duas vontades. Ou seja, na doação, não basta o doador
querer doar, pois o donatário também deve manifestar a sua aceitação. Sendo fixado um
prazo pelo doador, o silêncio acarretará uma aceitação tácita da doação, desde que seja
pura.Tal assunto é tratado no art. 539 do CC: 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a
declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 
O Código Civil enumera diversas espécies de doação. Vejamos uma a uma: 
- doação pura e simples: é aquela que não está sujeita a uma condição ou um encargo,
que são os elementos acidentais que alteram os efeitos normais do negócio jurídico. É o
que ocorre quando alguém doa uma casa para um amigo sem nada exigir-lhe em troca. 
- doação contemplativa (art. 540, 1ª parte, do CC): ocorre quando uma pessoa doa e
declara o motivo de sua doação. Temos como exemplo o doador que doa um bem a uma
fundação em razão dos seus excelentes trabalhos com as crianças carentes. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o
caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no
excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. 
- doação remuneratória (art. 540, 2ª parte, do CC): é a doação feita para agradecer um
serviço prestado ou por alguma atitude do donatário. Ressalta-se que não se trata de um
pagamento, mas de uma simples gratidão. 
- doação com encargo ou onerosa: ocorre quando o doador impõe ao donatário um
encargo como contraprestação. Ocorre, por exemplo, quando A doa para B um terreno
para que nele seja construído um hospital. 
Possuem legitimidade para exigir o cumprimento do encargo (art. 553 do CC) o
próprio doador, o terceiro por ele beneficiado, ou mesmo o Ministério Público (após a
morte do doador), se o encargo for em benefício de interesse geral. 
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a
benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá
exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito. 
Caso a doação com encargo não estipule prazo certo para o seu cumprimento,
pode o beneficiário conceder um prazo razoável, devendo para tanto constituir o donatário
em mora através de uma interpelação judicial ou notificação, nos termos do art. 562, 2ª
parte, do CC. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a
obrigação assumida. 
Em decorrência do encargo a doação passa a ter umcaráter oneroso e, por isso,
aplicam-se as regras referentes aos vícios redibitório (art. 441, § único do CC) além de
surgir a possibilidade de revogação da doação por inexecução do encargo (art. 562, 1ª
parte, do CC). Conclui-se então que a inexecução do encargo é uma causa de resolução
da doação. 
Mais adiante trataremos de outras formas de se revogar as doações. 
- doação em forma de subvenção periódica (art. 545 do CC): é a doação feita através
de vários atos, ao invés de uma única vez. Ou seja, trata-se de um benefício periódico,
que pode ser mensal, semestral, anual, etc. 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se
morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a
vida do donatário. 
 
 
 
 
 
 
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Entretanto, esta doação se extingue com a morte do doador, salvo se houver
previsão no contrato sobre a transferência da obrigação para os herdeiros, hipótese que
ficará limitada ao valor da herança. 
De qualquer forma, a obrigação não pode ultrapassar a vida do donatário, ou seja,
não há um caráter de perpetuidade. 
- Doação com cláusula de reversão (art. 547 do CC): ocorre quando o bem doado
retorna ao patrimônio do doador, na hipótese de morte do donatário. 
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se
sobreviver ao donatário. 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. 
Entretanto, ressalta-se que as partes não podem pactuar sobre a reversão em
favor de terceiro, apenas é permitida a reversão em favor do doador. Caso fosse possível
a reversão em favor de terceiro, estaríamos admitindo a possibilidade de um pacto
sucessório (pacta corvina) que é expressamente proibido pelo art. 426 do CC. 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
- Doação universal (art. 548 do CC): é aquela que abrange todos os bens do doador,
sem deixar uma reserva para a sua própria subsistência. Tal doação é passível de
nulidade absoluta, pois visa impedir que em um momento de afobação o doador
ultrapasse os limites do patrimônio a ser doado. 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente
para a subsistência do doador. 
Caso seja estipulada uma reserva de usufruto ao doador, então a doação universal
será válida. 
Doação de ascendente para descendente ou de um cônjuge a outro (art. 544 do CC):
como exemplo, o pai poderá fazer doação a seus filhos, e um cônjuge ao outro, porém, tal
ata acarretará um adiantamento da herança (legítima), devendo, por isso, ser verificada
no inventário do doador por meio da colação. 
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,
importa adiantamento do que lhes cabe por herança. 
Vejamos o exemplo a seguir, onde foi desconsiderada a parte disponível da
herança: 
Um pai (viúvo) possui um patrimônio de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos
mil reais), e, ainda em vida, faz uma doação para um de seus três filhos no valor de R$
300.000,00 (trezentos mil reais). 
 
