Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
UNIME 2019.1 
Nascimento, crescimento 
e desenvolvimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
Problema 1 – Intermediária 
1. Elucidar os fluxogramas de atendimento do RN até 15 dias de vida 
2. Explanar as escalas de avaliação de vitalidade do RN 
3. Descrever as alterações morfofisiológivas cardiopulmonares perinatais 
4. Discorrer a fisiopatologia dos fatores perinatais relacionados ao sofrimento fetal e materno 
5. Aclarar o mecanismo de ictericia fisiológica neonatal 
6. Explicar as alterações fisiológicas da pele do RN 
Problema 1 – fechamento 
1. Explanar a conduta do RN após o parto (alojamento e transporte) 
2. Explicar como ocorrea primeira consulta de puericultura e sua importância 
3. Discorrer sobre a triagem neonatal disponível pelo SUS e complementares bem como seus dados epidemiológicos 
4. Elucidar a fisiopatologia das causas de cólicas no lactente, seu diagnóstico e tratamento 
Problema 2 – intermediária 
1. Explanar a morfisiologia da mama e a síntese do leite e sua composição bioquímica e imunológica 
2. Elucidar a importância do aleitamento materno para o lactente e lactante e sua técnica 
3. Discorrer os benefícios e os prejuízos que os diferentes tipos de leite oferece ao lactente 
4. Caracterizar os planos nutricionais para crianças de até 1 ano bem como seus distúrbios alimentares 
5. Explicar o desenvolvimento do bebê de 1 ano bem como suas escalas de acompanhamento 
Problema 2 – fechamento 
1. Elucidar os recursos humanos e físicos que compõe a creche, bem como sua influência no desenvolvimento infantil 
2. Explanar o quadro, diagnóstico e tratamento de dermatite de fralda e de erros nutricionais com enfoque no refluxo 
3. Explanar a importância da puericutura no acompanhamento infantil 
Problema 3 – fechamento 
1. Descrever como ocorre o desenvolvimento do sistema imune da criança até sua completa maturação 
2. Elucidar a etiologia, fisiopatologia e diagnóstico das principais infecções de VAS em crianças 
3. Discorrer as indicações e contraindicações, tipos e efeitos colaterais das vacinas do calendário do MS e complementares 
(SBP e SBIm) para criança 
4. Explanar sobre o desenvolvimento cognitivo e da habilidade socioemocional da criança na pré-escola e suas escalas de 
acompanhamento 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
Problema 4 – fechamento 
1. Elucidar a desnutrição energético-proteica e suas consequências relacionando com as medidas antropométricas bem como a 
fisiopatologia da anemia ferropriva 
2. Discorrer o papel do Bolsa Família no controle da desnutrição 
3. Explanar os acidentes domésticos infantins mais recorrentes bem como a correta orientação para sua prevenção 
4. Relacionar os direitos maternos frente à situações de agravos de saúde 
Problema 5 – fechamento 
1. Explanar a fisiopatologia, as manifestações clínicas e diagnósticos das principais enteroparasitoses: teníase, ascaridíase, 
ansilostomíase, gíardíase, amebíase e enterobiose 
2. Descrever a profilaxia e o mecanismo de ação e os efeitos colaterais do tratamento para enteroparasitas 
3. Elucidar os principais déficiits de aprendizagem em escolares de 5 à 10 anos 
Problema 6 – fechamento 
1. Explanar o desenvolvimento fisiológico da puberdade relacionamento com a escala de Tunner 
2. Elucidar os aspectos psicossociais e afetivos na adolescência bem como seus direitos de acordo com o ECA 
3. Discorrer os principais transtornos alimentares na adolescência 
4. Descrever o consumo de substâncias ilícitas e lícitas na adolescência 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
atendimento ao recém-nascido 
O preparo para atender o RN na sala de parto consiste na realização de anamnese materna, na disponibilidade do 
material necessário e na presença de equipe treinada em reanimação neonatal. Condições clínicas maternas, 
intercorrências na gravidez, no trabalho de parto ou parto e problemas com a vitalidade fetal chamam a atenção 
para a possibilidade de a reanimação ser necessária. 
Todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, 
antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação 
e administração de medicações e está regulamentado pela portaria do Ministério da Saúde 371/2014. 
Considerando-se a frequência de RN que precisam de algum procedimento de reanimação e a rapidez com que essas 
manobras devem ser iniciadas, é fundamental que pelo menos um profissional capaz de iniciar de forma adequada a 
reanimação neonatal esteja presente em todo parto, de preferência o pediatra. Quando se antecipa o nascimento de 
um concepto de alto risco, podem ser necessários dois a três profissionais treinados e capacitados a reanimar o 
RN de maneira plena, rápida e efetiva, pelo menos um deles pediatra. No caso do nascimento de gemelares, é 
importante dispor de material e equipe próprios para cada criança. 
Para a recepção do RN, utilizar as precauções-padrão que compreendem a lavagem/higienização correta das mãos 
e o uso de luvas, aventais, máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com material biológico 
do paciente 
AVALIAÇÃO DA VITALIDADE AO NASCER 
A reanimação depende da avaliação simultânea da respiração e da frequência cardíaca (FC). A FC é o principal 
determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve 
respirar de maneira regular, suficiente para manter a FC acima de 100 bpm. A FC deve ser avaliada inicialmente por 
meio da ausculta do precórdio com estetoscópio. Se há necessidade de qualquer procedimento de reanimação, a 
avaliação da FC é feita por meio do monitor cardíaco com 3 eletrodos. A ausculta precordial, a palpação do cordão e 
o sinal de pulso na oximetria podem subestimar a FC. 
Quanto ao boletim de Apgar, este não é indicado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem 
instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aplicação permite avaliar a resposta do RN às manobras 
realizadas e a eficácia dessas manobras. Se o escore é inferior a 7 no quinto minuto, recomenda-se realizá-lo a cada 
5 minutos, até 20 minutos de vida. 
Boletim de Apgar 
Consiste na avaliação de 5 sinais no primeiro, no quinto e no 
décimo minuto após o nascimento, atribuindo-se a cada um 
dos sinais uma pontuação de 0 a 2. Os sinais avaliados são 
a frequência cardíaca, a respiração, o tônus muscular, a cor 
da pele e a presença de reflexos. O somatório da pontuação 
resultará no Índice de Apgar: Apgar 8 a 10 significa que o 
bebê nasceu em ótimas condições. Apgar 5 a 7 significa que 
o bebê apresentou uma dificuldade leve. Apgar 3 a 4 traduz 
uma dificuldade de grau moderado e Apgar 0 a 2 aponta uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades 
persistirem durante alguns minutos sem tratamento, podem levar a alteraç ões metabólicas no organismo e anóxia. 
A presença de mecônio é agravante. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO A TERMO COM BOA VITALIDADE AO NASCER 
Se, ao nascimento, o RN é de termo, está respirando ou chorando, com tônus muscular em flexão, 
independentemente do aspecto do líquido amniótico meconial, ele não necessita de qualquer manobra de 
reanimação. 
O contato pele a pele com a mãe imediatamente após o nascimento reduz o risco de hipotermia em RN a termo com 
boa vitalidade, desde que cobertos com campos pré-aquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, 
pois se associaa um período maior de amamentação, melhor interação mãe‑bebê e menor risco de hemorragia 
materna. 
PASSOS INICIAIS DA ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Pacientes com idade gestacional diferente do termo (< 37 semanas ou ≥ 42 semanas) e aqueles de qualquer idade 
gestacional que não iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou aqueles cujo tônus muscular está flácido 
precisam ser conduzidos à mesa de reanimação, indicando-se os seguintes passos: prover calor, posicionar a cabeça 
em leve extensão, aspirar boca e narinas, se necessário, e secar o paciente. Esses passos devem ser executados 
em, no máximo, 30 segundos. 
Temperatura corporal 
O primeiro passo consiste em manter a temperatura corporal entre 36,5 e 37,5°C. 
Para diminuir a perda de calor, é importante pré-aquecer a sala de parto e a sala em 
que serão realizados os procedimentos de reanimação, mantendo temperatura 
ambiente de 23 a 26°C. Após o clampeamento do cordão, o RN é recepcionado em 
campos aquecidos e colocado sob calor radiante. Em pacientes com idade 
gestacional < 34 semanas, recomenda-se o uso do saco plástico transparente de 
polietileno de 30 x 50 cm. Assim, logo depois de posicionar o recém-nascido sob fonte de calor radiante e antes de 
secar, introduz-se o corpo, exceto a face, dentro do saco plástico e, a seguir, realizam-se as manobras necessárias. 
Essa prática deve ser suplementada pelo emprego de touca dupla (plástico e lã/algodão) para reduzir a perda de 
calor na região da fontanela. Nos neonatos com idade gestacional ≥ 34 semanas, após a colocação sob fonte de 
calor radiante e a realização das medidas para manter as vias aéreas permeáveis, secar o corpo e a região da 
fontanela e desprezar os campos úmidos. Cuidado especial deve ser dirigido no sentido de evitar 
a hipertermia, pois pode agravar a lesão cerebral em pacientes asfixiados. 
Extensão da cabeça 
A fim de manter a permeabilidade das vias aéreas, posiciona-se a cabeça do RN com uma leve 
extensão do pescoço. Evitar sua hiperextensão ou flexão exagerada. Por vezes, é necessário 
colocar um coxim sob os ombros do paciente para facilitar o posicionamento adequado da cabeça. 
Aspiração da boca e narinas 
Na sequência, se houver excesso de secreções nas vias aéreas, a boca e depois as narinas 
são aspiradas delicadamente com sonda traqueal conectada ao aspirador a vácuo, sob 
pressão máxima aproximada de 100 mmHg. A aspiração da hipofaringe deve ser evitada, 
pois pode causar atelectasia, trauma e prejudicar o estabelecimento de uma respiração 
efetiva. 
Uma vez feitos os passos iniciais da reanimação, avaliam-se a respiração e a FC. Se houver 
vitalidade adequada, com respiração rítmica e regular e FC > 100 bpm, o RN deve receber 
os cuidados de rotina na sala de parto. Se o paciente, após os passos iniciais, não 
apresenta melhora, indica-se a ventilação com pressão positiva, a colocação dos eletrodos 
do monitor cardíaco e do sensor neonatal do oxímetro de pulso. 
Ventilação com pressão positiva 
O ponto crítico para o sucesso da reanimação neonatal é a ventilação pulmonar adequada, com a finalidade de inflar 
os pulmões do recém-nascido e, com isso, levar à dilatação da vasculatura pulmonar e à hematose apropriada. 
Assim, após os cuidados para manter a temperatura e a permeabilidade dasvias aéreas, a presença de apneia, 
respiração irregular e/ou FC < 100 bpm indica a VPP, que precisa ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida 
(“minuto de ouro”). A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do 
RN em sala de parto. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Para discutir a VPP, é necessário entender qual a concentração de oxigênio suplementar a ser utilizada, como 
controlar a oferta de oxigênio, quais os equipamentos disponíveis para as ventilação efetiva e qual a técnica 
recomendada. 
Para ventilar o RN, é necessário decidir a concentração de oxigênio a ser ministrada. Após os passos iniciais, se o 
RN ≥ 34 semanas apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm, iniciar a ventilação com ar ambiente. 
Uma vez iniciada a ventilação, monitorar a oferta do oxigênio suplementar pela 
oximetria de pulso. Aplicar o sensor neonatal na região do pulso radial do 
membro superior direito e, a seguir, conectá-lo ao cabo do oxímetro. A leitura 
confiável da saturação de oxigênio (SatO2) demora 1 a 2 minutos após o 
nascimento, desde que haja débito cardíaco suficiente, com perfusão 
periférica. Os valores desejáveis de SatO2 variam de acordo com o tempo de 
vida. A concentração de oxigênio oferecida deve ser ajustada por meio de um blender, de acordo com a SatO2 
desejável. Quando o RN ≥ 34 semanas não melhora e/ou não atinge os valores desejáveis de SatO2 com a VPP em ar 
ambiente, recomenda-se, em primeiro lugar, rever a técnica da ventilação. A necessidade de oxigênio suplementar 
em RN ≥ 34 semanas é excepcional se a VPP é feita com a técnica adequada. 
Em relação aos nascidos com idade gestacional abaixo de 34 semanas, as pesquisas ainda não responderam qual 
a concentração de oxigênio ideal para sua reanimação. Se, por um lado, o uso de ar ambiente na ventilação de 
prematuros, durante a reanimação em sala de parto, pode não ser suficiente para que esses pacientes atinjam uma 
oxigenação adequada, o emprego de oxigênio a 100% pode ser excessivo e deletério, contribuindo para lesões 
inflamatórias em pulmões e sistema nervoso central. Recomenda-se, atualmente, utilizar a concentração inicial de 
30%, aumentando-a ou reduzindo-a por meio de um blender, de modo a manter a FC > 100 bpm nos minutos iniciais 
de vida e a SatO2 nos limites. Só se deve aumentar a oferta de oxigênio depois de certificar-se de que a técnica da 
ventilação está adequada. 
A indicação da entubação no processo de reanimação depende da habilidade e da experiência do profissional 
responsável pelo procedimento. Em mãos menos experientes, existe um elevado risco de complicações como 
hipoxemia, apneia, bradicardia, pneumotórax, laceração de tecidos moles, perfuração de traqueia ou esôfago, além 
de maior risco de infecção. Vale lembrar que cada tentativa de entubação deve durar, no máximo, 30 segundos. Em 
caso de insucesso, o procedimento é interrompido e a VPP com balão e máscara é iniciada, sendo realizada nova 
tentativa de entubação após estabilizar o paciente. 
A confirmação da posição da cânula é obrigatória, podendo ser realizada por meio da inspeção do tórax, ausculta 
das regiões axilares e gástrica e observação da FC. Entretanto, o método preferencial para confirmar a posição da 
cânula é a detecção de dióxido de carbono (CO2) exalado, por ser objetivo e rápido. A técnica colorimétrica é a mais 
utilizada, com o detector pediátrico posicionado entre o conector da cânula e o balão/ventilador. A única situação 
em que essa técnica apresenta resultados falso-negativos ocorre quando há má perfusão pulmonar. 
Após a entubação, inicia-se a ventilação com balão autoinflável na mesma frequência e pressão descritas para a 
ventilação com balão e máscara. Considera-se que houve melhora se o RN apresentar FC > 100 bpm e movimentos 
respiratórios espontâneos e regulares. Nessa situação, a ventilação é suspensa e o RN extubado. Há falha se, após 
30 segundos de VPP com balão e cânula traqueal, o RN mantém FC < 100 bpm ou não retoma a respiração 
espontânea. Nesse caso, verificar a posição da cânula, a permeabilidade das vias aéreas e a pressão no balão, 
corrigindo o que for necessário. Quando o RN mantém a apneia ou a respiração irregular, a entubação e a ventilação 
devem ser mantidas e, em seguida, o paciente é levado à unidadede terapia intensiva neonatal em incubadora 
própria para o transporte. Se o RN mantém a FC < 60 bpm, está indicada aoferta de oxigênio suplementar e a 
massagem cardíaca. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Massagem cardíaca 
A asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, 
bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. A ventilação adequada reverte esse quadro na maioria dos pacientes. 
A massagem cardíaca só é iniciada se, após 30 segundos de VPP com técnica adequada e uso de oxigênio 60 a 
100%, o RN persistir com FC < 60 bpm. Como a massagem cardíaca diminui a eficácia da ventilação, as 
compressões só devem ser iniciadas quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem bem estabelecidas. 
A compressão cardíaca é realizada no terço inferior do esterno por meio da técnica dos dois polegares, com os 
polegares sobrepostos posicionados logo abaixo da linha intermamilar, poupando-se o apêndice xifoide. As palmas 
das mãos e os outros dedos devem circundar o tórax do RN. Comprimir 1/3 da dimensão anteroposterior do tórax, 
de maneira a produzir um pulso palpável. É importante permitir a expansão plena do tórax após a compressão para 
que ocorra o enchimento das câmaras ventriculares e das coronárias; no entanto, os dedos não devem ser retirados 
do terço inferior do tórax. As complicações da massagem cardíaca incluem a fratura de costelas, com pneumotórax 
e hemotórax, e a laceração de fígado. 
No RN, a ventilação e a massagem cardíaca são realizadas de forma sincrônica, mantendo-se uma relação de 3:1, 
ou seja, de ventilação, com uma frequência de 120 eventos por minuto (90 compressões e 30 ventilações por 
minuto). A massagem deve continuar enquanto a FC estiver < 60 bpm. Lembrar que a VPP durante a massagem 
cardíaca deve ser aplicada por cânula traqueal e oxigênio a 100%. É importante manter a qualidade das compressões 
cardíacas (localização, profundidade e ritmo), interrompendo a massagem apenas para oferecer a 
ventilação. Deve-se manter a massagem cardíaca coordenada à ventilação por 60 segundos, antes de reavaliar a 
FC, pois este é o tempo mínimo para que a massagem cardíaca efetiva possa restabelecer a pressão de perfusão 
coronariana. 
A melhora é considerada quando, após a VPP acompanhada de massagem cardíaca, o RN apresenta FC > 60 bpm. 
Nesse momento, interrompe-se apenas a massagem cardíaca. Caso o paciente apresente respirações espontâneas 
regulares e a FC atinja valores > 100 bpm, a ventilação também é suspensa. Em geral, quando o paciente recebeu 
massagem cardíaca na sala de parto, é prudente transportá-lo entubado à UTI neonatal em incubadora de transporte, 
com concentração de oxigênio suficiente para manter a SatO2 nos limites desejáveis, sendo a extubação decidida 
de acordo com a avaliação global do RN na unidade. 
Medicações 
A bradicardia neonatal é, em 
geral, resultado da insuflação 
pulmonar insuficiente e/ou de 
hipoxemia profunda. A 
ventilação adequada é o passo 
mais importante para corrigir a 
bradicardia. Quando a FC 
permanece < 60 bpm, a 
despeito de ventilação efetiva 
por cânula traqueal com 
oxigênio a 100% acompanhada 
de massagem cardíaca adequada por no mínimo 60 segundos, o uso de adrenalina e, eventualmente, do expansor 
de volume está indicado. Bicarbonato de sódio, naloxone, atropina, albumina e vasopressores não são recomendados 
na reanimação do RN em sala de parto. A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a 
endovenosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido apenas 1 
ou 2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização em nível hepático. Também é preciso 
cuidado na manipulação do cateter para que não ocorra embolia gasosa. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, enquanto o 
cateter venoso está sendo inserido, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível e a resposta, 
em geral, é insatisfatória. A adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva 
não elevaram a FC acima de 60 bpm. Recomenda-se sua administração por via endovenosa na dose de 0,01 a 0,03 
mg/kg. Doses elevadas de adrenalina (> 0,1 mg/kg) não devem ser empregadas, pois levam à hipertensão arterial 
grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico. Quando não há reversão da bradicardia com o 
uso da adrenalina, pode-se repeti-la a cada 3 a 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar o uso do 
expansor de volume caso o paciente esteja pálido ou existam evidências de choque. 
O expansor de volume pode ser necessário em RN com hipovolemia. A suspeita é feita se há perda de sangue e/ou 
se existem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não houve resposta 
adequada da FC às outras medidas de reanimação. A expansão de volume é feita com soro fisiológico a 0,9% na 
dose de 10 mL/kg, que pode ser repetida a critério clínico. Administrar o volume lentamente, em especial nos 
prematuros, pois a expansão rápida da volemia se associa à hemorragia intracraniana. 
Com o uso do expansor, espera-se o aumento da pressão arterial e a melhora dos pulsos e da palidez. Se não houver 
resposta, deve-se verificar a posição da cânula traqueal, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade 
da via de acesso vascular. 
CUIDADOS DE ROTINA APÓS A ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA DO RN NA SALA DE PARTO 
Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados em 
sequência: 
× Laqueadura do cordão umbilical: Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto 
com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso 
utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de 
artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. 
× Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé: Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou 
umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. 
Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada 
olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que 
o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir 
o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser 
realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. 
× Antropometria: Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, 
torácico e abdominal. 
× Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K: Administrar 1mg de vitamina K1por via 
intramuscular ou subcutânea ao nascimento. 
× Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal: Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para 
determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de 
rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs 
indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. 
× Realização da sorologia para sífilis e HIV: Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. 
Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não 
estiver disponível no dia do parto, deve-se fazer o teste rápido paraanti-HIV o mais breve possível, e 
administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do capítulo 1) regulamenta a 
identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital exame físico morfológico e da 
impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e 
no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. 
Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Caso haja a 
necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, 
antes do transporte. 
AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL 
O melhor método para avaliação da idade gestacional é a regra de Naegelle, que utiliza a data da última menstruação 
para o cálculo. No primeiro trimestre, o comprimento cabeça-nádega é a medida que melhor se correlaciona com a 
idade gestacional, e no segundo trimestre costuma- se usar como parâmetro o diâmetro bi parietal ou o 
comprimento do fêmur. Uma terceira ferramenta para se avaliar a idade gestacional é através do exame físico 
somático e neurológico do recém-nascido, cujos achados apresentam correspondência com seu grau de maturidade. 
Características clínicas neonatais e seu período de aparecimento e desaparecimento: 
× Verniz caseoso – surge entre 20 e 24 semanas. Começa a diminuir em torno de 36 semanas, desaparecendo 
com 41 semanas. Embora a quantidade presente ao nascimento esteja correlacionada com a idade 
gestacional, isso pode ser modificado pela nutrição fetal. 
× Pregas plantares – entre a 32ª e 34ª semanas de gestação uma única prega transversa anterior está 
presente. Com 37 semanas, dois terços da planta apresentam pregas; e, com 41 semanas, o calcanhar 
encontra-se enrugado. 
× Descamação da pele – ocorre mais comumente no pós-termo. 
× Coloração e textura da pele – com 37 semanas os vasos são visíveis. A deposição de gordura que ocorre 
entre 36-40 semanas, dá à pele uma aparência arredondada. 
× Lanugem – surge em torno da 20a semana da gestação. Em torno de 28 semanas, começa a desaparecer 
na face e na parte superior do tronco e, a termo, ainda costuma estar presente nos ombros. 
× Cabelos – surgem a partir de 20 semanas. 
× Olhos – as pálpebras se fundem no terceiro mês de vida e só reabrem entre 28-30 semanas. 
× Orelhas – antes de 34 semanas são formadas por uma espessa dobra de pele, de pequeno formato sem 
cartilagem. Com 34 semanas, elas ganham turgor, sendo observada a formação da cartilagem. Nessa fase, 
as orelhas começam a encurvar pela parte superior. Na 40a semana, o encurvamento é total, do topo ao 
lobo, com as orelhas apresentando consistência firme, mantendo-se saliente na cabeça. 
× Desenvolvimento mamário – a aréola começa a fazer relevo em torno da 34ª semana. Na 36ªsemana, um 
nódulo mamário de 1-2 mm pode ser palpado. Este aumenta semana a semana, até atingir 10-12 mm. 
× Genitália – Masculina: o início da descida dos testículos ocorre entre 32-36 semanas. Na 37ª semana, 
encontram-se na parte superior da bolsa escrotal. Com 40 semanas descem completamente. Feminina: no 
início da gestação, o clitóris é proeminente e os grandes lábios são pequenos. Com 40 semanas, 
coincidentemente com a deposição de gordura, os grandes lábios aumentam, cobrindo os pequenos lábios 
e o clitóris. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ao longo do tempo diversos escores clínicos foram confeccionados com o objetivo de se avaliar a idade gestacional, 
sendo os mais utilizados os métodos de Dubowitz, Capurro e New Ballard. O escore de Dubowitz (1970) utiliza 11 
critérios físicos externos e 10 critérios neurológicos para estimar a idade gestacional ao nascimento. Pode ser 
realizado até o 5º dia de vida e tem boa acurácia. Capurro e colaboradores criaram outro método a partir da 
simplificação do método de Dubowitz, utilizando para isso apenas cinco (Capurro Somático) ou seis características 
clínicas (Capurro Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas 4-6 primeiras horas de vida em 
neonatos a partir de 29 semanas de vida. 
Com a mesma intenção de criar uma forma de cálculo mais fácil, Ballard e colaboradores selecionaram apenas seis 
características somáticas e seis neurológicas do método de Dubowitz para confeccionar outro escore. O Ballard 
tem boa precisão e apresenta um grau de simplicidade intermediário. Em 1991 propôs-se uma modificação do 
Ballard original, através da atribuição de pontuação -1 e -2 para que pudesse ser aplicável em bebês prematuros. O 
New Ballard é bastante preciso quando aplicado até 12-20 horas após o nascimento, pode ser aplicado em 
prematuro extremo, requer pouca manipulação e 
sofre pouca influência por depressão neurológica. 
Atualmente, é o escore de avaliação de idade 
gestacional mais utilizado em prematuros e 
neonatos a termo. 
Método de Capurro 
Realizado após o nascimento da criança, o método 
ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de 
cinco fatores para determinar a idade gestacional do 
recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas 
plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo 
e formação da orelha. Cada um dos itens possui um 
nível de desenvolvimento de acordo com a IG. 
Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, 
assinalando a pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O 
resultado desse cálculo será dividido por 
7, obtendo assim o número de semanas 
da idade gestacional. 
O escore de Capurro é utilizado para 
determinar a IG quando as mães 
desconhecem a data da última 
menstruação (DUM) e não realizaram a 
ultrassonografia gestacional precoce 
(até 14 semanas). Os métodos citados 
acima (DUM e USG transvaginal precoce) 
possuem uma precisão maior, sendo 
preferíveis para essa análise. 
New Ballard 
Para obter um resultado com maior 
precisão, o exame físico do bebê deve ser 
realizado entre 12 e 20 horas após o 
nascimento. Para determinar a idade 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
gestacional, o New Ballard avalia seis parâmetros neurológicos e 
seis físicos. O profissional responsável pelo exame atribui uma 
nota para cada indicador, conforme a tabela de parâmetros, cuja 
somatória determina a IG do recém-nascido. 
Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da 
pontuação correspondente a todos os parâmetros avaliados. Na 
tabela abaixo, correlacionamos a idade gestacional (semanas e 
dias) à somatória encontrada. 
Dubowitz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
modificações na vida extrauterina 
FISIOLÓGICAS 
Antes do nascimento, o feto é absolutamente dependente da mãe para suas funções vitais. Após o nascimento, e 
com o clampeamento do cordão umbilical, o recém-nascido necessita assumir as funções fisiológicas, antes 
realizadas pela placenta, passando pelo período de transição, que compreende suas primeiras 24 horas de vida. A 
maioria dos bebês, tem seu processo de transição cumprido nas primeiras 4 a 6 horas de vida. 
Para a grande parte dos recém-nascidos, a transição para a vida extrauterina é suave e sem intercorrências, mas 
para alguns, é retardada ou difícil. O período imediato após o nascimento representa um dos mais difíceis do ciclo 
da vida humana, evidenciado pelofato de que mais de 50% da mortalidade infantil, acontece no período neonatal. E 
a metade dos óbitos ocorridos do 28° dia de vida até um ano de idade, são decorrentes de problemas sofridos nesse 
período. 
A adaptação do recém-nascido à vida extrauterina é favorecida pelo trabalho de parto, porque este ocasiona 
modificações nos sistemas e órgãos do feto. A via de parturição influencia no processo de adaptação, principalmente 
em relação sistema respiratório, onde problemas como doença da membrana hialina, má adaptação pulmonar, 
infecção, aspiração de mecônio e pneumotórax, ocorrem em maiores porcentagens em bebês nascidos por cesariana 
do que por via vaginal. O sistema cardiovascular também é afetado, onde a frequência cardíaca e os níveis de pressão 
sistólica e diastólica são mais elevados no parto vaginal nas primeiras 2 horas de vida. 
Devido ao estresse do nascimento, observa-se um considerável aumento dos níveis sanguíneos de catecolaminas 
(epinefrina e norepinefrina), onde se acredita que esse aumento seja responsável por algumas alterações que 
ocorrem durante o período de transição, como aumento do débito cardíaco e da contractilidade miocárdica, liberação 
de surfactante pulmonar, inibição da secreção de líquido pulmonar e promoção de sua reabsorção, estimulação da 
glicogenólise e indução da lipólise. 
Após o nascimento, ocorrem simultaneamente em todos os sistemas corporais do recém-nascido, ajustes 
fisiológicos dos sistemas orgânicos, e a viabilidade do concepto dependerá de sua rápida e adequada adaptação à 
vida extrauterina, onde as principais e imediatas adaptações da transição são a respiratória, a circulatória e a 
térmica. 
ADAPTAÇÃO CARDIOVASCULAR 
O sistema circulatório fetal funciona como se fosse duas bombas interligadas funcionando em paralelo, e após o 
nascimento, o arranjo dos ventrículos faz com que a circulação neonatal funcione como uma conexão em série. 
Durante o período de transição, a circulação fetal necessita sofrer modificações para se tornar uma circulação 
neonatal. Desde o início do desprendimento materno, com o pinçamento do cordão umbilical, as principais 
modificações são o desaparecimento da circulação placento-fetal, aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e 
fechamento dos shunts fetais. 
Quando o cordão umbilical é clampeado e o neonato tem sua primeira respiração, a resistência vascular sistêmica 
aumenta e o fluxo de sangue através do ducto arterioso declina. A maior parte do débito ventricular direito flui 
através dos pulmões favorecendo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo. Em resposta a um volume 
sanguíneo aumentado no coração e nos pulmões, a pressão atrial esquerda se eleva. Combinada com a resistência 
sistêmica elevada, essa elevação de pressão resulta em fechamento funcional do forame oval. Dentro de vários 
meses, o forame oval sofre fechamento anatômico. A instalação do esforço respiratório e os efeitos do aumento da 
pressão parcial de oxigênio arterial causam uma constrição do ducto arterioso, que fecha funcionalmente 15 a 24 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
horas após o nascimento. Em torno da terceira a quarta semana, esse desvio sofre fechamento anatômico. O 
clampeamento do cordão umbilical para o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, fechando funcionalmente essa 
estrutura. O ducto venoso se fecha anatomicamente em torno da primeira ou segunda semana. Após o nascimento, 
a veia e as artérias umbilicais não mais transportam o sangue e se obliteram. 
O fechamento funcional das estruturas cardíacas fetais (forame oval, canal arterial e ducto venoso), acontece 
progressivamente, e completa-se em torno de um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar 
semanas. Devido aos shunts fetais se fecharem funcionalmente antes de se fecharem anatomicamente, podem 
ocorrer aberturas intermitentes dessas estruturas, ocorrendo passagem de sangue não oxigenado do lado direito 
para o esquerdo do coração, levando o recém-nascido a apresentar uma cianose transitória e com o choro, aumenta 
a pressão da veia cava e átrio direito, que leva ao aparecimento de sopros. A simples presença de sopros não 
significa, necessariamente, a presença de um problema cardíaco, mas quando são acompanhados de cianose e 
sinais de dificuldade cardíaca e respiratória devem ser investigados. 
Na gestação, o sangue com O² retorna pela veia cava inferior, sendo ele proveniente dos segmentos inferiores do 
feto e da placenta, chegando ao feto com 67% de saturação de Hb. Ao átrio esquerdo, 66% do sangue chega pelo 
forame oval, que fica próximo à veia cava inferior, se misturando com sangue venoso e seguindo ao ventrículo 
esquerdo, de onde vai para circulação sistêmica pela aorta, que se conecta com artérias braquiocefálicas antes dos 
demais, favorecendo irrigação cefálica. Ao átrio direito, o terço restante se mistura ao proveniente da veia cava 
superior, segue ao ventrículo direito e saindo para tronco pulmonar com 58% de saturação. Contudo, como há a RVP, 
boa parte vai para aorta pelo canal arterial. 
No neonato, com a primeira respiração, a RVP cai e a resistência sistêmica aumenta, portanto, retorno venoso ao 
átrio direito diminui e o fluxo esquerdo aumenta. Deste modo, a pressão do lado esquerdo supera o direito, ocluindo 
o forame oval. Além disso, a pressão sistêmica excede a pulmonar, fazendo com que canal arterial tenha seu fluxo 
invertido da esquerda à direita, aumentando fluxo pulmonar, o que resulta em contração pela oclusão de canal 
arterial por aumento de O2 e liberação de prostaglandinas. A entrada da placenta leva à constrição de veia e artéria 
umbilicais e de canal umbilical. 
Só haverá dominância de ventrículo esquerdo após 3-6 meses, visto que ele vai se remodelando. Anastomoses 
broncopulmonares permitem desvio de sangue para a aurícula esquerda e as diferenças fásicas de pressão no canal 
arterial o desviam a este e forame oval. 
ADAPTAÇÃO RESPIRATÓRIA 
Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que 
seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém-nascido deve estabelecer sua respiração através dos 
alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. 
No decorrer da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão 
superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com 
que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias 
diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido (KENNER, 2001). 
Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco 
total. O início da função respiratória é estabelecido por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor 
e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros 
minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo 
sanguíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ao passar pelo canal vaginal no 
trabalho de parto, o tórax é 
comprimido, variando a pressão de 60 
a 100 cmH2O e acarreta em ejeção de 
30 a 100ml de fluido presente em vias 
aéreas menores e em prol da formação 
de pressão distensora, a qual promove 
insuflação. Quando o tronco passa, o 
RN faz respiração passiva pela retração 
da caixa torácica, seguida de 
forçamento glossofaríngeo, há redução 
de hipóxia e inibição de expiração. 
Também, a entrada dear cria a 
interface ar-líquido que colabaria vias 
aéreas se não existisse o surfactante 
e o reflexo Hering-Breuer (quando o 
pulmão é distendido pela inspiração, 
impulsos nervosos chegam ao pulmão 
e são transmitidos ao cérebro pelo 
nervo vago, causando a expiração). 
Deste modo, a primeira respiração tem 
como estímulo a asfixia (hipóxia, 
hipercapnia e acidose repiratória), luz, 
frio, ruídos, dor e gravidade. Ao ar 
entrar, há aumento de PO² alveolar, redução de RVP, de pressão alveolar, elevação de fluxo linfático. Desta forma, 
pressão hidrostática alveolar se reduz, causando eclusas nos vasos; oxigenação reduz tônus de arteríolas, logo, a 
pressão hidrostática capilar se eleva, enquanto a alveolar pericapilar reduz, promovendo transferência de ar dos 
capilares ao interstício. 
Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela 
boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 
24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido 
pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro 
dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido 
chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante 
do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-
nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos 
fluidos pulmonares por ar atmosférico. 
ICTERÍCIA DO RECÉM-NASCIDO 
Aproximadamente metade a dois terços do total dos recém-nascidos têm icterícia visível durante os primeiros dias 
de vida. Entretanto, todas as crianças nessa fase têm bilirrubina plasmática mais alta que a do adulto normal, fato 
este já observado no sangue do cordão. 
A bilirrubinemia aumenta durante alguns dias, atinge um ápice e começa a decrescer até que no fim da primeira 
semana, em recém-nascidos de termo e, um pouco mais tarde, em prematuros, a icterícia clínica desaparece. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ciclo da bilirrubina 
 
Transporte da bil irrubina no plasma 
A bilirrubina liberada para a corrente sanguínea é lipossolúvel, desconjugada, denominada "bilirrubina indireta". Para 
ser transportada na corrente sanguínea, liga-se principalmente à albumina formando complexos bilirrubina-albumina. 
Albumina tem alta afinidade por bilirrubina. Essa ligação, entretanto, pode sofrer a interferência de alguns fatores, 
tais como: 
× pH: em meio ácido a capacidade de ligação da bilirrubina à albumina apresenta-se diminuída; 
× idade gestacional: o recém-nascido tem capacidade duas a três vezes menor do que o adulto de ligação da 
bilirrubina à albumina. Essa anormalidade é transitória e parece que chega aos níveis de adulto após o 
segundo mês de idade; 
× substâncias presentes no soro: sulfas, salicilatos, cefalosporinas, ceftriaxona, moxalactam, furosemida, 
ácidos graxos livres e hematina podem competir com ou de alguma outra forma alterar a ligação da bilirrubina 
à albumina. 
A bilirrubina desconjugada, quando ligada à albumina, pode ser considerada de maneira geral não-tóxica aos tecidos. 
A bilirrubina indireta é eliminada da corrente sanguínea por meio da captação e conjugação hepática e excretada por 
meio da bile. 
Captação e conjugação da bil irrubina 
Ligada às proteínas, a bilirrubina é levada ao fígado e aí captada através da membrana do hepatócito. Provavelmente, 
o complexo bilirrubina-albumina dissocia-se ao nível da membrana do hepatócito, na qual a bilirrubina entra, e no 
citoplasma hepático liga-se às proteínas Y e Z, também chamadas ligandinas, que transportarão a bilirrubina até o 
retículo endoplasmático, no qual então será conjugada. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
No retículo endoplasmático, a bilirrubina combina-se enzimaticamente com o açúcar, o ácido 
uridinodifosfoglicurônico (UDPG), produzindo um novo pigmento, que é hidrossolúvel e suficientemente polar para 
ser excretado pela bile ou filtrado pelos rins. A esterificação com ácido glicurônico resulta em uma das duas formas 
de bilirrubina: 
× monoglicuronide, se houver conjugação com apenas um ácido glicurônico (na posição C8 ou C12), 
× diglicuronide, se houver conjugação com dois ácidos glicurônicos. 
A reação de conjugação é realizada na presença da enzima glicuroniltransferase e parece que o figado contém quatro 
tipos de glicuroniltransferase. 
A bilirrubina mono ou diglicuronide é hidrossolúvel, denominada bilirrubina direta é facilmente eliminada por meio da 
bile e quando em circulação sanguínea caminha Iivremente, sendo excretada pelos rins. 
Recentemente, um novo tipo de bilirrubina tem sido identificado, conjugada com ácido glicurônico, mas que, em 
circulação sanguínea, liga-se forte e covalentemente à albumina, não sendo excretada pelos rins. 
Excreção da bil irrubina 
Após conjugação, a bilirrubina vai rapidamente para os canalículos biliares atravessando a membrana hepatocítica 
por mecanismo ativo, contra o gradiente de concentração. Com a bile, a bilirrubina direta chega ao intestino delgado 
onde, no adulto e na criança maior, será reduzida à estercobilina pela presença de bactérias da flora local e uma 
pequena quantidade será hidrollsada para bilirrubina indireta e reabsorvida pela circulação enteropática. A fração 
reduzida a estercobilina também pode ser reabsorvida, mas será eliminada como urobilina pelos rins. 
No RN, a microbita intestinal está ausente até mais ou menos no final da primeira semana de vida, e a estercobilina 
e a urobilina não são 
detectáveis. Além disso, 
nessa fase da vida, a 
enzima denominada beta-
glicuronidase está 
presente ativamente e 
hidrolisa a bilirrubina 
conjugada até bilirrubina 
indireta, que será 
reabsorvida, aumentando 
assim a importância 
dessa via no período 
neonatal. 
Metabolismo fetal da bilirrubina 
Na vida fetal precoce, a bilirrubina formada é transportada ligada à alfa-fetoproteína, pois a concentração de 
albumina é muito baixa. O fígado fetal tem capacidade de conjugação muito limitada, aumentando com a idade 
gestacional; após 40 semanas, a quantidade de UDPG-T é aproximadamente 10 vezes maior em relação a idademais 
precoces (30 semanas), mas mesmo assim parece totalizar apenas 1 % dos valores de adultos. Valores semelhantes 
aos do adulto só são atingidos ao redor do terceiro mês de vida. Dessa forma, a bilirrubina indireta é excretada pela 
placenta, entrando na circulação materna. 
O líquido amniótico pode conter bilirrubina indireta em casos de hiperbilirrubinemia fetal, e isso é usado no 
seguimento de doença hemolítlca grave por Rh. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Como a bilirrubina vai do feto para o líquido amniótico é fato ainda desconhecldo e sugerem-se vias como secreção 
traqueal e de trato digestivo superior, difusão através de cordão umbilical e pele fetal. 
Icterícia própria do recém-nascido 
Trata-se de quadro comum, benigno e autolimitado. O termo tem sofrido restrições, mas ainda é muito utilizado. 
Reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. É uma condição clínica em geral benigna e reversível, 
mas sua acentuação exagerada pode ser danosa ao organismo. Vários mecanismos foram propostos para a 
instalação da icterícia fisiológica neonatal, e os mais importantes são os seguintes: 
× Aumento na produção de bilirrubina - por meio de dosagens de monóxido de carbono(que é produzido em 
razão equimolar à bilirrubina), pode-se demonstrar que o RN produz em média 8,5mg de bilirrubina/kg/dia, 
quantidade esta duas vezes superior à do adulto. Isso pode ser consequência de maior concentração de 
hemoglobina e menor sobrevida do eritrócito fetal. 
× Circulação enteropática - a ausência da flora bacteriana e o aumento da beta-glicuronidase no intestino 
criam condições para o aumento da reabsorção de bilirrubina desconjugada para a corrente sanguínea. 
Recentes estudos sugerem que a circulação enteropática da bilirrubina é um significante contribuinte para 
a icterícia fisiológica e processo que retardam a eliminação de mecônio intensificam e prolongam essa 
icterícia. 
× Diminuição da função hepática - no RN, as ligandinas, principalmente a Y, estão deficientes transitoriamente, 
chegando a níveis de adulto por volta do quinto dia de vida no RN de termo. A atividade da 
glicuroniltransferase está muito reduzida no período neonatal, chegando a níveis de 0,1 % nos primeiros 10 
dias de vida, subindo para 1% em relação ao adulto após essa idade, tanto em RN de termo como em pré-
termo. A atividade de UDPG-T atinge níveis de adulto entre a 6ª e 14ª semanas de vida. Pode ser que na fase 
inicial de hiperbilirrubinemia, fase 1, nos primeiros dias a deficiência de glicuroniltransferase seja fator 
principal e que posteriormente a deficiência de ligandinas passe a atuar (fase 2). Além disso, a excreção 
hepática é muito limitada no período neonatal. 
× Circulação hepática - após o nascimento, o hepatócito deixa de receber sangue bem oxigenado através de 
veia umbilical, passando a receber sangue pouco oxigenado dos vasos portais, o que pode provocar 
diminuição da capacidade hepática. Assim, parece que a icterícia fisiológica do recém-nascido é o resultado 
da capacidade diminuída de conjugação da bilirrubina (fase 1) e da captação hepática (fase 2) na presença 
de persistente aumento na carga de bilirrubina, em que a circulação enteropática tem importância 
fundamental. 
A icterícia fisiológica inicia-se após as primeiras 24 horas de vida, aumenta em distribuição corpórea e em 
intensidade, faz pico nos RN de termo entre o terceiro e o quinto dias e desaparece até o 10º dia de vida; nos RN 
pré-termo, o pico é entre o quinto e o sétimo dias de vida, o desaparecimento da icterícia ocorre até o 14º dia de 
vida. 
A icterícia fisiológica é mais visível quanto maior for o tecido celular subcutâneo, e isso se deve à maior difusão de 
bilirrubina em tecidos gordurosos. Na avaliação clínica do RN ictérico, é mais importante a observação constante e 
detalhada. Os níveis séricos de bilirrubina relacionam-se com a intensidade da coloração amarelada da pele. A 
icterícia torna-se visível a partir de níveis séricos de bilirrubina ao redor de 5 a6mg/dl. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
No RN, a intensidade da icterícia deve ser 
verificada e é subdividida em leve, moderada e 
acentuada. Além da intensidade, os níveis 
séricos de bilirrubina relacionam-se com a 
progressão craniocaudal da icterícia, isto é, ela 
se inicia na face (zona 1), quando os níveis 
séricos de bilirrubina se encontram pouco 
elevados. Progride para o tórax até o umbigo 
(zona 2), para o abdome (zona 3), depois para 
os membros, excetuando os pés e as mãos (zona 4) e, finalmente, até a palma das mãos e planta dos pés (zona 5), 
quando os níveis séricos de bilirrubina já se encontram bastante elevados, segundo classificação proposta por 
Kramer. 
Dessa maneira, a icterícia mais branda é aquela que se encontra apenas na face de maneira leve, enquanto a mais 
intensa se encontraria na zona 5, acentuada. Deve-se ressaltar que esse zoneamento da icterícia é um parâmetro 
subjetivo e não é tão preciso nos RN que não sejam da raça branca ou naqueles que se encontram em fototerapia. 
Uma série de outros fatores (mais considerados como condições patológicas) está associada a aumento ou 
diminuição dos níveis séricos da bilirrubina da icterícia fisiológica. Os fatores associados a aumento nos níveis da 
bilirrubina neonatal são: 
× Inferência genética - orientais, indígenas norte-americanos e gregos têm níveis mais elevados de bilirrubina 
que o restante da população. 
