Buscar

Nascimento, crescimento e desenvolvimento 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
UNIME 2019.1 
Nascimento, crescimento 
e desenvolvimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
Problema 1 – Intermediária 
1. Elucidar os fluxogramas de atendimento do RN até 15 dias de vida 
2. Explanar as escalas de avaliação de vitalidade do RN 
3. Descrever as alterações morfofisiológivas cardiopulmonares perinatais 
4. Discorrer a fisiopatologia dos fatores perinatais relacionados ao sofrimento fetal e materno 
5. Aclarar o mecanismo de ictericia fisiológica neonatal 
6. Explicar as alterações fisiológicas da pele do RN 
Problema 1 – fechamento 
1. Explanar a conduta do RN após o parto (alojamento e transporte) 
2. Explicar como ocorrea primeira consulta de puericultura e sua importância 
3. Discorrer sobre a triagem neonatal disponível pelo SUS e complementares bem como seus dados epidemiológicos 
4. Elucidar a fisiopatologia das causas de cólicas no lactente, seu diagnóstico e tratamento 
Problema 2 – intermediária 
1. Explanar a morfisiologia da mama e a síntese do leite e sua composição bioquímica e imunológica 
2. Elucidar a importância do aleitamento materno para o lactente e lactante e sua técnica 
3. Discorrer os benefícios e os prejuízos que os diferentes tipos de leite oferece ao lactente 
4. Caracterizar os planos nutricionais para crianças de até 1 ano bem como seus distúrbios alimentares 
5. Explicar o desenvolvimento do bebê de 1 ano bem como suas escalas de acompanhamento 
Problema 2 – fechamento 
1. Elucidar os recursos humanos e físicos que compõe a creche, bem como sua influência no desenvolvimento infantil 
2. Explanar o quadro, diagnóstico e tratamento de dermatite de fralda e de erros nutricionais com enfoque no refluxo 
3. Explanar a importância da puericutura no acompanhamento infantil 
Problema 3 – fechamento 
1. Descrever como ocorre o desenvolvimento do sistema imune da criança até sua completa maturação 
2. Elucidar a etiologia, fisiopatologia e diagnóstico das principais infecções de VAS em crianças 
3. Discorrer as indicações e contraindicações, tipos e efeitos colaterais das vacinas do calendário do MS e complementares 
(SBP e SBIm) para criança 
4. Explanar sobre o desenvolvimento cognitivo e da habilidade socioemocional da criança na pré-escola e suas escalas de 
acompanhamento 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira 
Problema 4 – fechamento 
1. Elucidar a desnutrição energético-proteica e suas consequências relacionando com as medidas antropométricas bem como a 
fisiopatologia da anemia ferropriva 
2. Discorrer o papel do Bolsa Família no controle da desnutrição 
3. Explanar os acidentes domésticos infantins mais recorrentes bem como a correta orientação para sua prevenção 
4. Relacionar os direitos maternos frente à situações de agravos de saúde 
Problema 5 – fechamento 
1. Explanar a fisiopatologia, as manifestações clínicas e diagnósticos das principais enteroparasitoses: teníase, ascaridíase, 
ansilostomíase, gíardíase, amebíase e enterobiose 
2. Descrever a profilaxia e o mecanismo de ação e os efeitos colaterais do tratamento para enteroparasitas 
3. Elucidar os principais déficiits de aprendizagem em escolares de 5 à 10 anos 
Problema 6 – fechamento 
1. Explanar o desenvolvimento fisiológico da puberdade relacionamento com a escala de Tunner 
2. Elucidar os aspectos psicossociais e afetivos na adolescência bem como seus direitos de acordo com o ECA 
3. Discorrer os principais transtornos alimentares na adolescência 
4. Descrever o consumo de substâncias ilícitas e lícitas na adolescência 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
atendimento ao recém-nascido 
O preparo para atender o RN na sala de parto consiste na realização de anamnese materna, na disponibilidade do 
material necessário e na presença de equipe treinada em reanimação neonatal. Condições clínicas maternas, 
intercorrências na gravidez, no trabalho de parto ou parto e problemas com a vitalidade fetal chamam a atenção 
para a possibilidade de a reanimação ser necessária. 
Todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, 
antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação 
e administração de medicações e está regulamentado pela portaria do Ministério da Saúde 371/2014. 
Considerando-se a frequência de RN que precisam de algum procedimento de reanimação e a rapidez com que essas 
manobras devem ser iniciadas, é fundamental que pelo menos um profissional capaz de iniciar de forma adequada a 
reanimação neonatal esteja presente em todo parto, de preferência o pediatra. Quando se antecipa o nascimento de 
um concepto de alto risco, podem ser necessários dois a três profissionais treinados e capacitados a reanimar o 
RN de maneira plena, rápida e efetiva, pelo menos um deles pediatra. No caso do nascimento de gemelares, é 
importante dispor de material e equipe próprios para cada criança. 
Para a recepção do RN, utilizar as precauções-padrão que compreendem a lavagem/higienização correta das mãos 
e o uso de luvas, aventais, máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com material biológico 
do paciente 
AVALIAÇÃO DA VITALIDADE AO NASCER 
A reanimação depende da avaliação simultânea da respiração e da frequência cardíaca (FC). A FC é o principal 
determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve 
respirar de maneira regular, suficiente para manter a FC acima de 100 bpm. A FC deve ser avaliada inicialmente por 
meio da ausculta do precórdio com estetoscópio. Se há necessidade de qualquer procedimento de reanimação, a 
avaliação da FC é feita por meio do monitor cardíaco com 3 eletrodos. A ausculta precordial, a palpação do cordão e 
o sinal de pulso na oximetria podem subestimar a FC. 
Quanto ao boletim de Apgar, este não é indicado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem 
instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aplicação permite avaliar a resposta do RN às manobras 
realizadas e a eficácia dessas manobras. Se o escore é inferior a 7 no quinto minuto, recomenda-se realizá-lo a cada 
5 minutos, até 20 minutos de vida. 
Boletim de Apgar 
Consiste na avaliação de 5 sinais no primeiro, no quinto e no 
décimo minuto após o nascimento, atribuindo-se a cada um 
dos sinais uma pontuação de 0 a 2. Os sinais avaliados são 
a frequência cardíaca, a respiração, o tônus muscular, a cor 
da pele e a presença de reflexos. O somatório da pontuação 
resultará no Índice de Apgar: Apgar 8 a 10 significa que o 
bebê nasceu em ótimas condições. Apgar 5 a 7 significa que 
o bebê apresentou uma dificuldade leve. Apgar 3 a 4 traduz 
uma dificuldade de grau moderado e Apgar 0 a 2 aponta uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades 
persistirem durante alguns minutos sem tratamento, podem levar a alteraç ões metabólicas no organismo e anóxia. 
A presença de mecônio é agravante. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO A TERMO COM BOA VITALIDADE AO NASCER 
Se, ao nascimento, o RN é de termo, está respirando ou chorando, com tônus muscular em flexão, 
independentemente do aspecto do líquido amniótico meconial, ele não necessita de qualquer manobra de 
reanimação. 
O contato pele a pele com a mãe imediatamente após o nascimento reduz o risco de hipotermia em RN a termo com 
boa vitalidade, desde que cobertos com campos pré-aquecidos. Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, 
pois se associaa um período maior de amamentação, melhor interação mãe‑bebê e menor risco de hemorragia 
materna. 
PASSOS INICIAIS DA ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Pacientes com idade gestacional diferente do termo (< 37 semanas ou ≥ 42 semanas) e aqueles de qualquer idade 
gestacional que não iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou aqueles cujo tônus muscular está flácido 
precisam ser conduzidos à mesa de reanimação, indicando-se os seguintes passos: prover calor, posicionar a cabeça 
em leve extensão, aspirar boca e narinas, se necessário, e secar o paciente. Esses passos devem ser executados 
em, no máximo, 30 segundos. 
Temperatura corporal 
O primeiro passo consiste em manter a temperatura corporal entre 36,5 e 37,5°C. 
