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Márcio Luiz Jokowiski BRANDING: GESTÃO DE MARCAS *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Copyright Universidade Positivo 2015 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR J74 Jokowiski, Márcio Luiz Branding: gestão de marcas [recurso eletrônico] / Márcio Luiz Jokowiski. – Curitiba: Universidade Positivo, 2015. 130 p. : il. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader. Modo de acesso: <http://www.up.edu.br> Título da página da Web (acesso em 30 jun. 2016). ISBN 978-85-8486-186-6 1. Branding (Marketing). 2. Marcas de produtos. I. Título. CDU 659.126 Superintendente Reitor Pró-Reitor Acadêmico Coordenador Geral de EAD Coordenadora Editorial Autoria Supervisão Editorial Validação Técnica Layout de Capa Imagem de Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Renato Dutra Profa. Manoela Pierina Tagliaferro Prof. Márcio Luiz Jokowiski Aline Scaliante Coelho Regiane Rosa e Silvia Mara Hadas Valdir de Oliveira Juliano Henrique FabriCO KOL Soluções em Gestão do Conhecimento Ltda EPP Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão Ícones Afirmação Contexto Biografia Conceito Esclarecimento Dica Assista Curiosidade Exemplo Sumário Apresentação ....................................................................................................................9 O autor .............................................................................................................................10 Capítulo 1 Identidade de marca – elementos de criação da marca .................................................11 1.1 Fundamentos de branding .........................................................................................11 1.1.1 Definição de marca..................................................................................................................................................11 1.1.2 Definição de branding .............................................................................................................................................15 1.1.3 Brand driven innovation ..........................................................................................................................................17 1.2 Elementos de identidade marca ................................................................................18 1.2.1 Naming e tagline .....................................................................................................................................................19 1.2.2 Design .................................................................................................................................................................... 21 1.2.3 Gimmick e packing ................................................................................................................................................. 25 1.3 Criatividade e design de marca ..................................................................................27 1.3.1 Insight ..................................................................................................................................................................... 28 1.3.2 Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave .............................................................................................. 30 1.3.3 Design thinking .......................................................................................................................................................31 1.4 Critérios, estratégias e integração dos elementos de marca .....................................32 1.4.1 Condução de pesquisa ........................................................................................................................................... 32 1.4.2 Classificação da estratégia ..................................................................................................................................... 34 1.4.3 Design de identidade ............................................................................................................................................. 35 Referências ......................................................................................................................37 Capítulo 2 Pontos de contato da marca – processo de construção .................................................41 2.1 Análise de ambientes circundantes da marca ...........................................................41 2.1.1 Microambientes ......................................................................................................................................................41 2.1.2 Macroambientes .................................................................................................................................................... 45 2.1.3 Análises setoriais .................................................................................................................................................... 47 2.2 O uso do business intelligence internamente e externamente...................................48 2.2.1 Endobranding ......................................................................................................................................................... 48 2.2.2 Network e stakeholders ......................................................................................................................................... 49 2.2.3 Tendências ............................................................................................................................................................. 50 2.3 Gestão de marca baseada no marketing mix ............................................................54 2.3.1 Produto e serviços ................................................................................................................................................. 54 2.3.2 Precificação ........................................................................................................................................................... 55 2.3.3 Canais ................................................................................................................................................................... 56 2.3.4 Pessoas .................................................................................................................................................................. 58 2.4 Técnicas e nomenclaturas de arquitetura de marcas ................................................59 2.4.1 Amplitude e profundidade em uma estratégia de arquitetura de marcas ........................................................... 60 2.4.2 A hierarquia de marcas .......................................................................................................................................... 60 2.4.3 Critérios de extensão de marcas ........................................................................................................................... 62 Referências ......................................................................................................................65 Capítulo 3 Brand equity – estratégias de valorização......................................................................69 3.1 Conceitos-chave sobre gestão estratégica de marca e brand equity ........................69 3.1.1 Valores centrais e a imagem da marca .................................................................................................................. 69 3.1.2 A semiótica da marca ............................................................................................................................................ 70 3.1.3 A alma da marca .................................................................................................................................................... 72 3.2 Fatores formadores de brand equity .........................................................................74 3.2.1 Fundamentos e elementos do posicionamento .....................................................................................................74 3.2.2 Diretrizes para estabelecimento de posicionamento de marca .............................................................................76 3.2.3 Estratégias de posicionamento de marca ............................................................................................................. 77 3.3 Etapas de construção de brand equity (CBBE – customer-based brand equity) ........82 3.3.1 Saliência e desempenho da marca ........................................................................................................................ 84 3.3.2 Imaginário e juízo de valor da marca .................................................................................................................... 86 3.3.3 Sentimentos e ressonância da marca .................................................................................................................... 88 3.4 Gestão de marca orientada para a comunicação integrada de marketing ................90 3.4.1 Ferramentas de comunicação integrada de marketing (CIM) ............................................................................... 