× Fatores maternos - diabetes materno, deficiência de zinco e magnésio, uso provável de ocitocina, de 
diazepam, de bupivacaína e de betametasona podem elevar os níveis de bllirrubina. 
× Fatores perinatais - hipóxia, clampeamento tardio do cordão, coleções sangüíneas, jejum e deprivação 
calórica, presença de estase meconial e uso de detergentes fenólicos relaclonam·se com maiores níveis de 
bilirrubinemia. 
Entre os fatores que podem associar-se a menores níveis de bilirrubinemia, destacam-se a alimentação precoce e 
frequente (por aumentar o tempo de trânsito intestinal, fornecer calorias, evitar perda de peso) e a rápida eliminação 
de mecônio (por agir na circulação enteropática). 
No manuseio da icterícia "fisiológica" do RN, sempre que possível devemos evitar os fatores associados aos maiores 
níveis de bilirrubinemia e também utilizar aqueles que comprovadamente areduzem. 
Icterícia PRECOCE 
O diagnóstico de icterícia incidindo nas primeiras 24 horas de vida é o de doença hemolítica do RN até prova em 
contrário, cuja investigação deve incluir prova de Coombs direta, hemograma com contagem de reticulócitos, com 
especial referência à alteração da forma das hemácias, além de tipagem sangüínea da mãe e do RN, e bilirrubinemia. 
Se a prova de Coombs direta for positiva, o diagnóstico de doença hemolítica por Rh ou um dos antígenos raros será 
provável. Caso a prova seja negativa, não estará excluída a doenca ou a isoimunização por grupo ABO naqueles RN A 
ou B. filhos de mães O. A prova de Coombs direta é geralmente negativa na incompatibilidade ABO, mas pode ser 
positiva com técnicas especiais. 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Icterícia tardia 
A icterícia tardia, ou seja, aquela que se torna visível após as primeiras 24 horas de vida, pode depender de um 
grande número de etiologias. No entanto, na maioria dos casos em que não há outra sintomatologia associada, o 
diagnóstico é o de icterícia própria do RN. 
Nesses casos, se a icterícia for discreta, em geral não há necessidade de se dosar a bilirrubina, do ponto de vista 
assistencial. Se a icterícia parecer relevante, o primeiro passo para o diagnóstico diferencial é a dosagem de 
bilirrubinemia total e frações. 
× Sem sintomatologia associada 
o Predomínio de bilirrubina indireta 
o Icterícia própria ou fisiológica do RN. 
o Insuficiência parcial e benigna da conjugação ou doença de Gilbert (geralmente uma síndrome 
heterogênea, com outras características que contribuem para a icterícia e não reconhecida no 
período neonatal). 
o Icterícia prolongada que tem evolução mais arrastada do que aquela dita própria ou fisiológica do 
RN. As causas mais prováveis são: 
 icterícia pelo leite materno; 
 hipotireoidismo congênito, que apresenta algumas formas que podem ser inaparentes no 
período neonatal. Verificar o resultado da função tireoidiana colhido ao nascimento; 
× Com sintomatologia associada 
o Anemia 
o Fácies "anômalo", peso grande para a idade gestacional, presença de diabetes materno e fácies 
cushingóide 
o Fenômenos gastrintestinais, vômitos e obstipação intestinal 
o Predomínio de bilirrubina direta - colestase neonatal 
 É definida pela hiperbilirrubinemia direta (conjugada) persistente de início do 1º ao 14º dia 
de vida, e decorre da obstrução mecânica ou funcional do sistema de excreção biliar, por 
causas anatômicas, genéticas, metabólicas ou infecciosas. 
Define-se hiperbilirrubinemia direta ou colestase neonatal (que sempre tem conotação 
patológica)quando os níveis de bilirrubina DIRETA são maiores ou iguais a 1,5 mg/dl OU 
quando sua dosagem representar 20% ou mais da bilirrubina total. 
As principais manifestações clínicas da icterícia colestática são: a coloração amarelada de 
pele e mucosas, hepatomegalia, acolia fecal e colúria. 
Efeitos nocivos da hiperbi l lrrubinemia 
Definimos encefalopatia bilirrubínica (kernicterus) como uma síndrome neurológica causada pelo depósito de 
bilirrubina indireta nas células do sistema nervoso central. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Quando o nível sérico de bilirrubina se eleva de maneira significativa (hemólise maciça, eritroblastose), sua 
capacidade de ligação à albumina e a outras proteínas plasmáticas fica excedida, resultando em uma maior fração 
livre lipossolúvel. Esta tem a capacidade de se difundir e impregnar as células nervosas do encéfalo. 
Encefalopatia bilirrubínica é entendida como o quadro clínico neurológico relativo à impregnação cerebral pela 
bilirrubina. Esse quadro clínico para RN de termo com doença hemol ítica, é caracterizado por: 
× Fase 1 - caracterizada por hipotonia, letargia, má sucção, choro agudo durante algumas horas. 
× Fase 2 - em que se instala hipertonia, com tendência a espasticidade e opistótono e febre. 
× Fase 3 - de aparente melhora, em que a espasticidade diminui ou cede e que se instala ao fim da primeira 
semana. 
× Fase 4 - que incide em geral depois do período neonatal, aos 2 ou 3 meses, e consta dos sinais de 
paralisia cerebral por encefalopatia bilirrubínica, observando-se predomínio de perda da audição 
neurossensorial, distúrbios extrapiramidais e, mais raramente, rebaixamento do QI. 
Fototerapia 
É o mecanismo pelo qual a bilirrubina, que é uma molécula lipossolúvel, sofre transformações, tornando-se mais 
hidrossolúvel e sendo eliminada do organismo sem necessidade de conjugação hepática. Basicamente, são dois os 
mecanismos de transformação da bilirrubina ao absorver um fóton luminoso: a isomerização, processo inicial, em 
que a molécula de bilirrubina altera uma de suas ligações, por meio de rotação de 180 graus de uma de suas ligações 
(isomerização configuracional), ou forma novas ligações na sua estrutura original (isomerização estrutural) expondo 
o lado mais polar para o lado exterior da molécula, ambos de eliminação hepática sem necessidade de conjugação; 
a oxidação, processo mais tardio, na qual a molécula de bilirrubina se quebra em cinco fragmentos de eliminação 
renal. A eficácia do tratamento pela fototerapia depende da intensidade de luz emitida pelo aparelho, de ter espectro 
de emissão próximo ao da absorção da bilirrubina, da idade pós-natal do RN, 
da idade gestacional, do peso de nascimento, da causa de icterícia e do 
valor de bilirrubinemia no início do tratamento. Acredita-se que quanto 
maior for a intensidade da quantidade de luz emitida maior será a eficácia 
da fototerapia com maior aumento do isômero estrutural. Entretanto, 
existe um ponto de saturação a partir do qual não se encontra mais essa 
correlação, que, para muitos autores, é por volta de 23 
µWatts/cm²/nanômetro. 
Exsangüineotransfusão 
É o mecanismo de troca de sangue no qual se remove parcialmente as 
hemácias hemolisadas, os anticorpos ligados ou não às hemácias e a 
bilirrubina plasmática. 
ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS 
A pele do neonato é sensível e frágil, sendo que perde água facilmente e 
absorve substâncias na mesma intensidade, tornando-o propenso às 
infecções e intoxicações e dificilmente, realiza homeostase de fluidos. 
Também, seu Ph é neutro, reduzindo barreira contra proliferação 
microbiana, e os lipídios epidérmicos estão em menor quantidade pela ação 
baixa de glândulas sebáceas. Assim, a pele dos RN’s é muito reagente ao 
suor, sebo, ácaros, bactérias, impurezas da fralda e ar atmosférico. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Alterações fisiológicas 
Vernix caseosa 
A vernix caseosa, presente na superfície cutânea logo ao nascimento, consiste numa 
mistura de células epiteliais, sebo e por vezes cabelos. A vernix serve de lubrificante e 
protege contra os efeitos líquido amniótico e parece também exercer funções 
antibacterianas por conter péptidos e lípidos anti-microbianos. 
Fenómenos vasculares 
A pele do RN não tem capacidade de responder rápida e adequadamente a certos estímulos, o que provoca alterações 
da sua coloração. 
Ao nascimento a pele das extremidades (mãos e pés) pode ter uma coloração violácea- acrocianose - que 
desaparece em poucas horas e reaparece apenas quando a criança tem frio ou chora. Esta coloração é devida a uma 
hipertonia das arteríolas periféricas, com a consequente congestão venosa responsável pela cor cianótica. O 
diagnóstico diferencial nestes casos deve ser feito com a cianose central de origem cardiovascular ou metabólica. 
Nos primeiros dias de vida, alguns RN podem apresentar um rubor generalizado resultante do excesso de 
hemoglobina, que desaparece com a diminuição fisiológica dos níveis de hemoglobina s érica. 
Cútis marmorata fisiológica 
Resulta da dilatação dos capilares quando o RN é exposto ao frio. Caracteriza-se clinicamente pela 
presença de um reticulado eritemato-violáceo no tronco e extremidades. Esta situação não tem 
signifi cado patológico e normalmente desaparece quando o RN é aquecido. Perante esta situação é 
necessário estabelecer o diagnóstico diferencial com a cútis marmorata telangiectásica congénita 
que é uma malformação capilar, onde as lesões são persistentes e, em 50% dos casos, estão 
associadas a outras malformações, nomeadamente ósseas, oculares e neurológicas. 
Coloração em “Harlequin” 
É um fenómeno fisiológico que afecta 15% dos RN nas primeiras 2 a 3 semanas de vida. Resulta da ausência 
transitória de regulação central do tónus vascular periférico. Traduz-se pelo aparecimento de eritema no hemicorpo 
(geralmente zona em declive) e palidez no outro hemicorpo, separados pela linha média. A face e os genitais são 
poupados. Esta situação pode ser difícil de visualizar já que os episódios têm curta duração (de alguns segundos a 
20 minutos) e desaparecem rapidamente após aquecimento ou mudança de posição. 
Manchas salmão (angioma de Unna) 
Resulta de ectasias capilares na derme e está presente em 70% dos RN caucasianos. 
Manifesta-se como máculas ou manchas eritematosas/salmão localizadas à zona 
occipital, pálpebras, glabela, sendo mais rara a localização no nariz e lábio superior. A 
maioria desaparece nos primeiros anos de vida. O diagnóstico diferencial faz-se 
sobretudo com malformações vasculares que não desaparecem espo ntaneamente. 
Alterações da pigmentação 
Mancha Mongólica 
Ocorre sobretudo em RN de raça negra e corresponde a agregados de melanócitos na derme, 
que se manifestam como máculas ou manchas azuis acinzentadas geralmente localizadas 
nas nádegas ou na região sagrada. Quando se situam em outras localizações são 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
denominadas de manchas mongólicas ectópicas. A patogénese é desconhecida embora pareça residir num defeito 
na migração das células pigmentadas da crista neural. As melanoses dérmicas podem também estar patentes nos 
nevos de Ito e de Ota, mas nestes casos não têm resolução espontânea. 
Hiperpigmentação epidérmica transitória 
Nos RN de raça negra é comum uma hiperpigmentação epidérmica transitória dos órgãos genitais externos, do 
abdómen inferior (linha nigra), das axilas, das aréolas mamárias, do perioníquio e da face dorsal da terceira falange, 
resultante da acção da hormona estimuladora dos melanócitos in útero. É importante fazer o diagnóstico diferencial 
desta alteração cutânea benigna coma hiperpigmentação resultante da hiperplasia adrenal congénita, mas nesta 
última estão presentes outros sinais de hiperandrogenismo. 
Alterações das mucosas 
O exame da cavidade oral no RN é muito importante já que pode conduzir à detecção de muitas patologias. A 
alteração fisiológica mais comum na mucosa oral é a presença de quistos epidérmicos gengivais e palatinos. Os 
quistos gengivais podem ser detectados em 64% dos RN e manifestam-se como pequenas pápulas isoladas ou 
agrupadas, bancoamareladas, com tamanho de 1-2mm. A sua origem deve-se à formação de pequenos quistos 
córneos na mucosa oral. Quando localizados no palato e na crista alveolar denominam-se respectivamente de 
pápulas de Epstein e de Bohn. A maioria desaparece nos primeiros 5 meses de vida. 
Fenómenos hormonais 
Durante os primeiros meses de vida os RN estão expostos às hormonas androgénicas de origem materna e, em 
consequência, podem surgir hiperplasias sebáceas. São lesões foliculares punctiformes, de cor amarelada e 
superfície lisa, agrupadas no nariz, lábio superior e zonas malares. Estas lesões regridem gradualmente durante as 
primeiras semanas de vida. 
Acne neonatal 
Alguns RN sofrem de uma erupção facial acneiforme entre as 2 e 3 semanas de vida. As 
lesões papulares e pustulosas eritematosas localizam-se sobretudo nas zonas malares. 
Caracteristicamente não existem comedões. Há autores que consideram esta forma de 
acne como uma primoinfecção por leveduras do género Malassezia. As lesões resolvem 
espontaneamente ao fim de 2 a 3 meses. Devido à passagem de estrogénios maternos 
através da placenta, alguns RN apresentam também ginecomastia transitória, produção de 
muco vaginal e mesmo hemorragia vaginal. Estas alterações resolvem em poucas semanas. 
Alterações dos anexos cutâneos 
As alterações ungueais no RN são raras e podem representar alterações congénitas e genéticas. De entre as 
alterações fisiológicas e transitórias podem apontar-se a falsa unha encravada, a coiloníquia e as linhas de Beau. 
Coiloníquia 
Alguns RN apresentam uma hipertrofia das pregas laterais que cobrem parcialmente as pregas ungueais, simulando 
deste modo as unhas encravadas. A maioria dos casos tem resolução espontânea, mas por vezes estas pregas 
hipertrofiadas podem sobreinfectar e causar dor transitória. 
Linhas de Beau 
São linhas ungueais transversais. Reflectem uma paragem do metabolismo da matriz ungueal que pode ser atribuído 
ao stress induzido pelo parto. Contudo, podem também surgir após episódios febris, toxidermias e em situações de 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
acrodermatite enteropática. É também possível o aparecimento de coiloníquia, que se trata de uma curvatura 
côncava das unhas “unha em colher”, principalmente nas unhas dos pés. 
Lanugo 
O sistema piloso do RN é caracterizado pelo lanugo que persiste durante as duas primeiras semanas de vida. Pode 
observar-se no RN uma hipertricose localizada, não lanuginosa, em particular ao nível da helix, que não traduz 
qualquer fenómeno patológico (antigamente pensava-se erroneamente que estava relacionado com a presença de 
diabetes materno). Outra das alterações dos anexos é a presença de uma alopécia bem delimitada na região 
occipital, que empiricamente se atribuía à posição mais comum de decúbito, mas cuja etiologia parece ser devida à 
entrada mais tardia dos folículos da zona occipital, na fase telogênica. 
Outras alterações 
Bolhas por sucção 
São bolhas tensas com conteúdo seroso, rodeadas por pele normal. Aparecem no dorso das 
mãos e antebraços e são devidas à vigorosa sucção oral do RN nesse local, durante a vida 
intra-uterina. Associadas a estas lesões aparecem calos de sucção na mucosa oral. Esta 
lesão pode muitas vezes ser confundida com herpes simples. 
Quistos de Milia 
Os quistos de milia são uma das alterações fisiológicas mais frequentes dos RN. 
Manifestam-se como pápulas brancas punctiformes únicas ou múltiplas que aparecem 
em qualquer localização na superfície corporal, mas com mais frequência na face 
(zonas malares, nariz e mento). Têm origem em rolhões de queratina de etiologia 
desconhecida ao nível do infundíbulo pilossebáceo. O diagnóstico diferencial mais 
importante é com a hiperplasia sebácea, mas esta tem uma c oloração mais amarelada. A maioria desaparece sem 
necessidade de tratamento, nos primeiros meses de vida. Quando persistentes, podem estar associados a casos 
de epidermólise bolhosa distrófica, juncional ou ao síndroma orofacial-digital tipo I. 
Alterações idiopáticas transitórias 
Eritema tóxico do RN 
O eritema tóxico do RN ocorre em aproximadamente 50% dos casos, sem 
preponderância de sexo ou etnia. A sua ocorrência parece relacionar-se com 
o peso ao nascimento e a idade gestacional, sendo raro em prematuros e 
neonatos com menos de 2500g. A etiologia é desconhecida, mas há autores 
que consideram que corresponde a uma reacção enxerto-versus-hospedeiro 
contra linfócitos maternos. Apesar de poderem estar pres entes desde o 
nascimento, o mais comum é que as lesões apareçam entre as 24 e as 48 horas de vida. As lesões típicas consistem 
em pápulas ou papulopústulas rodeadas de áreas inflamatórias eritematoedematosas de contornos irregulares, 
semelhantes a picadas de insecto. Normalmente as lesões iniciam-se na face, expandindo-se depois para o tronco 
e extremidades - mas podem aparecer em qualquer área corporal com excepção das palmas e plantas. A eosinofilia 
periférica pode estar presente em 15% dos casos, independentemente da gravidade das lesões. O diagnóstico 
baseia-se nas características clínicas das lesões e no bom estado geral do RN. Quando houver dúvidas pode realizar-
se uma biópsia cutânea, verificando-se a presença de eosinófilos subcórneos localizados à porção superior do 
infundíbulo folicular. As lesões resolvem espontaneamente em aproximadamente 7 dias. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Pustulose melânica neonatal transitória 
A pustulose melânica neonatal transitória é uma erupção frequente das crianças de raça 
negra. Apesar da etiologia não estar completamente esclarecida, há autores que 
consideram que a causa seja a hiperestimulação dos melanócitos. A clínica desenvolve-se 
em três fases e, ao contrário do eritema tóxico, aparece sempre ao nascimento. A primeira 
fase caracteriza-se pela presença de pústulas superficiais sem inflamação circundante, com tamanho entre 2-
10mm, localizadas preferencialmente à face, região lombar e área pré-tibial. Contudo, as palmas, plantas e região 
torácica podem estar envolvidas. Muitas vezes estas lesões passam despercebidas pois rompem com muita 
facilidade (pústulas intra ou subcórneas). Posteriormente aparecem colaretes descamativos ao redor das pústulas 
e, numa terceira fase, as lesões curam espontaneamente deixando hiperpigmentações residuais que podem demorar 
meses a desaparecer. O diagnóstico é clínico mas, quando há dúvi das, pode procederse a avaliação histológica a 
qual revela pústulas com neutrófilos subcórneas ou intracórneas. O eritema tóxico do RN e a pustulose melânica 
neonatal podem coexistir, havendo autores que consideram que estas duas entidades representem a mesma 
patologia, mas na primeira o aparecimento é mais tardio e o componente celular é eosinofílico. O diagnóstico 
diferencial desta entidade deve fazer-se com a acropustulose da infância (localização acral das lesões e o 
aparecimento geralmente é mais tardio), e com quadros pustulosos de origem infecciosa (candidíases e impétigos). 
Acropustulose da infância 
A acropustulose da infância é uma condição de etiologia desconhecida, mais frequente em 
crianças de raça negra e do sexo masculino. Caracteriza-se pela presença de surtos 
recorrentes de lesões vesico-pustulosaspruriginosas com distribuição acral (palmas, 
plantas, dorso das mãos e pés). As lesões duram 5-10 dias e os surtos recorrem a intervalos 
de 2-4 semanas. As lesões podem estar presen tes ao nascimento, mas normalmente 
desenvolvem-se nas primeiras semanas ou meses de vida. O exame histológico das lesões 
revela pústulas intraepidermicas e subcórneas. As lesões sofrem remissão espontânea em 1 a 2 anos, mas durante 
as fases de actividade é necessário recorrer-se a tratamentos com corticóides tópicos e antihistaminico oral. A 
escabiose é o diagnóstico diferencial mais importante a colocar com esta entidade, uma vez, que há uma forma de 
acropustulose que pode ocorrer pós escabiose. 
Pustulose cefálica transitória 
A pustulose cefálica transitória é um quadro raro descrito pela primeira vez em 1991, 
caracterizado por uma erupção pápulo-pustulosa pruriginosa localizada à face e couro 
cabeludo. As lesões podem aparece r por surtos. O estudo histológico mostra um infiltrado 
eosinofílico denso na derme e ao redor do folículo piloso. Há autores que consideram que se 
trata de uma manifestação de primoinfecção pela espécie de Malassezia sympodialis. As 
lesões resolvem espontaneamente entre os 4 e os 36 meses de vida. 
Mil iaria 
O termo miliaria é um termo genérico para descrever a obstrução do ducto écrino. 
A causa desta obstrução é desconhecida mas há quem defenda que seja causada 
pela substância polissacarídea extracelular produzida pelo Staphylococcus 
epidermidis. Ocorre geralmente em climas quentes, em estados de pirexia ou de 
supra-aquecimento. A manifestação clínica depende do nível de obstrução do 
ducto. A forma mais frequente no RN (primeiros dias de vida) é a cristalina ou 
sudamina e surge devido à obstrução superfi cial (subcórnea ou intracórnea) do 
ducto écrino. Consequentemente, há retenção de suor a este nível, levando à 
formação de pequenas vesículas cristalinas que lembram gotas de água e que 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
rompem com facilidade. Quando a obstrução do ducto é mais profunda, mas ainda epidérmica, a miliaria denomina-
se de rubra. Neste caso as lesões são pápulas erite matosas ou papulo-pústulas não foliculares. A miliária profunda 
é rara no período neonatal e resulta da oclusão do canal ao nível da junção dermoepidérmica, condicionando o 
aparecimento de pápulas brancas que impedem o normal fenómeno da sudação. Trata-se de uma entidade benigna 
que desaparece espontaneamente após controlo da febre ou da temperatura ambiental. 
Necrose do tecido celular subcutâneo 
A necrose do tecido celular subcutâneo ou citoesteatonecrose é uma hipodermite rara que ocorre em RN nascidos 
de cesariana ou expostos a stress fetal. A etiologia parece resultar do facto de o tecido adiposo do RN conter grande 
proporção de ácidos gordos saturados. Fatores como frio, hipotermia, traumatismo, nutrição inadequada e isquemia 
induziriam a libertação de agentes mediadores de inflamação e necrose que atuariam sobre esses ácidos gordos. 
Normalmente manifesta-se entre as 1ª e 4ª semanas de vida, mas também pode ser congénito. As lesões consistem 
em placas ou nódulos assintomáticos, cobertos com pele normal ou eritematosa, localizados à face, nádegas e 
tronco. As lesões podem ulcerar ou apresentar depósitos de cálcio. O RN normalmente não apresenta qualquer 
sintoma sistémico associado, mas entre o primeiro e quarto dia de vida pode ocorrer hipercalcemia sintomática, 
que pode ser fatal. Torna-se portanto necessário monitorizar os níveis de cálcio e evitar a administração exógena 
de vitamina D. O exame histológico mostra inflamação granulomatosa do panículo adiposo com células histiocitárias. 
O curso clínico da patologia é benigno, e as lesões regridem espontaneamente em algumas semanas. Nesta 
circunstância é todavia importante realizar o diagnóstico diferencial com a paniculite infecciosa, com o 
escleroderma neonatorum ou com causas de calcinose cútis. 
Dermatite seborreica 
É um problema frequente nas primeiras semanas de vida. É erupção eritematosa 
coberta por escamas oleosas (amarelo-acinzentadas). Acredita-se que é devida à 
colonização por Malassezia spp., e sua melhora após o tratamento com azoles e 
clioquinol sugere que a fermentação tem papel na etiologia desta dermatose. 
Acredita-se que os hormônios maternos, ao produzirem aumento na produção 
sebácea e fatores nutricionais, como a deficiência de biotina, poderiam ter papel 
na etiopatogenia. 
Afeta couro cabeludo (crosta láctea), rosto, sobrancelhas, regiões retroauriculares, nariz, 
pré-esterno e pregas axilares e inguinais. Na área da fralda costuma começar como 
intertrigo; posteriormente, o processo avança além das pregas inguinais. Não é pruriginosa. 
As lesões costumam macerar-se e apresentar infecção bacteriana ou candidiásica. Não há 
evidência de que as crianças com dermatite seborréica tenham maior probabilidade a ter a 
doença na idade adulta. 
Dermatite atopica 
A dermatite atópica (DA) é a dermatose mais frequente na infância e se caracteriza por prurido intenso, xerodermia 
e hiper-reatividade cutânea. A prevalência aumentou nos últimos anos em 
decorrência de poluição, infecções e exposição alergênica. Recentes 
descobertas sobre a fisiopatologia da DA têm apontado para o papel das 
alterações na barreira cutânea, e novas modalidades terapêuticas têm 
possibilitado o controle da dermatose. 
Complexa interação entre fatores genéticos, imunológicos e exógenos. Duas 
teorias: 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Inside-Outside: inicia com resposta imunológica a alérgenos e irritantes, desencadeando inflamação, 
infecção e alteração da barreira cutânea. 
× Outside-Inside: nesta segunda hipótese, acredita-se que uma disfunção primária da barreira ocasiona 
entrada de antígenos, infecção e 
resposta inflamatória, explicando 
diferentes aspectos da doença em 
diferentes momentos. O suporte para 
esta teoria foi a descoberta de duas 
mutações em genes que codificam a 
produção da filagrina, que é 
fundamental para a formação do fator de umidificação natural. 
Na DA, encontra-se composição anormal de ceramidas (redução em quantidade e alteração da distribuição) e 
colesterol elevado. Esta alteração nos lipídios não polares (ceramidas, colesterol, etc.) afeta a umidade cutânea, já 
que formam capa hidrofóbica e, portanto, são determinantes na permeabilidade cutânea. 
Podem ser leves, moderadas ou graves (menos frequente em crianças). O quadro clínico varia com a idade. Nos 
lactentes, inicia no rosto, bochechas (respeita a zona centro facial), na superfície de extensão dos membros e na 
área da fralda. Em pré-escolares e escolares, observa-se em pregas antecubitais e dobras poplíteas, manifestando-
se com xerose, placas eritêmato-escamosas e prurido intenso. 
PATOLÓGICOS 
SOFRIMENTO FETAL AGUDO 
Sofrimento fetal agudo é o que ocorre durante o parto, em contraposição ao sofrimento fetal crônico, próprio da 
gestação complicada por insuficiência placentária. A asfixia é condição resultante do comprometimento da troca de 
gases que, quando persistente, leva a progressiva hipoxemia/hipercapnia e estado de acidose metabólica. 
Durante o parto vaginal, as contrações maternas causam redução temporária na troca de gases. Após a contração 
há recuperação fetal, seguida por perfusão normal até que ocorra nova contração. Se esses mecanismos fisiológicos 
compensatórios forem sobrepujados, estabelece-se a acidemia hipóxica. Se houver acidemia hipóxica de grau e 
duração suficientes, espera-se lesão cerebral com consequentes sequelas neurológicas nos bebês sobreviventes, 
outros danos orgânicos e morte intraparto ou neonatal. 
Etiologia 
× Hiperatividade uterina: especialmente a consequente à administração intempestivae imprudente de 
ocitócicos. Ao contrário, é espontânea a encontrada no parto obstruído, no descolamento prematuro da 
placenta, na toxemia, na polidramnia e no período expulsivo prolongado 
× Hipotensão materna: provocada pela anestesia de condução (raque, peridural etc.), hemorragias, decúbito 
dorsal (compressão da veia cava inferior e da aorta). Entretanto, o Doppler mostra que a anestesia peridural, 
durante o trabalho de parto, melhora o fluxo placentário, desde que não ocorra hipotensão materna 
× CIR 
× Patologia funicular (circulares, nós, procidências e prolapsos): sem subordinação a qualquer dos acidentes 
anteriormente enumerados, o cordão umbilical pode ser comprimido durante o parto (especialmente após a 
ruptura das membranas), levando ao sofrimento fetal agudo 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Parto prolongado: ocasiona, eventualmente, acidose metabólica materna que acaba por comprometer o 
concepto. 
Fisiopatologia 
As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o fetal, realizadas na placenta, são indispensáveis para 
manter a homeoestase do concepto. Qualquer fator que subitamente interfira nessas trocas, levando o feto a estado 
transitório, ou permanente, de carência de oxigênio, será causa do sofrimento fetal agudo. A redução nas trocas 
maternofetais do tipo agudo é própria do parto em que a asfixia decorre da insuficiência nas circulações 
uteroplacentária ou fetoplacentária. 
Insuficiência uteroplacentária aguda 
O fluxo de sangue materno que chega aos espaços intervilosos, pelos vasos uteroplacentários, depende, 
fundamentalmente, da relação entre 2 fatores: 
× Pressão arterial média materna: a força que impulsiona o sangue 
× Resistência encontrada pelo sangue nos vasos uteroplacentários: elemento inversamente proporcional ao 
calibre desses vasos, que por sua vez depende do tônus vasomotor intrínseco e das contrações uterinas 
que comprimem, extrinsecamente, os vasos nutridores da placenta, quando atravessam o miométrio, ou 
seja, da pressão intramiometrial. 
Em determinado momento, o 
fluxo que chega aos espaços 
intervilosos é diretamente 
proporcional à diferença 
entre a pressão arterial 
média materna e a pressão 
intramiometrial (supondo-se 
constante o tônus 
vasomotor). Deve ser 
salientado que uma 
contração uterina, ao 
produzir 40 mmHg na 
pressão amniótica, exerce 
pressão intramiometrial 
entre 80 e 120 mmHg, 
valores que alcançam ou 
mesmo ultrapassam a 
pressão arterial média da 
mãe. 
Assim, no vértice da contração uterina normal, a circulação de sangue pelo útero e pela placenta está muito reduzida, 
às vezes totalmente abolida. Afortunadamente, na contração fisiológica essa situação é temporária, dura poucos 
segundos; ao relaxar-se o útero, a pressão miometrial vai decrescendo e os vasos, concomitantemente, se vão 
reabrindo, aumentando assim de modo progressivo o fluxo de sangue. A circulação sanguínea atinge seu máximo 
durante o relaxamento uterino total, quando unicamente o tônus comprime os vasos. 
A insuficiência uteroplacentária aguda, responsável pela hipoxia fetal no parto, deve-se à redução excessiva do 
afluxo de sangue materno, que supre os espaços intervilosos, e é determinada pela hiperatividade uterina ou pela 
hipotensão materna. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Hipersistolia uterina: Em cada contração a pressão intramiometrial ultrapassa, de muito, o valor da pressão 
arterial média materna (e mesmo da pressão sistólica), pelo que o decréscimo circulatório uteroplacentário 
é mais acentuado e de maior duração do que se as contrações tivessem intensidade normal. 
× Taquissistolia uterina: A elevada frequência das contrações encurta os intervalos entre elas e reduz o tempo 
de que dispõe o sangue para circular. 
× Hipertonia uterina: Exerce compressão persistente sobre os vasos sanguíneos, que se mantém entre as 
contrações, e dessa forma reduz acentuadamente o gasto de sangue pela placenta. É o efeito maior nas 
hipertonias autênticas ou por taquissistolia do que naquelas por sobredistensão ou incoordenação. 
× Hipotensão materna: A hipotensão arterial materna diminui a força que impulsiona o sangue pelos vasos 
uteroplacentários e permite maior compressão desses vasos e da aorta, pelo miométrio, reduzindo também 
o afluxo de sangue à placenta. Entretanto, se a hipotensão arterial for determinada por vasodilatação 
arteriolar, que inclui o território uteroplacentário, pode suceder que a diminuição da resistência vascular 
compense a queda da pressão arterial; nessa eventualidade, o afluxo de sangue uteroplacentário não estará 
reduzido, apesar da hipotensão arterial. No choque hemorrágico, à conta de vasoconstrição do território 
placentário, o fenômeno parece não se apresentar. 
Demais, os casos de insuficiência placentária, especialmente os que cursam com CIR, tornam-se agudos durante a 
parturição, mesmo ausentes contrações uterinas anômalas ou hipotensão materna. 
Insuficiência fetoplacentária aguda 
A circulação fetoplacentária é veiculada pelo cordão umbilical, outro elemento fundamental na realização das trocas 
metabólicas entre a mãe e o concepto. 
Certos aspectos patológicos do cordão representados, principalmente, pelas circulares, prolapsos, procidências, 
nós, além da oligoidramnia que atua na ausência de patologia funicular, predispõem ou motivam a compressão dos 
vasos umbilicais quando da contração uterina, o que constitui obstáculo ao trânsito sanguíneo fetoplacentário. 
Estudos experimentais mostram que a compressão umbilical, quando tem duração maior que 30 s, repercute, pela 
repetição, desfavoravelmente na homeostase fetal. 
Mecanismos defensivos fetais 
Basicamente, são de 2 tipos os mecanismos defensivos fetais: alterações cardiovasculares e alterações 
metabólicas. 
Importantes aspectos cardiovasculares ocorrem durante a hipoxia (ou asfixia) para preservar a oxigenação de certos 
órgãos nobres ou “prioritários”. 
Inicialmente, há vasodilatação seletiva do cérebro, coração, suprarrenal e 
vasoconstrição de outros, do que resulta acréscimo de fluxo de sangue nos 
primeiros e diminuição nos restantes; a placenta mantém o seu fluxo de 
sangue na hipoxia aguda. O rendimento cardíaco total permanece estável 
em níveis moderados de hipoxia, mas diminui em graus acentuados. A FCF 
é taquicárdica, de modo a aumentar o intercâmbio metabólico entre a mãe 
e o concepto. 
O consumo de oxigênio se reduz a 50% do normal e, nessas condições, 
pode permanecer o feto durante cerca de 45 min sem lesões irreversíveis. 
Em consequência da acentuada redução do fluxo de oxigênio a diversos 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
órgãos nesses leitos vasculares, entra em jogo a respiração anaeróbia, via vicariante de liberação de energia, na 
ausência de O2. Se persistir a carência de O2, o processo de respiração anaeróbia, além de liberar pouca energia, 
leva à acidose metabólica, devido ao acúmulo de radicais ácido. Assim, quando há queda na oxigenação fetal, 
qualquer deterioração ocorre em uma sequência lógica que progride da hipoxia, a qual, se grave e de duração 
suficiente, pode levar à acidose metabólica. Dependendo da gravidade e da duração da acidose, pode ocorrer lesão 
tecidual e orgânica e, finalmente, morte. 
Na vigência das contrações uterinas, interrompidas as trocas metabólicas, ocorrem diminuições da FCF (dips ou 
desacelerações) que poupam o gasto energético armazenado no miocárdio sob a forma de glicogênio. 
Com o progredir da hipoxia fetal se superpõe o acúmulo de gás carbônico, impondo componente respiratório à 
acidose. É esse tipo de acidose, além da hipoxia e da hipercapnia, que vai constituir o “substratobioquímico” do 
sofrimento fetal agudo. 
Por meio da centralização, que favorece órgãos vitais como o cérebro e o coração, o feto reduz o consumo total de 
oxigênio e a glicólise anaeróbia. Isso lhe permite sobreviver por períodos moderados (até 30 min) de carência de 
oxigênio sem descompensação do coração e lesão cerebral. 
Durante a hipoxia fetal, o tônus vagal está aumentado em 3 a 5 vezes e a atividade beta-adrenérgica dobra, o que 
resulta na diminuição da FCF. É essa atividade beta-adrenérgica elevada que mantém o débito cardíaco e o fluxo 
umbilical. 
A atividade alfa-adrenérgica, nessas condições, é importante para assegurar a redistribuição do fluxo sanguíneo pela 
vasoconstrição seletiva da carcaça, dos pulmões, intestinos, rins etc. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
assistência perinatal 
TRANSPORTE NEONATAL 
O transporte neonatal deve ser entendido dentro do conceito de regionalização do atendimento. Segundo Sinclair, 
regionalização seria “um programa cooperativo visando, através do esforço coordenado dos prestadores de serviço 
de saúde de uma determinada região, intervir no processo reprodutivo, colocando à disposição do recém-nascido o 
nível de cuidado médico adequado à sua morbidade ou risco de vida”. 
Os objetivos principais do programa são: 
× Em relação à gestante: 
o Intervir precocemente em eventuais patologias reduzindo a morbidade. 
o Encaminhar as patologias mais graves para que sejam tratadas nos centros de maiores recursos. 
Ambos procedimentos devem reduzir a quase zero ou a níveis baixíssimos a mortalidade materna. 
× Em relação ao RN: 
o Melhorando as patologias gestacionais, possibilitar o nascimento de RN mais sadios, mais maduros, 
reduzindo sua mortalidade. 
o Possibilitar o nascimento dos RN mais graves nos centros melhores dotados de recursos. 
o Permitir a rápida remoção em condições seguras dos RN graves, eventualmente nascidos em 
centros sem recursos. 
Não há dúvida de que a maneira mais segura de se transportar uma criança de risco é, o útero materno. A mortalidade 
neonatal é mais baixa quando o nascimento de um recém-nascido de alto-risco ocorre em centros terciários bem 
equipados em termos de recursos materiais e humanos. No entanto, em algumas situações, o nascimento de um 
concepto pré-termo e/ou doente pode ocorrer em centros secundários ou mesmo primários. Nesse caso, tais 
pacientes devem ser transferidos para uma unidade mais especializada, respeitando-se a lógica dos sistemas 
regionalizados e hierarquizados de atendimento neonatal. 
O transporte neonatal pode ser dividido em duas categorias: o intra e o inter-hospitalar 
TRANSPORTE INTER-HOSPITALAR 
Aquele realizado entre hospitais, sendo indicado principalmente quando há necessidade de recursos de cuidados 
intensivos não disponíveis nos hospitais de origem, como: 
× abordagens diagnósticas e cirúrgicas mais 
sofisticadas e/ou de doenças menos 
frequentes; 
× medidas de suporte ventilatório; 
× nutrição parenteral; 
× monitorização vital complexa. Principais 
indicações para o transporte inter-hospitalar 
× Prematuridade, com idade gestacional menor 
que 32 a 34 semanas e/ou peso de 
nascimento inferior a 1.500 gramas. 
× Problemas respiratórios com uso de fração 
inspirada de oxigênio superior a 40 – 60% ou 
de pressão positiva contínua em vias aéreas 
ou de ventilação mecânica. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
× Anomalias congênitas. 
× Convulsões neonatais. 
× Doenças que necessitam de intervenção 
cirúrgica. 
× Hemorragias e coagulopatias. 
× Hiperbilirubinemia com indicação de 
exsanguíneo-transfusão. 
× Asfixia com comprometimento 
multissistêmico. 
× Recém-nascido com cianose ou hipoxemia 
persistente. 
× Sepse ou choque séptico. 
× Hipoglicemia persistente. 
OBS.: O transporte inter-hospitalar também é utilizado para levar de volta à origem aquele recém-nascido que não 
mais necessita de cuidados intensivos. 
O transporte será feito, de acordo com a gravidade, por uma Unidade de Suporte Básico (SAMU) ou Unidade de 
Suporte Avançado de Vida (SAMU), equipadas adequadamente, principalmente para o atendimento do RN. As equipes 
dessas ambulâncias (condutor, técnico de enfermagem, enfermeiro e médico intervencionista) deverão ser 
devidamente capacitadas para o atendimento desse tipo de ocorrência, principalmente do RN grave e prematuro. 
Além disso, deverão estar disponíveis equipamentos para o transporte seguro do recém-nascido (incubadoras e 
ventiladores neonatais), os quais serão colocados nas Ambulâncias de Suporte Avançado de Vida quando for o caso. 
TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR 
Aquele realizado no próprio centro terciário, quando os pacientes internados em Unidade Neonatal são transportados 
para a realização de alguma intervenção cirúrgica ou procedimento diagnóstico, dentro das dependências do hospital 
ou em locais anexos. 
Em qualquer das duas situações, os transportes podem se tornar um risco a mais para o paciente criticamente 
doente e, por isso, devem ser considerados como uma extensão dos cuidados realizados na Unidade de Tratamento 
Intensivo. A responsabilidade pela indicação desse tipo de transporte é da equipe que presta assistência ao paciente 
na Unidade. 
Muito mais atenção tem sido dada e estudos realizados em relação ao transporte inter-hospitalar, comparado ao 
intrahospitalar. Entretanto, deve-se lembrar que o transporte intra-hospitalar ocorre com grande frequência e para 
sua realização são necessários treinamentos e habilidades similares aos requisitados para a realização do 
transporte inter-hospitalar. 
ALOJAMENTO CONJUNTO 
É um sistema hospitalar no qual mãe e seu RN permanecem juntos, logo após a liberação de ambos do centro 
obstétrico, em uma mesma área física durante mínimo de 48 horas. O bebê permanece ao lado de sua mãe, 
acomodado em berço preferencialmente de acrílico. A posição indicada é a horizontal durante as 24 horas do dia, 
independentemente do tipo de parto. 
O alojamento conjunto tem como objetivo a integração mais íntima da mãe com o recém-nascido (RN), contribuindo 
para: estabelecer um relacionamento afetivo favorável entre mãe-filho, desde o nascimento; educar a mãe e o pai, 
desenvolvendo habilidades e proporcionando segurança emocional quanto aos cuidados com o bebê; incentivar o 
aleitamento materno; reduzir a incidência de infecções hospitalares cruzadas; permitir à equipe de saúde melhor 
integração e observação sobre o comportamento normal do binômio mãe-filho. 
Permite, ainda, uma renovação dos profissionais da saúde no seu contexto de atuação, pois, dentro de um novo e 
mais amplo conceito de saúde materno-infantil, o ato de curar e cuidar não é atividade exclusivamente dos 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
profissionais da saúde, mas inclui a co-participação daquele que é tratado e curado. Essa acepção, oriunda do 
espírito da Pediatria Social, transforma o setor de maternidade de agência de assistência técnica de manutenção 
da saúde em centros de educação sanitária de longo alcance. A mãe, ensinada a se cuidar, a entender o filho, a 
satisfazer suas necessidades integrais, torna-se agente multiplicador da saúde em âmbito individual, familiar, social 
e ecológico. 
Dentre as vantagens desse sistema, enfatizamos a educação em saúde, constituindo-se em centro natural de 
educação e não um local de acomodação de pessoas. Nesse sentido, o Ministério da Saúde argumenta que o 
alojamento conjunto não é um método de assistência utilizado para economizar pessoal de enfermagem, pois tem 
um alto conteúdo educativo que precisa ser considerado prioritário. 
Assim, durante o tempo de permanênciano hospital, é vantajoso que a mãe e o pai participem do cuidado do bebê, 
sob orientação direta da enfermeira. Todavia, nem todas as maternidades desenvolvem atividades educativas 
regularmente. 
O Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2.068, de 21 de outubro de 2016, instituindo as diretrizes para a 
organização da atenção integral e humanizada à mulher e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. A partir dela, 
todos as maternidades de serviços públicos e privados, inclusive das Forças Armadas, de hospitais universitários e 
de ensino, deverão seguir estas normativas. Com estas reformulações, a Portaria anterior (nº 1.016/GM/MS, de 26 
de agosto de 1993) foi revogada 
A QUEM SE DESTINA O ALOJAMENTO CONJUNTO? 
× Mulheres clinicamente estáveis e sem contraindicações para a permanência junto ao seu bebê; 
× Recém-nascidos clinicamente estáveis, com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico; peso 
maior ou igual a 1.800 g e idade gestacional maior ou igual a 34 semanas; 
× Recém-nascidos com acometimentos sem gravidade, como por exemplo: icterícia, necessitando de 
fototerapia, malformações menores, investigação de infecções congênitas sem acometimento clínico, com 
ou sem microcefalia; 
× Recém-nascidos em complementação de antibioticoterapia para tratamento de sífilis ou sepse neonatal 
após estabilização clínica na UTI ou UCI neonatal. 
RECURSOS HUMANOS MÍNIMOS NO ALOJAMENTO CONJUNTO 
× Enfermagem (1 Enfermeiro Coordenador com jornada horizontal mínima de 4 horas diárias; 1 Enfermeiro 
Assistencial para cada 20 binômios mãe-bebê; 1 Técnico/Auxiliar de Enfermagem para cada 8 binômios 
mãe-bebê); 
× Pediatria (1 Médico Responsável Técnico, preferencialmente pediatra ou neonatologista, com jornada 
horizontal mínima de 4 horas diárias; 1 Médico Assistencial, preferencialmente pediatra ou 
neonatologista, com jornada horizontal mínima de 4 horas diárias para cada 20 recém-nascidos; 1 Médico 
Plantonista para cada 20 recém-nascidos – pode ser pediatra ou neonatologista da UCINCo ou UCINCa); 
× Obstetrícia (1 Médico Responsável Técnico, preferencialmente Gineco/Obstetra, com jornada horizontal 
mínima de 4 horas diárias; 1 Médico Assistencial, preferencialmente Gineco/Obstetra, para cada 20 
puérperas; 1 Médico Plantonista, preferencialmente Gineco/Obstetra). 
