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DOENÇAS EXANTEMÁTICAS MAIS COMUNS NA INFÂNCIA

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5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC PEDIATRIA 
JULIANA OLIVEIRA 
 
DOENÇAS 
EXANTEMÁTICAS MAIS 
COMUNS NA INFÂNCIA 
Mecanismo de surgimento do exantema: 
➔ Invasão e multiplicação direta na própria pele (varicela 
zoster, herpes simples). 
➔ Ação de toxinas (escarlatina, infecções estafilocócicas). 
➔ Ação imunoalérgica com expressão na pele (viroses 
exantemáticas p.ex. roséola. 
➔ Dano vascular, podendo causar obstrução e necrose da 
pele (meningococcemia, febre purpúrica brasileira). 
AS DOENÇAS CLÁSSICAS: 
SARAMPO 
➔ Etiologia: Paramixovírus 
➔ Mecanismo de transmissão: Via 
aérea, por meio de aerossol. 
➔ Tempo de incubação: 7 a 14 dias. 
➔ Características: 
Tem-se a formação de um exantema 
maculopapular avermelhado e ele tem 
uma progressão característica, de modo que se inicia na 
região retroauricular, vai para a face e se estende para o 
tronco e membros. 
 
➔ Sintomatologia: 
▪ Febre alta. 
▪ Coriza abundante. 
▪ Tosse. 
▪ Conjuntivite. 
▪ Fotofobia. 
▪ Sinal de Koplik: Consiste em lesões ulceradas na 
mucosa jugal ou da bochecha. 
 
 
 
 
 
➔ Diagnóstico: 
Tem-se a definição de caso suspeito e a confirmação é feita 
através de inquérito sorológica, ou seja, dosagem de IgG e 
IgM para a patologia. 
Para o sarampo, tem-se como caso suspeito a presença dos 
sintomas: Febre com exantema associado a um dos três 
sintomas (tosse, coriza ou conjuntivite). Sendo assim, é 
obrigatório a realização de notificação desse caso suspeito 
para que seja feito acompanhamento até a confirmação do 
caso através da sorologia e a partir desse caso é feita a 
busca ativa dos contactantes na tentativa do controle para 
evitar uma epidemia. 
 
➔ Tratamento: 
O tratamento é de suporte, ou seja, não tem uma 
medicação específica, realizando apenas o controle dos 
sintomas, higiene nasal, ocular e controle da febre. 
 
Suplementação de vitamina A faz parte desse tratamento, 
visto que uma característica desse vírus é o alto consumo 
de vitamina A, e desse consumo pode-se ter uma 
complicação relacionada ao quadro de hipovitaminose A. 
▪ < 6 meses faz-se uma megadose 50 mil UI. 
▪ Entre 6 meses e 1 ano megadose de 100 mil UI. 
▪ Acima de 1 ano megadose de 200 mil UI. 
 
➔ Complicações 
▪ Hipovitaminose A. 
▪ Pneumonia viral 
▪ Encefalite 
 
Nesses casos mais graves pode-se avaliar o uso de antiviral. 
 
➔ Prevenção: 
A prevenção é feita através da vacina. 
▪ 1ª dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) 
com 12 meses. 
▪ Reforço com 15 meses. 
▪ A cada 10 anos. 
 
Houve uma alteração após um surto de sarampo, de modo 
que agora o esquema ocorre da seguinte maneira: 
▪ Crianças entre 6 meses a 1 ano está sendo 
administrada uma dose extra do calendário vacinal da 
tríplice viral, passando a ser provisoriamente 3 doses. 
RUBÉOLA 
➔ Etiologia: Togavírus 
➔ Mecanismo de transmissão: Via aérea 
e transplacentária. 
➔ Período de incubação: 7 a 21 dias. 
➔ Período de transmissão: 5 a 7 dias 
antes e depois do exantema. 
➔ Características: 
Surge um exantema maculopapular e 
pintiforme difuso que expande para a face, 
tronco e membros. 
 
➔ Sintomatologia: 
A maioria dos pacientes (70%) vão ter uma manifestação 
subclínica, no entanto, há outros pacientes que vão 
apresentar: 
▪ Febre baixa. 
▪ Astenia 
▪ Anorexia 
▪ Linfonodopatia generalizada e o exantema. 
 
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5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC PEDIATRIA 
JULIANA OLIVEIRA 
 Em adolescentes pode-se ter associado a isso, um quadro 
muito semelhante ao sarampo, cursando com dor de 
cabeça, dor generalizada, conjuntivite e coriza. 
➔ Diagnóstico: 
Caso suspeito + sorologia específica para rubéola. 
 
O caso suspeito consiste em todo caso que houver febre e 
exantema maculopapular associado a linfonodomegalia 
retrorbicula, occipital ou cervical (segmento cefálico) há 
uma suspeita de rubéola, no entanto, deve-se analisar a 
característica do exantema e sua progressão. Após isso 
deve-se fazer a notificação de caso suspeito e solicitar a 
sorologia. 
➔ Complicações: 
▪ Encefalite. 
▪ Púrpura trombocitopênica. 
 