91 3.4.2 Mídia off-line ........................................................................................................................................................ 93 3.4.3 Mídia online .......................................................................................................................................................... 94 Referências ......................................................................................................................96 Capítulo 4 Gerenciamento de ativos da marca: administração da imagem .....................................99 4.1 A relação da marca com o target e com os consumidores ........................................99 4.1.1 Consumer X Prosumer ............................................................................................................................................. 99 4.1.2 A teoria da long tail ............................................................................................................................................. 109 4.1.3 Os perfis “digigráficos” .........................................................................................................................................111 4.2 Branding de relacionamento e CRM ........................................................................112 4.2.1 Gestão de relacionamento com o cliente .............................................................................................................113 4.2.2 Clusters..................................................................................................................................................................113 4.2.3 Subsegmentação..................................................................................................................................................114 4.3 Branding voltado aos mercados de serviços, industriais e tecnológicos .................115 4.3.1 Branding de serviços: marca como informação ...................................................................................................116 4.3.2 Desempenho, diferenciação e marca de pacote em mercados industriais ..........................................................117 4.3.3 Mercados tecnológicos X mercados de bens de consumo embalados (BCE)......................................................118 4.4 Modelos de avaliação de uma marca ......................................................................119 4.4.1 Métricas e desempenho .......................................................................................................................................119 4.4.2 Medidas convencionais ....................................................................................................................................... 120 4.4.3 Modelos empresariais ........................................................................................................................................ 122 Referências ....................................................................................................................126 Ao longo das quatro partes desta obra, abre-se uma oportunidade de aproxima- ção com conceitos, técnicas e diferentes cases de branding, assim como com um quadro referencial das dinâmicas de construção, fortalecimento, administração e avaliação de marcas de diferentes mercados. Haverá um momento onde serão abordados conceitos e estratégias criativas que permeiam o universo da identidade das marcas. Em outro si- tuação, por sua vez, serão contemplados os pontos de contato das marcas, as relações delas com ambientes e oportunidades de mercado. Uma outra temática tabordará as estratégias de brand equity, a geração de valor, os significados das marcas e a inserção delas no âmbito comunicativo. Oportunamente serão apresentados sistemas de geren- ciamento de ativos das marcas e as nuances da administração de imagem para segmen- tos e públicos específicos. Boa leitura! Apresentação Faz-se mister referenciar: aos pares da academia; aos colegas de ambiente corporativo; aos amigos de todas (e às vezes poucas) horas; às famílias Jokowiski e Campos; ao filho Gabriel e à esposa Graciela e especialmente à minha mãe, Professora Alda, inspiração nesta jornada de ensinamentos e aprendizados. O autor O Professor Márcio Luiz Jokowiski é Mestre em Comunicação e Linguagens, Linha de Pesquisa Cibermídias e Mídias Digitais, pela Universidade Tuiuti do Paraná (2006). É especialista em Marketing Integrado pela Universidade Positivo (2001). Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR (1998). É doutorando em Comunicação e Linguagens, Linha de Pesquisa de Processo Midiáticos e Práticas Comunicacionais pela Universidade Tuiuti do Paraná (início em 2014). Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/2506008869917098> 1 Identidade de marca – elementos de criação da marca Grandes marcas têm identidades próprias. Há, contudo, uma série de elementos tais como o nome, logotipo e slogan que se fazem necessários para que uma marca se torne e mantenha-se potencialmente competitiva. Reconhecer os conceitos e as estraté- gias primárias que permeiam esse universo é o marco inicial para se entender o branding. Nesse sentido, iniciaremos a seguir nossos estudos com os conceitos fundamen- tais de branding. 1.1 Fundamentos de branding Partindo da reflexão de De Lecanstre e Côrte-Real (2007), destacamos que as marcas não são meras propriedades das organizações. São elas que, em determinados momentos, detêm as organizações que as suportam. É importante ressaltar que marcas não estão restritas a produtos, fabricantes, clientes, fornecedores, embalagens e logotipos. Ao contrário, elas interagem em todas essas instâncias e, para uma correta interface nesses ambientes, necessitam de um adequado gerenciamento: o branding. Agoraque você compreendeu a abrangência do conceito de branding, iremos apresentar a definição de marca. 1.1.1 Definição de marca As marcas têm uma notável capacidade de despertar o desejo por bens de consu- mo. Frequentemente, os consumidores enxergam mais do que simplesmente as fun- cionalidades e os benefícios explícitos de produtos e serviços. Isso ocorre porque uma marca não serve apenas como um elemento de diferen- ciação entre fabricantes, segundo Wheeler (2008, p. 12) ela é “a promessa, a grande ideia e as expectativas que residem na mente de cada consumidor a respeito de um produto, de um serviço ou de uma empresa”. Existem inúmeras definições do con- ceito de marca além do pensamento de Alina Wheeler, essas definições vão desde a American Marketing Association (AMA) até o teórico Philip Kotler. Podemos dizer, então, que a marca funciona como um signo que simboliza os valores de uma empresa, não se detém apenas às ações administrativas e mercado- lógicas, mas representa a essência de um produto, serviço, instituição, personalidade pública, entre outros. Branding - gestão de Marcas 12 O conceito de marca, segundo a AMA (2015), é: nome, termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que têm o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de concorrentes. Apesar de a oralidade estar bastante presente nas relações humanas, o homem sempre teve uma relação próxima com o texto imagético – os primeiros indícios de comunicação são as pinturas rupestres do período Paleolítico, que representavam as cenas daquele cotidiano. A evolução dos signos visuais continuou com a escrita cunei- forme dos sumérios, vide o protoalfabeto dos fenícios, aperfeiçoado pelos gregos, e os brasões dos cavaleiros da Idade Média. Mas a grande mudança ocorreu com o advento da imprensa, impulsionada pela invenção do tipógrafo de Gutenberg, em 1450, e, prin- cipalmente, pela Revolução Industrial, em meados do século XVIII. Texto imagético: a leitura vai além da escrita, ela começa com a compreensão de imagens – textos não verbais – que não necessitam, obrigatoriamente, da escrita para serem lidas. Foi a partir do início do século XX, com a difusão dos meios de comunicação em massa (jornal e rádio) e o amadurecimento da publicidade, que as marcas adquiriram mais espaço na economia. Outro grande passo dessa dinâmica foi o fim da Segunda Guerra Mundial e o surgimento da mídia televisiva, que possibilitaram a consolidação do mercado de consumo e o aparecimento de diferentes práticas de marketing. Outro ponto importante foi o advento das novas tecnologias digitais, que também mudou o relacionamento marca-empresa/produto-consumidor. A rede mundial de com- putadores, a computação em nuvem e a respectiva mobilidade dos aparelhos estabele- ceram outro formato de interação, típico do século XXI, um relacionamento bidirecional, em que o consumidor é ativo ao longo de todo processo de gestão de marcas. keven Realce keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 13 Observe, a seguir, alguns exemplos de marca em forma de brasões ou na própria Bíblia: Brasões medievais Bíblia de Gutenberg © N ej ro n Ph ot o // Sh ut te rs to ck © O su gi // S hu tt er st oc k Destaca-se aqui que a comunicação é um poderoso alicerce para dinamizar a re- lação entre organização e público. A partir dos anos 2000, passou-se