Observação: O Enfermeiro e o Médico poderão acumular as funções de coordenação e assistência. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
RECURSOS FÍSICOS MÍNIMOS NO ALOJAMENTO CONJUNTO 
× Os quartos devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e ao recém-nascido com capacidade 
para um ou dois leitos, com banheiro anexo; 
× As enfermarias devem ser ambientes destinados à assistência à puérpera e ao recém-nascido com 
capacidade para três a seis leitos, com banheiro anexo, conforme normativas vigentes da ANVISA; 
× Para cada leito materno, deve ser disponibilizado um berço para o recém-nascido e uma poltrona para 
acompanhante. O berço do recém-nascido deve ficar ao lado do leito da mãe e deve ser respeitada a distância 
mínima de um metro entre leitos ocupados; 
× Os quartos devem ter tamanho adequado para acomodar mulher e recém-nascido, de acordo com as normas 
vigentes da ANVISA. 
× Caro aluno, lembrando que o tempo de permanência mínimo recomendado no Alojamento Conjunto é de 24 
horas (momento em que a alta hospitalar já pode ser considerada). 
Assim, a equipe multiprofissional deverá fornecer à mulher as seguintes orientações no momento da alta: 
× Procurar a Unidade Básica de Saúde ou o pronto-atendimento caso a mulher apresente sinais de infecção 
(febre, secreção purulenta vaginal, por ferida operatória ou nas mamas), sangramento com odor fétido ou 
com volume aumentado, edema assimétrico de extremidades, dor refratária a analgésicos, sofrimento 
emocional, astenia exacerbada ou outros desconfortos; 
× Procurar a Unidade Básica de Saúde se o recém-nascido apresentar problemas com aleitamento materno, 
icterícia ou qualquer outra alteração; 
× Em caso de intercorrências com as mamas, os Bancos de Leite Humano poderão oferecer a assistência 
referente às boas práticas da amamentação, e orientações sobre a doação de leite humano; 
× Realizar vacinação conforme calendário vacinal; 
× Higienizar as mãos antes e após o cuidado com o recém-nascido; 
× Evitar ambientes aglomerados ou com pessoas apresentando sinais e sintomas de doenças 
infectocontagiosas, como gripe e resfriado; 
× Prevenir a morte súbita do recém-nascido por meio dos seguintes cuidados: deixar a criança em posição 
supina, manter a amamentação ao seio e evitar o tabagismo materno ou outra forma de exposição da criança 
ao fumo; 
× Transportar o recém-nascido de forma segura e prevenir acidentes domésticos; 
× Para crianças filhos de mães cuja amamentação é contraindicada, orientar o preparo correto da formula 
láctea e higienização dos utensílios utilizados para preparo e oferta desse alimento 
PUERICULTURA – PRIMEIRA CONSULTA 
É a arte de promover e proteger a saúde das crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança 
como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. Apesar de ser uma especialidade iniciada em princípio 
na Pediatria, leva em conta a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-sócio-cultural, sendo 
também fundamental no acompanhamento das crianças as equipes da Estratégia da Saúde da Família. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Tem como objetivo acolher a todas as crianças, dando assistência de forma integrada, realizando a vigilância do 
crescimento e desenvolvimento e monitorando os fatores de risco ao nascer e evolutivos; estimulando o aleitamento 
materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado com alimentação da família, até os dois anos de vida; 
garantindo a aplicação das vacinas do esquema básico de imunização e, garantindo assim um atendimento de 
qualidade. 
A primeira avaliação desta criança é realizada pelo pediatra na 
própria sala de parto e até alta hospitalar. A partir daí preconiza-se 
que a criança seja avaliada na primeira de semana de vida e seja 
acompanhada na Atenção Básica nas UBS tradicionais ou ESF pela 
equipe com retornos, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 
12º mês, além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 
24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, com consultas anuais, 
próximas ao mês do aniversário. Nas consultas periódicas, a equipe 
de saúde observa a criança, indaga aos pais sobre as atividades do 
filho, reações frente a estímulos e realiza o exame clínico. Quanto 
mais nova a criança, mais frágil e vulnerável, daí a necessidade de 
consultas mais frequentes. Em cada consulta a equipe de saúde 
vai pedir informações sobre como a criança se alimenta, se as 
vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, 
através da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico e sua análise em gráficos, são indicadores 
das condições de saúde das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês e crianças de primeira infância devem ter seu 
crescimento e seu desenvolvimento avaliados. 
ANAMNESE 
A partir da anamnese, procura-se avaliar principalmente as condições do nascimento da criança (tipo de parto, local 
do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no 
período neonatal e nos tratamentos realizados) e os antecedentes familiares. 
× Queixas referidas pela mãe e intercorrências. 
× Condições gestacionais e perinatais. 
× Presença de risco ao nascer e risco evolutivo. 
× Verificar a realização eos resultados dos 
testes de triagem neonatal (olhinho, orelhinha, 
coraçãozinho epezinho) para 
encaminhamentos necessários 
× Alimentação: dificuldades e necessidades de 
intervenção. 
× Diurese e hábito intestinal. 
× Higiene física: banho diário, coto umbilical, 
com os utensílios da criança. 
× Higiene mental: condições emocionais e 
ambientais. 
× Situação vacinal.
EXAME FÍSICO 
O exame físico mais abrangente com o objetivo de se avaliar o bem estar e a normalidade física da criança deve ser 
realizado com 12-24 horas de vida, portanto, após o término do período de transição. Nesse período, ocorre uma 
série de alterações para a recuperação dos estresses causados pelo trabalho de parto, pelo nascimento e pela 
adaptação às exigências do meio extrauterino. Essa transição requer ajustes do RN para tolerar a mudança de um 
meio líquido, relativamente estável (que proporciona nutrição e respiração adequada) para ambiente no qual ele deve 
ser muito mais independente fisiologicamente. Os neonatos a termo completam esse período em poucas horas; 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
entretanto, para os RN pré-termo, esse período pode ser mais longo e alguns podem necessitar de assistência 
especializada. 
O exame físico do RN nas primeiras horas de vida, com descrição do fenótipo, auxilia o diagnóstico genético e 
direciona procedimentos. 
Peso, comprimento e perímetro cefálico 
Avalie o comprimento e o perímetro cefálico da criança. Avalie o peso em relação ao peso ideal ao nascer. 
Consideram-se normais tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de 
vida. O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -2 ou > +2 escores “z”) pode 
estar relacionado a doenças neurológicas, como microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia, o que 
exige, portanto, melhor avaliação e encaminhamento. 
Desenvolvimento social e psicoafetivo 
Observe e avalie o relacionamento da mãe/cuidador e dos familiares com o bebê: como respondem às suas 
manifestações, como interagem com o bebê e se lhe proporcionam situações variadas de estímulo. 
Estado geral 
× Avalie a postura normal do recém-nascido: as extremidades fletidas, as mãos fechadas e o rosto, geralmente, 
dirigido a um dos lados. 
× Observe o padrão respiratório: a presença de anormalidades, como batimentos de asas do nariz, tiragem 
intercostal ou diafragmática e sons emitidos. 
× Avalie o estado de vigília do recém-nascido: o estado de alerta, o sono leve ou profundo e o choro. 
× Identifique sinais de desidratação e/ou hipoglicemia: pouca diurese, má ingestão (a criança não consegue 
mamar ou vomita tudo o que mama), hipoatividade e letargia. 
× A temperatura axilar normal situa-se entre 36,4ºC e 37,5ºC e não necessita ser medida rotineiramente em 
crianças assintomáticas, exceto na presença de fatores de risco, como febre materna durante o parto. 
Face 
Pesquise alguma assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica. 
Pele 
Observe a presença de: (a) edema (se for generalizado, pense em doença hemolítica perinatal, iatrogenia por uso de 
coloides ou cristaloides em excesso, insuficiência cardíaca, sepse; se for localizado, isso sugere trauma de parto); 
(b) palidez (sangramento, anemia, vasoconstrição periférica ou sinal de arlequim – palidez em um hemicorpo e 
eritema do lado oposto, por alteração vasomotora e sem repercussão clínica); (c) cianose (se for generalizada, 
pense em doenças cardiorrespiratórias graves; se for localizada nas extremidades ou na região perioral, pense em 
hipotermia); (d) icterícia. O profissional deverá estar mais atento caso a icterícia tenha se iniciado nas primeiras 
24 horas ou depois do 7º dia de vida, caso tenha duração maior do que uma semana no recém-nascido a termo, 
duração maior do que duas semanas no prematuro e se a tonalidade for amarela com matiz intenso ou se a icterícia 
se espalha pelo corpo, atingindo pernas e braços. Pesquise a possível presença de assaduras, pústulas (impetigo) 
e bolhas palmo-plantares (sífilis). Esclareça a família quanto à benignidade do eritema tóxico. 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Crânio 
Examine as fontanelas: a fontanela anterior mede de 1cm a 4cm, tem forma losangular, fecha-se do 9º ao 18º mês 
e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fontanela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e 
fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. Bossa serossanguínea e 
cefalematomas (mais delimitados do que a bossa e que involuem mais lentamente) desaparecem espontaneamente. 
Olhos 
× Reflexo fotomotor: projeta-se um feixe de luz em posição ligeiramente lateral a um olho. A pupila deve se 
contrair rapidamente. O teste deve ser repetido no outro olho, devendo ser comparado com o primeiro. Avalia 
basicamente a estrutura anátomofuncional. 
× Teste do reflexo vermelho ou Bruckner test (idem): deve ser realizado na penumbra (para a pupila ficar mais 
dilatada), com o oftalmoscópio colocado aproximadamente de 5cm a 10cm de distância dos olhos da 
criança (o importante é que o oftalmoscópio ilumine os dois olhos simultaneamente), para se observar o 
reflexo vermelho nos dois olhos. Se for notado um reflexo diferente entre os olhos ou a presença de 
opacidade, a criança deverá ser avaliada por um oftalmologista com urgência, pois poderá ter problemas 
como: catarata congênita, retinoblastoma ou retinopatia da prematuridade. É importante lembrar que todos 
os prematuros com 32 semanas ou menos e/ou menores de 1500g devem ser avaliados com dilatação de 
pupila por oftalmologista na 6ª semana de vida e acompanhados de acordo com o quadro clínico, pois o teste 
do reflexo vermelho detecta retinopatia da prematuridade apenas de grau 5, já com descolamento de retina 
e prognóstico reservado. 
× Conjuntivites: as pálpebras podem estar edemaciadas (pela reação ao nitrato de prata a 1%) e a regressão 
é espontânea em 24h a 48h. A presença de secreção purulenta evidencia uma conjuntivite e, principalmente 
no RN, é importante descartar a infecção por gonococo, clamídia e herpesvírus. A conduta correta é sempre 
coletar a secreção e solicitar exame bacteriológico e bacterioscópico. A coleta pode ser feita do fundo de 
saco, com espátula para swab, e encaminhada ao laboratório de microbiologia em meio de cultura. Após a 
coleta, deve-se iniciar imediatamente o tratamento com colírio (tobramicina ou ofloxacina) e, após o 
resultado, deve-se tratar o agravo de acordo com o agente etiológico. O grande risco é a conjuntivite por 
gonococo, pois a bactéria pode penetrar na córnea intacta e causar perfuração ocular em 24h. 
× Estrabismo (ou esotropia) e nistagmo lateral são comuns nesta fase, devendo ser reavaliados 
posteriormente. Os recém-nascidos podem apresentar eventualmente algum tipo de desvio ocular, pois a 
visão binocular só estará bem desenvolvida entre 3 e 7 meses. Raramente o estrabismo congênito tem seu 
diagnóstico feito antes dos 6 meses de vida. A idade ideal para o encaminhamento é a partir dos 4 meses. 
Orelhas e audição 
Oriente a família para a realização da triagem auditiva neonatal universal (Tanu) ou “teste da orelhinha”. Observe 
também a implantação, o tamanho e a simetria das orelhas. 
Nariz 
Avalie a forma e a possível presença de secreção (sífilis). 
Boca 
Alterações morfológicas podem representar dificuldade para a pega durante a amamentação, o que exigirá suporte 
e acompanhamento adequados. Observe a úvula, o tamanho da língua (macroglossia), o palato, o freio lingual e a 
coloração dos lábios. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Pescoço 
Avalie a assimetria facial e a posição viciosa da cabeça. O torcicolocongênito tem resolução espontânea em 90% 
dos casos. No entanto, nos casos mais persistentes, pode ser necessária correção cirúrgica (protelada até os três 
anos de idade). 
Tórax 
Avalie a assimetria, pois ela sugere malformações cardíacas, pulmonares, de coluna ou arcabouço costal. Apalpe as 
clavículas, para avaliar se há fraturas que poderiam acarretar diminuição ou ausência de movimentos do braço. A 
fratura de clavícula é manejada simplesmente prendendo-se o braço ao tórax, para proporcionar conforto ao bebê; 
tem caráter benigno e ocorre formação de calo ósseo em 2 a 3 semanas. Oriente a família para a involução 
espontânea de mamas, que podem estar ingurgitadas ou com presença de secreção leitosa (passagem de hormônios 
maternos). Observe possíveis sinais de sofrimento respiratório (tiragens, retração xifoidiana, batimentos de asas 
do nariz, gemidos, estridor). Conte a frequência cardíaca, que normalmente varia entre 120bpm e 160bpm. Observe 
a possível presença de cianose, abaulamento pré-cordial, turgência jugular, ictus cordis e sopros cardíacos. Verifique 
também os pulsos. 
Abdome 
Observe a respiração, que é basicamente abdominal e deve estar entre 40mrm e 60mrm. Observe a forma do abdome: 
se ele estiver dilatado, o achado pode sugerir presença de líquido, distensão gasosa, visceromegalias, obstrução ou 
perfuração abdominal; se ele estiver escavado, isso pode indicar hérnia diafragmática. 
Diagnostique a presença de hérnias inguinal e umbilical. Os casos de hérnia inguinal têm indicação cirúrgica imediata, 
devido ao risco de encarceramento ou estrangulamento. Já nos casos de hérnia umbilical, aguarda-se sua regressão 
espontânea até 12 meses, dependendo do tamanho da hérnia. Diagnostique também a presença de diástase dos 
retos abdominais e agenesia da musculatura abdominal. Verifique a presença de granuloma umbilical após a queda 
do coto (resolvido com uso de nitrato de prata). Se a região umbilical estiver vermelha, edemaciada e com secreção 
fétida, o achado indica onfalite e, portanto, a criança deve ser encaminhada para a emergência. 
Genitália 
× Apalpe a bolsa escrotal para identificar a presença dos testículos. 
× Quando os testículos não forem palpáveis na bolsa escrotal na primeira consulta do recém-nascido, a mãe 
pode ser informada de que isso se trata de uma situação comum, especialmente em prematuros (9,2% a 
30%). Isso porque, na maioria das vezes, os testículos “descem” até os 3 meses de vida, quando o caso 
deverá ser reavaliado. Se aos 6 meses os testículos não forem apalpados na bolsa escrotal, a criança deve 
ser encaminhada para melhor avaliação e tratamento. 
× O acúmulo de líquido peritoneal ao redor do testículo caracteriza hidrocele, que em geral tem regressão lenta, 
com resolução espontânea, até os 2 anos de idade da criança (idem). A fimose é fisiológica ao nascimento. 
Deve-se observar a localização do meato urinário para excluir a possibilidade de hipospádia ou epispádia. Na 
genitália feminina, os pequenos lábios e o clitóris estão mais proeminentes. Pode haver secreção 
esbranquiçada, às vezes hemorrágica, devido à passagem de hormônios maternos, que se resolve 
espontaneamente. 
Ânus e reto 
Verifique a permeabilidade anal, bem como a posição do orifício e a presença de fissuras. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Sistema osteoarticular 
× Examine os membros superiores e inferiores, para avaliar sua resistência à extensão, a flexão dos membros, 
a possibilidade de flacidez excessiva e a suposta presença de paralisia. Identifique a provável presença de 
pé torto, que pode ser desde posicional (corrigido espontaneamente ou com imobilização) até um pé torto 
congênito grave, associado inclusive a outras anormalidades congênitas. O exame da flexibilidade do pé 
ajuda na diferenciação, mas o ideal é encaminhar a criança para o ortopedista, para melhor avaliação e 
escolha do tratamento. 
× Verifique a presença de displasia evolutiva do quadril realizando os testes de Ortolani e de Barlow. 
Coluna vertebral 
× Examine toda a coluna, em especial a área lombo-sacra, percorrendo a linha média. 
× Avaliação neurológica 
× Observe reflexos arcaicos: sucção, preensão palmo-plantar e Moro, que são atividades próprias do recém-
nascido a termo, sadio. Observe a postura de flexão generalizada e a lateralização da cabeça até o final do 
primeiro mês. Observe a presença de movimentos normais e espontâneos de flexão/extensão dos membros. 
O tônus normal é de semiflexão generalizada. 
AVALIAÇÕES E ORIENTAÇÕES 
Avalie a presença de situações de risco e vulnerabilidade à saúde do recém-nascido [D] 
Situações de vulnerabilidade [D]: 
× Criança residente em área de risco; 
× Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g); 
× Prematuridade (menos de 37 semanas 
gestacionais); 
× Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5º 
minuto; 
× Internações/intercorrências; 
× Mãe com menos de 18 anos de idade; 
× Mãe com baixa escolaridade (menos de oito 
anos de estudo); 
× História familiar de morte de criança com 
menos de 5 anos de idade. 
Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade: aleitamento materno ausente ou não exclusivo, gestação 
gemelar, malformação congênita, mais do que três filhos morando juntos, ausência de pré-natal, problemas 
familiares e socioeconômicos que interfiram na saúde da criança, problemas específicos da criança que interfiram 
na sua saúde, não realização de vacinas, identificação de atraso no desenvolvimento e suspeita ou evidência de 
violência. 
Entre as situações familiares consideradas de vulnerabilidade, encontram-se as seguintes: gravidez de alto risco 
ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação, presença de rupturas e conflitos do casal quando da 
descoberta da gravidez, separações e lutos na família, mãe em situação de sofrimento agudo ou diagnóstico de 
doença mental, parto difícil ou traumático, pais com dificuldades de assumir a parentalidade (tornar-se pai e tornar-
se mãe) e famílias com problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas). 
Avalie e oriente os pais sobre os sinais de perigo na criança com menos de 2 meses e 
sobre a necessidade de procurar atendimento de emergência 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Promova e apoie o aleitamento materno exclusivo e auxilie a formação ou o 
fortalecimento do vínculo entre os pais e o bebê 
A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor morbidade. Por 
isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde. Estimule a amamentação, orientando a livre demanda 
(frequência e duração) (idem), e 
não prescreva suplementação desnecessária com outros leites (ibidem). Estas são algumas das orientações que 
serão mais bem abordadas em capítulo específico sobre a alimentação saudável. 
A formação ou o fortalecimento do vínculo entre os pais e o bebê é importante também para auxiliar os pais na 
percepção das necessidades do bebê e para estimulá-los a prover os cuidados necessários a ele. Os profissionais 
devem ainda propiciar espaço para o esclarecimento de dúvidas e manifestações de sentimentos do cuidador em 
relação ao bebê. O procedimento de orientar os pais sobre o desenvolvimento social do bebê pode promover maior 
vínculo entre eles. O melhor momento para interagir com o bebê é quando ele se encontra quieto, mas alerta, com 
os olhos bem abertos, como se estivesse prestando atenção. A interação entre os pais e o seu bebê, assim como 
de outros familiares com a criança, pode ser estimulada conhecendo-se as 
competências do bebê. Para uma melhor interação com o bebê, é interessante alertar a mãe (e os familiares) de 
que alguns recém-nascidos a termo, em situações especiais (principalmenteno estado quieto-alerta), são capazes 
de: 
× Ir ao encontro da mama da mãe por si próprios, 
logo após o nascimento, se colocados no 
tórax da mãe. Dessa maneira, eles decidem 
por si o momento da primeira mamada, que 
ocorre em média aos 40 minutos de vida; 
× Reconhecer a face da mãe após quatro horas 
de vida. O bebê enxerga melhor a uma 
distância de 20cm a 25cm, a mesma 
distância que separa os olhos do bebê e o 
rosto da mãe durante as mamadas; 
× Ter contato olho a olho; 
× Reconhecer e mostrar interesse por cores 
primárias (vermelho, azul e amarelo); 
× Seguir um objeto com os olhos e, às vezes, 
virar a cabeça na sua direção; 
× Distinguir tipos de sons (principalmente os 
agudos), com preferência pela voz humana, 
em especial a da mãe; 
× Determinar a direção do som; 
× Reconhecer sabores, com preferência por 
doces; 
× Reconhecer e distinguir diferentes cheiros. 
Com um ou dois dias de vida, o bebê 
reconhece o cheiro da mãe; 
× Imitar expressões faciais logo após o 
nascimento; 
× Alcançar objetos. 
Se estiverem interessados, os pais ainda devem ser orientados a como participar de atividades educativas que 
ofereçam suporte emocional e auxiliem a formação da parentalidade, como, por exemplo: grupos de mães/pais-bebê, 
grupos de pais e outros. 
Orientações gerais sobre os cuidados com o recém-nascido 
Algumas orientações são importantes e devem ser fornecidas aos pais, como, por exemplo: 
× A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser orientada em todas as 
visitas de puericultura, com o objetivo de evitar a propagação de micro-organismos causadores de doenças 
respiratórias. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
× Oriente a família de modo a não permitir que pessoas fumem dentro de casa ou que aqueles que acabaram 
de fumar peguem o bebê no colo. 
× Oriente-os a respeito do banho e sobre os cuidados com o coto umbilical, que deve cair nas primeiras duas 
semanas. Para isso, o coto deve ser mantido limpo e seco. Oriente-os também sobre a troca de fraldas, a 
prevenção de assaduras, os hábitos de sono e os diferentes tipos de choro. Na troca de fraldas, a fim de 
evitar as assaduras, os cuidadores devem secar bem o bebê após o banho e não podem utilizar talcos. 
× Oriente-os a respeito da posição supina (de “barriga para cima”) para dormir e a sua relação de proteção 
contra a morte súbita do lactente. Caso se pratique o coleito (quando o bebê é colocado para dormir na 
cama dos pais), alerte-os para os casos em que certos comportamentos dos pais (como o hábito de ingerir 
bebida alcoólica, o uso de drogas ilícitas ou cigarros, a utilização de medicação que age no sistema nervoso 
central ou quando os pais se encontrarem muito cansados) podem acarretar maior risco de morte súbita 
para o bebê, além de lesões não intencionais, ao cair da cama, ao ser prensado ou sufocado por um dos pais, 
principalmente quando se trata de crianças menores de 4 meses. Também por segurança, os pais devem 
ser instruídos a não dormir com o bebê em sofás ou poltronas. 
× Existem também boas evidências para o aconselhamento antecipado referente ao choro noturno e aos 
diferentes significados do choro: fome, desconforto, dor. Durante a avaliação de uma criança cujos pais 
queixam-se de choro excessivo, os seguintes aspectos devem ser avaliados: estado geral da criança, 
história pré-natal e perinatal, momento de início e duração do choro, tensão no ambiente, hábitos de 
alimentação, diurese, evacuação, dieta da mãe (se estiver amamentando), refluxo gastroesofágico, história 
familiar de alergias, resposta dos pais referente ao choro e fatores que aliviam ou agravam o choro. 
× Em relação ao uso de chupetas (“bicos”), atualmente, a introdução desse hábito tem sido desaconselhada 
pela possibilidade de interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos, 
que são abordados no capítulo 11, sobre saúde bucal. 
Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorra com mais frequência entre as crianças que usam 
chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos envolvidos nessa associação. 
Orientações gerais sobre os cuidados com o recém-nascido 
Algumas orientações são importantes e devem ser fornecidas aos pais, como, por exemplo: 
× A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser orientada em todas as 
visitas de puericultura, com o objetivo de evitar a propagação de micro-organismos causadores de doenças 
respiratórias. 
× Oriente a família de modo a não permitir que pessoas fumem dentro de casa ou que aqueles que acabaram 
de fumar peguem o bebê no colo. 
× Oriente-os a respeito do banho e sobre os cuidados com o coto umbilical, que deve cair nas primeiras duas 
semanas. Para isso, o coto deve ser mantido limpo e seco. Oriente-os também sobre a troca de fraldas, a 
prevenção de assaduras, os hábitos de sono e os diferentes tipos de choro. Na troca de fraldas, a fim de 
evitar as assaduras, os cuidadores devem secar bem o bebê após o banho e não podem utilizar talcos. 
× Oriente-os a respeito da posição supina (de “barriga para cima”) para dormir e a sua relação de proteção 
contra a morte súbita do lactente. Caso se pratique o coleito (quando o bebê é colocado para dormir na 
cama dos pais), alerte-os para os casos em que certos comportamentos dos pais (como o hábito de ingerir 
bebida alcoólica, o uso de drogas ilícitas ou cigarros, a utilização de medicação que age no sistema nervoso 
central ou quando os pais se encontrarem muito cansados) podem acarretar maior risco de morte súbita 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
para o bebê, além de lesões não intencionais, ao cair da cama, ao ser prensado ou sufocado por um dos pais, 
principalmente quando se trata de crianças menores de 4 meses. Também por segurança, os pais devem 
ser instruídos a não dormir com o bebê em sofás ou poltronas. 
× Existem também boas evidências para o aconselhamento antecipado referente ao choro noturno e aos 
diferentes significados do choro: fome, desconforto, dor. Durante a avaliação de uma criança cujos pais 
queixam-se de choro excessivo, os seguintes aspectos devem ser avaliados: estado geral da criança, 
história pré-natal e perinatal, momento de início e duração do choro, tensão no ambiente, hábitos de 
alimentação, diurese, evacuação, dieta da mãe (se estiver amamentando), refluxo gastroesofágico, história 
familiar de alergias, resposta dos pais referente ao choro e fatores que aliviam ou agravam o choro. 
× Em relação ao uso de chupetas (“bicos”), atualmente, a introdução desse hábito tem sido desaconselhada 
pela possibilidade de interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos, 
sobre saúde bucal. 
× Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorra com mais frequência entre as crianças que 
usam chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos envolvidos nessa associação. 
Prevenção de acidentes 
Além das recomendações anteriores de cuidados com o bebê, deve-se cuidar da temperatura do banho (a 
temperatura ideal da água é de 37ºC) e não se deve deixar a criança sozinha na banheira, mesmo que com pouca 
água. Oriente a família a manter as grades do berço em boa distância (a distância entre as ripas da grade do berço 
não deve ser superior a 6cm). Oriente a família a utilizar cobertas leves e travesseiro firme para evitar a sufocação 
do bebê. Se estiver frio, é preferível agasalhá-lo com maior quantidade de roupas do que cobri-lo com muitas 
cobertas. Oriente os cuidadores a não aquecer o leite materno, a fórmula infantil ou outros líquidos em forno de 
micro-ondas, devido ao risco de escaldamento. Líquidos aquecidos nesses aparelhos podem ficar mornos na porçãomais externa do recipiente, enquanto no seu interior, principalmente na parte superior, podem estar fervendo. O 
transporte do bebê em automóvel deve ser feito sempre no banco traseiro, em cadeirinha especial para lactente, 
com cinto de segurança e com a criança posicionada na cadeirinha apropriada de costas para o motorista. A criança 
não deve ser deixada perto de animais, mesmo os animais de casa, pois eles podem ter reações imprevisíveis. 
Realização do teste do pezinho 
O teste do pezinho, feito na criança logo após o seu nascimento, conforme estabelece o Programa Nacional de 
Triagem Neonatal (PNTN), permite a detecção da fenilcetonúria e do hipotireoidismo congênito (fase 1 do programa) 
e de hemoglobinopatias (fase 2), doenças que podem ser tratadas, prevenindo o retardo mental (que as duas 
primeiras enfermidades podem ocasionar) e as infecções e outras complicações que frequentemente podem 
ocasionar a morte de crianças com hemoglobinopatias. A pesquisa de hemoglobinopatias inclui a detecção de 
anemia falciforme e do traço falciforme, que, mesmo assintomático, traz implicação genética para a família. A fase 
3 do PNTN acrescentará a triagem da fibrose cística (ou mucoviscidose). 
O teste deverá ser feito a partir do 3º dia de vida da criança, quando já ocorreu uma ingestão adequada de proteínas 
e é possível analisar com mais segurança o metabolismo da fenilalanina, evitando-se resultados falsos negativos 
para fenilcetonúria. Além disso, a dosagem de hormônio estimulante da tireoide (TSH) nas primeiras 24 horas de 
vida pode acarretar um aumento de falsos positivos para hipotireoidismo congênito. Assim, a coleta para o exame 
deve ser realizada entre o 3º e o 7º dia de vida da criança. Embora não seja o ideal, aceita-se que seja feita a coleta 
até o 30º dia de vida do bebê. A equipe de saúde, perante resultados alterados, deve contatar o serviço de referência 
estadual de triagem neonatal, ocasião em que nova coleta será provavelmente orientada, conforme cada situação. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Orientações para o calendário de imunizações 
É importante verificar se o recém-nascido recebeu a 1ª dose da vacina contra hepatite B e da BCG na maternidade 
e se será necessário indicar a aplicação dessas vacinas na unidade de saúde. 
Combine o calendário de consultas 
Oriente a família sobre o retorno do bebê no 30º dia de vida e combine novas consultas conforme os critérios de 
risco e o calendário das consultas subsequentes. 
TRIAGEM NEONATAL 
PROGRAMA NACIONAL DE TRIAGEM NEONATAL 
O governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, com o intuito de regulamentar as ações de Saúde Pública em 
Triagem Neonatal, criou, no início do ano de 2001, uma comissão de assessoria técnica para avaliar as condições 
existentes no País. Essa comissão realizou um levantamento inicial que demonstrou uma cobertura populacional 
insuficiente e irregular, com grandes diferenças entre as diversas regiões do País. 
A partir da implantação do PNTN poderemos dispor de informações que serão utilizadas na realização de estudos 
epidemiológicos e projeções estatísticas, visando à melhoria na qualidade do programa ou estabelecimento de 
novas estratégias em Triagem Neonatal. 
As doenças alvo dos programas de triagem neonatal (PTN) ganharam relevância com as mudanças seculares no 
perfil de morbimortalidade relacionadas ao desenvolvimento socioeconômico e que caracterizam a chamada 
"transição demográfica e epidemiológica". À medida que uma sociedade evolui de um perfil composto por famílias 
numerosas, com altas taxas de morbidade e mortalidade infantis por causas agudas (desnutrição, doenças 
infecciosas, etc.), para um padrão de natalidade reduzida, diminuição da mortalidade infantil, aumento na esperança 
de vida, com um aumento relativo da morbimortalidade por doenças crônicas, a TN passa a assumir importância 
crescente. 
Em outras palavras, quando doenças imunopreveníveis passam a ser equacionadas por medidas preventivas como 
os programas de vacinação, os sistemas de saúde passam a concentrar sua atenção em doenças menos comuns e 
mais complexas, porém com efeitos deletérios prolongados sobre o desenvolvimento infantil. O sucesso na 
prevenção primária de diversas doenças, traduzida pela redução na prevalência destas através de medidas 
profiláticas (como é o caso de doenças infecciosas), permitiu deslocar esforços para problemas de saúde passíveis 
de prevenção secundária, ou seja, em que não há como reduzir a prevalência de determinadas doenças, mas o seu 
diagnóstico e tratamento precoces permitem a redução na incidência das sequelas decorrentes da falta ou atraso 
nos respectivos tratamentos5. 
O marco introdutório dos PTN, na década de sessenta, foi o desenvolvimento da metodologia para dosagem de 
fenilalanina em amostras de sangue seco colhidas em cartões de papel filtro, permitindo o diagnóstico da 
fenilcetonúria (PKU). 
Está em fase de avaliação, pelo Ministério da Saúde, a proposta de reformulação do PNTN, para a inclusão de triagens 
clínicas: Triagem Neonatal Ocular‑TNO, Teste do Reflexo‑Vermelho “teste do olhinho”; Triagem Neonatal Auditiva‑TNA 
“teste da orelhinha”; e Triagem da Cardiopatia Congênita “teste do coraçãozinho”. 
A política deve orientar a gestão da triagem neonatal de forma integrada entre as esferas de gestão (Municípios, 
Unidades Federadas e União) para que possa ser implementada integralmente, articulada às políticas intersetoriais. 
Sabemos que a triagem neonatal, conhecida como “teste do pezinho”, já é socialmente reconhecida como uma 
efetiva ferramento de prevenção a saúde, e tem a Atenção Básica como porta de entrada no Sistema de Saúde. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
TESTE DO PÉZINHO 
A triagem neonatal a partir da matriz biológica, “teste do pezinho”, é um conjunto de ações preventivas, responsável 
por identificar precocemente indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para 
que estes possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. Além disso, propõe 
o gerenciamento dos casos positivos por meio de monitoramento e acompanhamento da criança durante o processo 
de tratamento. 
A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento 
dos casos diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado 
integral. 
× O diagnóstico presuntivo em triagem neonatal refere‑se à interpretação de correlações clínicas e/ou 
clinico‑laboratoriais, indicando impressão, suspeita ou probabilidade, obtidas por utilização unicamente dos 
testes de triagem conforme protocolos técnicos estabelecidos para os distúrbios ou doenças específicas; 
× O diagnóstico definitivo ou de certeza refere‑se à constatação da presença do distúrbio ou doença, nos 
casos previamente suspeitos à triagem, por meio de testes confirmatórios e/ou avaliação clínica; 
× A melhoria da efetividade do acesso ao tratamento e acompanhamento dos casos diagnosticados, obtidos 
com as ações operacionais de monitoramento e acompanhamento das pessoas com diagnóstico positivo, 
incluem a busca ativa para a recoleta, reteste, reavaliação, agendamento de consultas e acompanhamento 
de comparecimento; 
× A incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral nas Redes de 
Atenção à Saúde (RAS), incluindo tratamento medicamentoso e fórmulas nutricionais quando indicados no 
âmbito do SUS, devem ser resultado das recomendações formuladas por órgãos governamentais, a partir do 
processo de avaliação e aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS 
(CONITEC) e Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT)do Ministério da Saúde. 
As ações do PNTN devem ser articuladas entre o Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde dos Estados, Municípios, 
Distrito Federal e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Os entes federativos organizam os fluxos da 
triagem neonatal, incluindo‑os nas Redes de 
Atenção à Saúde do SUS e os integram aos 
componentes: Atenção Básica, Atenção 
Especializada e Maternidades. 
Os níveis de atenção estão articulados entre si, de 
forma a garantir a integralidade do cuidado e o 
acesso regulado a cada ponto de atenção e/ou aos 
serviços de apoio, observadas as especificidades 
inerentes e indispensáveis à garantia da equidade 
na atenção às pessoas com diagnóstico positivo 
na triagem neonatal. 
Toda criança nascida em território nacional tem o 
direito à triagem neonatal (Teste do Pezinho). Mas, para que este alcance o seu objetivo primordial de detectar 
algumas doenças que podem causar sequelas graves ao desenvolvimento e crescimento, o teste deve ser feito no 
momento e da forma adequados. 
O momento para a coleta, preferencialmente, não deve ser inferior a 48 horas de alimentação proteica 
(amamentação) e nunca superior a 30 dias, sendo o ideal entre o 3º e o 5º dia de vida. As gestantes devem ser 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
orientadas, ao final de sua gestação, sobre a importância do teste do pezinho e procurar um posto de coleta ou um 
laboratório indicado pelo pediatra dentro deste prazo. 
Os diferentes estados brasileiros encontram-se em distintas fases de implantação. Quanto maior a fase, maior o 
número de doenças triadas. 
× Fase I:Hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria; 
× Fase II:Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e hemoglobinopatias; 
× Fase III:Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias e fibrose cística. 
× Fase IV: Hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, hemoglobinopatias, fibrose cística e hiperplasia adrenal 
congênita 
Os laboratórios privados realizam testes para outras doenças, cabendo ao pediatra selecionar as que são de 
interesse. Nos casos com resultados de triagem alterados, o laboratório central deve acionar o posto de coleta para 
que entre em contato com a família e trazer a criança para a realização de exames confirmatórios. Esse processo 
precisa ser ágil e eficaz para que a terapêutica precoce adequada possa ser instituída 
Importante: o Teste do Pezinho é apenas um teste de triagem. Um resultado alterado não implica em diagnóstico 
definitivo de qualquer uma das doenças, necessitando, de exames confirmatórios. 
Procedimento de coleta 
Luvas de procedimento 
Para dar início à coleta da amostra de cada criança, o profissional deve lavar as mãos antes de calçar as luvas de 
procedimento. As mãos devem ser lavadas e as luvas trocadas novamente a cada novo procedimento de coleta. 
Posição da criança 
Para que haja uma boa circulação de sangue nos pés da criança, suficiente para a coleta, o calcanhar deve sempre 
estar abaixo do nível do coração. A mãe, o pai ou o acompanhante da criança deverá ficar de pé, segurando a criança 
com a cabeça encostada no seu ombro. O profissional que vai executar a coleta deve estar sentado, ao lado da 
bancada, de frente para o adulto que está segurando a criança. 
Assepsia 
Realizar a assepsia do calcanhar com algodão ou gaze esterilizada, levemente umedecida com 
álcool 70%. Massagear bem o local, ativando a circulação. Certificar‑se de que o calcanhar 
esteja avermelhado. Aguardar a secagem completa do álcool. Nunca utilizar álcool iodado ou 
antisséptico colorido, porque eles interferem nos resultados de algumas das análises que serão 
realizadas. 
Sugestão de Procedimento Complementar 
Em cidades com condição de temperatura ambiente muito baixa, o aquecimento prévio do pé do bebê deve ser 
considerado, pois leva à vasodilatação e, consequentemente, a um aumento do fluxo sanguíneo, que favorece a boa 
coleta. O aquecimento prévio pode ser feito com a bolsa de água quente (máximo de 44°C), por 5 minutos, sobre o 
pé coberto com meia, sapatinho ou qualquer outro tecido fino e limpo, para evitar o contato direto com o pé da 
criança. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Punção 
A punção deve ser realizada obrigatoriamente com lancetas apropriadas para a coleta de sangue periférico e 
adquiridas, segundo as especificações, pelas Secretarias Municipais de Saúde: 
Atender às especificações de segurança do trabalho de acordo com a Norma Regulamentadora nº 32 – Segurança e 
Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde, do Ministério do Trabalho; 
× Autorretráteis para evitar acidentes perfuro‑cortantes; 
× Estéril; 
× Descartáveis; 
× Com profundidade entre 1,8 mm e 2,00 mm e largura entre 1,5 mm e 2,00 mm. 
A escolha do local adequado para a punção é importante, devendo ser numa das laterais da região 
plantar do calcanhar, local com pouca possibilidade de atingir o osso. Segure o pé e o tornozelo da 
criança, envolvendo com o dedo indicador e o polegar todo o calcanhar, de forma a imobilizar, mas 
não prender a circulação. A punção só deverá ser realizada após a assepsia e secagem completa do 
álcool. 
Coleta de sangue 
Aguardar a formação de uma grande gota de sangue. Retire com algodão seco ou gaze 
esterilizada a primeira gota que se formou. Ela pode conter outros fluidos teciduais que 
podem interferir nos resultados dos testes. 
Encostar o verso do papel‑filtro na nova gota que se forma na região demarcada para a coleta 
(círculos) e fazer movimentos circulares com o cartão, até o preenchimento de todo o 
círculo. Deixe o sangue fluir naturalmente e de maneira homogênea pelo papel‑filtro, evitando concentração de 
sangue. Não permita que ele coagule nem no papel‑filtro nem no pé do bebê. Só desencoste o papel‑filtro do pé 
quando o círculo esti ver todo preenchido . Não é necessário que os limites do sangue coincidam com os limites dos 
círculos impressos no papel‑filtro. Os limites estabelecidos servem de guia para a quantidade de material necessária 
à realização dos testes e para se evitar a supersaturação de sangue no papel‑filtro (encharcado, empapado), o que 
inviabilizaria a amostra. 
Não tocar com os dedos a superfície do papel‑filtro na região dos círculos. Qualquer pressão poderá comprimir o 
papel‑filtro, que irá absorver menor quantidade de sangue e comprometer os resultados dos testes. Encostar o outro 
círculo do papel‑filtro novamente no local do sangramento. Repita o movimento circular até o preenchimento total 
do novo círculo. Repita a mesma operação até que todos os círculos estejam totalmente preenchidos. Jamais 
retorne um círculo já coletado no local do sangramento para completar áreas mal preenchidas. A superposição de 
camadas de sangue interfere nos resultados dos testes. 
Se houver interrupção no sangramento, aproveite o momento de troca de círculo para massagear novamente a região 
do calcanhar, passar um algodão ou gaze com firmeza no mesmo local da punção para retirar o tampão de fibrina e 
plaquetas que se formou com o processo fisiológico de coagulação natural do organismo. 
Isso irá ativar novamente a circulação. 
Caso esse artifício não mostre efeito, tentar nova punção, no mesmo local da punção 
anterior. Isso irá aumentar a área da lesão e consequentemente favorecer o aumento do 
fluxo de sangue. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Puncionar o outro pé quando essas alternativas não obtiverem êxito para a obtenção da quantidade de sangue 
necessária para a finalização da coleta naquele recém-nascido. 
Jamais vire o papel‑filtro para fazer a coleta dos dois lados. É necessário que o sangue atravesse (seja absorvido)pela camada do papel‑filtro até que todo o círculo esteja preenchido com sangue de forma homogênea. 
Procedimentos laboratoriais em cada patologia 
Fenilcetonúria 
Doença genética em que a criança não é capaz de 
metabolizar o aminoácido fenilalanina existente em 
todas as formas de proteína da nossa alimentação 
(carne, leite, ovos, etc.). Com isso, a fenilalanina se 
acumula no sangue e em todos os tecidos. Este 
excesso provoca lesões graves e irreversíveis no 
sistema nervoso central (inclusive o retardo 
mental) e o seu tratamento precoce pode prevenir 
estas sequelas. O tratamento consiste em uma 
dieta pobre em fenilalanina. 
A triagem é realizada através da dosagem quantitativa da Fenilalanina (FAL) sanguínea, obtida de amostras colhidas 
em papel filtro. Para que o aumento da FAL possa ser detectado, é fundamental que a criança tenha tido ingestão 
proteica, portanto é recomendado que a coleta seja feita após 48 horas do nascimento da criança. Nesse momento, 
mesmo crianças de risco, que ainda não tiveram contato com leite materno, podem colher material desde que 
estejam sob dieta parenteral (rica em aminoácidos essenciais). 
A triagem para Fenilcetonúria, através da análise de metabólitos na urina, mostra-se inadequada para um programa 
de diagnóstico precoce, pois as alterações detectáveis na urina 
 só surgem em fase posterior às que são detectáveis no sangue e muitas vezes já concomitantemente com os 
primeiros sinais de lesão no sistema nervoso. 
CONSIDERACOES PRATICAS 
× O nível de Fenilalanina em crianças afetadas aumenta gradualmente após o nascimento, como um efeito da 
ingestão protéica da criança. 
× A prática da alta precoce em maternidades pode levar a resultados de triagem falso negativos. 
× Diálise ou transfusão podem diminuir os níveis de Fenilalanina temporariamente. 
× Um resultado de Triagem Neonatal positivo que tenha normalizado na segunda amostra, especialmente em 
crianças com retardo no crescimento, microcefalia ou malformações, pode levantar a possibilidade de PKU 
materna. Nesse caso, uma amostra da mãe deve ser analisada para melhor orientação e aconselhamento. 
VALOR DE REFERENCIA 
O valor de referência da triagem para a população normal é de FAL menor ou igual a 4mg%. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Hipotireoidismo congênito 
Distúrbio causado pela produção deficiente de 
hormônios da tireoide, geralmente devido a um defeito 
na formação da glândula, ou a um problema bioquímico 
que ocorre na síntese dos hormônios tireoid ianos. Os 
hormônios tireoidianos são fundamentais para o 
adequado desenvolvimento do sistema nervoso. A sua 
deficiência pode provocar lesão grave e irreversível, 
levando ao retardo mental grave. Se instituído bem cedo, 
o tratamento é eficaz e pode evitar estas sequelas. 