 
 
 
 
 
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Patrimônio inicial do Pai: 1.500.000,00 
Patrimônio do Pai após a doação: 1.5000.000,00 – 300.000,00 = 1.200.000,00 
Por ocasião da morte do pai, não basta dividir por 3 o valor de 1.200.000,00, pois o
valor doado em vida deve ser “colado” aos 1.200.000, totalizando 1.500.000,00. Após a
colação o patrimônio será dividido e o filho que recebeu a doação terá o valor doado
subtraído de sua parte. 
Valor a ser dividido: 1.500.000,00 
- Valor do Filho 1: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 
- Valor do Filho 2: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 
- Valor do Filho 3: 1.500.000,00 / 3 = 500.000,00 – 300.000,00 (doação) = 200.000,00 
Doação inoficiosa (art. 549 do CC): é aquela que excede a parte do patrimônio que
poderia ser incluída em testamento. Ou seja, se houver herdeiros necessários
(ascendentes, descendentes ou cônjuge) o doador só pode dispor da metade de seus
bens. A parte da doação que ultrapassar este limite será nula. 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no
momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. 
Doação ao cônjuge adúltero (art. 550 do CC): tal doação poderá ser anulada, bastando
que se verifique a infidelidade. Tal ação de anulação poderá ser proposta em um prazo
decadencial de dois anos a contar do fim da sociedade conjugal. 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a
sociedade conjugal. 
Doação conjuntiva (art. 551 do CC): é a doação realizada para mais de uma pessoa. 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa
entende-se distribuída entre elas por igual. 
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. 
Doação a entidade futura (art. 554 do CC): é aquela cujo donatário é uma pessoa
jurídica que ainda não existe, mas que será constituída. Caso tal constituição não ocorra
em dois anos, ocorrerá a caducidade do ato. Trata-se de uma doação sob condição
suspensiva. 
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver
constituída regularmente. 
Outro assunto muito cobrado em provas de concurso é a REVOGAÇÂO DA
DOAÇÂO. 
 
 
 
 
 
 
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Em regra, a doação é irrevogável por vontade unilateral do doador, pois, a partir do
momento em que ocorre a aceitação do donatário, passa a valer a máxima do pacta sunt
servanda. 
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por
inexecução do encargo. 
De acordo com o art. 555 do CC a doação pode ser revogada em duas hipóteses: 
- ingratidão do donatário: o donatário tem o dever de ser grato ao doador e, por isso,
deve se abster de atos que constituem prova de ingratidão e revelem sua insensibilidade
ao favor recebido. 
- inexecução do encargo (art. 562 do CC): quando a doação for onerosa e o encargo
não for cumprido pode haver a revogação da doação. 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a
obrigação assumida. 
Sobre a revogação por ingratidão do donatário temos os seguintes artigos do
Código Civil: 
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio
doloso contra ele; 
II - se cometeu contra ele ofensa física; 
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este
necessitava. 
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo
anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do
doador. 
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de
um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a
autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. 
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador,
nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo
doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de
ajuizada a lide. 
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros,
exceto se aquele houver perdoado. 
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros,
nem obriga o donatárioa restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas 
 
 
 
 
 