da dita sociedade da informação, em que a comunicação era um elemento fundamental para o esta- belecer e dinamizar os relacionamentos sociais e comerciais, para a era do conheci- mento, em que se percebe que não basta o acesso à informação, é também preciso saber administrá-la e transformá-la em conhecimento. Segundo Catto (2010, p. 90-91), “Informação seria a ação de dar forma a uma série de dados, formando uma mensa- gem, compartilhada dentro de um determinado sistema social com um propósito, um objetivo pré-determinado por quem elabora a mensagem”. De acordo com o autor, ain- da existem algumas variáveis relacionadas ao estudo da informação, são elas: • Mensagem (textos, fotos, imagens etc.); • Dados (conteúdo relevante); • Sistema social (aspectos sociológicos, culturais, tecnológicos, entre outros); • Transmissão da mensagem (as pessoas que formam esses sistemas sociais). Tomando-se as marcas em um nível mais abrangente e cada uma das possíveis variáveis que as circundam, percebe-se que, sem um gerenciamento eficiente delas, há uma grande possibilidade de não fortalecerem a personalidade e, consequente- mente, perderem espaço no mercado. Na prática, é possível perceber que existem vá- rios padrões sociais representados por grandes marcas mundiais e nacionais: o estilo de vida americano no que tange aos bens de consumo, quando se pensa em Coca-Cola keven Realce Branding - gestão de Marcas 14 e McDonald’s; as top models iconizadas pelas marcas L’Oréal e Chanel; até o clássico cowboy viril dos cigarros Marlboro. Fazer a gestão de marcas como essas requer um es- tudo bem mais profundo de todas as nuances envolvidas no mercado em que a empre- sa atua, tais nuances são as variáveis que podem interferir no processo comunicativo entre as organizações e os consumidores. Veja a seguir um exemplo de marca mundial: Marca representativa do segmento fast food © K el W ol te r / / S hu tt er st oc k Vivan (2006) sugere que as marcas, na cultura popular, tendem a se acomodar como uma representação de uma identidade pautada no consumo, ou seja, elas estão mais presentes do que se imagina no cotidiano das pessoas: nas gôndolas dos super- mercados, nos anúncios de revistas, nos filmes do cinema, nos comerciais de televisão, no uniforme do funcionário e até mesmo nas pesquisas de top of mind. Top of mind: pesquisas que identificam as marcas mais lembradas nos segmentos de mercado específicos em que estão inseridas. Quanto maior o nível de lembrança da marca, mais valiosa ela é. Essa avalanche de informação relacionada às marcas é reflexo do dito “culto ao consumo”, em que marcas, produtos e serviços assumem diversas representações: status, poder, ostentação, entre outras. Dessa maneira, parece existir uma certa con- solidação de um modelo estrutural que inclui a cultura de consumo e o processo de construção das marcas por intermédio da comunicação. [...] o mundo das marcas não apenas se expandiu para dominar praticamente tudo o que pode ser feito, fornecido ou esperado, mas também reinventou relações até então tradi- cionais. Produtos disponíveis somente em alguns locais adquiriram renome nacional e in- ternacional, tornando-se fontes geradoras de renda e de prestígio mundo afora (PEREZ, 2004, p. 4). keven Realce Branding - gestão de Marcas 15 Agora que compreendemos a definição de marca, iremos estudar a definição de branding. 1.1.2 Definição de branding Martins (2005) sugere que as marcas indicam representações da visibilidade das corporações; quanto melhores as impressões que se tem de uma marca, maior grau de confiança ela transmite. As ações desenvolvidas pelas empresas visando à eficiente administração de uma marca denominam-se, simplificadamente, branding, que “é muito mais do que dar nome a uma oferta. Branding é fazer certa promessa aos clientes sobre como viver uma expe- riência e um nível de desempenho completo” (KOTLER; KELLER, 2006, p. VII). O pensamento de Kotler e Keller (2006) faz crer que esse conjunto de ações ca- paz de criar um relacionamento entre cliente/empresa deve ser entendido, sobretudo, como um processo gerencial que requer integração e comprometimento entre cliente e empresa a longo prazo. Conseguir construir uma marca forte, requer um cuidadoso planejamento e gigantescos investimentos no longo prazo. Na essência de uma marca bem-sucedida existe um exce- lente produto ou serviço, sustentado por um marketing desenvolvido e executado com muita criatividade (KOTLER; KELLER, 2006, p. 268). A origem do termo brand, que significa queimar,é nórdica e tem uma designação mais do que apropriada: uma identificação, por parte dos camponeses, para marcar os animais de suas propriedades. A partir desse preceito, parece bem conveniente a utili- zação da matriz inglesa brand (marca) bem como seu derivativo. Keller e Machado (2006) apontam para uma divisão básica do branding nos Estados Unidos: as marcas nacionais (1860-1914), as marcas de massa (1915-1929), as marcas de fabricante (1930-1945) e a gestão de marcas (1946-1985). De uma maneira simplista, uma possível definição de branding apontaria para um conjunto de estratégias e táticas de marketing, comunicação e design, para um eficiente gerenciamento da marca. A construção de uma marca pode-se resumir em duas frentes, de acordo com Jucá e Jucá (2009): uma de cunho teórico, em que as estratégias da marca são desig- nadas, e outra em que ocorre a execução da respectiva estratégia. A fase inicial está centrada na construção da marca, quando o entendimento a respeito do consumidor é decisivo. É preciso um conhecimento razoável dos mercados-alvo, sendo essa uma etapa contínua, uma vez que determinados segmentos de mercado e consumidores estão sujeitos a mudanças significativas de diferentes ordens. A outra etapa aborda o estabelecimento da promessa central da marca: o que ela deve suplantar, em que seus keven Realce keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 16 produtos são relevantes e qual seu diferencial competitivo. Não se deve esquecer de que os aspectos comerciais de uma organização também exercem certa influência nes- sa fase e que, muitas vezes, a função de uma marca pode estar relacionada ao volume de vendas, à margem e à participação no mercado. Para compreender melhor, observe a imagem a seguir: Construção de uma marca Fases Quem? • Segmentação • Definição do público-alvo • Caracterização • Promessa central e personalidade da marca • Equação de valor do consumidor • Idéia de comunicação • Elementos da marca • Ações de comunicação • Distribuição • Distribuição • Lucratividade do cliente • Lembrança • Imagem • Vencedoras vs. alternativa(s)-chave • Baseado em necessidades • Suficientes O quê? Preferir Encontrar AMBIENTE COMPETITIVO Desenho da estratégia (= ”teoria”) Execução (= ”prática”) Etapas Como Medidas- chave 1. 2. 3. 4. Fonte: Jucá, 2009, s/p. (Adaptado). Oliveira (2002) defende o encadeamento de três estágios evolutivos na “vida” de uma marca: o assertivo, o assimilativo e o absortivo. No primeiro, a marca comunica seu possível diferencial competitivo (por exemplo a funcionalidade: tirar as manchas das roupas), indicando como o consumidor poderia experienciar isso. No assimilativo, a marca aproxima-se por intermédio de um diálogo contínuo com o consumidor-alvo (utilização de um personagem tipo: exemplo o garoto Bombril) e, finalmente, no está- gio absortivo, passa a fazer parte do cotidiano do consumidor (por exemplo o universo da marca, dos produtos e serviços Google), motivando não apenas seu uso, mas rela- cionando elementos tangíveis a ela. Segundo Aaker (2000), o valor de uma marca para uma empresa é construído na relação de fidelidade daquela com o cliente consumidor. Estágios de evolução da marca Assertivo Assimilativo Absortivo Marca comunica-se com o consumidor Marca dialoga com o consumidor Marca convive com o consumidor Fonte: OLIVEIRA, 2002, s/p. (Adaptado). © F ab ri CO © F ab ri CO . keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 17 Na sequência, iremos entender o que significa brand driven innovation (BDI). 1.1.3 Brand driven innovation Empresas que se preocupam com a gestão de marca também devem estar aten- tas às mudanças de mercado e, principalmente, às novidades. As corporações inovado- ras de sucesso têm uma compreensão profunda do modus operandi dos seus clientes, do que elas representam como instituição para o mercado e do contexto em que os seus produtos e serviços são usados. Para Abbing (2011), o eixo canalizador de todo esse cenário é a marca, é ela que impulsiona a busca de valor, o crescimento e a ino- vação; trata-se do brand driven innovation, ou seja, inovação gerada pela marca. O pri- meiro passo para se alcançar o BDI é focar o plano de branding nos valores humanos, de modo que um projeto contextualizado com toda a cadeia de stakeholders gere uma promessa central da marca. Stakeholders (literalmente traduzido como “partes interessadas”) são os pontos de contato que geram ações e opiniões de uma organização (clientes, fornecedores, empregados, gover- no, comunidade, entre outros). Posteriormente, parte-se para a construção de uma estratégia de inovação, ao explorar as oportunidades de macro e microambientes, tendo como base aquela pro- messa central de marca. Resumidamente, é o que fazer para cumprir a respectiva promessa, identificar capacidades e recursos para encantar e fortalecer o relaciona- mento do público com a marca. Na sequência, constrói-se uma estratégia de design que preenche a lacuna entre abstrato e concreto, visão e valores. A organização fo- menta uma tomada de decisão envolvendo o instrumental de design que permeia o ambiente interno e externo. Finalmente, o último estágio do BDI é a orquestração dos pontos de contato, o estreitamento da relação cliente/marca. A organização deve compreender as experiên- cias e as necessidades dos consumidores na interação com produtos ou serviços, em que o valor da marca é cocriado entre a marca e o cliente. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 18 Que tal compreender ainda melhor os estágios de BDI? Observe a figura a seguir: Estágios do brand driven innovation Construindo uma estratégia de inovação Branding centrado nos valores humanos Orquestração dos pontos de contato Construindo uma estratégia de design Criação do futuro – exploração de oportunidades internas e externas – criação de Uma estratégia de inovação. Planejamento do projeto – pesquisas internas e externas contextualizadas com a marca – criação da promessa de marca. Mapeamento da jornada de consumo – definição das necessidades e experiências dos usuários – organização e orquestração do pontos de contato do design. Pessoas centradas nos objetivos do design – desenvolvimento de estratégias internas e externas de design – escolha do ferramental de design. Fonte: ABBING, 2011, s/p. (Adaptado). Assim, brand driven innovation é um modelo de gestão de marcas, um gerador de inovação integrada e uma estratégia de design que auxilia no crescimento empresarial, fazendo com que missão, visão e valores sejam concretos e relevantes para todas as parcelas envolvidas no processo organizacional. Agora que compreendemos as definições relativas ao branding, conheceremos os elementos de identidade de marca. 1.2 Elementos de identidade marca A identidade de marca opera, basicamente, em dois grandes grupos de elemen- tos: o visual (nome, logotipo etc.) e o conceitual (missão, visão, valores, entre outros). A identidade visual identifica uma corporação, bem como seus produtos ou serviços e até sua cultura corporativa por intermédio dos elementos gráficos (embalagem, mas- cote, cores etc.). A identidade de marca, por sua vez, acaba sendo o resultado da ma- terialização da identidade conceitual em identidade visual. © F ab ri CO keven Realce Branding - gestão de Marcas 19 Na sequência, entenderemos como funciona o processo de formação de nome de uma marca (naming) e da criação do slogan (tagline). 1.2.1 Naming e tagline O nome de uma marca é peça chave para sua identificação, é o indicador da ori- gem de sua identidade. A eficácia do nome é percebida no âmbito geral da marca. Nesse sentido, as ações de criação, definição e controle da identidade verbal são de responsabilidade do naming. Por sua conotação de base para lembrança da marca, a criação de um bom naming exige experiência profissional e esforços. Sendo assim, essa escolha deve expressara temática central ou as relações-chave de um produto ou empresa. Além disso, nomes de marcas acabam operando como facilitadores da co- municação e do marketing. É fato que uma estratégia mercadológica pode variar des- de uma publicidade televisiva de quinze segundos até uma ação de força de vendas de quinze dias. Nesse contexto, o naming acaba tornando-se uma ferramenta de associa- ção de significado quase que instantânea, seja relacionando este nome com o segmen- to de atuação da marca ou o benefício do produto, ou ainda o diferencial competitivo da organização. Encontrar o nome pertinente à empresa ou serviço não é uma tarefa simples, pois requer pertinência, estratégia e uma boa dose de criatividade. Uma escolha incorreta no naming pode acarretar ruídos na comunicação de marketing da marca e até gerar riscos legalmente desnecessários, como por exemplo a apropriação de nomes ou do- mínios da internet que já são consolidados ou registrados. Rezende (2010) aponta al- guns exemplos dessas incorreções relativas ao nome de uma marca: Nova, na Espanha – No Va em espanhol significa não vai; Monday, nos Estados Unidos – tido como o pior dia da semana pelos americanos; Totvs, no Brasil – leitura e pronúncia complicada. Algumas características podem ajudar na configuração de um bom nome de mar- ca, são elas: • Eufônico: fácil de pronunciar (Omo); • Simples: desejável que não seja muito longo (Dove); • Significativo: relaciona-se com a essência da marca (Android); • Alinhamento: posicionar-se com a estratégia (Bom Preço); • Potencial de design: nome que remeta a um signo (Puma). O que diz Jim Bitetto, sócio da Keusey Tutunjian & Bitetto, P.C.: “Apenas nomeando um pro- cesso, um tipo de serviço ou uma nova característica de serviços, você está criando um ativo valioso que pode se somar ao valor do seu empreendimento” (WHEELER, 2008, p. 56). Branding - gestão de Marcas 20 Além das características que auxiliam na configuração do naming, outros fatores podem ser considerados, como por exemplo, a tipologia. WHEELER (2008) estabele- ceu seis classes de tipologia para o naming. Veja alguns exemplos de tipologias: Tipologias de naming Fundador Metáfora Descritivo Acrônimo Inventado Mix up Fonte: WHEELER, 2008, p. 57. (Adaptado). Não há uma única norma de procedimento para a escolha do naming. No entan- to, a base para essa elaboração apoia-se na tipologia de nomes e desdobra-se em um possível roteiro: os objetivos de marketing, (exemplificando: lançar um marca nova de sabonetes que obtenha 20% de participação neste mercado), o posicionamento (qual a imagem desejada pretendida pela marca, por exemplo), a legalidade (no caso de be- bidas alcoólicas e segmentos regulados), o público-alvo (em situações como produtos voltados ao público infantil), o domínio (por exemplo: www.nomedaempresa.com) na web, entre outros. Em trabalho desenvolvido com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Rezende (2010, p. 13), da Cauduro Associados, aponta um possível processo para a criação efetiva de um bom naming: Briefing / Fundamentos Long-list (300 a 500 nomes) Short-list (20 a 30 nomes) Pré-decisão (15 a 10 nomes) Busca legal Testes de nomes-candidatos (4 a 6) Avaliação dos candidatos Decisão final – nome da Marca OK Registros legais © F ab ri CO . Branding - gestão de Marcas 21 Na esteira da comunicação verbal, tem-se, ainda, um potencial ampliador de sig- nificado das marcas: o slogan ou o tagline. O slogan é uma conclusão, porque encerra em si o posicionamento de um produto, serviço ou empresa, é a chamada para o con- sumo, a frase de efeito que ajuda o entendimento do significado da marca. Da mesma forma que o naming, o tagline pode assumir características pertinentes: • Curto, eufônico e de fácil lembrança: “just do it” (Nike); • Transmitir o posicionamento da marca: “Vamos juntos fazer mais?” (Tang); • Protegido e registrado como marca: “juntos num só ritmo” (FIFA 2014). Um pensamento de Debra Koontz Traverso (2000 apud WHEELER, 2008, p. 58): “Uma tagli- ne é um slogan, um esclarecedor, um mantra, de uma empresa ou um princípio de conduta que descreve, singulariza ou ajuda a criar um interesse”. Existem duas aplicações mais frequentes para o tagline: uma institucional, utili- zada com frequência em assinaturas corporativas (logotipos + slogan); outra de intui- to promocional, usada oportunamente em campanhas publicitárias de caráter mais comercial. Também há uma tipologia que permite certa classificação dos slogans. Observe no quadro a seguir: Tipologias de tagline Imperativo (call to action) “Think different”, ou seja, “Pense diferente” (Apple) Descritivo “Mais pessoas ao redor do mundo vão com a Visa” (Visa) Superlativo “O melhor do cinema” (Telecine) Intimidador “Você no futuro, hoje” (GVT) Fonte: WHEELER, 2008, p. 59. (Adaptado). Em seguida, estudaremos os desdobramentos do design. 