Para diminuir a perda de calor, é importante pré-aquecer a sala de parto e a sala em 
que serão realizados os procedimentos de reanimação, mantendo temperatura 
ambiente de 23 a 26°C. Após o clampeamento do cordão, o RN é recepcionado em 
campos aquecidos e colocado sob calor radiante. Em pacientes com idade 
gestacional < 34 semanas, recomenda-se o uso do saco plástico transparente de 
polietileno de 30 x 50 cm. Assim, logo depois de posicionar o recém-nascido sob fonte de calor radiante e antes de 
secar, introduz-se o corpo, exceto a face, dentro do saco plástico e, a seguir, realizam-se as manobras necessárias. 
Essa prática deve ser suplementada pelo emprego de touca dupla (plástico e lã/algodão) para reduzir a perda de 
calor na região da fontanela. Nos neonatos com idade gestacional ≥ 34 semanas, após a colocação sob fonte de 
calor radiante e a realização das medidas para manter as vias aéreas permeáveis, secar o corpo e a região da 
fontanela e desprezar os campos úmidos. Cuidado especial deve ser dirigido no sentido de evitar 
a hipertermia, pois pode agravar a lesão cerebral em pacientes asfixiados. 
Extensão da cabeça 
A fim de manter a permeabilidade das vias aéreas, posiciona-se a cabeça do RN com uma leve 
extensão do pescoço. Evitar sua hiperextensão ou flexão exagerada. Por vezes, é necessário 
colocar um coxim sob os ombros do paciente para facilitar o posicionamento adequado da cabeça. 
Aspiração da boca e narinas 
Na sequência, se houver excesso de secreções nas vias aéreas, a boca e depois as narinas 
são aspiradas delicadamente com sonda traqueal conectada ao aspirador a vácuo, sob 
pressão máxima aproximada de 100 mmHg. A aspiração da hipofaringe deve ser evitada, 
pois pode causar atelectasia, trauma e prejudicar o estabelecimento de uma respiração 
efetiva. 
Uma vez feitos os passos iniciais da reanimação, avaliam-se a respiração e a FC. Se houver 
vitalidade adequada, com respiração rítmica e regular e FC > 100 bpm, o RN deve receber 
os cuidados de rotina na sala de parto. Se o paciente, após os passos iniciais, não 
apresenta melhora, indica-se a ventilação com pressão positiva, a colocação dos eletrodos 
do monitor cardíaco e do sensor neonatal do oxímetro de pulso. 
Ventilação com pressão positiva 
O ponto crítico para o sucesso da reanimação neonatal é a ventilação pulmonar adequada, com a finalidade de inflar 
os pulmões do recém-nascido e, com isso, levar à dilatação da vasculatura pulmonar e à hematose apropriada. 
Assim, após os cuidados para manter a temperatura e a permeabilidade dasvias aéreas, a presença de apneia, 
respiração irregular e/ou FC < 100 bpm indica a VPP, que precisa ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida 
(“minuto de ouro”). A ventilação pulmonar é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do 
RN em sala de parto. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Para discutir a VPP, é necessário entender qual a concentração de oxigênio suplementar a ser utilizada, como 
controlar a oferta de oxigênio, quais os equipamentos disponíveis para as ventilação efetiva e qual a técnica 
recomendada. 
Para ventilar o RN, é necessário decidir a concentração de oxigênio a ser ministrada. Após os passos iniciais, se o 
RN ≥ 34 semanas apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm, iniciar a ventilação com ar ambiente. 
Uma vez iniciada a ventilação, monitorar a oferta do oxigênio suplementar pela 
oximetria de pulso. Aplicar o sensor neonatal na região do pulso radial do 
membro superior direito e, a seguir, conectá-lo ao cabo do oxímetro. A leitura 
confiável da saturação de oxigênio (SatO2) demora 1 a 2 minutos após o 
nascimento, desde que haja débito cardíaco suficiente, com perfusão 
periférica. Os valores desejáveis de SatO2 variam de acordo com o tempo de 
vida. A concentração de oxigênio oferecida deve ser ajustada por meio de um blender, de acordo com a SatO2 
desejável. Quando o RN ≥ 34 semanas não melhora e/ou não atinge os valores desejáveis de SatO2 com a VPP em ar 
ambiente, recomenda-se, em primeiro lugar, rever a técnica da ventilação. A necessidade de oxigênio suplementar 
em RN ≥ 34 semanas é excepcional se a VPP é feita com a técnica adequada. 
Em relação aos nascidos com idade gestacional abaixo de 34 semanas, as pesquisas ainda não responderam qual 
a concentração de oxigênio ideal para sua reanimação. Se, por um lado, o uso de ar ambiente na ventilação de 
prematuros, durante a reanimação em sala de parto, pode não ser suficiente para que esses pacientes atinjam uma 
oxigenação adequada, o emprego de oxigênio a 100% pode ser excessivo e deletério, contribuindo para lesões 
inflamatórias em pulmões e sistema nervoso central. Recomenda-se, atualmente, utilizar a concentração inicial de 
30%, aumentando-a ou reduzindo-a por meio de um blender, de modo a manter a FC > 100 bpm nos minutos iniciais 
de vida e a SatO2 nos limites. Só se deve aumentar a oferta de oxigênio depois de certificar-se de que a técnica da 
ventilação está adequada. 
A indicação da entubação no processo de reanimação depende da habilidade e da experiência do profissional 
responsável pelo procedimento. Em mãos menos experientes, existe um elevado risco de complicações como 
hipoxemia, apneia, bradicardia, pneumotórax, laceração de tecidos moles, perfuração de traqueia ou esôfago, além 
de maior risco de infecção. Vale lembrar que cada tentativa de entubação deve durar, no máximo, 30 segundos. Em 
caso de insucesso, o procedimento é interrompido e a VPP com balão e máscara é iniciada, sendo realizada nova 
tentativa de entubação após estabilizar o paciente. 
A confirmação da posição da cânula é obrigatória, podendo ser realizada por meio da inspeção do tórax, ausculta 
das regiões axilares e gástrica e observação da FC. Entretanto, o método preferencial para confirmar a posição da 
cânula é a detecção de dióxido de carbono (CO2) exalado, por ser objetivo e rápido. A técnica colorimétrica é a mais 
utilizada, com o detector pediátrico posicionado entre o conector da cânula e o balão/ventilador. A única situação 
em que essa técnica apresenta resultados falso-negativos ocorre quando há má perfusão pulmonar. 
Após a entubação, inicia-se a ventilação com balão autoinflável na mesma frequência e pressão descritas para a 
ventilação com balão e máscara. Considera-se que houve melhora se o RN apresentar FC > 100 bpm e movimentos 
respiratórios espontâneos e regulares. Nessa situação, a ventilação é suspensa e o RN extubado. Há falha se, após 
30 segundos de VPP com balão e cânula traqueal, o RN mantém FC < 100 bpm ou não retoma a respiração 
espontânea. Nesse caso, verificar a posição da cânula, a permeabilidade das vias aéreas e a pressão no balão, 
corrigindo o que for necessário. Quando o RN mantém a apneia ou a respiração irregular, a entubação e a ventilação 
devem ser mantidas e, em seguida, o paciente é levado à unidadede terapia intensiva neonatal em incubadora 
própria para o transporte. Se o RN mantém a FC < 60 bpm, está indicada aoferta de oxigênio suplementar e a 
massagem cardíaca. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Massagem cardíaca 
A asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, 
bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. A ventilação adequada reverte esse quadro na maioria dos pacientes. 
A massagem cardíaca só é iniciada se, após 30 segundos de VPP com técnica adequada e uso de oxigênio 60 a 
100%, o RN persistir com FC < 60 bpm. Como a massagem cardíaca diminui a eficácia da ventilação, as 
compressões só devem ser iniciadas quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem bem estabelecidas. 
A compressão cardíaca é realizada no terço inferior do esterno por meio da técnica dos dois polegares, com os 
polegares sobrepostos posicionados logo abaixo da linha intermamilar, poupando-se o apêndice xifoide. As palmas 
das mãos e os outros dedos devem circundar o tórax do RN. Comprimir 1/3 da dimensão anteroposterior do tórax, 
de maneira a produzir um pulso palpável. É importante permitir a expansão plena do tórax após a compressão para 
que ocorra o enchimento das câmaras ventriculares e das coronárias; no entanto, os dedos não devem ser retirados 
do terço inferior do tórax. As complicações da massagem cardíaca incluem a fratura de costelas, com pneumotórax 
e hemotórax, e a laceração de fígado. 
