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Márcio Luiz Jokowiski BRANDING: GESTÃO DE MARCAS *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Copyright Universidade Positivo 2015 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR J74 Jokowiski, Márcio Luiz Branding: gestão de marcas [recurso eletrônico] / Márcio Luiz Jokowiski. – Curitiba: Universidade Positivo, 2015. 130 p. : il. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader. Modo de acesso: <http://www.up.edu.br> Título da página da Web (acesso em 30 jun. 2016). ISBN 978-85-8486-186-6 1. Branding (Marketing). 2. Marcas de produtos. I. Título. CDU 659.126 Superintendente Reitor Pró-Reitor Acadêmico Coordenador Geral de EAD Coordenadora Editorial Autoria Supervisão Editorial Validação Técnica Layout de Capa Imagem de Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Renato Dutra Profa. Manoela Pierina Tagliaferro Prof. Márcio Luiz Jokowiski Aline Scaliante Coelho Regiane Rosa e Silvia Mara Hadas Valdir de Oliveira Juliano Henrique FabriCO KOL Soluções em Gestão do Conhecimento Ltda EPP Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão Ícones Afirmação Contexto Biografia Conceito Esclarecimento Dica Assista Curiosidade Exemplo Sumário Apresentação ....................................................................................................................9 O autor .............................................................................................................................10 Capítulo 1 Identidade de marca – elementos de criação da marca .................................................11 1.1 Fundamentos de branding .........................................................................................11 1.1.1 Definição de marca..................................................................................................................................................11 1.1.2 Definição de branding .............................................................................................................................................15 1.1.3 Brand driven innovation ..........................................................................................................................................17 1.2 Elementos de identidade marca ................................................................................18 1.2.1 Naming e tagline .....................................................................................................................................................19 1.2.2 Design .................................................................................................................................................................... 21 1.2.3 Gimmick e packing ................................................................................................................................................. 25 1.3 Criatividade e design de marca ..................................................................................27 1.3.1 Insight ..................................................................................................................................................................... 28 1.3.2 Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave .............................................................................................. 30 1.3.3 Design thinking .......................................................................................................................................................31 1.4 Critérios, estratégias e integração dos elementos de marca .....................................32 1.4.1 Condução de pesquisa ........................................................................................................................................... 32 1.4.2 Classificação da estratégia ..................................................................................................................................... 34 1.4.3 Design de identidade ............................................................................................................................................. 35 Referências ......................................................................................................................37 Capítulo 2 Pontos de contato da marca – processo de construção .................................................41 2.1 Análise de ambientes circundantes da marca ...........................................................41 2.1.1 Microambientes ......................................................................................................................................................41 2.1.2 Macroambientes .................................................................................................................................................... 45 2.1.3 Análises setoriais .................................................................................................................................................... 47 2.2 O uso do business intelligence internamente e externamente...................................48 2.2.1 Endobranding ......................................................................................................................................................... 48 2.2.2 Network e stakeholders ......................................................................................................................................... 49 2.2.3 Tendências ............................................................................................................................................................. 50 2.3 Gestão de marca baseada no marketing mix ............................................................54 2.3.1 Produto e serviços ................................................................................................................................................. 54 2.3.2 Precificação ........................................................................................................................................................... 55 2.3.3 Canais ................................................................................................................................................................... 56 2.3.4 Pessoas .................................................................................................................................................................. 58 2.4 Técnicas e nomenclaturas de arquitetura de marcas ................................................59 2.4.1 Amplitude e profundidade em uma estratégia de arquitetura de marcas ........................................................... 60 2.4.2 A hierarquia de marcas .......................................................................................................................................... 60 2.4.3 Critérios de extensão de marcas ........................................................................................................................... 62 Referências ......................................................................................................................65 Capítulo 3 Brand equity – estratégias de valorização......................................................................69 3.1 Conceitos-chave sobre gestão estratégica de marca e brand equity ........................69 3.1.1 Valores centrais e a imagem da marca .................................................................................................................. 69 3.1.2 A semiótica da marca ............................................................................................................................................ 70 3.1.3 A alma da marca .................................................................................................................................................... 72 3.2 Fatores formadores de brand equity .........................................................................74 3.2.1 Fundamentos e elementos do posicionamento .....................................................................................................74 3.2.2 Diretrizes para estabelecimento de posicionamento de marca .............................................................................76 3.2.3 Estratégias de posicionamento de marca ............................................................................................................. 77 3.3 Etapas de construção de brand equity (CBBE – customer-based brand equity) ........82 3.3.1 Saliência e desempenho da marca ........................................................................................................................ 84 3.3.2 Imaginário e juízo de valor da marca .................................................................................................................... 86 3.3.3 Sentimentos e ressonância da marca .................................................................................................................... 88 3.4 Gestão de marca orientada para a comunicação integrada de marketing ................90 3.4.1 Ferramentas de comunicação integrada de marketing (CIM) ............................................................................... 91 3.4.2 Mídia off-line ........................................................................................................................................................ 93 3.4.3 Mídia online .......................................................................................................................................................... 94 Referências ......................................................................................................................96 Capítulo 4 Gerenciamento de ativos da marca: administração da imagem .....................................99 4.1 A relação da marca com o target e com os consumidores ........................................99 4.1.1 Consumer X Prosumer ............................................................................................................................................. 99 4.1.2 A teoria da long tail ............................................................................................................................................. 109 4.1.3 Os perfis “digigráficos” .........................................................................................................................................111 4.2 Branding de relacionamento e CRM ........................................................................112 4.2.1 Gestão de relacionamento com o cliente .............................................................................................................113 4.2.2 Clusters..................................................................................................................................................................113 4.2.3 Subsegmentação..................................................................................................................................................114 4.3 Branding voltado aos mercados de serviços, industriais e tecnológicos .................115 4.3.1 Branding de serviços: marca como informação ...................................................................................................116 4.3.2 Desempenho, diferenciação e marca de pacote em mercados industriais ..........................................................117 4.3.3 Mercados tecnológicos X mercados de bens de consumo embalados (BCE)......................................................118 4.4 Modelos de avaliação de uma marca ......................................................................119 4.4.1 Métricas e desempenho .......................................................................................................................................119 4.4.2 Medidas convencionais ....................................................................................................................................... 120 4.4.3 Modelos empresariais ........................................................................................................................................ 122 Referências ....................................................................................................................126 Ao longo das quatro partes desta obra, abre-se uma oportunidade de aproxima- ção com conceitos, técnicas e diferentes cases de branding, assim como com um quadro referencial das dinâmicas de construção, fortalecimento, administração e avaliação de marcas de diferentes mercados. Haverá um momento onde serão abordados conceitos e estratégias criativas que permeiam o universo da identidade das marcas. Em outro si- tuação, por sua vez, serão contemplados os pontos de contato das marcas, as relações delas com ambientes e oportunidades de mercado. Uma outra temática tabordará as estratégias de brand equity, a geração de valor, os significados das marcas e a inserção delas no âmbito comunicativo. Oportunamente serão apresentados sistemas de geren- ciamento de ativos das marcas e as nuances da administração de imagem para segmen- tos e públicos específicos. Boa leitura! Apresentação Faz-se mister referenciar: aos pares da academia; aos colegas de ambiente corporativo; aos amigos de todas (e às vezes poucas) horas; às famílias Jokowiski e Campos; ao filho Gabriel e à esposa Graciela e especialmente à minha mãe, Professora Alda, inspiração nesta jornada de ensinamentos e aprendizados. O autor O Professor Márcio Luiz Jokowiski é Mestre em Comunicação e Linguagens, Linha de Pesquisa Cibermídias e Mídias Digitais, pela Universidade Tuiuti do Paraná (2006). É especialista em Marketing Integrado pela Universidade Positivo (2001). Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR (1998). É doutorando em Comunicação e Linguagens, Linha de Pesquisa de Processo Midiáticos e Práticas Comunicacionais pela Universidade Tuiuti do Paraná (início em 2014). Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/2506008869917098> 1 Identidade de marca – elementos de criação da marca Grandes marcas têm identidades próprias. Há, contudo, uma série de elementos tais como o nome, logotipo e slogan que se fazem necessários para que uma marca se torne e mantenha-se potencialmente competitiva. Reconhecer os conceitos e as estraté- gias primárias que permeiam esse universo é o marco inicial para se entender o branding. Nesse sentido, iniciaremos a seguir nossos estudos com os conceitos fundamen- tais de branding. 1.1 Fundamentos de branding Partindo da reflexão de De Lecanstre e Côrte-Real (2007), destacamos que as marcas não são meras propriedades das organizações. São elas que, em determinados momentos, detêm as organizações que as suportam. É importante ressaltar que marcas não estão restritas a produtos, fabricantes, clientes, fornecedores, embalagens e logotipos. Ao contrário, elas interagem em todas essas instâncias e, para uma correta interface nesses ambientes, necessitam de um adequado gerenciamento: o branding. Agoraque você compreendeu a abrangência do conceito de branding, iremos apresentar a definição de marca. 1.1.1 Definição de marca As marcas têm uma notável capacidade de despertar o desejo por bens de consu- mo. Frequentemente, os consumidores enxergam mais do que simplesmente as fun- cionalidades e os benefícios explícitos de produtos e serviços. Isso ocorre porque uma marca não serve apenas como um elemento de diferen- ciação entre fabricantes, segundo Wheeler (2008, p. 12) ela é “a promessa, a grande ideia e as expectativas que residem na mente de cada consumidor a respeito de um produto, de um serviço ou de uma empresa”. Existem inúmeras definições do con- ceito de marca além do pensamento de Alina Wheeler, essas definições vão desde a American Marketing Association (AMA) até o teórico Philip Kotler. Podemos dizer, então, que a marca funciona como um signo que simboliza os valores de uma empresa, não se detém apenas às ações administrativas e mercado- lógicas, mas representa a essência de um produto, serviço, instituição, personalidade pública, entre outros. Branding - gestão de Marcas 12 O conceito de marca, segundo a AMA (2015), é: nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que têm o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de concorrentes. Apesar de a oralidade estar bastante presente nas relações humanas, o homem sempre teve uma relação próxima com o texto imagético – os primeiros indícios de comunicação são as pinturas rupestres do período Paleolítico, que representavam as cenas daquele cotidiano. A evolução dos signos visuais continuou com a escrita cunei- forme dos sumérios, vide o protoalfabeto dos fenícios, aperfeiçoado pelos gregos, e os brasões dos cavaleiros da Idade Média. Mas a grande mudança ocorreu com o advento da imprensa, impulsionada pela invenção do tipógrafo de Gutenberg, em 1450, e, prin- cipalmente, pela Revolução Industrial, em meados do século XVIII. Texto imagético: a leitura vai além da escrita, ela começa com a compreensão de imagens – textos não verbais – que não necessitam, obrigatoriamente, da escrita para serem lidas. Foi a partir do início do século XX, com a difusão dos meios de comunicação em massa (jornal e rádio) e o amadurecimento da publicidade, que as marcas adquiriram mais espaço na economia. Outro grande passo dessa dinâmica foi o fim da Segunda Guerra Mundial e o surgimento da mídia televisiva, que possibilitaram a consolidação do mercado de consumo e o aparecimento de diferentes práticas de marketing. Outro ponto importante foi o advento das novas tecnologias digitais, que também mudou o relacionamento marca-empresa/produto-consumidor. A rede mundial de com- putadores, a computação em nuvem e a respectiva mobilidade dos aparelhos estabele- ceram outro formato de interação, típico do século XXI, um relacionamento bidirecional, em que o consumidor é ativo ao longo de todo processo de gestão de marcas. keven Realce keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 13 Observe, a seguir, alguns exemplos de marca em forma de brasões ou na própria Bíblia: Brasões medievais Bíblia de Gutenberg © N ej ro n Ph ot o // Sh ut te rs to ck © O su gi // S hu tt er st oc k Destaca-se aqui que a comunicação é um poderoso alicerce para dinamizar a re- lação entre organização e público. A partir dos anos 2000, passou-se da dita sociedade da informação, em que a comunicação era um elemento fundamental para o esta- belecer e dinamizar os relacionamentos sociais e comerciais, para a era do conheci- mento, em que se percebe que não basta o acesso à informação, é também preciso saber administrá-la e transformá-la em conhecimento. Segundo Catto (2010, p. 90-91), “Informação seria a ação de dar forma a uma série de dados, formando uma mensa- gem, compartilhada dentro de um determinado sistema social com um propósito, um objetivo pré-determinado por quem elabora a mensagem”. De acordo com o autor, ain- da existem algumas variáveis relacionadas ao estudo da informação, são elas: • Mensagem (textos, fotos, imagens etc.); • Dados (conteúdo relevante); • Sistema social (aspectos sociológicos, culturais, tecnológicos, entre outros); • Transmissão da mensagem (as pessoas que formam esses sistemas sociais). Tomando-se as marcas em um nível mais abrangente e cada uma das possíveis variáveis que as circundam, percebe-se que, sem um gerenciamento eficiente delas, há uma grande possibilidade de não fortalecerem a personalidade e, consequente- mente, perderem espaço no mercado. Na prática, é possível perceber que existem vá- rios padrões sociais representados por grandes marcas mundiais e nacionais: o estilo de vida americano no que tange aos bens de consumo, quando se pensa em Coca-Cola keven Realce Branding - gestão de Marcas 14 e McDonald’s; as top models iconizadas pelas marcas L’Oréal e Chanel; até o clássico cowboy viril dos cigarros Marlboro. Fazer a gestão de marcas como essas requer um es- tudo bem mais profundo de todas as nuances envolvidas no mercado em que a empre- sa atua, tais nuances são as variáveis que podem interferir no processo comunicativo entre as organizações e os consumidores. Veja a seguir um exemplo de marca mundial: Marca representativa do segmento fast food © K el W ol te r / / S hu tt er st oc k Vivan (2006) sugere que as marcas, na cultura popular, tendem a se acomodar como uma representação de uma identidade pautada no consumo, ou seja, elas estão mais presentes do que se imagina no cotidiano das pessoas: nas gôndolas dos super- mercados, nos anúncios de revistas, nos filmes do cinema, nos comerciais de televisão, no uniforme do funcionário e até mesmo nas pesquisas de top of mind. Top of mind: pesquisas que identificam as marcas mais lembradas nos segmentos de mercado específicos em que estão inseridas. Quanto maior o nível de lembrança da marca, mais valiosa ela é. Essa avalanche de informação relacionada às marcas é reflexo do dito “culto ao consumo”, em que marcas, produtos e serviços assumem diversas representações: status, poder, ostentação, entre outras. Dessa maneira, parece existir uma certa con- solidação de um modelo estrutural que inclui a cultura de consumo e o processo de construção das marcas por intermédio da comunicação. [...] o mundo das marcas não apenas se expandiu para dominar praticamente tudo o que pode ser feito, fornecido ou esperado, mas também reinventou relações até então tradi- cionais. Produtos disponíveis somente em alguns locais adquiriram renome nacional e in- ternacional, tornando-se fontes geradoras de renda e de prestígio mundo afora (PEREZ, 2004, p. 4). keven Realce Branding - gestão de Marcas 15 Agora que compreendemos a definição de marca, iremos estudar a definição de branding. 1.1.2 Definição de branding Martins (2005) sugere que as marcas indicam representações da visibilidade das corporações; quanto melhores as impressões que se tem de uma marca, maior grau de confiança ela transmite. As ações desenvolvidas pelas empresas visando à eficiente administração de uma marca denominam-se, simplificadamente, branding, que “é muito mais do que dar nome a uma oferta. Branding é fazer certa promessa aos clientes sobre como viver uma expe- riência e um nível de desempenho completo” (KOTLER; KELLER, 2006, p. VII). O pensamento de Kotler e Keller (2006) faz crer que esse conjunto de ações ca- paz de criar um relacionamento entre cliente/empresa deve ser entendido, sobretudo, como um processo gerencial que requer integração e comprometimento entre cliente e empresa a longo prazo. Conseguir construir uma marca forte, requer um cuidadoso planejamento e gigantescos investimentos no longo prazo. Na essência de uma marca bem-sucedida existe um exce- lente produto ou serviço, sustentado por um marketing desenvolvido e executado com muita criatividade (KOTLER; KELLER, 2006, p. 268). A origem do termo brand, que significa queimar,é nórdica e tem uma designação mais do que apropriada: uma identificação, por parte dos camponeses, para marcar os animais de suas propriedades. A partir desse preceito, parece bem conveniente a utili- zação da matriz inglesa brand (marca) bem como seu derivativo. Keller e Machado (2006) apontam para uma divisão básica do branding nos Estados Unidos: as marcas nacionais (1860-1914), as marcas de massa (1915-1929), as marcas de fabricante (1930-1945) e a gestão de marcas (1946-1985). De uma maneira simplista, uma possível definição de branding apontaria para um conjunto de estratégias e táticas de marketing, comunicação e design, para um eficiente gerenciamento da marca. A construção de uma marca pode-se resumir em duas frentes, de acordo com Jucá e Jucá (2009): uma de cunho teórico, em que as estratégias da marca são desig- nadas, e outra em que ocorre a execução da respectiva estratégia. A fase inicial está centrada na construção da marca, quando o entendimento a respeito do consumidor é decisivo. É preciso um conhecimento razoável dos mercados-alvo, sendo essa uma etapa contínua, uma vez que determinados segmentos de mercado e consumidores estão sujeitos a mudanças significativas de diferentes ordens. A outra etapa aborda o estabelecimento da promessa central da marca: o que ela deve suplantar, em que seus keven Realce keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 16 produtos são relevantes e qual seu diferencial competitivo. Não se deve esquecer de que os aspectos comerciais de uma organização também exercem certa influência nes- sa fase e que, muitas vezes, a função de uma marca pode estar relacionada ao volume de vendas, à margem e à participação no mercado. Para compreender melhor, observe a imagem a seguir: Construção de uma marca Fases Quem? • Segmentação • Definição do público-alvo • Caracterização • Promessa central e personalidade da marca • Equação de valor do consumidor • Idéia de comunicação • Elementos da marca • Ações de comunicação • Distribuição • Distribuição • Lucratividade do cliente • Lembrança • Imagem • Vencedoras vs. alternativa(s)-chave • Baseado em necessidades • Suficientes O quê? Preferir Encontrar AMBIENTE COMPETITIVO Desenho da estratégia (= ”teoria”) Execução (= ”prática”) Etapas Como Medidas- chave 1. 2. 3. 4. Fonte: Jucá, 2009, s/p. (Adaptado). Oliveira (2002) defende o encadeamento de três estágios evolutivos na “vida” de uma marca: o assertivo, o assimilativo e o absortivo. No primeiro, a marca comunica seu possível diferencial competitivo (por exemplo a funcionalidade: tirar as manchas das roupas), indicando como o consumidor poderia experienciar isso. No assimilativo, a marca aproxima-se por intermédio de um diálogo contínuo com o consumidor-alvo (utilização de um personagem tipo: exemplo o garoto Bombril) e, finalmente, no está- gio absortivo, passa a fazer parte do cotidiano do consumidor (por exemplo o universo da marca, dos produtos e serviços Google), motivando não apenas seu uso, mas rela- cionando elementos tangíveis a ela. Segundo Aaker (2000), o valor de uma marca para uma empresa é construído na relação de fidelidade daquela com o cliente consumidor. Estágios de evolução da marca Assertivo Assimilativo Absortivo Marca comunica-se com o consumidor Marca dialoga com o consumidor Marca convive com o consumidor Fonte: OLIVEIRA, 2002, s/p. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO . keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 17 Na sequência, iremos entender o que significa brand driven innovation (BDI). 1.1.3 Brand driven innovation Empresas que se preocupam com a gestão de marca também devem estar aten- tas às mudanças de mercado e, principalmente, às novidades. As corporações inovado- ras de sucesso têm uma compreensão profunda do modus operandi dos seus clientes, do que elas representam como instituição para o mercado e do contexto em que os seus produtos e serviços são usados. Para Abbing (2011), o eixo canalizador de todo esse cenário é a marca, é ela que impulsiona a busca de valor, o crescimento e a ino- vação; trata-se do brand driven innovation, ou seja, inovação gerada pela marca. O pri- meiro passo para se alcançar o BDI é focar o plano de branding nos valores humanos, de modo que um projeto contextualizado com toda a cadeia de stakeholders gere uma promessa central da marca. Stakeholders (literalmente traduzido como “partes interessadas”) são os pontos de contato que geram ações e opiniões de uma organização (clientes, fornecedores, empregados, gover- no, comunidade, entre outros). Posteriormente, parte-se para a construção de uma estratégia de inovação, ao explorar as oportunidades de macro e microambientes, tendo como base aquela pro- messa central de marca. Resumidamente, é o que fazer para cumprir a respectiva promessa, identificar capacidades e recursos para encantar e fortalecer o relaciona- mento do público com a marca. Na sequência, constrói-se uma estratégia de design que preenche a lacuna entre abstrato e concreto, visão e valores. A organização fo- menta uma tomada de decisão envolvendo o instrumental de design que permeia o ambiente interno e externo. Finalmente, o último estágio do BDI é a orquestração dos pontos de contato, o estreitamento da relação cliente/marca. A organização deve compreender as experiên- cias e as necessidades dos consumidores na interação com produtos ou serviços, em que o valor da marca é cocriado entre a marca e o cliente. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 18 Que tal compreender ainda melhor os estágios de BDI? Observe a figura a seguir: Estágios do brand driven innovation Construindo uma estratégia de inovação Branding centrado nos valores humanos Orquestração dos pontos de contato Construindo uma estratégia de design Criação do futuro – exploração de oportunidades internas e externas – criação de Uma estratégia de inovação. Planejamento do projeto – pesquisas internas e externas contextualizadas com a marca – criação da promessa de marca. Mapeamento da jornada de consumo – definição das necessidades e experiências dos usuários – organização e orquestração do pontos de contato do design. Pessoas centradas nos objetivos do design – desenvolvimento de estratégias internas e externas de design – escolha do ferramental de design. Fonte: ABBING, 2011, s/p. (Adaptado). Assim, brand driven innovation é um modelo de gestão de marcas, um gerador de inovação integrada e uma estratégia de design que auxilia no crescimento empresarial, fazendo com que missão, visão e valores sejam concretos e relevantes para todas as parcelas envolvidas no processo organizacional. Agora que compreendemos as definições relativas ao branding, conheceremos os elementos de identidade de marca. 1.2 Elementos de identidade marca A identidade de marca opera, basicamente, em dois grandes grupos de elemen- tos: o visual (nome, logotipo etc.) e o conceitual (missão, visão, valores, entre outros). A identidade visual identifica uma corporação, bem como seus produtos ou serviços e até sua cultura corporativa por intermédio dos elementos gráficos (embalagem, mas- cote, cores etc.). A identidade de marca, por sua vez, acaba sendo o resultado da ma- terialização da identidade conceitual em identidade visual. © F ab ri CO keven Realce Branding - gestão de Marcas 19 Na sequência, entenderemos como funciona o processo de formação de nome de uma marca (naming) e da criação do slogan (tagline). 1.2.1 Naming e tagline O nome de uma marca é peça chave para sua identificação, é o indicador da ori- gem de sua identidade. A eficácia do nome é percebida no âmbito geral da marca. Nesse sentido, as ações de criação, definição e controle da identidade verbal são de responsabilidade do naming. Por sua conotação de base para lembrança da marca, a criação de um bom naming exige experiência profissional e esforços. Sendo assim, essa escolha deve expressara temática central ou as relações-chave de um produto ou empresa. Além disso, nomes de marcas acabam operando como facilitadores da co- municação e do marketing. É fato que uma estratégia mercadológica pode variar des- de uma publicidade televisiva de quinze segundos até uma ação de força de vendas de quinze dias. Nesse contexto, o naming acaba tornando-se uma ferramenta de associa- ção de significado quase que instantânea, seja relacionando este nome com o segmen- to de atuação da marca ou o benefício do produto, ou ainda o diferencial competitivo da organização. Encontrar o nome pertinente à empresa ou serviço não é uma tarefa simples, pois requer pertinência, estratégia e uma boa dose de criatividade. Uma escolha incorreta no naming pode acarretar ruídos na comunicação de marketing da marca e até gerar riscos legalmente desnecessários, como por exemplo a apropriação de nomes ou do- mínios da internet que já são consolidados ou registrados. Rezende (2010) aponta al- guns exemplos dessas incorreções relativas ao nome de uma marca: Nova, na Espanha – No Va em espanhol significa não vai; Monday, nos Estados Unidos – tido como o pior dia da semana pelos americanos; Totvs, no Brasil – leitura e pronúncia complicada. Algumas características podem ajudar na configuração de um bom nome de mar- ca, são elas: • Eufônico: fácil de pronunciar (Omo); • Simples: desejável que não seja muito longo (Dove); • Significativo: relaciona-se com a essência da marca (Android); • Alinhamento: posicionar-se com a estratégia (Bom Preço); • Potencial de design: nome que remeta a um signo (Puma). O que diz Jim Bitetto, sócio da Keusey Tutunjian & Bitetto, P.C.: “Apenas nomeando um pro- cesso, um tipo de serviço ou uma nova característica de serviços, você está criando um ativo valioso que pode se somar ao valor do seu empreendimento” (WHEELER, 2008, p. 56). Branding - gestão de Marcas 20 Além das características que auxiliam na configuração do naming, outros fatores podem ser considerados, como por exemplo, a tipologia. WHEELER (2008) estabele- ceu seis classes de tipologia para o naming. Veja alguns exemplos de tipologias: Tipologias de naming Fundador Metáfora Descritivo Acrônimo Inventado Mix up Fonte: WHEELER, 2008, p. 57. (Adaptado). Não há uma única norma de procedimento para a escolha do naming. No entan- to, a base para essa elaboração apoia-se na tipologia de nomes e desdobra-se em um possível roteiro: os objetivos de marketing, (exemplificando: lançar um marca nova de sabonetes que obtenha 20% de participação neste mercado), o posicionamento (qual a imagem desejada pretendida pela marca, por exemplo), a legalidade (no caso de be- bidas alcoólicas e segmentos regulados), o público-alvo (em situações como produtos voltados ao público infantil), o domínio (por exemplo: www.nomedaempresa.com) na web, entre outros. Em trabalho desenvolvido com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Rezende (2010, p. 13), da Cauduro Associados, aponta um possível processo para a criação efetiva de um bom naming: Briefing / Fundamentos Long-list (300 a 500 nomes) Short-list (20 a 30 nomes) Pré-decisão (15 a 10 nomes) Busca legal Testes de nomes-candidatos (4 a 6) Avaliação dos candidatos Decisão final – nome da Marca OK Registros legais © F ab ri CO . Branding - gestão de Marcas 21 Na esteira da comunicação verbal, tem-se, ainda, um potencial ampliador de sig- nificado das marcas: o slogan ou o tagline. O slogan é uma conclusão, porque encerra em si o posicionamento de um produto, serviço ou empresa, é a chamada para o con- sumo, a frase de efeito que ajuda o entendimento do significado da marca. Da mesma forma que o naming, o tagline pode assumir características pertinentes: • Curto, eufônico e de fácil lembrança: “just do it” (Nike); • Transmitir o posicionamento da marca: “Vamos juntos fazer mais?” (Tang); • Protegido e registrado como marca: “juntos num só ritmo” (FIFA 2014). Um pensamento de Debra Koontz Traverso (2000 apud WHEELER, 2008, p. 58): “Uma tagli- ne é um slogan, um esclarecedor, um mantra, de uma empresa ou um princípio de conduta que descreve, singulariza ou ajuda a criar um interesse”. Existem duas aplicações mais frequentes para o tagline: uma institucional, utili- zada com frequência em assinaturas corporativas (logotipos + slogan); outra de intui- to promocional, usada oportunamente em campanhas publicitárias de caráter mais comercial. Também há uma tipologia que permite certa classificação dos slogans. Observe no quadro a seguir: Tipologias de tagline Imperativo (call to action) “Think different”, ou seja, “Pense diferente” (Apple) Descritivo “Mais pessoas ao redor do mundo vão com a Visa” (Visa) Superlativo “O melhor do cinema” (Telecine) Intimidador “Você no futuro, hoje” (GVT) Fonte: WHEELER, 2008, p. 59. (Adaptado). Em seguida, estudaremos os desdobramentos do design. 1.2.2 Design Em muitos aspectos, o naming aparece como a principal referência associativa à marca, principalmente em ações de propaganda boca a boca (ou buzz marketing), mas é inegável o importante papel que os elementos visuais exercem na comunicação. Esse potencial comunicativo do design de marcas não se limita apenas à discri- minação de uma marca, produto ou serviço, ele apoia-se na visão sistêmica da insti- tuição representada. Por intermédio de um logotipo, pode-se: reforçar o naming e o keven Realce Branding - gestão de Marcas 22 tagline da empresa; representar o posicionamento da empresa; manter a identidade de marca, quando aplicado em subprodutos da empresa; abordar uma linguagem univer- sal em diferentes culturas e países, entre outros benefícios. Embora o nome “design” seja frequentemente associado à qualidade e/ou aparência esté- tica de produtos, o design como disciplina tem por objetivo máximo promover bem-estar na vida das pessoas. No entanto, é a maneira como o designer percebe as coisas e age so- bre elas que chamou a atenção de gestores, abrindo novos caminhos para a inovação em- presarial (VIANNA et al., 2012, p. 13). Cumpre aqui ressaltar o uso equivocado de um termo relacionado ao design de marcas, por parte de leigos e de muitos especialistas em comunicação e marketing. O termo logomarca, um neologismo utilizado empírica e genericamente para representar logotipo, símbolo ou marca, foi propagado e é utilizado indiscriminadamente no que se refere à marca, ao signo, ao logotipo ou a todos. O termo correto para designar o design de marcas é logotipo, conforme o quadro a seguir: Etimologia das palavras logo, logotipo e logomarca NOMENCLATURA SIGNIFICADO TRADUÇÃO Logo Do grego “logos”: palavra, significado. “Um elemento do design gráfico re- conhecível, geralmente inclui um nome, símbolo ou marca represen- tando uma organização ou produto” (DICTIONARY, 2015). Logotipo “Logos”: palavra, significado; “typos”: figura. “O arranjo visualmente distinto de letras no qual e empresas organiza- ções são prontamente reconhecidas pelos clientes” (ANSWERS, 2015) Logomarca Do grego “logos”: significado; do germânico “marka”: significado. “Significado do significado? Isto não faz sentido algum” As marcas têm vários referenciais de design que vão desde o abstrato ao formalis- mo ou à combinação destes com outros elementos. Ainda assim, pode-se categorizá- -las, segundo uma topologia mais flexível. Observe no quadro a seguir: Branding - gestão de Marcas 23 TOPOLOGIAS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS All type Elementos tipográficos Monogramas Letras interagindo com elementos gráficos Pictóricas Imagens estilizadas Abstratas Signos ambíguos Fonte: WHEELER, 2008, s/p. (Adaptado) Outro elemento constituinte do design de marcas é a cor, que pode ser utiliza- da para personificar, comunicar e estimular a experiência entre público e marca. O código cromático tem significativos potenciais comunicativos, culturais e psicosso- ciais; ele possibilita relacionar atributos de imagem que operam além do campo das percepções, produzindo efeitosque induzem e reforçam a rede significante da marca. Culturas e consumidores diferentes percebem a cor de maneira também diferenciada, dessa maneira, o conhecimento sobre cores dever ir além de matizes, tonalidade, va- lor, croma, harmonia etc. Para visualizar melhor esta questão das cores, observe a fi- gura a seguir: Aplicações de matizes e tonalidade de cores da marca Carrefour Fonte: CAMPOS, 2009. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 24 Da mesma forma opera a tipografia. Uma identidade de marca se faz pela adi- ção de importantes detalhes a um conjunto coeso. A utilização do alfabeto-padrão é condicionante para a composição dos textos das mensagens corporativas. O empre- go de fontes tipográficas adequadas à identidade e à personalidade da marca garante consistência e homogeneidade a essas mensagens. A correta escolha de uma fonte ti- pográfica, como padrão visual e corporativo para uma instituição ou produto, propor- ciona um alinhamento ao posicionamento de marca e permite um acesso mais fluido ao conteúdo informativo por parte do público. Veja alguns exemplos na figura a seguir onde se percebe famílias de letras distintas para diferentes tipos de aplicações (a fon- te Typeface é utilizada como fonte principal e Myriad, Arial, Sabon e Times New Roman são utilizadas em situações específicas na comunicação corporativa da respectiva insti- tuição de ensino: Alfabeto tipográfico da marca da Universidade de Cambridge Fonte: CAMBRIDGE, s/d. © F ab ri CO (A da pt ad o) Branding - gestão de Marcas 25 Em algumas situações pontuais, é possível o uso de mais de uma família de fonte tipográfica, vide os ambientes digitais (internet e dispositivos móveis, devido à nave- gação em tela dificultar a legibilidade do corpo de texto) e as sinalizações urbanas (fai- xas e placas viárias que permite uma melhor visibilidade de signos que apresentam-se subliminares entre as letras, como a seta do logotipo da Fedex e o “C” do Carrefour). Veja um exemplo: Adaptação do uso de cores e tipografia no logotipo da Federal Express © ta nu ha 20 01 // S hu tt er st oc k Cores e tipos: A cor transmite emoção, exercita a memória e evoca sensações. Quanto ao tipo, não se limita a um tradutor de palavras, às vezes adquire o status de condutor de mensagens subliminares (SPIERKERMAN; GINGER, 1993). Na sequência, estudaremos os termos gimmick e packing e seus significados. 1.2.3 Gimmick e packing O gimmick ou mascote representa um signo com um apelo muito significativo em algumas empresas, podendo, em alguns casos, sobrepujar a própria visibilidade do nome e do logotipo da marca. O mascote aparece com relativa frequência em três principais frentes: campanhas publicitárias, design de embalagens e merchandising. Merchandising: “Compreende o conjunto de operações táticas efetuadas no ponto-de-ven- da para colocar no mercado o produto ou serviço certo, no lugar certo, na quantidade cer- ta, no preço certo, no tempo certo, com o impacto visual adequado e na exposição correta” (FERRACIU, 2007, p. 44-45). keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 26 A tipologia também pode ser dividida em personagens tipo e animados. Há diversos exemplos da utilização desse recursos gráficos e “simbólicos” em ações de marketing e comunicação. No âmbito do merchandising e do ponto de venda, pode-se citar o boneco Bibendum, da marca francesa de pneus Michelin. Já quanto ao uso do personagem tipo em ações de comunicação, tem-se o “garoto Bombril”, um dos personagens de maior longevidade em campanhas publicitárias. Para reiterar a indicação da visibilidade do gimmick sobre outros elementos visuais e comunicativos, toma-se como exemplo o “Lequetreque”, o “mascote franguinho” da marca Sadia, da BR Foods, ilustrado a seguir: Uso do personagem (gimmick) para a marca Sadia Fonte: SADIA, 2015. O mascote aliado à marca transmite os atributos e os valores dela, tornando-se signos culturais estimados tanto por crianças como por adultos. Outra fonte de valo- rização para o uso do gimmick pode vir da possibilidade de royalties de licenciamen- to para o uso dos mascotes em diferentes níveis: materiais promocionais, culturais, merchandising, entre outros. Existe ainda um último elemento de identidade de marca complementar aos an- teriores, mas de uma presença persuasiva muito efetiva: a embalagem (ou packing), Esse item é responsável, muitas vezes, pelo último contato entre marca e público-alvo antes da aquisição do produto pelo consumidor. As gôndolas dos pontos de venda são, possivelmente, um dos ambientes de marketing mais competitivos. Uma embalagem eficiente é uma extensão da marca, com a vantagem de agregar a essa formas tridimensionais, mensagens, cores e grafismos diferenciados. No entanto, existem alguns objetivos mais formais para o ferramental de packing: identificação da marca, informação do objeto, acondicionamento do produto, ergonomia, entre outros. Para que se atinjam essas metas, é necessário que se considere o ciclo de vida total da relação embalagem versus produto: tipografia, impressão, Branding - gestão de Marcas 27 envase, preservação exibição, compra, uso, descarte e reciclagem. Mas, como isso é realizado? A resposta é simples: por meio do processo do design de embalagem. Confira a seguir: O processo do design de embalagem Esclarecimento de metas e posicionamento Pesquisa das exigências legais Texto informativoDesign estrutural Promoção de auditorias e identificação de equipe de especialistas Pesquisa dos critérios funcionais Design e protótipo Pesquisas do universo da marca Especificações para impressão Avaliação e controle de produção Fonte: WHEELER, 2008, s/p. (Adaptado). Como você pode compreender, o processo de design tem um papel importantíssi- mo para a criação da identidade de uma marca. A seguir estudaremos o papel da criati- vidade e do design de marca dentro desse contexto. 1.3 Criatividade e design de marca No universo das marcas, o uso constante da criatividade e um design diferenciado são essenciais. Nesse sentido, quanto mais criativa e atraente for uma ação de branding, maior será a lembrança que a marca gerará (eficácia) e, consequentemente, o retorno do investimento também será maior (eficiência). No entanto, as estratégias de design e comunicação não são meras obras do acaso ou palpites visionários, elas devem seguir determinados parâmetros para serem eficazes e efetivas. A seguir, entenderemos como surgem essas grandes ideias. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 28 1.3.1 Insight As grandes ideias são pensadas de maneira simples e funcionam como aglutina- doras, repousando nelas todos os aparatos organizacionais e comunicativos. Elas são uma alavanca que desencadeia uma série de ações de valor. Para se alcançar esse insight, um instrumento de muita serventia é o briefing cria- tivo. Os briefs funcionam como um mapa mental que conduz à verve criativa. Eis al- guns parâmetros do briefing criativo no quadro explicativo a seguir: O briefing criativo ELEMENTO BASE CONTEÚDO INFORMATIVO CONTEÚDO CRIATIVO Mensagem central: O que a marca deve dizer para essas pessoas? Qual é a ideia central a ser transmitida para essas pessoas? (De preferência descrita em uma linha) Justificativa (reason-why): Por que essas pessoas acreditariam nisso? Que atributos funcionais ou emocionais da nossa marca fazem com que a ideia central possa ser crível para essas pessoas? Pontos-chave de criação: De que maneira a ideia central pode ser transmitida para essas pessoas? Expressões, comparações e metáforas relacionadas à ideia central que sejam conhecidas por essas pessoas? Tom de voz Qual a personalidade da marca que vai falar com essas pessoas? Adjetivos que definem o jeito de a marca se expressar Residual de comunicação Como essas pessoas devem reagir depois de serem impactadas pela comunicação? Qual a frase (redigida em 1.ª pessoa) que resume o que essas pessoas devempensar ou sentir? Ao adaptar o briefing criativo à uma campanha de comunicação publicitária de uma marca, é possível criar uma configuração personalizada baseada na mensagem central, na justificativa, nos pontos-chave de criação, no tom de voz e no residual de comunicação. Podemos entender melhor como funciona o briefing em comunicação publicitária no exemplo veiculado entre 2011 e 2013 para a campanha “Pode ser” da marca Pepsi. Nesta ação de comunicação foram usadas algumas ações como: Promoção de vendas em festas de São João no Nordeste (“São João com Pepsi, pode ser?”); Merchandising Editorial no programa televisivo CQC (Custe o que custar); Informe Publicitário na re- vista Super Interessante; Marketing Promocional em concurso cultural (“Um novo Rock Star. Pode ser?”); Comercial de TV (“Pode ser bom. Pode ser muito bom. Pode ser Pepsi?”). Agora, baseando-se nessas peças comunicativas, vamos ver como fica o briefing criativo da campanha. keven Realce Branding - gestão de Marcas 29 O briefing criativo aplicado na campanha “Pode ser” da marca Pepsi ELEMENTO BASE CONTEÚDO INFORMATIVO CONTEÚDO CRIATIVO Mensagem central O que a marca deve dizer para essas pessoas? Que tomar Pepsi pode ser surpreen- dente. Na dúvida, você pode confiar na Pepsi. Justificativa (reason-why) Por que essas pessoas acreditariam nisso? Porque o refrigerante é tão bom quanto os concorrentes, tendo em vista a presença mundial da marca, o portfólio de produtos e a sensa- ção de necessidade satisfeita (re- frescância, prazer). Pontos-chave de criação: De que maneira a ideia central pode ser transmitida para essas pessoas? De uma maneira informal, com si- tuações cotidianas, a partir de com- parações: “não temos mais o que você queria, serve este tão bom quanto, senão melhor?”. Tom de voz Qual a personalidade da marca que vai falar com essas pessoas? Personalidade nonsense, (sem sen- tido, sem noção) contemporânea, expressada no conceito: infinita- mente surpreendente Residual de comunicação Como essas pessoas devem reagir depois de serem impactadas pela comunicação? A Pepsi é tão boa quanto a Coca- Cola e é tão saborosa quanto o guaraná. Na falta de outra opção, fi- carei sempre com a Pepsi. Fonte: PEPSI, s/p, (2015). Nonsense em publicidade opera com o ato de dar um novo significado a algo através de uma analogia que não tenha um sentido literal com o objeto representado, utilizando uma lingua- gem subversiva (o absurdo, o discurso infanti, o humor etc). Como podemos perceber, o design de marca opera na interação entre significado e forma, uma intersecção entre imaginação estratégica, conceitos científicos, técnicas criativas e intuitivas. Essa relação pressupõe um único fim, o experience design (ED), cujo objeto final é reproduzido e testado centenas de vezes por milhares de usuários, por um período que pode durar anos e décadas. Wheeler (2008, p. 114) resume bem essa situação quando diz que “reduzir uma ideia complexa à sua essência requer perí- cia, foco, paciência e uma disciplina infindável. [...] Além disso, uma identidade precisa ser um cavalo de batalha em várias mídias e aplicações”. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 30 Experience design (ED): engajamento ou pontos de contato entre pessoas e marcas, e as ideias, emoções e memórias que esses momentos possibilitam. O ED permite identificar os pontos existentes, criar novos e, em seguida, promover o engajamento para que produzam os resulta- dos desejados. Agora que compreendemos o que é e como funciona o insight, iremos estudar Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave. 1.3.2 Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave A identidade de marca coloca-se como uma ferramenta estratégica no âmbito or- ganizacional, adquirindo um caráter proativo na articulação das relações organizacio- nais em nível mercadológico, comunicacional e institucional. Partindo da concepção de Goldhaber (1991), de que a organização é um sistema vivo e dinâmico, interconectado por um fluxo de informações entre indivíduos que ocupam e representam diferentes posições e papéis, pode-se definir, então, a comunicação organizacional como o tráfe- go de mensagens que fluem em uma rede de relações interdependentes. Nesse sentido, independente da natureza da organização, os ideais são as me- lhores representações da identidade de marca, tendo papel fundamental em processo criativo responsável. Ainda seguindo essa linha de pensamento, Wheeler (2008) desta- ca o conjunto de ideias empresariais, veja: • Visão: capacidade imaginativa e perseverança; • Significado: compreensão que acelera o reconhecimento da marca; • Autenticidade: autoconhecimento, tomada de decisões e escolhas; • Diferenciação: vantagem representativa e competitiva; • Sustentabilidade: habilidade de perdurar em um ambiente de múltiplas trans- formações; • Coerência: contrução de valor pela repetição, persistência e frequência de re- presentação da identidade de marca; • Flexibilidade: acessibilidade e dinamismo; • Comprometimento: atribuição de responsabilidade; • Valor: construção de consciência e aumento de reconhecimento. Baseando-se nos ideais da cultura organizacional, é possível elaborar a mensa- gem-chave que permeia o universo da marca. keven Realce Branding - gestão de Marcas 31 É importante destacar, então, que a linguagem e a comunicação estão conecta- das em todas as manifestações da marca, conferindo unidade e consistência. Sendo assim, a interação entre conteúdo comunicativo e design possibilita um elemento in- teressante de diferenciação de marca, é caminho que a mensagem persuasiva deve trilhar, sendo possível o receptor identificar esse fio condutor, implícita ou explicita- mente, em todas etapas de convencimento. A elaboração da mensagem-chave depende, principalmente, de alguns fatores, entre eles: público-alvo, objetivos de marketing e comunicação, características da mar- ca, posicionamento etc. Compreendidos os conceitos de ideais, cultura organizacional e mensagens-chave, estudaremos agora o método conhecido como design thinking. 