1.2.2 Design Em muitos aspectos, o naming aparece como a principal referência associativa à marca, principalmente em ações de propaganda boca a boca (ou buzz marketing), mas é inegável o importante papel que os elementos visuais exercem na comunicação. Esse potencial comunicativo do design de marcas não se limita apenas à discri- minação de uma marca, produto ou serviço, ele apoia-se na visão sistêmica da insti- tuição representada. Por intermédio de um logotipo, pode-se: reforçar o naming e o keven Realce Branding - gestão de Marcas 22 tagline da empresa; representar o posicionamento da empresa; manter a identidade de marca, quando aplicado em subprodutos da empresa; abordar uma linguagem univer- sal em diferentes culturas e países, entre outros benefícios. Embora o nome “design” seja frequentemente associado à qualidade e/ou aparência esté- tica de produtos, o design como disciplina tem por objetivo máximo promover bem-estar na vida das pessoas. No entanto, é a maneira como o designer percebe as coisas e age so- bre elas que chamou a atenção de gestores, abrindo novos caminhos para a inovação em- presarial (VIANNA et al., 2012, p. 13). Cumpre aqui ressaltar o uso equivocado de um termo relacionado ao design de marcas, por parte de leigos e de muitos especialistas em comunicação e marketing. O termo logomarca, um neologismo utilizado empírica e genericamente para representar logotipo, símbolo ou marca, foi propagado e é utilizado indiscriminadamente no que se refere à marca, ao signo, ao logotipo ou a todos. O termo correto para designar o design de marcas é logotipo, conforme o quadro a seguir: Etimologia das palavras logo, logotipo e logomarca NOMENCLATURA SIGNIFICADO TRADUÇÃO Logo Do grego “logos”: palavra, significado. “Um elemento do design gráfico re- conhecível, geralmente inclui um nome, símbolo ou marca represen- tando uma organização ou produto” (DICTIONARY, 2015). Logotipo “Logos”: palavra, significado; “typos”: figura. “O arranjo visualmente distinto de letras no qual e empresas organiza- ções são prontamente reconhecidas pelos clientes” (ANSWERS, 2015) Logomarca Do grego “logos”: significado; do germânico “marka”: significado. “Significado do significado? Isto não faz sentido algum” As marcas têm vários referenciais de design que vão desde o abstrato ao formalis- mo ou à combinação destes com outros elementos. Ainda assim, pode-se categorizá- -las, segundo uma topologia mais flexível. Observe no quadro a seguir: Branding - gestão de Marcas 23 TOPOLOGIAS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS All type Elementos tipográficos Monogramas Letras interagindo com elementos gráficos Pictóricas Imagens estilizadas Abstratas Signos ambíguos Fonte: WHEELER, 2008, s/p. (Adaptado) Outro elemento constituinte do design de marcas é a cor, que pode ser utiliza- da para personificar, comunicar e estimular a experiência entre público e marca. O código cromático tem significativos potenciais comunicativos, culturais e psicosso- ciais; ele possibilita relacionar atributos de imagem que operam além do campo das percepções, produzindo efeitosque induzem e reforçam a rede significante da marca. Culturas e consumidores diferentes percebem a cor de maneira também diferenciada, dessa maneira, o conhecimento sobre cores dever ir além de matizes, tonalidade, va- lor, croma, harmonia etc. Para visualizar melhor esta questão das cores, observe a fi- gura a seguir: Aplicações de matizes e tonalidade de cores da marca Carrefour Fonte: CAMPOS, 2009. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 24 Da mesma forma opera a tipografia. Uma identidade de marca se faz pela adi- ção de importantes detalhes a um conjunto coeso. A utilização do alfabeto-padrão é condicionante para a composição dos textos das mensagens corporativas. O empre- go de fontes tipográficas adequadas à identidade e à personalidade da marca garante consistência e homogeneidade a essas mensagens. A correta escolha de uma fonte ti- pográfica, como padrão visual e corporativo para uma instituição ou produto, propor- ciona um alinhamento ao posicionamento de marca e permite um acesso mais fluido ao conteúdo informativo por parte do público. Veja alguns exemplos na figura a seguir onde se percebe famílias de letras distintas para diferentes tipos de aplicações (a fon- te Typeface é utilizada como fonte principal e Myriad, Arial, Sabon e Times New Roman são utilizadas em situações específicas na comunicação corporativa da respectiva insti- tuição de ensino: Alfabeto tipográfico da marca da Universidade de Cambridge Fonte: CAMBRIDGE, s/d. © F ab ri CO (A da pt ad o) Branding - gestão de Marcas 25 Em algumas situações pontuais, é possível o uso de mais de uma família de fonte tipográfica, vide os ambientes digitais (internet e dispositivos móveis, devido à nave- gação em tela dificultar a legibilidade do corpo de texto) e as sinalizações urbanas (fai- xas e placas viárias que permite uma melhor visibilidade de signos que apresentam-se subliminares entre as letras, como a seta do logotipo da Fedex e o “C” do Carrefour). Veja um exemplo: Adaptação do uso de cores e tipografia no logotipo da Federal Express © ta nu ha 20 01 // S hu tt er st oc k Cores e tipos: A cor transmite emoção, exercita a memória e evoca sensações. Quanto ao tipo, não se limita a um tradutor de palavras, às vezes adquire o status de condutor de mensagens subliminares (SPIERKERMAN; GINGER, 1993). Na sequência, estudaremos os termos gimmick e packing e seus significados. 1.2.3 Gimmick e packing O gimmick ou mascote representa um signo com um apelo muito significativo em algumas empresas, podendo, em alguns casos, sobrepujar a própria visibilidade do nome e do logotipo da marca. O mascote aparece com relativa frequência em três principais frentes: campanhas publicitárias, design de embalagens e merchandising. Merchandising: “Compreende o conjunto de operações táticas efetuadas no ponto-de-ven- da para colocar no mercado o produto ou serviço certo, no lugar certo, na quantidade cer- ta, no preço certo, no tempo certo, com o impacto visual adequado e na exposição correta” (FERRACIU, 2007, p. 44-45). keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 26 A tipologia também pode ser dividida em personagens tipo e animados. Há diversos exemplos da utilização desse recursos gráficos e “simbólicos” em ações de marketing e comunicação. No âmbito do merchandising e do ponto de venda, pode-se citar o boneco Bibendum, da marca francesa de pneus Michelin. Já quanto ao uso do personagem tipo em ações de comunicação, tem-se o “garoto Bombril”, um dos personagens de maior longevidade em campanhas publicitárias. Para reiterar a indicação da visibilidade do gimmick sobre outros elementos visuais e comunicativos, toma-se como exemplo o “Lequetreque”, o “mascote franguinho” da marca Sadia, da BR Foods, ilustrado a seguir: Uso do personagem (gimmick) para a marca Sadia Fonte: SADIA, 2015. O mascote aliado à marca transmite os atributos e os valores dela, tornando-se signos culturais estimados tanto por crianças como por adultos. Outra fonte de valo- rização para o uso do gimmick pode vir da possibilidade de royalties de licenciamen- to para o uso dos mascotes em diferentes níveis: materiais promocionais, culturais, merchandising, entre outros. Existe ainda um último elemento de identidade de marca complementar aos an- teriores, mas de uma presença persuasiva muito efetiva: a embalagem (ou packing), Esse item é responsável, muitas vezes, pelo último contato entre marca e público-alvo antes da aquisição do produto pelo consumidor. As gôndolas dos pontos de venda são, possivelmente, um dos ambientes de marketing mais competitivos. Uma embalagem eficiente é uma extensão da marca, com a vantagem de agregar a essa formas tridimensionais, mensagens, cores e grafismos diferenciados. No entanto, existem alguns objetivos mais formais para o ferramental de packing: identificação da marca, informação do objeto, acondicionamento do produto, ergonomia, entre outros. Para que se atinjam essas metas, é necessário que se considere o ciclo de vida total da relação embalagem versus produto: tipografia, impressão, Branding - gestão de Marcas 27 envase, preservação exibição, compra, uso, descarte e reciclagem. Mas, como isso é realizado? A resposta é simples: por meio do processo do design de embalagem. Confira a seguir: O processo do design de embalagem Esclarecimento de metas e posicionamento Pesquisa das exigências legais Texto informativoDesign estrutural Promoção de auditorias e identificação de equipe de especialistas Pesquisa dos critérios funcionais Design e protótipo Pesquisas do universo da marca Especificações para impressão Avaliação e controle de produção Fonte: WHEELER, 2008, s/p. (Adaptado). Como você pode compreender, o processo de design tem um papel importantíssi- mo para a criação da identidade de uma marca. A seguir estudaremos o papel da criati- vidade e do design de marca dentro desse contexto. 1.3 Criatividade e design de marca No universo das marcas, o uso constante da criatividade e um design diferenciado são essenciais. Nesse sentido, quanto mais criativa e atraente for uma ação de branding, maior será a lembrança que a marca gerará (eficácia) e, consequentemente, o retorno do investimento também será maior (eficiência). No entanto, as estratégias de design e comunicação não são meras obras do acaso ou palpites visionários, elas devem seguir determinados parâmetros para serem eficazes e efetivas. A seguir, entenderemos como surgem essas grandes ideias. © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 28 1.3.1 Insight As grandes ideias são pensadas de maneira simples e funcionam como aglutina- doras, repousando nelas todos os aparatos organizacionais e comunicativos. Elas são uma alavanca que desencadeia uma série de ações de valor. Para se alcançar esse insight, um instrumento de muita serventia é o briefing cria- tivo. Os briefs funcionam como um mapa mental que conduz à verve criativa. Eis al- guns parâmetros do briefing criativo no quadro explicativo a seguir: O briefing criativo ELEMENTO BASE CONTEÚDO INFORMATIVO CONTEÚDO CRIATIVO Mensagem central: O que a marca deve dizer para essas pessoas? Qual é a ideia central a ser transmitida para essas pessoas? (De preferência descrita em uma linha) Justificativa (reason-why): Por que essas pessoas acreditariam nisso? Que atributos funcionais ou emocionais da nossa marca fazem com que a ideia central possa ser crível para essas pessoas? Pontos-chave de criação: De que maneira a ideia central pode ser transmitida para essas pessoas? Expressões, comparações e metáforas relacionadas à ideia central que sejam conhecidas por essas pessoas? Tom de voz Qual a personalidade da marca que vai falar com essas pessoas? Adjetivos que definem o jeito de a marca se expressar Residual de comunicação Como essas pessoas devem reagir depois de serem impactadas pela comunicação? Qual a frase (redigida em 1.