➔ Prevenção: 
Por meio da vacina do tríplice viral que é igual ao sarampo: 
1ª dose com 12 meses e reforço com 15 meses. 
ESCARLATINA 
➔ Etiologia: Streptococcus pyogenes (beta-hemolítico do 
grupo A de lancefield). 
➔ Mecanismo de transmissão: Via aérea. 
➔ Período de incubação: 12 a 48 horas. 
➔ Características: 
Exantema eritematoso com pápulas confluentes, ou seja, se 
unem, surgem em face e tronco e progridem para os 
membros. 
 
➔ Sintomatologia: 
▪ Febre alta (superior a 39ºC). 
▪ Odinofagia associada a inapetência. 
▪ Toxemia. 
▪ Linfonodomegalia cervical e submandibular. 
▪ Petéquias de palato. 
▪ Sinais característicos: 
- Língua em framboesa: As papilas presentes na língua ficam 
hiperemiadas. 
- Sinal de Filatov: Área de palidez perioral. 
- Sinal de Pastia: Ocorrem nas articulações, causando linhas 
de exantemas. 
Com a evolução do exantema e a confluência das pápulas 
tem-se uma pele áspera e em lixa que após a resolução da 
febre pode cursar com descamação. 
 
➔ Diagnóstico: 
▪ O diagnóstico é clínico: Progressão do exantema 
(face+tronco e depois membros), acometimento de 
orogaringe. 
▪ Pode-se fazer a confirmação através do streptest que 
tem uma boa especificidade, no entanto, possui uma 
baixa sensibilidade. Sendo assim, quando ele dá positivo 
realmente temos a presença da bactéria, mas pode dar 
falso negativo. 
▪ O padrão ouro para o diagnóstico de uma infecção por 
steptococcus é a cultura, no entanto, não é necessária 
quando se tem o quadro clínico característico de 
escarlatina. 
 
➔ Tratamento: 
▪ Penicilina benzatina. 
 
➔ Complicações: 
▪ Febre reumática 
▪ Glomérulo nefrite pós estreptocócica, que é causada 
pelo processo inflamatório que vai gerar imuno 
complexos que vão se depositar nos rins. 
ERITEMA INFECCIOSO 
➔ Etiologia: Parvovírus B19 
➔ Mecanismo de transmissão: Secreções 
respiratórias 
➔ Período de incubação: 7 a 14 dias. 
➔ Características: 
Exantema rendilhado com padrão macular, 
sua evolução surge concomitantemente em 
face e troncos expandindo para membros. 
É semelhante a uma face esbofeteada ou cara de palhaço 
(intensa hiperemia e edema malares). 
 
➔ Sintomatologia: 
Febre baixa, astenia e o exantema característico, pode-se 
ter também a dor articular migratória. 
 
Obs: Uma vez resolvida essa infecção, o paciente pode 
voltar a apresentar o quadro em períodos de rebaixamento 
do sistema imunológico. 
 
➔ Diagnóstico: 
Os exames complementares acusam uma anemia e 
plaquetopenia. 
A suspeita é confirmada por meio da sorologia. 
 
➔ Tratamento: 
O tratamento é de suporte, prestando atenção na 
plaquetopenia e na possível necessidade de transfusão de 
plaquetas, na vigência de sangramento ativo. 
EXANTEMA SÚBITO (ROSÉOLA INFANTIL) 
➔ Etiologia: Herpes vírus 6 e 7. 
➔ Mecanismo de transmissão: Contato com secreções 
respiratórias. 
 
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5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC PEDIATRIA 
JULIANA OLIVEIRA➔ Período de incubação: Cerca de 10 dias. 
➔ Características: 
Exantema maculopapular 
eritematoso que surge 
do centro para a 
periferia começando em 
região de tórax e se 
expandindo para face e 
membros. 
➔ Sintomatologia: 
▪ Febre alta → exantema surge com a resolução da 
febre. 
▪ Irritabilidade 
▪ Prostração. 
 
➔ Diagnóstico: 
Clínico. Não é preciso fazer sorologia visto que o quadro 
clínico é bem sugestivo. 
➔ Tratamento: 
Tratamento de suporte, objetivando cessar os sintomas. 
 
➔ Complicações: 
▪ Encefalite. 
VARICELA 
➔ Etiologia: Vírus varicela zoster. 
➔ Mecanismo de transmissão: Via aérea e contato com 
líquido da vesícula. 
➔ Período de incubação: 14 a 21 dias. 
➔ Período de transmissão: 2 dias antes do exantema até a 
fase crostosa. 
➔ Sintomatologia: 
▪ Febre 
▪ Astenia 
▪ Anorexia 
▪ Exantema: Manchas → pápulas → vesículas que 
eclodem e viram crostas, nesse período tem-se prurido 
intenso. 
 