No RN, a ventilação e a massagem cardíaca são realizadas de forma sincrônica, mantendo-se uma relação de 3:1, 
ou seja, de ventilação, com uma frequência de 120 eventos por minuto (90 compressões e 30 ventilações por 
minuto). A massagem deve continuar enquanto a FC estiver < 60 bpm. Lembrar que a VPP durante a massagem 
cardíaca deve ser aplicada por cânula traqueal e oxigênio a 100%. É importante manter a qualidade das compressões 
cardíacas (localização, profundidade e ritmo), interrompendo a massagem apenas para oferecer a 
ventilação. Deve-se manter a massagem cardíaca coordenada à ventilação por 60 segundos, antes de reavaliar a 
FC, pois este é o tempo mínimo para que a massagem cardíaca efetiva possa restabelecer a pressão de perfusão 
coronariana. 
A melhora é considerada quando, após a VPP acompanhada de massagem cardíaca, o RN apresenta FC > 60 bpm. 
Nesse momento, interrompe-se apenas a massagem cardíaca. Caso o paciente apresente respirações espontâneas 
regulares e a FC atinja valores > 100 bpm, a ventilação também é suspensa. Em geral, quando o paciente recebeu 
massagem cardíaca na sala de parto, é prudente transportá-lo entubado à UTI neonatal em incubadora de transporte, 
com concentração de oxigênio suficiente para manter a SatO2 nos limites desejáveis, sendo a extubação decidida 
de acordo com a avaliação global do RN na unidade. 
Medicações 
A bradicardia neonatal é, em 
geral, resultado da insuflação 
pulmonar insuficiente e/ou de 
hipoxemia profunda. A 
ventilação adequada é o passo 
mais importante para corrigir a 
bradicardia. Quando a FC 
permanece < 60 bpm, a 
despeito de ventilação efetiva 
por cânula traqueal com 
oxigênio a 100% acompanhada 
de massagem cardíaca adequada por no mínimo 60 segundos, o uso de adrenalina e, eventualmente, do expansor 
de volume está indicado. Bicarbonato de sódio, naloxone, atropina, albumina e vasopressores não são recomendados 
na reanimação do RN em sala de parto. A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a 
endovenosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido apenas 1 
ou 2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização em nível hepático. Também é preciso 
cuidado na manipulação do cateter para que não ocorra embolia gasosa. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, enquanto o 
cateter venoso está sendo inserido, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível e a resposta, 
em geral, é insatisfatória. A adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva 
não elevaram a FC acima de 60 bpm. Recomenda-se sua administração por via endovenosa na dose de 0,01 a 0,03 
mg/kg. Doses elevadas de adrenalina (> 0,1 mg/kg) não devem ser empregadas, pois levam à hipertensão arterial 
grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico. Quando não há reversão da bradicardia com o 
uso da adrenalina, pode-se repeti-la a cada 3 a 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar o uso do 
expansor de volume caso o paciente esteja pálido ou existam evidências de choque. 
O expansor de volume pode ser necessário em RN com hipovolemia. A suspeita é feita se há perda de sangue e/ou 
se existem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não houve resposta 
adequada da FC às outras medidas de reanimação. A expansão de volume é feita com soro fisiológico a 0,9% na 
dose de 10 mL/kg, que pode ser repetida a critério clínico. Administrar o volume lentamente, em especial nos 
prematuros, pois a expansão rápida da volemia se associa à hemorragia intracraniana. 
Com o uso do expansor, espera-se o aumento da pressão arterial e a melhora dos pulsos e da palidez. Se não houver 
resposta, deve-se verificar a posição da cânula traqueal, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade 
da via de acesso vascular. 
CUIDADOS DE ROTINA APÓS A ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA DO RN NA SALA DE PARTO 
Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados em 
sequência: 
× Laqueadura do cordão umbilical: Fixar o clamp à distância de 2 a 3cm do anel umbilical, envolvendo o coto 
com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso 
utiliza-se soro fisiológico. Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de 
artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. 
× Prevenção da oftalmia gonocócica pelo método de Credé: Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou 
umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina. 
Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada 
olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que 
o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir 
o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser 
realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. 
× Antropometria: Realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, 
torácico e abdominal. 
× Prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K: Administrar 1mg de vitamina K1por via 
intramuscular ou subcutânea ao nascimento. 
× Detecção de incompatibilidade sanguínea materno-fetal: Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para 
determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de 
rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs 
indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. 
× Realização da sorologia para sífilis e HIV: Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. 
Caso a gestante não tenha realizado sorologia para HIV no último trimestre da gravidez ou o resultado não 
estiver disponível no dia do parto, deve-se fazer o teste rápido paraanti-HIV o mais breve possível, e 
administrar a zidovudina profilática antes do parto, caso o teste seja positivo 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Identificação do RN: O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do capítulo 1) regulamenta a 
identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital exame físico morfológico e da 
impressão digital da mãe. Essa identificação é feita no prontuário. Pulseiras devem ser colocadas na mãe e 
no RN, contendo o nome da mãe, o registro hospitalar, a data e hora do nascimento e o sexo do RN. 
Os RNs estáveis devem permanecer com suas mães e ser transportados ao alojamento conjunto. Caso haja a 
necessidade de transporte do RN para outra unidade neonatal, ele sempre deve ser mostrado à mãe novamente, 
antes do transporte. 
AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL 
O melhor método para avaliação da idade gestacional é a regra de Naegelle, que utiliza a data da última menstruação 
para o cálculo. No primeiro trimestre, o comprimento cabeça-nádega é a medida que melhor se correlaciona com a 
idade gestacional, e no segundo trimestre costuma- se usar como parâmetro o diâmetro bi parietal ou o 
comprimento do fêmur. Uma terceira ferramenta para se avaliar a idade gestacional é através do exame físico 
somático e neurológico do recém-nascido, cujos achados apresentam correspondência com seu grau de maturidade. 
Características clínicas neonatais e seu período de aparecimento e desaparecimento: 
× Verniz caseoso – surge entre 20 e 24 semanas. Começa a diminuir em torno de 36 semanas, desaparecendo 
com 41 semanas. Embora a quantidade presente ao nascimento esteja correlacionada com a idade 
gestacional, isso pode ser modificado pela nutrição fetal. 
× Pregas plantares – entre a 32ª e 34ª semanas de gestação uma única prega transversa anterior está 
presente. Com 37 semanas, dois terços da planta apresentam pregas; e, com 41 semanas, o calcanhar 
encontra-se enrugado. 
× Descamação da pele – ocorre mais comumente no pós-termo. 
× Coloração e textura da pele – com 37 semanas os vasos são visíveis. A deposição de gordura que ocorre 
entre 36-40 semanas, dá à pele uma aparência arredondada. 
× Lanugem – surge em torno da 20a semana da gestação. Em torno de 28 semanas, começa a desaparecer 
na face e na parte superior do tronco e, a termo, ainda costuma estar presente nos ombros. 
× Cabelos – surgem a partir de 20 semanas. 
× Olhos – as pálpebras se fundem no terceiro mês de vida e só reabrem entre 28-30 semanas. 
× Orelhas – antes de 34 semanas são formadas por uma espessa dobra de pele, de pequeno formato sem 
cartilagem. Com 34 semanas, elas ganham turgor, sendo observada a formação da cartilagem. Nessa fase, 
as orelhas começam a encurvar pela parte superior. Na 40a semana, o encurvamento é total, do topo ao 
lobo, com as orelhas apresentando consistência firme, mantendo-se saliente na cabeça. 
× Desenvolvimento mamário – a aréola começa a fazer relevo em torno da 34ª semana. Na 36ªsemana, um 
nódulo mamário de 1-2 mm pode ser palpado. Este aumenta semana a semana, até atingir 10-12 mm. 