ª pessoa) que resume o que essas pessoas devempensar ou sentir? Ao adaptar o briefing criativo à uma campanha de comunicação publicitária de uma marca, é possível criar uma configuração personalizada baseada na mensagem central, na justificativa, nos pontos-chave de criação, no tom de voz e no residual de comunicação. Podemos entender melhor como funciona o briefing em comunicação publicitária no exemplo veiculado entre 2011 e 2013 para a campanha “Pode ser” da marca Pepsi. Nesta ação de comunicação foram usadas algumas ações como: Promoção de vendas em festas de São João no Nordeste (“São João com Pepsi, pode ser?”); Merchandising Editorial no programa televisivo CQC (Custe o que custar); Informe Publicitário na re- vista Super Interessante; Marketing Promocional em concurso cultural (“Um novo Rock Star. Pode ser?”); Comercial de TV (“Pode ser bom. Pode ser muito bom. Pode ser Pepsi?”). Agora, baseando-se nessas peças comunicativas, vamos ver como fica o briefing criativo da campanha. keven Realce Branding - gestão de Marcas 29 O briefing criativo aplicado na campanha “Pode ser” da marca Pepsi ELEMENTO BASE CONTEÚDO INFORMATIVO CONTEÚDO CRIATIVO Mensagem central O que a marca deve dizer para essas pessoas? Que tomar Pepsi pode ser surpreen- dente. Na dúvida, você pode confiar na Pepsi. Justificativa (reason-why) Por que essas pessoas acreditariam nisso? Porque o refrigerante é tão bom quanto os concorrentes, tendo em vista a presença mundial da marca, o portfólio de produtos e a sensa- ção de necessidade satisfeita (re- frescância, prazer). Pontos-chave de criação: De que maneira a ideia central pode ser transmitida para essas pessoas? De uma maneira informal, com si- tuações cotidianas, a partir de com- parações: “não temos mais o que você queria, serve este tão bom quanto, senão melhor?”. Tom de voz Qual a personalidade da marca que vai falar com essas pessoas? Personalidade nonsense, (sem sen- tido, sem noção) contemporânea, expressada no conceito: infinita- mente surpreendente Residual de comunicação Como essas pessoas devem reagir depois de serem impactadas pela comunicação? A Pepsi é tão boa quanto a Coca- Cola e é tão saborosa quanto o guaraná. Na falta de outra opção, fi- carei sempre com a Pepsi. Fonte: PEPSI, s/p, (2015). Nonsense em publicidade opera com o ato de dar um novo significado a algo através de uma analogia que não tenha um sentido literal com o objeto representado, utilizando uma lingua- gem subversiva (o absurdo, o discurso infanti, o humor etc). Como podemos perceber, o design de marca opera na interação entre significado e forma, uma intersecção entre imaginação estratégica, conceitos científicos, técnicas criativas e intuitivas. Essa relação pressupõe um único fim, o experience design (ED), cujo objeto final é reproduzido e testado centenas de vezes por milhares de usuários, por um período que pode durar anos e décadas. Wheeler (2008, p. 114) resume bem essa situação quando diz que “reduzir uma ideia complexa à sua essência requer perí- cia, foco, paciência e uma disciplina infindável. [...] Além disso, uma identidade precisa ser um cavalo de batalha em várias mídias e aplicações”. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 30 Experience design (ED): engajamento ou pontos de contato entre pessoas e marcas, e as ideias, emoções e memórias que esses momentos possibilitam. O ED permite identificar os pontos existentes, criar novos e, em seguida, promover o engajamento para que produzam os resulta- dos desejados. Agora que compreendemos o que é e como funciona o insight, iremos estudar Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave. 1.3.2 Ideais, cultura organizacional e mensagens-chave A identidade de marca coloca-se como uma ferramenta estratégica no âmbito or- ganizacional, adquirindo um caráter proativo na articulação das relações organizacio- nais em nível mercadológico, comunicacional e institucional. Partindo da concepção de Goldhaber (1991), de que a organização é um sistema vivo e dinâmico, interconectado por um fluxo de informações entre indivíduos que ocupam e representam diferentes posições e papéis, pode-se definir, então, a comunicação organizacional como o tráfe- go de mensagens que fluem em uma rede de relações interdependentes. Nesse sentido, independente da natureza da organização, os ideais são as me- lhores representações da identidade de marca, tendo papel fundamental em processo criativo responsável. Ainda seguindo essa linha de pensamento, Wheeler (2008) desta- ca o conjunto de ideias empresariais, veja: • Visão: capacidade imaginativa e perseverança; • Significado: compreensão que acelera o reconhecimento da marca; • Autenticidade: autoconhecimento, tomada de decisões e escolhas; • Diferenciação: vantagem representativa e competitiva; • Sustentabilidade: habilidade de perdurar em um ambiente de múltiplas trans- formações; • Coerência: contrução de valor pela repetição, persistência e frequência de re- presentação da identidade de marca; • Flexibilidade: acessibilidade e dinamismo; • Comprometimento: atribuição de responsabilidade; • Valor: construção de consciência e aumento de reconhecimento. Baseando-se nos ideais da cultura organizacional, é possível elaborar a mensa- gem-chave que permeia o universo da marca. keven Realce Branding - gestão de Marcas 31 É importante destacar, então, que a linguagem e a comunicação estão conecta- das em todas as manifestações da marca, conferindo unidade e consistência. Sendo assim, a interação entre conteúdo comunicativo e design possibilita um elemento in- teressante de diferenciação de marca, é caminho que a mensagem persuasiva deve trilhar, sendo possível o receptor identificar esse fio condutor, implícita ou explicita- mente, em todas etapas de convencimento. A elaboração da mensagem-chave depende, principalmente, de alguns fatores, entre eles: público-alvo, objetivos de marketing e comunicação, características da mar- ca, posicionamento etc. Compreendidos os conceitos de ideais, cultura organizacional e mensagens-chave, estudaremos agora o método conhecido como design thinking. 1.3.3 Design thinking Há um certo encadeamento no processo criativo para estabelecimento de uma identidade de marca. Todas as etapas, desde o briefing até o insight, seguem um enca- deamento fundamentado, não se amarrando ao acaso puro. Esse método é constituído de quatro fases macro e comumente é denominado pelos designers de design thinking. A primeira fase do processo de design thinking é chamada imersão. Nesse mo- mento, a equipe de projeto aproxima-se do contexto do problema, tanto do ponto de vista da empresa (o cliente) quanto do usuário final (o cliente do cliente). Dentro da imersão, há uma fase segunda de levantamento de dados, seguida da análise e da sín- tese das informações coletadas. Para tal, os insights são organizados de maneira a obter-se padrões e a criar desafios que auxiliem na compreensão do problema. A terceira fase é conhecida como ideação, ela tem o intuito de gerar ideias inova- doras para o tema do projeto. Para isso, utilizam-se as ferramentas de síntese criadas na fase de análise, a fim de estimular a criatividade e gerar soluções que estejam de acordo com o contexto do assunto trabalhado. A quarta fase, por sua vez, chamada de prototipação, tem como unção auxiliar a validação das ideias geradas e, apesar de ser apresentada como uma das últimas fases do processo de design thinking, pode ocorrer ao longo do projeto, em paralelo à imer- são e à ideação. keven Realce keven Realce Branding - gestão de Marcas 32 Fases do Design Thinking Imersão Análise& síntese Ideação Prototipação A etapa do pensamento ou ideação , segundo o design thinking: “Embora a criatividade seja importante, o design é uma atividade que serve tanto para objetos econômicos quanto criati- vos” (AMBROSE, G.; HARRIS, P.,2011, p. 11). Entendido o método de design thinking, passaremos para a organização dos ele- mentos de marca.1.4 Critérios, estratégias e integração dos elementos de marca A organização dos elementos constituintes de uma marca devem obedecer a alguns critérios para que se possa empregar uma correta gestão de marcas. O prin- cipal subsídio para a implementação de uma estratégia de design de identidade é uti- lizar o ferramental de pesquisa, seja este baseado em dados primários, seja em dados secundários. Veremos, a seguir, de que maneira conduzir essa pesquisa. 