Deve ser tratado através da administração oral de 
levotiroxina. 
O período ideal para triagem do Hipotireoidismo 
Congênito é entre o quinto e sétimo dia de vida quando 
existe estabilização da função hormonal do recém-
nascido, e possibilita diagnóstico e tratamento precoce 
dos casos positivos. 
CONSIDERACOES PRATICAS 
× Os resultados encontrados podem variar de forma combinada com: TSH normal, alto (positivo) ou levemente 
elevado – borderline; T4 normal ou baixo. 
× A detecção dos pacientes não depende de fatores nutricionais. 
× 
× A ocorrência de transfusão pode mascarar os resultados de amostras obtidas após a transfusão. 
× A maioria das crianças com Hipotireoidismo Congênito pode ser detectada numa primeira amostra, mesmo 
que ela tenha sido coletada após algumas horas do nascimento. 
× Nas primeiras 24 horas de vida, os níveis de TSH podem estar transitoriamente elevados. 
× Em crianças prematuras, parece haver uma redução fisiológica nos níveis de T4. Isso não é devido à 
deficiência de TBG e os níveis de TSH geralmente não são elevados. Numa amostra de repetição, os níveis 
alcançam a variação normal esperada para crianças maduras. 
× Uma pequena porcentagem de casos de crianças co m Hipotireoidismo Congênito pode não apresentar 
resultados alterados, mesmo após a primeira semana de vida. Portanto, na presença de sinais clínicos, nova 
avaliação laboratorial deve ser realizada. 
VALOR DE REFERENCIA 
× Medida do hormônio estimulante da Tireóide (TSH) em amostras de sangue colhidas em papel filtro, seguido 
de medida da Tiroxina (T4) em amostra de soro quando o TSH é > 20mUI/L. Os níveis de TSH de crianças 
não afetadas podem ser mais altos durante as primeiras 24 horas (podendo gerar diagnósticos falsos 
positivos) por causa de stress do parto, mas geralmente normaliza ao redor de dois a três dias. 
× Alternativamente, pode ser realizada medida de T4 em amostra de papel filtro (que deverá apresentar valor 
superior a 6 Ug/dL), seguida de medida de TSH quando o T4 é menor que o percentil 10. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias 
Alterações estruturais na hemoglobina que prejudicam o transporte de oxigênio através das artérias e veias. Isso 
pode levar à oxigenação deficiente do organismo. Em geral, são classificadas em dois grupos: doença falciforme e 
talassemias. As principais complicações clínicas da anemia falciforme são tratadas com as seguintes medidas 
profiláticas: antibióticos, suplementação de ácido fólico, nutrientes e rastreio de complicações. Os pacientes 
talassêmicos podem ser tratados através de um regime de transfusões, terapia quelante intensiva e esplenectomia, 
na tentativa de reduzir as necessidades de transfusão. 
O propósito primário da Triagem Neonatal das Hemoglobinopatias é a identificação de crianças com doenças 
falciformes. Além disso, a triagem também identifica outras Hemoglobinopatias clinicamente significantes, 
incluindo algumas, mas não todas, Beta Talassemias, e a maioria das Alfa Talassemias clinicamente significantes. 
Serão identificados também portadores de Hemoglobinopatias (hemoglobina traço), que geralmente são 
assintomáticos, mas cuja identificação pode ter implicação genética importante na família. 
A Hemoglobina normal é designada de Hemoglobina A (Hb A). Outras hemoglobinas anormais podem ser encontradas, 
tais como: Hb S, Hb C, Hb D, Hb E, Hb J. 
A Anemia Falciforme é uma doença genética, devido a um defeito estrutural da cadeia Beta da globina, conduzindo 
a alteração físico-química na molécula de hemoglobina e na forma das hemácias para uma forma de foice, na 
ausência de oxigênio. 
Os heterozigotos duplos para a Hemoglobina S e outras hemoglobinas anormais, como, por exemplo, Hb SC, 
apresentam-se como variações da doença falciforme. 
No relatório mensal do PNTN, deve-se relacionar os casos positivos de Hemoglobinopatias confirmados e não incluir 
os indivíduos portadores de traço. Listar os casos de positivos de: 
× FS, SS (Anemia Falciforme ou Sº tal). 
× FC, CC (Hemoglobinopatia CC ou Cº tal). 
× FSC, SC (Hemoglobinopatia SC). 
× FSD, SD-Punjab (Hemoglobinopatia SD). 
× Outros genótipos patológicos. 
CONSIDERACOES PRATICAS 
× Transfusão de sangue pode causar resultados falso negativos ou positivos na triagem. Caso ela ocorra, nova 
amostra só pode ser coletada após pelo menos três meses da data da transfusão. 
× As Hemoglobinopatias são doenças bastante complexas. Sugerimos que o Laboratório Especializado 
mantenha contato com consultores especializados na área, que possam colaborar na elucidação dos casos 
mais difíceis. 
VALOR DE REFERENCIA 
As hemoglobinas identificadas na Triagem Neonatal devem ser reportadas em ordem quantitativa. Como a 
hemoglobina fetal (Hb F) está presente no RN geralmente em maior quantidade que a hemoglobina de adulto (Hb A), 
o valor de referência normal é FA. Quando mais Hb A queHb F está presente, o resultado é AF, que pode indicar que 
a criança recebeu transfusão antes da coleta da amostra. Para adultos, usar como referência o padrão AA. 
Fibrose cística 
É uma doença genética, também conhecida como mucoviscidose, que causa mau funcionamento do transporte de 
cloro e sódio nas membranas celulares. Esta alteração faz com que se produza um muco espesso nos brônquios e 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
nos pulmões, facilitando infecções de repetição e causando problemas respiratórios e digestivos, entre outros. 
Outra manifestação é o bloqueio dos ductos pancreáticos, causando problemas no sistema digestivo. Apesar de 
ainda não ter cura, diversas medidas terapêuticas têm melhorado a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes 
afetados 
A Tripsina é uma enzima produzida no pâncreas. Observou-se que recém-nascidos com Fibrose Cística possuem 
altos níveis plasmáticos da mesma. Dessa forma, sua dosagem é utilizada para a Triagem Neonatal desta patologia. 
CONSIDERACOES PRATICAS 
× Como a elevação do Tripsinogênio declina nos primeiros meses de vida, o momento da primeira coleta não é 
tão crítico, enquanto que a coleta da segunda amostra não pode ocorrer não antes de 21 dias, (que pode 
levar a um aumento de casos falso positivos) e não depois de 60 dias (para reduzir o risco de falso 
negativos). 
× O uso da dosagem de IRT em crianças mais velhas não é recomendado. O teste de suor é sugerido se a 
criança suspeita de FC é mais velha. 
× O teste de suor realizado por pessoal com treino específico na metodologia é essencial para o diagnóstico 
adequado da FC. 
VALOR DE REFERENCIA 
O valor de referência da triagem para a população normal é de até 110 ng/ml. 
Outros testes de triagem no Brasi l 
Laboratórios privados realizam testes diagnósticos para outras doenças passíveis de triagem neonatal, mas ainda 
não incluídas no PNTN. Estes laboratórios não têm como objetivo a triagem universal nem participam de um 
programa de triagem com as cinco etapas características da triagem neonatal, mas oferecem os testes de triagem 
e as orientações iniciais para o diagnóstico e tratamento. Como são oferecidos em muitas maternidades privadas, 
é necessário que o pediatra se informe sobre os mesmos e as doenças para as quais são voltados. 
DEFICIENCIA DE BIOTINIDASE 
É uma doença autossômica recessiva que afeta a reciclagem da biotina. A biotina é uma vitamina hidrossolúvel do 
complexo B que age como co-fator para enzimas do complexo carboxilase. A doença pode se manifestar com poucas 
semanas de vida até 10 anos de idade. A deficiência secundária da biotina leva a alterações neurológicas, distúrbios 
dermatológicos, perda auditiva e atrofia óptica e, mais tardiamente, pode levar ao retardo mental. Embora a 
incidência nos EUA seja de aproximadamente 1:126.000 a 1:62.000, o tratamento é simples e barato, por reposição 
oral da biotina. 
hiperplasia adrenal congenita 
É um conjunto de defeitos enzimáticos de causa genética que interfere na biossíntese de cortisol e, frequentemente, 
de aldosterona. A incidência é de aproximadamente 1:15.000. Pode causar a morte nos pacientes com a forma 
perdedora de sal e virilização nas mulheres. O defeito mais comum é a deficiência da 21-hidroxilase, que pode ser 
identificada na triagem neonatal pela dosagem da 17-OH-progesterona. Existem dificuldades com relação à 
definição dos pontos de corte do teste, e a coleta após 7 dias reduz os benefícios da triagem. O tratamento é feito 
com glicocorticóides e com mineralocorticóides nas formas perdedoras de sal. Existem controvérsias relacionadas 
ao custo-benefício do teste e à necessidade de mais estudos que justifiquem a triagem neonatal da doença. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
 
Galactosemia 
É o aumento da concentração de galactose no sangue, causado por diversas condições autossômicas recessivas. 
A mais comum delas é a deficiência de 1-fosfato uridiltransferase, que nos EUA tem incidência de 1:40.000. As 
manifestações clínicas são vômitos, icterícia, hepatomegalia, catarata, atraso no desenvolvimento e septicemia, 
dentre outras. O tratamento é a exclusão de galactose da dieta e, apesar da melhora da sobrevida, a eficácia é 
limitada com relação às complicações em longo prazo. 
deficiencia da desidrogenase da MCAD 
É a principal doença dentre os defeitos da oxidação dos ácidos graxos. Suas manifestações mais comuns são 
episódios de hipoglicemia, que podem ser desencadeados por infecções ou jejum prolongado. Trata-se de sintomas 
precoces que podem ocorrer até nos primeiros dias de vida. Um percentual significativo dos afetados morre no 
primeiro episódio. No Brasil, os laboratórios realizam a triagem para essa doença pela pesquisa por reação 
em cadeia da polimerase (PCR) da mutação A985G, responsável pela doença na grande maioria dos 
casos (98%) em países desenvolvidos, ou por MS/MS. Nos EUA, esta doença é triada por MS/MS. 
Doencas infecciosas e infeccoes congenitas 
Como toxoplasmose, citomegalovirose, sífilis, rubéola, síndrome da imunodeficiência adquirida e doença de Chagas, 
podem ser incluídas na triagem neonatal. Não existe uma visão sistemática sobre qual seria o valor dessas triagens 
no recém-nascido. Outro aspecto importante é que, em grande parte das gestações, a investigação diagnóstica na 
mãe é realizada durante o pré-natal. 
TESTE DA ORELHINHA 
Tecnicamente chamado de teste de emissão otoacústica, foi implementado em 2010. Sua função é detectar 
deficiência auditiva. É feito com equipamento especial que emite sons e verifica a resposta dos ouvidos ao estímulo. 
É um teste indolor, com duração de três a cinco minutos, que algumas vezes tem que ser repetido ou 
complementado. É realizado por um fonoaudiólogo e se o exame for normal assegura a mãe que o bebê não apresenta 
deficiência auditiva ao nascer e não por toda a vida. Não é fornecido pelo governo em todos os estados brasileiros. 
Pode ser realizado logo no segundo dia de nascimento, e de preferência ainda no primeiro mês de vida. 
Caso seja confirmado um problema permanente de surdez, não espere. A criança precisa começar tratamento 
especializado imediatamente ou, no máximo, até os três meses de vida. A reabilitação inclui aparelho auditivo, 
terapia fonoaudiológica e, a depender da decisão familiar, o aprendizado da língua brasileira de sinais (Libras). Já 
existe, inclusive, a indicação de cirurgia em alguns casos: o implante coclear, que já é realizado pelo SUS e tem 
cobertura obrigatória dos planos de saúde. 
Surdez congênita 
Tem incidência estimada em 1:1.000 nascidos vivos e diversas etiologias. Pelo menos metade dos casos é atribuída 
a causas genéticas (sindrômicas e não-sindrômicas); a outra metade é associada a fatores ambientais (por 
exemplo: exposição a drogas ototóxicas, rubéola e citomegalovirose). O objetivo da triagem neonatal é identificar a 
perda auditiva precocemente para uma intervenção mais rápida. A deficiência auditiva, quando não identificada e 
sem tratamento adequado, afeta a fala e outras habilidades cognitivas. A triagem é feita por meio de equipamentos 
computadorizados que medem respostas auditivas automatizadas do tronco cerebral ou emissões otoacústicas por 
produto de distorção. O segundo método é o mais utilizado no Brasil, por motivos econômicos e técnica de execução 
simples; entretanto, apresenta taxa de falso-positivos mais alta, principalmente se houver algum processo 
obstrutivo no canal auditivo. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
 
TESTE DO OLHINHO 
É a verificação da coloração naturalmente vermelha do fundo do olho do recém-nascido. É um teste rápido que pode 
ser realizado pelo pediatrana própria maternidade. Por vezes há necessidade que seja repetido por um especialista 
em caso de exame duvidoso. 
A criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprender assim como aprenderá a sorrir, falar, engatinhar e andar. 
Para isso, as estruturas do olho precisam estar normais, principalmente as que são transparentes. O “Teste do 
Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito 
e outros problemas cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal 
da visão. 
Ele deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida do bebê e se trata de uma luz direcionada ao olho da criança a uma 
distância de 20 centímetros, que deve refletir um tom vermelho semelhante ao observado em fotografias com flash. 
Caso a cor seja opaca, branca ou amarelada, significa que o recém-nascido possui alguma patologia e que deve ser 
tratada. 
TESTE DO CORAÇÃOZINHO 
Através de um equipamento especial, o oxímetro de pulso, de forma indolor é estimada a concentração de oxigênio 
no sangue, dessa forma sendo capaz de detectar problemas cardíacos congênitos complexos que desde o 
nascimento afetam a concentração sanguínea de oxigênio. 
Deve-se realizar a aferição da oximetria de pulso, em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade 
gestacional > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. Local de aferição: membro superior direito e em um 
dos membros inferiores. Para a adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades 
aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. Momento da aferição: Entre 24 e 48 horas de 
vida, antes da alta hospitalar. Resultado normal: Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas 
(membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito 
e membro inferior. Resultado anormal: Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver uma diferença 
igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser 
realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas 
seguintes. 
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 10 em cada mil nascidos podem apresentar 
alguma malformação congênita e, entre esses, dois podem ter cardiopatias graves e precisar de intervenção médica 
urgente. Cerca de 30% desses pacientes recebem alta sem diagnóstico. 
TESTE DA LINGUINHA 
É eficaz, rápido e não dói. Língua presa é uma alteração comum, mas muitas vezes ignorada. Ela está presente 
desde o nascimento, e ocorre quando uma pequena porção de tecido, que deveria ter desaparecido durante o 
desenvolvimento do bebê na gravidez, permanece na parte de baixo da língua, limitando seus movimentos. O teste 
da linguinha é um exame padronizado que possibilita diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações 
dos movimentos da língua causadas pela língua presa que podem comprometer as funções exercidas pela língua: 
sugar, engolir, mastigar e falar. O teste da linguinha deve ser realizado por um profissional da área da saúde 
qualificado, como por exemplo, o fonoaudiólogo. Ele deve elevar a língua do bebê para verificar se a língua está presa, 
e observar o bebê chorando e sugando. O exame não tem contraindicações. Recomenda-se que a avaliação do frênulo 
da língua seja inicialmente realizada na maternidade. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
 
cólica do lactente 
DEFINIÇÃO, SINONÍMIA E CARACTERÍSTICAS DA CÓLICA 
O choro é a primeira forma de comunicação social do bebê, sendo considerado uma manifestação normal e fisiológica 
durante os primeiros meses de vida. Pode sinalizar sede, fome, sono, fraldas sujas, desconfortos relacionados à 
temperatura ambiente, posição desconfortável, roupas apertadas, aerofagia, cólicas, vontade de ser aconchegado, 
entre outros. 
Um certo grau de choro em recém-nascido é esperado nos bebês normais, que vivem em ambiente tranqüilo e 
equilibrado emocionalmente. A cólica neonatal é um fenômeno muito frequente no primeiro trimestre de vida, 
caracterizado por comportamento de irritação, podendo persistir, às vezes, por períodos mais longos. 
A cólica do bebê também é consagrada pela expressão inglesa three months colic. 
A análise da literatura identificada possibilitou verificar que há tanto uma definição consensual entre os autores, 
bem como em relação aos sinais e sintomas da cólica infantil, caracterizada pela presença de paroxismos de 
irritabilidade em um bebê alimentado e saudável, choro excessivo e inconsolável por mais de 3 horas por dia, com 
ocorrência de, no mínimo, 3 vezes por semana, e que desaparecem por volta do 3º mês de idade. 
Todos estes autores definem a cólica e as suas características baseando-se nos critérios estabelecidos por Wessel, 
Cobb, Jackson, Harris e Detwiler, em 1954, conhecido também por regra dos três. Outra característica identificada 
diz respeito ao horário da manifestação da cólica do bebê. Existe uma tendência do bebê apresentar 
comportamentos de inquietude, irritação e choro no período compreendido das 18h às 24h. 
ETIOLOGIA 
A etiologia da cólica do lactente, que já é conhecida pelos pediatras há mais de um século, continua a representar 
um enigma. Diferentes causas que podem ser aditivas, mas freqüentemente são contraditórias, têm sido aventadas, 
e estas podem ser divididas em gastrintestinais e não gastrintestinais. A cólica pode ser uma variante normal e 
estaria relacionada a uma imaturidade fisiológica. É curioso notar que os prematuros têm o mesmo padrão de choro 
e de cólicas, e que atingem o pico com 6 semanas de idade gestacional, isto é, a mesma dos lactentes a termo. 
Temperamento da criança, ansiedade dos pais (que pode ser agravada por inexperiência e falta de apoio), depressão 
materna, personalidade da mãe, problemas na dinâmica familiar e a possibilidade de seqüelas emocionais são 
aspectos que já foram levantados e apaixonadamente debatidos. 
Na esfera gastrintestinal foram levantadas algumas hipóteses cujas respectivas pesquisas não foram conclusivas: 
× Motilidade intestinal alterada – hiperperistaltismo colônico e pressão retal aumentada. Fala a favor dessa 
hipótese, a ação efetiva de alguns antiespasmódicos cujos efeitos colaterais, às vezes graves, impedem 
seu uso terapêutico. 
× Hormônios intestinais – a motilina, que exagera a peristalse intestinal, parece estar aumentada nos 
lactentes que sofrem de cólicas. 
× Excesso de ar intragastrintestinal – a aerofagia poderia ser causa, mas também pode ser conseqüência do 
choro. O uso de antiflatulentos, como a simeticona (freqüentemente utilizada na prática), não se mostrou 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Fechamento 
mais eficaz que o placebo, em estudo multicêntrico randomizado, o que fala contra essa hipótese. O 
excesso de gases também foi atribuído a uma má absorção fisiológica e transitória da lactose, mas as 
primeiras pesquisas não foram confirmadas. 
× Tipo de aleitamento – não se verificou diferença significativa entre crianças em aleitamento materno e as 
que recebem mamadeira, embora um estudo tenha mostrado que o pico da freqüência de cólicas era mais 
precoce nas crianças em aleitamento artificial (duas semanas de vida) do que nas amamentadas (seis 
semanas de vida). 
Na prática pediátrica, os critérios de Wessel podem ser muito úteis para determinar a conduta. Os casos que se 
enquadram nesses critérios devem receber do pediatra explicação, tranqüilização e apoio. Os casos que se afastam 
muito dos critérios devem ser investigados. 
Choro contínuo nas duas primeiras semanas de vida levantam a suspeita de fome,inclusive por mamadas 
ineficientes (controlar o peso). Nos casos associados à regurgitação acentuada e a mamadas nervosas, 
interrompidas, considerar refluxo gastresofágico, e nas famílias atópicas, em que o lactente apresenta choro 
acentuado logo após as mamadas, e especialmente se a criança tem outras manifestações alérgicas, pesquisar 
alergia ao leite de vaca, inclusive nas crianças que mamam leite de peito. 
PRÁTICAS PARA OBTER ALÍVIO DA CÓLICA 
MEDICALIZAÇÃO DA CÓLICA 
Consideramos que a medicalização da cólica refere-se ao uso de recursos farmacológicos para o alívio dos sintomas 
do lactente, sendo medicamentos como a dimeticona e os anticolinérgicos. A eficácia das medicações não é 
comprovada, caracterizando-se como uma problemática devido ao risco de reações adversas desencadeadas pelo 
seu uso. Questionamos o uso excessivo dos fármacos na rotina do bebê, nos indagando sobre a dificuldade dos pais 
em lidar com o choro excessivo e a busca por uma solução rápida que os mesmos consideram que os remédios 
oferecem. 
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS 
Entre os artigos apresentados que existem diversas abordagens para o tratamento da cólica, sendo os mais citados 
nos estudos: massagens, chá, alterações na alimentação materna e o uso de probióticos e prebióticos. O método 
mais utilizado pelos pais é a oferta de chá em diversas situações na rotina do bebê, sendo que tal ato parece refletir 
a cultura familiar, sinalizando uma tradição que é passada de geração para geração. Apesar de frequente, 
ressaltamos que a oferta de chá representa uma problemática, já que o oferecimento, antes dos seis meses de 
idade do bebê, pode interferir no aleitamento materno. 
Segundo o Ministério da Saúde (2015), recomenda-se que a utilização de chá deve ser evitada, pois seu uso além 
de provocar o desmame precoce, também pode causar aumento da morbimortalidade infantil e diarreias. A utilização 
da suplementação com probióticos e prebióticos também foi abordada pelos trabalhos, em específico o Lactobacilus 
Reuteri. Os estudos indicam que esses microrganismos podem atuar na diminuição dos sintomas das cólicas 
infantis, todavia devem ser utilizados somente nos casos mais severos, nos quais os pais encontram dificuldade 
em lidar com a situação. Apesar dos resultados significativos, as pesquisas ressaltam a necessidade de 
aprofundamento e validação das evidências encontradas a fim de auxiliar futuras intervenções. 
Por último, destacam-se os métodos comportamentais que apesar de pouco utilizados, devem ser adotados pelos 
pais e encorajados pelos profissionais da saúde. A massagem, por exemplo, colabora para maior aproximação entre 
a díade mãe-bebê, proporcionando momentos de relaxamento e afeto, evitando a oferta de uma possível medicação 
ou a introdução de alimentos precocemente. A atuação do profissional da saúde mostra-se fundamental na 
implementação desses métodos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
nutrição infantil 
ALEITAMENTO MATERNO 
TIPOS DE ALEITAMENTO MATERNO 
É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro. Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em: 
× Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou 
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes 
contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. 
× Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à 
base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. 
× Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), 
independentemente de receber ou não outros alimentos. 
× Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento 
sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. 
× Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. 
GLÂNDULAS MAMÁRIAS 
Começam a se desenvolver na puberdade. Esse desenvolvimento é estimulado pelos estrogênios do ciclo sexual 
feminino mensal; os estrogênios estimulam o crescimento da parte glandular das mamas, além do depósito de 
gordura que dá massa às mamas. Além disso, ocorre crescimento bem mais intenso durante o estado de altos níveis 
de estrogênio da gravidez, e só então o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite. 
Cada mama é uma projeção hemisférica 
de tamanho variável anterior aos 
músculos peitoral maior e serrátil 
anterior, e ligada a eles por uma camada 
de fáscia composta por tecido conjuntivo 
denso irregular. Cada mama tem uma 
projeção pigmentada, a papila mamária, 
que tem uma série de aberturas pouco 
espaçadas de ductos chamados ductos 
lactíferos, dos quais emergem leite. A 
área circular de pele pigmentada ao redor 
do mamilo é chamada aréola da mama; 
tem aspecto áspero, porque contém 
glândulas sebáceas modificadas. Faixas 
de tecido conjuntivo chamadas ligamentos suspensores da mama correm entre a pele e a fáscia e apoiam a mama. 
Esses ligamentos tornam-se mais soltos com a idade ou com a tensão excessiva que pode ocorrer na prática 
prolongada de corrida ou atividade aeróbica de alto impacto. Utilizar um sutiã com bom apoio pode retardar este 
processo e ajudar a manter a força dos ligamentos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem discretamente para formar seios chamados seios lactíferos, 
onde um pouco de leite pode ser armazenado antes de ser drenado para um ducto lactífero. Cada ducto lactífero 
normalmente transporta leite de um dos lobos para o exterior. 
As funções das glândulas mamárias são a síntese, a secreção e a ejeção de leite; estas funções, chamadas de 
lactação, estão associadas à gestação e ao parto. A produção de leite é estimulada em grande parte pelo hormônio 
prolactina liberado pela adenohipófise, com contribuições da progesterona e dos estrogênios. A ejeção do leite é 
estimulada pela ocitocina, que é liberada pela neurohipófise em resposta à sucção do bebê na papila mamária da 
mãe. 
MECANISMO DO ALEITAMENTO MATERNO 
Estrogênio 
Durante toda a gravidez, a grande quantidade de estrogênios secretada pela placenta faz com que o sistema de 
ductos das mamas cresça e se ramifique. Simultaneamente, o estroma das mamas aumenta em quantidade, e 
grande quantidade de gordura é depositada no estroma. Quatro outros hormônios são igualmente importantes para 
o crescimento do sistema de ductos: hormônio do crescimento, prolactina, os glicocorticoides adrenais e insulina. 
Progesterona 
O desenvolvimento final das mamas em órgãos secretores de leite também 
requer progesterona. Quando o sistema de ductos estiver desenvolvido, a 
progesterona — agindo sinergicamente com o estrogênio, bem como com 
os outros hormônios mencionados — causará o crescimento adicional dos 
lóbulos mamários, com multiplicação dos alvéolos e desenvolvimento de 
características secretoras nas células dos alvéolos. Essas mudanças são 
análogas aos efeitos secretores da progesterona no endométrio uterino na 
última metade do ciclo menstrual feminino. 
Prolactina 
Embora o estrogênio e a progesterona sejam essenciais ao desenvolvimento 
físico das mamas durante a gravidez, um efeito especial de ambos esses 
hormônios é inibir a verdadeira secreção de leite. Por outro lado, o hormônio 
prolactina tem o efeito exatamente oposto na secreção de leite, 
promovendo-a. 
A prolactina é secretada pela hipófise anterior materna,e sua concentração 
no sangue da mãe aumenta uniformemente a partir da quinta semana de 
gravidez até o nascimento do bebê, época em que já aumentou de 10 a 20 
vezes o nível normal não grávido. Esse nível elevado de prolactina, no final 
da gravidez. Além disso, a placenta secreta grande quantidade de 
somatomamotropina coriônica humana, que provavelmente tem 
propriedades lactogênicas, apoiando, assim, a prolactina da hipófise materna durante a gravidez. Mesmo assim, 
devido aos efeitos supressivos do estrogênio e da progesterona, não mais do que uns poucos mililitros de líquido 
são secretados a cada dia até após o nascimento do bebê. 
O líquido secretado, nos últimos dias antes e nos primeiros dias após o parto, é denominado colostro, que contém, 
essencialmente, as mesmas concentrações de proteínas e lactose do leite, mas quase nenhuma gordura, e sua taxa 
máxima de produção é cerca de 1/100 da taxa subsequente de produção de leite. Imediatamente depois que o bebê 
nasce, a perda súbita tanto de secreção de estrogênio quanto de progesterona da placenta permite que o efeito 
lactogênico da prolactina da hipófise materna assume seu papel natural de promotor da lactação, e no período de 1 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
a 7 dias as mamas começam a secretar quantidades copiosas de leite, em vez de colostro. Essa secreção de leite 
requer uma secreção de suporte adequada da maioria dos outros hormônios maternos também, porém os mais 
importantes são hormônio do crescimento, cortisol, paratormônio e insulina. Esses hormônios são necessários para 
fornecer aminoácidos, ácidos graxos, glicose e cálcio, fundamentais para a formação do leite. 
Depois do nascimento do bebê, o nível basal da secreção de 
prolactina retorna aos níveis não grávidos durante algumas 
semanas. Entretanto, cada vez que a mãe amamenta o bebê, 
sinais neurais dos mamilos para o hipotálamo causam um pico 
de 10 a 20 vezes da secreção de prolactina, que dura 
aproximadamente 1 hora. Essa prolactina age nas mamas 
maternas para manter as glândulas mamárias secretando leite 
nos alvéolos para os períodos de amamentação subsequentes. 
Se o pico de prolactina estiver ausente, ou for bloqueado em 
decorrência de dano hipotalâmico ou hipofisário, ou se a 
amamentação não prosseguir, as mamas perdem a capacidade 
de produzir leite dentro de mais ou menos uma semana. 
Entretanto, a produção de leite pode se manter por vários anos se a criança continuar a sugar, embora a formação 
de leite, normalmente, diminua consideravelmente depois de 7 a 9 meses. 
FIL (Factor Inibidor da Lactação) 
O hipotálamo tem papel essencial no 
controle da secreção de prolactina, 
como na maioria de todos os outros 
hormônios hipofisários anteriores. 
Contudo, esse controle é diferente 
em um aspecto: o hipotálamo 
essencialmente estimula a 
produção de todos os outros 
hormônios, mas efetivamente inibe 
a produção de prolactina. Por 
conseguinte, o comprometimento do 
hipotálamo ou o bloqueio do sistema 
portal hipotalâmico-hipofisário 
geralmente aumenta a secreção de 
prolactina, enquanto deprime a 
secreção dos outros hormônios 
hipofisários anteriores. 
Por isso, acredita-se que a secreção 
pela hipófise anterior de prolactina 
seja controlada totalmente, ou 
quase totalmente, por fator inibidor 
formado no hipotálamo e transportado pelo sistema portal hipotalâmico-hipofisário à hipófise anterior. Este fator é, 
por vezes, chamado hormônio inibidor de prolactina, se bem que ele é quase certamente o mesmo que a 
catecolamina dopamina, conhecida por ser secretada pelos núcleos arqueados do hipotálamo e que pode diminuir a 
secreção de prolactina em até 10 vezes. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Processo de ejeção na secreção de leite — a função da ocitocina 
O leite é secretado de maneira contínua nos alvéolos das mamas, mas não flui facilmente dos alvéolos para o 
sistema de ductos e, portanto, não vaza continuamente pelos mamilos. Em vez disso, o leite precisa ser ejetado 
dos alvéolos para os ductos, antes de o bebê poder obtê-lo. Essa ejeção é causada por um reflexo neurogênico e 
hormonal combinado, que envolve o hormônio hipofisário posterior ocitocina. 
Quando o bebê suga, ele não recebe quase nenhum leite por mais ou menos 30 segundos. Primeiramente, é preciso 
que impulsos sensoriais sejam transmitidos através dos nervos somáticos dos mamilos para a medula espinal da 
mãe e, então, para o seu hipotálamo, onde desencadeiam sinais neurais que promovem a secreção de ocitocina, ao 
mesmo tempo em que causam secreção de prolactina. A ocitocina é transportada no sangue para as mamas, onde 
faz com que as células mioepiteliais (que circundam as paredes externas nos alvéolos) se contraiam, assim 
transportando o leite dos alvéolos para os ductos, sob uma pressão de +10 a 20 mmHg. Em seguida, a sucção do 
bebê fica efetiva em remover o leite. Assim, dentro de 30 segundos a 1 minuto depois que o bebê começa a sugar, 
o leite começa a fluir. Esse processo é denominado ejeção ou descida do leite. 
O ato de sugar uma mama faz com que o leite flua não só naquela mama, mas também na oposta. É especialmente 
interessante que, quando a mãe pensa no bebê ou o escuta chorar, muitas vezes isso proporciona um sinal emocional 
suficiente para o hipotálamo provocar a ejeção de leite. 
Um problema particular na amamentação vem do fato de que diversos fatores psicogênicos ou até mesmo a 
estimulação generalizada do sistema nervoso simpático em todo o corpo materno possam inibir a secreção de 
ocitocina e, consequentemente, deprimir a ejeção de leite. Por essa razão, muitas mães devem ter um período de 
ajuste após o nascimento, sem transtornos para obter sucesso na amamentação de seus bebês. 
Composição do leite e a depleção metabólica 
O leite maduro só é secretado por volta do 10º dia pós-parto. Nos 
primeiros dias, a secreção lác tea é chamada de colostro, que contém 
mais proteínas e menos lipídios do que o leite maduro, e é rico em 
imunoglobulinas, em especial a IgA. O leite de mães de recém-nascidos 
pré-termo difere do de mães de bebês a termo. 
A água contribui com quase 90% da composição do leite materno, o que 
garante o suprimento das necessidades hídricas de uma criança em 
AME, mesmo em climas quentes e áridos. 
O principal carboidrato do leite materno é a lactose, e a principal proteína é a lactoalbumina. As gorduras são o 
componente mais variável do leite materno e são responsáveis por suprir até 50% das necessidades energéticas 
da criança pequena. Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa são essenciais no desenvolvimento cognitivo 
e visual, e na mielinização dos neurônios. 
A concentração de gordura no leite (e consequentemente o teor energético) aumenta no decorrer de uma mamada. 
Assim, o leite do final da mamada (leite posterior) é mais rico em energia e sacia melhor a criança; daí a importância 
de a criança esvaziar bem a mama. 
Levando em consideração que o leite materno contém baixas concentrações de vitamina K, vitamina D e ferro, o 
Departamento de Nutrologia da SBP faz as seguintes recomendações de suplementação das crianças 
amamentadas: vitamina K ao nascimento, vitamina D diária até os 18 meses para as crianças sem exposição regular 
ao sol, e ferro até os 2 anos de idade a partir da introdução da alimentação complementar em crianças nascidas a 
termo, ou antes em lactentes pré-termo. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
A cor e o aspecto do leite humano variam ao longo da mamada como decorrência das variações na sua composição 
e de acordo com a dieta da mãe. Por exemplo, o leite é mais amarelado quando a mãe tem uma dieta rica em 
betacaroteno,e esverdeado em dietas ricas em riboflavinas. No início da mamada, o teor de água e a presença de 
constituintes hidrossolúveis confere ao leite coloração de água de coco; no meio da mamada, com o aumento da 
concentração de caseína, o leite tende a ter uma coloração branca opaca; e, no final da mamada, em virtude da 
concentração dos pigmentos lipossolúveis, o leite é mais amarelado. 
O leite humano possui vários fatores imunológicos específicos e não específicos que conferem proteção ativa e 
passiva contra infecções nas crianças amamentadas. A IgA secretória é a principal imunoglobulina, que atua contra 
microrganismos que colonizam ou invadem superfícies mucosas. A especificidade dos anticorpos IgA no leite 
humano é um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, o que proporciona proteção à criança contra 
os agentes infecciosos prevalentes no meio em que ela está inserida. A concentração de IgA no leite materno diminui 
ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. 
Outros fatores de proteção que se encontram no leite materno são: leucócitos, que matam microrganismos; lisozima 
e lactoferrina, que atuam sobre bactérias, vírus e fungos; oligossacarídios (mais de 130 compostos), que previnem 
ligação da bactéria na superfície mucosa e protegem contra enterotoxinas no intestino, ligando-se à bactéria; fator 
bífido, que favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus na criança, uma bactéria saprófita que acidifica as fezes, 
dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. 
Alguns dos fatores de proteção do leite materno são totais ou parcialmente inativados pelo calor, razão pela qual o 
leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5ºC por 30 minutos) não tem o mesmo valor 
biológico que o leite cru. 
IMPORTÂNCIA 
Evita mortes infantis 
Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes 
entre as crianças amamentadas. 
Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em desenvolvimento poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas 
por ano se a recomendação de aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou 
mais fosse cumprida. 
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a mortalidade por 
doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não amamentadas, diminuindo à medida 
que a criança cresce, porém ainda é o dobro no segundo ano de vida. É importante ressaltar que, enquanto a proteção 
contra mortes por diarréia diminui com a idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém 
constante nos primeiros dois anos de vida. 
A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico. Enquanto para os bebês de 
mães com maior escolaridade o risco de morrerem no primeiro ano de vida era 3,5 vezes maior em crianças não 
amamentadas, quando comparadas com as amamentadas, para as crianças de mães com menor escolaridade, esse 
risco era 7,6 vezes maior. Mas mesmo nos países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes infantis. 
Evita diarreia 
Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diarreia, principalmente em crianças mais pobres. É 
importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer 
à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de 
diarreia nos primeiros seis meses. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença. Crianças não 
amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com 
as amamentadas. 
Evita infecção respiratória 
A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos realizados em 
diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como ocorre com a diarreia, a proteção é maior quando a 
amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios 
de infecção respiratória. 
O aleitamento materno também previne otites. Estima-se redução de 50% de episódios de otite média aguda em 
crianças amamentadas exclusivamente por 3 ou 6 meses quando comparadas com crianças alimentadas 
unicamente com leite de outra espécie. 
Diminui o risco de alergias 
Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína 
do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. A exposição 
a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. 
Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis. 
Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes 
Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. A OMS publicou importante 
revisão sobre evidências desse efeito. Essa revisão concluiu que os indivíduos amamentados apresentaram 
pressões sistólica e diastólica mais baixas (-1,2mmHg e -0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol 
total (-0,18mmol/L) e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. 
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta. Foi 
descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação. Atribui-se essa proteção 
a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. 
A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante determinante do 
Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%. Estima-se que 30% dos casos 
poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não recebessem leite de vaca. 
Reduz a chance de obesidade 
A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação 
no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. 
Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos amamentados 
tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade. É possível também que haja uma relação 
dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi 
amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/obesidade. Entre os possíveis mecanismos 
implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da auto-regulação de ingestão de alimentos 
das crianças amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de “programação 
metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de 
diferenciação metabólica. Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças 
amamentadas, podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de 
obesidade. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Melhor nutrição 
Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o 
desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras 
espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis 
meses, e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, 
gorduras e vitaminas.Efeito positivo na inteligência 
Há evidências de que o aleitamento materno contribui para um melhor desenvolvimento cognitivo. A maioria dos 
estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto quando comparadas com as 
não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes 
idades, inclusive em adultos. Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno e melhor 
desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de substâncias no 
leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores comportamentais ligados ao 
ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os responsáveis. 
Melhor desenvolvimento da cavidade bucal 
O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de 
sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento 
correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. 
Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade 
nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração 
nasal. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar 
as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, 
respiração bucal e alteração motora- oral. 
Proteção contra câncer de mama 
Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer de mama. 
Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. Essa 
proteção independe de idade, etnia, paridade e presença ou não de menopausa. 
Evita nova gravidez 
A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98% de eficácia), 
desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado. Estudos 
comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas; 
assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as 
demais. 
Outras possíveis vantagens para as mulheres 
Além da proteção contra câncer de mama e diabete tipo 2, tem sido atribuído ao aleitamento materno proteção 
contra as seguintes doenças na mulher que amamenta: câncer de ovário, câncer útero; hipercolesterolemia, 
hipertensão e doença coronariana; obesidade; doença metabólica; osteoporose e fratura de quadril; artrite 
reumatoide; depressão pós-parto; e diminuição do risco de recaída de esclerose múltipla pós-parto 
Menores custos financeiros 
Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda. Dependendo do tipo de fórmula infantil 
consumida pela criança, o gasto pode representar uma parte considerável dos rendimentos da família. A esse gasto 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de 
doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. 
Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho 
Acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma amamentação 
prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre 
eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de 
autoconfiança e de realização na 
mulher. Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade de a 
criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança. 
Melhor qualidade de vida 
O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças amamentadas 
adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar 
menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a 
amamentação é bem sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares 
e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias. 
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO 
Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma 
eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura ampla da boca, abocanhando 
não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo 
a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. 
A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe 
posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite 
(ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico 
da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. 
Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o 
padrão normal de respiração nasal. 
O ciclo de movimentos mandibulares (para baixo, para a frente, para cima e para trás) 
promove o crescimento harmônico da face do bebê. 
A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para 
amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga 
retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e para não machucar os mamilos. 
Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto 
da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no 
que se denomina de “má pega”. A má pega dificulta o 
esvaziamento da mama, podendo levar a uma diminuição da 
produção do leite. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada 
não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo 
no peito. Isso ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de 
Além de dificultar a retirada do leite, a má pega machuca os mamilos. Quando o bebê tem uma boa pega, o mamilo 
fica em uma posição dentro da boca da criança que o protege da fricção e compressão, prevenindo, assim, lesões 
mamilares. 
Boa pega 
Má pega 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Todo profissional de saúde que faz assistência a mães e bebês deve saber observar criticamente uma mamada. A 
seguir são apresentados os diversos itens que os profissionais de saúde devem conferir na observação de uma 
mamada: 
× As roupas da mãe e do bebê são adequadas, sem restringir movimentos? Recomenda-se que as mamas 
estejam completamente expostas, sempre que possível, e o bebê vestido de maneira que os braços fiquem 
livres. 
× A mãe está confortavelmente posicionada, relaxada, bem apoiada, não curvada para trás nem para a frente? 
O apoio dos pés acima do nível do chão é aconselhável (uma banquetinha pode ser útil). 
× O corpo do bebê se encontra bem próximo do da mãe, todo voltado para ela, barriga com barriga? 
× O corpo e a cabeça do bebê estão alinhados (pescoço não torcido)? 
× O braço inferior do bebê está posicionado de maneira que não fique entre o corpo do bebê e o corpo da mãe? 
× O corpo do bebê está curvado sobre a mãe, com as nádegas firmemente apoiadas? 
× O pescoço do bebê está levemente estendido? 
× A mãe segura a mama de maneira que a aréola fique livre? Não se recomenda que os dedos da mãe sejam 
colocados em forma de tesoura, pois dessa maneira podem servir de obstáculo entre a boca do bebê e a 
aréola. 
× A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama,com o nariz na altura do mamilo? 
× A mãe espera o bebê abrir bem a boca e abaixar a língua antes de colocá-lo no peito? 
× O bebê abocanha, além do mamilo, parte da aréola (aproximadamente 2 cm além do mamilo)? É importante 
lembrar que o bebê retira o leite comprimindo os ductos lactíferos com as gengivas e a língua. 
× O queixo do bebê toca a mama? 
× As narinas do bebê estão livres? 
× O bebê mantém a boca bem aberta colada na mama, sem apertar os lábios? 
× Os lábios do bebê estão curvados para fora, formando um lacre? Para visualizar o lábio inferior do bebê, 
muitas vezes é necessário pressionar a mama com as mãos. 
× A língua do bebê encontra-se sobre a gengiva inferior? Algumas vezes a língua é visível; no entanto, na 
maioria das vezes, é necessário abaixar suavemente o lábio inferior para visualizar a língua. 
× A língua do bebê está curvada para cima nas bordas laterais? 
× O bebê mantém-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo? 
× As mandíbulas do bebê estão se movimentando? 
× A deglutição é visível e/ou audível? 
É sempre útil lembrar a mãe de que é o bebê que vai à mama e não a mama que vai ao bebê. Para isso, a mãe pode, 
com um rápido movimento, levar o bebê ao peito quando ambos estiverem prontos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que caracterizam o posicionamento e pega 
adequados: 
Pontos-chave do posicionamento adequado 
1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 
2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 
3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); 
4. Bebê bem apoiado. 
Pontos-chave da pega adequada 
1. Mais aréola visível acima da boca do bebê; 
2. Boca bem aberta; 
3. Lábio inferior virado para fora; 
4. Queixo tocando a mama. Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: 
o Bochechas do bebê encovadas a cada sucção; 
o Ruídos da língua; 
o Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada; 
o Mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama; 
o Dor na amamentação. 
Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, endurecida, dificultando à pega. Em tais casos, 
recomenda-se, antes da mamada, retirar manualmente um pouco de leite da aréola ingurgitada. 
DESENVOLVIMENTO DO TRATO GASTROINTESTINAL 
No primeiro dia de vida ocorre rápida colonização do intestino do recém-nascido com microrganismos provenientes 
da microbiota materna e do ambiente. Os primeiros colonizadores pertencem aos 
gêneros Escherichia e Enterococcus. Posteriormente, aparecem bactérias dependentes de anaerobiose dos 
gêneros Bifidobacterium e Bacteriodes. Ou seja, as primeiras bactérias são anaeróbias facultativas 
(Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Enterobacter) que contribuem para o desenvolvimento de 
ambiente anaeróbio no intestino, que, assim, permite a instalação de anaeróbios obrigatórios 
(Bifidobacterium, Bacteriodes, Clostridium, Eubacterium). Com a introdução de alimentos complementares ao leite 
materno na dieta do lactente observa-se um importante impacto sobre a microbiota intestinal, caracterizado pela 
diminuição da participação de bifidobacterias (que, no entanto, se mantêm predominantes) e pelo aumento da 
diversidade com maior participação de bactérias dos gêneros Bacterioides e Clostridium. 