 
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sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas
doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor. 
Para finalizar o tópico das doações, temos o art. 564 do CC que trata das doações que
são consideradas irrevogáveis. 
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
I - as doações puramente remuneratórias; 
II - as oneradas com encargo já cumprido; 
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento. 
Do empréstimo (comodato e mútuo)
O Código Civil trata de duas modalidades de empréstimo: o comodato e o mútuo. 
a) comodato: nos termos do art. 579 do CC, trata-se do empréstimo gratuito de um
bem infungível pelo qual o comodante (dono da coisa) transfere sua posse ao 
comodatário por um determinado período de tempo. 
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com
a tradição do objeto. 
O comodato é chamado de um empréstimo de uso, ou seja, o bem é emprestado
para ser usado e depois devolvido. 
Como exemplo, temos a pessoa que empresta a casa de praia gratuitamente para
um amigo passar as férias do mês de janeiro. 
Tal contrato envolve as seguintes pessoas:
- comodante: aquele que empresta; 
- comodatário: aquele que toma emprestado. 
É fundamental a gratuidade, pois se houver um pagamento como contraprestação
teremos uma locação. Destaca-se também a infungibilidade do bem emprestado, ou
seja, deve ser devolvido exatamente o mesmo bem que foi tomado como empréstimo, e
não um bem semelhante. 
Entretanto, o comodato poderá versar sobre um bem fungível e consumível, se
houver sido contratado ad pompam vel ostentationem, como, por exemplo, o empréstimo
de uma cesta de frutas tropicais exóticas para ornamentação de um salão de festas. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de comodato, temos o seguinte:
- unilateral: só o comodatário assume obrigação; 
- gratuito: apenas uma das partes aufere vantagens (comodatário), 
 
 
 
 
 
 
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- real: se perfaz com a tradição do objeto; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até
ser realizado de forma verbal. 
De forma semelhante à doação, o comodato é puro quando traduz um ato de
simples liberalidade. É modal ou com encargo quando se impõe uma obrigação especial
ao comodatário. Porém, ressalta-se que, segundo entendimento doutrinário, a existência
de encargo não retira a gratuidade, nem o animus comodandi da relação negocial. 
Os artigos 580 a 585 do CC também tratam do assunto ao apresentar as
obrigações do comodatário: 
Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios
não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua
guarda. 
Percebe-se que certas pessoas não podem dar bens de terceiros em comodato
sem possuir autorização especial. Ou seja, estamos diante de uma situação de falta de
legitimidade. 
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário
para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e
urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes
de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. 
Como exemplo do art. 581 do CC, temos o comodante que empresta a casa de
paria sem estipulação de prazo. Como regra, a exigência da devolução só poderá ocorrer
após o fim do verão. 
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela,
sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além
de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo
comodante. 
O art. 582 do CC apresenta inúmeros conceitos. Vamos separá-los para fins didáticos: 
¾ obrigação do comodatário de conservar a coisa como se fosse sua; 
¾ utilizar a coisa emprestada de acordo com o contrato e a natureza (ex: a casa de
família não pode ser utilizada para a realização de um evento com centenas de
pessoas); 
¾ restituição da coisa por ocasião do final do prazo estipulado (ex: se eu não devolver a
casa de praia ao final do prazo estipulado, o comodante poderá me cobrar aluguel
pelo período que eu ficar a mais). 
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, 
 
 
 
 
 
 
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responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força
maior. 
Sendo o comodato um contrato gratuito, pois só traz vantagens ao comodatário,
nada mais justo que este anteponha a salvação dos bens emprestados à salvação de
seus próprios bens, mesmo que a situação decorra de caso fortuito ou força maior. 
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas
com o uso e gozo da coisa emprestada. 
Também é obrigação do comodatário arcar com as despesas feitas com o uso da
coisa emprestada, tais como IPTU, água, luz, condomínio, etc. 
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma
coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. 
No caso de haver mais de um comodatário, as obrigações aqui citadas são
consideradas solidárias. 
b) mútuo: nos termos do art. 586 do CC, o mútuo é um contrato pelo qual o mutuante
transfere a propriedade de determinada coisa móvel e fungível ao mutuário, que deverá 
restituir, findo o contrato, bem equivalente do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e
quantidade. 
Trata-se de um empréstimo de consumo, pois o bem emprestado é consumido e
devolvido um bem equivalente. 
Como exemplo temos a pessoa que toma emprestado um quilo de açúcar com o
vizinho. 
Tal contrato envolve as seguintes pessoas:
- mutuante: é o que empresta. 
- mutuário: é o que toma emprestado. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de mútuo, temos o seguinte: 
- unilateral: só o mutuário assume obrigação; 
- gratuito: em regra é um contrato gratuito, onde apenas o mutuário aufere vantagens,
entretanto, excepcionalmente, o mútuo poderá ser considerado oneroso (art. 591 do CC); 
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,
permitida a capitalização anual. 
 