1.4.1 Condução de pesquisa As informações a respeito de uma organização podem vir de diferentes fontes, desde o plano de negócios até entrevistas com stakeholders. Também se compreende a empresa ao experimentar a organização aos olhos do consumidor. Eis uma relação interessante de informações básicas a se conhecer de uma empresa: • Missão; • Visão; • Valores; • Organograma; • Planos de marketing e de negócios; © F ab ri CO . keven Realce Branding - gestão de Marcas 33 • Relatórios; • Clippings e releases. Clippings: conjunto de materiais, publicados na mídia ou não, sobre um assunto determinado de interesse da organização. Releases: material jornalístico (pauta) de divulgação da empresa. Outro momento oportuno para conhecer melhor uma organização é o da pesqui- sa de mercado, quando se fundamenta uma estratégia de marca realmente significan- te e desaparecem as impressões preconcebidas. Convém enumerar alguns métodos de pesquisa utilizados em estratégias de branding: • Pesquisas qualitativas; • Focus group; • Entrevistas em profundidade; • Pesquisa quantitativa; • Levantamento online; • Teste de usuário; • Eye tracking; • Cliente oculto; • Segmentação; • Pesquisa de reputação; • Pesquisa de brand equity. Eye tracking: técnica que monitora o movimento ocular das pessoas, possibilita identificar o percurso do olhar, quanto tempo e até quantas vezes o indivíduo olhou. Brand Equity: é o valor Patrimonial da marca. O passo seguinte, na condução da pesquisa do processo universal de identidade de marca, é o que tange às auditorias de mercado. Esse recurso apresenta-se como uma forma de controle dos esforços de marketing. Há alguns materiais corporativos, da concorrência, bem como dos stakeholders, que devem ser apresentados e discutidos em uma auditoria de marketing e, posteriormente, arquivados em relatórios para con- sultas futuras. Entre eles, destacam-se: keven Realce Branding - gestão de Marcas 34 • Materiais de identidade de marca; • Comunicação online; • Vendas e marketing; • Varejo. Assista a Palestra “A arte de escolher” (The Art of Choosing), de Sheena Iyengar, no TEDTalks para a conferência TEDGlobal (2010). A psicoeconomista fala sobre as escolhas triviais e pro- fundas, partilhando sua pesquisa inovadora, em que tem descoberto algumas atitudes sur- preendentes sobre decisões. Em seguida, estudaremos como se dá a condução da estratégia de identidade de marca. 1.4.2 Classificação da estratégia Após elencar os dados com o instrumental de pesquisa, parte-se para o direciona- mento e a condução da estratégia de identidade de marca que servirá de base para o branding da organização em questão. Com base nesta dinâmica de orientação e guiar estratégias voltadas à identidade de marca, Wheeler (2008), propõe sete indicativos para classificação posterior da estratégia de branding: • Repensar a visão; • Ver todo o quadro; • Engajar-se em diálogos significativos; • Descobrir a aparência da marca; • Descobrir uma plataforma de posicionamento; • Criar a grande ideia; • Tocar outra vez. Com base na análise destes critérios pode então surgir três cenários para a estra- tégia de identidade de marca, classificados da seguinte maneira: já há uma estratégia bem definida (manutenção), é necessária uma redefinição da estratégia (adequação) a possibilidade de elaborar uma estratégia de identidade de marca (criação). Por fim, estudaremos o design de identidade. Acompanhe! Branding - gestão de Marcas 35 1.4.3 Design de identidade O pensamento inicial que abre o escopo de um projeto de gestão de marcas não poderia ser outro senão o design. A partir de uma reflexão conceitual, pontual e técni- ca, é possível ter esteio para sedimentar uma estratégia pormenorizada de branding. A identidade de marca, com seus elementos em consonância, o aporte visual e criativo, bem como indicativos, critérios e possibilidades estratégicas são a base ideal para o início de um processo de construção de marcas de valor. Pode-se dizer que o conjunto completo de elementos de marca compõe o conjunto de identificação de marca. A coesão do conjunto da identificação de marca depende do grau de consistência dos elementos de marca. Idealmente, seriam escolhidos elemen- tos de marca que apoiassem outros elementos de marca e que poderiam facilmente ser incorporados a outros aspectos do programa de marketing. Algumas marcas fortes têm vários elementos de marca valiosos que reforçam uns aos outros diretamente (KELLER; MACHADO, 2006, p. 119). Como vimos, o design de identidade permite a combinação de elementos como naming, logotipos, cores, packing, tipografia, gimmick e taglines, associados a uma vi- são estratégica, possibilitando a geração de um código uniforme de representação sensível da marca. A qualidade do design determina o grau de potencialidade de uma marca. Rezende (2010, p. 23) aponta três indícios de qualidade associados ao design de identidade da marca: • Funcional: adequação ao uso (ergonomia) - fitness for purpose facilidade de uso e per- cepção (efeitos objetivos); • Estética: capacidade de produzir efeitos subjetivos; • Simbólica: capacidade de produzir efeitos intersubjetivos e criar vínculos com os interlocutores. Um case efetivo de design de identidade é o que envolve os Jogos Olímpicos, es- pecialmente abordado em Wheeler (2008). Em 1913, o barão Pierre de Coubertin dese- nhou cinco anéis coloridos entrelaçados, originando a marca das Olimpíadas, que, na sua essência, celebra o espírito de realização do ser humano por intermédio da apro- ximação entre os povos. Desde então, os jogos olímpicos impulsionam o mercado dos países anfitriões que desenvolvem logotipos e mascotes específicos para comercializar produtos e atrair patrocinadores para o evento. Nesse sentido, é importante destacar que, para garantir a identidade de marca, são necessárias estratégias que envolvem projetos ambientais e urbanos, passando pelo grafismo, por ícones das modalidades esportivas até o design de medalhas. Os lo- gotipos olímpicos promovem o orgulho e a diversidade cultural de cada cidade sede. Branding - gestão de Marcas 36 Sendo assim, captar o espírito da Olimpíada e combiná-lo com uma cultura singular são os grandes desafios criativos, como nos jogos de Pequim, em 2008: a escrita do emblema foi inspirada pelas gravuras em bamboo da dinastia Han. A cobertura e o alcance multimidiáticos dos Jogos Olímpicos garantem o status de “centro das atenções” para os países e as cidades onde são hospedados, além de as- sociar às marcas patrocinadoras e envolvidas indiretamente, os atletas celebridades e as modalidades esportivas em um arranjo visual de proporções planetárias. Observe alguns exemplos de identidade de marca dos Jogos Olímpicos a seguir: Identidade de marca de alguns dos Jogos Olímpicos Munich, 1972 Barcelona, 1992 Moscou, 1980 Pequim, 2008 Fonte: OLIVEIRA, 2002. Dessa forma, encerramos nosso estudo sobre identidade de marca. A partir desta apresentação a respeito de fundamentos de branding, de elementos criativos e de design de marcas, abrem-se caminhos para reconhecer conceitos, estabelecer critérios e elaborar estratégias de integração de identidade de marca. Branding - gestão de Marcas 37 Referências AAKER, David A. Como construir marcas líderes. São Paulo: Futura, 2000. ABBING, Erik Roscam. Brand Driven Innovation. Innovation Manegament in Enanbling Factors. 21 abr. 2011. Disponível em: <www.innovationmanagement. se/2011/04/11/brand-driven-innovation/>.Acesso em: 07/07/2015. AMA. American Marketing Association. Branding. Disponível em: <www.ama.org/ topics/branding/Pages/default.aspx>. Acesso em: 07/07/2015. AMBROSE, G.; HARRIS, P. Design Thinking. Tradução Mariana Belloli. Porto Alegre: Bookman, 2011. ANSWERS. Disponível em: <www.answers.com/Q/What_is_difference_between_ logo_and_logotype>. Acesso em: 07/07/2015. CAMBRIDGE. University of Cambridge. [Alfabeto tipográfico, s/d]. 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No sentido desse texto, é o patrimônio glo- bal da marca, entendido como mais do que simplesmente a diferença entre o valor da empresa (valor avaliado) e seu valor de mercado. 2.1 Análise de ambientes circundantes da marca A utilização de ações pontuais e de curto prazo parece ser uma prática mui- to comum nas empresas, no entanto é um caminho de mão única para a construção de marca. A utilização de ações promocionais, na maioria das vezes, busca uma rápi- da lucratividade. Porém, índices significativos de market share das marcas não repre- sentam, necessariamente, a realidade dos cenários de marketing em que elas estão inseridas. Uma correta análise, bem como e uma possível sinergia das marcas nesses ambientes circundantes, tendem a possibilitar as ações de branding mais estáveis. Market share ou share of market: percentual do mercado total ou de um segmento que uma em- presa, marca ou produto detém. Essa não é a única forma de mensuração da marca, a fidelidade e o posicionamento de que ela dispõe junto aos consumidores também são outros instrumentos. 