1.3.3 Design thinking Há um certo encadeamento no processo criativo para estabelecimento de uma identidade de marca. Todas as etapas, desde o briefing até o insight, seguem um enca- deamento fundamentado, não se amarrando ao acaso puro. Esse método é constituído de quatro fases macro e comumente é denominado pelos designers de design thinking. A primeira fase do processo de design thinking é chamada imersão. Nesse mo- mento, a equipe de projeto aproxima-se do contexto do problema, tanto do ponto de vista da empresa (o cliente) quanto do usuário final (o cliente do cliente). Dentro da imersão, há uma fase segunda de levantamento de dados, seguida da análise e da sín- tese das informações coletadas. Para tal, os insights são organizados de maneira a obter-se padrões e a criar desafios que auxiliem na compreensão do problema. A terceira fase é conhecida como ideação, ela tem o intuito de gerar ideias inova- doras para o tema do projeto. Para isso, utilizam-se as ferramentas de síntese criadas na fase de análise, a fim de estimular a criatividade e gerar soluções que estejam de acordo com o contexto do assunto trabalhado. A quarta fase, por sua vez, chamada de prototipação, tem como unção auxiliar a validação das ideias geradas e, apesar de ser apresentada como uma das últimas fases do processo de design thinking, pode ocorrer ao longo do projeto, em paralelo à imer- são e à ideação. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 32 Fases do Design Thinking Imersão Análise& síntese Ideação Prototipação A etapa do pensamento ou ideação , segundo o design thinking: “Embora a criatividade seja importante, o design é uma atividade que serve tanto para objetos econômicos quanto criati- vos” (AMBROSE, G.; HARRIS, P.,2011, p. 11). Entendido o método de design thinking, passaremos para a organização dos ele- mentos de marca.1.4 Critérios, estratégias e integração dos elementos de marca A organização dos elementos constituintes de uma marca devem obedecer a alguns critérios para que se possa empregar uma correta gestão de marcas. O prin- cipal subsídio para a implementação de uma estratégia de design de identidade é uti- lizar o ferramental de pesquisa, seja este baseado em dados primários, seja em dados secundários. Veremos, a seguir, de que maneira conduzir essa pesquisa. 1.4.1 Condução de pesquisa As informações a respeito de uma organização podem vir de diferentes fontes, desde o plano de negócios até entrevistas com stakeholders. Também se compreende a empresa ao experimentar a organização aos olhos do consumidor. Eis uma relação interessante de informações básicas a se conhecer de uma empresa: • Missão; • Visão; • Valores; • Organograma; • Planos de marketing e de negócios; © F ab ri CO . keven Realce Branding - gestão de Marcas 33 • Relatórios; • Clippings e releases. Clippings: conjunto de materiais, publicados na mídia ou não, sobre um assunto determinado de interesse da organização. Releases: material jornalístico (pauta) de divulgação da empresa. Outro momento oportuno para conhecer melhor uma organização é o da pesqui- sa de mercado, quando se fundamenta uma estratégia de marca realmente significan- te e desaparecem as impressões preconcebidas. Convém enumerar alguns métodos de pesquisa utilizados em estratégias de branding: • Pesquisas qualitativas; • Focus group; • Entrevistas em profundidade; • Pesquisa quantitativa; • Levantamento online; • Teste de usuário; • Eye tracking; • Cliente oculto; • Segmentação; • Pesquisa de reputação; • Pesquisa de brand equity. Eye tracking: técnica que monitora o movimento ocular das pessoas, possibilita identificar o percurso do olhar, quanto tempo e até quantas vezes o indivíduo olhou. Brand Equity: é o valor Patrimonial da marca. O passo seguinte, na condução da pesquisa do processo universal de identidade de marca, é o que tange às auditorias de mercado. Esse recurso apresenta-se como uma forma de controle dos esforços de marketing. Há alguns materiais corporativos, da concorrência, bem como dos stakeholders, que devem ser apresentados e discutidos em uma auditoria de marketing e, posteriormente, arquivados em relatórios para con- sultas futuras. Entre eles, destacam-se: keven Realce Branding - gestão de Marcas 34 • Materiais de identidade de marca; • Comunicação online; • Vendas e marketing; • Varejo. Assista a Palestra “A arte de escolher” (The Art of Choosing), de Sheena Iyengar, no TEDTalks para a conferência TEDGlobal (2010). A psicoeconomista fala sobre as escolhas triviais e pro- fundas, partilhando sua pesquisa inovadora, em que tem descoberto algumas atitudes sur- preendentes sobre decisões. Em seguida, estudaremos como se dá a condução da estratégia de identidade de marca. 1.4.2 Classificação da estratégia Após elencar os dados com o instrumental de pesquisa, parte-se para o direciona- mento e a condução da estratégia de identidade de marca que servirá de base para o branding da organização em questão. Com base nesta dinâmica de orientação e guiar estratégias voltadas à identidade de marca, Wheeler (2008), propõe sete indicativos para classificação posterior da estratégia de branding: • Repensar a visão; • Ver todo o quadro; • Engajar-se em diálogos significativos; • Descobrir a aparência da marca; • Descobrir uma plataforma de posicionamento; • Criar a grande ideia; • Tocar outra vez. Com base na análise destes critérios pode então surgir três cenários para a estra- tégia de identidade de marca, classificados da seguinte maneira: já há uma estratégia bem definida (manutenção), é necessária uma redefinição da estratégia (adequação) a possibilidade de elaborar uma estratégia de identidade de marca (criação). Por fim, estudaremos o design de identidade. Acompanhe! Branding - gestão de Marcas 35 1.4.3 Design de identidade O pensamento inicial que abre o escopo de um projeto de gestão de marcas não poderia ser outro senão o design. A partir de uma reflexão conceitual, pontual e técni- ca, é possível ter esteio para sedimentar uma estratégia pormenorizada de branding. A identidade de marca, com seus elementos em consonância, o aporte visual e criativo, bem como indicativos, critérios e possibilidades estratégicas são a base ideal para o início de um processo de construção de marcas de valor. Pode-se dizer que o conjunto completo de elementos de marca compõe o conjunto de identificação de marca. A coesão do conjunto da identificação de marca depende do grau de consistência dos elementos de marca. Idealmente, seriam escolhidos elemen- tos de marca que apoiassem outros elementos de marca e que poderiam facilmente ser incorporados a outros aspectos do programa de marketing. Algumas marcas fortes têm vários elementos de marca valiosos que reforçam uns aos outros diretamente (KELLER; MACHADO, 2006, p. 119). Como vimos, o design de identidade permite a combinação de elementos como naming, logotipos, cores, packing, tipografia, gimmick e taglines, associados a uma vi- são estratégica, possibilitando a geração de um código uniforme de representação sensível da marca. A qualidade do design determina o grau de potencialidade de uma marca. Rezende (2010, p. 23) aponta três indícios de qualidade associados ao design de identidade da marca: • Funcional: adequação ao uso (ergonomia) - fitness for purpose facilidade de uso e per- cepção (efeitos objetivos); • Estética: capacidade de produzir efeitos subjetivos; • Simbólica: capacidade de produzir efeitos intersubjetivos e criar vínculos com os interlocutores. Um case efetivo de design de identidade é o que envolve os Jogos Olímpicos, es- pecialmente abordado em Wheeler (2008). Em 1913, o barão Pierre de Coubertin dese- nhou cinco anéis coloridos entrelaçados, originando a marca das Olimpíadas, que, na sua essência, celebra o espírito de realização do ser humano por intermédio da apro- ximação entre os povos. Desde então, os jogos olímpicos impulsionam o mercado dos países anfitriões que desenvolvem logotipos e mascotes específicos para comercializar produtos e atrair patrocinadores para o evento. Nesse sentido, é importante destacar que, para garantir a identidade de marca, são necessárias estratégias que envolvem projetos ambientais e urbanos, passando pelo grafismo, por ícones das modalidades esportivas até o design de medalhas. Os lo- gotipos olímpicos promovem o orgulho e a diversidade cultural de cada cidade sede. Branding - gestão de Marcas 36 Sendo assim, captar o espírito da Olimpíada e combiná-lo com uma cultura singular são os grandes desafios criativos, como nos jogos de Pequim, em 2008: a escrita do emblema foi inspirada pelas gravuras em bamboo da dinastia Han. A cobertura e o alcance multimidiáticos dos Jogos Olímpicos garantem o status de “centro das atenções” para os países e as cidades onde são hospedados, além de as- sociar às marcas patrocinadoras e envolvidas indiretamente, os atletas celebridades e as modalidades esportivas em um arranjo visual de proporções planetárias. Observe alguns exemplos de identidade de marca dos Jogos Olímpicos a seguir: Identidade de marca de alguns dos Jogos Olímpicos Munich, 1972 Barcelona, 1992 Moscou, 1980 Pequim, 2008 Fonte: OLIVEIRA, 2002. Dessa forma, encerramos nosso estudo sobre identidade de marca. A partir desta apresentação a respeito de fundamentos de branding, de elementos criativos e de design de marcas, abrem-se caminhos para reconhecer conceitos, estabelecer critérios e elaborar estratégias de integração de identidade de marca. Branding - gestão de Marcas 37 Referências AAKER, David A. Como construir marcas líderes. São Paulo: Futura, 2000. ABBING, Erik Roscam. Brand Driven Innovation. Innovation Manegament in Enanbling Factors. 21 abr. 2011. Disponível em: <www.innovationmanagement. se/2011/04/11/brand-driven-innovation/>.Acesso em: 07/07/2015. AMA. American Marketing Association. Branding. Disponível em: <www.ama.org/ topics/branding/Pages/default.aspx>. Acesso em: 07/07/2015. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Design Thinking. Tradução Mariana Belloli. Porto Alegre: Bookman, 2011. ANSWERS. Disponível em: <www.answers.com/Q/What_is_difference_between_ logo_and_logotype>. Acesso em: 07/07/2015. CAMBRIDGE. University of Cambridge. [Alfabeto tipográfico, s/d]. 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No sentido desse texto, é o patrimônio glo- bal da marca, entendido como mais do que simplesmente a diferença entre o valor da empresa (valor avaliado) e seu valor de mercado. 2.1 Análise de ambientes circundantes da marca A utilização de ações pontuais e de curto prazo parece ser uma prática mui- to comum nas empresas, no entanto é um caminho de mão única para a construção de marca. A utilização de ações promocionais, na maioria das vezes, busca uma rápi- da lucratividade. Porém, índices significativos de market share das marcas não repre- sentam, necessariamente, a realidade dos cenários de marketing em que elas estão inseridas. Uma correta análise, bem como e uma possível sinergia das marcas nesses ambientes circundantes, tendem a possibilitar as ações de branding mais estáveis. Market share ou share of market: percentual do mercado total ou de um segmento que uma em- presa, marca ou produto detém. Essa não é a única forma de mensuração da marca, a fidelidade e o posicionamento de que ela dispõe junto aos consumidores também são outros instrumentos. 2.1.1 Microambientes O microambiente, analisado pelo viés da administração de marketing, também pode ser denominado de ambiente tarefa ou ambiente competitivo. Eis o eixo princi- pal que este ambiente circunda e de relativa influência na construção das marcas: a empresa e seus stakeholders. Partindo de um posicionamento de marca que tem como base a organização institucional, tem-se o tripé básico: missão, visão e valores. A de- terminação de uma orientação para uma unidade empresarial de negócios (UEN) é uma tarefa nada simples. Seu objetivo é, após o delineamento estratégico, gerar rique- za para seus acionistas e colaboradores. A missão é imprescindível para apontar o que a UEN vai fazer, orientar a ação organizacional, relacionar o negócio com a satisfação de alguma necessidade e dimensioná-lo ao marketing interno e externo. Branding - gestão de Marcas 42 Para que você compreenda com maior clareza essa missão organizacional, aten- te-se para o quadro a seguir, com os elementos-base, que podem servir de apoio insti- tucional e promocional para a marca: Elementos-base de uma missão organizacional CONTEXTOS QUESTÕES A razão de ser da organização Por que a instituição existe? Seu mercado alvo Para quem? Seu negócio ou linhas de produtos-serviços O que faz? Algumas condições essenciais de desempenho Como faz? A visão, por sua vez, corresponde ao ideal corporativo, como a instituição proje- ta as situações de sua manutenção e sobrevivência após a definição dos cenários futu- ros dos ambientes de mercado. É a formalização do que se pretende realizar a longo prazo e funciona como meta de referência para a solidificação da marca. Um exemplo é a visão da empresa O Boticário: “ser referência na criação de valor em negócios de beleza” (O BOTICÁRIO, 2015). Exempo de missão: “Ser reconhecida por colaboradores, parceiros, clientes e segmento onde atua como uma dasmais importantes referências mundiais em beleza e fazer que suas ações para a preservação da vida estabeleçam uma forte identificação com a sociedade.” (O BOTICÁRIO, 2015). Exempo de valores: “Respeito e comprometimento mútuos; Participação e trabalho em equi- pe: Objetivos e metas claros evdefinidos; Reconhecimento pela contribuição para os resul- tados; Desenvolvimento pessoal e professional; Valorização da vida e do meio ambiente.” (O BOTICÁRIO, 2015). Quanto aos valores e princípios, são conceitos de conduta ética pelos quais a or- ganização preconiza ordem, segurança e crescimento aos seus membros, incorporan- do-se à sua cultura de forma significativa e permanente. Eis três exemplos de valores e princípios organizacionais: • Cooperação– trabalhamos em equipe; • Excelência – valorizamos nossos clientes; • Criatividade – Apoiamos a criatividade e a inovação individuais. Outro aspecto relevante ao se levar em conta o microambiente é a análise com- petitiva. Nesse contexto, podemos afirmar que o perfil competitivo de uma marca é resultante do somatório de todos os fatores de competitividade que sintetizam sua Branding - gestão de Marcas 43 posição em um determinado momento. Esses fatores podem ser classificados em grau de importância (alta, média e baixa) e comparativamente avaliados (pior, mediano e melhor) na sua relação como os concorrentes. Observe um exemplo de análise competitiva de uma nova marca de pizzaria delivery: Simulação de análise de vantagens competitivas de uma marca Nova Marca Marca Concorrente Fatores competitivos Importância dos fatores Ação de cada fator em relação aos concorrentes Alta Media Baixa Nota1 Nota2 Nota3 Nota4 Nota5 Diversidade dos sabores X Acondicionamento da pizza X Rapidez no delivery X Entrega da pizza quente X Higiene X Opções de tamanho X Qualidade no atendimento do pedido X Qualidade na entrega X Variedades de bebidas X Preço X Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 74 e DRANKA JR., 2005, p. 61. (Adaptado). LACUNAS DE OPORTUNIDADES DE VANTAGENS COMPETITIVAS Lacunas de oportunidades de vantagens competitivas © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 44 Observe que os fatores de competitividade que receberam notas mais baixas (en- trega da pizza quente e variedades de bebidas) têm importância média e alta para o negócio, por isso simbolizam que tais fatores são lacunas de oportunidades de vanta- gens competitivas para a nova pizzaria. Para se visualizar as vantagens competitivas mediante a análise do micro ambien- te, o exemplo anterior foi construído a partir de algumas etapas: • Descrição de duas marcas concorrentes; • Montagem da tabela do perfil competitivo; • Pesquisar possíveis vantagens competitivas; • Estabelecer graus de importância para os fatores; • Avaliar os fatores em relação aos concorrentes; • Verificar os espaços que ainda não são familiares ao público-alvo. A fim de exemplificar a análise competitiva, observe quais informações são consi- deradas relevantes para sua realização. Benchmarking competitivo INFORMAÇÕES COMPETITIVAS Analise os concorrentes bem sucedidos Analise os concorrentes malsucedidos Examine outros setores e mercados Por que eles são bem-sucedidos? Por que eles são malsucedidos? O que você pode adaptar e usar? Baseie-se neles e melhore o que eles fazem Evite o que eles fazem e supere essas armadilhas Adote e adapte a melhor prática de outros setores/ mercados Fonte: KOTLER; KELLER, 2006, p. 344. (Adaptado). Um fator de competitividade pode vir a se transformar em vantagem competitiva de uma UEN caso o target o reconheça um elemento de diferenciação da marca em re- lação aos concorrentes. Nessa ótica, o público-alvo passa a ter um papel preponderante para juízo de valor das vantagens competitivas. Eis possíveis diferenciais de uma marca: • Operações e produção eficientes e flexíveis, adaptáveis aos clientes; • Força de vendas eficaz; • Localização; • Excelente distribuição; • Reconhecimento de nome ou visibilidade; Branding - gestão de Marcas 45 • Orientação ao cliente; • Abrangência da linha de produtos; • Superioridade técnica; • Inovação contínua de produto. Target: público-alvo. Termo emprestado do campo da publicidade, especificamente das técni- cas de planejamento de mídia, para designar o segmento de público que se pretende atingir e sensibilizar com determinada campanha de comunicação. Tendo claro o que são microambientes e as variáveis que influenciam a marca, partiremos para o estudo dos macroambientes. Vamos lá? 2.1.2 Macroambientes A análise do ambiente externo permite uma reflexão sobre as movimentações desse cenário que podem influenciar o mercado em que uma marca atua, esse merca- do externo é o que chamamos de macroambiente. Conforme apontam Churchill e Peter (2013), o macroambiente envolve o estudo das variáveis de oportunidades e ameaças que transitam nos espectros econômico, político, social, tecnológico, cultural e natu- ral. Dessa maneira, é possível mapear, por exemplo, a frequência de compra online do consumidor, o risco legal de comparar uma marca concorrente em uma publicidade te- levisiva, o aparecimento de uma nova tecnologia no segmento em que a UEN atua, en- tre outros. No ambiente econômico, circundam algumas variantes que influenciam direta- mente a dinâmica das marcas, entre elas, estão: renda (bruta, disponível e discricioná- ria), ciclo de negócios (prosperidade, recessão e recuperação), inflação, empregabilidade, produto interno bruto (PIB) etc. Já no cenário político e legal, leis e intervenções políti- cas influenciam o direcionamento de estratégias de branding, vide ações de taxação de impostos federais, estaduais e municipais, bem como leis de proteção a patentes como copyright e licensing. Se a marca não estiver protegida legalmente, ela não pode ser alvo de um contrato de li- cenciamento. Assim é fundamental que o autor ou proprietário da marca procure prote- gê-la legalmente nos territórios que pretende licenciá-la, seja diretamente, seja através de representantes (SILVA, 2004, p. 27). Branding - gestão de Marcas 46 Cobra (2008) aponta que o estudo do ambiente sociocultural permite mapear ati- tudes do consumidor em relação às marcas, bem como tendências de relacionamen- to entre marca, mercado e público. Popcorn (1993) apontou algumas tendências desse ambiente sociocultural que ainda perduram. Veja no quadro a seguir: Resumo adaptado das tendências socioculturais de Popcorn (1993) NOMENCLATURA POPCORN TENDÊNCIAS Enclausuramento Aumento no consumo de eletroeletrônicos e delivery Aventura de fantasia Incremento no setor de turismo e entretenimento Pequenas indulgências Ascensão da aquisição de produtos para uso pessoal (vestuário, acessórios etc.) Ergonomia Oportunidade para o mercado de serviços customizados e personalizados Sair do emprego Valorização do turismo de negócios e acadêmicos Volta ao passado Nova abordagem para o público do segmento da “melhor idade” Sobreviver Crescimento do mercado que envolve a dinâmica da saúde e do bem-estar SOS Ações de sustentabilidade e responsabilidade social Fonte: Popcorn, 1993. (Adaptado). Os ambientes tecnológico e natural também exercem uma influência significativa para a gestão de marcas. A análise desses respectivos cenários tende, cada vez mais, a uma condição primordial para elaboração de estratégias de branding. Kotler (2012) aponta que o conhecimento científico, as inovações e os aperfeiçoamentos tecnoló- gicos proporcionam uma significativa oportunidade para incrementar não só o valor das marcas oferecido aos consumidores, como também a relação consciente entre ho- mem, manufaturas e meio ambiente, principalmente por intermédio do marketing ver- de e do demarketing. Demarketing: esforço para reduzir a demanda por um produto e para mudar o comportamento do consumidor em relação a um determinado hábito, por exemplo, ações de comunicação para fomentar o consciente uso da energiaelétrica e da água (CHURCHILL; PETER, 2013). Na sequência, compreenderemos como se dão as análises setoriais. Branding - gestão de Marcas 47 2.1.3 Análises setoriais A gestão eficiente de uma marca tem relação direta com o posicionamento que ela assume. A correta definição do posicionamento – como um elemento de diferenciação frente aos concorrentes, de caracterização de segmento de mercado ou, ainda, de fixa- ção na mente do consumidor – envolve o conhecimento e a análise dos ambientes ex- ternos e internos. A busca dos fatores-chave do sucesso, ou key factors of success (KFS), abrange os pontos relevantes para monitorar mudanças, ameaças setoriais, e utilizá-las para oportunizar a inserção da marca em nichos de mercado (DORNELAS, 2007). Aspectos descritivos do método SWOT Interno Externo Aspectos positivos Pontos fortes Oportunidades Pontos positivos comparados à concorrência Mudanças que geram novas opções Aspectos negativos Pontos fracos Ameaças Pontos negativos comparados à concorrência Perigos emergentes a serem combatidos O cruzamento entre pontos fortes e fracos do ambiente interno versus oportuni- dades e ameaças do ambiente externo é conhecido como método SWOT ou FOFA. Os KFS de uma UEN podem ser resultantes da análise dos itens listados na matriz SWOT, bem como das implicações estratégicas para a gestão de uma marca. Vamos exemplificar esse cruzamento no quadro a seguir. Observe: Aspectos analíticos da matriz FOFA Oportunidades Ameaças Forças Explorar os pontos fortes existentes nas áreas de oportunidade Usar pontos fortes existentes para combater as ameaças Fraquezas Construir novos pontos para aprovei- tar as oportunidades Construir novos pontos fortes para combater as ameaças SWOT: strenghts, weaknesses, oppurtunities, threats; ou FOFA: forças, oportunidades, fra- quezas, ameaças. Técnica de análise ambiental desenvolvida e utilizada pelos professores Andrews e Christensen em aulas da Harvard Business School e de grande valia para a gestão do planejamento estratégico. Branding - gestão de Marcas 48 A análise SWOT permite e evidenciar pontos-chave a serem primeiramente abor- dados e ponderados na construção de uma gestão de marcas eficiente. Neste sentido a matriz ajuda a perceber o que a organização enfrenta em relação ao mercado e ao seu ambiente interno, sendo uma interessante ferramenta para formulação do seu po- sicionamento de marca. No próximo tópico, estudaremos o uso do business intelligence (BI) tanto interna como externamente. Vamos lá? 2.2 O uso do business intelligence internamente e externamente Pode-se iniciar a construção de um relacionamento de marca com seus stakeholders por intermédio do business intelligence, em ambientes internos e externos, adotando alguns procedimentos enumerados por Linda Wingate, da Wingate Consulting (WHEELER, 2008): • Desenvolver fortes relações profissionais, de modo que altos níveis de confian- ça e relacionamento sejam construídos; • Construir princípios norteadores para a tomada de decisões e promover a participação; • Garantir cooperação, engajamento e propriedade. Recompensas devem ser para o grupo, e não para os indivíduos. A integração entre colaboradores, fornecedores e profissionais envolvidos na gestão de marcas de uma organização permitem uma uniformidade de ações e comu- nicação entre o público interno e externo. Em seguida, estudaremos o conceito de endobranding, que trata de ações no am- biente interno. 2.2.1 Endobranding Os membros de uma corporação são uma parte indissociável de representação da marca. Portanto, nada mais assertivo do que os funcionários estarem alinhados com a essência dela. No caso de empresas prestadoras de serviços, em especial, é de fun- damental importância que o rol de funcionários tenha um conhecimento profundo e atualizado da marca. Se eles compreenderem os valores centrais da instituição e se en- gajarem, acabarão tornando-se instrumento de chancela para a marca. Algumas empresas utilizam com frequência efetiva o branding interno, entre elas, podemos destacar a Walt Disney, cujos membros assumem papel de palestrantes em seminários sobre serviços, fidelidade e criatividade que abordam o “padrão Disney”. Branding - gestão de Marcas 49 Um case interessante é o da empresa americana UPS (United Parcel Services), cuja campanha de comunicação global de reposicionamento (2002) continha um redesign do logotipo e do slogan: “O que Brown pode fazer por você?”