× Genitália – Masculina: o início da descida dos testículos ocorre entre 32-36 semanas. Na 37ª semana, 
encontram-se na parte superior da bolsa escrotal. Com 40 semanas descem completamente. Feminina: no 
início da gestação, o clitóris é proeminente e os grandes lábios são pequenos. Com 40 semanas, 
coincidentemente com a deposição de gordura, os grandes lábios aumentam, cobrindo os pequenos lábios 
e o clitóris. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ao longo do tempo diversos escores clínicos foram confeccionados com o objetivo de se avaliar a idade gestacional, 
sendo os mais utilizados os métodos de Dubowitz, Capurro e New Ballard. O escore de Dubowitz (1970) utiliza 11 
critérios físicos externos e 10 critérios neurológicos para estimar a idade gestacional ao nascimento. Pode ser 
realizado até o 5º dia de vida e tem boa acurácia. Capurro e colaboradores criaram outro método a partir da 
simplificação do método de Dubowitz, utilizando para isso apenas cinco (Capurro Somático) ou seis características 
clínicas (Capurro Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas 4-6 primeiras horas de vida em 
neonatos a partir de 29 semanas de vida. 
Com a mesma intenção de criar uma forma de cálculo mais fácil, Ballard e colaboradores selecionaram apenas seis 
características somáticas e seis neurológicas do método de Dubowitz para confeccionar outro escore. O Ballard 
tem boa precisão e apresenta um grau de simplicidade intermediário. Em 1991 propôs-se uma modificação do 
Ballard original, através da atribuição de pontuação -1 e -2 para que pudesse ser aplicável em bebês prematuros. O 
New Ballard é bastante preciso quando aplicado até 12-20 horas após o nascimento, pode ser aplicado em 
prematuro extremo, requer pouca manipulação e 
sofre pouca influência por depressão neurológica. 
Atualmente, é o escore de avaliação de idade 
gestacional mais utilizado em prematuros e 
neonatos a termo. 
Método de Capurro 
Realizado após o nascimento da criança, o método 
ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de 
cinco fatores para determinar a idade gestacional do 
recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas 
plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo 
e formação da orelha. Cada um dos itens possui um 
nível de desenvolvimento de acordo com a IG. 
Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, 
assinalando a pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O 
resultado desse cálculo será dividido por 
7, obtendo assim o número de semanas 
da idade gestacional. 
O escore de Capurro é utilizado para 
determinar a IG quando as mães 
desconhecem a data da última 
menstruação (DUM) e não realizaram a 
ultrassonografia gestacional precoce 
(até 14 semanas). Os métodos citados 
acima (DUM e USG transvaginal precoce) 
possuem uma precisão maior, sendo 
preferíveis para essa análise. 
New Ballard 
Para obter um resultado com maior 
precisão, o exame físico do bebê deve ser 
realizado entre 12 e 20 horas após o 
nascimento. Para determinar a idade 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
gestacional, o New Ballard avalia seis parâmetros neurológicos e 
seis físicos. O profissional responsável pelo exame atribui uma 
nota para cada indicador, conforme a tabela de parâmetros, cuja 
somatória determina a IG do recém-nascido. 
Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da 
pontuação correspondente a todos os parâmetros avaliados. Na 
tabela abaixo, correlacionamos a idade gestacional (semanas e 
dias) à somatória encontrada. 
Dubowitz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
modificações na vida extrauterina 
FISIOLÓGICAS 
Antes do nascimento, o feto é absolutamente dependente da mãe para suas funções vitais. Após o nascimento, e 
com o clampeamento do cordão umbilical, o recém-nascido necessita assumir as funções fisiológicas, antes 
realizadas pela placenta, passando pelo período de transição, que compreende suas primeiras 24 horas de vida. A 
maioria dos bebês, tem seu processo de transição cumprido nas primeiras 4 a 6 horas de vida. 
Para a grande parte dos recém-nascidos, a transição para a vida extrauterina é suave e sem intercorrências, mas 
para alguns, é retardada ou difícil. O período imediato após o nascimento representa um dos mais difíceis do ciclo 
da vida humana, evidenciado pelofato de que mais de 50% da mortalidade infantil, acontece no período neonatal. E 
a metade dos óbitos ocorridos do 28° dia de vida até um ano de idade, são decorrentes de problemas sofridos nesse 
período. 
A adaptação do recém-nascido à vida extrauterina é favorecida pelo trabalho de parto, porque este ocasiona 
modificações nos sistemas e órgãos do feto. A via de parturição influencia no processo de adaptação, principalmente 
em relação sistema respiratório, onde problemas como doença da membrana hialina, má adaptação pulmonar, 
infecção, aspiração de mecônio e pneumotórax, ocorrem em maiores porcentagens em bebês nascidos por cesariana 
do que por via vaginal. O sistema cardiovascular também é afetado, onde a frequência cardíaca e os níveis de pressão 
sistólica e diastólica são mais elevados no parto vaginal nas primeiras 2 horas de vida. 
Devido ao estresse do nascimento, observa-se um considerável aumento dos níveis sanguíneos de catecolaminas 
(epinefrina e norepinefrina), onde se acredita que esse aumento seja responsável por algumas alterações que 
ocorrem durante o período de transição, como aumento do débito cardíaco e da contractilidade miocárdica, liberação 
de surfactante pulmonar, inibição da secreção de líquido pulmonar e promoção de sua reabsorção, estimulação da 
glicogenólise e indução da lipólise. 
Após o nascimento, ocorrem simultaneamente em todos os sistemas corporais do recém-nascido, ajustes 
fisiológicos dos sistemas orgânicos, e a viabilidade do concepto dependerá de sua rápida e adequada adaptação à 
vida extrauterina, onde as principais e imediatas adaptações da transição são a respiratória, a circulatória e a 
térmica. 
ADAPTAÇÃO CARDIOVASCULAR 
O sistema circulatório fetal funciona como se fosse duas bombas interligadas funcionando em paralelo, e após o 
nascimento, o arranjo dos ventrículos faz com que a circulação neonatal funcione como uma conexão em série. 
Durante o período de transição, a circulação fetal necessita sofrer modificações para se tornar uma circulação 
neonatal. Desde o início do desprendimento materno, com o pinçamento do cordão umbilical, as principais 
modificações são o desaparecimento da circulação placento-fetal, aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e 
fechamento dos shunts fetais. 
Quando o cordão umbilical é clampeado e o neonato tem sua primeira respiração, a resistência vascular sistêmica 
aumenta e o fluxo de sangue através do ducto arterioso declina. A maior parte do débito ventricular direito flui 
através dos pulmões favorecendo o retorno venoso pulmonar para o átrio esquerdo. Em resposta a um volume 
sanguíneo aumentado no coração e nos pulmões, a pressão atrial esquerda se eleva. Combinada com a resistência 
sistêmica elevada, essa elevação de pressão resulta em fechamento funcional do forame oval. Dentro de vários 
meses, o forame oval sofre fechamento anatômico. A instalação do esforço respiratório e os efeitos do aumento da 
pressão parcial de oxigênio arterial causam uma constrição do ducto arterioso, que fecha funcionalmente 15 a 24 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
horas após o nascimento. Em torno da terceira a quarta semana, esse desvio sofre fechamento anatômico. O 
clampeamento do cordão umbilical para o fluxo sanguíneo através do ducto venoso, fechando funcionalmente essa 
estrutura. O ducto venoso se fecha anatomicamente em torno da primeira ou segunda semana. Após o nascimento, 
a veia e as artérias umbilicais não mais transportam o sangue e se obliteram. 
O fechamento funcional das estruturas cardíacas fetais (forame oval, canal arterial e ducto venoso), acontece 
progressivamente, e completa-se em torno de um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar 
semanas. Devido aos shunts fetais se fecharem funcionalmente antes de se fecharem anatomicamente, podem 
ocorrer aberturas intermitentes dessas estruturas, ocorrendo passagem de sangue não oxigenado do lado direito 
para o esquerdo do coração, levando o recém-nascido a apresentar uma cianose transitória e com o choro, aumenta 
a pressão da veia cava e átrio direito, que leva ao aparecimento de sopros. A simples presença de sopros não 
significa, necessariamente, a presença de um problema cardíaco, mas quando são acompanhados de cianose e 
sinais de dificuldade cardíaca e respiratória devem ser investigados. 
Na gestação, o sangue com O² retorna pela veia cava inferior, sendo ele proveniente dos segmentos inferiores do 
feto e da placenta, chegando ao feto com 67% de saturação de Hb. Ao átrio esquerdo, 66% do sangue chega pelo 
forame oval, que fica próximo à veia cava inferior, se misturando com sangue venoso e seguindo ao ventrículo 
esquerdo, de onde vai para circulação sistêmica pela aorta, que se conecta com artérias braquiocefálicas antes dos 
demais, favorecendo irrigação cefálica. Ao átrio direito, o terço restante se mistura ao proveniente da veia cava 
superior, segue ao ventrículo direito e saindo para tronco pulmonar com 58% de saturação. Contudo, como há a RVP, 
boa parte vai para aorta pelo canal arterial. 