A colonização do tubo digestivo do recém-nascido e do lactente depende de alguns fatores, especialmente do tipo 
de parto e de alimentação. Ao longo dos dois primeiros anos de vida observa-se que o parto por cesárea se associa 
com maior abundância de firmicutes e menor de bacteriodetes. Ao longo do primeiro semestre de vida constata-se 
que a instalação dos bacteriodetes ocorre em uma fase mais tardia. No fim dos dois anos de vida a abundância 
relativa dos constituintes da microbiota é semelhante tanto nos nascidos por parto normal como por cesárea. 
Observou-se também que os níveis circulantes de citocinas produzidas por linfócitos T auxiliadores são menores 
Mãe segurando a mama de forma que a aréola fique livre, a 
mão em formato de “c” 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
nos nascidos por cesárea. Deve ser destacado que a microbiota fecal das mães de crianças nascidas por parto 
cesárea e vaginal não era diferente. 
Com relação ao tipo de alimentação, é bem conhecido que a microbiota intestinal de lactentes alimentados 
exclusivamente com leite materno é diferente daqueles alimentados com aleitamento artificial. O leite materno é 
rico em oligossacarídeos que influenciam na composição da microbiota intestinal. Sabe-se, também, que o perfil de 
oligossacarídeos no leite materno não é igual em todas as mães. Os efeitos específicos desses diferentes perfis de 
oligossacarídeos na microbiota intestinal ainda não são plenamente conhecidos. Por outro lado, o leite materno até 
há alguns anos era considerado praticamente estéril. Recentemente, foi elaborada uma hipótese que sugere uma 
nova via de comunicação entre a microbiota da mãe e do lactente. Nesse contexto, sugere-se que bactérias da 
microbiota intestinal da mãe alcançariam o leite materno por meio de translocação a partir da luz intestinal e do 
transporte pela via sanguínea, o que caracteriza uma via interna enteromamária. Essa hipótese foi elaborada a partir 
de estudos em animais de experimentação. Essas bactérias poderiam influenciar o processo de colonização do 
lactente e a maturação do sistema imunológico. Outra via possível é a entrada das bactérias do tecido cutâneo da 
mãe na glândula mamária através do mamilo. Assim, o colostro e o leite humano são fontes não somente de 
oligossacarídeos, que estimulam a formação da microbiota intestinal, mas também, provavelmente, de bactérias 
para o lactente. Estima-se que 800 ml de leite materno podem conter até 105 a 107 unidades formadoras de 
colônias. As bactérias que vêm sendo identificadas em amostras de leite materno pertencem principalmente aos 
gêneros Lactobacillus, Staphylococcus, Enterococcus e Bifidobacterium. 
A microbiota intestinal através de estruturas moleculares que constituem as chamadas vias moleculares 
associadas aos microorganismos (MAMPs – microbe-associated molecular patterns) interage com o sistema 
imunológico intestinal e com a barreira intestinal e, também, interfere na produção de muco. Estimulam a 
proliferação de células nas criptas e nas células de Paneth responsáveis pela produção de peptídeos 
antimicrobioanos denominados defensinas. Essa interação (crosstalk) ocorre com receptores específicos, como 
os toll-like receptors. Respostas pró-inflamatórias podem ser neutralizadas por células T especializadas 
denominadas reguladoras (Treg) por meio da produção de interleucina 10. Esse mecanismo é muito importante no 
desenvolvimento da tolerância oral. Bactérias probióticas, como o Lactobacillus GG e Bifidobacterium breve, podem 
estimular o processo de tolerância imunológica ( por meio de estímulo para a produção de interleucina. 
As células M situadas próximas às placas de Peyer são responsáveis pela apresentação de conteúdos presentes na 
luz intestinal e, assim, estimulam o sistema imunológico da mucosa. Anormalidade no desenvolvimento da 
tolerância oral nos primeiros meses de vida pode ocasionar alergia à proteína do leite de vaca não mediada por IgE. 
ALIMENTAÇÃO PARA CRIANÇAS NÃO AMAMENTADAS 
LEITE DE VACA 
O leite de vaca é muito diferente do leite humano em quantidade e qualidade de nutrientes. De acordo com a 
Sociedade Brasileira de Pediatria, o leite de vaca não é um alimento recomendado para crianças menores de um ano. 
O leite de vaca apresenta elevada quantidade de proteínas, inadequada relação entre a caseínae as proteínas do 
soro, elevados teores de sódio, de cloretos, de potássio e de fósforo e quantidades insuficientes de carboidratos, 
de ácidos graxos essenciais, de vitaminas e de minerais para essa faixa etária. Além de não ser nutricionalmente 
adequado, o leite de vaca é um alimento muito alergênico para crianças e seu consumo tem sido associado ao 
desenvolvimento de atopia. 
A prática do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e complementado até os dois anos de idade 
da criança, ou mais, deve ser estimulada. Por outro lado, o oferecimento de outros leites para crianças, em situações 
desnecessárias, deve ser inibido. Tal comportamento garante inúmeros benefícios para a saúde das crianças e das 
mães e, é uma prática de baixo custo. Na impossibilidade do aleitamento materno, o leite de vaca não é recomendado 
para crianças pequenas e a fórmula infantil está economicamente distante da realidade econômica da maioria das 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
famílias brasileiras. Assim, é de suma importância o fomento às políticas públicas de promoção, proteção e apoio 
ao Aleitamento Materno em todas as regiões brasileiras para reversão do cenário observado. 
Apesar do leite de vaca, fluído ou em pó, não ser a 
melhor opção de alimentação para crianças menores de 
12 meses, esse alimento é o único alimento disponível 
em função do baixo custo, quando comparado às 
fórmulas infantis disponíveis no mercado. Assim, é 
importante que os profissionais de saúde saibam 
orientar as mães, famílias e cuidadores quanto à 
utilização mais adequada e segura, quando esgotadas 
todas as possibilidade de relactação para manutenção 
do aleitamento materno e impossibilidade financeira para aquisição de fórmula. 
Alimentação de crianças em uso de leite de vaca 
Se a criança não estiver sendo alimentada com leite materno e nem fórmula infantil, a partir dos quatro meses de 
vida deve-se iniciar a introdução de outros alimentos para suprir suas necessidades nutricionais. A partir dessa 
idade, a criança deverá receber duas de papassalgadas (almoço e jantar) e duas frutas, além do leite sem adição de 
açúcar. A composição das papas, forma de introdução e consistência devem seguir as mesmas orientações contidas 
no Guia alimentar para crianças menores de dois anos. 
Os profissionais de saúde devem orientar as mãe e cuidadores quanto aos procedimentos de diluição do leite de 
vaca adequado para a idade, a correção da deficiência de ácido linoleico (com óleo nos primeiros quatro meses) e a 
suplementação com vitamina C e ferro. O volume e a diluição indicados abaixo são aproximados e podem variar de 
acordo com o peso e idade da criança. 
FÓRMULAS INFANTIS 
As fórmulas infantis para lactentes correspondem a leites industrializados indicados para lactentes que não estão 
em aleitamento materno. A grande maioria das fórmulas existentes no comércio é elaborada a base de leite de vaca 
e seguem as recomendações do “Codex Alimentárius”. No entanto, apesar de sua adaptação com relação ao 
carboidrato, proteínas e vitamina, os fatores anti-infecciosos e bioativos encontrados no leite materno não são 
encontrados nas fórmulas infantis. 
Diante da impossibilidade do aleitamento materno, é recomendado que crianças menores de seis meses de vida 
sejam alimentadas com fórmulas infantis para 
lactentes e as de seis a doze meses com 
fórmulas de seguimento para lactentes. 
Apesar de proporcionar o conteúdo nutricional 
necessário, as fórmulas não são estéreis e estão 
sujeita às mesmas preocupações de segurança, 
como cuidados com a higiene na preparação e 
abastecimento de água potável. Esses cuidados 
devem ser ainda maiores nos primeiros seis 
meses de vida. 
ATENÇÃO: A fórmula infantil para lactente deve ser preparada cuidadosamente, de acordo com as instruções do 
rótulo de cada produto e deve ser administrada em quantidades adequadas de acordo com o peso e a idade da 
criança. As informações sobre a quantidade também estão incluídas no rótulo do produto. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
O profissional de saúde deve orientar as mães e cuidadores quanto à importância de seguir as recomendações de 
diluição do produto. Leites muito concentrados ou muito diluídos podem ser prejudiciais para a saúde da criança, 
pois pode resultar, respectivamente, em uma sobrecarga renal de sais e proteína ou desnutrição. Deve-se também 
fornecer orientações quanto à qualidade da fórmula oferecida e análise dos rótulos. 
É importante destacar a necessidade do consumo de água (tratada, fervida e filtrada) nos intervalos das refeições 
para criança menores de seis meses, não amamentadas. 
Se a criança é alimentada com fórmula infantil, a introdução de outros alimentos deve ser feita a partir dos seis 
meses de vida e deve seguir as mesmas orientações sobre a introdução da alimentação complementar para crianças 
amamentadas 
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENAR 
Alimentos complementares são quaisquer alimentos que 
não o leite humano oferecidos à criança amamentada. 
Alimentos de transição, antigamente chamados de 
alimentos de desmame, se referem aos alimentos 
complementares especialmente preparados para crianças 
pequenas, até que elas passem a receber os alimentos 
consumidos pela família. O termo “alimentos de desmame” 
deve ser evitado, pois pode dar a falsa impressão de que 
eles são usados para provocar o desmame e não para 
complementar o leite materno 
CONTEÚDO EM ENERGIA 
As estimativas de requerimentos totais de energia e de 
quantidade de energia a ser fornecida pelos alimentos 
complementares têm sido feitas em bases teóricas e 
sofrem limitações devido às peculiaridades metodológicas 
dos estudos que envolvem crianças menores de 2 anos. 
Em decorrência disso, essas estimativas têm sido 
sucessivamente revisadas. O atual requerimento total de 
energia estimado para crianças amamentadas saudáveis é 
de aproximadamente 615 kcal/dia dos 6 aos 8 meses de 
idade, 686 kcal/dia dos 9 aos 11 meses e 894 kcal/dia 
dos 12 aos 23 meses. 
Estima-se que, para crianças menores de 2 anos em 
países em desenvolvimento, com uma ingestão média de 
leite materno para cada idade, os alimentos 
complementares devam suprir aproximadamente 200 kcal 
por dia dos 6 aos 8 meses de idade, 300 kcal dos 9 aos 11 
meses e 550 kcal dos 12 aos 23 meses. Essas 
estimativas são diferentes para países industrializados devido a diferenças na ingestão média e na concentração 
de gordura do leite materno, sendo de 130, 310 e 580 kcal por dia, respectivamente. 
A criança pequena possui um mecanismo de auto regulação de ingestão diária de energia muito eficiente. Assim, 
tende a comer quantidades menores de alimentos mais energéticos, embora crianças com dietas com alta 
densidade energética (número de calorias por unidade de volume ou peso do alimento) tendam a ter uma ingestão 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
diária de energia maior. O pequeno volume do estômago da criança pequena (30-40 ml/kg de peso) pode impedi-la 
de alcançar suas necessidades energéticas se a dieta for de baixa densidade energética. Por outro lado, se a criança 
recebe grande quantidade de energia dos alimentos complementares, ela poderá reduzir a ingestão de leite materno, 
o que não é aconselhável, principalmente nas crianças menores. 
Portanto, a densidade energética dos alimentos complementares recomendada varia de acordo com a idade da 
criança, com o quanto ela ingere de leite materno, com a concentração de gordura no leite materno e com a 
frequência com que a criança recebe os alimentos complementares. Para uma criança com ingestão média de leite 
materno e que consome pelo menos três refeições diáriascom alimentos complementares, a densidade energética 
recomendada da dieta varia de 0,6 kcal/g aos 6-8 meses de idade a 1 kcal/g aos 12-23 meses. Quando a ingestão 
de leite materno é menor ou a criança apresenta retardo no crescimento, a densidade energética deve ser maior, 
variando de 0,8 a 1,2 kcal/g. 
CONTEÚDO EM PROTEÍNAS 
A densidade protéica (gramas de proteínas por 100 kcal de alimento) recomendada para os alimentos 
complementares é de 0,7 g/100 kcal, dos 5 aos 24 meses. É importante para a criança receber proteínas de alto 
valor biológico e de melhor digestibilidade, presentes no leite humano e nos produtos de origem animal. 
Alternativamente, proteína de alta qualidade pode ser fornecida por meio de misturas adequadas de vegetais (ex.: 
arroz com feijão). 
CONTEÚDO EM GORDURA 
Recomenda-se que os lipídeos dos alimentos complementares forneçam cerca de 30 a 45% da energia total, o que 
é considerado suficiente para assegurar a ingestão adequada de ácidos graxos essenciais, boa densidade de energia 
e absorção de vitaminas lipossolúveis. Gordura adicionada à dieta afeta a densidade geral de nutrientes e, se 
excessiva, pode exacerbar a má nutrição de micronutrientes em populações vulneráveis. Evidências limitadas 
sugerem que a ingestão de gordura excessiva favorece a obesidade na infância e futura doença cardiovascular. 
CONTEÚDO EM MINERAIS 
Para atender às necessidades nutricionais de minerais da criança, é preciso oferecer uma variedade de alimentos 
complementares com alta densidade desses nutrientes, já que a quantidade consumida desses alimentos dos 6 
aos 24 meses é relativamente pequena. 
Ferro 
A densidade de ferro recomendada nos alimentos complementares é de 4 mg/100 kcal dos 6 aos 8 meses, de 2,4 
mg/100 kcal dos 9 aos 11 meses e de 0,8 mg/100 kcal dos 12 aos 24 meses. Lactentes de 6 a 12 meses não 
conseguem consumir quantidade suficiente de alimentos ricos em ferro para atender às suas necessidades, além 
do fato de que o custo desses alimentos pode ser proibitivo para famílias de baixa renda. A disponibilidade de 
alimentos fortificados com ferro é maior em países industrializados do que em países em desenvolvimento. Essa é 
uma das razões por que, no Brasil, a anemia por deficiência de ferro é muito frequente em menores de 2 anos. 
Os alimentos de origem animal apresentam uma melhor biodisponibilidade de ferro (até 22% de absorção) do que os 
de origem vegetal (1 a 6%). As carnes (principalmente as vermelhas) e alguns órgãos (sobretudo o fígado) levam 
vantagem sobre o leite e seus derivados quanto à densidade e biodisponibilidade do ferro. Alguns alimentos contêm 
quantidades razoáveis de ferro, porém com baixa biodisponibilidade. É o caso da gema de ovo, do feijão, da lentilha, 
da soja e dos vegetais verde-escuros (acelga, couve, brócolis, mostarda, almeirão). A absorção de ferro dos 
alimentos de origem vegetal pode ser incrementada se forem consumidos na mesma refeição alguns alimentos 
como carnes, peixes, frutose e ácido ascórbico (laranja, goiaba, limão, manga, mamão, melão, banana, maracujá, 
pêssego, tomate, pimentão, folhas verdes, repolho, brócolis, couve-flor). Neste caso, deve-se dar preferência aos 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
alimentos crus e frescos, já que parte da vitamina C é destruída no cozimento. Por outro lado, ovos, leite, chá, mate 
ou café dificultam a absorção de ferro, por formarem precipitados insolúveis com o mesmo. O efeito inibitório dos 
cereais integrais (arroz, milho, trigo) se deve à presença de fitatos, e não de fibras, que, por si só, não possuem 
efeito inibidor. Já o leite inibe a absorção do ferro heme e não-heme pelo seu conteúdo de cálcio e, provavelmente, 
pela presença de fosfoproteínas. O alto consumo de leite de vaca é um dos fatores que contribuem para a alta 
prevalência de anemia na infância 
CONTEÚDO EM VITAMINAS 
Vitamina A 
Se a mãe tem uma dieta com aporte adequado de vitamina A, a oferta de alimentos complementares ricos nessa 
vitamina facilmente supre as necessidades do bebê amamentado. Por outro lado, se a mãe vive em área endêmica 
de deficiência de vitamina A, recomenda-se a suplementação específica da nutriz e o consumo, pela criança, de 
alimentos complementares ricos dessa vitamina, preferencialmente ofertados pouco antes ou depois do leite 
materno, para aumentar a absorção de caroteno e retinol da dieta. Os principais alimentos fonte de vitamina A são 
fígado, gema de ovo, produtos lácteos, folhas verde-escuras e vegetais e frutas de cor laranja (cenoura, abóbora, 
pimentão vermelho ou amarelo, manga, maracujá, mamão). 
Vitamina D 
É pequena a contribuição do leite materno e dos alimentos complementares para o suprimento das necessidades 
de vitamina D, o qual primordialmente depende da exposição direta da pele à luz solar. A ingestão dietética se torna 
importante apenas em caso de produção endógena inadequada ou depleção de reservas corporais. Em bebês 
amamentados exclusivamente ao seio e não expostos à luz solar, os estoques de vitamina D existentes ao 
nascimento provavelmente seriam depletados em 8 semana. Porém, umas poucas horas de exposição à luz solar no 
verão – 0,5 a 2 horas por semana (17 minutos por dia) com exposição apenas da face e mãos do bebê e 30 minutos 
por semana (4 minutos por dia) se o bebê estiver usando apenas fraldas – produz vitamina D suficiente para evitar 
deficiência por vários meses. Crianças com pigmentação escura da pele podem requerer três a seis vezes a 
exposição de bebês de pigmentação clara para produzir a mesma quantidade de vitamina D. 
Outras vitaminas 
O suprimento de vitaminas como riboflavina, niacina, tiamina, folato e vitamina C pode ser baixo em algumas 
populações, assim como o de vitamina E, mas são necessárias mais evidências para a formulação de 
recomendações específicas. 
FIBRAS ALIMENTARES 
As fibras podem ser solúveis ou insolúveis, sendo que as insolúveis têm menor capacidade de incorporação de água 
que as fibras solúveis e são difíceis de serem degradadas pelas bactérias sendo por isso eliminadas praticamente 
intactas. O termo fibra alimentar se refere a constituintes como a celulose e o amido resistente, e inclui alguns 
prebióticos. O que os prebióticos e as fibras alimentares têm em comum é o fato de não serem hidrolisados no 
intestino delgado e chegarem ao cólon. Lá, servem de fonte de energia e carbono para a microbiota colônica, 
aumentando assim a massa bacteriana do intestino. 
Foi demonstrado que uma mistura de prebióticos diminui muito a incidência de dermatite de contato em bebês 
atópicos, sugerindo que esses prebióticos alteram o desenvolvimento imune pós-natal. A mesma mistura de 
prebióticos também aumentou a concentração fecal de anticorpos em crianças alimentadas com leite em pó. 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
 A ESCOLHA DOS ALIMENTOS COMPLEMENTARES 
A criança pode ser alimentada com os alimentos disponíveis para a família, assegurando-se a consistência e a 
densidade energética adequadas. Preparações que não atinjam a densidade mínima recomendada de energia, tais 
como sopas, mingaus e leites muito diluídos devem ser evitadas. 
Do oitavo mês em diante, os alimentos devem ser variados, com misturas balanceadas dos mesmos, contendo 
cereais, tubérculos, alimento de origem animal, de origem vegetal e gordura. Somente uma dieta variada assegura o 
suprimento de micronutrientes, favorece a formação de bons hábitos alimentares e previne o aparecimento de 
anorexia decorrente da monotonia alimentar. As crianças (e depois, como adultos) tendem a preferir os alimentos 
da maneira como eles foram apresentados inicialmente. Por isso, é recomendável que se ofereça inicialmente à 
criança alimentos com baixos teores de açúcar e de sal.É importante assegurar a oferta, se possível diária, de alimentos de origem animal ricos em ferro e de frutas e 
vegetais, particularmente os ricos em vitamina A. Dietas vegetarianas não fortificadas ou não suplementadas não 
são recomendadas para crianças menores de 2 anos porque não suprem as necessidades de alguns nutrientes, 
como ferro, zinco e cálcio. 
É desaconselhável oferecer leite de vaca não modificado, principalmente quando cru e puro, a menores de 1 ano 
porque o seu uso está associado a perda sanguínea fecal e deficiência de ferro. Deve-se evitar também dar bebidas 
açucaradas (refrigerantes e outras), pois elas diminuem o apetite da criança para alimentos mais nutritivos e podem 
causar fezes amolecidas. Chá e café também são desaconselháveis porque podem interferir na absorção de ferro. 
COMO OFERECER OS ALIMENTOS COMPLEMENTARES 
A OMS recomenda que os alimentos complementares sejam oferecidos a partir dos seis meses de vida da criança. 
Algumas vezes, porém, os trabalhadores de saúde. Entretanto, a tendência atual, endossada pelo Ministério da 
Saúde, é a de recomendar a introdução de alimentos complementares aos seis meses de vida da criança. Se por um 
lado, a introdução de alimentos complementares pode parecer interessante para a criança exclusivamente 
amamentada ao seio e que apresente uma desaceleração do ganho de peso, por outro lado, essa introdução, com 
frequência, representa um maior risco de infecções e, em situações de pobreza extrema, até mesmo um maior risco 
de morrer. 
Recomenda-se iniciar a alimentação complementar aos seis meses, em crianças que mamam exclusivamente no 
peito. Casos especiais poderão requerer a introdução de alimentos complementares antes do sexto mês devendo 
cada caso ser analisado avaliado individualmente pelo profissional de saúde. Nesta avaliação e orientação devem 
ser esgotadas todas as possibilidades de recondução ao aleitamento materno exclusivo, antes de se sugerir a 
introdução de alimentos complementares. 
Recomenda-se introduzir os novos alimentos gradualmente, um de cada vez, a cada 3 a 7 dias. É muito comum a 
criança rejeitar novos alimentos, não devendo este fato ser interpretado como uma aversão permanente da criança 
ao alimento. Em média, a criança precisa ser exposta a um novo alimento de oito a 10 vezes para que o aceite bem. 
Crianças amamentadas podem aceitar mais facilmente novos alimentos que as não-amamentadas, pois, por 
intermédio do leite materno, a criança é exposta precocemente a diversos sabores e aromas, que variam de acordo 
com a dieta da mãe. Assim, a criança é introduzida desde o nascimento (e provavelmente intra-útero) aos hábitos 
alimentares da família. A consistência inadequada dos alimentos compromete a ingestão adequada de nutrientes 
pela criança. Por isso, no início da alimentação complementar, recomenda-se que os alimentos sejam preparados 
especialmente para ela. Eles devem ser inicialmente semissólidos e macios (sob a forma de purê), devendo ser 
amassados e nunca peneirados ou liquidificados. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Sopas e comidas ralas/moles não fornecem calorias suficientes para suprir as necessidades energéticas das 
crianças pequenas e devem ser desaconselhadas. A consistência da dieta deve ser aumentada gradativamente, 
respeitando-se as habilidades da criança. A partir dos 8 meses, a criança pode receber os alimentos consumidos 
pela família, desde que amassados, desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos. Aos 10 meses, a criança 
já deve estar recebendo alimentos granulosos, caso contrário corre um risco maior de apresentar dificuldades 
alimentares aos 15 meses. Aos 12 meses, a maioria das crianças pode receber o mesmo tipo de alimento consumido 
pela família, desde que com densidade energética e consistência adequadas. A partir de então, deve-se restringir o 
uso de alimentos semissólidos e deve-se evitar alimentos de formato aguçado e/ou consistência dura (ex: cenouras 
cruas, nozes, uvas), pelo risco de engasgar a criança. 
Os alimentos complementares devem ser oferecidos à criança utilizando-se colher e copo, que são bem aceitos por 
crianças pequenas. Mamadeiras devem ser evitadas porque, além de ser uma fonte de contaminação para a criança, 
prejudicam a dinâmica oral e podem, principalmente durante o estabelecimento da lactação, confundir o bebê 
("confusão de bicos"), expondo-o a um risco maior de desmame precoce. É importante lembrar que o bebê, ao longo 
do seu desenvolvimento, não precisa usar mamadeira. 
QUANTIDADE E FREQÜÊNCIA 
A pequena quantidade de alimentos complementares inicialmente oferecida deve ser gradativamente aumentada 
com a idade da criança. A quantidade e a frequência dos alimentos oferecidos devem basear-se na aceitação da 
criança, que varia segundo a necessidade individual, a quantidade de leite materno ingerido e a densidade dos 
alimentos complementares. Deve-se encorajar a criança a comer até ela ficar saciada. 
As recomendações atuais sobre a frequência de refeições com alimentos complementares para a criança 
amamentada são provenientes de estimativas teóricas baseadas na energia fornecida por esses alimentos, 
assumindo-se uma capacidade gástrica de 30 g/kg de peso corporal e uma densidade de energia nos alimentos 
complementares de, no mínimo, 0,8 kcal/g. As frequências mínimas de refeições por idade foram calculadas de 
forma a cobrir com segurança as necessidades de quase todas as crianças. Assim, a OMS atualmente recomenda, 
para as crianças amamentadas, duas a três refeições com alimentos complementares por dia dos 6 aos 8 meses 
de idade e três a quatro vezes por dia dos 9 aos 24 meses, com lanchinhos nutritivos adicionais (pedacinhos de 
fruta ou pão, cuscuz, bolo caseiro, macaxeira) uma a duas vezes ao dia a partir dos 12 meses. Se a densidade de 
energia ou a quantidade de alimentos complementares por refeição for baixa, ou se a criança estiver totalmente 
desmamada, pode ser necessária uma maior frequência de refeições. 
É importante frisar que as refeições com alimentos complementares não substituem (e sim complementam) as 
mamadas. A frequência das mamadas ao seio pode ser mantida. Com a introdução da alimentação complementar, a 
criança naturalmente passará a ingerir menos leite materno. Por isso, deve-se evitar um número excessivo de 
refeições com alimentos complementares em crianças amamentadas, para não diminuir demasiadamente o volume 
de leite materno ingerido pela criança. Os lanchinhos nutritivos economizam tempo da mãe e contribuem menos 
para o deslocamento do leite materno. 
SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO E DE VITAMINAS 
Ferro 
A amamentação exclusiva supre as necessidades de ferro nos primeiros 6 meses de vida em crianças nascidas a 
termo, com bom peso e com mães não deficientes em ferro, graças às suas reservas desse micronutriente. A partir 
dos 6 meses, no entanto, as reservas hepáticas se esgotam, e as necessidades de ferro precisam ser supridas 
através dos alimentos complementares. É importante salientar que as crianças pré-termo e com baixo peso de 
nascimento nascem com menos reservas de ferro e, por isso, devem receber suplementação com ferro antes dos 6 
meses. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
A OMS, juntamente com o UNICEF, recomenda suplementação com sulfato ferroso na dose de 12,5 mg de ferro por 
dia para crianças de 6 a 24 meses que não têm acesso a alimentos enriquecidos com ferro. Crianças nascidas com 
baixo peso devem iniciar a suplementação com 2 meses de idade. 
O Departamento Científico de Nutrição da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que, profilaticamente, seja 
dado ao recém-nascido a termo e com peso adequado para a idade gestacional, dos 6 aos 24 meses de vida, 1 
mg/kg/dia de ferro elementar, ou dose semanalde 45 mg, exceto para as crianças recebendo fórmulas infantis 
fortificadas com ferro. Para os prematuros e recém-nascidos de baixo peso, a recomendação é dar, a partir do 30º 
dia, 2 mg/kg/dia durante 2 meses. Após esse período, a recomendação é a mesma que para os recém-nascidos 
normais. 
Vitaminas 
Em geral, a criança amamentada exclusivamente por uma mãe que não tem carência vitamínica não necessita de 
suplementação com vitaminas, com exceção da vitamina K (que é administrada de rotina nas maternidades). No 
entanto, em algumas situações, faz-se necessária a suplementação de algumas vitaminas específicas. 
Vitamina A 
No Brasil, o MS distribui megadoses de vitamina A nas áreas de alta prevalência de deficiência de vitamina A (Região 
Nordeste e Vale do Jequitinhonha), que são registradas no Cartão da Criança. A vitamina A é fornecida sob a forma 
de cápsulas de 100.000 UI ( para crianças de 6 a 11 meses de idade) e de 200.000 UI (para crianças de 12 a 59 
meses), que são administradas a intervalos de 4 a 6 meses durante as campanhas de imunização ou na rotina dos 
serviços de saúde e agentes comunitários de saúde. Em crianças amamentadas, a oferta de vitamina A pode ser 
aumentada por intermédio da suplementação à mãe. 
Vitamina D 
Organizações internacionais como o UNICEF reconhecem que a suplementação de vitamina D (200 a 400 UI/dia) é 
necessária quando a exposição à luz solar é inadequada e que alguns bebês têm um risco mais alto de deficiência 
de vitamina D que outros. Entre os fatores de risco para deficiência de vitamina D encontram-se: deficiência materna 
de vitamina D durante a gravidez, confinamento durante as horas de luz diurna, viver em altas latitudes, viver em 
áreas urbanas com prédios e/ou poluição que bloqueiam a luz solar, pigmentação cutânea escura, uso de protetor 
solar, variações sazonais, cobrir muito ou todo o corpo quando em ambiente externo e substituição do leite materno 
por alimentos pobres em cálcio ou alimentos que reduzem a absorção de cálcio. A Academia Americana de Pediatria 
recomenda que todas as crianças americanas consumam no mínimo 200 UI de vitamina D por dia, sendo que crianças 
amamentadas devem receber suplementação medicamentosa99. Essa recomendação é controvertida e tem custo 
proibitivo para países em desenvolvimento. 
DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE (DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALÓRICA) 
A deficiência de um único nutriente já é uma forma de subnutrição ou desnutrição, mas 
a deficiência de um nutriente geralmente vem acompanhada pela deficiência de vários 
outros. A desnutrição proteico-calórica (DPC) manifesta-se primariamente pela ingestão 
insuficiente de proteínas e calorias, seja porque a ingestão alimentar desses dois 
nutrientes é menor que a necessária para o crescimento normal ou porque as 
necessidades para o crescimento são maiores do que o que pode ser oferecido mas que, 
em outras circunstâncias teria sido adequado para o crescimento. A DPC quase sempre 
vem acompanhada pela deficiência de outros nutrientes. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
Historicamente, as formas mais graves de desnutrição, o marasmo (desnutrição não edematosa com definhamento 
grave) e o kwashiorkor (desnutrição edematosa), eram consideradas distúrbios distintos. Acreditava-se que a 
desnutrição não edematosa resultava, primariamente, da ingestão calórica inadequada ou da ingestão inadequada 
de proteínas e calorias, ao passo que a desnutrição edematosa seria resultante principalmente da ingestão 
inadequada de proteínas. Um terceiro distúrbio, o Kwashiorkor marasmático, teria aspectos d e ambos os distúrbios 
(consumpção e edema). As três condições apresentam aspectos clínicos e metabólicos distintos, mas também 
têm certo número de características em comum. A baixa concentração plasmática de albumina, frequentemente 
considerada como manifestação de desnutrição edematosa, é comum tanto em crianças com desnutrição 
edematosa 
quanto em 
crianças com 
desnutrição não 
edematosa. 
 
 
 
Manifestações Clínicas da Desnutrição Proteico-Calórica Grave 
Desnutrição não edematosa (marasmo) 
Caracteriza-se pela incapacidade de ganho ponderal e apatia seguidas por perda de peso e desatenção, chegando 
até a emaciação. A pele perde o turgor, tornando-se enrugada e frouxa à medida que a gordura subcutânea 
desaparece. A perda das bolas de gordura das bochechas costuma ocorrer tardiamente no curso da doença; assim, 
o rosto do lactente pode conservar um aspecto relativamente normal em comparação com o resto do corpo, mas o 
rosto também acabará tornando-se enrugado e murcho finalmente. Os lactentes frequentemente ficam constipados, 
mas podem apresentar a diarreia da fome, com eliminação frequente de fezes com muco em pequenas quantidades. 
O abdome pode estar distendido ou plano, com os movimentos intestinais facilmente visíveis. Poderá haver atrofia 
muscular e consequente hipotonia. Conforme o processo progride, a temperatura geralmente torna-se subnormal e 
o pulso, lento 
Desnutrição edematosa (kwashiorkor) 
Pode ocorrer, inicialmente, com manifestações vagas que incluem letargia, apatia e/ou irritabilidade. Quando avança, 
ocorre insuficiência de crescimento, falta de vitalidade, perda de tecido muscular, aumento da suscetibilidade às 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
infecções, vômitos, diarreia, anorexia, flacidez do tecido subcutâneo e edema. O edema geralmente se desenvolve 
precocemente e pode mascarar a incapacidade para ganhar peso. Frequentemente, o edema acomete os órgãos 
internos antes de poder ser reconhecido na face e nos membros. A hepatomegalia pode ocorrer tanto precoce como 
tardiamente no curso da doença. 
A dermatite é comum, com o escurecimento da pele nas áreas irritadas; mas, ao contrário do que ocorre na pelagra, 
não acomete as áreas expostas à luz solar. A despigmentação pode ocorrer após a descamação nessas áreas, ou 
pode ser generalizada. O cabelo é escasso e fino e, nas crianças de cabelos escuros, podem se formar listras 
avermelhadas ou acinzentadas. Finalmente, ocorrerá estupor, coma e morte. 
Noma 
É uma ulceração necrotizante crônica da gengiva e da bochecha. Está associada à desnutrição e 
é frequentemente precedida por uma enfermidade debilitante (sarampo, malária, tuberculose, 
diarreia, gengi vite ulcerativa) em hospedeiro já comprometido nutricionalmente. A noma se 
apresenta com febre, hálito fétido, anemia, leucocitose e sinais de desnutrição. Se não for 
tratada, provocará grave desfiguração. Infecções polimicrobianas com Fusobacterium 
necrophorum e Prevotella intermedia podem ser os agentes causadores. O tratamento da noma 
inclui cuidados com a ferida, penicilina e metronidazol, assim como o tratamento da doença de 
base. 
Fisiopatologia da Desnutrição Proteico-Calórica Grave 
Os motivos pelos quais algumas crianças manifestam a forma não edematosa da desnutrição grave e outras 
desenvolvem a forma edematosa não são conhecidos. Um deles pode ser a variabilidade das necessidades de 
nutrientes entre os lactentes e da composição corporal no momento em que o déficit alimentar se instala. Também 
tem sido proposto que a administração excessiva de carboidratos às crianças com desnutrição não edematosa 
reverteria as respostas adaptativas à baixa ingestão proteica, resultando na mobilização das reservas de proteínas 
do organismo. Finalmente, a síntese da albumina se reduziria, resultando em hipoalbuminemia com edema. 
A esteatose hepática também se desenvolve secundariamente, talvez em função da lipogênese resultante do 
excesso de ingestão de carboidratos e da redução da síntese de apolipoproteína. Outras causas de desnutrição 
edematosa são: intoxicação por aflatoxinas, bem como 
diarreia; comprometimento da função renal; e redução daatividade da Na+/K+-ATPase. A hipótese de dano por radicais 
livres tem sido proposta como um importante fator no 
desenvolvimento clínico de desnutrição edematosa. Essa 
proposta é sustentada por baixas concentrações plasmáticas 
de metionina, o precursor alimentar da cisteína, que é 
necessária para a síntese do principal fator antioxidante, o 
glutationa. Essa possibilidade também é sustentada por taxas 
mais baixas de síntese de glutationa encontradas em crianças 
com desnutrição edematosa quando comparadas às que 
apresentam a forma não edematosa. 
Tratamento 
A abordagem usual para o tratamento da desnutrição aguda 
grave inclui três fases. A primeira fase (1-7 dias) é a de 
estabilização. Durante essa fase, a desidratação é corrigida, 
quando presente, e inicia-se o tratamento para controlar 
infecções bacterianas ou parasitárias. Em razão da dificuldade 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
para avaliar o grau de desidratação, dá-se preferência à reidratação oral. Se for necessário tratamento intravenoso, 
as estimativas de desidratação devem ser frequentemente reconsideradas, principalmente nas primeiras 24 horas. 
A alimentação oral também deve ser iniciada com uma fórmula especializada altamente calórica, proposta pela 
Organização Mundial de Saúde, que pode ser preparada com ingredientes simples. 
A fase inicial do tratamento oral é feita com a dieta F75 (75 kcal ou 315 kJ/100 mL). A dieta de reabilitação é feita 
(100 kcal ou 420 kJ/100 mL). As refeições são iniciadas com maior frequência e em volumes menores; ao longo do 
tempo, a frequência é reduzida de 12 para oito e, depois, para seis refeições a cada 24 horas. A ingestão calórica 
inicial é estimada em 80 a 100 kcal/kg/dia. Nos países desenvolvidos, podem ser iniciadas fórmulas para lactentes 
com aproximadamente 1 kcal/g com o mesmo aporte calórico diário como objetivo. Se uma diarreia se inicia, ou não 
se resolve, e houver suspeita de intolerância à lactose, deve-se substituir a fórmula em uso por uma fórmula sem 
lactose. Se houver suspeita de intolerância à proteína do leite, pode ser usada uma fórmula com hidrolisado de 
proteína de soja.com a dieta F100 (100 kcal ou 420 kJ/100 mL). As refeições são iniciadas com maior frequência 
e em volumes menores; ao longo do tempo, a frequência é reduzida de 12 para oito e, depois, para seis refeições a 
cada 24 horas. A ingestão calórica inicial é estimada em 80 a 100 kcal/kg/dia. Nos países desenvolvidos, podem 
ser iniciadas fórmulas para lactentes com aproximadamente 1 kcal/g com o mesmo aporte calórico diário como 
objetivo. Se uma diarreia se inicia, ou não se resolve, e houver suspeita de intolerância à lactose, deve-se substituir 
a fórmula em uso por uma fórmula sem lactose. Se houver suspeita de intolerância à proteína do leite, pode ser 
usada uma fórmula com hidrolisado de proteína de soja. 
Outra abordagem é o uso de alimentos terapêuticos prontos para uso (ATPUs). Os ATPUs reduzem a mortalidade 
com ótima relação custo-benefício, em parte devido ao fato de serem menos suscetíveis à deterioração que os 
alimentos suplementares com base no leite em pó. A dieta F100 tem base aquosa e é sujeita à contaminação 
bacteriana, enquanto os ATPUs são pastas oleosas com pouca água em seu conteúdo e possuem perfis nutricionais 
semelhantes, mas uma densidade calórica maior, podendo ser tão palatáveis quanto a F100. ATPU é uma mistura 
de leite em pó, amendoim, açúcar, vitaminas e minerais. 
Uma das vantagens desse tipo de alimento é que, em muitos casos, pode ser usado no âmbito da comunidade, em 
vez de centros de reabilitação, onde há alto risco de infecções. Na verdade, pode ser difícil separar a vantagem 
intrínseca dos ATPUs das vantagens do tratamento na comunidade. 
A avaliação laboratorial e a monitoração contínua, quando disponíveis, ajudam a orientar o tratamento e prevenir 
complicações. A oferta hídrica deve ser monitorada com muito cuidado nos pacientes anêmicos, que podem 
necessitar de transfusão de concentrado de hemácias. 
A segunda fase de reabilitação (semanas 2-6) pode incluir a continuação do tratamento com antibióticos, com as 
devidas alterações se a combinação inicial não tiver sido eficaz, e a introdução de uma dieta F100 ou com ATPUs 
com o objetivo de oferecer pelo menos 100 kcal/kg/dia. Essa fase, em geral, dura mais 4 semanas. A qualquer 
momento, se o lactente não é capaz de ingerir os alimentos de uma xícara, seringa ou gotejador, a administração 
através de sonda nasogástrica é preferível à via parenteral. Em alguns locais as mamadeiras podem ser 
contaminadas, e seu uso deve ser desencorajado, a menos que a limpeza seja assegurada. Uma vez que a 
alimentação ad libitum estiver liberada, a ingestão tanto de calorias como de proteínas costuma ser substancial. 
De modo geral, o tratamento com ferro não é iniciado até essa fase; o ferro pode interferir nos mecanismos de 
defesa proteica do hospedeiro. Existe também a preocupação de que o ferro livre, durante a fase inicial do 
tratamento, possa exacerbar o dano oxidante, precipitando infecções (malária), kwashiorkor clínico ou kwashiorkor 
marasmático em crianças com marasmo clínico. Alguns recomendam o tratamento com antioxidantes. 
Ao final da segunda fase, qualquer edema que ainda estivesse presente já terá sido usualmente mobilizado, as 
infecções estarão sob controle, a criança se mostrará mais interessada pelo ambiente e seu apetite retornará. A 
criança estará então pronta para a fase final de acompanhamento do tratamento, que consiste principalmente em 
prover uma alimentação que dê suporte à aceleração do crescimento, bem como à estimulação emocional e 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
sensorial. A criança deve ser alimentada ad libitum. Nos países em desenvolvimento, essa fase final geralmente é 
realizada em casa. Em todas as fases, a orientação dos responsáveis é essencial para um tratamento continuado 
e eficiente, assim como para a prevenção de outros episódios. 
A síndrome de realimentação pode complicar a reabilitação nutricional aguda das crianças subnutridas por qualquer 
causa. O traço característico da síndrome de realimentação é o desenvolvimento de hipofosfatemia grave por 
captação celular de fosfato durante a primeira semana do reinício da alimentação. Os níveis séricos de fosfato ≤ 
0,5 mmol/L podem produzir fraqueza, rabdomiólise, disfunção de neutrófilos, insuficiência cardiorrespiratória, 
arritmias, convulsão, alteração no nível de consciência e morte súbita. Os níveis de fosfato devem ser monitorados 
durante a realimentação e, se estiverem baixos, deve-se administrar fosfato durante a realimentação para tratar os 
casos de hipofosfatemia grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
desenvolvimento infantil 
0-2 MESES DE IDADE 
A mielinização começa antes do 
nascimento, por volta da 30 ª 
semana gestacional. No recém-
nascido a termo, está presente já 
no momento do nascimento, no 
tronco cerebral dorsal, pedúnculos 
cerebelares e membro posterior da 
cápsula interna. A substância 
branca do cerebelo adquire mielina 
no primeiro mês de idade e 
encontra-se bem mielinizada aos 3 
meses. A substância branca 
subcortical do córtex parietal, 
frontal posterior, temporal e 
calcarino encontra-se 
parcialmente mielinizada aos 3 
meses. Nesse período, o lactente 
vivencia um crescimento 
extraordinário. As alterações 
fisiológicas permitem o 
estabelecimento de rotinas 
alimentares eficazes e um ciclo 
sono-vigília previsível. As 
interações sociais que ocorrem à 
medida que os pais e os filhos 
desempenham essastarefas, 
formam os alicerces do 
desenvolvimento cognitivo e 
emocional. 
As respostas a estímulos evoluem 
de reflexos generalizados, 
envolvendo todo o corpo para 
ações voluntárias, definidas pelo 
córtex. São os chamados reflexos 
corticais. Essa especialização permite à criança passar de reações simétricas, involuntárias em respostas ao meio 
ambiente (gritar, agitar os braços, dar pontapés), para movimentos assimétricos voluntários, em função de 
determinado estímulo. Essas funções nervosas, ou reflexos, podem, conforme sua evolução, ser divididas em três 
grupos: 
× manifestações normais durante algum tempo e que desaparecem com a evolução, somente reaparecendo 
em condições patológicas: reflexo tônico cervical e de retificação corporal, ambos desaparecendo com um 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
ou dois meses de idade; reflexo de Moro, que desaparece em torno de 4-6 meses; e o sinal de Babinski, que 
quando bilateral, pode ser normal até 18 meses; 
× reflexos que existem normalmente, desaparecem com a evolução e reaparecem como atividades voluntárias: 
reflexo de preensão, sucção e marcha, por exemplo; 
× manifestações que persistem por toda a vida: os vários reflexos profundos e os reflexos cutâneos 
abdominais. 