. O reposicionamento foi precedido por uma campanha de endobranding de lançamento mundial. A ação par- tia de eventos sincronizados ao redor do globo, passando por kits corporativos com o novo logo até a criação de um tagline específico para o público interno: “Uma empre- sa. Uma visão. Uma marca.” (BUCKLEY apud TYBOUT; CALKINS, 2006). A UPS é uma empresa de logística conhecida por seus furgões marrons, que lhe renderam o apelido de the big brown machine (a grande máquina marrom). Esses caminhões marrons tor- naram-se uma marca registrada da empresa. O endobranding é uma ação prioritária, em que a efetividade gerencial pressupõe estratégias para informar e inspirar funcionários, visando maximizar o brand equity de uma organização. Brand equity: são todos os recursos necessários para que as marcas sejam posicionadas, comu- nicadas e vendidas com lucros financeiros e emocionais. Nas empresas com ótimos níveis de brand equity, os interesses organizacionais são compatíveis com as expectativas dos consumi- dores (MARTINS, 2006). Tendo compreendido o endobranding, estudaremos, na sequência, sobre network e stakeholders. 2.2.2 Network e stakeholders Uma rede integrada de colaboradores é um excelente alicerce para que uma mar- ca cresça fortalecida, desde que haja interdependência entre os evolvidos, sem perda de autonomia gerencial. Esse relacionamento harmônico do network corporativo, que tem uma proximidade com a construção e a alavancagem da marca, possibilita uma ressonância uniforme junto aos stakeholders. Branding - gestão de Marcas 50 Quer entender os pontos de contato e a rede de colaboração entre os stakeholders de uma marca? Então, observe a imagem a seguir: Possíveis pontos de contato (stakeholders) de uma marca Pontos de contato da marca Embalagens Impressos Funcionários Publicidade Promoção de vendas Sons Aromas e cheiros Relações públicas Assessoria de imprensa Ações civis Internet Produtos e serviçosArquiteturas de lojas e sedes Nome e slogan A seguir, compreenderemos como iniciar a construção de um relacionamento de marca observando algumas tendências. Acompanhe! 2.2.3 Tendências Na década 1990, houve a ascensão do marketing de relacionamento com o ad- vento da Escola de Marketing Industrial e de Serviços, principalmente na figura dos teóricos Evert Gummesson e Christian Grönroos. Para esses autores, o marketing de relacionamento repousa nas ações de identificação, estabelecimento, manutenção © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 51 e aproximação das relações com o consumidor (GUMMESSON, 2005; GRÖNROOS, 2009). Essas estratégias têm como objetivo a construção, a manutenção e o desenvol- vimento da relação cliente versus empresa. Entre as principais características dessa ferramenta, destaca-se o marketing one to one ou marketing um a um, que, segundo Kotler (2009), é a capacidade da empresa de atender às necessidades e aos desejos de cada cliente individualmente. A chave da retenção dos clientes é a satisfação, pois o cliente satisfeito permanece fiel por mais tempo; está disposto a consumir sempre que a empresa lança novos produtos ou servi- ços; é participativo e faz buzz marketing para a corporação; não é facilmente influen- ciado pela comunicação dos concorrentes; é menos sensível ao preço; requer menos investimentos para a sua retenção. Buzz marketing é uma espécie de publicidade boca a boca, em que o consumidor expres- sa sua preferência por um produto ou serviço e o recomenda para pessoasde seu círculo de relacionamentos. O marketing um a um baseia-se na identificação, na diferenciação e na intera- ção com os clientes, para a respectiva personalização de bens e serviços (PEPPER; ROGERS, 2000). No segmento do business to business (B2B), o marketing individualizado necessita do registro de informações dos parceiros, dos decisores e influenciadores; já no business to consumer (B2C), ele se apoia nas tecnologias de database marketing. Business to business: é um cenário, em que uma empresa, instituição ou indústria comercializa seus produtos para outras empresas. Business to consumer: é o ambiente onde ocorre a transação comercial entre empresa, institui- ção ou indústria e consumidor final. Database marketing: é a essência do gerenciamento e do aprimoramento das relações em- presa/cliente. Trata-se de um banco de dados com um conjunto de informações: histórico de compras, dados psicográficos e respostas às promoções. Aliado às técnicas de marketing dire- to, forma as bases da fidelização. Na interseção dessa plataforma tecnológica com o marketing de relacionamen- to, tem-se customer relationship managment (CRM), definido como uma estratégia de negócios que se utiliza de necessidades e preferências individuais para agregar valor aos participantes do relacionamento (GUMMESSON, 2005). Lima (2006) complemen- ta essa ideia, afirmando que o CRM é uma tecnologia que acopla interfaces interativas Branding - gestão de Marcas 52 de atendimento ao cliente (via plataforma digital ou central de atendimento) e database marketing e que serve de apoio na administração do marketing de relacionamento. Nesta interface entre tecnologia, atendimento e gerenciamento há uma possibi- lidade da corporação reter, ao longo do ciclo de vida do público-alvo consumidor, ele- vados índices de fidelização e aumento da percepção e do valor agregado da marca. A soma dos valores tangíveis e intangíveis entregues ao cliente (produto, serviço) tem que ser maior que suas expectativas. Um programa de fidelização requer nome, logo- tipo, ações comunicativas e estratégias próprias. Não é simplesmente a oferta de um brinde qualquer, deve ser uma operação criativa e planejada. Uma diferente configuração de mercado surge com a frequente utilização dessas tecnologias, introduzindo novas dinâmicas no comércio, no relacionamento com os clientes e no processo de gestão de marca. Essa transformação é denominada por Juraci Parente (2000) como market space, que pressupõe a passagem do marketing place, mais ligado à interação física do mercado, para as transações virtuais. Dessa forma, o consumidor tem pleno acesso aos produtos a qualquer hora e em qualquer local, além da possibilidade de realizar compras customizadas, tanto na quantidade quanto na configuração do produto. O mais interessante na inserção desse novo paradigma, que envolve o gerenciamento de marcas e o marketing de relacionamento, é a disponibilidade de informações em tempo real sobre o produto consumido, bem como o acesso full time, de maneira rápida e eficiente, ao pós-vendas. […] o ecommerce representa uma oportunidade grande, não só, para comercialização de produtos e serviços, mas, principalmente na ampliação de relacionamento, fidelização, e consolidação de marcas. No entanto, o comércio virtual exige, além de agilidade e dina- mismo, uma cadeia logística estruturada que permita às empresas alcançar diversos mer- cados, gerando capilaridade e visibilidade para a marca (VIVAN, 2006, p. 33). Rayport e Sviokla (1994) também analisaram a dicotomia marketing place e market space sob a ótica de três componentes: o conteúdo, o contexto e a infraestrutura. A partir dessa comparação, puderam vislumbrar que o grau de mudança necessário para que as corporações continuem competitivas aumenta à medida que as fronteiras desaparecem. Situação semelhante apresenta-se com relação ao esforço exigido para gerenciar as marcas, que cresce proporcionalmente, pelo fato de o consumidor esperar, em algumas situações até exigir, agilidade e conveniência em todos os processos. Branding - gestão de Marcas 53 Comparativo de conteúdo, contexto e estrutura do market place versus market space de Parente, Rayport e Sviokla Market Place Market Space Conteúdo O conteúdo exposto é consti- tuído pelo próprio produto e sua embalagem. A constituição do conteúdo se caracteri- za pelas informações sobre o produto, seu código, peso, preço, representação por desenho ou foto. Contexto O contexto dos mercados físi- cos se dá pela interação entre cliente, ambiente da loja, ven- dedor e produtos expostos nas gôndolas, com restrição de es- paço e tempo. O contexto está relacionado à interação proveniente da internet, que pode ser es- tabelecida de qualquer lugar a qualquer hora do dia, todos os dias da semana. Infra-estrutura Se caracteriza pelas restrições físicas do ponto de venda, me- tragem quadrada e capacidade para atender os consumidores. Compreende centrais de delivery, para es- tocagem de produtos e preparação dos pedidos, centrais de computadores e tele- comunicações, sistemas de captura de pe- didos, interligando o fluxo operacional de entrega e frotas de furgões e sistemas de roteirização logística. Fonte: VIVAN, 2006, p. 32-33. (Adaptado). Vivan (2006) afirma que a internet vem se consolidando como uma eficiente pla- taforma digital de relacionamento das empresas com seus clientes, onde as interações são bases profícuas de relacionamento, desde que geridas em conformidade com as estratégias de branding. Nesse contexto, a web permite suprir as necessidades de rela- cionamento dos clientes ligadas à acessibilidade, à customização de produtos e servi- ços, à busca de informação sobre utilização dos produtos, ao serviço de pós-venda e à assistência técnica. A seguir estudaremos a gestão de marca baseada no marketing mix. Branding - gestão de Marcas 54 2.3 Gestão de marca baseada no marketing mix Na década de 1960, o teórico de marketing Jerome McCarthy elaborou o concei- to de composto de marketing, expandindo as ideias de outros autores como Borden (1964) e Culliton (1948). O modelo vem sendo aperfeiçoado conforme a evolução do estudo e o surgimento de novas dinâmicas de mercado, mas sua essência se mantém. É costume emprestar os fundamentos de mix de marketing como eixo condutor para o gerenciamento de marca, utilizando principalmente os elementos de promoção, pro- duto, serviços, preço e pessoas. 2.3.1 Produto e serviços As marcas são associadas frequentemente a um produto. Dessa forma, pode-se usar, segundo Jones (2004), uma estratégia comparativa com os quatro estágios do ci- clo de vida de um produto: nascimento, crescimento, maturidade e declínio. No estágio de introdução, tem-se o lançamento da marca, quando os investimen- tos em comunicação são mais consideráveis. As ações comunicativas devem informar, em um primeiro momento, as funcionalidades do produto, mas sem esquecer a ima- gem desejada da marca. O diferencial competitivo também deve ser abordado aqui, se ele for inédito pode acarretar prestígio entre outros tantos atributos intangíveis que tendem a fazer parte do espaço relacional da marca em um segundo momento de ação estratégica. A etapa subsequente é a do crescimento, que ainda requer investimentos significativos em comunicação, mas os resultados operacionais tendem a aparecer. O discurso persuasivo ganha uma conotação de comparação e preferência de marca de forte apelo emocional. Na fase de maturidade, a marca já está estabelecida, os investimentos em pro- moção sofrem uma queda, porém o ambiente competitivo é intenso, diverso e atuan- te. A comunicação nesse estágio assume uma abordagem constante, que expressa o posicionamento em vários níveis do cotidiano real e imaginário do consumidor, estabe- lecendo uma relação afetiva e de proximidade entre consumidor e marca. Na fase do declínio, há o desgaste natural influenciado por novidades e mudanças, que podem ser tecnológicas, mercadológicasou comportamentais. Pode-se optar por dois caminhos plausíveis: descontinuação – suprimir a marca do mercado, diminuindo os investimen- tos em marketing e comunicação – ou relançamento – reposicionar e oxigenar a abor- dagem comunicativa com o incremento dos investimentos (KOTLER, 2009). Branding - gestão de Marcas 55 Para compreender melhor o ciclo de vida do produto, observe o gráfico a seguir: Analogia do ciclo de vida de produtos (CVP) aplicado às marcas V al or /d es em pe nh o da m ar ca Tempo Introdução Crescimento Maturidade Declínio Criação Oportunidade ou extinção Fonte: LABASE, 2014. (Adaptado). No que tange aos serviços e suas classificações, partindo dos serviços tangibili- zados ( fast food), passando pelos customizados (assistência técnica) até chegar aos de recepção direta de benefício (salões de beleza), as marcas também funcionam como informação. As organizações buscam associações de valor que garantam integridade à marca em cada ponto de contato do serviço. Existem marcas que permanecem na fase maturidade por muitos anos, e isso tende a se explicar por vários fatores como dife- renciação, posicionamento ou saturação, porém pode ser resumido em um único pon- to central: uma estratégia de branding eficiente. Um exemplo pertinente pode ser a oferta de garantia estendida e serviços de manutenção oferecidos por montadoras na aquisição do respectivo automóvel. 2.3.2 Precificação Existe uma prática errônea, comumente utilizada nas empresas, em que estraté- gias intensivas de precificação visam ao “lucro fácil”, a curto prazo, em detrimento de uma estratégia eficiente de branding. A marca adquire, então, uma imagem associa- da a preços baixos, que também pode refletir em baixa qualidade, dando margem a uma possível batalha de preços a ser desencadeada pela concorrência. Nesse cenário, os consumidores acostumam-se com o apelo promocional desenfreado e tornam-se © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 56 ávidos por ofertas constantes. Assim, a marca reduz investimentos em marketing e co- municação, fica vulnerável, perde destaque face às marcas concorrentes e não conse- gue se reposicionar (TYBOUT; CALKINS, 2006). A fim de obter maior clareza quanto a esse apelo promocional desenfreado, ob- serve a figura a seguir: Círculo vicioso descendente na promoção de preços A empresa diminui os serviços e as iniciativas de marketing para compensar a redução dos preços. Resposta dos concorrentes. As expectativas de preço dos clientes mudam, a experiência do cliente deteriora. Os resultados da empresa estão fracos. A empresa reduz os preços. As vendas melhoram a curto prazo. Fonte: CALKINS, 2006, p. 05. (Adaptado). O preço não pode ser o único condicionante para a construção de uma marca, ele deve ser encarado como uma ferramenta de apoio promocional. Uma gestão de mar- cas perene passa pelo planejamento de ações, junto aos stakeholders, que demandam tempo e investimento para gerar desejo e confiança. 2.3.3 Canais Ações que envolvem canais de marketing que permitem um diálogo muito pró- ximo entre imagem de marca, mais abstrata, e imagem de loja, bem mais tangível. Judith e Marcel Corstjens (1995) apresentam duas classificações bem interessantes so- bre a percepção de valores centrais e estendidos para determinada categoria de marca de produtos: o mindspace e o shelfspace. O mindspace abrange os procedimentos, cal- culados ou espontâneos, utilizados pelos consumidores na escolha de alternativas que influenciam as decisões de compra, como lembrança do nome, benefício do produto, © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 57 entre outros. Já o shelfspace opera com experiências, associações e hábitos de con- sumo, formulados no ambiente de distribuição. Ele aponta qual o mix de produtos de uma certa categoria estará disponível no ponto de venda. Percepção de valores centrais e estendidos das marcas Produto (funções, preço, qualidade) Shelfspace (familiaridade, linha, presença, hábito) Mindspace (prestígio, personalidade, con�ança, garantia) Fonte: MARTINS, 2006, p. 181. (Adaptado). Algumas lojas próprias podem funcionar como pré-teste e reforço de imagem de marca, assumindo características de canais diretos, o que pode gerar conflito com os canais de varejo e a rede de distribuidores. Já no que tange aos canais indiretos no va- rejo, se uma loja posiciona-se oferecendo produtos de qualidade, a maioria dos produ- tos vendidos também pode assumir essa característica. O merchandising aqui é uma ótima ferramenta de visibilidade de marca. A distribuição online, por sua vez, possibili- ta a venda cruzada ou cooperada e oferece um considerável poder de negociação com os fornecedores, mas ainda enfrenta percalços com a logística operacional. Uma nova tendência vislumbrada é a dos canais mistos, como as lojas conceitos dentro de lojas de departamento específicas. Um fabricante usa a estratégia de atração (pull) quando concentra suas atividades de marketing nos consumidores finais, pois esses “puxam” os produtos pelo canal. No que tange à estratégia de pressão (push), é o fabricante que tenta alcançar o consumi- dor, empurrando a marca por cada estágio do processo de distribuição. Em alguns casos, a estratégia push pode distorcer a imagem da marca, em outros, a pull pode gerar uma associação positiva à marca. Muitos programas eficientes de branding utilizam uma es- tratégia híbrida de distribuição, que envolve os conceitos push e pull simultaneamente. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 58 Para entender melhor a estratégia push, observe a figura: Dinâmica da estratégia de distribuição push Demanda Fabricante Intermediários Usuários finais Fonte: DRANKA JR., 2005, p. 53. (Adaptado). Para entender melhor a estratégia pull, observe a figura: Dinâmica da estratégia de distribuição pull Atividades de marketing Fabricante Intermediários Usuários finais Fonte: DRANKA JR., 2005, p. 53. (Adaptado). 2.3.4 Pessoas O marketing de experiência procura apresentar a marca não como algo inanima- do, um objeto de consumo, e sim como um canalizador de experiências únicas e gra- tificantes na vida das pessoas. Gilmore e Pine (1999) classificam esse cenário como a economia da experiência, em que as marcas devem provocar momentos indescritíveis a seus clientes: • No setor de mercadorias, você cobra pelo preço que vende; • No negócio de bens, você cobra por algo tangível; • No ramo de serviços, você cobra pelas atividades que oferece; • No nível da experiência, você cobra pelo tempo que os clientes relacionam com você. O diferencial das empresas que têm cases de sucesso baseados em marketing de experiência está forma de operacionalizar, pois além de propiciar experiências © F ab ri CO © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 59 extraordinárias, é necessário que o consumidor seja bem atendido e que suas de- mandas tenham soluções rápidas, gerando fidelidade e relacionamento com a marca. Schimtt (1999) aponta algumas diretrizes para o marketing de experiência: • Planejar bem as experiências – ser criativo, surpreendente e provocativo; • As experiências devem aproveitar os sentidos – visão, audição, olfato, pala- dar e tato; • Pensar na situação de consumo, não no produto em si; • Fazer pesquisas com os consumidores para perceber com que tipo de expe- riências eles iriam se identificar melhor. “Procuramos então confrontar o cliente com alguma experiência emocional que tenha a ver com as características diretas da marca [...] experiências são claramente um novo meio de oferta de valor com o objetivo de enriquecer a vida do consumidor” (NAHAS, s/d, s/p). Em seguida, estudaremos técnicas e nomenclaturas de arquitetura de marcas. Acompanhe! 2.4 Técnicas e nomenclaturas de arquitetura de marcas Arquitetura de marcas envolve os elementos que uma empresa define para iden- tificar todo seu portfólio de produtos e serviços e organizá-lo na mente do consumidor. Existem váriosníveis de estratégia de arquitetura de marcas empregados para diri- mir eventuais incompatibilidades e conflitos entre os diferentes produtos comercializa- dos por uma empresa. Essas ações vão desde o compartilhamento da marca-mãe até a criação de novos elementos ou nomes/marcas. Marcas podem expandir a cobertura de mercado e ampliar uma imagem corporativa; cada produto com nome de marca deve ter uma função bem definida dentro da organização e um posicionamento muito evidente diante do público-alvo, vide o exemplo das várias marcas do grupo Nestlé. Branding - gestão de Marcas 60 2.4.1 Amplitude e profundidade em uma estratégia de arquitetura de marcas A amplitude de uma estratégia de arquitetura de marcas refere-se às linhas e aos itens de produtos ou serviços (mix de produtos) de uma empresa, enquanto a profun- didade aborda as diferentes marcas dentro da categoria de produto ou serviço comer- cializado pela corporação (KELLER; MACHADO, 2006). A marca Gillette opera com estratégia de arquitetura de marcas ampla e profunda, pois detém um grande número de marcas, e estas são estendidas por várias categorias de produtos: Amplitude Profundidade (exemplos) Lâminas de barbear Gillette Fusion Proglide Power e Gillette Mach 3 Power; Desodorantes Gillette Body Sport e Gillette Clear gel power Rush; Aparelho de depilação Gillette Vênus Embrace e Gillette System. As marcas de um empresa, além de serem dispostas conforme a amplitude e a profundidade na arquitetura de marcas, ainda são organizadas conforme uma hierar- quia estabelecida pela empresa. A seguir, aprenderemos sobre hierarquia de marcas. 2.4.2 A hierarquia de marcas A hierarquia de marcas acaba sendo uma forma de estabelecer a estratégia de ar- quitetura, denominando e quantificando os elementos de marca no portfólio da or- ganização. Os produtos podem ser identificados de diferentes modos em relação à combinação elementos, alguns destes são comuns, sendo possível representar os pro- dutos agrupados para construir a arquitetura de marca. Entenda essa representação no quadro a seguir: Exemplo de representação de níveis potenciais de hierarquia da marca Fiat Classificação Exemplos Aplicação Marca corporativa Fiat Quase sempre presente em algum lugar do produto ou embalagem Marca de família Palio Usada em mais de uma categoria de produto Marca individual Adventure Restrita a uma categoria de produto, embora possa ser usada para diversos tipos diferentes de produtos Modificador ELX, Weekend Tipo de item ou modelo Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 219. (Adaptado). Branding - gestão de Marcas 61 Com base nos preceitos de Aaker (2007) e Tavares (1998), segue quadro resumo com a exemplificação e o desenvolvimento de hierarquias de marcas com característi- cas, vantagens e limitações de suas implicações estratégicas: Resumo de hierarquia de marcas Classificação/exemplos Características Vantagens Limitações Marca nominal individual © 3 60 b // Sh ut te rs to ck Relógios fabricados pelo mesmo grupo/empresa © A le x Ta o // Sh ut te rs to ck Nome específico para cada produto, a em- presa não precisa as- sociar diretamente sua reputação à do produto. Permite ousar em no- vos e vários segmen- tos de mercado, é bem aceita pelos varejistas. Custos de ad- ministração de marca mais elevados. Marca do fabricante © T oo yk ru b // Sh ut te rs to ck O nome registrado pertencente ao fabri- cante de produtos. Forte identificação na relação fabricante/ consumidor; melhor aproveitamento dos canais de distribuição e promoção. Custos eleva- dos para de- senvolvimento e comunicação corporativa. Marca própria ou do distribuidor © 3 60 b // Sh ut te rs to ck É a marca detida por um distribuidor, ca- bendo ao fabricante apenas a responsabili- dade pela manufatura do produto. Redução de custos e controle do sistema de vendas/distribuição. Limitação do PDV; pouco contato com as tendências do mercado. Marca prototípica ou notória © G il C // Sh ut te rs to ck É a marca represen- tante da categoria, quase sempre é a mais antiga ou a que rece- beu maiores investi- mentos no segmento em que atua. Orienta a decisão de compra de determina- dos segmentos e re- presenta a proposição de valor, ancorada pela experiência de uso. Desgaste face às inovações e acomoda- ção na zona de conforto. Nosso próximo assunto envolve os critérios de extensão de marcas. Branding - gestão de Marcas 62 2.4.3 Critérios de extensão de marcas A caracterização da extensão de marca ocorre quando há uma chancela conferida pela marca mais significativa aos relativos produtos de uma empresa. Ela pode ocorrer em quatro principais níveis: extensões de marcas, de marcas múltiplas, de linha e de imagem. Eis os principais fatores, segundo Keller e Machado (2006), para a criação de extensão de marca: • Conhecimento atual da marca-mãe e desejo da marca expandida pelo consu- midor; • O formato da extensão: favorável, visível e exclusiva; • A característica da extensão: elevante e consistente; • Vantagens competitivas devem ser perceptíveis ao consumidor; • Interligação de todo o mix de marketing para lançar a extensão; • Avaliação dos efeitos da extensão sobre o brand equity da marca-mãe. Veja seguir uma ilustração das classificações de extensões: Classificações de extensões Função da marca Idêntica Diferente Função do produto Idêntica Extensão de linha Extensão de imagem Diferente Extensão de marca Marcas múltiplas Fonte: VIVAN, 2006, p. 51. (Adaptado). Na sequência, tem-se um quadro resumo com o desenvolvimento e a exemplifica- ção de extensão de marcas com características, vantagens e limitações de suas impli- cações estratégicas, baseado em Aaker (2007) e Tavares (1998). Observe: Branding - gestão de Marcas 63 Resumo de extensão de marcas Classificação/exemplos Características Vantagens Limitações Nominal de família para todos os produtos (guarda-chuva) © ta nu ha 20 01 // S hu tt er st oc k A mesma marca apoia diferentes produtos em mercados próxi- mos ou distintos. Favorece a inter- nacionalização e facilita a conscien- tização da marca. Efeito cascata sobre todo o portfólio de pro- dutos que abrangem a marca; fragmentação ou uniformização da co- municação em demasia. As marca nominais de sor- timento ou de categoria de produtos © G il C // Sh ut te rs to ck Também operam com a extensão de marca. O nome da marca é utilizado em mais de uma linha de produ- tos, abrangendo uma categoria. Economia, visibi- lidade, comunica- ção concentrada. Opacidade da marca e não diferenciação em caso de expansão frag- mentação ou uniformi- zação da comunicação em demasia. Em relação à extensão de marcas múltiplas, também se optou pelas ideias de Aaker (2007) e Tavares (1998) para montagem do já familiar quadro resumo. Veja: Resumo de extensão de marcas múltiplas Classificação/exemplos Características Vantagens Limitações Marcas nominais para cada linha de produto perten- centes à mesma empresa © d ea n be rt on ce lj // Sh ut te rs to ck A marca utiliza- da por uma linha de produtos. Empresas que têm linhas de produtos e procuram conferir distinção a cada uma. Imagem consisten- te; otimização da co- municação; facilidade de administração do mercado-alvo. A linha tem limites; os produtos incluí- dos têm uma rela- ção próxima com os já existentes. Branding - gestão de Marcas 64 Tavares (1998) aponta também que as marcas múltiplas podem ser subdivididas em: • Marcas múltiplas de endosso: proporcionam apoio e credibilidade ao produto (bens duráveis e não duráveis) e à marca a qual endossa, podendo ainda ter origem na própria empresa (montadora/rede de concessionárias) ou fora dela (O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO); • Marcas múltiplas fontes: utilizada para mudar ou apoiar a imagem de marca, a partirde uma fonte comum. A descendência da marca pode ter seu próprio nome, mas estará ligada ao espírito da marca de família que domina (Nestlé e sua derivações: Nescau, Nescafé, Nestea); • Marcas múltiplas compartilhadas: une duas marcas para aumentar o benefício oferecido aos consumidores. Os ativos e competências entre empresas são so- mados para visibilidade de marca (HP/Intel, Mastercard/Itaú). Estratégias de extensão de linha estão relacionas à ampliação de modelos, for- matos, tamanhos ou embalagens de produtos já existentes, como o produto Coca- Cola que dispõe de marcas múltiplas guarda-chuva combinadas com a marca individual do produto (Coca-Cola Light e Coca-Cola Zero). Essa arquitetura combina a marca de família com uma marca individual para um tipo de produto, assim como enfatiza dife- renças entre o produto e os concorrentes e mesmo em relação aos demais produtos da família, pela adição de uma “nova” marca (TAVARES, 1998). Já no que concerne à extensão de imagem, o licenciamento de produtos ou mar- cas corporativas pode ser impulsionado por vários fatores, entre eles, o aumento de re- ceita e lucro, copyright, aumento de exposição da marca ou promoção da imagem de marca. Isto pode ser observado na utilização da marca Disney quando licenciada sua uti- lização em produtos diversos, como Relâmpago Mcqueen em brinquedos da Matte ou Mickey Mouse nas sandálias Havaianas. Como se trata de uma ação de co-branding, a marca está sujeita a “carregar” um produto que não está a sua altura, gerando um ruído na comunicação com o seu público e distorcendo o intuito mercadológico da estratégia. Co-branding é uma associação de duas marcas com a mesma sinergia. É necessário que haja uma consonância entre valores, capacidades e metas, mas sobretudo um perfeito equilíbrio do brand equity das partes envolvidas. Branding - gestão de Marcas 65 Referências AAKER, D. A. Estratégia de Portfólio de Marcas. 