No neonato, com a primeira respiração, a RVP cai e a resistência sistêmica aumenta, portanto, retorno venoso ao 
átrio direito diminui e o fluxo esquerdo aumenta. Deste modo, a pressão do lado esquerdo supera o direito, ocluindo 
o forame oval. Além disso, a pressão sistêmica excede a pulmonar, fazendo com que canal arterial tenha seu fluxo 
invertido da esquerda à direita, aumentando fluxo pulmonar, o que resulta em contração pela oclusão de canal 
arterial por aumento de O2 e liberação de prostaglandinas. A entrada da placenta leva à constrição de veia e artéria 
umbilicais e de canal umbilical. 
Só haverá dominância de ventrículo esquerdo após 3-6 meses, visto que ele vai se remodelando. Anastomoses 
broncopulmonares permitem desvio de sangue para a aurícula esquerda e as diferenças fásicas de pressão no canal 
arterial o desviam a este e forame oval. 
ADAPTAÇÃO RESPIRATÓRIA 
Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbônico eliminado através da placenta, uma vez que 
seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém-nascido deve estabelecer sua respiração através dos 
alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. 
No decorrer da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão 
superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com 
que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias 
diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido (KENNER, 2001). 
Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco 
total. O início da função respiratória é estabelecido por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor 
e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros 
minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche-se de ar e o fluxo 
sanguíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ao passar pelo canal vaginal no 
trabalho de parto, o tórax é 
comprimido, variando a pressão de 60 
a 100 cmH2O e acarreta em ejeção de 
30 a 100ml de fluido presente em vias 
aéreas menores e em prol da formação 
de pressão distensora, a qual promove 
insuflação. Quando o tronco passa, o 
RN faz respiração passiva pela retração 
da caixa torácica, seguida de 
forçamento glossofaríngeo, há redução 
de hipóxia e inibição de expiração. 
Também, a entrada dear cria a 
interface ar-líquido que colabaria vias 
aéreas se não existisse o surfactante 
e o reflexo Hering-Breuer (quando o 
pulmão é distendido pela inspiração, 
impulsos nervosos chegam ao pulmão 
e são transmitidos ao cérebro pelo 
nervo vago, causando a expiração). 
Deste modo, a primeira respiração tem 
como estímulo a asfixia (hipóxia, 
hipercapnia e acidose repiratória), luz, 
frio, ruídos, dor e gravidade. Ao ar 
entrar, há aumento de PO² alveolar, redução de RVP, de pressão alveolar, elevação de fluxo linfático. Desta forma, 
pressão hidrostática alveolar se reduz, causando eclusas nos vasos; oxigenação reduz tônus de arteríolas, logo, a 
pressão hidrostática capilar se eleva, enquanto a alveolar pericapilar reduz, promovendo transferência de ar dos 
capilares ao interstício. 
Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela 
boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 
24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido 
pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro 
dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido 
chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante 
do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-
nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos 
fluidos pulmonares por ar atmosférico. 
ICTERÍCIA DO RECÉM-NASCIDO 
Aproximadamente metade a dois terços do total dos recém-nascidos têm icterícia visível durante os primeiros dias 
de vida. Entretanto, todas as crianças nessa fase têm bilirrubina plasmática mais alta que a do adulto normal, fato 
este já observado no sangue do cordão. 
A bilirrubinemia aumenta durante alguns dias, atinge um ápice e começa a decrescer até que no fim da primeira 
semana, em recém-nascidos de termo e, um pouco mais tarde, em prematuros, a icterícia clínica desaparece. 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Ciclo da bilirrubina 
 
Transporte da bil irrubina no plasma 
A bilirrubina liberada para a corrente sanguínea é lipossolúvel, desconjugada, denominada "bilirrubina indireta". Para 
ser transportada na corrente sanguínea, liga-se principalmente à albumina formando complexos bilirrubina-albumina. 
Albumina tem alta afinidade por bilirrubina. Essa ligação, entretanto, pode sofrer a interferência de alguns fatores, 
tais como: 
× pH: em meio ácido a capacidade de ligação da bilirrubina à albumina apresenta-se diminuída; 
× idade gestacional: o recém-nascido tem capacidade duas a três vezes menor do que o adulto de ligação da 
bilirrubina à albumina. Essa anormalidade é transitória e parece que chega aos níveis de adulto após o 
segundo mês de idade; 
× substâncias presentes no soro: sulfas, salicilatos, cefalosporinas, ceftriaxona, moxalactam, furosemida, 
ácidos graxos livres e hematina podem competir com ou de alguma outra forma alterar a ligação da bilirrubina 
à albumina. 
A bilirrubina desconjugada, quando ligada à albumina, pode ser considerada de maneira geral não-tóxica aos tecidos. 
A bilirrubina indireta é eliminada da corrente sanguínea por meio da captação e conjugação hepática e excretada por 
meio da bile. 
Captação e conjugação da bil irrubina 
Ligada às proteínas, a bilirrubina é levada ao fígado e aí captada através da membrana do hepatócito. Provavelmente, 
o complexo bilirrubina-albumina dissocia-se ao nível da membrana do hepatócito, na qual a bilirrubina entra, e no 
citoplasma hepático liga-se às proteínas Y e Z, também chamadas ligandinas, que transportarão a bilirrubina até o 
retículo endoplasmático, no qual então será conjugada. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
No retículo endoplasmático, a bilirrubina combina-se enzimaticamente com o açúcar, o ácido 
uridinodifosfoglicurônico (UDPG), produzindo um novo pigmento, que é hidrossolúvel e suficientemente polar para 
ser excretado pela bile ou filtrado pelos rins. A esterificação com ácido glicurônico resulta em uma das duas formas 
de bilirrubina: 
× monoglicuronide, se houver conjugação com apenas um ácido glicurônico (na posição C8 ou C12), 
× diglicuronide, se houver conjugação com dois ácidos glicurônicos. 
A reação de conjugação é realizada na presença da enzima glicuroniltransferase e parece que o figado contém quatro 
tipos de glicuroniltransferase. 
A bilirrubina mono ou diglicuronide é hidrossolúvel, denominada bilirrubina direta é facilmente eliminada por meio da 
bile e quando em circulação sanguínea caminha Iivremente, sendo excretada pelos rins. 
Recentemente, um novo tipo de bilirrubina tem sido identificado, conjugada com ácido glicurônico, mas que, em 
circulação sanguínea, liga-se forte e covalentemente à albumina, não sendo excretada pelos rins. 
Excreção da bil irrubina 
Após conjugação, a bilirrubina vai rapidamente para os canalículos biliares atravessando a membrana hepatocítica 
por mecanismo ativo, contra o gradiente de concentração. Com a bile, a bilirrubina direta chega ao intestino delgado 
onde, no adulto e na criança maior, será reduzida à estercobilina pela presença de bactérias da flora local e uma 
pequena quantidade será hidrollsada para bilirrubina indireta e reabsorvida pela circulação enteropática. A fração 
reduzida a estercobilina também pode ser reabsorvida, mas será eliminada como urobilina pelos rins. 
No RN, a microbita intestinal está ausente até mais ou menos no final da primeira semana de vida, e a estercobilina 
e a urobilina não são 
detectáveis. Além disso, 
nessa fase da vida, a 
enzima denominada beta-
glicuronidase está 
presente ativamente e 
hidrolisa a bilirrubina 
conjugada até bilirrubina 
indireta, que será 
reabsorvida, aumentando 
assim a importância 
dessa via no período 
neonatal. 
Metabolismo fetal da bilirrubina 
Na vida fetal precoce, a bilirrubina formada é transportada ligada à alfa-fetoproteína, pois a concentração de 
albumina é muito baixa. O fígado fetal tem capacidade de conjugação muito limitada, aumentando com a idade 
gestacional; após 40 semanas, a quantidade de UDPG-T é aproximadamente 10 vezes maior em relação a idademais 
precoces (30 semanas), mas mesmo assim parece totalizar apenas 1 % dos valores de adultos. Valores semelhantes 
aos do adulto só são atingidos ao redor do terceiro mês de vida. Dessa forma, a bilirrubina indireta é excretada pela 
placenta, entrando na circulação materna. 