A postura e os movimentos amplos do recém-nascido são muito importantes e devem ser sempre observados: o 
recém-nascido normal mantém as pernas e braços fletidos tanto na posição supina como prona. As pupilas reagem 
à luz. Apresenta uma reação global a barulhos muito fortes. Dorme grande parte do tempo. Tem percepções visuais, 
alguma discriminação olfativa, percebe alguns sabores (tendo predileção pelo doce) e desde as primeiras horas de 
vida é capaz de indicar a percepção de alguns sons. A voz humana causa nele efeitos diferentes de outros sons, e 
já em torno da segunda semana de vida, a voz da mãe ou mesmo de outra mulher, modulada por tonalidades afetivas, 
é capaz de desencadear sorrisos mais facilmente que qualquer outro som. 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
Durante a primeira semana, o peso do recém-nascido pode diminuir em até 10% do peso de nascimento como 
resultado da eliminação do excesso de líquido extravascular e da ingestão nutricional limitada. A nutrição melhora 
à medida que o colostro é substituído pelo leite maduro, rico em gorduras, à medida que o lactente aprende a 
abocanhar e sugar mais eficientemente o mamilo, e as mães ficam mais confortáveis com as técnicas de 
amamentação. Os lactentes recuperam ou excedem o peso de nascimento com 2 semanas de idade e devem 
aumentar aproximadamente 30 g por dia durante o primeiro mês. Esse é o período de crescimento mais rápido após 
o nascimento. Os movimentos dos membros consistem, em grande parte, em contrações descontroladas e um abrir 
e fechar de mãos aparentemente sem propósito. O sorriso manifesta-se involuntariamente. Por outro lado, a fixação 
do olhar, o voltar da cabeça e a sucção estão sob melhor controle e por isso podem ser usados para avaliar a 
cognição e a percepção do lactente. O fato de o lactente voltar a cabeça preferencialmente na direção da voz de sua 
mãe é uma evidência da memória de reconhecimento. 
São descritos seis estados de comportamento. Inicialmente, o sono e a vigília são distribuídos igualmente pelas 24 
horas. A maturação neurológica responde pela consolidação dos períodos de sono em blocos de 5-6 horas à noite, 
com breves períodos de despertar para amamentação. O aprendizado também ocorre; lactentes com pais que 
interagem e estimulam mais o bebê durante o dia aprendem a concentrar seu sono durante a noite. 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
Os lactentes conseguem diferenciar padrões, cores e consoantes. Eles podem reconhecer expressões faciais 
(sorrisos) como semelhantes, mesmo quando surgem em rostos diferentes. Podem também distinguir propriedades 
abstratas de estímulos, como contorno, intensidade ou padrões temporais, entre as modalidades sensoriais. Aos 2 
meses de idade, os lactentes conseguem distinguir os padrões rítmicos da linguagem nativa, ao contrário de outras 
linguagens. Eles parecem buscar ativamente por estímulos, como se estivessem satisfazendo uma necessidade 
íntima de compreender o mundo. Esses fenômenos apontam para uma integração dos estímulos sensoriais no 
sistema nervoso central. Os cuidados com o bebê proporcionam estímulos visuais, auditivos, táteis e olfativos; 
todos eles dão suporte ao desenvolvimento da cognição. Os lactentes habituam-se ao que é familiar, respondem 
cada vez menos a estímulos repetidos e aumentam sua atenção quando o estímulo muda. 
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL 
O lactente depende do ambiente para satisfazer suas necessidades. A disponibilidade constante de um adulto 
confiável para satisfazer as necessidades urgentes do lactente cria condições para vinculações seguras. A 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
contraposição básica, confiança versus desconfiança, o primeiro dos estágios psicossociais de Erikson, depende 
do vínculo e da ligação recíproca com a mãe. O choro ocorre em resposta a estímulos que podem ser óbvios (fralda 
suja), mas que frequentemente são obscuros. Os lactentes consistentemente levados ao colo e confortados, todas 
as vezes que manifestam desconforto, choram menos quando completam 1 ano e apresentam comportamento 
menos agressivo aos 2 anos. Estudos sobre contrastes culturais mostram que nas sociedades em que os lactentes 
são carregados colados à mãe, os bebês choram menos que nas sociedades nas quais os bebês são carregados 
apenas periodicamente. O período de choro costuma atingir um pico de duração na sexta semana, quando os 
lactentes sadios choram até 3 horas por dia, a seguir diminui para 1 hora ou menos, por volta dos 3 meses de vida. 
O significado emocional de qualquer experiência depende do temperamento individual da criança, bem como das 
respostas dos pais; horários de alimentação diferentes produzem reações diferentes. A fome gera uma tensão 
crescente; conforme a urgência atinge o pico, a criança chora, a mãe oferece o seio ou um dos pais oferece a 
mamadeira, e a tensão se dissipa. O lactente que é alimentado “sob demanda” experimenta consistentemente essa 
ligação entre seu desconforto, a chegada da mãe ou do pai e o alívio da fome. A maioria dos lactentes alimentados 
em horários fixos adapta rapidamente seu ciclo de fome a esse horário. Aqueles que não se adaptam porque seu 
temperamento favorece um ritmo biológico irregular experimentam períodos de fome não aliviada, assim como 
recebem alimentação não desejada quando já estão satisfeitos. De modo semelhante, os lactentes alimentados de 
acordo com a conveniência de seus pais, sem que haja atenção às manifestações de fome nem horários fixos, podem 
não relacionar consistentemente a alimentação com a redução prazerosa de sua tensão. Esses lactentes 
apresentam, muitas vezes, maior irritabilidade e instabilidade fisiológica (salivação, diarreia, ganho de peso 
deficiente), bem como problemas comportamentais no futuro. 
O CRESCIMENTO PÓS-NATAL 
EVOLUÇÃO 
A velocidade de crescimento pós-natal é particularmente elevada 
até os dois primeiros anos de vida com declínio gradativo e 
pronunciado até o s cinco anos de idade. A partir do quinto ano, a 
velocidade de crescimento é praticamente constante, de 5 a 6 
cm/ano até o início do estirão da adolescência (o que ocorre em 
torno dos 11 anos de idade nas meninas e dos 13 anos nos 
meninos). A velocidade de crescimento geral não é uniforme ao 
longo dos anos e os diferentes orgãos, tecidos e partes do corpo 
não crescem com a mesma velocidade. 
REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DO CRE SCIMENTO 
O crescimento pode ser representado por meio de dois tipos de curvas: a curva 
de distância ou de crescimento longitudinal e a curva develocidade de 
crescimento. No gráfico 2, estão expressas as curvas de distância do 
crescimento linear (as estaturas médias em cm, atingidas nas sucessivas 
idades para a população de referência do National Center of Health Statistics 
NCHS) e no gráfico 3, estão os incrementos em estatura de uma idade para a 
outra, apresentados na forma de uma taxa de crescimento anual em cm/ano 
(curva de velocidade). Da mesma maneira são desenhadas as curvas de peso. 
Embora não existam estudos longitudinais sobre crescimento de crianças e 
adolescentes brasileiros, os resultados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e 
Nutrição (PNSN/1989) permitem uma análise preliminar de seu crescimento. 
Os gráficos 4 e 5 apresentam curvas de distância de crescimento em estatura, femininas e masculinas, 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
respectivamente, construídas a partir dos incrementos anuais médios, em 
centímetros, para cada ano de vida, para a população brasileira e para a 
população de referência (NCHS) 
Verifica-se que tanto para meninos como meninas as duas curvas tem 
aspecto bem similar, contudo, a partir do segundo ano de vida já se percebe 
que as curvas de crescimento das crianças e adolescentes brasileiros 
começam a apresentar valores inferiores em relação às curvas de referência. 
O CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO 
Conforme pode ser observado nas curvas de velocidade de 
crescimento, na vida extra-uterina, o período de maior velocidade 
deste processo vai do nascimento até os primeiros cinco anos de vida, 
principalmente os dois primeiros anos. Este é o período mais 
vulnerável aos distúrbios de crescimento. Em condições adversas, a 
velocidade de crescimento pode diminuir ou mesmo ser interrompida. 
O gráfico 6 ilustra essa ocorrência, mostrando a desaceleração da 
velocidade do crescimento linear de uma criança aos dois anos, por 
uma doença infeciosa, e o crescimento compensatório posterior, 
comparando-o com o gráfico de velocidade de cres cimento do 
referencial NCHS. 
Estudos mostram que déficits de crescimento linear que ocorram até 
os 2 anos (principalmente no primeiro ano de vida) são passíveis de recuperação total, enquanto acima dessa idade 
a reversibilidade desse quadro torna-se bem mais difícil. 
Embora todas as crianças requeiram especial atenção no seu período de maior vulnerabilidade biológica (do 
nascimento até os 5 anos de idade), diferentes indivíduos com a mesma idade podem apresentar graus de 
vulnerabilidade e risco de adoecer e morrer completamente diferentes, de acordo com as condições e qualidade de 
vida a que estejam submetidos. 
Dentre esses fatores considerados fundamentais, já apresentados anteriormente, devem ser ressaltadas as 
características do nascimento (principalmente o peso), a alimentação em qualidade e quantidade suficientes, os 
cuidados de saúde e vacinação adequados que eliminam ou reduzem a ocorrência de doenças, a moradia, o 
saneamento básico, a estimulação psicomotora e as relações afetivas, que refletem as condições gerais de vida às 
quais a criança está submetida. 
Quando ocorrem doenças infecciosas e/ou problema social, há uma desaceleração no ritmo de crescimento normal. 
Entretanto, corrigida a causa e se as condições ambientais forem adequadas, observa-se um aumento da velocidade 
de crescimento superior ao esperado para a idade, como um crescimento compensatório. Esse fenômeno é 
observado na reabilitação de crianças com desnutrição grave, principalmente nas menores de 2 anos. 
Durante os dois primeiros anos de vida, o déficit de crescimento ocasionado pela desnutrição é reversível. Após 
essa idade, nota-se que o fenômeno do crescimento compensatório, apesar de ativado, é bem menos intenso. Essa 
grande vulnerabilidade biológica faz com que seja extremamente importante o acompanhamento sistemático do 
crescimento da criança nessa fase da vida. Atividades de recuperação nutricional devem priorizar crianças menores 
de 24 meses, para permitir uma total recuperação e prevenção de problemas futuros. As causas que afetam o 
crescimento também podem afetar o desenvolvimento. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
ESCALAS DE AVALIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
Alguns instrumentos têm sido utilizados em estudos do desenvolvimento infantil, como as Escalas Bayley de 
Desenvolvimento Infantil, a Escala do Desenvolvimento do Bebê no primeiro ano de vida, o Teste Denver, a Escala 
de Avaliação do Desenvolvimento Psicomotor Infantil (EADP), a Alberta Infant Motor Scale (AIMS), a Movement 
Assessment Infant (MAI) e o Inventário Portage Operacionalizado. 
Quanto à natureza dos itens avaliados, podem ser gerais, de áreas específicas ou, ainda, compostos por conjuntos 
de áreas específicas. O Teste de Denver, as Escalas Bayley, a Escala de Avaliação do Desenvolvimento Psicomotor 
Infantil (EADP) e o Inventário Portage Operacionalizado são instrumentos de avaliação geral do desenvolvimento. 
Alguns instrumentos avaliam áreas específicas do desenvolvimento, como a Alberta Infant Motor Scale (AIMS) e a 
Movement Assessment Infant (MAI), bastante utilizados para a identificação de atraso motor em crianças em 
condição de risco. Possibilitam, também, a implementação de programas a partir dos seus resultados. 
ESCALAS BAYLEY 
Tem o objetivo de realizar o diagnóstico evolutivo do desenvolvimento. Elas 
constituem-se em instrumento adequado para a avaliação de crianças de um 
a 42 meses de idade (com e sem deficiências) e são amplamente 
reconhecidas e utilizadas em estudos sobre o desenvolvimento infantil. 
Fornecem resultados confiáveis e válidos e sua utilidade como instrumento 
de pesquisa tem recebido grande suporte da comunidade científica. Avaliam 
cinco domínios do desenvolvimento: cognitivo, motor, linguístico, 
socioemocional e comportamento adaptativo. São de fácil aplicação, com duração média de 30 minutos, envolvendo 
atividades e brinquedos que facilitam a interação bebê-examinador. Fornecem informações sobre o desenvolvimento 
extremamente importantes para orientar o trabalho de intervenção e estimulação precoce. Mais recentemente 
observa-se a existência de escalas que possibilitam três conjuntos de informações: a Escala Mental (IDM), com 
163 itens; a Escala Motora (IDP), com 81 itens, e a Escala Comportamental Infantil (RCI), com 30 itens. A Escala 
Mental avalia a acuidade perceptiva visual, discriminação entre objetos, habilidades de resolução de problemas, 
linguagem e memória. A Escala Motora avalia o controle postural e a motricidade apendicular. A Escala 
Comportamental avalia o seguimento de instruções, atitudes e energia durante o teste, entre outros 
comportamentos sociais. Em geral, os resultados são dados em termos de Desempenho Mental e Motor. As escalas 
se destinam a crianças do nascimento até 42 meses de vida. 
As escalas Bayley têm sido utilizadas para avaliar o impacto de condições biológicas, como prematuridade e baixo 
peso, comparando com grupos controle, sem a condição, associando com variáveis ambientais, ou com 
características maternas como ansiedade e para avaliar procedimentos de intervenção junto a bebês muito 
prematuros. 
TESTE DE DENVER 
O Denver II Developmental Screening Test (traduzido como Teste de Triagem e Desenvolvimento Denver II, Teste de 
Denver II, Teste de Desenvolvimento de Denver II ou Escala Denver II) é um instrumento de triagem rápida, aplicado 
quando há suspeita de atraso no desenvolvimento ou a exposição a fatores de risco potenciais. Avalia as funções 
motora axial e apendicular, linguagem e aspectos pessoais e sociais, por meio de 125 itens aplicados, a partir de 
um kit padronizado, contendo um manual explicativo das provas. É prevista, também, a aplicação de um questionário 
prévio para os pais. Pontuam-se ositens em aprovado, falho, não aplicável e recusa. Ap ós a soma dos aprovados, 
classificam-se em normal, suspeito e não testável. O teste abrange a faixa etária de um a 24 meses. A proposta do 
instrumento é identificar crianças que necessitam de encaminhamento para serviços de estimulação precoce ou 
serviços especializados. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
É um instrumento de triagem amplamente 
utilizado por profissionais da área da 
saúde, principalmente enfermeiros e 
pediatras, provavelmente por ser de fácil e 
rápida aplicação. Também por essa 
característica tem sido utilizado por 
pesquisadores, quando avaliam grandes 
populações, tendo em vista o efeito de 
variáveis socioambientais e biológicas ao 
nascer e ainda na primeira infância. 
COMPORTAMENTO DA CRIANÇA NO 
PRIMEIRO ANO DE VIDA 
É, provavelmente, a escala mais 
recentemente padronizada no Brasil e tem 
se mostrado adequada para avaliar o 
desempenho de bebês. Este instrumento 
pretende avaliar o desenvolvimento de 
bebês por meio das habilidades 
sensoriais, motoras, de linguagem e de 
cognição a partir da sua interação com o 
meio ambiente. Avaliações mensais do 
desenvolvimento do bebê são conduzidas, 
comparando seu desempenho com o 
desempenho padrão estabelecido pela 
escala, possibilitando o planejamento de 
atividades que otimizem o seu 
desenvolvimento. Estas atividades, em 
geral, fazem parte de programas de 
estimulação precoce ou essencial que são 
desenvolvidos em parceria com outros 
profissionais e os adultos significativos ou cuidadores da criança, como pais, familiares ou educadores de creches. 
Preveem protocolos diferentes para meninas e meninos, para os 64 comportamentos avaliados, alocados de um a 
doze meses, a partir de critérios de estabilização, normalização e aparecimento. 
Estudos têm sido conduzidos para avaliar condições de risco, como prematuridade e baixo peso, em crianças de até 
um ano de idade e para subsidiar a elaboração de programa de estimulação precoce. 
ESCALA DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR (EADP) DE 0 A 24 MESES 
Avalia o rendimento da criança frente a situações que, para serem resolvidas, requerem determinado grau de 
desenvolvimento psicomotor. A escala avalia quatro áreas de funcionamento: motora, linguagem, social e 
coordenação óculo-manual, sendo a linguagem dividida em compreensiva e expressiva, em 75 itens. 
ALBERTA INFANT MOTOR SCALE (AIMS) 
Tem como objetivo avaliar a maturação motora de crianças até os 18 meses, quando há a locomoção independente, 
por meio de 58 itens. Ao final da avaliação, o desempenho da criança é comparado com dados normativos para as 
diferentes idades. Tem sido utilizada para comparar o desenvolvimento motor de crianças prematuras com crianças 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Intermediária 
a termo. Por se tratar de uma escala relativamente nova, pesquisas têm sido conduzidas para verificar sua validade 
para a população brasileira. 
MOVEMENT ASSESSMENT OF INFANT (MAI) 
Foi elaborado com o objetivo de identificar bebês com risco para anormalidades neurológicas e, entre elas, a paralisia 
cerebral. Posteriormente, mostrou-se útil para subsidiar programas de estimulação precoce. Sua aplicação é 
baseada em critérios obtidos a partir da manipulação da criança e observação direta da mesma. É prevista a 
aplicação em crianças até 12 meses. 
Esse instrumento tem sido objeto de validação de pesquisadores na área de fisioterapia com ênfase para a detecção 
precoce de problemas neurológicos em bebês prematuros. 
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E DE LINGUAGEM EXPRESSIVA 
Os instrumentos até então descritos apresentam limitações, dependendo do uso dos mesmos. Para avaliações do 
desenvolvimento que pretendem subsidiar a eleição de bebês expostos a condições de risco em programas de 
estimulação precoce, aqueles que se propõem a avaliações rápidas, como o Teste de Denver, a EADP e a Escala do 
desenvolvimento do bebê no primeiro ano de vida, não seriam os indicados por possuírem poucos comportamentos. 
Outra questão a ser considerada é a especificidade de instrumentos como a Alberta Infant Motor Scale e a Movement 
Assessment of the Infants que, apesar de avaliar consistentemente o repertório motor do bebê, não contemplam as 
demais áreas, impossibilitando a organização de um programa mais abrangente. 
A extensão do instrumento é uma variável a ser considerada no trabalho com crianças de risco. Alguns autores têm 
sugerido o acompanhamento de crianças até a idade escolar, principalmente aquelas que nascem prematuras. 
Portanto, a utilização de instrumentos que avaliam a criança até um, dois ou três anos inviabiliza o acompanhamento 
do seu desenvolvimento posterior. 
IPO – INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO 
Recentemente adaptado para a realidade brasileira, é composto por 580 comportamentos distribuídos em cinco 
áreas, separados por faixa etária de zero a seis anos e uma área específica para bebês de zero a quatro meses. As 
áreas de Cognição (avalia a linguagem receptiva e o estabelecimento de relações de semelhanças e diferenças), 
Socialização (avalia habilidades relevantes na interação com as pessoas), Autocuidado (avalia a independência para 
o alimentar-se, vestir-se, banhar-se etc.), Linguagem (avalia o comportamento verbal expressivo) e 
Desenvolvimento Motor (avalia os movimentos coordenados por pequenos e grandes músculos) compõem o conjunto 
de áreas e comportamentos avaliados pelo IPO. Uma vantagem adicional deste instrumento é a possibilidade de 
avaliar as crianças até seis anos de idade. 
Para a avaliação de bebês de risco, o IPO tem-se mostrado eficiente. Estudos têm sido conduzidos para avaliar o 
desenvolvimento de bebês prematuros, com outras condições biológicas de risco e, ainda, um estudo com o objetivo 
de identificar comportamentos típicos de bebês, a cada mês. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
educação infantil 
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se 
caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais 
públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral 
ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. 
As entidades que cuidam de crianças de 0 a 5 anos (creches, pré-escolas, centros de educação infantil) devem ser 
locais fisicamente adequados para receber crianças nesta faixa etária. Devem ser ambientes acolhedores e 
saudáveis, onde elas se sintam à vontade para se expressarem e recebam boa alimentação e higiene adequada. É 
um espaço onde as crianças podem brincar, aprender coisas novas, desenvolvendo-se física e intelectualmente, ser 
educadas e compreender desde pequenas o que é viver em grupo. A atenção para com a saúde da criança é de grande 
importância para um crescimento e desenvolvimento adequados. 
RECURSOS HUMANOS E FÍSICOS 
Os serviços destinados a crianças pequenas configuram-se a partir dos contextos sociais, políticos e econômicos, 
que delineiam alguns aspectos dos ambientes educativos infantis referentes à organização e aos recursos 
destinados aos serviços da creche. 
A organização do ambiente oferecido às crianças pequenas depende das características dos contextos em que elas 
vivem e que freqüentam, e do que eles podem oferecer. Em instituições de Educação Infantil (EI), são importantes 
o ambiente físico, o grupo de atividades, a rotina, os recursos materiais e de pessoal, as interações desenvolvidas 
e o programa adotado pela instituição para essa faixa etária. 
Apreocupação com a organização desse ambiente relaciona-se com o desenvolvimento infantil, considerado como 
um processo aberto, dinâmico, contínuo e multifacetado, e também com a socialização das crianças. No Brasil, os 
ambientes físicos destinados à educação infantil infelizmente ainda são inadequados, e muitas vezes sua 
organização é precária, com situações de confinamento, entorno degradado, ordenação rígida da sala, utilização de 
lápis e papel visando a antecipação da escolaridade das crianças pequenas, ausência de brinquedos, rotinas 
inflexíveis e uso abusivo da televisão e do tempo de espera. A discussão acerca da organização dos ambientes 
destinados às crianças pequenas fornece subsídios para o estabelecimento de critérios e parâmetros para o 
desenvolvimento de programas educativos de qualidade, voltados às necessidades específicas de cada faixa etária. 
A avaliação desses ambientes e dos programas educativos é essencial, pois auxilia o professor e a equipe 
pedagógica na reflexão sobre seu desempenho e sobre o impacto deste na ação das crianças. O monitoramento das 
condições ambientais tem em vista também as condições para o desenvolvimento infantil, como por exemplo, a 
ênfase dada ao desenvolvimento cognitivo ou das habilidades sociais, e busca identificar a falta de investimento 
em alguns dos componentes do programa. 
PAPEL NO DESENVOLVIMENTO 
É de conhecimento a importância do papel da escola e creches no desenvolvimento da criança desde o momento do 
nascimento, sabendo também que a educação infantil é a base inicial de uma grande caminhada escolar. 
Definida como o período que vai do nascimento aos 6 anos de idade, a primeira infância é fundamental para a 
evolução do cérebro, que acontece de forma muito intensa nessa etapa da vida e mesmo antes disso, desde a 
gestação. Na primeira infância, a fase que vai até os 3 anos – que, no âmbito da educação, compreende o 
atendimento em creches – é ainda mais especial. Ela tem sido apontada pela ciência como uma “janela de 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
oportunidade”, porque nela a 
aprendizagem de habilidades e o 
desenvolvimento de aptidões e 
competências acontecem com maior 
facilidade. Além disso, a aquisição de 
capacidades fundamentais na 
primeira infância permitirá o 
aprimoramento de habilidades 
futuras mais complexas. A literatura 
técnica ensina que a nutrição, os 
cuidados adequados, os estímulos 
que vêm da interação com outras 
pessoas e o ambiente são elementos determinantes para o desenvolvimento integral da criança – isto é, sua 
maturação nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social. A esses ingredientes deve-se adicionar o vínculo 
afetivo que cada criança precisa ter com sua mãe ou com a pessoa que lhe oferece os cuidados primários e que 
funciona como uma espécie de veículo para que o desenvolvimento aconteça de forma plena e possa consolidar-se. 
Direito estabelecido na Constituição Brasileira, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei Nº 8.069, de 
1990) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei Nº 9.394, de 1996), a educação infantil é a 
primeira etapa da educação básica. Sua finalidade é o desenvolvimento integral da criança de até 5 anos, 
complementando a ação da família e da comunidade. 
Está escrito na LDB que a educação infantil deve ser oferecida em creches ou entidades equivalentes para crianças 
de até 3 anos e em pré-escolas para as crianças de 4 a 5 anos de idade. A pesquisa Primeiríssima Infância – Creche 
investigou as percepções das famílias sobre o atendimento educacional oferecido a crianças de 0 a 3 anos em 
creches e em estabelecimentos com outras designações, como escolinha, hotelzinho ou berçário. Ainda segundo a 
LDB, o objetivo da educação básica, que também é composta pelo ensino fundamental e o ensino médio, é 
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-
lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. 
A creche é a porta de entrada desse longo percurso que o indivíduo percorre na educação básica. A creche também 
se configura, em muitos casos, no primeiro ambiente que as crianças pequenas frequentam em bases regulares, 
sem a presença de seus familiares ou cuidadores. Ela é um marco na vida da criança, na medida em que exige 
adaptação a um ambiente totalmente novo e com rotinas e padrões de relacionamento diferentes dos que vigoram 
na família. Frequentar a creche não é obrigatório no Brasil e os cuidados oferecidos pelas famílias à criança pequena 
obedecem a diferentes arranjos, conforme a oferta de serviços e as necessidades e desejos dos adultos 
responsáveis por elas. Ficar em casa, na creche ou na casa de alguém são as opções que predominam, bem como 
a combinação entre essas diferentes modalidades. 
Nutrição 
A Educação Nutricional dá ênfase ao processo de modificar e melhorar o hábito alimentar a médio e longo prazo; 
preocupa-se com as representações sobre o comer e a comida, com os conhecimentos, as atitudes e valores da 
alimentação para a saúde, buscando sempre a autonomia do individuo. Os pré-escolares de 2 a 6 anos de idade 
constituem faixa populacional de grande importância, devido ao processo de maturação biológica pelo qual passam, 
durante o qual a alimentação desempenha papel decisivo, em especial pela formação dos hábitos alimentares. 
Estudos mostram que a correta formação dos hábitos alimentares na infância favorece a saúde, permitindo o 
crescimento e o desenvolvimento normal e prevenindo uma série de doenças crônico degenerativas na idade adulta 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
distúrbios corporais da criança 
DISTÚRBIOS CUTÂNEOS 
DERMATITE DE FRALDAS 
É uma reação inflamatória aguda, uma das formas mais comuns de dermatite de contato 
por substâncias irritantes. O termo dermatite de fraldas é frequentemente utilizado 
atualmente, é melhor definido como um complexo variável de sintomas iniciados por uma 
combinação de fatores, dentre os quais o contato prolongado e a maceração causados 
pelas fraldas úmidas e materiais impermeáveis e a irritação pela urina e fezes. 
A dermatite de fraldas pode ser classificada clinicamente em: 
1. Forma leve ou por fricção: eritema, descamação, aspecto brilhante da pele e, 
eventualmente, pápulas. As lesões estão tipicamente localizadas nas regiões 
convexas cobertas pelas fraldas, poupando as dobras 
2. Forma moderada: lesões pápulo-erosivas ou mace radas que se tornam violáceas 
e liquenificadas. 
3. Forma grave ou ulcerativa: conhecida como dermatite amoniacal é a forma mais 
grave de dermatite de fraldas. Vista mais comumente em crianças abaixo de dois 
anos, geralmente inicia-se entre o primeiro e o segundo mês de vida e, se não 
devidamente controlada, pode recorrer até que a criança não use mais fraldas. 
Caracteriza-se por pápulas com ulcerações apicais que variam de profundidade e 
são denominadas úlceras de Jacquet, localizadas nas regiões convexas da área 
das fraldas, dispostas em W, face interna das coxas, glúteos e glande ou vulva 
Dermatite amoniacal 
A dermatite da área da fralda irritativa primária é interpretada como o resultado final de uma cascata de eventos, 
desencadeada inicialmente por lesões no nível do estrato córneo, induzidas por exposição a múltiplos fatores, tais 
como: hiper-hidratação, fricção, temperatura, irritantes químicos, urina e fezes. Portanto, após o comprometimento 
da barreira cutânea, vários fatores adicionais do mesmo tipo potencializam essas alterações originando um ciclo 
vicioso vulnerável às infecções por agentes microbianos oportunistas, como Candida albicans, que é fator agravante 
frequente . Por isso, o desenvolvimento da dermatite da área da fralda irritativa primáriapossui caráter multifatorial. 
Etiologia 
A fralda, por si só, muito raramente está implicada no desenvolvimento de dermatites de contato irritativas ou 
alérgicas em crianças. As fraldas descartáveis modernas possuem três camadas: uma interna que funciona como 
filtro, uma intermediária com capacidade de absorção de líquidos, e uma externa à prova de água. Esta última 
camada tem papel fundamental na impermeabilidade da fralda, porém previne a perspiração, o que aumenta a 
temperatura e umidade locais. Por outro lado, as fraldas modernas são mais oclusivas, sendo responsáveis pelos 
casos raros de dermatite de contato alérgica. 
A fricção entre pele-pele e pele-fralda durante os movimentos da criança, embora não seja fator dominante, é, no 
mínimo, predisponente. Esse fato é apoiado pela predileção dessa dermatite pelas superfícies côncavas (genitais, 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
região glútea, parte inferior do abdômen e área proximal das coxas) e pelo não acometimento das pregas. Por essa 
localização peculiar, essa forma de dermatite da área das fraldas é conhecida como em “W”. 
Com relação à hidratação, um ambiente de hiperhidratação é causado não apenas pelas fraldas, mas também pela 
ureia urinária e por certas situações clínicas como febre. Apesar das fraldas modernas conterem material absorvente 
que reduzem a umidade, o ambiente quente e úmido não foi ainda completamente eliminado. A hidratação excessiva 
torna a pele mais susceptível à fricção originada pela movimentação sob a fralda. Além disso, é responsável por 
maceração cutânea que leva, posteriormente, a alterações da função de barreira da epiderme, criando o ambiente 
ideal para a proliferação de micro-organismos. 
Quanto às fezes e urina, apesar da amônia liberada na degradação bacteriana da ureia urinária, não constituir a 
causa primária da dermatite da área das fraldas, pode atuar como fator agravante em pele previamente lesionada. 
A ureia é convertida por bactérias em amônia, que eleva o pH cutâneo. Estudos recentes sugerem que a elevação do 
pH local aumenta a atividade das proteases e lipases fecais, que são fatores importantes na etiopatogenia da 
dermatite. Sabe-se ainda que a exposição prolongada da pele à urina aumenta a permeabilidade a substâncias 
irritantes. As fezes das crianças contêm quantidades importantes dessas enzimas digestivas proteolíticas e 
lipolíticas que, quando em contato prolongado com a superfície cutânea coberta pela fralda, causam alterações 
consideráveis na barreira epidérmica. Uma das situações clínicas que evidencia esse fato é a diarreia, em que o 
contato com as fezes é prolongado. 
Já o aumento da temperatura local causado pela dificuldade que a fralda impõe de perspiração da pele subjacente, 
leva à vasodilatação e, consequentemente, à inflamação. Diante deste contexto, a pele fica a mercê de uma infecção 
secundária devido à lesão de suas barreiras, caracterizando a principal complicação das dermatites irritativas 
primárias. Logo, existe uma associação da dermatite com superinfecção por Candida albicans, Staphylococcus 
aureus, micro-organismos da microbiota cutânea e intestinal, bactérias como Bacillos faecallis, Proteus, 
Pseudomona e Streptococcus. A Candida albicans contamina frequentemente crianças com dermatite da área das 
fraldas com mais de três dias de evolução, sendo muito raramente isolada nessa região na ausência de dermatite. 
Diagnóstico diferencial 
× Intertrigo: maceração e exsudação da pele 
envolvendo geralmente as áreas de dobras. 
Dermatite seborréica: escamas untuosas, 
amareladas, localizadas na prega inguinal, em 
outras dobras (retroauricular, axilar) e em 
couro cabeludo. 
× Candidíase: eritema intenso da região das 
nádegas, abdome inferior e parte interna das 
coxas, com lesões descamativas e pápulas 
satélites bastante características. 
× Dermatofitose: rara nesta região, ocorre sob a 
forma de placas eritemato-descamativas, 
circinadas, de limites mais descamativos, 
com vesículas e geralmente pruriginosas 
× Psoríase: placas bem delimitadas, 
descamação espessa e prateada, sinal do 
orvalho sangrante. A história familiar positiva 
pode contribuir para o diagnóstico. 
× Doença de Letterer- Siwe: é o espectro mais 
grave da histiocitose, com lesões 
semelhantes à dermatite seborréica, porém 
com aspecto mais infiltrado, resistente aos 
tratamentos habituais e com a concomitância 
de lesões purpúricas, principalmente nas 
palmas e plantas. Hepatoesplenomegalia, 
adenomegalia e otites de repetição são outras 
manifestações da doença. 
× Acrodermatite enteropática: deficiência de 
zinco congênita ou adquirida, caracteriza-se 
pela presença de descamação e exulceração 
na área das fraldas, periorificiais e 
extremidades. 
× Sífilis congênita: manifesta-se entre 2 e 6 
semanas de vida, com máculas pápulas, 
lesões bolhosas e descamativas na região 
anogenital, palmas e plantas 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
Tratamento 
O tratamento médico da dermatite da área das fraldas irritativa 
primária consiste em medidas simples, aplicadas de acordo com 
a gravidade e o tipo de dermatite. A orientação médica principal 
na dermatite da fralda é a preventiva, que consiste na escolha 
adequada da fralda, frequência de trocas, limpeza e uso de 
produtos de barreira (vaselina, lanolina e óxido de zinco) a fim 
de reduzir o contato da pele com a urina e as fezes. A 
higienização deve ser frequente, mas não excessiva nem 
agressiva (fricção), e pode ser feita com sabão de coco ou 
sabonetes neutros. 
Para dermatite instalada de grau leve, o mais importante consiste no aumento da frequência de trocas e na 
utilização de fraldas superabsorventes. Devem-se evitar, também, fraldas de pano que permitem maior contato da 
urina e fezes com a pele e exigem medidas de eliminação de micro-organismos (lavagem com sabão e fervura). É 
recomendável, na limpeza da área da fralda, lavar em água corrente para melhor remoção de resíduos e uma 
possibilidade é o uso até três vezes ao dia de compressas frias com solução de Burow 1:30, que confere efeito 
calmante, antisséptico e secativo . 
Se o eritema persistir, pode-se associar corticóide tópico de baixa potência, como hidrocortisona a 1%, no máximo 
duas vezes ao dia por dois a sete dias a fim de aliviar a inflamação. Corticóide fluorado, de potência mais elevada 
está contraindicado pelo risco inerente de atrofia e de estrias, além de o efeito oclusivo da fralda aumentar sua 
potência. Deve-se ficar atento também aos efeitos colaterais sistêmicos dessa substância, como síndrome de 
Cushing e hipertensão intracraniana, que têm sido relatados mesmo com os de baixa potência, pois, além da oclusão, 
a superfície corporal dessa área é significativa. 
Contudo, se a dermatite não melhora, mantendo eritema intenso e pústulas, a suspeita principal é de infecção por 
Candida. Nesse caso, se poderá adicionar duas vezes ao dia por sete a 15 dias creme com ação antifúngica, como 
cetoconazol, nistatina a 100.000U/g ou nitrato de miconazol 1% tópico, que são eficazes e seguros. O corticóide 
pode ser revezado com o antifúngico, aplicando-os antes do creme barreira. 
Já infecções bacterianas são mais raras com as fraldas descartáveis do que eram com as de pano e podem ser 
tratadas com neomicina, gentamicina ou mupirocinatópicas a 2%. Esta última, entretanto, não deve ser utilizada 
em mais de 20% da superfície corporal pelo risco de nefrotoxicidade. Frisar que os antibióticos orais podem agravar 
o quadro por afetar a flora intestinal. 
DISTÚRBIOS GÁSTRICOS 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) 
O refluxo gastroesofágico pode ser conceituado como o fluxo retrógrado e repetido de conteúdo gástrico para o 
esôfago. É frequente em crianças,na maioria das vezes de evolução benigna e caracterizado pela presença de 
regurgitações. A maior parte dos casos corresponde ao refluxo fisiológico, resultante da imaturidade dos 
mecanismos de barreira anti-refluxo. Embora podendo cursar com condições ameaçadoras à vida, como as crises 
de apnéia, o refluxo fisiológico tem, na maior parte dos casos, evolução satisfatória, sem comprometimento do 
crescimento e desenvolvimento da criança. Por outro lado, o refluxo patológico apresenta repercussões clínicas 
como déficit do crescimento, dor abdominal, irritabilidade, hemorragias digestivas, broncoespasmo, pneumonias de 
repetição ou complicações otorrinolaringológicas, exigindo habilidade no diagnóstico e atenção na escolha do 
tratamento mais adequado a cada caso 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
Classificação do RGE 
O RGE pode ser fisiológico ou patológico, primário ou secundário e, ainda, oculto. 
× O RGE fisiológico é mais comum nos primeiros meses de vida. Em crianças maiores e adultos pode ocorrer 
no período pós-prandial devido ao relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior (EEI). As 
regurgitações pós-alimentares surgem entre o nascimento e os quatro meses de idade, apresentando 
resolução espontânea, na maioria dos casos, até um a dois anos de idade. Nesses casos o crescimento da 
criança é normal, e não há outros sintomas ou complicações associadas. A frequência de regurgitações 
diminui após seis meses de idade, coincidindo com a introdução de dieta sólida e adoção de postura mais 
ereta pela criança. 
× Deve-se suspeitar do RGE patológico quando os vômitos e regurgitações não melhoram após seis meses de 
vida, não respondem às medidas posturais e dietéticas, e quando estão presentes repercussões clínicas 
como parada do crescimento ou sintomas e sinais sugestivos de esofagite. O refluxo é denominado oculto 
quando manifestações respiratórias, otorrinolaringológicas ou indicativas de esofagite (irritabilidade, choro 
constante) ocorrem na ausência de vômitos e regurgitações. 
× O RGE primário resulta de disfunção da junção esofagogástrica. O RGE secundário associa-se a condições 
específicas como estenose congênita do esôfago, fístula traqueo-esofágica, atresia de esôfago, distúrbios 
da deglutição, estenose hipertrófica do piloro, úlcera gástrica ou duodenal, pâncreas anular, pseudo-
obstrução intestinal, alergia alimentar (proteína do leite de vaca), infecção urinária, parasitoses intestinais, 
doenças genético-metabólicas, asma, fibrose cística e alterações do sistema nervoso central. 
Fisiopatologia 
A região esofagogástrica apresenta várias estruturas que contribuem para a barreira anti-refluxo: o esfíncter 
esofágico inferior (EEI), o ângulo de His, o ligamento freno-esofágico, o diafragma crural e a roseta gástrica. 
O EEI é um segmento circular de músculo liso no esôfago terminal, adaptado para gerar zona de alta pressão, que 
pode variar de 15 a 40 mmHg. A maturação do EEI inicia-se nas primeiras semanas de vida intra-uterina e continua 
durante todo o primeiro ano de idade. Mede cerca de 2,5 a 3,5 cm de extensão no adulto, com porções supra e 
infradiafragmáticas iguais. No recém-nascido, mede de 0,5 a 1,0 cm e está localizado, predominantemente, no tórax. 
As características mudam após os três meses de idade, com o processo de desenvolvimento. 
O ligamento frenoesofágico é constituído pela fáscia subdiafragmática e sua função é impedir que o esfíncter 
esofágico inferior seja submetido à pressão intratorácica negativa. 
O hiato diafragmático é formado por fibras da crura direita do diafragma, por onde o esôfago penetra no abdome. 
Durante a inspiração, o hiato diafragmático se contrai aumentando a pressão intraluminal da junção esofagogástrica, 
impedindo o refluxo. 
O ângulo de His é formado pelo esôfago abdominal e o fundo gástrico. Em condições normais esse ângulo é agudo. 
Assim o volume do conteúdo gástrico aumenta a pressão no esôfago abdominal por compressão extrínseca, 
decorrente de distensão do fundo do estômago. No recém-nascido, esse ângulo é obtuso. 
A roseta gástrica, formada pelas pregas concêntricas da mucosa gástrica, na transição entre o esôfago e o 
estômago, ajuda na contenção do conteúdo gástrico, evitando sua passagem para o esôfago. 
Em crianças pequenas, por imaturidade de alguns dos componentes da barreira anti-refluxo, são comuns vômitos e 
regurgitações, que tendem a melhorar com a idade. Indivíduos adultos também apresentam episódios de refluxo no 
período pós-prandial, sem quaisquer repercussões clínicas. Redução das regurgitações e dos vômitos é esperada 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
por volta de 4 a 6 meses de idade, com a introdução de alimentos sólidos e a adoção de postura mais ereta, dada 
pela evolução do desenvolvimento neuropsicomotor. 
A doença do refluxo, ou refluxo patológico, é multifatorial e envolve a função do esfíncter esofágico inferior, o 
peristaltismo esofágico e o esvaziamento gástrico. A pressão do esfíncter esofágico inferior é considerada 
importante elemento da barreira anti-refluxo, embora sua hipotonia seja causa infreqüente de refluxo. 
Relaxamentos transitórios do esfíncter esofágico inferior (RTEEI) são episódios de redução abrupta da pressão do 
esfíncter esofágico inferior, de curta duração. São, provavelmente, mediados pela ação dos peptídeos vasoativos 
inibitórios (VIP) e/ou do óxido nítrico. 
Aumento do volume do estômago, função motora anormal do fundo gástrico e retardo de seu esvaziamento podem 
estar envolvidos na etiopatogênese do refluxo. A distensão gástrica gasosa é importante desencadeante do RTEEI, 
provavelmente após estímulo vagal. O retardo do esvaziamento do esôfago, possivelmente associado à ineficácia 
da salivação e do peristaltismo, parece ter importância no desenvolvimento da esofagite de refluxo. A presença de 
ácido gástrico altera as defesas do esôfago e, conseqüentemente, promove lesão da mucosa. Pepsina e sais biliares 
aumentam a gravidade dos danos. 
Hérnias hiatais parecem ter relação com a gravidade e refratariedade ao tratamento clínico da esofagite de refluxo. 
Aumento da pressão intra-abdominal permanente (obesidade) ou transitória (inspiração profunda, tosse, exercício 
físico, manobra de Valsalva, constipação e outros) e postura predominante em decúbito são fatores que predispõem 
ao refluxo. 
O RGE pode causar doença respiratória crônica através de três mecanismos: aspiração de quantidades significativas 
do conteúdo gástrico (macroaspiração) para as vias aéreas superiores e pulmões, causando pneumonias de 
aspiração, mais comum em crianças que apresentam distúrbios de deglutição; aspiração de pequenas quantidades 
do conteúdo gástrico (microaspiração), ocasionando reação inflamatória secundária; e acidificação intratraqueal 
que, por estímulo de terminações nervosas, pode desencadear broncoespasmo 
Quadro clínico 
Dependendo da idade de início dos sintomas, o RGE pode ter vários significados e cursos clínicos. Podem ser duas 
as formas de apresentação: “da criança” e “do adulto”. Na primeira, os sintomas aparecem nos primeiros meses de 
vida e melhoram até 12 ou 24 meses em 80% dos casos. A segunda pode ser prolongamento da primeira, ou aparecer 
mais tardiamente; tem sintomas persistentes e, quase sempre, necessita de tratamento. 
As manifestações clínicas podem ser específicas, tais como ruminação, vômitos, regurgitações, eructação; 
relacionadas à esofagite, como dor, anemia e sangramentos; respiratórias, como broncoespasmo e pneumonias de 
repetição; otorrinolaringológicas como laringites, sinusites, otites e outras. 
Vômitos e regurgitações estão presentes na maioria das crianças com RGE, principalmente no período pós-prandial. 
A regurgitação pode serdefinida como retorno de pequena quantidade do conteúdo gástrico ou esofágico para a 
faringe e a boca, sem esforço. Pode ser diferenciada do vômito por não apresentar náusea prévia, sintomas 
autonômicos, dor ou desconforto abdominal e contração da musculatura torácica. 
A presença de esofagite pode ser suspeitada de diferentes formas, conforme a idade da criança. Em lactentes, são 
observados choro excessivo, irritabilidade, distúrbios do sono, agitação e recusa da dieta. A síndrome de Sandifer, 
caracterizada pela associação de esofagite, anemia e postura típica da cabeça em resposta ao refluxo, pode ser 
identificada em crianças pequenas. Hematêmese, melena, sangue oculto nas fezes e anemia ferropriva podem estar 
presentes em qualquer idade. A criança maior pode queixar-se de disfagia, pirose, dor torácica do tipo angina, dor e 
queimação na região epigástrica, odinofagia, sialorréia e dor abdominal recorrente. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
O comprometimento do crescimento pode resultar da perda de nutrientes determinada pela presença de esofagite, 
do gasto energético aumentado resultante de broncoespasmo e de outras manifestações respiratórias, ou ainda de 
dificuldade para se alimentar. 