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Porto Alegre: Bookman, 2008. 3 Brand equity – estratégias de valorização A criação de valor é um dos objetivos fundamentais quando se pensa em estraté- gias de branding. As organizações procuram, constantemente, expressar esse valor por intermédio de algumas variantes, como qualidade dos produtos e benefícios que su- pram as necessidades dos consumidores-alvo. Agora que você compreendeu o objetivo de brand equity, iremos estudar alguns conceitos-chave desse assunto. 3.1 Conceitos-chave sobre gestão estratégica de marca e brand equity Compreender as implicações da geração de valor, bem como os significados das marcas e a inserção delas no âmbito da comunicação integrada de marketing deve ser a meta-alvo para que uma organização adquira seu brand equity. Entre os conceitos bá- sicos que circundam a gestão de uma marca, estão a semiótica, os valores centrais, a imagem e a alma da marca, que veremos na sequência. 3.1.1 Valores centrais e a imagem da marca Uma marca eficaz adquire valor porque se diferencia, conscientiza e expressa re- conhecimento. Nesse sentido, brand equity envolve: [...] todos os recursos necessários para que as marcas sejam posicionadas, comunicadas e vendidas com lucros financeiros e emocionais. Nas empresas com ótimos níveis de brand equity, os interesses organizacionais são compatíveis com asexpectativas dos consumido- res (MARTINS, 2006, p. 192). Para exemplificar, observe as relações de valores centrais para a criação de valor no quadro a seguir: Relações de valores centrais para criação de valor de uma marca Valores centrais Característica principal Exemplo O valor da marca como símbolo Aumenta a fidelidade por meio da familiaridade Bom Bril O valor da marca como ativo Gera confiança e promove a consciência por intermédio de uma vantagem competitiva Futbol Club Barcelona O valor da marca como continuidade Padroniza a identidade por meio de uma co- municação efetiva Itaú Branding - gestão de Marca 70 Valores centrais Característica principal Exemplo O valor da marca como propriedade Protege o patrimônio por intermédio de re- gistro legal Disney O valor da marca como marketing Reforça a imagem por meio de ações consistentes Leite Moça Fonte: WHEELER, 2008, p. 43. (Adaptado). Uma imagem de marca sólida é desenvolvida com a implantação de ações de marketing que geram associações concisas, positivas e únicas na memória dos stakeholders. Jones (2004) pondera algumas funcionalidades que uma imagem de marca de valor pode operar: • Identificação da origem do produto e transferência da responsabilidade para o fabricante: os fabricantes utilizam suas marcas para designar a origem dos pro- dutos e transmitir maior confiabilidade ao consumidor. Um aspecto importante no momento da decisão da compra é a garantia oferecida pelo fabricante; • Redução do risco de escolha: marcas consolidadas trazem maior confiança para o consumidor na hora da escolha dos produtos; • Redução do custo de comunicação: uma marca forte torna mais fácil para o fa- bricante lançar um novo produto ou impulsionar as vendas. O posicionamento de marca possibilita a diminuição dos investimentos em uma campanha pro- mocional, sem redução do volume de vendas; • Denotação de qualidade: os consumidores escolhem marcas porque elas aju- dam a diferenciar os padrões de qualidade de um produto para outro; • Atribuição de valor simbólico: quando se consome um determinado produto de uma certa marca há um certo posicionamento social, haja vista marcas denomi- nadas premium que denotam esta hierarquia como Rolls Royce, Rolex, Apple etc. Em seguida, estudaremos os traços de personalidade que uma marca carrega consigo. 3.1.2 A semiótica da marca A marca leva consigo traços de personalidade determinados pelos aspectos emo- cionais que adquire. Os sentimentos que permeiam o ato de consumo de um produto ou serviço também são absorvidos pela marca, constituindo elementos que auxiliam na construção de sua personalidade. “toda e qualquer coisa que se organize ou tenda a organizar-se sob a forma de linguagem, ver- bal ou não, é objeto de estudo da Semiótica” (PIGNATARI, 1976, p. 4). Branding - gestão de Marca 71 Marcas fortes têm um forte significado, um conjunto de valores muito bem defi- nidos. Para Kotler (2012), uma marca é ainda um signo múltiplo que permite certas as- sociações que contribuem para formação do brand equity: “O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representa esse objeto não em todos os as- pectos, mas com referência a um tipo de ideia que eu, por vezes, denominei fundamento do representâmen” (PEIRCE, 1995, p. 46). • ATRIBUTOS: estão relacionados à performance do produto/serviço. • Intrínsecos: características necessárias para o seu desempenho (Sal de Fruta Eno). • Externos: preço (Rede de lojas Mini Preço), embalagem (Chocolates Kinder), usuário (Isotônico Gatorade) e imagem de uso/experiência (Tira manchas Vanish). • VALORES: representam a crença do público-alvo sobre comportamentos aceitáveis. • Social: de conformidade com um grupo (Ralph Lauren). • Pessoal: escolha individual (Sport Club Corinthians Paulista). • BENEFÍCIOS: valores que o consumidor vincula aos atributos de produtos/ser- viços, o que estes podem fazer por aquele. • Funcionais: baseados nos atributos intrínsecos (Volvo ligado à segurança). • Experienciais: operam com a sensação de (a/re)provação do produto (Chery marca ainda nova no mercado nacional [2014]). • Simbólicos: trabalha com vantagens indiretas com necessidades de estima (BMW vinculado ao status). • CULTURA: padrões internalizados por determinados grupos e compartilhado com outros tantos. • Alguns elementos culturais: vida material, interações sociais, linguagem, estética, religião, orgulho e preconceitos, ética e costumes (Erva Mate Barão do Cotegipe). • PERSONALIDADE: Relaciona-se, metaforicamente, um conjunto de caracterís- ticas humanas associadas com determinada marca. • Alguns traços de personalidade: protetora, radical, intelectual, arrojada (Apple). Branding - gestão de Marca 72 • USUÁRIO: consumidor típico que compra ou usa o produto ou serviço. • Algumas indicações sobre o usuário: ocupação, idade, sexo etc. (Carefree) Nesse sentido a semiótica ajuda na questão da mediação entre representação e significado de uma marca, já que esta relação entre o que algo representa e significa para alguém pode ser estabelecida pela marca. Agora refletiremos sobre a alma da marca. 3.1.3 A alma da marca A alma da marca é sua essência, a promessa central, um mix de missão, visão, va- lores, tagline e posicionamento de uma organização. Muitas vezes, ela encontra eco nesses componentes, em outras, o terreno fértil para o surgimento do brand equity. Contudo, seu propósito é um só: garantir o entendimento holístico das marcas junto aos stakeholders. Veja na imagem a seguir como o encadeamento do posicionamento funciona a partir da alma da marca: Encadeamento do posicionamento partindo da alma da marca Alma da marca: promessa central Posicionamento pretendido Justificativa: Por que o consumidor deve acreditar nisso? Aceitável e verdadeiro Fonte: LINHARES, 2006, p. 36 (Adaptado). Segundo Sherry Jr (2006), estas são algumas categorias e práticas corresponden- tes para elaboração da alma da marca: 1. Mitografia arquétipa: marcas baseadas nos mitos e arquétipos, como o fora da lei da Harley-Davidson e o conhecimento proibido irresistível da Apple; • Biografia cultural: marcas que evoluem conforme as forças da vida social. Um exemplo são as histórias em quadrinhos da Turma da Mônica; • Etnografia da vida diária: a marca torna estranho o familiar, ou seja, transfor- ma o comportamento do consumidor em comportamento humano, como os produtos comercializados pela marca Polishop; © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 73 • Cartografia utópica: a marca representa o futuro ideal fantástico, baseado em significados arcaicos. Tem-se o caráter “retrô” de marcas como Volkswagen Beetle e Elvis; • Iconografia da marca: é a materialização da marca por meios sinestésicos. O odor do Chanel nº 5 e a embalagem da Victoria’s Secrets são alguns exemplos; • Coreografia semiótica: é o espelho que transforma uma marca em “minha” marca, como a Havaianas da Alpargatas. Agora, entenda o encadeamento da construção da alma da marca: Encadeamento da construção da alma da marca partindo de diretrizes constituintes do posicionamento Mapa mental Promessa central Estrutura de referência Relevância e superioridade dos meus diferenciais Em que categoria está a minha marca? Alma da marca Valores da marca Pontos de paridade – em que sou igual aos outros? Pontos de diferença – quais são meus diferenciais? Características do consumidor ou target Características da concorrência Fonte: LINHARES, 2006, p. 37. (Adaptado). É cada vez mais frequente o surgimento de produtos ou serviços commodities, para que isso não ocorra, as organizações devem se esforçar para estabelecer marcas que consigam esclarecer, inspirar e comunicar, enfim marcas com “alma”. Para exemplificar, veja no quadro a seguir algumas definições de alma de marca: © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 74 Possíveis definições de alma da marca para algumas organizações Autêntico desempenhoatlético Adidas Entretenimento e diversão para a família Beach Park Alimentos, pessoas e diversão McDonald’s Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 84. (Adaptado). Na sequência, estudaremos alguns fatores que levam as marcas ao destaque. 3.2 Fatores formadores de brand equity Há vários fatores que levam o consumidor a escolher um produto em detrimen- to das centenas de opções ofertadas no mercado. Entre eles, um item é condicionan- te para que algumas marcas se destaquem dos concorrentes: o posicionamento. Cobra (2008) pontua que se posicionar é uma estratégia de construção de imagem de uma organização, bem como dos valores comportamentais do portfólio de produtos ou ser- viços oferecidos pela empresa, de forma que os stakeholders consigam perceber esses benefícios e identificar-se com eles, quando comparados aos da concorrência. Mas, quais os fundamentos e os elementos desse posicionamento? É o que vere- mos a seguir. 3.2.1 Fundamentos e elementos do posicionamento Os precursores teóricos do posicionamento, Al Ries e Jack Trout (2002), resumem eficientemente esse conceito. Para eles, trata-se de um sistema organizado para encon- trar espaços no mente das pessoas e preechê-los de forma empática, sendo mais impor- tante o que a marca provoca nesta acomodação deixando, até certo ponto, as descrições das funcionalidades específicas deste produto ou serviço em um plano secundário. Para Tybout e Sternthal (2006, p. 12) “a declaração de posicionamento de uma marca idealmente está baseada na ideia das metas e percepções de um grupo-alvo de consumidores”. Os autores apontam que isso pode ser construído usando quatro ele- mentos-chave: o consumidor-alvo, a meta-alvo, a diferenciação e as razões para acre- ditar. Como exemplo de aplicabilidade esta teoria será utilizado aqui o mesmo case abordado pelos teóricos: a linha de ferramentas elétricas DeWalt, da Black and Decker. Eis a possível declaração de posicionamento da DeWalt: Para o profissional que usa ferramentas elétricas para ganhar dinheiro e não pode dar- -se ao luxo de interromper uma tarefa (consumidor-alvo), as ferramentas elétricas DeWalt da Black & Decker são mais fidedignas do que outras marcas (meta-alvo) porque são Branding - gestão de Marca 75 produzidas por padrões históricos de alta qualidade da marca (diferenciação) e são endos- sadas por uma extensa rede de serviços e garantia de conserto ou troca em 48 horas (ra- zões para acreditar) (TYBOUT; STERNTHAL, 2006, p. 13). Segue agora uma descrição do conteúdo que cada elemento constitutivo do posi- cionamento deve abordar, tendo como o exemplo a marca DeWalt: • Compreensão das características e costumes dos possíveis consumidores-alvo do pro- duto ou serviço. A descrição deve direcionar a estratégia de segmentação da organiza- ção, demonstrando objetivamente a definição das variáveis demográficas, geográficas, psicográficas e comportamentais do consumidor [“Para o profissional que usa ferra- mentas elétricas para ganhar dinheiro e não pode dar-se ao luxo de interromper uma ta- refa (...)”](TYBOUT; STERNTHAL, 2006, p. 13). • Declaração da meta-alvo, ou seja, identificação das situações onde a marca ou o produ- to é utilizado, bem como o apontamento dos concorrentes diretos [“(…) as ferramen- tas elétricas DeWalt da Black & Decker são mais fidedignas do que outras marcas (...)”] (TYBOUT; STERNTHAL, 2006, p. 13). • Descrição das condições determinantes da superioridade da marca em relação aos con- correntes. Aqui são descritos os diferenciais, como benefícios tangíveis e até emocio- nais da marca, dos produtos e dos serviços oferecidos [“(…) porque são produzidas por padrões históricos de qualidade da marca (...)”];(TYBOUT; STERNTHAL, 2006, p. 13). • Evidenciar as razões para acreditar no cruzamento entre os apelos promocionais con- cretos e abstratos, sempre apoiado pelo diferencial competitivo. [“(…) e são endossa- das por uma extensa rede de serviços e garantia de conserto ou troca em 48 horas”] (TYBOUT; STERNTHAL, 2006, p. 13). Esse modelo de posicionamento é de relativa importância na construção e na gestão de marcas, pois permite um mapeamento de três questões fundamentais: quem deve ser visado para utilizar a marca, qual meta permite que a marca atinja seu alvo e por que a marca deve ser escolhida entre outras similares. Outra configuração de posicionamento tem uma aderência mais próxima às ações de comunicação integrada de marketing e opera com a tríade: promessa básica, justificativa e imagem desejada. A promessa básica designa o principal benefício que o produto ou serviço oferece ao consumidor-alvo, é o diferencial competitivo ou ponto de referência da marca. No que tange à justificativa da promessa inicial, essa deve ser calcada em argumentos racionais, tangíveis e concretos, passíveis de certa experimen- tação. O aspecto emocional e sugestivo que a marca transmite cabe ao item imagem desejada, em que os benefícios e os argumentos persuasivos são incrementados por significados de níveis mais emotivos. Branding - gestão de Marca 76 Para compreender melhor, veja a seguir alguns exemplos de posicionamento de marcar do mesmo segmento: Exemplos de modelos de posicionamento para marcas distintas de um mesmo segmento Promessa básica Justificativa Imagem desejada Azeite de oliva A Substituto do azeite de oliva importado O azeite 100% puro Status e qualidade Azeite de oliva B Presente nos momentos mais agradáveis Marca mais vendida O azeite que está nas mesas de todos os brasileiros Fonte: CORRÊA, 2002, p. 90. (Adaptado). Para que a marca se fortaleça em uma visão de longo prazo, é necessário que a empresa modernize constantemente a forma de apresentá-la ao consumidor final. Em outras palavras, são necessárias a manutenção do posicionamento e a modernização da linguagem utilizada no composto de comunicação, mantendo o conteúdo da men- sagem e alterando a forma de reconhecê-la. Estudaremos as diretrizes para estabelecer o posicionamento de marca na sequência. 3.2.2 Diretrizes para estabelecimento de posicionamento de marca Alguns aspectos são de grande relevância para estabelecer um posicionamento competitivo de marca. Entre eles, destacam-se dois pontos-chave: a referência com- petitiva e os pontos de paridade e referência. A definição da estrutura de referência competitiva inicia-se com a determinação da categoria a que o produto pertence e o mapeamento das marcas concorrentes nas respectivas categorias. Posteriormente, é indicado, antes de ações mais incisivas, comunicar aos consumidores os pontos de pa- ridade da marca. Portanto, é preciso informar a que categoria o produto ou marca per- tence, antes de declarar seus pontos de diferença ou diferenciais competitivos. Há três formatos para relatar o enquadramento de uma marca em determinada categoria, se- gundo Keller e Machado (2006): • Comunicar os benefícios da categoria: analgésicos comunicam benefícios que fazem alusão à categoria e não exclusivamente à marca; • Comparar a marca aos concorrentes: marcas de telefonia móvel fazem compa- rações, sempre reforçando a categoria de atuação; Branding - gestão de Marca 77 • Descrever o produto ou serviço: marcas do segmento de higiene e limpeza que ofertam novos formatos de embalagem. A escolha e o estabelecimento de pontos de paridade e pontos de diferença per- mitem associações precisas no relacionamento marca versus público, sendo fundamen- tais para o brand equity baseado no cliente. Os pontos de paridade indicam que uma marca pertence a uma categoria, segundo a estrutura de referência competitiva. Já os pontos de diferença permitem que os consumidores encontrem esse diferencial de- sejável e acreditem que a marca possa cumpri-lo. A satisfação de alguns critérios de atratividade entre marca e consumidor podem servir como uma alternativa possível de configuração de posicionamento, entre eles estão: • Relevância: o target percebe os pontos de diferença como importantes; • Distintividade:o target percebe os pontos de diferença distintos e superiores aos concorrentes; • Credibilidade: o target considera os pontos de diferença verdadeiros e de confiança. Segundo Keller e Machado (2006), chega-se ao posicionamento de marca forte quando se estabelece pontos de paridade e pontos de diferença coerentes: Sabor X Baixa caloria Nutritivo X Gostoso Eficaz X Suave Potente X Seguro Forte X Refinado Conhecido X Exclusivo Variado X Simples Fonte: KELLER;MACHADO, 2006, p.80. (Adaptado). Agora, estudaremos as estratégias para o posicionamento. 3.2.3 Estratégias de posicionamento de marca O sucesso de uma organização está intimamente associado ao seu grau de rela- cionamento com o público-alvo. Destaca-se que o relacionamento realmente impor- tante é aquele que já tem algum espaço na mente dos consumidores. Em decorrência do volume circundante de informação, a mente faz uma seleção, rejeitando grande parte do que lhe é imposto. © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 78 O exemplo a seguir opera com um posicionamento voltado à customização (marketing 1 a 1) para atender às exigências de clientes individuais: Estratégia de posicionamento de customização segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários RECURSOS NECESSÁRIOS Capacidade de entendimento das exigências dos clientes. Criação de relacionamento com os clientes CLIENTES Clientes individuais FOCO ESTRATÉGICO Adequação de produtos/ serviços visando exigências individuais dos clientes Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 437. (Adaptado). O cérebro humano tende a tomar como aceitável o conhecimento prévio quando de quebra este paradigma surge o inusitado que, ainda assim, tem referências expe- rienciais anteriores. A descoberta do posicionamento ideal, frequentemente, depende do consumidor, sendo mais assertivo concentrar a atenção nas percepções do público- -alvo e não na falsa onipresença da marca. Veja um exemplo de estratégia de posicionamento por preço baixo, a seguir: Estratégia de posicionamento de preço baixo segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários RECURSOS NECESSÁRIOS Sistemas eficazes de controle de custos Sistemas de informações internas Administração da qualidade total CLIENTES Sensíveis ao preço Indiferentes ao padrão FOCO ESTRATÉGICO Eficiência interna Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 429. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 79 Uma mensagem forte não permite interpretações dúbias e, com poucas palavras, sintetiza uma ideia, tal qual o posicionamento, quanto mais simples for, maior a chan- ce de a marca destacar-se na mente do consumidor. Para compreender melhor, veja outra estratégia com foco em qualidade superior: Estratégia de posicionamento de qualidade superior segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários RECURSOS NECESSÁRIOS Capacidade para captar as exigências do mercado Controle de qualidade e sistemas de certificação Imagem e reputação da empresa e da marca CLIENTES Exigentes e com alto discernimento Menos sensíveis ao preço FOCO ESTRATÉGICO Controle de qualidade Gestão da imagem Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 431. (Adaptado). Muitas marcas investem muito em publicidade para desbancar seus concorrentes e, muitas vezes, sem sucesso. Outras usam, inteligentemente, o posicionamento para obter visibilidade e melhorar o share. Encontrar uma proposição de valor significativa e inédita para o consumidor-alvo é uma maneira bem eficiente para alcançar um posicio- namento concreto. Observe a estratégia de posicionamento por inovação a seguir: Estratégia de posicionamento de inovação segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários RECURSOS NECESSÁRIOS Habilidades na identificação de espaços vazios no mercado Habilidades criativas em pesquisa/planejamento e desenvolvimento Desenvolvimento de produtos/serviços novos CLIENTES Inovadores aventureiros Primeiros adotantes FOCO ESTRATÉGICO Primeiro no mercado Melhoria contínua Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 433. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 80 Algumas organizações buscam sua diferenciação no produto, no aspecto tangí- vel do negócio, outras procuram agregar valor por meio da oferta de serviços, como os restaurantes que implementam serviços de delivery [caso da hamburgueria Madero]. Melhorias na equipe de colaboradores e funcionários também são uma maneira de obter vantagens competitivas [tal qual o grupo Pão de Açúcar], bem como o geren- ciamento eficiente do desempenho de seus canais de distribuição [exemplificado na marca Centauro] (VIVAN, 2006). Para Kotler (2012), a diferenciação é o ato de promover nuances significativas para distinguir a oferta da organização da oferta da concorrência e também auxiliar no posicionamento de marca. Essas diferenças podem ser promovidas de acordo com as seguintes variáveis: • Produto: forma, características, desempenho, conformidade, durabilidade, fa- cilidade de reparo, estilo, design etc.; • Serviço: facilidade de pedido, entrega, instalação, treinamento do cliente, orientação ao cliente, manutenção e reparo, serviços diversos etc.; • Pessoal: competência, cortesia, credibilidade, confiabilidade, capacidade de resposta, comunicação etc.; • Canal: cobertura, especialidade, desempenho etc.; • Imagem: signos, mídia, imagem da marca etc. Veja na imagem a seguir como funciona esse tipo de estratégia de posicionamen- to por meio de serviço superior: Estratégia de posicionamento de serviço superior segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários RECURSOS NECESSÁRIOS Atenção aos detalhes do serviço Pessoal qualificado e motivado Monitoramento e feedback contínuos FOCO ESTRATÉGICO Administração do relacionamento com o cliente CLIENTES Sensível ao serviço Menos sensível ao preço Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 434. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 81 A empresa estabelece o que é importante para superar a concorrência, conquistar a fidelidade e encantar seus clientes. Ainda em Kotler (2012), o processo de diferencia- ção consiste em selecionar os fatores relacionados a produtos e serviços que podem influenciar o brand equity e, posteriormente, estabelecer uma hierarquia de valores para os consumidores por meio de quatro fatores: • Básico: relacionado à principal função do produto ou serviço. Por exemplo, a expectativa de um hóspede em um hotel é encontrar uma boa cama e um bom chuveiro; • Esperado: associado as características do produto ou serviço. No exemplo do hotel o hóspede espera encontrar, além de uma boa cama e um bom banho, lençóis e toalhas limpas, frigobar, TV e Wi-Fi; • Desejado: relacionado à satisfação imediata e ao alto grau de benefícios a mé- dio prazo. Aqui o hóspede gostaria de encontrar, além do conjunto de valores supracitados, um quarto sem barulho durante a noite, excelente atendimento, um bom café da manhã, TV por assinatura (pacote premium), internet gratuita; • Inesperado: associado à superação da expectativa do produto. Um hóspe- de não esperaria encontrar uma moderna sala executiva, academia de ginás- tica e sauna. Esses são fatores que podem levar à superação da expectativa do consumidor. Na imagem a seguir, entenda como funciona essa estratégia de posicionamento por benefícios diferenciados: Estratégia de posicionamento de benefícios diferenciados segundo os clientes, o foco estratégico e os recursos necessários CLIENTES Segmentos selecionados de acordo com os benefícios procurados FOCO ESTRATÉGICO Liderança no segmento RECURSOS NECESSÁRIOS Entender o mercado Criatividade na segmentação Capacidades no design de produtos/serviços Fonte: HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2006, p. 435. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 82 Vimos as possíveis estratégias que a organização pode usar para definir o posi- cionamento de seusprodutos ou serviços. Na sequência, iremos estudar as etapas de construções de brand equity. 3.3 Etapas de construção de brand equity (CBBE – customer-based brand equity) Entre as estratégias de valorização da marca e de construção de brand equity, está o modelo baseado no cliente, denominado por Keller e Machado (2006) de customer-based brand equity (CBBE). Esse modelo oferece um viés interessante de ações de construção e gerenciamento de uma marca sob a ótica do consumidor. O fio condutor do CBBE está centrado em duas reflexões, uma de caráter mais racional, outra, emocional: quais significados as marcas têm para o consumidor-alvo e como as respostas do relacionamento marca versus consumidor influenciam as ações de marketing. Uma marca ganha força quando os stakeholders aprendem, sentem, veem e ouvem a respeito dela, isto é, quanto de residual da marca fica retido na mente do público-alvo. Quer entender melhor quais são as premissas para a construções desse modelo? Observe a imagem a seguir: Premissas para a construção do modelo CBBE Brand equity positivo Brand equity negativo Resposta diferenciada Conhecimento da marca Reação dos stakeholders às ações de marketing Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 48. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 83 Linhares (2006) aponta uma analogia entre nós e elos para o fortalecimento de uma marca. Os nós seriam informações e conceitos armazenados na memória do con- sumidor, e os elos, associações desses conceitos a elementos da marca. As relações vi- suais, auditivas, emocionais ou racionais ficam em uma rede de nós e elos de ligação na mente do público; para que se tenha conhecimento de uma marca ou que se crie um nó na memória, é preciso operar com a lembrança e a imagem da marca. A lembrança é uma fase imprescindível para a construção do brand equity, pois ela é refletida na ca- pacidade dos consumidores de identificarem traços da marca em diferentes situações cotidianas. Já a imagem é o somatório de todas as experiências que o público-alvo tem com a marca, como contato físico com o produto/serviço ou por meio da comunicação integrada de marketing. Há alguns parâmetros para a construção de uma marca quando se utiliza o mode- lo CBBE, de modo que cada sequência de etapas depende do êxito das antecessoras. Veja a seguir: Etapas e parâmetros para elaboração da escala de branding CBBE Criar uma identidade junto ao público-alvo IDENTIFICAÇÃO – quem é a marca? Implementar o significado na mente dos consumidores SIGNIFICADO – o que é a marca? Fomentar respostas adequadas dos consumidores-alvo RESPOSTAS – o que se pensa sobre a marca ou se sente por ela? Transformar as respostas em fidelidade RELACIONAMENTO – que tipo de relação eu quero ter com a marca? Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 48. (Adaptado). Seguindo as etapas da escala CBBE a possibilidade de lembrança da marca na mente dos consumidores é maior. Keller e Machado (2006) desenvolveram uma pirâ- mide que representa graficamente as etapas das escalas do modelo CBBE. A formata- ção da pirâmide CBBE de construção do brand equity de uma marca baseia-se em seis pilares – saliência ou proeminência, desempenho, imaginário, julgamentos ou juízos de valores, sentimentos e ressonância –, com quatro questões norteadoras – identifica- ção, significado, respostas e relacionamento. Observe: Branding - gestão de Marca 84 Pirâmide de construção de brand equity Ressonância Saliência Desempenho | Imaginário La do ra ci on al Lado em ocional Juízos de valor | Sentimentos Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 49. (Adaptado). Entenderemos a formatação dessa pirâmide nos próximos subtópicos. 3.3.1 Saliência e desempenho da marca A saliência ou proeminência opera com a identificação de marca (awareness), que pode ser por meio do nome, do logotipo ou do tagline, enfim, características que a distingam (“quem é”) dos concorrentes. O consumidor é capaz de identificar a mar- ca ao reconhecê-la e consegue reconhecê-la sob diferentes condições. Essas conexões entre os produtos ou serviços comercializados sob a tutela de uma marca precisam ser bem evidentes. Toda vez que o target sente uma necessidade de consumo ou pen- sa na categoria de produto na qual a marca se insere, essa relação deve ocorrer. A sa- liência tem que ser forte para servir de base sólida ao desenvolvimento de uma marca. Compreenda melhor com a exemplificação a seguir: © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 85 Proeminência ou saliência e identificação como base da pirâmide de construção de brand equity Tipo de produto Categoria do produto Necessidade que o produto atende Situação de compra Identidade da marca Fonte: LINHARES, 2006, p. 38. (Adaptado). Awareness é a mensuração da percepção do consumidor a respeito das marcas preferidas e percebidas. Do ponto de vista estratégico, a lembrança de uma marca pode operar em níveis de profundidade e amplitude. A profundidade de conhecimento da marca é a facilidade com que seus elementos vêm à tona na mente do consumidor. Essa lembrança pode ocor- rer na visualização da marca no ponto de venda ou cada vez que o produto é consumido. No que tange à amplitude, são as várias situações de compra e o uso cotidiano do produ- to que fazem a lembrança da marca ser recorrente, tais como as reuniões entre amigos ou quando se enfrenta um problema qualquer. Para otimizar a amplitude da marca, fre- quentemente é necessário aumentar os cenários de consumo do produto, por exemplo: McCafé – o fast food também no café da manhã; Iogurte Grego Danone – é o café da ma- nhã para o dia todo; H2OH! – é a água gaseificada para se beber a qualquer hora. Profundidade e amplitude são termos análogos aos de arquitetura de marca (A.M.), mas pos- suem significados particularizados. Lembrando: A amplitude em A. M. refere-se ao mix de produtos, profundidade aborda as diferentes marcas dentro da categoria de produto comercia- lizado pela empresa. © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 86 O nível do desempenho aborda as formas de satisfação das necessidades do pú- blico-alvo e o quanto a marca significa para ele. Criar imagens positivas na mente do consumidor, no nível do desempenho (tangível) e do imaginário (intangível), por meio de experiências pessoais ou de terceiros (comunicação e buzz). O produto é uma peça importante para o brand equity. O consumidor deve ser instigado sobre a funcionali- dade e a performance do produto/serviço. Eis alguns atributos e benefícios que funda- mentam o desempenho da marca, segundo Keller e Machado (2006): • Componentes primários e características do produto – para que serve e o que se espera do produto. • Exemplo de conforto, segurança e espaço interno: automóvel para a família. • Exemplo de potência, performance e esportividade: automóvel esportivo. • Confiabilidade, durabilidade e disponibilidade (suporte) – durabilidade de um produto de alto padrão e de um produto popular. Alguns produtos devem ter alto nível de confiança. • Exemplos de produtos e serviços com alto risco de compra: médicos, se- guros, bancos, investimentos, advogados, dentistas, consultores. • Efetividade, eficiência e empatia – motivação e satisfação com a compra/uso da marca. • Exemplo de intangibilidades: as pessoas envolvidas oferecem atenção in- dividualizada e resolução de dúvidas. • Estilo e design – relações estéticas, ergonômicas e sinestésicas. • Exemplos de desempenhos sensoriais: o “cheiro de carro novo”. • Preço – a satisfação é diretamente proporcional ao preço pago. Quanto maior o preço pago, maior é a expectativa sobre o desempenho do produto. • Exemplos de dinâmica de preços: produtos de luxo normalmente oferecem melhor relação custo/benefício, preço e tempo de duração do produto. Estudaremos, na sequência, sobre imaginário e juízo de valor de marca. 3.3.2 Imaginário e juízo de valor da marca O conjunto de imagens de uma marca reflete como as pessoas pensam nela abs- tratamentee não o que pensam que a marca realmente faz. O imaginário da marca pode envolver o perfil dos usuários, personalidades, valores, experiências entre outros. Branding - gestão de Marca 87 A marca tem que se preocupar com os ideais que serão criados na mente do con- sumidor. Pois o target valoriza: • Usuários típicos da marca (social); • Canais de distribuição (Ponto de venda); • Favorecimentos de consumo (descontos/promoções); • Personalidade adequada (identificação); • Ciclo de vida (estágios); • Ligação afetiva (lovemarks). Lovemark é um conceito de Roberts (2004), para designar as marcas que permitem experiên- cias e conexões emocionais duradouras junto aos consumidores. Para compreender melhor a questão do imaginário, veja a imagem a seguir: Pilar de enfoque emocional do CBBE, relativo ao imaginário Experiências diretas com o produto ou serviço Imagem da marca Fonte: LINHARES, 2006, p. 39. (Adaptado). Os juízos de valor são construídos a partir do significado que a marca produz no consumidor ao experimentá-la, tanto em termos de desempenho quanto de imagem. Esses julgamentos podem traduzir o que se pensa a respeito de uma marca, como reage o target enquanto consumidor, qual é a resposta dele na presença tangível do produto. Ainda segundo Keller e Machado (2006), existem quatro tipos de opinião e avaliação pessoal mais proeminentes: • Qualidade: personifica o propósito do produto e a qualidade de serviço na rela- ção percebido versus esperado. • Exemplos: aparelho de som X qualidade sonora; automóvel X desempe- nho; queijo X sabor. • Credibilidade: alguns julgamentos ultrapassam os limites dos produtos e re- caem sobre a organização. • Exemplos: competente, líder de mercado e inovadora. © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 88 • Consideração: probabilidade do público-alvo inserir a marca como opção de es- colha. Depende diretamente da relevância da marca, ou seja, se a marca é ade- quada e significativa para os consumidores. • Superioridade: em que medida a marca é exclusiva ou melhor do que os con- correntes e como isso é percebido pelos consumidores-alvo. A superioridade é imprescindível no desenvolvimento de relacionamentos sólidos e depende das associações exclusivas que compõem a imagem da marca. Agora, estudaremos os sentimentos e a ressonância. Vamos lá? 3.3.3 Sentimentos e ressonância da marca A marca tem de apostar em uma comunicação apropriada, de modo que o públi- co-alvo se familiarize com as ações de comunicação e marketing. Uma percepção so- cial de qualidade também para poder gerar intensidade de sentimentos no consumidor quando da presença intangível da marca, ou seja, como uma marca pode afetar o que o público-alvo sente sobre si mesmo e seu relacionamento com os outros. As respos- tas emocionais sobre as marcas dependem do que se pensa sobre elas, por isso, há al- guns tipos de sentimentos estimulados no decorrer desse estágio do CCBE, tais como: aconchego, divertimento, excitação, segurança, aprovação social, amor-próprio etc. É interessante notar que ternura (Pampers), divertimento (Red Bull) e excitação (Axe) são sentimentos mais espontâneos e intensos, já segurança (Volvo), aprovação social (Dolce Gabbana) e amor-próprio (Dove) são mais íntimos e duradouros. O público-alvo identifica-se com a marca por meio de relações que podem ser mensuradas pela inten- sidade de sentimentos e pelo nível de empatia. A ressonância implica no entendimento da natureza do relacionamento e da sin- tonia entre stakeholders e marca. Essa última etapa da pirâmide do CBBE aborda o principal vínculo e nível de identificação entre consumidor e marca, norteado por qua- tro principais tipos de relação: • Fidelidade comportamental: analisa a frequência, recência e o valor de consu- mo – quanto se paga, quando se comprou e quantas vez isso foi feito. As rela- ções de lealdade também são importantes: • Não leal: sem preferência e compra irregular; • Lealdade latente: há preferência, mas baixo nível de recompra. Aqui fica evidente a relação de conveniência ou preço; • Lealdade falsa: bom índice de recompra, mas não há preferência de marca; • Lealdade verdadeira: existe preferência pela marca e recompra constante. Branding - gestão de Marca 89 • Ligação de atitude: nesta relação o consumo é realizado por vontade própria e não por necessidade, por ausência de concorrentes ou pelo preço. Os consu- midores enquadram-se como lovemarkers, tamanha intensidade da ligação; se esse relacionamento não gera essa atitude, o público-alvo pode poderá adqui- rir o produto de marcas concorrentes por outras vantagens, benefícios ou até mesmo descontos ofertados. • Senso de comunidade: os consumidores sentem afinidade com outros usuários e até fãs da marca. • Adesão ativa: atitude ativa que vai além do simples consumo da marca e envolve disponibilidade de tempo, energia e investimentos financeiros, como postagem em redes sociais, visitas às instalações ou assistências técnicas entre outras. Os níveis de envolvimento obedecem um escala crescente, conforme se dá o re- lacionamento com a marca. Em um primeiro momento os consumidores podem ser suspects até atingir o estágio ideal tornado-se defensores, com atitude pró-ativas em relação à marca. Veja esta relação na imagem a seguir: Cadeia crescente de ligações de atitudes que permitem ressonância da marca Suspects Prospects Cliente Experimentador Cliente Habitual Cliente Fiel Defensor Atitude Pró-ativa Fonte: LINHARES, 2006, p. 40. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 90 O conceito fundamental do customer-based brand equity é que uma marca for- te é permeada por pensamentos, sentimentos e ações dos consumidores. O alcance do patamar final da ressonância envolve instigar as habilidades cognitivas e estimular as relações emocionais entre público-alvo e marca. Dessa forma, os envolvidos nesse processo conectam-se diretamente com a marca, defendendo e compartilhando suas crenças positivas em relação a elas (KELLER; MACHADO, 2006). Compreenda como ocorre a relação de fidelização de marca por meio da pirâmide de construção de brand equity: Pirâmide de construção de brand equity e a relação com fidelização de marca Quem é a marca? Conscientização profunda e ampla Que relação se quer com a marca? Fidelidade intensa, ativa O que se pensa da marca? Reações positivas acessíveis O que é a marca? Pontos de paridade e de diferença Relacionamento Respostas Significado Identificação Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 61. (Adaptado). Na sequência, trataremos da gestão de marca orientada à uma comunicação inte- grada de marketing. 3.4 Gestão de marca orientada para a comunicação integrada de marketing Algumas funções primárias da comunicação integrada de marketing consistem em informar o consumidor sobre os interesses da organização, com o objetivo de: fixar uma © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 91 identidade de marca; diferenciá-la das concorrentes; prospectar e manter clientes para melhorar o faturamento e incrementar as vendas; e gerar a experimentação do produto e das marcas. Vejamos a seguir algumas ferramentas para realizar essas ações. 3.4.1 Ferramentas de comunicação integrada de marketing (CIM) Não se pode pensar em estratégias de branding que deixem renegadas as ferra- mentas de comunicação integrada a um segundo plano. Elas são concomitantes em todo o processo de construção de brand equity, principalmente o relacionamento com o cliente consumidor. Entenda melhor essas afirmações analisando a imagem a seguir: CIM X Brand equity Brand equity Programa de comunicação integrada Conscientização de marca Imagem da marca Relações com a marca Respostas à marca Fonte: LINHARES, 2006, p. 41. (Adaptado). O profissional de branding deve avaliar que tipo de influência é mais forte em cada espécie de compra ou tipo de consumidor e alocar recursos para comunicar efi- cientemente, por isso, se faz necessário o usode várias ferramentas que devem atuar de forma integrada (OGDEN; CRESCITELLI, 2008). Inseridos na esfera promocional do composto de marketing, podem trafegar inúmeros instrumentos de comunicação inte- grada, entre os quais destacam-se: • Força de vendas; • Assessoria de imprensa; © F ab ri CO Branding - gestão de Marca 92 • Relações públicas; • Publicidade; • Marketing promocional; • Marketing direto; • Endomarketing; • Design corporativo; • Marketing cultural/social/verde; • Eventos e experiências; • Marketing digital. As estratégias que envolvem a CIM podem apoiar-se, principalmente, em alguns indicativos básicos, segundo Keller e Machado (2006): • Cobertura: abrangência da campanha (proporção de público-alvo) por ferra- menta, por meio, por ação etc.; • Contribuição: efeitos e consequências que um programa de CIM gera no que tange à associação da comunicação com a marca; • Coesão: unidade temática da mensagem; • Complementariedade: a construção de uma marca pode ser gradativa e gerar associações em doses ’homeopáticas’. As ferramentas e os meio de comunica- ção têm características e funções específicas no plano de CIM; • Versatilidade: fornecimento de múltiplas informações; superestimar o conhe- cimento da marca e o fornecimento amplo de informações e subestimar o co- nhecimento da marca; • Investimento: avaliação de todas as alternativas e indicativos precedentes em busca da efetividade e da eficiência. Os critérios de escolha do CIM, bem como a avaliação de alternativas de comu- nicação e o estabelecimento de prioridades, são formulados em virtude da coesão, da complementaridade e da versatilidade, todos relacionados à sobreposição da cobertu- ra, à contribuição ao brand equity e sob a tutela do investimento. A utilização corre- ta de coesão e complementariedade deve ser precisa, pois quanto mais ferramentas comunicam só uma informação, menos elas podem enfatizar os benefícios secundá- rios. Agora, quanto mais versátil for um plano de CIM, menos ações específicas com retorno duvidoso ele terá; é o uso coerente da versatilidade e da complementarieda- de. Finalmente, no que tange à coesão e à versatilidade, o desenvolvimento de uma mensagem sugestiva adquire força quando reforçada e argumentada em diversas Branding - gestão de Marca 93 ferramentas de CIM, lembrando ainda que a implementação de estratégias de comuni- cação integrada exige concentração e continuidade. Avançamos agora para o estudo da mídia off-line. 3.4.2 Mídia off-line A denominação correta aqui seria ações off-line (ou online), pois existem ferra- mentas de CIM em que não se percebe nenhum critério de comercialização ou veículo publicitário. Optou-se pelo termo mídia por conta do uso consagrado nas relações co- tidianas do mercado de comunicação, publicidade e marketing. A seguir, serão relacio- nadas algumas ferramentas de comunicação integrada de marketing, segundo Ogden e Crescitelli (2008), que não dependem, diretamente, de conexões web e mobile: • Força de vendas: é um instrumental de interação pessoal com compradores potenciais, visando apresentar produtos ou serviços, responder perguntas e efetuar a venda. É uma comunicação individual (por telefone, chat ou pessoal- mente) entre um comprador e um vendedor; • Assessoria de imprensa: ações voltadas aos formadores de opinião, utilizando os meios de comunicação, com o objetivo de gerar notícias, pagas ou não, fa- voráveis à empresa; • Relações públicas: gama de programas elaborados para promover ou proteger a imagem de uma organização e seus produtos; • Marketing promocional: variedade de incentivos de curto prazo para estimular a experimentação ou a compra de um produto ou serviço. Constitui ações rea- lizadas para induzir as compras e estimular as vendas. Exemplos: Exibitécnica, Licensing, Merchandising etc; • Marketing direto: sistema interativo de marketing que utiliza peças publicitárias para se comunicar diretamente com os consumidores e solicitar uma resposta direta, imediata e mensurável, que pode ser até a transação em qualquer loca- lização. Permite a comunicação personalizada; • Publicidade: desenvolvimento, apresentação, promoção e execução de qual- quer mensagem de lembrança, informativa ou persuasiva comunicada a um mercado ou público-alvo por intermédio de um meio não pessoal; • Endomarketing: recursos e processos para informar e inspirar funcionários so- bre o que a marca é e o que ela representa; • Design corporativo: é a expressão verbo-visual da marca, que vai desde um car- tão de visitas, passando pela embalagem, até chegar à identidade visual de toda a organização; Branding - gestão de Marca 94 • Eventos e experiências: atividades e programas patrocinados por uma organi- zação, especialmente pensados para gerar interatividade e sensações direta- mente associadas à marca. Exemplos: advertainment, marketing de guerrilha, marketing social, marketing cultural, marketing verde. Agora que estudamos a mídia off-line, entenderemos a mídia online. 3.4.3 Mídia online Todo instrumental que tem uma ligação mais íntima com os recursos tecnológicos digitais de tráfego online via web, conhecido como marketing digital, usa o poder das redes online, comunicações de computadores e meios interativos digitais, para atingir os públicos-alvo ou melhorar a comunicação integrada de marketing. O marketing digital fornece uma alternativa razoável em relação aos meios tradicionais e adiciona mais interatividade entre o planejador da CIM e a campanha: • Marketing de permissão: permite criar um diálogo com prospects e clientes, baseado na permissão prévia. Primeiro, chama-se a atenção e, depois, apre- senta-se algo interessante, que possa adicionar valor ao relacionamento em- presa-cliente porque têm interesse no conteúdo que as empresas emitem. Exemplos: e-mail marketing, newsletter etc. • Marketing viral: refere-se à estratégia de fazer com que clientes vendam pro- dutos em nome da empresa que os produzem. O buzz marketing vem se consti- tuindo como uma potente ferramenta de marketing viral. • Mobile marketing: utiliza dispositivos móveis, como telefones celulares, smart- phones, tablets e palmtops. Por intermédio de campanhas, é possível enviar mensagens de texto com promoções ou serviços, veiculação de fotografias de produtos, aplicativos e vinhetas corporativas. Exemplo: QR-Code, mídias loca- tivas (geolocalização) etc. • Advertainment: um conceito que se propõe a fazer um mix entre publicidade e entretenimento. Exemplos: flash mob e interact games. • Sponsor digital advertising: patrocínio em sites corporativos, portais, e-commerce etc. • Website e hot site: adiciona mais interatividade entre o planejador e a campa- nha. Hotsite é um termo técnico para sites de menor porte. Geralmente, tem um tempo de vida útil determinado e é relacionado com uma ação de marketing ou comunicação específica, com duração ligada a essa ação mercadológica, como lançamento de produtos, eventos, novas edições de produtos ou serviços, ações de CRM (Customer Relationship Management), entre outras. Branding - gestão de Marca 95 • Publicidade online: e-banners, pop ups e e-videos. • E-commerce: vitrines online, shopping centers e market place. • Marketing de conteúdo: pessoas usam para receber e produzir conteúdo, de forma colaborativa. Exemplo: engajamento, redes sociais etc. • Marketing de otimização de busca (S.E.M. - Search Engine marketing). e S.E.O. - Search Engine Optimization): apresentação do site na área de resultados or- gânicos dos buscadores, nos links patrocinados e em sites parceiros e afilia- dos. Exemplos: S.E.R.P - Search Engine Results Page, Page rank, tags, Google Adwords e Adsense, entre outros. S.E.M.: envolve a colocação de links pagos para direcionar o tráfego na web. S.E.O.: possibilita a otimização de busca na web. S.E.R.P: é a página em que se exibem os resultados de uma pes- quisa em buscadores. Um programa eficiente de comunicaçãointegrada de marketing requer algu- mas habilidades no trato entre as ações online e off-line, para tanto Keller e Machado (2006) resumem o perfil do profissional responsável por implementar e interpretar es- tratégias de CIM que contribuam para o brand equity: • Analítico: conhecer o consumidor e a empresa; • Curioso: entender os clientes gerar valor para o target; • Determinado: direcionar a mensagem; • Integrador: reforçar a mensagem nas alternativas de CIM; • Criativo: usar associações exclusivas ou inesperadas; • Observador: monitorar o mercado; • Paciente: brand equity sempre é a médio/longo prazo; • Realista: entender a complexidade das ações de CIM. Desta feita, pode-se enumerar alguns benefícios gerais que a dita mídia online oferece à marca, como a globalização, a disponibilidade, o trânsito multicultural, a pro- ximidade entre outros mais específicos, ora abordados anteriormente. Todo esse con- junto operacional de ações online fazem deste ambiente um vasto campo de múltiplas possibilidade para o tráfego de uma marca. Também faz com que haja uma abordagem mais profissional para utilização e gerenciamento dessa marca neste espaço digital. Branding - gestão de Marca 96 Referências ALVES, J. Game Hero - Um advergame como você nunca viu. Intel Developer Zone, 8 jan. 2014. Disponível em: <software.intel.com/pt-br/blogs/2014/01/08/game-hero- -um-advergame-como-voc-nunca-viu>. Acesso em: 08/07/2015. Clube de Criação de São Paulo. Disponível em: <www.clubedecriacao.com.br/novo/ a-biodiversidade-esta-na-gente-2//>. Acesso em: 08/07/2015. COBRA, Marcos. Administração de Marketing no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2008. 