O líquido amniótico pode conter bilirrubina indireta em casos de hiperbilirrubinemia fetal, e isso é usado no 
seguimento de doença hemolítlca grave por Rh. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Como a bilirrubina vai do feto para o líquido amniótico é fato ainda desconhecldo e sugerem-se vias como secreção 
traqueal e de trato digestivo superior, difusão através de cordão umbilical e pele fetal. 
Icterícia própria do recém-nascido 
Trata-se de quadro comum, benigno e autolimitado. O termo tem sofrido restrições, mas ainda é muito utilizado. 
Reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. É uma condição clínica em geral benigna e reversível, 
mas sua acentuação exagerada pode ser danosa ao organismo. Vários mecanismos foram propostos para a 
instalação da icterícia fisiológica neonatal, e os mais importantes são os seguintes: 
× Aumento na produção de bilirrubina - por meio de dosagens de monóxido de carbono(que é produzido em 
razão equimolar à bilirrubina), pode-se demonstrar que o RN produz em média 8,5mg de bilirrubina/kg/dia, 
quantidade esta duas vezes superior à do adulto. Isso pode ser consequência de maior concentração de 
hemoglobina e menor sobrevida do eritrócito fetal. 
× Circulação enteropática - a ausência da flora bacteriana e o aumento da beta-glicuronidase no intestino 
criam condições para o aumento da reabsorção de bilirrubina desconjugada para a corrente sanguínea. 
Recentes estudos sugerem que a circulação enteropática da bilirrubina é um significante contribuinte para 
a icterícia fisiológica e processo que retardam a eliminação de mecônio intensificam e prolongam essa 
icterícia. 
× Diminuição da função hepática - no RN, as ligandinas, principalmente a Y, estão deficientes transitoriamente, 
chegando a níveis de adulto por volta do quinto dia de vida no RN de termo. A atividade da 
glicuroniltransferase está muito reduzida no período neonatal, chegando a níveis de 0,1 % nos primeiros 10 
dias de vida, subindo para 1% em relação ao adulto após essa idade, tanto em RN de termo como em pré-
termo. A atividade de UDPG-T atinge níveis de adulto entre a 6ª e 14ª semanas de vida. Pode ser que na fase 
inicial de hiperbilirrubinemia, fase 1, nos primeiros dias a deficiência de glicuroniltransferase seja fator 
principal e que posteriormente a deficiência de ligandinas passe a atuar (fase 2). Além disso, a excreção 
hepática é muito limitada no período neonatal. 
× Circulação hepática - após o nascimento, o hepatócito deixa de receber sangue bem oxigenado através de 
veia umbilical, passando a receber sangue pouco oxigenado dos vasos portais, o que pode provocar 
diminuição da capacidade hepática. Assim, parece que a icterícia fisiológica do recém-nascido é o resultado 
da capacidade diminuída de conjugação da bilirrubina (fase 1) e da captação hepática (fase 2) na presença 
de persistente aumento na carga de bilirrubina, em que a circulação enteropática tem importância 
fundamental. 
A icterícia fisiológica inicia-se após as primeiras 24 horas de vida, aumenta em distribuição corpórea e em 
intensidade, faz pico nos RN de termo entre o terceiro e o quinto dias e desaparece até o 10º dia de vida; nos RN 
pré-termo, o pico é entre o quinto e o sétimo dias de vida, o desaparecimento da icterícia ocorre até o 14º dia de 
vida. 
A icterícia fisiológica é mais visível quanto maior for o tecido celular subcutâneo, e isso se deve à maior difusão de 
bilirrubina em tecidos gordurosos. Na avaliação clínica do RN ictérico, é mais importante a observação constante e 
detalhada. Os níveis séricos de bilirrubina relacionam-se com a intensidade da coloração amarelada da pele. A 
icterícia torna-se visível a partir de níveis séricos de bilirrubina ao redor de 5 a6mg/dl. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
No RN, a intensidade da icterícia deve ser 
verificada e é subdividida em leve, moderada e 
acentuada. Além da intensidade, os níveis 
séricos de bilirrubina relacionam-se com a 
progressão craniocaudal da icterícia, isto é, ela 
se inicia na face (zona 1), quando os níveis 
séricos de bilirrubina se encontram pouco 
elevados. Progride para o tórax até o umbigo 
(zona 2), para o abdome (zona 3), depois para 
os membros, excetuando os pés e as mãos (zona 4) e, finalmente, até a palma das mãos e planta dos pés (zona 5), 
quando os níveis séricos de bilirrubina já se encontram bastante elevados, segundo classificação proposta por 
Kramer. 
Dessa maneira, a icterícia mais branda é aquela que se encontra apenas na face de maneira leve, enquanto a mais 
intensa se encontraria na zona 5, acentuada. Deve-se ressaltar que esse zoneamento da icterícia é um parâmetro 
subjetivo e não é tão preciso nos RN que não sejam da raça branca ou naqueles que se encontram em fototerapia. 
Uma série de outros fatores (mais considerados como condições patológicas) está associada a aumento ou 
diminuição dos níveis séricos da bilirrubina da icterícia fisiológica. Os fatores associados a aumento nos níveis da 
bilirrubina neonatal são: 
× Inferência genética - orientais, indígenas norte-americanos e gregos têm níveis mais elevados de bilirrubina 
que o restante da população. 
× Fatores maternos - diabetes materno, deficiência de zinco e magnésio, uso provável de ocitocina, de 
diazepam, de bupivacaína e de betametasona podem elevar os níveis de bllirrubina. 
× Fatores perinatais - hipóxia, clampeamento tardio do cordão, coleções sangüíneas, jejum e deprivação 
calórica, presença de estase meconial e uso de detergentes fenólicos relaclonam·se com maiores níveis de 
bilirrubinemia. 
Entre os fatores que podem associar-se a menores níveis de bilirrubinemia, destacam-se a alimentação precoce e 
frequente (por aumentar o tempo de trânsito intestinal, fornecer calorias, evitar perda de peso) e a rápida eliminação 
de mecônio (por agir na circulação enteropática). 
No manuseio da icterícia "fisiológica" do RN, sempre que possível devemos evitar os fatores associados aos maiores 
níveis de bilirrubinemia e também utilizar aqueles que comprovadamente areduzem. 
Icterícia PRECOCE 
O diagnóstico de icterícia incidindo nas primeiras 24 horas de vida é o de doença hemolítica do RN até prova em 
contrário, cuja investigação deve incluir prova de Coombs direta, hemograma com contagem de reticulócitos, com 
especial referência à alteração da forma das hemácias, além de tipagem sangüínea da mãe e do RN, e bilirrubinemia. 
Se a prova de Coombs direta for positiva, o diagnóstico de doença hemolítica por Rh ou um dos antígenos raros será 
provável. Caso a prova seja negativa, não estará excluída a doenca ou a isoimunização por grupo ABO naqueles RN A 
ou B. filhos de mães O. A prova de Coombs direta é geralmente negativa na incompatibilidade ABO, mas pode ser 
positiva com técnicas especiais. 
 
 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Icterícia tardia 
A icterícia tardia, ou seja, aquela que se torna visível após as primeiras 24 horas de vida, pode depender de um 
grande número de etiologias. No entanto, na maioria dos casos em que não há outra sintomatologia associada, o 
diagnóstico é o de icterícia própria do RN. 
Nesses casos, se a icterícia for discreta, em geral não há necessidade de se dosar a bilirrubina, do ponto de vista 
assistencial. Se a icterícia parecer relevante, o primeiro passo para o diagnóstico diferencial é a dosagem de 
bilirrubinemia total e frações. 