2.1.1 Microambientes O microambiente, analisado pelo viés da administração de marketing, também pode ser denominado de ambiente tarefa ou ambiente competitivo. Eis o eixo princi- pal que este ambiente circunda e de relativa influência na construção das marcas: a empresa e seus stakeholders. Partindo de um posicionamento de marca que tem como base a organização institucional, tem-se o tripé básico: missão, visão e valores. A de- terminação de uma orientação para uma unidade empresarial de negócios (UEN) é uma tarefa nada simples. Seu objetivo é, após o delineamento estratégico, gerar rique- za para seus acionistas e colaboradores. A missão é imprescindível para apontar o que a UEN vai fazer, orientar a ação organizacional, relacionar o negócio com a satisfação de alguma necessidade e dimensioná-lo ao marketing interno e externo. Branding - gestão de Marcas 42 Para que você compreenda com maior clareza essa missão organizacional, aten- te-se para o quadro a seguir, com os elementos-base, que podem servir de apoio insti- tucional e promocional para a marca: Elementos-base de uma missão organizacional CONTEXTOS QUESTÕES A razão de ser da organização Por que a instituição existe? Seu mercado alvo Para quem? Seu negócio ou linhas de produtos-serviços O que faz? Algumas condições essenciais de desempenho Como faz? A visão, por sua vez, corresponde ao ideal corporativo, como a instituição proje- ta as situações de sua manutenção e sobrevivência após a definição dos cenários futu- ros dos ambientes de mercado. É a formalização do que se pretende realizar a longo prazo e funciona como meta de referência para a solidificação da marca. Um exemplo é a visão da empresa O Boticário: “ser referência na criação de valor em negócios de beleza” (O BOTICÁRIO, 2015). Exempo de missão: “Ser reconhecida por colaboradores, parceiros, clientes e segmento onde atua como uma dasmais importantes referências mundiais em beleza e fazer que suas ações para a preservação da vida estabeleçam uma forte identificação com a sociedade.” (O BOTICÁRIO, 2015). Exempo de valores: “Respeito e comprometimento mútuos; Participação e trabalho em equi- pe: Objetivos e metas claros evdefinidos; Reconhecimento pela contribuição para os resul- tados; Desenvolvimento pessoal e professional; Valorização da vida e do meio ambiente.” (O BOTICÁRIO, 2015). Quanto aos valores e princípios, são conceitos de conduta ética pelos quais a or- ganização preconiza ordem, segurança e crescimento aos seus membros, incorporan- do-se à sua cultura de forma significativa e permanente. Eis três exemplos de valores e princípios organizacionais: • Cooperação– trabalhamos em equipe; • Excelência – valorizamos nossos clientes; • Criatividade – Apoiamos a criatividade e a inovação individuais. Outro aspecto relevante ao se levar em conta o microambiente é a análise com- petitiva. Nesse contexto, podemos afirmar que o perfil competitivo de uma marca é resultante do somatório de todos os fatores de competitividade que sintetizam sua Branding - gestão de Marcas 43 posição em um determinado momento. Esses fatores podem ser classificados em grau de importância (alta, média e baixa) e comparativamente avaliados (pior, mediano e melhor) na sua relação como os concorrentes. Observe um exemplo de análise competitiva de uma nova marca de pizzaria delivery: Simulação de análise de vantagens competitivas de uma marca Nova Marca Marca Concorrente Fatores competitivos Importância dos fatores Ação de cada fator em relação aos concorrentes Alta Media Baixa Nota1 Nota2 Nota3 Nota4 Nota5 Diversidade dos sabores X Acondicionamento da pizza X Rapidez no delivery X Entrega da pizza quente X Higiene X Opções de tamanho X Qualidade no atendimento do pedido X Qualidade na entrega X Variedades de bebidas X Preço X Fonte: KELLER; MACHADO, 2006, p. 74 e DRANKA JR., 2005, p. 61. (Adaptado). LACUNAS DE OPORTUNIDADES DE VANTAGENS COMPETITIVAS Lacunas de oportunidades de vantagens competitivas © F ab ri CO Branding - gestão de Marcas 44 Observe que os fatores de competitividade que receberam notas mais baixas (en- trega da pizza quente e variedades de bebidas) têm importância média e alta para o negócio, por isso simbolizam que tais fatores são lacunas de oportunidades de vanta- gens competitivas para a nova pizzaria. Para se visualizar as vantagens competitivas mediante a análise do micro ambien- te, o exemplo anterior foi construído a partir de algumas etapas: • Descrição de duas marcas concorrentes; • Montagem da tabela do perfil competitivo; • Pesquisar possíveis vantagens competitivas; • Estabelecer graus de importância para os fatores; • Avaliar os fatores em relação aos concorrentes; • Verificar os espaços que ainda não são familiares ao público-alvo. A fim de exemplificar a análise competitiva, observe quais informações são consi- deradas relevantes para sua realização. Benchmarking competitivo INFORMAÇÕES COMPETITIVAS Analise os concorrentes bem sucedidos Analise os concorrentes malsucedidos Examine outros setores e mercados Por que eles são bem-sucedidos? Por que eles são malsucedidos? O que você pode adaptar e usar? Baseie-se neles e melhore o que eles fazem Evite o que eles fazem e supere essas armadilhas Adote e adapte a melhor prática de outros setores/ mercados Fonte: KOTLER; KELLER, 2006, p. 344. (Adaptado). Um fator de competitividade pode vir a se transformar em vantagem competitiva de uma UEN caso o target o reconheça um elemento de diferenciação da marca em re- lação aos concorrentes. Nessa ótica, o público-alvo passa a ter um papel preponderante para juízo de valor das vantagens competitivas. Eis possíveis diferenciais de uma marca: • Operações e produção eficientes e flexíveis, adaptáveis aos clientes; • Força de vendas eficaz; • Localização; • Excelente distribuição; • Reconhecimento de nome ou visibilidade; Branding - gestão de Marcas 45 • Orientação ao cliente; • Abrangência da linha de produtos; • Superioridade técnica; • Inovação contínua de produto. Target: público-alvo. Termo emprestado do campo da publicidade, especificamente das técni- cas de planejamento de mídia, para designar o segmento de público que se pretende atingir e sensibilizar com determinada campanha de comunicação. Tendo claro o que são microambientes e as variáveis que influenciam a marca, partiremos para o estudo dos macroambientes. Vamos lá? 2.1.2 Macroambientes A análise do ambiente externo permite uma reflexão sobre as movimentações desse cenário que podem influenciar o mercado em que uma marca atua, esse merca- do externo é o que chamamos de macroambiente. Conforme apontam Churchill e Peter (2013), o macroambiente envolve o estudo das variáveis de oportunidades e ameaças que transitam nos espectros econômico, político, social, tecnológico, cultural e natu- ral. Dessa maneira, é possível mapear, por exemplo, a frequência de compra online do consumidor, o risco legal de comparar uma marca concorrente em uma publicidade te- levisiva, o aparecimento de uma nova tecnologia no segmento em que a UEN atua, en- tre outros. No ambiente econômico, circundam algumas variantes que influenciam direta- mente a dinâmica das marcas, entre elas, estão: renda (bruta, disponível e discricioná- ria), ciclo de negócios (prosperidade, recessão e recuperação), inflação, empregabilidade, produto interno bruto (PIB) etc. Já no cenário político e legal, leis e intervenções políti- cas influenciam o direcionamento de estratégias de branding, vide ações de taxação de impostos federais, estaduais e municipais, bem como leis de proteção a patentes como copyright e licensing. Se a marca não estiver protegida legalmente, ela não pode ser alvo de um contrato de li- cenciamento. Assim é fundamental que o autor ou proprietário da marca procure prote- gê-la legalmente nos territórios que pretende licenciá-la, seja diretamente, seja através de representantes (SILVA, 2004, p. 27). Branding - gestão de Marcas 46 Cobra (2008) aponta que o estudo do ambiente sociocultural permite mapear ati- tudes do consumidor em relação às marcas, bem como tendências de relacionamen- to entre marca, mercado e público. Popcorn (1993) apontou algumas tendências desse ambiente sociocultural que ainda perduram. Veja no quadro a seguir: Resumo adaptado das tendências socioculturais de Popcorn (1993) NOMENCLATURA POPCORN TENDÊNCIAS Enclausuramento Aumento no consumo de eletroeletrônicos e delivery Aventura de fantasia Incremento no setor de turismo e entretenimento Pequenas indulgências Ascensão da aquisição de produtos para uso pessoal (vestuário, acessórios etc.) Ergonomia Oportunidade para o mercado de serviços customizados e personalizados Sair do emprego Valorização do turismo de negócios e acadêmicos Volta ao passado Nova abordagem para o público do segmento da “melhor idade” Sobreviver Crescimento do mercado que envolve a dinâmica da saúde e do bem-estar SOS Ações de sustentabilidade e responsabilidade social Fonte: Popcorn, 1993. (Adaptado). Os ambientes tecnológico e natural também exercem uma influência significativa para a gestão de marcas. A análise desses respectivos cenários tende, cada vez mais, a uma condição primordial para elaboração de estratégias de branding. Kotler (2012) aponta que o conhecimento científico, as inovações e os aperfeiçoamentos tecnoló- gicos proporcionam uma significativa oportunidade para incrementar não só o valor das marcas oferecido aos consumidores, como também a relação consciente entre ho- mem, manufaturas e meio ambiente, principalmente por intermédio do marketing ver- de e do demarketing. Demarketing: esforço para reduzir a demanda por um produto e para mudar o comportamento do consumidor em relação a um determinado hábito, por exemplo, ações de comunicação para fomentar o consciente uso da energia
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