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Nesse sentido, estudaremos a seguir a relação da marca com o target e com os consumidores. 4.1 A relação da marca com o target e com os consumidores O relacionamento entre marca e público gera uma série de classificações que vão desde o envolvimento com o público interno, passando pelos stakeholders, até chegar diretamente ao consumidor-alvo. Entre essas categorias tem-se o top of mind, a mar- ca mais lembrada pelo público; o share of mind, o percentual de pessoas que lembra da marca em primeiro lugar; o top of heart, a marca preferida pela maioria do target; o share of heart, percentual de pessoas que diz preferir a marca. Agora, compreenderemos outra relação entre consumer e prosumer. 4.1.1 Consumer X Prosumer Alguns teóricos, como Schiffman e Kanuk (2009), relacionam algumas atitudes como parâmetros indicativos de preferência ou resistência do público com a marca. Essas atitudes envolvem uma predisposição acumulada em resposta a uma empresa, produto ou serviço. Uma decisão favorável ou desfavorável dos consumidores em rela- ção à uma marca pode ser entendida como base para uma avaliação geral sobre o que mais agrada ou desagrada este público. Portanto, pode se dizer que quanto mais evi- dente for o grau de atitude, menos errônea será a previsão do comportamento do con- sumidor (ou consumer, no original dos autores) Destaca-se aqui que os elementos constitutivos das atitudes são: a cognição (o conhecimento do público sobre a organiza- ção), o afeto (seus sentimentos sobre a marca) e a conação (as ações do consumidor). Branding - gestão de Marcas 100 A imagem a seguir ilustra estes elementos. Observe: Os componentes da atitude segundo Schiffman e Kanuk (2009) Os componentes da atitude Afetivo - sentimento Cognitivo - pensamento Conativo - ação Atitude Fonte: SCHIFFMAN; KANUK (2009), p. 05. (Adaptado). Conforme Shet, Mittal e Newman (2001), esses componentes podem ser hierarquizados: • Hierarquia do aprendizado (ou racional) da marca: primeiramente, tem-se a cognição em relação aos conhecimentos sobre a marca, nutre-se um sentimen- to sobre ela. Em situações em que as marcas são desconhecidas, é necessário informar características e motivações que despertem nos indivíduos os demais elementos da atitude. A imagem a seguir ilustra esse componente. Veja: Hierarquia do aprendizado (ou racional) da marca segundo Shet, Mittal e Newman (2001)Fonte: SHET; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 368. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 101 • Hierarquia emocional: aqui, a crença na marca não é tão proeminente, o que desencadeia o processo da atitude do público-alvo é um impulso de caráter emocional. A imagem a seguir ilustra esse componente. Observe: Hierarquia emocional segundo Shet, Mittal e Newman (2001) Hierarquia emocional EMOÇÃO 1º Afeto (sentimento) 2º Conação (ação) 3º Cognição (pensamento) Fonte: SHET; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 370. (Adaptado). • Hierarquia de baixo envolvimento: ocorre quando o consumidor não se preocu- pa em refletir e formar uma opinião sobre a marca, refletir se ele tomou ou não a decisão certa ao escolher determinado produto. A imagem a seguir ilustra esse componente. Observe: Hierarquia de baixo envolvimento segundo Shet, Mittal e Newman (2001) Hierarquia de baixo envolvimento 1º conação (ação) 2º Afeto (sentimento) 3º Cognição (pensamento) Baixo envolvimento Fonte: SHET; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 371. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 102 A gradação de marcas com alto envolvimento, que pode ocorrer tanto na hierar- quia de aprendizado quanto na emocional, acontece quando existe um intenso inte- resse do consumidor pela marca. Em função da importância que ela tem na vida do consumidor, há riscos de insatisfação e expectativas altas. Os três elementos responsáveis pela hierarquização influenciam-se mutuamen- te – cognições podem gerar sentimentos que podem desencadear ações e vice-versa. Nesse ciclo, as propriedades das atitudes podem subdividir-se em termos de valor e intensidade. A valência opera com pensamentos, sentimentos e ações favoráveis ou não, podendo ser neutra, positiva ou negativa. Em um exemplo de valência de atitude, supõe-se que o consumidor tenha enjoado do sabor de uma marca de sorvete; prova- velmente, ele mudará seus aspectos cognitivos e de conação: “este sorvete está mais doce, vou comprar somente os outros sabores desta marca ou não vou mais comprar este sorvete”. Já a força das atitudes preocupa-se com o quanto o público gosta ou sente repulsa por uma marca, isto é, tangibiliza o grau de sensibilidade do consumi- dor em relação a uma crença, ou seja, crenças fortes gerariam um forte afeto, além de ações solidamente comprometidas e vice-versa. Kotler (2012) aponta alguns fatores determinantes para a formação do perfil do consumidor que se relacionam de modo mais estreito com as marcas. São eles: cultu- ral, social, pessoal e psicológico. Nos fatores culturais, enquadram-se as culturas e as subculturas. Incluída na cultura está a complexidade de valores e crenças, criados por uma sociedade e perpetuados por gerações e instituições, tais como o culto à saúde e à beleza, a meditação, o estilo workaholic, entre outros. Já a subcultura é constituída por segmentos separados de uma cultura similar (nacionalidade, religião, localização geográfica etc.). A inclusão da classe social no ambiente cultural reflete as peculiarida- des de cada cultura específica. O critério mais conhecido de caracterização de classe social no país é o critério Brasil, que ganha uma proximidade ao branding ao acrescen- tar, pelo olhar de Gade (2006), algumas nuances psicográficas: • A1: elite social, tradicionalista, aristocrática. • A2: executivos, ascendentes, tipificados (status). • B1/B2: profissionais diferenciados de nível superior, valorizadores da cultura e do profissionalismo (bom gosto). • C: trabalhadores em geral, seguem tendências. • D: assalariados conformados, lealdade à marca como minimizador de insegurança. • E: baixo nível de instrução, tem rompantes impulsivos que conduzem a siste- mas de créditos pouco favoráveis. Branding - gestão de Marcas 103 Workaholic é um termo utilizado para pessoas que tem no trabalho sua principal razão de viver, motivadas pela competição, busca de poder, status, realização profissional etc. O segundo fator que permeia o estudo do comportamento do consumidor é o social; nele estão inseridos grupos de referência como os associados (pertencentes), os modelos (pretendidos) e os desassociados (rejeitados). Quanto à interação e à interdependência, esses grupos podem ser classificados, respectivamente, em informais/formais e primá- rios/secundários. Veja como funciona essa classificação a seguir: Grupos de referência Informais Formais Primários Família, amigos Escola, trabalho Secundários Associações esportivas/lazer Associações de classes/diversas Fonte: KOTLER, 2012, p. 177. (Adaptado). Inserido no fator social, o item “família” exerce relativa influência para a adminis- tração de marcas de alguns segmentos específicos. Nesse grupo há uma subdivisão: fa- mília de orientação, que tem os pais como modelos, e família de procriação, em que esposa, marido e filhos são os influenciadores. Dentro desse cluster (conceito que vere- mos mais adiante), pode-se delinear o domínio familiar em relação à decisão de consu- mo de marcas de um segmento; por exemplo: em geral as esposas tomam as decisões sobre móveis, máquina de lavar, já os maridos decidem sobre seguro de vida e televisão, ambos opinam sobre férias e moradia. Papéis e posição social também operam como im- portantes direcionadores para o gerenciamento de ativos da marca. O papel social é a atividade que se espera desempenhar dentro de um grupo (filho, marido, gerente etc.). Cada papel designa uma característica e uma relação com a sociedade, uma posi- ção social, ou seja, permite certa hierarquia de status social. Outro fator norteador na gestão de imagem é o de cunho pessoal. Inúmeras te- máticas que circundam o universo do indivíduo são levantadas aqui: • Condição econômica: renda disponível (nível, estabilidade e período). • Patrimônio (bens, poupança e investimentos) e economia (financiamento e taxa de juros). • Ocupação: cargos profissionais (segmentados). • Personalidade: traços característicos das pessoas (autoconfiança, timidez, au- tonomia, adaptabilidade e dependência). Branding - gestão de Marcas 104 • Autoconceito real (como a pessoa se vê), ideal (como ela gostaria de se ver) e de terceiros (como pensa que os outros a veem). • Idade e o ciclo de vida (Ex.: jovem solteiro que não vive com a família ou recém-casado sem filhos etc). Um dos fatores de significativa importância para o entendimento dos anseios dos consumidores em relação às marcas é o estilo de vida, em particular o estudo do perfil psicográfico do público-alvo. Um modelo muito utilizado é o de valores e esti- lo de vida, conhecido como VALS (Values and Lifestyle), desenvolvido pelo Stanford Research Institute (SRI), em que são definidos oito estilos de vida americanos. A imagem a seguir ilustra a questão de norteadores que estamos discutindo até então. Observe: VALS 2 Fazedores Satisfeitos Religiosos Realizados Realizadores Lutadores Esforçados Experimenta- dores VALS 2 - Valores e estilo de vida Fonte: SHET; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 344. (Adaptado). Nessa esteira, a agência de publicidade Backer Spielvogel Bates Worldwide (BSBW) também fez uma pesquisa com consumidores de 17 países da Europa que identificou cinco perfis psicográficos globais: esforçados, realizadores, pressiona- dos, adaptadores e tradicionais. No Brasil, Bretzke (2011), desenvolveu um estudo para uma indústria automobilística, partindo destes cinco perfis de BSBW aplicados © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 105 naqueles oito estilos de vida do VALS 2, em que conseguiu parâmetros consistentes que podem ser aplicados em outros segmentos: • Integrados: jovens, formadores de opinião, estáveis, moderados, seletivos (va- lorizam qualidade, prestígio e o nível socioeconômico); • Adaptados: maduros, práticos, satisfeitos pessoal e profissionalmente, (respei- tam novas ideias, mas não esquecem de seus princípios e valores); • Urbanos: solteiros ou casais sem filhos, nível cultural/socioeconômicomédio, racionais, convenientes, ocupados e pouco organizados; • Tradicionais: diversas faixas etárias, conservadores, situacionistas, fiéis, baixos níveis culturais e socioeconômicos (defendem valores e bons costumes); • Batalhadores: jovens, ambiciosos, constantemente pressionados, conscientes economicamente, impulsivos; • Descontentes: maduros, insatisfeitos, aparentes, baixo nível educacional (difi- culdades para manutenção da posição adquirida). A agência BSBW desenvolveu uma pesquisa mundial em 1985, que mensurou 250 atitudes, incluindo 130 que são específicas de determinados países e 120 que ultrapassam as frontei- ras culturais. Para finalizar a classificação, ainda baseada em Kotler (2012), abre-se um terre- no para citação dos fatores psicológicos que emolduram o comportamento do consu- midor. Optou-se pela indicação de três frentes: a teoria psicanalítica, a behaviorista e a humanística. A teoria psicanalítica (freudiana) aborda a dimensão simbólica da com- pra, desejo versus funcionalidade (certas marcas satisfazem mais a determinadas ins- tâncias psíquicas do que outras). Essa teoria fornece três estágios de percepção, em que os processos de seleção, organização e interpretação de informações tendem a criar uma imagem significativa do mundo: • atenção seletiva: percebe estímulos que estão relacionados a necessidades momentâneas; • distorção seletiva: tendência de interpretar informações, segundo pré- concepções; • retenção seletiva: retém informações que reforçam suas crenças e valores. Já a teoria behaviorista (estabelecida pelos estudos dos teóricos Skinner e Pavlov) opera com a dicotomia recompensa/punição, por meio do condicionamento clássi- co (associativo, involuntário e repetido) e instrumental, em que a memorização da Branding - gestão de Marcas 106 experiência positiva e o esquecimento das demais são mais conscientes e levemente articulados. As técnicas utilizadas compreendem as seguintes abordagens: • Aprendizagem: mudanças no comportamento a partir de experiências condi- cionadas na relação estímulo-resposta, conforme a sequência 1.º impulso, 2.º motivo, 3.º sugestões, 4.º experiência e 5.º resposta. • Reação de generalização: transferência impulsiva. • Reação de discriminação: indução contrária. • Crença: pensamento que alguém sustenta sobre algo, crenças que compõem a marca. • Atitude: avaliações, sentimentos e tendências relativamente consistentes so- bre determinada marca, ajustados de acordo com atitudes existentes ou com a imposição de uma nova atitude. Finalmente, a última corrente teórica dos fatores de cunho psicológico é a humanis- ta/motivacional, baseada na corrente de necessidades de Abraham Maslow, que aponta o impulso como uma necessidade que induz à ação. A satisfação das necessidades reduz o sentimento de tensão. Observe a figura a seguir que exemplifica essa teoria: Pirâmide de Maslow Necessidade de autorrealização Necessidade de estima Necessidades sociais Necessidades fisiológicas Necessidade de segurança Fonte: KOTLER, 2012, p. 184. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 107 Para Toffler (2007), há algumas variáveis de suma importância quando se analisa o momento de transformação por que passa a cultura de consumo contemporânea, entre elas, as mudanças de padrão dos novos consumidores, hoje denominados prosumers. Os prosumers são consumidores hiperconectados, absolutamente bem informados, e que estão incluídos numa rede de relacionamentos que envolvem laços fortes (pessoas co- nhecidas) e fracos (pessoas que não conhecem pessoalmente, mas que podem reprodu- zir as suas ideias na rede), que lhe conferem um empoderamento jamais observado em qualquer outro momento da história da humanidade na sua relação com o mercado. São consumidores com poder de mídia, que participam do processo comunicativo não ape- nas como consumidores de informação, mas também como produtores e distribuidores. Usam as suas redes sociais, através das mídias digitais para dizerem o que acham sobre as empresas, marcas, produtos e serviços, e, com isso, influenciam outros consumidores nos seus hábitos de compra e consumo de bens duráveis ou não, na medida em que relatam suas experiências e as tornam públicas. (CHAMUSCA; CARVALHAL, 2011, p. 193-194) O diretor do núcleo jovem da Editora Abril, Adriano Silva, juntamente com a em- presa Box 1824, realizou um levantamento sobre tendências, comportamento e con- sumo para um novo perfil de jovem brasileiro que vinha surgindo em 2006 (relatório Y-trends). Esse estudo leva em consideração a transposição de consumer para prosumer. O Y-trends surgiu a partir da percepção da diretoria do Núcleo Jovem da Editora Abril sobre o significativo aumento da demanda de conteúdo destinado aos jovens representados pelas re- vistas Capricho, Mundo Estranho e Superinteressante (ANGOLA, 2006). Segue uma breve lista dos principais perfis de tendências de consumo do novo consumidor brasileiro: • Consumo viral: amigos indicam produtos que experimentaram, há troca de in- formações e experiências e busca de pessoas-referência no círculo social. As mar- cas buscam novas formas de relacionamento com o jovem, gerando experiências e pressupondo uma potencialização de ferramentas de marketing mais agressivas, como guerrilha e viral. Exemplo: campanhas de marketing da marca Old Spice. • Consumo geração seleção: neste perfil, são apresentadas referências que pré-se- lecionem as melhores opções. O consumidor-alvo passa a dar mais importância a fontes confiáveis, como amigos, experts ou até uma marca e menos na publicida- de tradicional. Prefere pesquisar sites que recomendem ou ofereçam um facilita- dor de escolhas, como moda, música, tecnologia, ou seja, os trend topics (TTs) de algum produto. Dessa feita, sites, veículos de comunicação e marcas tendem a ser encarados como referências de conteúdo. Exemplo: Blogs em geral. Branding - gestão de Marcas 108 • Consumo da expectativa: a expectativa da aquisição é uma experiência muito mais intensa do que a própria posse do produto (lovemarks). O target tem um grande desejo de consumir ininterruptamente. As marcas geradoras desses ci- clos de desejo são as de adquirem maior valor, é ascensão do consumo dos íco- nes, como Iphone e PlayStation. Exemplo: marca Apple. • Consumo de comportamento indie: essa divisão desafia o sistema como uma maneira de se opor à massa, mesmo circunscrita apenas no discurso. A con- tracultura ganha expressividade como produto. Surge um mercado paralelo às grandes marcas, movimentos alternativos passam a ser valorizados pelos jo- vens, marcas independentes geram valor e competem com marcas consagra- das. Exemplo: Marka Diabo. • Consumo de conteúdo próprio: os próprios usuários são fontes de conteúdo, o que motiva marcas não virtuais a investir na rede. As redes sociais na internet transformam os indivíduos no centro das atenções por intermédio de blogs, flogs, álbuns digitais, fóruns, publicação de músicas, entre outros. Exemplo: Hermes. • Consumo psiconômade: a aceleração da sociedade provoca no consumidor- alvo um anseio de experimentar várias possibilidades, no menor tempo possível, sem vínculo a crenças e estilos. A fidelidade em relação ao consumo em geral é menor, pois a internet incentiva a experimentação. Marcas que tratam os jovens como estereótipos não os atingem mais tão eficientemente. • Consumo “glocal”: o target tem afinidade com discursos que elevam a nacio- nalidade, mas ele absorve estrangeirismo e, muitas vezes, permite um cer- to hibridismo cultural. Trata-se de valorização do ufanismo com um toque de universalidade, como exemplo disso tem-se o electronic bossa e funk melody. Exemplo: Tênis All Star customizado com as cores da bandeira do Brasil. • Consumo design nation: neste perfil, o design é um fator de grande relevân- cia para o consumidor-alvo. O acesso à informação permite o contato com uma gama enorme de produtos de design diferenciado, tornandoo consumidor mais exigente nesse aspecto. O design de alguns produtos vira sinônimo de tecno- logia, como ocorre com automóveis, eletrodomésticos, entre outros. Exemplo: Nescafé Dolce Gusto. • Consumo do vazio: O público-alvo sofre com o excesso de informações e es- tímulos e, para atenuar esta situação, acaba simpatizando com espaços ditos imersivos e toda a sorte de elementos de consumo envolvidos neste ambien- te. Experiências de esvaziamento que permitem a fuga de uma rotina frenética são mais comuns do que se imagina, como meditação, drogas e encontros com culturas excêntricas. Exemplo: Jedi Church. Branding - gestão de Marcas 109 • Consumo da revolução natural: essa divisão apresenta uma geração igual- mente desejosa de bem-estar, equilíbrio entre o corpo e a mente e harmonia entre o indivíduo e o meio ambiente. Uma boa parcela dos jovens já não con- some refrigerantes ou salgadinhos e começa a aderir a uma nova cultura em busca de opções mais saudáveis; é a valorização de marcas de origem natural. Exemplo: Cosméticos Naturais Eden. Trend topics ou TTs são listas de palavras mais postadas no Twitter, em tempo real. Electronic bossa e funk melody ou freestyle são estilos musicais, baseados em colagens musicais. A seguir compreenderemos a teoria da long tail. 4.1.2 A teoria da long tail Antes de iniciarmos nossos estudos, observe a imagem a seguir: Força da cauda longa baseada na democratização dos instrumentais de produção A democratização das ferramentas de produção e de distribuição alonga a cauda P O P U LA R ID A D E PRODUTOS Fonte: ANDERSON, 2006, p. 52. (Adaptado) A teoria da cauda longa (long tail), publicada por Chris Anderson (2006), aponta para a seguinte configuração no ambiente de consumo mundial: a ascensão do merca- do de nichos. A cultura de consumo vem abandonando gradativamente os ditos hits, grupo seleto de marcas e artefatos que ocupavam o topo da curva de demanda, para incrementar, agora na parte inferior da curva, uma gama imensa de diversidade cul- tural advinda dos mais variados nichos. Essa concentração multifacetada de marcas e produtos faz com que a “cauda” do gráfico da demanda de consumo se alongue. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 110 O amadurecimento dessa movimentação do cenário tecnológico e econômico deve-se à multifacetária produção e à disponibilização acessível de marcas, possibilitan- do que um número maior empresas consiga espaço em mercados de nichos. Com a faci- lidade de acesso às ferramentas de produção, bem como a evolução de sua distribuição, a cauda alonga-se para direita, isto é, a produção de nichos é superior à de hits em todo tipo de mercado. Dessa forma, há uma redução de custos para atingir esses nichos, o que torna economicamente viável o surgimento e o gerenciamento de uma diversidade de marcas. Anderson (2006) preconiza o uso de três forças para a inserção de uma marca no mercado de nichos com demanda de consumo voltada à cauda longa: • A democratização dos instrumentais de produção: a quantidade e a disponibi- lidade de conteúdo é cada vez mais crescente. O advento do personal computer (PC) pode ser nominado como o principal desencadeador dessa democratiza- ção na cadeia produtiva. • A democratização dos instrumentais de distribuição: se o PC fez de quais- quer pessoas produtoras de conteúdo, a sociedade em rede transformou es- tes indivíduos também em distribuidores. A logística baseada na internet minimizou custos, possibilitando uma variedade de marcas à disposição do consumidor-alvo; • A aproximação entre demanda e oferta: o contato entre as “marcas de nichos” e o público-alvo assume outro viés – incremento de ferramentas de busca, sis- temas inteligentes de recomendação para e-commerce, buzz marketing, marke- ting viral, conteúdo em blogs, resenhas de clientes, entre outros. Compreenda melhor a aproximação entre demanda e oferta observando a ima- gem a seguir: Forças da cauda longa baseada na aproximação entre demanda e oferta P O P U LA R ID A D E PRODUTOS A ligação entre oferta e demanda desloca a demanda da cabeça em direção à cauda Fonte: ANDERSON, 2006, p. 54. (Adaptado). © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 111 O constante crescimento das incontáveis variedades de difusão de informação e de entretenimento, decorrentes das múltiplas possibilidades da tecnologia digital, ten- de a afetar as dinâmicas de consumo e de relacionamento de uma marca. Em breve, a questão central não será se a disposição da multiplicidade de escolhas é suficiente ou pertinente, mas se o que está sendo ofertado é realmente o que o consumidor anseia. Em seguida estudaremos os perfis “digigráficos”. 4.1.3 Os perfis “digigráficos” A agência de publicidade brasileira DM9DDB realizou uma pesquisa, no ano de 2011, em que indicou uma nova classificação de consumidor em ambiente digi- tal (DM9, 2011). O estudo foi nominado “perfis digigráficos” e apontou que, no mun- do digital, não se consegue classificar os indivíduos a partir de critérios convencionais, como demografia ou até mesmo perfis psicográficos. São necessárias pelo menos ou- tras três dimensões: em que medida e como os consumidores utilizam os recursos tec- nológicos; quais são as intenções que as pessoas têm ao consumir artefatos digitais; em que medida os recursos digitais servem para moldar a identidade do indivíduo. Baseado nesse cenário, elegeram-se cinco perfis de consumidores digitais: • Imersos: tiveram parte de sua identidade definida a partir da tecnologia. Com ela, con- seguiram “se encontrar”, definir melhor seus interesses e estabelecer melhores vínculos com o mundo. Suas personalidades e identidades foram definidas pela era digital, que os permitiu dar vida a mais personas; • Ferramentados: recorrem à tecnologia para agilizar as tarefas, mas não a idolatram. A tecnologia os ajuda nas tarefas cotidianas, facilitam suas vidas. Mas não dependem de- las nem são definidos por elas, esse grupo é um exemplo de como as pessoas redefini- ram a maneira como se relacionam com família, escolas, empresas e governo; • Fascinados: querem parecer modernos e tecnológicos. Para eles, computadores, gadgets e hábitos da era digital são ícones da modernidade – e consumir essas novidades os ajuda a atestar que são antenados. Eles são um excelente exemplo de como o relacionamento com os outros foi bastante modificado; • Emparelhados: a tecnologia é fundamental para pôr em prática os projetos da vida. Eles enxergam a tecnologia como a grande companheira para fazer o dia a dia acontecer. Sem ela, a vida fica extremamente complicada. Para este grupo, as máquinas são como uma extensão do seu corpo, potencializando suas capacidades humanas. • Evoluídos: o universo das máquinas e da tecnologia é seu habitat. Esses são as crianças e os adolescentes que já nasceram adaptados e estão crescendo no mundo digital. Não conheceram o mundo pré-digital (DM9DDB, 2011). Esses perfis foram ilustrados a seguir pela própria DM9DDB. Veja: Branding - gestão de Marcas 112 Perfis “digigráficos” Diga como estás conectado e direi quem és FERRAMENTADOS FASCINADOS EVOLUÍDOS EMPARELHADOS IMERSOS Recorrem à tecnologia para agilizar as tarefas, mas não a idolatram. Querem parecer modernos e tecnológicos. O universo das máquinas e da tecnologia é seu habitat. A tecnologia é fundamental para pôr em prática os projetos da vida. Tiveram parte de sua identidade de�nida a partir da tecnologia. Fonte: Adaptado de DM9DDB, 2011. Entendidos os possíveis targets que a gestão de marca deve considerar, no próxi- mo tópico, estudaremos o branding de relacionamento e a Gestão de Relacionamento com o Cliente (Customer Relationship Management – CRM). 