 
 
 
 
 
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O mútuo será considerado oneroso (mútuo feneratício) quando se destinar a fins
econômicos (ex: empréstimo de dinheiro a juros) 
- real: se perfaz com a tradição do objeto; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até
ser realizado de forma verbal. 
Analisando o art. 587 do CC, percebemos que enquanto o comodato transfere a
posse do bem, o mútuo transfere a propriedade, pois o bem mutuado poderá ser
consumido. 
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por
cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. 
Se o mútuo for feito à pessoa menor, sem a prévia autorização de seu
representante legal, como regra, o mutuante não poderá reaver a coisa emprestada
emprestada por ser inválidoo contrato. É o que se depreende dos arts. 588 e 589 do CC. 
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. 
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: 
I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o
empréstimo, o ratificar posteriormente; 
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo
para os seus alimentos habituais; 
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução
do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; 
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. 
Se, durante o mútuo, o mutuário sofrer uma notória mudança na sua situação
econômica, então, nos termos do art. 590 do CC, poderá ser exigido pelo mutuante uma
garantia de que o empréstimo será restituído. 
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o
mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. 
Finalizando o estudo do mútuo, o art. 592 do CC estabelece o seu prazo de
duração na falta de convenção expressa. 
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: 
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o
consumo, como para semeadura; 
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; 
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível. 
 
 
 
 
 
 
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Da prestação de serviço
A prestação de serviço é o contrato pelo qual determinada pessoa física ou jurídica
(prestador) se compromete com outra (tomador) a realizar certa atividade mediante
remuneração. 
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser
contratada mediante retribuição. 
Excluídos os serviços regulados pela legislação trabalhista, Código de Defesa do
Consumidor (CDC) ou outras leis especiais, todas as demais prestações de serviços
serão reguladas pelo Código Civil. Ou seja, através do art. 593 do CC pode-se afirmar
que o contrato de prestação de serviço regulado pelo Código Civil tem caráter residual,
pois só é aplicado quando não há aplicação da legislação trabalhista, do CDC ou de
outras leis especiais.. 
Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei
especial, reger-se-á pelas disposições deste Capítulo. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de prestação de serviço, temos o
seguinte: 
- bilateral: ambas as partes assumem obrigações, o prestador assume uma obrigação de
fazer, ao passo que o tomador assume uma obrigação de pagar a remuneração; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens, 
- consensual: o contrato se aperfeiçoa com o simples acordo de vontade das partes,
podendo ser provado por testemunhas, seja qual for o valor, independente de começo de
prova por escrito; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até
ser realizado de forma verbal. 
Caso a forma utilizada seja a escrita, se uma das partes não soubre ler e nem
escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
Isso significa que o contrato pode ser assinado por outra pessoa, a pedido do contratante
analfabeto, na presença de duas testemunhas. Vide art. 595 do CC. 
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber
ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas. 
De acordo com o art. 594 do CC a retribuição é uma parte integrante das
obrigações daquele que contrata (tomador). Os arts. 596 e 597 do CC tratam do assunto. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua
qualidade. 
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou
costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações. 
Os arts. 605 e 606 do CC estabelecem as obrigações das partes: 
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o
direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra
parte, dar substituto que os preste. 
Caberá ao prestador executar pessoalmente o serviço contratado, não podendo
transferi-lo a outro prestador, em razão da impessoalidade e da confiança que decorrem
da prestação. Da mesma forma, não pode o tomador exigir que o prestador preste para
um terceiro o serviço contratado. 
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não
satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a
retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar
benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação
razoável, desde que tenha agido com boa-fé. 
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da
prestação de serviço resultar de lei de ordem pública. 
A principal obrigação do tomador é o pagamento da remuneração, mas, nos
termos do art. 606 do CC, é possível que o direito à remuneração seja perdido. 
 Sobre o prazo do contrato de prestação, o assunto é abordado pelos arts. 598 a
602 do CC. 
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro
anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta,
ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro
anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. 
Através do dispositivo acima, percebe-se que o prazo máximo de um contrato de
prestação de serviços é de 4 anos. 
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do
contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio
aviso, pode resolver o contrato. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: 
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês,
ou mais; 
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou
quinzena; 
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias. 
 