× Sem sintomatologia associada 
o Predomínio de bilirrubina indireta 
o Icterícia própria ou fisiológica do RN. 
o Insuficiência parcial e benigna da conjugação ou doença de Gilbert (geralmente uma síndrome 
heterogênea, com outras características que contribuem para a icterícia e não reconhecida no 
período neonatal). 
o Icterícia prolongada que tem evolução mais arrastada do que aquela dita própria ou fisiológica do 
RN. As causas mais prováveis são: 
 icterícia pelo leite materno; 
 hipotireoidismo congênito, que apresenta algumas formas que podem ser inaparentes no 
período neonatal. Verificar o resultado da função tireoidiana colhido ao nascimento; 
× Com sintomatologia associada 
o Anemia 
o Fácies "anômalo", peso grande para a idade gestacional, presença de diabetes materno e fácies 
cushingóide 
o Fenômenos gastrintestinais, vômitos e obstipação intestinal 
o Predomínio de bilirrubina direta - colestase neonatal 
 É definida pela hiperbilirrubinemia direta (conjugada) persistente de início do 1º ao 14º dia 
de vida, e decorre da obstrução mecânica ou funcional do sistema de excreção biliar, por 
causas anatômicas, genéticas, metabólicas ou infecciosas. 
Define-se hiperbilirrubinemia direta ou colestase neonatal (que sempre tem conotação 
patológica)quando os níveis de bilirrubina DIRETA são maiores ou iguais a 1,5 mg/dl OU 
quando sua dosagem representar 20% ou mais da bilirrubina total. 
As principais manifestações clínicas da icterícia colestática são: a coloração amarelada de 
pele e mucosas, hepatomegalia, acolia fecal e colúria. 
Efeitos nocivos da hiperbi l lrrubinemia 
Definimos encefalopatia bilirrubínica (kernicterus) como uma síndrome neurológica causada pelo depósito de 
bilirrubina indireta nas células do sistema nervoso central. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Quando o nível sérico de bilirrubina se eleva de maneira significativa (hemólise maciça, eritroblastose), sua 
capacidade de ligação à albumina e a outras proteínas plasmáticas fica excedida, resultando em uma maior fração 
livre lipossolúvel. Esta tem a capacidade de se difundir e impregnar as células nervosas do encéfalo. 
Encefalopatia bilirrubínica é entendida como o quadro clínico neurológico relativo à impregnação cerebral pela 
bilirrubina. Esse quadro clínico para RN de termo com doença hemol ítica, é caracterizado por: 
× Fase 1 - caracterizada por hipotonia, letargia, má sucção, choro agudo durante algumas horas. 
× Fase 2 - em que se instala hipertonia, com tendência a espasticidade e opistótono e febre. 
× Fase 3 - de aparente melhora, em que a espasticidade diminui ou cede e que se instala ao fim da primeira 
semana. 
× Fase 4 - que incide em geral depois do período neonatal, aos 2 ou 3 meses, e consta dos sinais de 
paralisia cerebral por encefalopatia bilirrubínica, observando-se predomínio de perda da audição 
neurossensorial, distúrbios extrapiramidais e, mais raramente, rebaixamento do QI. 
Fototerapia 
É o mecanismo pelo qual a bilirrubina, que é uma molécula lipossolúvel, sofre transformações, tornando-se mais 
hidrossolúvel e sendo eliminada do organismo sem necessidade de conjugação hepática. Basicamente, são dois os 
mecanismos de transformação da bilirrubina ao absorver um fóton luminoso: a isomerização, processo inicial, em 
que a molécula de bilirrubina altera uma de suas ligações, por meio de rotação de 180 graus de uma de suas ligações 
(isomerização configuracional), ou forma novas ligações na sua estrutura original (isomerização estrutural) expondo 
o lado mais polar para o lado exterior da molécula, ambos de eliminação hepática sem necessidade de conjugação; 
a oxidação, processo mais tardio, na qual a molécula de bilirrubina se quebra em cinco fragmentos de eliminação 
renal. A eficácia do tratamento pela fototerapia depende da intensidade de luz emitida pelo aparelho, de ter espectro 
de emissão próximo ao da absorção da bilirrubina, da idade pós-natal do RN, 
da idade gestacional, do peso de nascimento, da causa de icterícia e do 
valor de bilirrubinemia no início do tratamento. Acredita-se que quanto 
maior for a intensidade da quantidade de luz emitida maior será a eficácia 
da fototerapia com maior aumento do isômero estrutural. Entretanto, 
existe um ponto de saturação a partir do qual não se encontra mais essa 
correlação, que, para muitos autores, é por volta de 23 
µWatts/cm²/nanômetro. 
Exsangüineotransfusão 
É o mecanismo de troca de sangue no qual se remove parcialmente as 
hemácias hemolisadas, os anticorpos ligados ou não às hemácias e a 
bilirrubina plasmática. 
ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS 
A pele do neonato é sensível e frágil, sendo que perde água facilmente e 
absorve substâncias na mesma intensidade, tornando-o propenso às 
infecções e intoxicações e dificilmente, realiza homeostase de fluidos. 
Também, seu Ph é neutro, reduzindo barreira contra proliferação 
microbiana, e os lipídios epidérmicos estão em menor quantidade pela ação 
baixa de glândulas sebáceas. Assim, a pele dos RN’s é muito reagente ao 
suor, sebo, ácaros, bactérias, impurezas da fralda e ar atmosférico. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Alterações fisiológicas 
Vernix caseosa 
A vernix caseosa, presente na superfície cutânea logo ao nascimento, consiste numa 
mistura de células epiteliais, sebo e por vezes cabelos. A vernix serve de lubrificante e 
protege contra os efeitos líquido amniótico e parece também exercer funções 
antibacterianas por conter péptidos e lípidos anti-microbianos. 
Fenómenos vasculares 
A pele do RN não tem capacidade de responder rápida e adequadamente a certos estímulos, o que provoca alterações 
da sua coloração. 
Ao nascimento a pele das extremidades (mãos e pés) pode ter uma coloração violácea- acrocianose - que 
desaparece em poucas horas e reaparece apenas quando a criança tem frio ou chora. Esta coloração é devida a uma 
hipertonia das arteríolas periféricas, com a consequente congestão venosa responsável pela cor cianótica. O 
diagnóstico diferencial nestes casos deve ser feito com a cianose central de origem cardiovascular ou metabólica. 
Nos primeiros dias de vida, alguns RN podem apresentar um rubor generalizado resultante do excesso de 
hemoglobina, que desaparece com a diminuição fisiológica dos níveis de hemoglobina s érica. 
Cútis marmorata fisiológica 
Resulta da dilatação dos capilares quando o RN é exposto ao frio. Caracteriza-se clinicamente pela 
presença de um reticulado eritemato-violáceo no tronco e extremidades. Esta situação não tem 
signifi cado patológico e normalmente desaparece quando o RN é aquecido. Perante esta situação é 
necessário estabelecer o diagnóstico diferencial com a cútis marmorata telangiectásica congénita 
que é uma malformação capilar, onde as lesões são persistentes e, em 50% dos casos, estão 
associadas a outras malformações, nomeadamente ósseas, oculares e neurológicas. 
Coloração em “Harlequin” 
É um fenómeno fisiológico que afecta 15% dos RN nas primeiras 2 a 3 semanas de vida. Resulta da ausência 
transitória de regulação central do tónus vascular periférico. Traduz-se pelo aparecimento de eritema no hemicorpo 
(geralmente zona em declive) e palidez no outro hemicorpo, separados pela linha média. A face e os genitais são 
poupados. Esta situação pode ser difícil de visualizar já que os episódios têm curta duração (de alguns segundos a 
20 minutos) e desaparecem rapidamente após aquecimento ou mudança de posição. 
Manchas salmão (angioma de Unna) 
Resulta de ectasias capilares na derme e está presente em 70% dos RN caucasianos. 
Manifesta-se como máculas ou manchas eritematosas/salmão localizadas à zona 
occipital, pálpebras, glabela, sendo mais rara a localização no nariz e lábio superior. A 
maioria desaparece nos primeiros anos de vida. O diagnóstico diferencial faz-se 
sobretudo com malformações vasculares que não desaparecem espo ntaneamente. 
Alterações da pigmentação 
Mancha Mongólica 
Ocorre sobretudo em RN de raça negra e corresponde a agregados de melanócitos na derme, 
que se manifestam como máculas ou manchas azuis acinzentadas geralmente localizadas 
nas nádegas ou na região sagrada. Quando se situam em outras localizações são 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
denominadas de manchas mongólicas ectópicas. A patogénese é desconhecida embora pareça residir num defeito 
na migração das células pigmentadas da crista neural. As melanoses dérmicas podem também estar patentes nos 
nevos de Ito e de Ota, mas nestes casos não têm resolução espontânea. 