Broncoespasmo ou tosse noturna, resposta inadequada ao tratamento medicamentoso para asma, ausência de 
história familiar de atopia e início precoce da hiper-reatividade brônquica podem levantar a suspeita de RGE. Em 
algumas crianças, o broncoespasmo pode ser a única manifestação do refluxo (RGE oculto). A melhora clínica do 
broncoespasmo com a terapia anti-refluxo sugere a associação das duas patologias. Em qualquer paciente com 
pneumonia recorrente inexplicável, o RGE oculto deve ser excluído. A apnéia e o RGE podem ocorrer nos quatro 
primeiros meses de vida, entretanto, a relação causa-efeito raramente pode ser estabelecida. Quando a apnéia 
ocorre logo após episódios de vômitos, é possível que seja secundária ao refluxo. Laringoespasmo, induzido por 
refluxo, tem sido apontado como possível fator desencadeante da apnéia obstrutiva de lactentes, explicando ainda 
estridores recorrentes, hipóxia aguda e, possivelmente, síndrome da morte súbita (SMS). Existem evidências de 
resolução dos sintomas respiratórios após a cirurgia anti-refluxo. 
A acidificação do esôfago tem sido associada a alguns outros sinais: soluços, rouquidão e erosão dentária. 
Diagnóstico 
O diagnóstico do RGE deve começar pela elaboração da história clínica completa. A história clínica de regurgitações 
em crianças de baixa idade, sem outras queixas e sem alterações ao exame físico, sugere o diagnóstico de RGE 
fisiológico. Nesses casos não há necessidade de qualquer exame complementar, sendo recomendado o 
acompanhamento clínico. Sintomas e sinais como ganho insuficiente de peso, irritabilidade, choro constante, 
sangramentos digestivos evidentes ou ocultos, acompanhados de anemia de difícil controle, broncoespasmo 
persistente, pneumonias de repetição e sintomas otorrinolaringológicos recorrentes podem ser manifestações do 
refluxo gastroesofágico patológico. Para a confirmação existem vários exames complementares disponíveis, cada 
qual com sua especificidade. 
Radiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED) 
É o exame mais utilizado para a avaliação do RGE, em virtude da menor disponibilidade de procedimentos mais 
sensíveis e específicos. Pode ser falso positivo em decorrência do relaxamento transitório de esfíncter esofágico 
inferior, que ocorre após a deglutição ou à distensão gástrica e à técnica do exame. É útil para a detecção de 
anormalidades anatômicas, distúrbios da deglutição, má rotação intestinal, obstrução intestinal, fístula traqueo-
esofágica, hérnia de hiato e distúrbios de motilidade. 
Manometria 
A manometria esofágica é de difícil realização na criança, pois requer sua colaboração. Não diagnostica a presença 
de RGE, pois uma zona de alta pressão no EEI não assegura a ausência de refluxo. A pressão do EEI é maior que 
15mmHg, valores menores que 6mmHg podem estar relacionados ao RGE. 
Cinti lografia 
A cintilografia é realizada após administração oral de tecnécio com obtenção de imagens através de contador gama. 
Não é invasiva, causa baixa exposição à radiação, sendo adequada para avaliar o esvaziamento gástrico e a presença 
de aspiração pulmonar em imagens tardias. 
Ultra-sonografia do esôfago 
Exame não invasivo que tem sido preconizado para o diagnóstico de RGE oculto, de refluxos neutros e para a 
determinação do tempo de esvaziamento gástrico, permite ainda o estudo da motilidade do esôfago. O único 
inconveniente é o curto período de observação utilizado pela técnica. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
Endoscopia digestiva alta e biópsia esofágica 
Exame invasivo que, em crianças, requer sedação ou anestesia para ser realizado. Não diagnostica refluxo, e sim a 
esofagite a ele associada, podendo identificar ainda zonas de estenose, esôfago de Barrett e hérnia hiatal. Existem 
mais de 30 classificações para as alterações endoscópicas encontradas no esôfago, mas nenhuma é aceita 
universalmente. A presença de erosões ou de ulcerações do esôfago terminal confirma o diagnóstico endoscópico 
de esofagite. A biópsia do esôfago deve ser realizada em todos os pacientes com suspeita de esofagite, embora 
alguns autores considerem-na desnecessária em casos sem esofagite endoscópica. 
Monitoração do pH do esôfago (pHmetria) 
O pH esofágico normal varia de cinco a sete, quando cai abaixo de 4 sugere refluxo ácido. A monitoração do pH 
esofágico documenta a acidificação do esôfago durante períodos prolongados, com o paciente realizando suas 
atividades habituais. O exame está indicado nas apresentações não usuais do RGE caracterizadas por doença 
respiratória crônica de difícil controle, ruminação, síndrome de Sandifer, apnéia, risco de morte súbita no lactente, 
déficit do crescimento, anemia ferropriva de difícil controle, prurido faríngeo, dor torácica de origem não cardiológica, 
sintomas menos comuns e para avaliar a resposta ao tratamento clínico e cirúrgico. A realização de pHmetria não é 
necessária em pacientes com esofagite comprovada endoscopicamente. 
Teste de Bernstein modificado 
O teste de Bernstein foi originalmente utilizado para o diagnóstico de esofagite. Os sintomas de esofagite eram 
provocados no paciente através da instilação de ácido e solução salina no esôfago distal. O teste de Bernstein 
modificado é útil para determinar a relação entre RGE e sintomas respiratórios através da instilação de ácido e 
solução salina no esôfago. 
Impedanciometria intraluminal 
Permite a determinação de episódios de refluxo de pH fisiológico, sendo, junto com a pHmetria, de valor na avaliação 
das manifestações respiratórias do refluxo gastroesofágico. 
Diagnóstico diferencial 
As manifestações clínicas do RGE são variáveis e relacionadas não apenas ao trato digestivo. Desse modo, o 
diagnóstico diferencial é extenso e inclui obstruções mecânicas do trato digestivo alto, alergias alimentares, 
especialmente à proteína do leite de vaca, doenças infecciosas e neurológicas, hiper-reatividade brônquica, úlcera 
péptica, cólicas do lactente e outras causas de irritabilidade do lactente. 
Tratamento 
O refluxo, dependendo da forma de apresentação predominante, pode requerer medidas gerais, tratamento 
medicamentoso ou cirúrgico. Os objetivos do tratamento são alívio dos sintomas, cicatrização das lesões 
esofágicas estabelecidas e prevenção de complicações. Medidas gerais devem ser recomendadas em todos os 
casos. Medicamentos são indicados para pacientes com doença do refluxo (refluxo patológico) ou como terapêutica 
de prova em algumas situações específicas, por curtos períodos. A cirurgia deve serreservada para os casos 
refratários ao tratamento clínico ou para situações que envolvem risco de vida. 
Medidas Gerais 
Orientação aos pais 
As regurgitações, quando não acompanhadas de complicações, constituem processo transitório, relacionado à 
imaturidade do trato gastrointestinal. As famílias, algumas vezes, podem considerá-las sério problema. Desse modo, 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
o primeiro passo consiste em escutar os pais, sem desvalorizar suas queixas. Eles devem receber explicações 
simples sobre a natureza, evolução natural, prognóstico e tratamento da doença. Algumas vezes, após orientação 
adequada, a freqüência das regurgitações chega a diminuir. 
Recomendações dietéticas 
As modificações dietéticas propostas para reduzir os episódios de RGE devem respeitar as necessidades 
nutricionais da criança. Entre as medidas recomendadas, o espessamento lácteo é de maior eficácia. Sabe-se que 
o espessamento da dieta reduz o número de episódios de refluxo, porém, a duração do episódio mais longo pode 
aumentar, dificultando a eficácia do esvaziamento do esôfago. Em alguns pacientes com esofagite ou 
manifestações respiratórias isso pode piorar a sintomatologia, de qualquer forma, o efeito tampão do alimento sobre 
a acidez gástrica evitaria o agravo da lesão esofágica. 
Alimentos e medicamentos que diminuam o tônus do EEI ou aumentem a acidez gástrica, como por exemplo 
alimentos gordurosos, frutas cítricas, tomates, café, álcool, fumo e medicamentos anticolinérgicos, adrenérgicos, 
xantinas, bloqueadores de canais de cálcio e prostaglandina, devem ser evitados, sempre que possível. 
Postura 
Recomenda-se, em geral, cabeceira elevada a 30 graus e manutenção da criança ereta no período pós-prandial. 
Nenhum estudo demonstrou eficácia de elevações menores. 
Tratamento medicamentoso 
 O uso de medicamentos é reservado aos casos de refluxo patológico. Em algumas situações podem ser usados 
empiricamente, por curtos períodos. 
Procinéticos 
Em combinação com as medidas dietéticas e posturais, os procinéticos são importantes ferramentas terapêuticas 
no tratamento do RGE. Determinam aumento da pressão do EEI, estimulam o peristaltismo esofágico e o 
esvaziamento gástrico. Ex: cisaprida, domperidona, metoclopramida. 
Rédutorés da acidéz gastrica 
Os antiácidos são compostos que neutralizam a acidez do conteúdo gástrico e, conseqüentemente, aumentam a 
motilidade gástrica, mediante ação da gastrina. Aumentam a pressão na porção inferior do esôfago e a depuração 
esofagiana, por mecanismo independente da gastrina. São recomendados para o alívio sintomático em pacientes 
com esofagite leve e moderada. Ex: Antagonistas dos receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina, 
nizatidina), Bloqueadores dos canais de H+ (omeprazol) 
Tratamento cirúrgico 
A cirurgia anti-refluxo (fundoplicatura gástrica). A técnica de Nissen é a mais usada em todo o mundo e, mais 
recentemente, a via videolaparoscópica vem ganhando adesões, especialmente em virtude do menor risco de 
complicações e menor tempo de recuperação. A cirurgia anti-refluxo deve ser reservada aos pacientes que não 
respondem ao tratamento clínico e/ou que apresentem condições ameaçadoras à vida. 
Depois do surgimento de agentes procinéticos e inibidores da secreção ácida mais potentes, o papel da cirurgia 
como arma terapêutica definitiva para o refluxo complicado vem sendo questionado. A melhor opção para o 
tratamento a longo prazo das crianças com esofagite, se cirurgia ou tratamento clínico, ainda está por ser definida. 
A cirurgia apresenta, além do custo elevado, altas taxas de recidiva. Por outro lado, o tratamento clínico exige 
adesão e compreensão da família, além de ter efeitos colaterais associados. Com a finalidade de prevenir 
complicações, a opção terapêutica deve ser sempre individualizada e o acompanhamento clínico prolongado. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 2 - Fechamento 
puericultura 
A puericultura tem como objetivo promover o acompanhamento sistemático da criança, avaliando seu crescimento 
e desenvolvimento de forma ininterrupta, a fim de promover e manter a saúde, reduzir incidências de doenças e 
aumentar as chances desta crescer e se desenvolver de modo a alcançar todo o seu potencial. O Ministério da Saúde 
preconiza que a consulta de puericultura consiste em uma avaliação integral da saúde da criança de 0 a 6 anos, 
durante a qual se avalia o crescimento e desenvolvimento, peso, estatura, desenvolvimento neuropsicomotor, 
imunizações e intercorrências, bem como o estado nutricional. Existe ainda a necessidade de promover a orientação 
da mãe, família ou cuidador sobre os cuidados que a criança deve ser submetida em todo o atendimento, tais como: 
alimentação, higiene, vacinação e estímulo, fazendo-se registrar todos os procedimentos no cartão da criança. 
É a arte de promover e proteger a saúde das crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança 
como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. Apesar de ser uma especialidade iniciada em princípio 
na Pediatria, leva em conta a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-sócio-cultural, sendo 
também fundamental no acompanhamento das crianças as equipes da Estratégia da Saúde da Família. 
Tem como objetivo acolher a todas as crianças, dando assistência de forma integrada, realizando a vigilância do 
crescimento e desenvolvimento e monitorando os fatores de risco ao nascer e evolutivos; estimulando o aleitamento 
materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado com alimentação da família, até os dois anos de vida; 
garantindo a aplicação das vacinas do esquema básico de imunização e, garantindo assim um atendimento de 
qualidade. 
A primeira avaliação desta criança é realizada pelo pediatra na 
própria sala de parto e até alta hospitalar. A partir daí preconiza-se 
que a criança seja avaliada na primeira de semana de vida e seja 
acompanhada na Atenção Básica nas UBS tradicionais ou ESF pela 
equipe com retornos, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 
12º mês, além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 
24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, com consultas anuais, 
próximas ao mês do aniversário. Nas consultas periódicas, a equipe 
de saúde observa a criança, indaga aos pais sobre as atividades do 
filho, reações frente a estímulos e realiza o exame clínico. Quanto 
mais nova a criança, mais frágil e vulnerável, daí a necessidade de 
consultas mais frequentes. Em cada consulta a equipe de saúde 
vai pedir informações sobre como a criança se alimenta, se as 
vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, 
através da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico e sua análise em gráficos, são indicadores 
das condições de saúde das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês e crianças de primeira infância devem ter seu 
crescimento e seu desenvolvimento avaliados. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
desenvolvimento infantil 
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA IMUNE 
O sistema imunológico do recém-nascido apresenta habilidade limitada em montar uma resposta efetiva do ponto 
de vista quantitativo e qualitativo contra patógenos invasivos, implicando mais suscetibilidade a infecções. Sabe-
se que quanto menor o período gestacional, menos desenvolvido será o sistema imunológico ao nascimento, de 
forma que recém-nascidos prematuros extremos (<28 semanas) apresentam risco 5-10 vezes mais alto de infecção 
que o recém-nascido a termo. 
O neonato é altamente dependente da transferência materna passiva de anticorpos no início da vida fetal e neonatal.O desenvolvimento imunológico somente estará completo na infância tardia. O leite materno é um exemplo 
importante de transferência de imunidade passiva no período pós-natal. Ele possui funções antimicrobianas, anti-
inflamatórias e imunorreguladoras. Contém a IgA secretora, que coloniza o trato gastrintestinal e respiratório do 
neonato, células ativas (fagócitos, células natural killer e linfócitos), citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10) além de 
lisozima, lactoferrina, peroxidase e lípides antimicrobianos. 
Os progenitores linfoide e mieloide, que estão no saco vitelino desde a quarta semana de gestação, migram para o 
fígado, principal órgão hematopoiético durante esse período, no qual proliferam sofrendo somente discreta 
diferenciação. Posteriormente, são encontrados no baço, timo e medula óssea. A imunidade pode ser classificada 
em inata (inespecífica) ou adquirida (específica), que, por sua vez, é dividida em imunidade humoral e celular. As 
vacinas atuam estimulando a imunidade específica, que é exercida por meio de anticorpos (imunidade humoral) e 
de linfócitos com função efetora (imunidade celular). Os anticorpos podem ser séricos, atuando na corrente 
sanguínea ou secretórios, bloqueando e impedindo a penetração de microrganismos através das mucosas. 
A defesa contra invasões microbianas inclui o desenvolvimento rápido e antígeno independente da imunidade inata 
e o desenvolvimento mais lento e específico da imunidade adaptativa. 
IMUNIDADE INATO (NÃO ESPECÍFICO) 
A imunidade inata é a primeira linha de defesa na exposição a um agente infeccioso e é ativada independente do 
contato prévio com antígenos. Ela é composta de barreiras epiteliais (pele e mucosas), citocinas, proteínas do 
sistema complemento e das células circulantes (fagócitos e células natural killer). 
A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, possivelmente em consequência à produção 
inadequada de ácidos-graxos livres e pH alcalino. A quebra da integridade da pele que ocorre nesse período em 
pacientes hospitalizados pode agir como facilitador da entrada de agentes patogênicos. A produção de IgA secretória 
está ausente nos primeiros dias de vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas dos tratos respiratório e 
gastrintestinal a invasões por microrganismos patogênicos. 
As citocinas são proteínas de baixo peso molecular, secretadas em resposta a um antígeno, que modulam a 
intensidade e a duração da resposta imune e inflamatória. São produzidas pelos fagócitos (macrófagos e neutrófilos), 
células natural killer (NK) e linfócitos T helper. As principais citocinas da imunidade inata são interferon α, β e γ, 
fator de necrose tumoral (TNF) e interleucinas 
As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e têm como função a opsonização de antígenos e a 
lise celular a partir de formação do complexo de ataque à membrana. Elas se encontram reduzidas nos recém-
nascidos. Durante a gravidez, há pouca transferência materna de proteínas do complemento. Ao nascimento 
alcançam níveis próximos de 60-90% dos valores do adulto em recém-nascidos a termo e 47-70% em recém-
nascidos pré-termo. Níveis semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um ano de idade. 
A célula NK é um tipo de linfócito que destrói células infectadas por vírus, microrganismos intracelulares e células 
neoplásicas com base na produção do interferon γ (INF γ). As células NK dos recém-nascidos apresentam função 
reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
As células mononucleares inflamatórias, especialmente mastócitos e macrófagos, são as sentinelas do sistema de 
defesa contra os patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas produzem fator de necrose tumoral α (TNF α) que 
recruta células do sistema inato (neutrófilos, monócitos e células dendríticas) e modula a apresentação de 
antígenos aos linfócitos T. 
O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose. Os neutrófilos 
são as últimas células a aparecerem no feto e somente são produzidos em grande número após o nascimento. No 
recém-nascido estão reduzidos em número e efetividade. Sua concentração aumenta dramaticamente entre 12 e 
24 horas após o nascimento. 
Observa-se nos recém-nascidos prejuízo na quimiotaxia, rolamento, adesão e migração até o sítio de infecção e 
redução de sua atividade oxidativa, que é o seu mecanismo de citotoxicidade. O recém-nascido está menos 
capacitado a elevar o número de neutrófilos circulantes em resposta a um estímulo. Dessa forma, acredita-se que 
a incapacidade em mobilizar o pool medular durante um estresse associa-se a quadros sépticos nessa idade. 
Outros mediadores inflamatórios importantes como fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina também 
se encontram reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis pela reduzida 
capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração 
de processo inflamatório, assim como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos. 
IMUNIDADE ADAPTATIVA 
O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação do sistema adaptativo, já que esses dois componentes 
estão interligados. A resposta imune adaptativa divide-se em resposta mediada por célu- las e resposta mediada 
por anticorpos. Os linfócitos são suas células efetoras. 
Imunidade celular 
Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não 
expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24 semanas, 
os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a formação do receptor 
de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de reconhecimento do que lhes é próprio (self ). 
Embora apresente número maior de células T na circulação ao nascimento que os adultos, a maioria são células 
imaturas e poucas são células de memória, fato explicado pela pequena exposição intraútero a antígenos. 
A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T com seus subtipos T helper (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos (CD3+ 
e CD8+). Os linfócitos T helper apresentam ainda dois subtipos, conforme seu padrão de produção de citocinas: Th1, 
que modula a imunidade celular, e Th2, que estimula a imunidade humoral. 
Enquanto os linfócitos B podem reconhecer antígenos diretamente com seus anticorpos, os linfócitos T somente 
reconhecem antígenos que lhe são apresentados pelas células apresentadoras de antígenos por meio dos antígenos 
maiores de histocompatibilidade de classe I e II. 
As propriedades fundamentais da imunidade celular são a produção de citocinas e a atividade citotóxica. As 
citocinas mais importantes da imunidade adaptativa são IL-2, 4, 5, 10 e 13 e INF γ β e TGF β. A produção das 
citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A produção de IL-12 que ativa linfócitos 
T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido. O déficit na resposta Th1 visto no neonato confere prejuízo 
na função de citotoxicidade. As citocinas criam um contexto imunoinflamatório que gera amplificação de resposta 
e recrutamento de células capazes de interferir em toda a resposta imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta 
problemas em toda a imunidade. A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL10) em resposta a antígenos 
ocorre, em parte, devido à baixa exposição intraútero, mas também devido à função secretória e inibitória da 
placenta. 
Imunidade humoral 
A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, os quais, estimulados por antígenos, diferenciam-se em 
plasmócitos produtores de anticorpos. Eles são reconhecidos por apresentarem em sua superfície osmarcadores 
CD19 e CD20. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o 
nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já se 
inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o 
nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas 
maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de 
imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna. 
Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e 
ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de anticorpos 
próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de 
vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. 
Estudos em humanos e em animais têm mostrado que a efetividade dos anticorpos produzidos pelas células B nos 
recém-nascidos difere da observada em adultos. A resposta neonatal é atrasada, os anticorpos atingem menores 
picos séricos e têm curta duração. A produção reduzida de anticorpos pelas células B nesse momento deve-se 
parcialmente a: anticorpos maternos, imaturidade das células B e imaturidade das células T helper, seu estimulante. 
Para que ocorra o “switch” de classe, ou seja, que o linfócito B apresente outras classes de imunoglobulinas em sua 
superfície, é necessária a interação com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito 
B, ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito B produz uma ou outra 
classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada. 
O desenvolvimento completo da microarquitetura do tecido linfoide acontece após o nascimento, de maneira que os 
centros germinativos se tornam aparentes por volta do quarto mês de vida. É provável que esse processo de 
desenvolvimento possa limitar a resposta de anticorpos no período neonatal. 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
PIAGET 
Para Piaget a inteligência não é herdada, mas o que se herda é a capacidade de se adaptar. Seus estudos têm como 
base a epistemologia genética, o ser humano tem uma troca com o meio em que vive, ele transforma a natureza se 
transformando também. 
O raciocínio das crianças evoluiria ao longo de estágios sucessivos de desenvolvimento através dos quais a criança 
passa de estados de menos conhecimento para estados de mais conhecimento. Os estágios são comuns a todo ser 
humano numa sequência fixa de complexidade crescentes sendo quatro fases ocorrendo em determinadas faixas 
de idade. Mas como isso acontece neurologicamente? Como relacionar essas fases a neurociências e trazer um 
maior entendimento para a formação de educadores tornando-os mais preparados? E como essas informações 
podem ser utilizadas efetivamente no meio educacional, atingindo de maneira direta e positiva o aprendizado da 
criança? Como essa relação veio para somar conhecimentos e auxiliar os educadores dentro da sala de aula? “No 
sistema piagetiano, a inteligência, independentemente do seu conteúdo e nível de desenvolvimento, é definida por 
dois aspectos interdependentes: organização e adaptação. Ambos estão presentes em qualquer forma de 
inteligência, sendo por isso, conhecidos como invariantes funcionais”. 
1. Estágio sensório-motor (0 a 2 anos) 
Conforme a teoria Piagetiana, este período é marcado por um intenso desenvolvimento, passando por três etapas: 
Reflexos, organização das percepções e hábitos, inteligência sensório motora. A criança quando nasce sua vida 
mental se reduz a alguns reflexos sensórios motores. Através destes reflexos que o bebê assimilará o mundo ao 
seu redor. Possui também um aguçado equipamento sensorial que lhe permite ver, ouvir, sentir odores, ser sensível 
a dor e a temperatura. O bebê nasce com intensa capacidade de se adaptar ao meio. Com as contribuições da 
neurociência hoje podemos afirmar que o cérebro nasce com 1/3 do tamanho do cérebro de um adulto. A criança 
nasce com um cérebro de mais ou menos 400g e no final do primeiro ano de vida, terá duplicado de tamanho pesando 
cerca de 800g. Nascemos com excesso de sinapses e passamos por uma série de períodos críticos de 
desenvolvimento, também chamados de janelas de oportunidade para aprendizagem. Existe uma capacidade 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
intelectual precoce, ou seja, apesar do ser humano nascer imaturo no que se refere a sua capacidade motora, em 
contrapartida o mesmo já nasce capaz intelectualmente a aprender. 
Fazendo a relação desta fase estudada por Piaget com as contribuições das pesquisas da neurociência, educadores 
podem compreender melhor como acontece este processo e como é de suma importância nesta fase os estímulos 
corretos para a criança e os benefícios para o desenvolvimento cognitivo para toda vida. Nesta fase também 
caracteriza pelo estado de Anomia, a criança não assimila as regras sociais por não ter maturidade neurológica e 
psicológica para entender o outro se colocando no lugar dele, o que se dá o nome de apatia. Sendo um traço marcante 
desta idade a falta de limites e 
o cuidado para que a criança não coloque sua própria vida em risco. Essa maturidade só ocorrerá quando o córtex 
frontal começar sua maturação desenvolvendo o raciocínio lógico, abstrato e o controle das emoções. 
2. Estágio prè-operatório (2 a 7 anos) 
Abrange aproximadamente dos dois aos sete anos de idade é marcada pelo aparecimento da linguagem de modo que 
o comportamento da criança é profundamente modificado, tanto no aspecto afetivo quanto no intelectual. É dentro 
deste estágio que acontece também a primeira poda sináptica por volta dos três anos, o número de 
neurônios/sinapses reduz cerca de 25% em relação ao nascimento. Tudo que foi estimulado durante estes primeiros 
anos de vida no cérebro, mas que ao longo deste tempo não teve uma serventia será “dispensado”. Assim a criança 
começa a se concentrar melhor nas coisas que faz nas brincadeiras e em outras crianças. Este é o inicio da 
socialização, a aparição do pensamento rudimentar, interiorização das ações, reconstruções das imagens e 
experiências mentais, mostrados por Piaget. 
Mesmo com a primeira poda neuronal o sistema nervoso é extremamente plástico nos primeiros anos de vida, a 
capacidade de formação de novas sinapses é muito grande o que é explicável pelo longo período de maturação do 
cérebro que se estende até a adolescência. Sendo assim a criança não diminui a capacidade de aprender, mas o 
cérebro agora passa a selecionar as informações que serão necessárias para seu aprendizado, em seguida o que 
não for útil para ele descartará com mais rapidez do que quando era bebê, pois, antes tudo era armazenado para sua 
adaptação ao meio, isso era necessário para sua sobrevivência. Aqui leva os educadores a reflexão sobre esta fase 
do desenvolvimento da criança. No estágio sensório-motor o estímulo era essencial para aprendizado, nesta fase a 
estimulação ainda intensa e precoce poderá ser negativa para o desenvolvimento cognitivo. Ao longo de milhares de 
ano de evolução, nosso cérebro foi programado para desenvolver-se de forma harmoniosa com o ambiente, assim 
como é prejudicial à falta de estímulo para o aprendizado é pouco provável que uma estimulação exagerada traga 
benefícios para o desenvolvimento cognitivo da criança. 
3. Estágio operatório concreto (7 a12 anos) 
Para Piaget neste estágio evidencia a socialização, o pensamento, as operaçõesracionais e o campo da afetividade. 
“A inteligência é uma adaptação, para aprender suas relações com a vida em geral é necessário determinar quais as 
relações que existem entre o organismo e o meio ambiente. A Socialização começa a surgir a partir de sete anos, a 
criança adquiri a capacidade tanto de se concentrar em uma atividade quanto de cooperar com outros para realizar 
trabalhos em conjuntos. Inicia aqui o trabalho com jogos coletivos e de regras. A Afetividade consciente torna-se 
possível nesta fase à aquisição de novos sentimentos morais, como respeito mútuo. 
A neurociência mostra que os processos cognitivos emocionais estão profundamente entrelaçados no 
funcionamento do cérebro. Nesta fase o cérebro já tem estruturas suficientes para fazer relações com novos 
aprendizados formando um raciocínio mais rápido. 
Ligado também a essa fase do desenvolvimento neurobiólogo esta o lobo frontal, que começa a discernir o que é 
“certo” ou “errado” nas interações sociais e se colocar no lugar do outro, surgimento da empatia, também começa 
o amadurecimento da consciência. As emoções também é um eficiente mecanismo de sinalização intra-grupal, pois, 
a criança passa a reconhecer as emoções uns dos outros e por meio delas a desenvolver a comunicação. 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
4. Estágio operatório normal 
Caracteriza o início da adolescência. Nesta idade o cérebro chega ao tamanho máximo do seu crescimento, sendo 
do tamanho de um adulto. Daqui para frente não terá um crescimento físico, mas continuará o desenvolvimento das 
suas conexões sinápticas não cessando seu aprendizado e desenvolvimento cognitivo. Por volta desta mesma 
época o cérebro passa por sua segunda poda neuronal, fazendo um “refinamento” de suas estruturas neuronais, 
reforçando e consolidando os conhecimentos adquiridos com o tempo e experiência que este sujeito passou. Nesta 
fase o cérebro está “programado” para descartar tudo aquilo que já não o estimula, passando por um processo de 
amadurecimento como foi feito por volta dos três anos. Compreender como cérebro funciona nesta idade capacita 
o professor a entender como trabalhar com este adolescente e seu potencial. Não basta somente a maturação do 
sistema nervoso, embora seja importante, é preciso que a criança vivencie situações desafiadoras, desequilibrantes, 
para ter a oportunidade de agir com toda sua capacidade biológica, psicológica e social para o desenvolvimento 
maior do conhecimento. 
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
Jean Piaget 
Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o 
conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o 
real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de 
conhecimento. As formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização 
em momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da organização, sendo que o 
organismo discrimina entre estímulos e sensações, selecionando aqueles que irá organizar em alguma forma de 
estrutura. A adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de 
desenvolvimento: a assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o conhecimento é a equilibração/reequilibração 
entre assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo. 
A aprendizagem será a aquisição que ocorre em função da experiência e que terá caráter imediato. Ela poderá ser: 
experiência física - comporta ações diferentes em função dos objetos e consiste no desenvolvimento de ações 
sobre esses objetos para descobrir as propriedades que são abstraídas deles próprios, é o produto das ações do 
sujeito sobre o objeto; e experiência lógico-matemática – o sujeito age sobre os objetos de modo a descobrir 
propriedades e relações que são abstraídas de suas próprias ações, ou seja, resulta da coordenação das ações que 
o sujeito exerce sobre os objetos e da tomada de consciência dessa coordenação. Essas duas experiências estão 
inter-relacionadas, uma é condição para o surgimento da outra. 
Piaget afirma que, para a criança adquirir pensamento e linguagem, deve passar por várias fases de desenvolvimento 
psicológico, partindo do individual para o social. Segundo ele, o falante passa por pensamento autístico, fala 
egocêntrica para atingir o pensamento lógico, sendo o egocentrismo o elo das operações lógicas da criança. No 
processo de egocentrismo, a criança vê o mundo a partir da perspectiva pessoal, assimilando tudo para si e ao seu 
próprio ponto de vista, estando o pensamento e a linguagem centrados na criança. 
Henry Wallon 
A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio cognitivo. 
O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, 
suas condições de existência. 
Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da 
pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um 
"sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança 
e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos 
formato e expressão. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com 
significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu 
primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas 
sociais como a imitação. Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela 
participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa 
seus desejos de participar e se diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio. 
Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém, ele não é adepto da ideia de que a criança 
cresce de maneira linear. O desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não 
são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada 
estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso. 
No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Assim 
como Vygotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os 
elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não existindo linearidade no 
desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um 
movimento que tende ao crescimento. 
Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação, exploração e 
conhecimento do mundo social e físico. No estágio sensório-motor, permanece a subordinação a um sincretismo 
subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente). Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança 
com o meio. Wallon identifica o sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os 
fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão. 
Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados 
diferenciados que a criança dá para a própriaação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria. 
Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala 
e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa 
central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo 
avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando 
a afetividade. Ainda conforme GALVÃO, é nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações 
necessárias à redução do sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo e o estabelecimento da função 
categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança. 
Levs Vygotsky 
Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras 
relações com a linguagem na interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária 
intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o adulto acontece 
espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações imediatas. 
Essa teoria apoia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em 
um processo mediado pelo outro. O conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na 
intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas. 
A relação entre homem e mundo é uma relação mediada, na qual, entre o homem e o mundo existem elementos que 
auxiliam a atividade humana. Estes elementos de mediação são os signos e os instrumentos. 
Os signos também auxiliam nas ações concretas e nos processos psicológicos, assim como os instrumentos. A 
capacidade humana para a linguagem faz com que as crianças providenciem instrumentos que auxiliem na solução 
de tarefas difíceis, planejem uma solução para um problema e controlem seu comportamento. Signos e palavras são 
para as crianças um meio de contato social com outras pessoas. Para Vygotsky, signos são meios que 
auxiliam/facilitam uma função psicológica superior (atenção voluntária, memória lógica, formação de conceitos 
etc.), sendo capazes de transformar o funcionamento mental. Desta maneira, as formas de mediação permitem ao 
sujeito realizar operações cada vez mais complexas sobre os objetos. 
Segundo Vygotsky, ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos signos: o processo de internalização e a 
utilização de sistemas simbólicos. A internalização é relacionada ao recurso da repetição onde a criança apropria-
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
se da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos organizam os signos em estruturas, estas são 
complexas e articuladas. Essas duas mudanças são essenciais e evidenciam o quanto são importantes as relações 
sociais entre os sujeitos na construção de processos psicológicos e no desenvolvimento dos processos mentais 
superiores. Os signos internalizados são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da interação 
social e a comunicação entre os sujeitos. 
Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função simbólica, e o 
pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela 
inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais capazes da cultura que já dispõe da 
linguagem estruturada. Vygotsky destaca a importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo 
um ambiente estruturado onde os elementos são carregados de significado cultural. 
Vygotsky valoriza o trabalho coletivo, cooperativo, ao contrário de Piaget, que considera a criança como construtora 
de seu conhecimento de forma individual. O ambiente computacional proporciona mudanças qualitativas na zona de 
desenvolvimento proximal do aluno, os quais não acontecem com muita frequência em salas de aula “tradicionais”. 
A colaboração entre crianças pressupõe um trabalho de parceria conjunta para produzir algo que não poderiam 
produzir individualmente. 
Colaboração de novas tecnologias 
A colaboração em um ambiente computacional torna-se visível e constante, vinda do ambiente livre e aberto ao 
diálogo, da troca de ideias, onde a fala tem papel fundamental na aplicação dos conteúdos. A interação entre o 
parceiro sentado ao lado, entre o computador, os conhecimentos, os professores que seguem o percurso da 
construção do conhecimento, e até mesmo os outros colegas que, apesar de estarem envolvidos com sua procura, 
pesquisa, navegação, prestam atenção ao que acontece em sua volta, gera uma grande equipe que busca a produção 
do conhecimento constantemente. Através disso tudo a criança ganhará mais confiança para produzir algo, criar 
mais livremente, sem medo dos erros que possa cometer, aumentando sua autoconfiança, sua autoestima, na 
aceitação de críticas, discussões de um trabalho feito pelos seus próprios pares. 
Howard Gardner 
Na concepção tradicional, a inteligência é uma só, inata e geral. Nesta concepção a inteligência pode ser definida 
como "uma capacidade de resolver, de maneira criativamente nova e original, os problemas da situação, isto é, do 
meio em que vive". A inteligência pode, então, ser definida como as capacidades/habilidades linguísticas e lógicas-
matemáticas. Para Howard Gardner, no entanto, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo 
menos sete diferentes habilidades, independentemente das áreas intelectuais. 
Para ele, não existem habilidades gerais, o que põe em xeque a possibilidade de se medir a inteligência por meio de 
testes, e dá grande importância às diferentes culturas. Ele define inteligência como a habilidade para resolver 
problemas ou criar produtos que sejam significativos, em um ou mais ambientes culturais. 
A insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades 
importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas das 
habilidades para resolver problemas. Observou atuações de diferentes profissionais em diversas culturas e o 
repertório de habilidades dos seres humanos, culturalmente empregado para resolver seus problemas. 
Para Gardner, o desenvolvimento cognitivo é uma capacidade cada vez maior de entender e expressar o significado 
em vários sistemas simbólicos, utilizados num contexto cultural. Para esse autor, cada área do conhecimento tem 
seu sistema simbólico próprio, sendo que cada sociedade desenvolve competências, valorizadas culturalmente para 
sua realidade. Nesse sentido, as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal, mas sim, 
verticalmente: por isso, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, existem formas 
independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área do conhecimento. 
Portanto, as crianças têm mentes muito diferentes umas das outras, elas possuem forças e fraquezas diferentes, 
e é um erro pensar que existe uma única inteligência em torno da qual todas as crianças podem ser comparadas. 
Para Gardner, nossa inteligência é complexa demais para que os testes comuns sejam capazes de medi-la. Essa 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
concepção fica ainda mais clara, quando o autor considera sete grandes eixos de inteligência (lógico-matemática, 
linguística, espacial, físico-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e musical) e pressupõe que, dela, deriva várias 
manifestações de inteligências que são diferentes no âmbito pessoal e cultural. 
Gardner faz referência a outras duas inteligências, a saber, a naturalista e a existencial: a primeiraseria a 
capacidade humana de reconhecer objetos na natureza e a sua relação com a vida humana; a segunda está ligada 
ao entendimento para além do corpo, o transcendente, o entendimento sobre a vida, a morte e o universo. 
Para Gardner, todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas 
as inteligências. Todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas 
em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por 
fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Cada uma destas inteligências tem sua forma 
própria de pensamento, ou de processamento de informações, além de seu sistema simbólico. 
O conceito de cultura é central na Teoria das Inteligências Múltiplas. A definição de inteligência como a habilidade 
para resolver problemas ou criar produtos, que são significativos em um ou mais ambientes culturais, sugere que 
alguns talentos somente se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Para Gardner, cada cultura valoriza 
certos talentos, que são passados para a geração seguinte. 
O domínio, ou inteligência, são sequências de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios 
mais básicos em todas as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de maior trabalho ou aprendizado. 
DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL 
A criança desde o início de sua vida está em constante e profunda transformação. Inicialmente as respostas das 
crianças são dominadas por processos naturais e é através dos adultos que os processos psicológicos mais 
complexos tomam formam. Dessa forma, a aprendizagem da criança inicia-se muito antes de sua entrada na escola, 
isto porque, ela já está exposta desde o primeiro dia de vida aos elementos do seu sistema cultural, e à presença 
do outro se torna indispensável para a mediação entre ela e a cultura. 
O ser humano nasce e se desenvolve primeiramente pelo auxílio de suas respostas inatas, como por exemplo, o ato 
de mamar para saciar a fome. Com o passar do tempo ele adquire habilidades que lhe possibilitarão o convívio dentro 
de uma sociedade. 
A escola surgirá, então, como lugar privilegiado para o desenvolvimento do organismo e a aquisição das capacidades 
superiores que caracterizam o psiquismo humano, pois é o espaço em que o contato com a cultura é feito de forma 
sistemática, intencional e planejada. Dentro desse processo de escolarização, outros leques de relações sociais se 
abrirão, é um momento de ruptura, onde uma parcial independência dos pais acontece e é nesse momento que a 
escola constituirá a experiência central desta parte da vida e é fundamental para o desenvolvimento físico, cognitivo 
e sócio emocional da criança. 
O contexto escolar vai proporcionar á criança o contato com a diversidade através da interação com as outras 
crianças e da aprendizagem de novos conhecimentos que as preparam para se relacionar com o mundo real. nesse 
universo que é preciso compreender a importância do desenvolvimento humano e perceber que a criança não é um 
adulto em miniatura e que essas possuem características próprias de sua idade, ou seja, existem formas de 
perceber, compreender e se comportar diante do mundo que nas palavras de Piaget quer dizer que existe uma 
assimilação progressiva do meio ambiente, que implica acomodação das estruturas mentais a este novo dado do 
mundo exterior. 
Essas características são relevantes no momento de planejamento do que ensinar e como ensinar, pois não 
podemos igualar uma mesma idade à outra, por mínimo que seja a diferença entre elas, existem um nível de 
desenvolvimento das estruturas mentais para ambas; e considerar ainda de que em cada criança existe um mundo 
diferente. Pois, o desenvolvimento do indivíduo não se faz somente no ambiente escolar, existem a interação de 
vários fatores, como a hereditariedade, crescimento orgânico, maturação neurofisiológica e o meio social. 
Piaget divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, 
o que por sua vez, interfere no desenvolvimento global onde cada período é caracterizado por aquilo que de melhor 
o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
Piaget relata que a evolução cognitiva leva à percepção da existência de outras pessoas e à colocação de si próprio 
como um indivíduo entre os demais. Assim, para Piaget, o objetivo do desenvolvimento é a socialização do 
pensamento, sendo a interação com outras pessoas de importância fundamental na construção do conhecimento e 
constituindo-se numa de suas forças motivadoras. 
A teoria cognitiva foi construída por Piaget partindo do princípio que existe certa continuidade entre os processos 
biológicos de morfogênese e adaptação ao meio e a inteligência. 
DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA/ ATIVIDADE OBJETAL MANUPULATÓRIA 
Assim, o período o qual nos dedicaremos será o da Primeira infância e/ou Atividade Objetal Manipulatória entendido 
como essencial para a criança. É neste momento que a criança desenvolverá características, habilidades e aptidões. 
Essas transformações quantitativas e qualitativas são consideradas fundamentais para o desenvolvimento da 
criança persistindo ao longo de toda sua vida adulta. Este período se constitui como: 
A base para as aprendizagens humanas está na primeira infância. Entre o primeiro e o terceiro ano de idade a 
qualidade de vida de uma criança tem muita influência em seu desenvolvimento futuro e ainda pode ser determinante 
em relação às contribuições que, quando adulta, oferecerá à sociedade. Caso esta fase ainda inclua suporte para os 
demais desenvolvimentos, como habilidades motoras, adaptativas, crescimento cognitivo, aspectos sócio 
emocionais e desenvolvimento da linguagem, as relações sociais e a vida escolar da criança serão bem sucedidas 
e fortalecidas. 
1. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DO DESENVOLVIMENTO 
A capacidade de caminhar independente da ajuda de um adulto proporciona à criança um novo panorama do mundo 
exterior, ampliando a compreensão dos objetos a sua volta, bem como sua manipulação, uma vez que estes eram 
“limitados” pelos pais. A criança se dá conta de que há a existência de obstáculos em seu trajeto e que precisa 
captar maneiras de evitá-los. O caminhar dá autonomia à criança. 
2. DESENVOLVIMENTO AFETIVO, VISUAL, TATIL, AUDITIVO E MOTOR 
Quando há uma aprovação por parte do adulto em relação ao que a criança faz, ela se sente satisfeita e motivada a 
fazer as coisas novas. Santos argumenta que embora a criança não entenda as atitudes, deve passar por situações 
de satisfação e sofrimento, para que descubra que tipo de ações podem satisfazer a ela e ao adulto. 
A criança deve desenvolver o autoconceito, pois já se vê separada das pessoas e, já entende que o adulto “vai e 
vota”, que os objetos vão continuar no mesmo lugar, ainda que ela não os veja, é necessário ver a si mesmo como 
algo contínuo no tempo e espaço. A partir dos dois anos a acriança torna-se mais independente e autoconfiante, 
porém é egocêntrica, cabe nesse momento o adulto ensinar a acriança a “perceber” a outra, por exemplo, em 
atividades cooperativas. 
A visão, o tato e a audição são os meios pelos quais a criança descobre o mundo, sendo que nesta fase ela não tem 
medo de ver, ouvir e sentir. Esses sentidos possibilitam a criança a perceber as coisas (tamanho, forma e cor) que 
fazem parte do meio, o tato permite que a criança sinta diferentes texturas, agradáveis ou não. A criança nesta fase 
escuta tudo e se dispersa facilmente, quanto a sons em alto volume, a criança pode se assustar. 
Aos dois anos de idade a criança possui os músculos do corpo e o controle motor mais aprimorado, tendo mais 
facilidade para modelar massinhae rabiscar com giz. Estas situações são de demasiada importância para o 
desenvolvimento visual e tátil. Nesta idade a criança está no mundo dos sons, o papel do adulto neste momento é 
de estimular o desenvolvimento dos sentidos para que a criança possa ter uma expressão própria, pois como aponta 
Martins: 
Em suma, desenvolvimento se produz por meio de aprendizagens e esse é o pressuposto vigotskiano, segundo o 
qual o bom ensino, presente em processos interpessoais, deve se antecipar ao desenvolvimento para poder conduzi-
lo. Portanto não há que se esperar desenvolvimento para que se ensine; há que se ensinar para que haja 
desenvolvimento. 
Contudo, faz-se necessário compreender como se dá o desenvolvimento infantil no período da Primeira Infância 
compreendido do 1 ano aos 3 anos de vida da criança, no qual se desenvolve a Atividade Objetal Manipulatória. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
3. ATIVIDADE MANIPULATÓRIA 
No primeiro ano de vida, a criança realiza manipulações dos objetos de maneira externa a eles, com a primeira 
infância, ela passa a ressignificar a utilização desses objetos, deixando de serem simples “coisas” a detentores de 
uma função específica, segundo a própria função social deste objeto. 
É na primeira infância que se constrói a passagem para a atividade objetal, atividade principal do período, na qual o 
adulto assume o papel de colaborar nesse processo, pois a exemplo de uma colher, ela poderá batê-la, jogá-la ao 
chão e, mesmo assim, não descobrir sua função, a menos que o adulto intervenha e lhe demonstre sua finalidade. 