 
 
 
 
 
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No art. 599 do CC o termo resolver é empregado erroneamente, pois, na verdade,
trata-se de uma resilição unilateral (por vontade da parte) da prestação de serviço sem
prazo de duração.. 
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço,
por culpa sua, deixou de servir. 
Sobre o cômputo do tempo do contrato, não é computado o prazo em que o
prestador deixou de servir culposamente (ex: simulando doença), mas será computado o
tempo que deixou de prestar serviço sem haver culpa de sua parte (ex: em razão de
serviço militar, ou de enfermidade comprovada, etc.). 
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado
trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as
suas forças e condições. 
O art. 601 do CC trata da natureza do serviço contratado. Como exemplo de
aplicação temos a pessoa que foi contratada para fazer uma faxina não pode ser obrigada
a realizar trabalho de pedreiro. 
A extinção da prestação de serviço é abordada nos arts. 602 a 604 e 607 a 609
do CC. 
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada,
não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo,ou
concluída a obra. 
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida,
mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido por justa
causa. 
Tal dispositivo estabelece uma proibição/penalidade quando houver rescisão
unilateral pelo prestador de serviço sem e com justa causa. 
Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte será
obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria
de então ao termo legal do contrato. 
Se uma pessoa foi contratada para prestar serviços durante 6 meses por R$ 
6.000,00 e foi despedida sem justa causa ao final do 3º mês, então a ela deverá ser paga
a retribuição vencida (R$ 3.000,00) e a metade da restante (R$ 1.500,00). 
Art. 604. Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte a
declaração de que o contrato está findo. Igual direito lhe cabe, se for despedido sem
justa causa, ou se tiver havido motivo justo para deixar o serviço. 
No art. 604 do CC temos a possibilidade de exigência da declaração de término do
contrato. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das
partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela
rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das
partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior. 
A extinção do contrato de prestação de serviços ocorre através: 
- da morte do solicitante ou do executor; 
- do escoamento do prazo contratual; 
- da conclusão da obra; 
- da rescisão do contrato mediante aviso prévio; 
- do inadimplemento de qualquer das partes; e 
- da impossibilidade de cumprir o avençado em razão de força maior ou caso fortuito. 
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a
outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito,
houvesse de caber durante dois anos. 
A questão do aliciamento de executores é bastante cobrada em provas de
concursos. De acordo com o art. 608 do CC, imagine a seguinte situação: João contratou
Paulo para prestar-lhe um determinado serviço durante o prazo de uma ano pela
remuneração de R$ 20.000,00. Entretanto, durante o contrato, Paulo foi aliciado por
Antonio a desfazer o contrato com João e celebrar um outro contrato consigo. 
Diante da situação apresentada, João foi prejudicado e poderá exigir de Antonio
(aliciador) uma indenização referente ao valor de dois anos de prestação de serviços (2 x 
20.000,00 = 40.000,00) independente da quantidade de serviço que já havia sido
prestada.. 
Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se opera, não
importa a rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o
adquirente da propriedade ou com o primitivo contratante. 
O último dispositivo legal sobre a prestação de serviço trata da alienação de um
prédio agrícola (ex: uma fazenda). Caso uma fazenda seja vendida, o prestador de
serviço que lá se encontre pode optar entre continuar na fazenda prestando serviços ao
novo proprietário e sair acompanhando o novo proprietário. 
Da empreitada 
A empreitada é o contrato em que uma das partes (o empreiteiro) se obriga a
realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, mediante remuneração
a ser paga pela outra (o dono da obra), de acordo com as instruções desta e sem relação
de subordinação. 
 
 
 
 
 