4.2 Branding de relacionamento e CRM O fator de sucesso no branding de relacionamento e no domínio estratégico da gestão de relacionamento com o cliente é a subsegmentação de mercado. Essa re- lação com consumidores mais específicos permite uma conexão mais pessoalcom a marca, possibilitando uma verdadeira brand experience. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 113 Nesse contexto, estudaremos a gestão de relacionamento com o cliente. Acompanhe! 4.2.1 Gestão de relacionamento com o cliente O branding de relacionamento vai além de ofertas customizadas para um segmen- to específico de consumidores. Grande parte do apelo promocional das marcas ainda é baseado na customização de massa. Malthouse e Calder (2006, p. 149) apresentam uma interessante reflexão a respeito: “Uma marca de relacionamento tem um apelo de mas- sa compartilhado que pode ser experimentado de modo mais individualista e idiossincrá- tico pelo consumidor”. Para exemplificar essa abordagem, podemos citar os segmentos de salgadinhos tipo snacks. Uma mesma marca de salgadinhos pode ter dois subseg- mentos de consumidores: adultos e público infanto-juvenil. As dinâmicas de consumo dos dois grupos tendem a diferenciar-se, por exemplo: uma está associada a um lanche rápido, outra, a um complemento de uma atividade social ou de entretenimento (happy hour). Quando uma marca consegue explorar as especificidades de experimentação de cada um desses subsegmentos, torna-se uma marca de relacionamento. Essa questão da marca tornar-se subsegmentada, visando estratégias de re- lacionamento e ganha corpo em ações que tendem a ser mais operacionais, como o Customer Relationship Management (CRM). O CRM não deve se resumir apenas às in- terfaces operacionais entre clientes e empresas, como hardwares e softwares de cru- zamento e monitoramento de dados. Porter (2009) aponta que a eficácia operacional não garante vantagem competitiva; para o autor, o diferencial pode residir na lideran- ça em custo ou em diferenciação de mercado. Nesse caso, o CRM pode ser encarado como um redutor de custo na relação marca versus consumidor; ao gerar esses relacio- namentos, a marca ganha em eficiência. Acreditamos que as empresas precisam conectar CRM e branding de relacionamen- to ao vincularem CRM ao processo de desenvolver contatos para subsegmentos de con- sumidores, o que permite que estes experimentem a marca maneira mais individualista. (MALTHOUSE; CALDER, 2006, p. 153) No subtópico seguinte, estudaremos os clusters. 4.2.2 Clusters Cluster são concentrações geográficas de empresas de determinado setor de atividade e organizações correlatas, que podem variar desde fornecedores de insu- mos a instituições de ensino e clientes (PORTER, 2009). Aqui, a análise de conglo- merados, como também são nominados os clusters, será sob a ótica dos membros Branding - gestão de Marcas 114 clientes consumidores. Esse pensamento analítico aborda alguns sistemas de infor- mação de marketing que permitem mapear segmentos e subsegmentos de consu- midores, tendo como base suas características naturais. Um dos modelos utilizados para o levantamento desses dados é o k-médio: [...] o k-médio, agrupa os clientes de modo que sua variância no conglomerado seja a me- nor possível. Isso significa que os membros dos conglomerados resultantes são os mais diferentes possíveis entre si. É exatamente isso que os profissionais de marketing dese- jam atingir com uma (sub) segmentação. A (sub) segmentação faz sentido sempre que os clientes têm características diferentes. (MALTHOUSE; CALDER, 2006, p. 160) Análise de conglomerados é uma técnica classificatória de cases em grupos homogêneos cha- mados clusters. Os cases em cada cluster tendem a ser semelhantes entre si, mas diferentes de cases em outros clusters. Veja mais sobre k-médio em Malhotra (2001). A definição de clusters mapeia agrupamentos de consumidores com característi- cas diferenciadas, ainda que os indivíduos de um grupo particular tenham característi- cas análogas. Agora que esse conceito ficou claro, compreenderemos melhor a subsegmentação. 4.2.3 Subsegmentação A segmentação abrange grupos de consumidores potenciais de marcas com ca- racterísticas, necessidades e comportamentos de compra semelhantes, em relação à demografia (idade, sexo, nacionalidade, estado civil etc.); geografia (localização, den- sidade populacional etc.); aos benefícios (necessidades físicas, psicológicas, sociais ou emocionais); ao grau de utilização (compram muito/pouco/médio, frequência/forma de uso); à condição socioeconômica (classe social, renda, escolaridade, ocupação pro- fissional, posse de bens etc.), e à abordagem psicográfica (estilo de vida, fatores psi- cológicos, personalidades, autoconceito, valores, atividades, interesses etc.). Existem também alguns parâmetros que ajudam a quantificar o mercado e elaborar estratégias com metas mais coerentes ao segmento da marca atuante: variáveis macroeconômicas (PIB, câmbio, juros, oferta e demanda etc.), demanda (satisfatória, decrescente, sazo- nal, indiferente ou excessiva), potencial de mercado (movimentação em volume e ven- das), participação de mercado (em percentagem ou unidades). Seguindo o mesmo raciocínio, subsegmentos são divisões do segmento pri- mário de mercado nos subgrupos em que as marcas devem ser mais receptivas. Para Branding - gestão de Marcas 115 Malthouse e Calder (2006), o processo de subsegmentação, que permite desenvolver e ampliar contato com a marca, perpassa por algumas etapas: • Desenvolvimento e classificação do subsegmento: divisão e classificação dos consumidores em subsegmentos: • subsegmentação RFM envolve recência, isto é, o tempo decorrido desde a última compra; frequência, número de compras anteriores; valor monetá- rio, quantia dispendida nas compras antecedentes; • subsegmentação sociodemográficas (idade, estado civil, número de filhos, nível educacional, renda, entre outros) para o segmento business-to- consumer, e dados setoriais, códigos industriais, número de funcionários etc., para as empresas business-to-business (B2B). • subsegmentação baseada nas categorias de compras anteriores envolve a criação de escalas que medem o interesse de um consumidor por uma marca específica, para encontrar clusters que atendam os interesses de consumo. • Fixação de objetivos mensuráveis para cada segmento: especificar as táticas e as abordagens de comunicação, especificadamente, para subsegmento. • Desenvolvimento e implementação de pontos de contato: interações entre consumidor e marca: • Contatos proativos são acionados por eventos predeterminados. Contatos reativos são ações específicas, muitas vezes de caráter corretivo. • Recompensa de troca são incentivos no caso de uma contrapartida do consumidor. Recompensa discricionária são benefícios espontâneos, de surpresa e encantamento. • Mensuração de resultados: avaliação principalmente por intermédio de plata- formas baseadas em C.R.M. (Customer Relationship Management). No tópico seguinte, estudaremos o branding voltado para outros mercados. 4.3 Branding voltado aos mercados de serviços, industriais e tecnológicos Cumpre retomar aqui que o branding não transita apenas no universo do consu- midor final, tampouco utiliza o mesmo repertório estratégico para segmentos especí- ficos. A gestão de marca no ambiente business-to-business, no setor de serviços e nas organizações de alta tecnologia apresenta nuances que podem fazer a marca passar do Branding - gestão de Marcas 116 estágio de bem de consumo embalado, em busca de níveis hierárquicos diferenciados, para, finalmente, se transformar em um poderoso canal de informação. O branding de relacionamento abrange a concepção de segmentos específicos, onde as experiências entre consumidores destes subgrupos são mais peculiares e in- tensas comparadas aos apelos de massa. No subtópico a seguir, traremos do branding de serviços. 4.3.1 Branding de serviços: marca como informação É muito comum gerenciar uma marca atuante no segmento de serviços utilizan- do-se de algumas nuances dos segmentos de bens de consumo. Para contextualizar o branding de serviços, faz-se necessário um preâmbulo sobre estratégias voltadas a bens duráveis que podem ser adaptadasao universo dos serviços. O primeiro item a ser descrito é o que tem por base o modelo de McKinsey (COPELAND, 2001), que aborda: qualidade percebida dos produtos (benefícios); aspectos funcionais, como atri- butos e desempenho (valores e qualidade); aspectos processuais, tais como informa- ções, transações e reposições; e relacionamento com a fidelização e a customização (marketing de permissão, de experiência e one-to-one). Finalmente, tem-se o modelo da cadeia de valor de Porter (2009), em que a vantagem competitiva pode ser adqui- rida melhorando o desempenho e reduzindo custos nas seguintes atividades: inputs e procurement (fornecedores); operações e know-how tecnológico; outputs e infraestru- tura; marketing e vendas; serviços de pós-venda e recursos humanos. Cabe enumerar, na sequência de apresentação dos dois modelos estratégicos voltados aos produtos, as principais implicações dos serviços, que mais impactam o branding de uma organização, segundo Iacobucci, Morgan e Ostrom (2006): • intangibilidade: tangibilizar por meio de associações menos abstratas; • complexidade: opera com qualidades experienciais e credenciais (julgamento versus credibilidade); • heterogeneidade: no decorrer do tempo, os processos de serviços podem ocor- rer entre clientes diferentes e com o mesmo cliente; • natureza: o serviço é perecível produção, consumo ou experimentação muitas vezes são simultâneos. Sendo algumas das prerrogativas de uma marca a transmissão da informação, bem como a geração e a manutenção da expectativa do público-alvo, o desafio do branding de serviço parece bem complexo quando se adiciona a essas metas a intangi- bilidade, a complexidade, a heterogeneidade e o processamento (TYBOUT; CALKINS, Branding - gestão de Marcas 117 2006). Para tanto, é necessário que as ações de branding de serviços traduzam a es- sência dessa natureza: • A empresa como marca: facilitar a diferenciação das ofertas de serviços das empresas. • Os frontmen são as marcas: os funcionários da linha de frente são representan- tes diretos e imediatos da empresa. • Autosserviço: tecnologia, acompanhamento e pessoas que gerenciam processos. • Rede de serviços: parcerias trazem consigo o bônus e ônus de uma associação. • Endomarketing: criação de uma mentalidade proativa para proporcionar uma visão holística da cadeia de processos internos de uma organização. Alguns exemplos de empresas que exploram a essência da marca como informa- ção: a empresa como marca no caso do Itaú; marca DPaschoal, com destaque para a rede de serviços; a força de vendas para captação de sócios da marca Sport Club Internacional; o modelo particular de autosserviço da AmPm; o tratamento especial dado ao endomarketing pela marca Hipercard. No tópico seguinte, estudaremos as questões de branding voltadas para os mer- cados industriais. 4.3.2 Desempenho, diferenciação e marca de pacote em mercados industriais A criação e o gerenciamento de marcas fortes nos segmentos industriais advêm do profundo conhecimento dos clientes, da administração dos recursos, da defini- ção de hierarquias e do desenvolvimento de proposições de valor. Segundo Anderson e Carpenter (2006), no branding industrial as marcas podem se comportar de acordo com três aspectos exclusivos de valor: superioridade (marcas de produtos ou serviços superiores são as favoritas das organizações), diferenciação (oferta de valores inova- dores e não convencionais) e marca de pacote (reunião de commodities, em que o sor- timento e serviços exclusivos podem ser um diferencial). Em mercados B2B, posicionar uma marca em um nível hierárquico já existente e gerenciá-la estrategicamente pode valorizá-la com um ativo intelectual. O brand equity é fruto de algumas associações de marcas, que podem ser categorizadas da seguinte maneira: • associações focais: vínculo da marca a um benefício funcional; • associação superiores: abstratas, baseadas na emoção; • associações subordinadas: terciárias, de pouca consciência e da fácil imitação; Branding - gestão de Marcas 118 • desempenho e confiança: familiaridade; • sensibilidade ao preço: nem sempre uma redução de preço sensibiliza o processo decisório. Dentre os exemplos de marcas industriais que abordam a questão superiorida- de, diferenciação e marca de pacote estão, respectivamente, as embalagens para ali- mentos Tetra Pak, tubos e conexões Amanco e peças para bicletas, pesca e remo da marca Shimano. Agora que você compreendeu a existência de mercados industriais, veremos os tecnológicos e de bens de consumo. 4.3.3 Mercados tecnológicos X mercados de bens de consumo embalados (BCE) Uma parcela de empresas de tecnologia ainda não se sente confortável em adotar estratégias de branding, em parte pela própria cultura do segmento, baseada na diferenciação técnica, bem distinta do mercado de bens de consumo embalados (BCE). No entanto, é justamente essa complexidade do segmento tecnológico que faz com que as marcas exerçam um papel significativo de crédito e confiança. Os conceitos de branding devem ser adaptados dos mercados de BCE para os tecnológicos, principalmente levando-se em conta as diferenças contextuais de ambos. Sawhney (2006) resume essas diferenças em algumas dimensões-chave: • Características do mercado: branding da empresa, não do produto, e branding de pré-mercado para liderança de ideia (por exemplo: International Business Machine tornou-se a marca IBM e a entrada da Apple no mercado musical via Itunes, respectivamente). • Ciclo de vida do produto: dinâmica do posicionamento da marca no decorrer do ciclo devido à adoção por públicos distintos e por meio de gerações sucessivas (por exemplo: extensões da marca Palm, com palmtops para diferentes tipos de consumidores – marcas Zire, Tungsten e Treo – e as gerações de chips Intel, respectivamente). • Características do produto: gerência de produto versus marca, hierarquia/ arquitetura de marcas e branding de ingrediente e co-branding (por exemplo: o Playstation da marca Sony, a arquitetura de marca da Microsoft e suas submarcas e a Dolby Labs, em marcas de eletrônicos de consumo, respectivamente). • Tomada de decisão do cliente: marketing para audiências múltiplas nos mercados B2B, ultrapassando a capacidade de memória e velocidade e marca como expe- riência total do cliente (a marca GE, o Iphone da marca Apple e a marca HP). Branding - gestão de Marcas 119 A reflexão sobre dessas dimensões permite montar um quadro indicativo de im- plicações para o um gerenciamento de marcas tecnológicas: • Mercado que exige novas demandas e categorias, portanto deve-se gerir a marca da empresa, não do produto, e usar nomes abstratos e não descritivos. • Ciclo de vida curto condiciona um posicionamento da marca transferido para cada geração de produtos. • Produtos com características específicas e complexas requerem uma gestão efetiva de arquitetura de marca (co-branding) e recomenda-se abstrair as infor- mações para benefícios emocionais. • Relacionamento de canais e parceiros verticais e horizontais (fornecedores, desenvolvedores, academia) pressupõe uma gestão da marca mediada por esses parceiros. • Processo decisório do cliente muito complexo, em que o gerenciamento deve ser direcionado para cada ponto de contato e etapa de compra. No último tópico, estudaremos os modelos de avaliação de uma marca. 4.4 Modelos de avaliação de uma marca Cada metodologia de mensuração de uma marca está ligada a um propósito ge- rencial específico: entender como ela é percebida, avaliar o desempenho em deter- minados mercados e até servir de parâmetro para análise de ativos para acionistas. Assim, tem-se uma quantidade razoável de modelos avaliativos, cumpre aqui enume- rar alguns destes métodos, bem como sugerir quando, onde e como se pode aplicar es- ses modelos à marca. Nesse cenário, começaremos nosso estudo pelas questões de métrica e desempenho. 4.4.1 Métricas e desempenho A medição do desempenho de umamarca pode ser considerada como um im- portante componente de avaliação dos ativos de uma empresa. Essas métricas, que operam com alguns valores intangíveis, devem estar em constante diálogo com os ob- jetivos, por vezes, de aspectos mais concretos. Branding - gestão de Marcas 120 Cada experiência positiva com uma marca ajuda a construir seu brand equity e aumenta a probabilidade da repetição da compra e dos relacionamentos duradouros com o cliente. Em parte, o retorno do investimento é alcançado quando se torna mais fácil e mais atra- tivo para o cliente comprar, quando as vendas se tornam mais fáceis para o departamen- to vendas e quando se é vigilante sobre as experiências do consumidor. O esclarecimento sobre a marca e sobre o processo e a oferta de ferramentas inteligentes para os emprega- dos, são o combustível do sucesso. (WHEELER, 2008, p. 166) Diante da gama de conceitos e critérios de mensuração, pode-se sintetizar as abordagens avaliativas em dois modelos mais dominantes: acadêmicas/convencionais e empresariais. Conheceremos, na sequência, as medidas mais convencionais. 4.4.2 Medidas convencionais Uma métrica de cunho mais acadêmico-convencional avalia o valor de uma mar- ca sob a ótica do desempenho, em que se visualizam os efeitos de curto prazo, a partir de benefícios concretizados (vendas, participação de mercado e lucro), e as conse- quências de longo prazo, apresentados na figura de benefícios não realizados (brand equity). Dessa forma, torna-se coerente a sistematização e a categorização métricas de desempenho de uma marca, conforme o quadro a seguir: Branding - gestão de Marcas 121 Medidas convencionais de avaliação do desempenho de uma marca Base de medição Variáveis / critério Medidas Medidas indiretas – inputs: relacionadas com a gestão e a comunica- ção do mix de marke- ting da empresa, em face da concorrência • Share of voice (cota de despesas de comunica- ção da marca) • Despesas de marketing como % das vendas • Despesas totais de marketing • Publicidade como % das despesas de marketing Medidas diretas: relacionadas com as memórias cognitivas e afetivas de cada consumidor Medida de notoriedade • Notoriedade: top of mind, espontânea, assisti- da, total • Respostas a publicidade (memória, gosto) Medida de associação/ diferenciação • Razão de compra • Quociente valor/custo – fatores percebidos de preço • Atitudes (poder/força da marca, confiança, es- tima, diferenciação, empenho, vitalidade, esta- tuto/importância, saliência, gosto) • Personalidade da marca • Intenção de compra • Relevância da marca/ajuste pessoal Medida de qualidade percebida/liderança • Qualidade percebida • Liderança/popularidade Medida de lealdade • Experiências anteriores de utilização/satisfação • Lealdade expressa Medidas indiretas – outputs: baseadas no efetivo comportamento dos consumidores Medida de mercado • Elasticidade do preço • Preço relativo/preço-prêmio • Lealdade comportamental • Vendas • % de vendas gasta em promoção • Cota de mercado absoluta e relativa • Intensidade e cobertura da distribuição • Contribuição para o lucro • Rentabilidade relativa • Lucro econômico/valor para acionistas • Preço de mercado Fonte: LOURO, 2000, p. 30. (Adaptado). Branding - gestão de Marcas 122 Em seguida, estudaremos os modelos empresariais. 4.4.3 Modelos empresariais Algumas empresas de consultoria e agências de publicidade criaram modelos co- mumente utilizados de medição de desempenho de uma marca ampla. Debruçados no suporte multifacetário que compõe o conceito de valor de marca e também circunda os critérios múltiplos de avaliação dela, foram identificados três tipos de modelos de avaliação do desempenho de uma marca, todos baseados em inputs, medidas diretas e outputs (LOURO, 2000): • modelos unidimensionais: medem o desempenho da marca partindo de uma base de medição única, por exemplo brand asset valuator, consumer brand equity, the conversion model, DBB Needham WorldWide e image power; • modelos bidimensionais: moldado em torno de duas bases de aferição, por exemplo brand equity index, EquiTrend e equity monitor; • modelos tridimensionais: incluem índices de valor da marca que perfazem to- das as bases de medidas, exemplificado na medida top brands. Branding - gestão de Marcas 123 Veja alguns exemplos no quadro a seguir: Modelos empresariais de avaliação do desempenho de uma marca Medida Organização Dimensão de avaliação Inputs Medidas diretas Outputs MercadoNotariedade Associação Qualidade Lealdade Brand asset valuator Young & Rubicam Familiaridade Diferenciação Diferenciação, relevância, estima Brand equity index Longman- Moram Analytics, Inc. Índice de du- rabilidade (futuras ex- pectativas do consumidor) Preço relativo Cota de mercado Consumer brand equity Leo Burnett Brand Consultancy Vendas, pre- ço pago, distribuição The con- version model Market Facts, Inc. Disponibilidade para continuar a comprar a marca DDB Needham WorldWide DDB Notoriedade Gosto Qualidade percebida EquiTrend Total Research Corporation Saliência Qualidade percebida Satisfação do usuário Equity monitor Yankelovich, Clancy & Schulman Fatores que criam va- lor, valor atitudinal Valor comportamental Valor econômico Image power Landor Associates Familiaridade Estima Top topBrands Interbrand Suporte, proteção Liderança, estabili- dade Tendência Mercado internacional Fonte: LOURO, 2000, p. 34. (Adaptado). Cumpre citar aqui a pesquisa mais conhecida no Brasil quando se trata do univer- so das marcas: o Top of Mind, do Instituto Datafolha. Branding - gestão de Marcas 124 A pesquisa “Datafolha Top Of Mind” é uma medida convencional indireta de no- toriedade que se utiliza de levantamento estatístico, por amostragem estratificada, com sorteio aleatório. O conjunto da população adulta do país é tomado como univer- so da pesquisa e dividido inicialmente em quatro subuniversos, que englobam as re- giões geográficas brasileiras (DATAFOLHA, 2014). Uma amostra estratificada é caracterizada da seguinte forma: divisão da população em sub- grupos (estratos) com comportamento similares; utilização em cada subgrupo de um procedi- mento de amostragem aleatória simples de forma independente. A título de curiosidade, eis alguns resultados da pesquisa Datafolha Top Of Mind para o ano de 2014: • As Marcas mais lembradas do país em 2014, em ordem decrescente, são: Coca- Cola, Omo, Nike, Samsung e Nestlé. • A marca Tramontina teve crescimento de nove pontos percentuais em relação à pesquisa de 2013, indo de 49% para 58% na categoria talheres. • 62% não conhece ou não lembra de nenhuma marca quando se relaciona o item “compromisso com o consumidor”. • A marca Sempre Livre teve diferença de dez pontos percentuais em relação à média do total da amostra no público feminino. • Marcas que tiveram as maiores diferenças em suas regiões em relação ao to- tal da amostra: Ninho na região Norte, Primor no Nordeste, Delícia no Centro- oeste, Casas Bahia no Sudeste e Ipiranga na região Sul. A quantidade de modelos à disposição para cada tipo de estratégia de avaliação é muito vasta. No entanto, sem ser muito reducionista, todas acabam enveredando para um caminho básico de três abordagens amplas: Qual o impacto e os efeitos dos investimentos e das atividades da marca nos consumi- dores? Qual o valor financeiro incremental a curto prazo proporcionado pelo investimen- to em marketing da marca? Como a marca pode ser valorizada como ativo corporativo? (SCHULTZ; SCHULTZ, 2006, p. 261). Dessa forma, retorna-se a um “quase” ponto de partida, avaliando e analisando o resultado, para se dar o próximo passo. Este pode ser a criação de uma nova marca para novos mercados (ou mercados já existentes); a reconstrução dos pontos de conta- to da marca; a elaboração de novas estratégias para valorização; ou a implantação de novosmodelos de gerenciamentos da imagem da marca. Branding - gestão de Marcas 125 As ações de branding são como o mercado, sempre dinâmicas. Cabe ao gestor en- tender o conjunto de conceitos teóricos, técnicas e práxis que visam à criação e ao for- talecimento de uma marca, sendo capaz de construir, administrar e avaliar marcas para uma unidade empresarial de negócios, um produto, uma linha de produtos ou serviços. Branding - gestão de Marcas 126 Referências AGENDOR. Conheça o Agendor. Disponível em: <www.agendor.com.br/conheca-o- -agendor/>. Acesso em: 08/07/2015. ANDERSON, C. A Cauda Longa. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. ANDERSON, J. C.; CARPENTER, G. S. Estratégias de marcas para mercados indus- triais. In: TYBOUT, A. M.; CALKINS, T. (Orgs.). Branding - fundamentos, estratégias, e alavancagem de marcas: implementação, modelagem e checklists: experiências de lí- deres de mercado. São Paulo: Atlas, 2006. CHAMUSCA, M.; CARVALHAL, M. Comunicação e Marketing Digitais: conceitos, práticas, métricas e inovações. Salvador: Edições VNI, 2011. COPELAND, J. T. Successful brand repositioning. 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