A assimilação da criança pelos objetos em relação ao seu destino difere dos animais, como por exemplo, do macaco 
que ao sentir sede, irá beber água na xícara, no balde, no chão, não se depreendendo ao fato de que a xícara é 
utilizada para beber algo, se ela estiver vazia vai utiliza- la para várias coisas também. A criança, portanto assimila 
o significado permanente do objeto. Mukhina discorre que o destino que a sociedade conferiu ao objeto e não varia 
por necessidade de momento. 
A relação entre ação e objeto apresenta três fases de desenvolvimento: na primeira fase a criança realiza qualquer 
função que ela domina com o objeto; na segunda fase, a criança manuseia o objeto a partir da real função a que se 
atribui ao objeto e, na terceira fase, tem reminiscência na primeira fase, porém a criança dominando a real função 
do objeto, o utiliza para “outros fins”, fora o “original”. 
As ações mais importantes que a criança assimila na primeira infância são as correlativas e as instrumentais. Sendo 
as ações correlativas aquelas nas quais se estabelece uma relação comum entre determinados objetos, fazendo-
as recíprocas espacialmente falando, o que faz a criança levar em consideração as propriedades dos objetos, 
conferindo-lhe respeito a estas propriedades, dando sentido à atividade desenvolvida através do objeto. Estas ações 
são presentes na primeira infância, o que não ocorre com a devida “consciência” no primeiro ano de vida, antes de 
completar um ano. Tais ações são reguladas pelo resultado obtido, que só é alcançado pela contribuição e 
intervenção do adulto que aponta os erros, norteia como agir, a fim de corrigir com a finalidade do resultado correto. 
As ações instrumentais são aquelas nas quais se utilizam de instrumentos e /ou ferramentas para agir sobre outro 
objeto. Ainda enfatizando a colaboração do adulto na apropriação destes objetos, a ideia é de que o adulto ofereça 
meios – instrumentos – que colaborem para que a criança se aproprie e assimile o uso do objeto, como por exemplo, 
a colher, nela está presente o traço que a caracteriza como ferramenta, torna-se um instrumento para que ocorra a 
alimentação da criança e, que se faz, portanto, uma “intermediadora” entre a mão da criança e o alimento. Deste 
modo, ocorre a sujeição, a reconversão dos movimentos da mão da criança à forma do instrumento. 
A assimilação das ações instrumentais não ocorre imediatamente, há etapas, sendo que a primeira, tendo o 
instrumento como continuação da própria mão, suas ações, portanto são manuais ainda; a segunda etapa a criança 
se prende para a relação instrumento e objeto sob o qual incide a ação, quanto ao êxito, só será alcançado 
eventualmente; a terceira fase é obtida quando a mão se adapta às propriedades do instrumento, originando as 
ações instrumentais de fato. Estas que são dominadas na primeira infância, estão em contínuo desenvolvimento no 
decorrer do tempo, não é acabado. Sua importância está na assimilação do uso dos instrumentos de maneira correta, 
exata. Os quais se configuram como princípios básicos da atividade humana, permitindo à criança perpassar pela 
autonomia do uso dos objetos. 
4. APARECIMENTO DE NOVOS TIPOS DE ATIVIDADE 
Primitivamente não havia separação entre jogo e trabalho, a criança assimila na prática a forma de obter sustento. 
Como necessidade social ao passar do tempo, as formas de produção e instrumentos de trabalho deixaram de estar 
ao alcance da criança, passando a ser construídas para a mesmas ferramentas reduzidas, tendo como característica 
uma sociedade preocupada com uma infância preparada para inserir-se no trabalho. Destaque, então, para o 
surgimento dos jogos-exercícios, sob a direção do adulto, logo surge o brinquedo figurativo, momento em que há a 
separação da criança com as relações sociais, que por sua vez surge o jogo dramático, no qual a criança passa a 
reproduzir traços da sociedade adulta e suas relações sociais, formando comunidades infantis de representação 
lúdica, por meio do jogo dramático a criança satisfaz a necessidade de estar inserida no “mundo adulto”, que ocorre 
por meio dos brinquedos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
Este desenvolvimento é prerrogativa para a atividade representativa, por meio do desenho, sendo a representação 
de determinado objeto. Caracterizada desde a garatuja com marcas, traços desordenados, linhas retas, curvas sem 
representação alguma que adentram na prévia representação para a imagem, dividida em duas fases: na qual a 
criança reconhece o objeto numa combinação casual de traços e a outra intencionalmente a criança reconhece o 
que desenhou. A atividade representativa só aparecerá quando a criança verbaliza o que deseja desenhar. É de 
demasiada importância, a saber, que a criança aprende a desenhar, não apenas aperfeiçoando-se, praticando, mas 
também e valiosamente, pela influência do adulto que lhe propiciará subsídios para que se formem imagens gráficas 
nas linhas que ela traça. 
5. IMPORTANCIA DA MÚSICA 
Na Primeira Infância a criança deve explorar todos os seus sentidos e, cabe ao adulto que estimule todos eles, o 
adulto deve apresentar a criança todas as formas de sentir o mundo. A música é uma forma de a criança desenvolver 
ritmo, harmonia, memória, fala, entre várias outras habilidades. 
Considerada em todos os seus processos ativos (a audição, o canto, a dança, a percussão corporal e instrumental, 
a criação melódica) a música globaliza naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da 
criança: cognitivo/ lingüístico, psicomotor, afetivo/ social. 
Assim, a música se constitui como algo fundamental a ser trabalhado com a criança, para que esta descubra o 
mundo por meio de todos seus sentidos, além de ser um instrumento que auxilia na aprendizagem e no 
desenvolvimento. 
6. IMPORTANCIA DA LEITURA 
A leitura, os livros, os desenhos, os escritos, são outra forma de apresentar o mundo à criança, por meio deste ela 
conhece uma das formas mais importantes de comunicação dos adultos, a língua escrita. É por meio do estímulo a 
leitura de imagens e desenhos que futuramente as crianças terão curiosidade e interesse em aprender o que foi 
construiuao longo da história da humanidade. 1º Para a formação de bons leitores, é fundamental que as crianças 
com até 3 anos de idade apreciem e valorizem a escuta e a leitura de histórias desde pequenas. 2º A criança cria o 
hábito de escutar histórias, valorizando o livro como fonte de conhecimento e entretenimento. 3º A escuta de 
histórias na escola oportuniza momentos prazerosos em grupo, enriquece o imaginário, amplia o vocabulário, além 
de familiarizar a criança com a leitura, uma prática valorizada pela sociedade. 
7. IMPORTANCIA DOS BRINQUEDOS 
Brincar é o modo que a criança tem de conhecer o mundo que a cerca. É por meio da brincadeira que a criança 
descobre, aprende e se desenvolve, tanto na escola quanto em casa, na rua, no jardim e, assim por diante. Vygotsky 
compreende o brincar como uma atividade social da criança, cuja natureza e origem especifica seriam elementos 
fundamentais para o desenvolvimento cultural, ou seja, o brincar como compreensão da realidade. Para o autor o 
brinquedo é o principal meio de desenvolvimento cultural da criança. O brincar atua nas zonas de desenvolvimento 
proximal e real da criança. É no brincar que a criança se comporta, além do seu comportamento habitual, diário, 
vivenciando desafios e situações novas. 
O brincar estimula, motiva e deve ser sempre orientado por um adulto. Na escola, o professor, que além de mediar a 
brincadeira, deve brincar junto. Brincar propicia a aprendizagem por ser estimulador e motivador, ele faz com que a 
criança tenha um motivo para realizar determinada ação e para as crianças pequenas a aprendizagem acontece no 
concreto, ou seja, quando a criança participa do processo de apropriação, como por exemplo, o pente, a criança 
explora o objeto, e após ver um adulto utilizando o mesmo ela passa a utilizar este de acordo com sua função social, 
pentear. Em um segundo momento passará a utilizar o pente como barco, avião, neste momento ela já se apropriou 
do objeto, porém utiliza-o além da função para o qual ele foi criado. 
Quando a criança brinca, além de conjugar materiais heterogêneos (pedra, areia, madeira e papel), ela faz 
construções sofisticadas da realidade e desenvolve seu potencial criativo, transforma a função dos objetos para 
atender seus desejos. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia, ela faz bolos, doces para sua 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
festa de aniversário imaginária; e, ainda, cadeiras se transformam em trem, em que ela tem a função de conduto, 
imitando o adulto. 
Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai se estruturando com base no que é capaz de fazer 
em cada momento. Isto é, ela aos seis meses e aos três anos de idade tem possibilidades diferentes de expressão, 
comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural no qual se encontra inserida. Ao longo do 
desenvolvimento, portanto, as crianças vão construindo novas e diferentes competências, no contexto das práticas 
sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo. 
A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia 
experiências de tomadas de decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é característica 
importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto 
a suas próprias ações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
infecções das vias aéreas superiores 
A maioria das infecções de vias aéreas superiores são autolimitadas, de etiologia viral, porém outras são provocadas 
por bactérias e exigem tratamento antimicrobiano. Serão consideradas IVAS (infecções de vias aéreas superiores) 
infecções da laringe, nasofaringe, orofaringe, nariz, seios paranasais e ouvido médio. Como muitas vezes são 
indistinguíveis clinicamente, o diagnóstico laboratorial é fundamental. A identificação de uma bactéria patogênica 
ou potencialmente patogênica não necessariamente indica seu envolvimento na infecção, pois estes 
microrganismos podem também ser detectados em portadores como é o exemplo do Haemophilus influenzae. Desse 
modo, o conhecimento da flora normal do trato respiratório superior é essencial para a interpretação dos resultados 
da cultura. A orofaringe contém uma microbiota mista com grande densidade de bactérias aeróbias, anaeróbias 
facultativas e anaeróbias estritas, incluindo Streptococcus alfa hemolíticos e não hemolíticos, Streptococcus beta 
hemolíticos não pertencentes ao grupo A, Neisserias não patogênicas, Haemophilus spp., difteróides, 
Staphylococcus sp, Micrococcus spp., Anaeróbios (Bacteroides spp, Fusobacterium spp., Veillonella spp., 
Peptostreptococcus spp., Actinomyces spp.). Alguns patógenos como Streptococcus pneumoniae, Streptococcus 
pyogenes, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, enterobactérias e leveduras como Candida albicans 
podem ser componentes transitórios da flora de orofaringe em indivíduos saudáveis, sem desenvolvimento de 
doença. O trato respiratório abaixo da laringe não possui flora residente normal. A mucosa nasal anterior é 
frequentemente colonizada por Staphylococcus epidermidis e difteróides, e alguns indivíduos são portadores 
intermitentes ou definitivos de Staphylococcus aureus. Por outro lado, os seios paranasais e o ouvido médio não 
possuem flora microbiana. 
RESFRIADO COMUM/GRIPE 
O resfriado comum é uma doença viral na qual os sintomas de rinorréia e obstrução nasal são proeminentes, há 
também tosse, mas não há tiragem ou retração subcostal ou taquipnéia. Sintomas sistêmicos como mialgia ou 
febre estão ausentes ou são leves. É um quadro autolimitado. O resfriado comum e a gripe são infecções virais 
agudas do trato respiratório superior que podem ser agrupadas numa síndrome com sinais e sintomas semelhantes, 
e duração menor que 10 dias. Dentre as rinossinusites infecciosas, a gripe e o resfriado comum estão agrupados 
nas rinossinusites virais, e segundo o European position paper on rhinosinusitis and nasal polyps, as rinossinusites 
virais são definidas como a presença de sintomas nasossinusais por menos de 10 dias 
ETIOLOGIA 
Rinovírus principalmente. Também podem ser coronavírus, vírus sincicial respiratório e mais raramente influenza, 
adenovírus e enterovírus. 
EPIDEMIOLOGIA 
Ocorrem durante todo o ano, mas a incidência é maior do início do outono até o final do inverno. Crianças (lactentes) 
podem apresentar em média 6 a 7 resfriados por ano, cerca de 10 a 15% têm pelo menos 12 infecções por ano. 
Crianças que frequentam creche durante o primeiro ano de vida apresentam 50% mais resfriados do que as crianças 
que são criadas somente em casa. 
PATOGÊNESE/ TRANSMISSÃO 
Contato direto e gotículas de saliva. 
QUADRO CLÍNICO 
Início dos sintomas 1 a 3 dias após infecção viral. Frequentemente garganta irritada ou “arranhando” acompanhado 
por obstrução nasal e rinorréia. Tosse - ocorre em 30% dos resfriados. Pode ocorrer febre. Duração em torno de 1 
semana (auto-limitado). 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
COMPLICAÇÕES 
Otites: 5 a 30% dos casos de crianças resfriadas podem evoluir para esta complicação. Sinusite: ocorre em 0,5 a 
2% nos adultos; 5 a 13% nas crianças. Exacerbação da asma. 
SINUSITES 
A sinusite é uma doença que se manifesta quase sempre como complicação de infecção de vias aéreas superiores. 
Existem dois tipos de sinusite aguda: viral e bacteriana, sendo que, é difícil estabelecer o diagnóstico diferencial 
entre elas. Os seios etmoidaia e maxilar estão presentes ao nascimento, porém somente os seios etmoidais estão 
pneumatizados. Osseios maxilares não estão pneumatizados até os quatro anos de idade. Os seios esfenoidais 
surgem por volta dos 5 anos de idade, enquanto os seios frontais começam a se desenvolver entre os 7-8 anos de 
idade e não estão completamente desenvolvidos até a adolescência. Os seios paranasais normalmente são estéreis, 
mantidos pelo sistema de limpeza mucociliar. 
CLASSIFICAÇÃO 
1. Agudas: sintomas por 6 a 8 semanas; 
2. Crônicas: mais de 12 semanas de sintomas; 
3. Recorrentes: mais de 3 episódios em um ano. 
ETIOLOGIA 
× Patógenos bacterianos: Streptococcus pneumoniae - 30%; Haemophylus influenzae não tipificável - 20%; 
ƒMoraxella catarrhalis - 20%; 
× Outros: Staphylococcus aeureus, outros estreptococos e anaeróbios. 
Obs: cerca de 25% das infecções por S. pneumoniae são resistentes à penicilina. 
EPIDEMIOLOGIA 
Fatores predisponentes incluem: infecções virais de trato respiratório superior, rinite alérgica e exposição à fumaça 
de cigarros. 
PATOGÊNESE 
A infecção viral prévia do trato respiratório superior, produz uma rinossinusite viral. As IVAS provocam edema da 
mucosa respiratória, obstruindo a ventilação sinusal, ao mesmo tempo que dificulta a drenagem das secreções e 
alteram o sistema de defesa da mucosa, facilitando a instalação de uma infecção bacteriana. 
QUADRO CLÍNICO 
Incluem: queixas inespecíficas de congestão nasal, secreção nasal ( unilateral ou bilateral ), febre e tosse. Sintomas 
menos comuns são: diminuição da sensação dos odores, halitose e edema periorbital. Queixas de dor facial e cefaleia 
são raras em crianças, mas comum em adolescentes e adultos. 
COMPLICAÇÕES 
Celulite periorbitaria e celulite orbitária; Intracranianas: meningite, trombose de seio cavernoso, empiema subdural, 
abscesso cerebral; Outras: osteomielite do seio frontal (tumor de Pott-puffy). 
OTITE MÉDIA AGUDA 
É uma infecção do ouvido médio, que afeta primariamente lactentes e crianças pequenas, sendo menos frequente 
em crianças maiores e adolescentes e relativamente infrequente nos adultos. 
1. Otite média aguda: infecção aguda no ouvido médio com início rápido dos sinais e sintomas nasais; 
2. Otite média recorrente: três episódios de otite média aguda em seis meses ou quatro episódios em 12 
meses; 
3. Otite média secretora: inflamação da orelha média em que há uma coleção líquida no seu espaço. Este 
líquido pode apresentar-se com aspecto seroso, mucoso ou purulento. A membrana timpânica está intacta; 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
4. Secreção ou efusão em orelha média: é o líquido resultante da otite média ou de uma otite média secretora; 
ETIOLOGIA 
Streptococcus pneumoniae - 40% Haemophilus influenzae - 25% Moraxella catarrhalis - 12% Outros: Streptococcus 
beta-hemolítico do grupo A e Staphilococcus aureus. 
A porcentagem de Streptococcus pneumoniae resistentes vem aumentando. Não esquecer que a vacina com H. 
influenzae é dirigida à prevenção do tipo b (que dificilmente causa otite). 
EPIDEMIOLOGIA/FATORES DE RISCO 
A otite média é uma doença de alta prevalência, com morbidade elevada e baixa mortalidade. Cerca de 70% das 
crianças terão pelo menos um episódio de otite média antes de completar 5 anos de idade. É mais comum em 
população urbana do que rural. Quanto à variação sazonal, a incidência da otite é mais alta no inverno e mais baixa 
no verão. 
FATORES DE RISCO 
× infecção (viral ou bacteriana de vias aéreas 
superiores); 
× fatores anatômicos (disfunção da tuba 
auditiva, fenda palatina); 
× curta duração do aleitamento materno; 
× deficiência imunológica (principalmente 
primárias); 
× alergia/atopia (pouco); 
× fatores ambientais e sociais (creche, fumante 
passivo); 
× refluxo gastro-esofágico; 
× hipertrofia e infecção das adenóides; 
× posição da alimentação com a mamadeira 
(tuba auditiva é menor e mais horizontalizada).
QUADRO CLÍNICO 
O diagnóstico da otite média na criança é determinado pela história e exame físico. 
Otite média aguda: quadro prévio de IVAS arrastando-se hpa alguns dias e subitamente o aparecimento de otalgia 
(que é o sintoma mais comum); temperatura maior que 38°C, irritabilidade, vômitos e anorexia. 
Otite média secretora: é aparentemente assintomática. A queixa principal da criança é a diminuição da audição ou 
a sensação de ouvido “entupido”. A perda de audição é percebida pelos pais ou pela professora. 
Otite média recorrente: a recorrência e cronicidade da otite média aguda e da otite média secretora levam a efeitos 
adversos na fala, linguagem e desenvolvimento cognitivo; provavelmente causados por uma perda flutuante de 
audição. 
OTITE MÉDIA RECORRENTE 
Vários estudos sugerem que a quimioprofilaxia é eficaz em crianças com OMR, porém alguns aspectos devem ser 
avaliados antes de indicar quimioprofilaxia. Seguir alguns critérios: 
× 3 episódios de OMA em 6 meses ou 4 episódios em 1 ano; Amoxicilina e trimetropim/sulfametozaxol são 
escolha; 
× A dosagem é metade da dose terapêutica, 1 vez ao dia, ao deitar; 
× Tempo: realizar nos meses frios (maior chance de infecções do trato respiratório); 
× Reavaliação a cada 4 a 6 semanas; 
× Infecções agudas devem ser tratadas com antibiótico de grupo diferente do profilático. 
OTITE MÉDIA SECRETORA 
A maioria das crianças com otite média secretora cura espontaneamente, portanto, a melhor conduta a seguir em 
crianças assintomáticas é a observação. Existem situações em que a miringotomia com colocação de tubo de 
ventilação é o mais adequado. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
FARINGOAMIGDALITES 
Processo inflamatório que acomete as amígdalas e que se estende pela parede da orofaringe. É um processo 
inflamatório da região com eritema, exsudato ou ulceração, sendo a dor de garganta um sintoma universal. 
ETIOLOGIA 
Pode ter etiologia viral, geralmente em menores de 3 anos, ou bacteriana, em crianças maiores. A diferenciação se 
faz através de critérios clínicos e exame físico. Agente bacteriano mais comum é o estreptococo ß-hemolítico do 
grupo A, sendo menos comum outros agentes como estreptococos dos grupos C, G e H. Influenzae, S. pneumoniae, 
M. catarrhalis, S. aureus, bacteróides anaeróbios em geral. Entre os vírus, os mais comuns são: parainfluenzae, vírus 
sincicial respiratório, influenzae A e B, adenovírus tipos 1 a 3 e 5, rinovírus e coxsackie. O Epstein Baar vírus causa 
a mononucleose infecciosa e faringite exsudava em adultos jovens. 
QUADRO CLÍNICO 
As manifestações clínicas são variadas, podendo apresentar desde sintomas e sinais clássicos até uma infecção 
leve ou inaparente. Após período de incubação de 1 a 4 dias, a doença inicia-se de modo abrupto, principalmente em 
crianças de 5 a 11 anos de idade, com febre, dor de garganta, mal estar geral e cefaléias. Essas queixas 
acompanham-se de náuseas, vômitos e dor abdominal. Ao exame físico observa-se presença de exsudato sobre as 
amígdalas, em 50% a 90% dos casos, e gânglios linfáticos cervicais anteriores edemaciados e dolorosos. A 
diferenciação entre faringoamigdalite viral e bacteriana, através de parâmetros clínicos situa-se ao redor de 50%. O 
quadro viral apresenta sintomatologia mais leve que a bacteriana e pode se acompanhar de tosse, rinorréia e 
conjuntivite. A presença de vesículas, ulcerações e pústulas no palato sugere a etiologia viral. Em crianças menores 
de 3 anos, a faringite exsudava é raramente devida ao estreptococo do grupo A. 
LARINGITE 
ETIOLOGIA 
Os agentes virais são responsáveis pela maioria dos casos. Em ordem decrescente de freqüência: Vírus 
Parainfluenzae tipo 1; Parainfluenzae tipo 3 e 2; Vírus Sincicial Respiratório. Influenzae tipo A e B; adenovírus e 
Mycoplasma pneumoniae. 
PATOGÊNESE/FISIOPATOLOGIAExiste um tropismo viral pelo epitélio ciliado e após a infecção do epitélio respiratório ocorre resposta inflamatória 
ao vírus com influxo de células inflamatórias e 
consequente edema e congestão vascular. Com a cronicidade da inflamação, o epitélio infectado pelo vírus é 
destruído e pode ocorrer ulcerações da superfície e exposição das terminações nervosas com consequente espasmo 
muscular. Pacientes com história de laringite espasmódica (recorrente) podem apresentar posteriormente hiper-
reatividade das vias aéreas. 
QUADRO CLÍNICO: ETIOLOGIA VIRAL 
A doença viral pode envolver a laringe (laringite), laringe e traquéia (laringotraqueíte) ou também os brônquios 
(laringotraqueobronquite - LTB). Há antecedentes de IVAS com febre baixa alguns dias antes (3-4 dias), 
desenvolvendo a seguir tosse rouca (“de cachorro”), estridor inspiratório com ou sem febre. LBT Espasmódica 
(recorrente) - Não tem pródromo viral. A criança está bem e acorda subitamente à noite com sintomas semelhantes 
à LTB viral: tiragem, rouquidão, tosse “tipo de cachorro” e estridor; porém a criança está afebril e sem toxemia. O 
curso tende a ser incidioso (3-5 dias), com piora noturna. Nos pacientes com obstrução grave, observa-se 
taquipnéia, retrações supraesternais e claviculares, pulso paradoxal pela alta pressão negativa intratorácica. A 
agitação e o choro pioram o estridor. Na evolução pode haver diminuição do estridor pela fadiga respiratória por não 
passagem de fluxo aéreo, além da cianose. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
EPIGLOTITE 
Doença causada principalmente pelo Haemoplylus influenzae tipo (Hib). Atualmente rara desde a introdução da 
vacina anti Hib. Diferencia-se da laringite viral por ser um quadro agudo (menor que 24 h de doença) com toxemia 
importante, febre alta, disfagia e sialorréia, afonia (raramente rouquidão). Deve-se manusear o paciente o mínimo 
possível para não precipitar a obstrução das vias aéreas e consequente parada cárdio-respiratória (não tentar 
visualizar a epiglote e manter o paciente sentado); administrar oxigenioterapia, encaminha-lo à UTI Pediátrica e 
iniciar antibioticoterapia (Ampicilina + Cloranfenicol ou Ceftriaxona). 
RINITE 
Rinite é uma reação inflamatória que ocorre na mucosa nasal consequente a fatores alérgicos ou não. Clinicamente 
é definida como a somatória dos sintomas: rinorréia, obstrução nasal, prurido e/ ou espirros. De uma forma geral, 
independente da etiologia, representa algumas das afecções mais frequentes na espécie humana, e pode apresentar 
grande impacto na qualidade de vida do paciente, perturbandolhe o sono, a capacidade de concentração e o 
desempenho nas atividades diárias. 
Dentre as várias classificações propostas, a separação das rinites em “alérgicas” e “não- alérgicas” e dessas, 
“infecciosas” e “não-infecciosas” é uma das mais utilizadas. Somam-se às rinites não-infecciosas as rinites 
relacionadas com determinadas afecções, como polipose nasal, discinesia ciliar, fibrose cística, granulomatose de 
Wegener, linfoma nasal de linha média e tumores. Excetuando-se as infecciosas virais, a rinite alérgica corresponde 
ao maior grupo. 
FISIOPATOLOGIA 
O antígeno depositado na mucosa nasal é processado pela célula de Langerhans e outras células apresentadoras 
de antígenos e é então ligado a receptores denominados moléculas de complexos de histocompatibilidade principal 
classe II (MHCII). Em determinado momento, este antígeno é apresentado ao linfócito T auxiliar (TH0). Após ligarem-
se a receptores específicos e, por mediadores, os linfócitos TH0 se diferenciam em TH2 (linfócito auxiliar tipo 2) e 
liberam citocinas próprias como a interleucina (IL) 3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-10, IL-13, GM-CSF (fator de estimulação de 
colônias de macrófago e granulócito), deixando o ambiente com características atópicas. Os linfócitos B 
diferenciam-se em plasmócitos, após estimulação da IL-4 e IL-13, e produzem IgE que se ligam aos receptores dos 
mastócitos. Neste momento, os mastócitos estão sensibilizados. Num segundo momento de contato com o mesmo 
antígeno, há degranulação dos mastócitos e liberação de mediadores inflamatórios, como histamina, bradicinina, 
leucotrienos, entre outros, e os primeiros sintomas de prurido, espirro, rinorréia e obstrução nasal aparecem. Esta 
fase imediata dura aproximadamente 30 minutos e, então, os sintomas cessam. Algumas horas depois ocorre a fase 
tardia, que corresponde a um novo aumento nos níveis dos mediadores, especialmente a histamina, acúmulo de 
eosinófilos e ativação dos linfócitos T, com exacerbação da sintomatologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
imunização 
A imunidade protetora contra um microrganismo 
normalmente é induzida pela resposta do hospedeiro ao 
microrganismo. A forma de imunidade que é induzida pela 
exposição a um antíge no estranho é chamada de imunidade 
ativa, porque o indivíduo imunizado tem papel ativo na 
resposta ao antígeno. Indivíduos e linfócitos que não 
encontraram um antígeno particular são ditos como sendo 
inativos (imaturos ou naïve), implicando que eles são 
imunologicamente inexperientes. Indivíduos que 
responderam a um antígeno microbiano e são protegidos de 
exposições subsequentes àquele microrganismo são tidos 
como imunes. 
A imunidade também pode ser conferida a um indivíduo pela 
transferência de soro ou linfócitos de um indivíduo 
especificamente imunizado em situações experimentais, um processo conhecido como transferência adaptativa. O 
recebedor de tal transferência se torna imune a um antígeno particular sem nunca ter sido exposto ou ter respondido 
àquele antígeno. Portanto, esta forma de imunização é chamada de imunidade passiva. A imunidade passiva é um 
método útil para conferir rapidamente resistência, sem ter que esperar pelo desenvolvimento de uma resposta 
imune. Um exemplo fisiologicamente importante de imunidade passiva é a transferência de anticorpos maternos 
através da placenta para o feto, o que permite aos recém-nascidos o combate a infecções antes de eles próprios 
desenvolverem a habilidade de produzir anticorpos. A imunização passiva contra toxinas pela administração de 
anticorpos de animais imunizados é um tratamento salvador para infecções letais, tais como raiva e picadas de 
cobras. A técnica de transferência adaptativa tornou possível definir as várias células e moléculas que são 
responsáveis por mediar a imunidade específica. 
IMUNIDADE ATIVA 
O princípio fundamental da vacinação é 
administrar uma forma morta ou atenuada 
de um agente infeccioso ou um componente 
de um microrganismo que não causa a 
doença, mas provoca uma resposta imune 
que fornece proteção contra a infecção pelo 
microrganismo patogênico vivo. 
O sucesso da vacinação na erradicação das doenças infecciosas é dependente de várias propriedades dos 
microrganismos. As vacinas são eficazes, se o agente infeccioso não estabelecer latência, se não se passar por 
nenhuma ou por muita variação antigênica e se não interferir com resposta imunológica do hospedeiro. É difícil 
vacinar de maneira eficaz contra microrganismos, tais como o HIV, que estabelece uma infecção latente e é 
altamente variável. As vacinas são também mais eficazes contra infecções que são limitadas a hospedeiros 
humanos e não apresentam reservatórios animais. 
A maioria das vacinas em uso atualmente trabalha induzindo a imunidade humoral. Os anticorpos são o único 
mecanismo do sistema imunológico que previne infecções pela neutralização e eliminação dos microrganismos 
antes de se estabelecerem hospedeiro. As melhores vacinas são aquelas que estimulam o desenvolvimento dos 
plasmócitos de longa vida que produzem anticorpos de alta afinidade, assim como as células B de memória.Estes 
aspectos das respostas imunológicas humorais são melhores induzidos pela reação no centro germinativo, que 
requer o auxílio fornecido pelas células T CD4+ específicas para antígenos proteicos. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
VACINAS BACTERIANAS E VIRAIS ATENUADAS E INATIVADAS 
As vacinas compostas por microrganismos não patogênicos intactos são produzidas pelo tratamento dos 
microrganismos de maneira que não possam causar a doença (ou seja, a sua virulência é atenuada) ou matando os 
microrganismos, mantendo a sua imunogenicidade. A grande vantagem das vacinas microbianas atenuadas é que 
elas provocam toda resposta imunológica inata e adaptativa (tanto humoral quanto mediada por células) que o 
microrganismo patogênico desencadearia, e elas são, portanto, a maneira ideal de induzir a imunidade protetora. As 
bactérias vivas atenuadas foram mostradas pela primeira vez por Louis Pasteur conferindo imunidade específica. As 
vacinas bacterianas em uso hoje, de bactérias atenuadas ou mortas, em geral induzem uma proteção limitada e são 
eficazes apenas por curtos períodos. As vacinas virais vivas atenuadas são geralmente mais eficazes; pólio, sarampo 
e febre amarela são três bons exemplos. A abordagem mais utilizada para a produção de tais vírus atenuados é a 
passagem repetida em cultura celular. Mais recentemente, a geração de genes mutantes sensíveis à temperatura 
e por deleção alcançaram o mesmo objetivo. Vacinas virais frequentemente induzem a imunidade específica 
duradoura, de modo que a imunização de crianças é suficiente para a proteção ao longo da vida. A maior preocupação 
com as vacinas virais ou bacterianas atenuadas é a segurança. A vacina viva atenuada oral contra a poliomielite 
praticamente erradicou a doença, mas em casos raros o vírus da vacina é reativado e provoca a poliomielite paralítica. 
Na verdade, o sucesso da vacinação em todo o mundo leva a questionar-se se a doença induzida pela vacina, embora 
rara, poderia tornar-se mais frequente do que a doença adquirida naturalmente. 
Este problema potencial pode ser revertido pela utilização das vacinas de vírus mortos, de modo a completar o 
programa de erradicação. 
Uma vacina inativada amplamente utilizada e de considerável importância para a saúde pública é a vacina contra a 
gripe. Os vírus influenza cultivados em ovos de galinha são utilizados em dois tipos de vacinas. A vacina mais comum 
é a trivalente inativada(morta) usada na vacina contra a gripe aplicada na pela via intramuscular. Três das cepas de 
influenza mais frequentemente encontradas são selecionadas a cada ano e incorporadas nesta vacina. Um segundo 
tipo de vacina contra a influenza envolve as mesmas três cepas, mas a vacina é constituída pelo vírus vivo atenuado 
e é utilizada como um spray nasal. 
 VACINAS DE ANTÍGENO PURIFICADO (SUBUNIDADE) 
 
As vacinas de subunidades são compostas de antígenos purificados a partir de microrganismos ou toxinas 
inativadas e geralmente são administradas com um adjuvante. Uma utilização eficaz de antígenos purificados como 
vacinas é feita na prevenção de doenças causadas por toxinas bacterianas. As toxinas podem ser inofensivas, sem 
perder a imunogenicidade, e tais toxoides induzem fortes respostas dos anticorpos. A difteria e o tétano são duas 
infecções cujas consequências potencialmente fatais têm sido amplamente controladas pela imunização de 
crianças com preparações de toxoides. As vacinas compostas por antígenos de polissacarídeo bacteriano são 
usadas contra os pneumococos e H. influenzae. Como os polissacarídeos são antígenos independentes de células 
T, eles tendem a induzir respostas de anticorpos de baixa afinidade e podem ser pouco imunogênicos em crianças 
(que não produzem fortes respostas de anticorpos de células T-independentes). As respostas de anticorpos de alta 
afinidade podem ser produzidas contra antígenos polissacarídeos, mesmo em crianças pelo acoplamento dos 
polissacárideos a proteínas para formar vacinas conjugadas. Estas vacinas funcionam como conjugados carreadores 
de hapteno e são uma aplicação prática do princípio da cooperação entre as células T e B. As vacinas contra H. 
influenzae, pneumococos e meningococos atualmente utilizadas, são vacinas conjugadas. As vacinas de proteína 
purificada estimulam as células T auxiliares e as respostas de anticorpos, mas elas não geram CTLs potentes. A 
razão para o baixo desenvolvimento de CTL é que proteínas exógenas (e peptídios) são ineficientes ao entrarem na 
via do MHC de classe I da apresentação de antígenos. Como resultado, as vacinas de proteínas não são reconhecidas 
de forma eficiente por células T CD8+ restritas de classe I. 
 VACINAS DE ANTÍGENOS SINTÉTICOS 
A meta da pesquisa de vacinas tem sido identificar a maioria dos antígenos ou epítopos microbianos mais 
imunogênicos para sintetizá-los no laboratório, e de usar os antígenos sintéticos como vacinas. É possível deduzir 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
as sequências proteicas de antígenos microbianos dos dados de sequência nucleotídica para preparar grandes 
quantidades de proteínas por tecnologia de DNA recombinante. As vacinas feitas de antígenos derivados de DNA 
recombinante estão agora em uso para o vírus da hepatite, o vírus do herpes simples, o vírus da febre aftosa (um 
importante patógeno para o gado), os papilomavírus humano e o rotavírus. No caso da maioria das vacinas contra o 
papilomavírus humano amplamente utilizadas, que foi desenvolvida para prevenir cânceres induzidos por vírus, as 
proteínas recombinantes de quatro cepas virais (HPV 6, 11, 16, e 18) são feitas em leveduras e combinadas com 
um adjuvante. O HPV 6 e 11 são causas comuns de verrugas, e o HPV 16 e 18 são as cepas mais comuns de HPV 
relacionados ao câncer cervical. 
 
VACINAS DE VÍRUS VIVOS ENVOLVENDO VÍRUS RECOMBINANTES 
Outra abordagem para o desenvolvimento de vacinas é introduzir os genes que codificam antígenos microbianos em 
um vírus não citopático e infectar pessoas com este vírus. Assim, o vírus funciona como uma fonte de antígeno em 
um indivíduo inoculado. A grande vantagem de vetores virais é que, tal como outros vírus vivos, eles induzem o 
complemento total das respostas imunológicas, incluindo respostas CTL fortes. Esta técnica tem sido usada mais 
comumente com os vetores de vírus da vaccínia. A inoculação de tais vírus recombinantes em muitas espécies de 
animais induz a imunidade humoral e a imunidade mediada por células contra o antígeno produzido pelo gene 
estranho (e, é claro, contra os antígenos do vírus da vaccínia). Um problema potencial com o vírus recombinante é 
que os vírus podem infectar as células hospedeiras e ainda embora eles não sejam patogênicos, podem produzir 
antígenos que estimulam respostas de CTL que matam as células hospedeiras infectadas. Estas e outras 
preocupações de segurança têm limitado o amplo uso dos vetores virais para a produção de vacinas. 
VACINAS DE DNA 
Um método interessante de vacinação foi desenvolvido com base em uma observação inesperada. A inoculação de 
um plasmídeo que contém o DNA complementar (cDNA) que codifica um antígeno proteico leva às respostas imunes 
humoral e celular contra o antígeno. É provável que as APCs, tais como células dendríticas, sejam transfectadas 
pelo plasmídeo e o cDNA seja transcrito e traduzido em uma proteína imunogênica que induz respostas específicas. 
Os plasmídeos bacterianos são ricos em nucleotídeos CpG não metilados e são reconhecidos por um TLR (TLR9) em 
células dendríticas e outras células, provocando assim uma resposta imunológica inata que aumenta a imunidade 
adaptativa.Portanto, as vacinas com DNA do plasmídeo podem ser eficazes, mesmo quando administradas sem 
adjuvantes. A capacidade de armazenar DNA sem refrigeração, para uso no campo, também faz com que esta técnica 
seja promissora. No entanto, as vacinas de DNA não têm sido tão eficazes quanto o esperado em ensaios clínicos, 
e os fatores que determinam a eficácia destas vacinas, especialmente em seres humanos, não estão ainda 
completamente definidos. 
ADJUVANTES E IMUNOMODULADORES 
A iniciação de respostas dependentes de células T imunológicas contra os antígenos de proteínas requer que os 
antígenos sejam administrados com adjuvantes. A maioria dos adjuvantes provoca a resposta imune inata, com 
aumento da expressão de coestimuladores e da produção de citocinas, tais como a IL-12, que estimula o 
crescimento e a diferenciação das células T. As bactérias mortas pelo calor são adjuvantes poderosos que são 
comumente utilizados em animais experimentais. No entanto, a inflamação local grave que tais adjuvantes 
desencadeiam impede a sua utilização em humanos. Muito esforço está sendo dedicado para o desenvolvimento de 
adjuvantes eficazes e seguros para utilização em seres humanos. Apenas dois foram aprovados para pacientes, o 
hidróxido alumínio gel de (que aparece para promover respostas de células B) e uma formulação lipídica chamada 
de Squalene que pode ativar fagócitos. Uma alternativa para os adjuvantes é administrar substâncias naturais que 
estimulam respostas de células T em conjunto com os antígenos. Por exemplo, a IL-12 incorporada a vacinas 
promove uma forte imunidade mediada por células. Como mencionado, o DNA do plasmídeo tem atividades 
intrínsecas como as do adjuvante e é possível incorporar coestimuladores (p. ex., as moléculas B7) ou citocinas 
para as vacinas de DNA deplasmídeo. Estas ideias interessantes permanecem experimentais. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
× Administração por Via Oral - As vacinas empregadas pela via oral são: contra poliomielite tipo Sabin (VOP), 
contra a febre tifoide Ty21a, cólera oral e contra rotavírus. 
× Administração por Via Intramuscular - Os locais utilizados são o vasto lateral da coxa ou o deltoide. A 
administração de vacinas na região glútea deve ser evitada e é contraindicada para algumas vacinas 
(hepatite B). Distúrbios hemorrágicos herdados ou adquiridos também contraindicam o uso desta via. As 
principais vacinas empregadas contêm alumínio e geralmente são compostas de agentes “mortos”. O 
alumínio libera de forma lenta os antígenos depositados no músculo intensificando a resposta imune. 
Citamos a DTP, DT, dT e hepatite B. 
× Administração por Via Subcutânea - São empregadas por esta via as vacinas de vírus vivos atenuados (não 
necessitam de alumínio). Citamos como exemplo a tríplice viral, a vacina contra a febre amarela e a varicela. 
× Administração Intradérmica - O BCG, composta de cepas atenuadas de Mycobacterium bovis, é um exemplo 
clássico. 
EVENTOS ADVERSOS 
É sabido que muitos dos sintomas sistêmicos podem não representar efeito adverso vacinal, mas uma manifestação 
de alguma doença intercorrente que fortuitamente, se exteriorizou naquele período após a vacinação. É necessária 
uma investigação cuidadosa para se fazer este diagnóstico diferencial. 
As vacinas não vivas tendem a apresentar com maior frequência efeitos locais, como dor, calor, rubor e edema devido 
a presença do alumínio em sua formulação. Estes aparecem precocemente, cerca de horas após a administração 
intramuscular. Seus efeitos sistêmicos, como, por exemplo, febre e irritabilidade, também tendem a aparecer em 
um período curto após a administração da vacina. A tríplice bacteriana (DPT) é um exemplo de vacina que cursa com 
muitos efeitos adversos, locais e também sistêmicos, principalmente pelo seu componente pertussis. 
Essas reações costumam ocorrer nas primeiras 48-72 horas depois da aplicação da vacina tríplice celular. Um 
evento adverso grave, com risco de sequelas persistentes, inclui a encefalopatia, caracterizada pelo aparecimento 
nos primeiros sete dias que se seguem à aplicação da vacina, de rebaixamento do nível de consciência e alterações 
de comportamento. As complicações graves, sem risco de sequelas persistentes, incluem: convulsões – convulsões 
isoladas que se manifestam nas primeiras 72 horas depois da vacinação; anafilaxia – definida pela ocorrência de 
reações de hipersensibilidade do tipo I nas primeiras duas horas depois da vacinação; e síndrome hipotônica-
hiporresponsiva – definida pela instalação nas primeiras 48 horas depois da aplicação da vacina, de hipotonia 
muscular e diminuição da resposta a estímulos externos. 
As vacinas vivas atenuadas produzem efeitos sistêmicos iniciados em um intervalo maior após a aplicação, tempo 
este correspondente ao período de incubação do agente infeccioso. Os sintomas clínicos são coincidentes com a 
viremia, ou período de replicação viral no organismo e “mimetizam” a doença original de uma forma mais “branda”. 
Além da já conhecida divisão dos eventos vacinais em locais e sistêmicos, também podemos classificá-los 
didaticamente em dois grupos: 
a. Eventos decorrentes de depressão imunológica do paciente. Já vimos que pacientes com 
imunodepressão grave primária ou secundária podem desenvolver complicações graves relacionadas 
às vacinas vivas atenuadas. Em relação às vacinas não vivas, o grande prejuízo é o não 
desencadeamento de uma resposta imunológica protetora, deixando o indivíduo susceptível àquelas 
doenças. 
b. Eventos decorrentes de reações de hipersensibilidade, que são de acordo com a classificação de 
Gell e Coombs: 
 Reação Tipo I – mediada por IgE. Tempo de início: 2-30 minutos. São representadas pelas 
reações anafiláticas que se manifestam dentro de minutos após a aplicação da vacina. 
Geralmente são desencadeadas por algum componente da vacina, e não pelo agente 
infeccioso em si. Os soros heterólogos (ex.: equinos) também podem desencadear este tipo 
de reação. As principais manifestações são: 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
• Cutâneas; 
• Respiratórias; 
• Olho e nariz; 
• Cardiovascular; 
• Gastrointestinal; 
 Reação Tipo III – mediada por imunocomplexos. Tempo de início: 2 horas. Cursam com 
vasculite e necrose tecidual local. É o que ocorre nas aplicações repetidas das vacinas 
contra difteria e tétano. 
 Reação Tipo IV – hipersensibilidade tardia, reação mediada pela imunidade celular, com 
linfócitos T citotóxicos direcionados contra as células do hospedeiro. Tempo de início: 24 a 
72 horas. São exemplos, as reações cutâneas à neomicina e timerosal, usados como 
conservantes nas vacinas. 
CONTRAINDICAÇÕES GERAIS 
× Reação imediata anafilática a qualquer componente da vacina, que foi previamente administrada. Reações de 
início retardado, que se iniciam cerca de 48 a 96 horas após a aplicação da vacina, não se constituem em 
contraindicação. 
× As vacinas de bactérias e vírus vivo atenuado não deve ser aplicadas em: 
× Imunodeficiência congênita e adquirida. 
× Neoplasia maligna. 
× Tratamento imunossupressor com prednisona. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 3 - Fechamento 
SBP 
1. BCG – Tuberculose: Deve ser aplicada em dose 
única. Uma segunda dose da vacina está 
recomendada quando, após seis meses da 
primeira dose, não se observa cicatriz no local da 
aplicação. Hanseníase: Em comunicantes 
domiciliares de hanseníase, independente da 
forma clínica, uma segunda dose pode ser 
aplicada com intervalo mínimo de seis meses 
após a primeira dose (ver norma específi ca). Em 
recém-nascidos fi lhos de mãe que utilizaram 
imunossupressores

Mais conteúdos dessa disciplina