 
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Quanto à natureza jurídica do contrato de empreitada, temos o seguinte: 
- bilateral: ambas as partes assumem obrigações; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens, 
- consensual: o contrato se aperfeiçoa com o simples acordo de vontade das partes,
independente da tradição; 
- típico: está previsto no Código Civil; 
- não solene: a lei não exige forma especial para a celebração do contrato, podendo até
ser realizado de forma verbal. 
Diferenças entre a empreitada e a locação de serviços: 
EMPREITADA LOCAÇÃO DE SERVIÇOS 
- o objeto do contrato é a obra em si,
permanecendo inalterada a remuneração,
qualquer que seja o tempo de trabalho
despendido. 
- a direção do serviço compete ao próprio
empreiteiro; e 
- o empreiteiro assume os riscos do
empreendimento (art. , sem estar
subordinado ao dono da obra. 
- o objeto do contrato é a atividade do
prestador, sendo a remuneração
proporcional ao tempo dedicado ao
trabalho; 
- a execução do serviço é dirigida e
fiscalizada por quem contratou o prestador,
a quem este fica diretamente subordinado;
e 
- o patrão assume os riscos do negócio. 
Sobre as espécies de empreitada, vejamos o art. 610 do CC. 
Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou
com ele e os materiais. 
§ 1o A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes. 
§ 2o O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo,
ou de fiscalizar-lhe a execução. 
- empreitada de mão-de-obra ou de lavor: o empreiteiro colabora apenas com o seu
trabalho; 
- empreitada mista: o empreiteiro colabora com o seu trabalho e com os materiais
necessários para a obra; e 
- empreitada de projeto: o empreiteiro elabora um projeto que possibilite a realização
tangível da obra. 
Através do § 1º, percebe-se que em caso de dúvida decide-se pela não
responsabilidade do empreiteiro no fornecimento dos materiais. 
 
 
 
 
 
 
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EM CASO DE DÚVIDA HÁ PRESUNÇÃO RELATIVA DE 
QUE A EMPREITADA É DE MÃO DE OBRA OU LAVOR !!! 
O § 2º trata do contrato para elaboração de um projeto que requer do empreiteiro
apenas a execução de uma “obra intelectual”, não requerendo dele a obrigação de
execução ou fiscalização. 
 Sobre os riscos na empreitada, devemos analisar os arts. 611, 612, 613 e 617 do
CC. 
Art. 611. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos
até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não
estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos. 
Art. 612. Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos em que não tiver
culpa correrão por conta do dono. 
 Conclui-se o seguinte: 
- empreitada de mão-de-obra ou de lavor (art. 612 do CC): não havendo culpa do
empreiteiro, os riscos da obra correm por conta do dono, pois o material lhe pertence;
e 
- empreitada mista (art. 611 do CC): os riscos da obra correm por conta do
empreiteiro. 
Art. 613. Sendo a empreitada unicamente de lavor (art. 610), se a coisa perecer antes
de entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição,
se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo
reclamara contra a sua quantidade ou qualidade. 
Pelo art. 613 do CC, está prevista a perda da retribuição devida ao empreiteiro
na hipótese de perecimento da obra por caso fortuito ou força maior antes da
entrega da coisa ao dono. 
Art. 617. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia
ou negligência os inutilizar. 
Ainda temos o risco sobre o material utilizado. Se o empreiteiro compra cimento e
uma fortíssima tempestade estraga o material, então a perda será do empreiteiro. Caso o
material seja do dono da obra a perda será do dono da obra. Entretanto, se a perda do
material ocorrer por descuido ou desperdício do empreiteiro, este deverá pagar perdas e
danos ao dono da obra. 
No art. 614 do CC temos a principal obrigação do dono da obra: realizar o
pagamento da remuneração/retribuição ao empreiteiro. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 614. Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza das que se
determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por
medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na
proporção da obra executada. 
§ 1o Tudo o que se pagou presume-se verificado. 
§ 2o O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da medição,
não forem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver
incumbido da sua fiscalização. 
Sobre o pagamento da empreitada, é interessante também avaliarmos o art. 619
do CC: 
Art. 619. Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar
uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir
acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser
que estas resultem de instruções escritas do dono da obra. 
Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é
obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for
arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o
que se estava passando, e nunca protestou. 
São previstas as seguintes espécies de empreitada, de acordo com o preço: 
- empreitada a preço fixo: quando a retribuição é estipulada para a obra inteira, sem
considerar o fracionamento da atividade: 
- empreitada a preço fixo absoluto: quando não se admite qualquer alteração na
remuneração, seja qual for o custo da mão-de-obra ou dos materiais; e 
- empreitada a preço fixo relativo: quando se permite a variação em decorrência do
preço de alguns dos componentes da obra ou de alterações que já estavam programadas
por influência de fatos previsíveis. 
Apesar da previsão de imutabilidade do preço da empreitada, em decorrência da
cláusula rebus sic stantibus é permitida a revisão contratual quando houver desequilíbrio
que implique em onerosidade excessiva. É o que se infere do art. 61 do CC. 
Art. 620. Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um
décimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da
obra, para que se lhe assegure a diferença apurada. 
 Nos arts. 615 e 616 do CC temos a outra obrigação do dono que é receber a
obra: 
Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é
obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das
instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal
natureza. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou a
obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço. 
O dono da obra tem o dever de receber a obra encomendada desde que ela esteja
concluída de acordo com os ajustes e o costume do local. Só poderá haver rejeição se
houver descumprimento do avençado por parte do empreiteiro. 
Entretanto, ao invés de rejeitar a obra, o encomendante (dono da obra) pode pedir
abatimento no preço. 
Os arts. 621 e 622 tratam da empreitada de projetos citada no art. 610, § 2º do
CC. 
Art. 621. Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da obra introduzir
modificações no projeto por ele aprovado, ainda que a execução seja confiada a
terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes ou razões de ordem técnica,
fique comprovada a inconveniência ou a excessiva onerosidade de execução do
projeto em sua forma originária. 
Parágrafo único. A proibição deste artigo não abrange alterações de pouca monta,
ressalvada sempre a unidade estética da obra projetada. 
Art. 622. Se a execução da obra for confiada a terceiros, a responsabilidade do autor
do projeto respectivo, desde que não assuma a direção ou fiscalização daquela, ficará
limitada aos danos resultantes de defeitos previstos no art. 618 e seu parágrafo único. 
Finalizando o tema, os arts, 623 a 626 tratam da extinção da empreitada: 
Art. 623. Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde
que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais
indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a
obra. 
No art. 623 do CC temos uma hipótese de resilição unilateral do contrato de
empreitada por parte do dono da obra. Trata-se de um caso de suspensão da obra. 
Art. 624. Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o
empreiteiro por perdas e danos. 
No art. 624 do CC temos uma hipótese de resilição unilateral do contrato de
empreitada por parte do empreiteiro. Também se trata de um caso de suspensão da obra. 
Art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra: 
I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior; 
II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de
execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de
modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser
ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços; 
III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem
desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o
acréscimo de preço. 
 