 
Obs: A varicela tende a poupar palma da mão e planta dos 
pés. 
 
➔ Tratamento: 
De suporte, objetivando cessar os sintomas. 
▪ Permanganato de potássio: 
É utilizado como um cicatrizante ou bactericida, além de 
diminuir o prurido associado. Evitando uma infecção 
secundária. 
▪ Álcool canforado ou anti-histamínico: 
Objetiva reduzir o prurido que se dá devido a um processo 
inflamatório. 
▪ Banho de aveia para acalmar as lesões. 
 
➔ Prevenção: 
Vacina, que sofre alteração do sistema privado para o 
público. 
Público: 2 doses 
A imunização pode ser feita com a tetra viral (sarampo, 
rubéola, caxumba e varicela) ou varicela, depende do que 
tem. 
1 dose com 15 meses. 
Reforço aos 4 anos. 
 
Privado: 3 doses 
Vacina com 12 meses, reforço aos 15 meses e novo reforço 
aos 4 anos. 
 
➔ Complicações: 
▪ Infecções secundárias, por isso deve-se lavar as lesões 
com água e sabão. 
▪ Encefalite. 
▪ Imunossupressos: Tem-se uma forma mais disseminada 
que cursa com um quadro hemorrágico. 
▪ Síndrome de Hailey: Em decorrência do uso de AINE, 
principalmente o AAS. 
MONONUCLEOSE INFECCIOSA 
➔ Etiologia: Epstein-Barr (80% dos 
casos), citomegalovírus, vírus da 
imunodeficiência adquirida, vírus 
da hepatite B, toxoplasma gondii. 
➔ Mecanismo de transmissão: 
Contato com secreções 
respiratórias. 
➔ Período de incubação: Cerca de 
10 dias. 
➔ Sintomatologia: 
▪ Febre. 
▪ Linfonodomegalia generalizada 
▪ Hepatoesplenomegalia 
▪ Faringoamigdalite: Apresenta amígdala hipertrofiada e 
hiperemiada apresentando secreção esbranquiçada. 
▪ Erupção cutânea 10 a 15% → surge em resposta ao uso 
de ATB (penicilinas) em um caso viral, visto que a 
faringoamigdalite é confundida com uma causa 
bacteriana. 
▪ Apresenta um exantema variável, podendo ser: 
maculopapular, petéquias, papulovesiculares, 
escarlatiniformes e urticariformes. 
 
➔ Diagnóstico: 
Feito através do quadro clínico e podemos solicitar 
sorologia específica para o que se acredita que seja a causa. 
 
 
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5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC PEDIATRIA 
JULIANA OLIVEIRA 
 A linfonodomegalia pode persistir mesmo após a resolução 
do quadro. 
➔ Tratamento: 
Tratamento de suporte. 
ENTEROVIROSES 
➔ Etiologia: RNA-virus (coxsackie) e outros enterovírus. 
➔ Mecanismo de transmissão: Via fecal-oral. 
➔ Período de incubação: 3 a 6 dias. 
Deve-se chamar atenção para as creches, realizando a 
higiene adequada das mãos das crianças. 
➔ Sintomatologia: 
Síndrome mão pé boca, a qual é causada por um vírus 
coxsackie e é marcada por um exantema mais vesicular 
com predomínio das lesões em palma das mãos e planta 
dos pés. Tem-se ainda o acometimento perioral e mucosa 
oral. Há lesões ulceradas em cavidade oral com lesões 
vesiculares em palma da mão, planta dos pés, região 
perioral e pode acometer as nádegas. 
 
➔ Características: 
Cursa com um exantema variável, podendo ser 
maculopapular, vesicular, petequial ou urticariforme. 
 
➔ Diagnóstico: Clínico! 
➔ Tratamento: 
Tratamento de suporte, realizando o controle da febre e 
uso do banho de aveia para estar acalmando essas lesões. 
➔ Prevenção: 
Higiene das mãos. 
FEBRES HEMORRÁGICAS 
➔ Etiologia: Arbovírus (flavoviridae). 
Sendo a dengue, zika e chikungunya as mais comuns. 
➔ Transmissão: Picada do mosquito aedes aegypti, mas a 
zika e chikungunya podem ser transmitidas de outra 
maneira. 
➔ Período de incubação: 4 a 7 dias. 
 
 
 
 
 
 
➔ Sinais de alarme na dengue: 
▪ Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e 
contínua. 
▪ Vômitos persistentes. 
▪ Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame 
pericárdico). 
▪ Hipotensão postural e/ou lipotimia. 
▪ Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo 
costal. 
▪ Sangramento de mucosa. 
▪ Letargia e/ou irritabilidade. (alteração do sensório) 
▪ Aumento progressivo do hematócrito. 
(hemoconcentração). 
 
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5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC PEDIATRIA 
JULIANA OLIVEIRA 
 Referência sobre diagnóstico e manejo clínico da dengue: 
 
 
 
 
 
Referência sobre as viroses exantemáticas:

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