 
 
 
 
 
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Já no art. 625 do CC estão previstas situações que acarretam a resolução do
contrato. 
LEMBRE-SE !!! 
- RESILIÇÃO: decorre da vontade das partes;
-RESOLUÇÃO: decorre do inadimplemento da obrigação. 
Art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes,
salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro. 
A morte das partes, em regra, não significa a extinção da empreitada. Entretanto,
em se tratando de uma empreitada de projeto, muitas vezes o projetista é escolhido de
acordo com as suas habilidades específicas, caracterizando-se uma empreitada intuitu
personae. 
Ou seja, a grosso modo existem duas formas de extinção da empreitada:
- em razão da suspensão da obra; e 
- em razão da morte das partes (é exceção). 
Do seguro
O contrato de seguro é a convenção pela qual alguém adquire, mediante
pagamento de um premio, o direito de exigir da outra parte uma indenização, caso ocorra
o risco futuro assumido. Tem por objetivo garantir o interesse legítimo do assegurado,
relativo à pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados. (art. 757 do CC). 
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do
prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa,
contra riscos predeterminados. 
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador,
entidade para tal fim legalmente autorizada. 
São partes no contrato de seguro: 
- segurador: é aquele que suporta o risco mediante o recebimento do premio. Deve ser,
necessariamente, uma sociedade anônima, uma sociedade mútua ou uma cooperativa,
com autorização governamental. Ou seja, não é qualquer pessoa que pode exercer
atividade securitária. 
- segurado: é aquele que adquire a apólice pagando o prêmio ao segurador. 
- beneficiário: é a pessoa física ou jurídica que fará jus à indenização, podendo ser o
próprio segurado ou um terceiro. 
 
 
 
 
 
 
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Cabe comentarmos o que vem a ser interesse legítimo. 
Quanto à natureza jurídica do contrato de seguro, temos o seguinte:
- bilateral: ambas as partes assumem obrigações; 
- oneroso: ambas as partes auferem vantagens, 
- formal: vide comentários ao art. 758 do CC; 
- típico:

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