Hiperpigmentação epidérmica transitória 
Nos RN de raça negra é comum uma hiperpigmentação epidérmica transitória dos órgãos genitais externos, do 
abdómen inferior (linha nigra), das axilas, das aréolas mamárias, do perioníquio e da face dorsal da terceira falange, 
resultante da acção da hormona estimuladora dos melanócitos in útero. É importante fazer o diagnóstico diferencial 
desta alteração cutânea benigna coma hiperpigmentação resultante da hiperplasia adrenal congénita, mas nesta 
última estão presentes outros sinais de hiperandrogenismo. 
Alterações das mucosas 
O exame da cavidade oral no RN é muito importante já que pode conduzir à detecção de muitas patologias. A 
alteração fisiológica mais comum na mucosa oral é a presença de quistos epidérmicos gengivais e palatinos. Os 
quistos gengivais podem ser detectados em 64% dos RN e manifestam-se como pequenas pápulas isoladas ou 
agrupadas, bancoamareladas, com tamanho de 1-2mm. A sua origem deve-se à formação de pequenos quistos 
córneos na mucosa oral. Quando localizados no palato e na crista alveolar denominam-se respectivamente de 
pápulas de Epstein e de Bohn. A maioria desaparece nos primeiros 5 meses de vida. 
Fenómenos hormonais 
Durante os primeiros meses de vida os RN estão expostos às hormonas androgénicas de origem materna e, em 
consequência, podem surgir hiperplasias sebáceas. São lesões foliculares punctiformes, de cor amarelada e 
superfície lisa, agrupadas no nariz, lábio superior e zonas malares. Estas lesões regridem gradualmente durante as 
primeiras semanas de vida. 
Acne neonatal 
Alguns RN sofrem de uma erupção facial acneiforme entre as 2 e 3 semanas de vida. As 
lesões papulares e pustulosas eritematosas localizam-se sobretudo nas zonas malares. 
Caracteristicamente não existem comedões. Há autores que consideram esta forma de 
acne como uma primoinfecção por leveduras do género Malassezia. As lesões resolvem 
espontaneamente ao fim de 2 a 3 meses. Devido à passagem de estrogénios maternos 
através da placenta, alguns RN apresentam também ginecomastia transitória, produção de 
muco vaginal e mesmo hemorragia vaginal. Estas alterações resolvem em poucas semanas. 
Alterações dos anexos cutâneos 
As alterações ungueais no RN são raras e podem representar alterações congénitas e genéticas. De entre as 
alterações fisiológicas e transitórias podem apontar-se a falsa unha encravada, a coiloníquia e as linhas de Beau. 
Coiloníquia 
Alguns RN apresentam uma hipertrofia das pregas laterais que cobrem parcialmente as pregas ungueais, simulando 
deste modo as unhas encravadas. A maioria dos casos tem resolução espontânea, mas por vezes estas pregas 
hipertrofiadas podem sobreinfectar e causar dor transitória. 
Linhas de Beau 
São linhas ungueais transversais. Reflectem uma paragem do metabolismo da matriz ungueal que pode ser atribuído 
ao stress induzido pelo parto. Contudo, podem também surgir após episódios febris, toxidermias e em situações de 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
acrodermatite enteropática. É também possível o aparecimento de coiloníquia, que se trata de uma curvatura 
côncava das unhas “unha em colher”, principalmente nas unhas dos pés. 
Lanugo 
O sistema piloso do RN é caracterizado pelo lanugo que persiste durante as duas primeiras semanas de vida. Pode 
observar-se no RN uma hipertricose localizada, não lanuginosa, em particular ao nível da helix, que não traduz 
qualquer fenómeno patológico (antigamente pensava-se erroneamente que estava relacionado com a presença de 
diabetes materno). Outra das alterações dos anexos é a presença de uma alopécia bem delimitada na região 
occipital, que empiricamente se atribuía à posição mais comum de decúbito, mas cuja etiologia parece ser devida à 
entrada mais tardia dos folículos da zona occipital, na fase telogênica. 
Outras alterações 
Bolhas por sucção 
São bolhas tensas com conteúdo seroso, rodeadas por pele normal. Aparecem no dorso das 
mãos e antebraços e são devidas à vigorosa sucção oral do RN nesse local, durante a vida 
intra-uterina. Associadas a estas lesões aparecem calos de sucção na mucosa oral. Esta 
lesão pode muitas vezes ser confundida com herpes simples. 
Quistos de Milia 
Os quistos de milia são uma das alterações fisiológicas mais frequentes dos RN. 
Manifestam-se como pápulas brancas punctiformes únicas ou múltiplas que aparecem 
em qualquer localização na superfície corporal, mas com mais frequência na face 
(zonas malares, nariz e mento). Têm origem em rolhões de queratina de etiologia 
desconhecida ao nível do infundíbulo pilossebáceo. O diagnóstico diferencial mais 
importante é com a hiperplasia sebácea, mas esta tem uma c oloração mais amarelada. A maioria desaparece sem 
necessidade de tratamento, nos primeiros meses de vida. Quando persistentes, podem estar associados a casos 
de epidermólise bolhosa distrófica, juncional ou ao síndroma orofacial-digital tipo I. 
Alterações idiopáticas transitórias 
Eritema tóxico do RN 
O eritema tóxico do RN ocorre em aproximadamente 50% dos casos, sem 
preponderância de sexo ou etnia. A sua ocorrência parece relacionar-se com 
o peso ao nascimento e a idade gestacional, sendo raro em prematuros e 
neonatos com menos de 2500g. A etiologia é desconhecida, mas há autores 
que consideram que corresponde a uma reacção enxerto-versus-hospedeiro 
contra linfócitos maternos. Apesar de poderem estar pres entes desde o 
nascimento, o mais comum é que as lesões apareçam entre as 24 e as 48 horas de vida. As lesões típicas consistem 
em pápulas ou papulopústulas rodeadas de áreas inflamatórias eritematoedematosas de contornos irregulares, 
semelhantes a picadas de insecto. Normalmente as lesões iniciam-se na face, expandindo-se depois para o tronco 
e extremidades - mas podem aparecer em qualquer área corporal com excepção das palmas e plantas. A eosinofilia 
periférica pode estar presente em 15% dos casos, independentemente da gravidade das lesões. O diagnóstico 
baseia-se nas características clínicas das lesões e no bom estado geral do RN. Quando houver dúvidas pode realizar-
se uma biópsia cutânea, verificando-se a presença de eosinófilos subcórneos localizados à porção superior do 
infundíbulo folicular. As lesões resolvem espontaneamente em aproximadamente 7 dias. 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
Pustulose melânica neonatal transitória 
A pustulose melânica neonatal transitória é uma erupção frequente das crianças de raça 
negra. Apesar da etiologia não estar completamente esclarecida, há autores que 
consideram que a causa seja a hiperestimulação dos melanócitos. A clínica desenvolve-se 
em três fases e, ao contrário do eritema tóxico, aparece sempre ao nascimento. A primeira 
fase caracteriza-se pela presença de pústulas superficiais sem inflamação circundante, com tamanho entre 2-
10mm, localizadas preferencialmente à face, região lombar e área pré-tibial. Contudo, as palmas, plantas e região 
torácica podem estar envolvidas. Muitas vezes estas lesões passam despercebidas pois rompem com muita 
facilidade (pústulas intra ou subcórneas). Posteriormente aparecem colaretes descamativos ao redor das pústulas 
e, numa terceira fase, as lesões curam espontaneamente deixando hiperpigmentações residuais que podem demorar 
meses a desaparecer. O diagnóstico é clínico mas, quando há dúvi das, pode procederse a avaliação histológica a 
qual revela pústulas com neutrófilos subcórneas ou intracórneas. O eritema tóxico do RN e a pustulose melânica 
neonatal podem coexistir, havendo autores que consideram que estas duas entidades representem a mesma 
patologia, mas na primeira o aparecimento é mais tardio e o componente celular é eosinofílico. O diagnóstico 
diferencial desta entidade deve fazer-se com a acropustulose da infância (localização acral das lesões e o 
aparecimento geralmente é mais tardio), e com quadros pustulosos de origem infecciosa (candidíases e impétigos). 
Acropustulose da infância 
A acropustulose da infância é uma condição de etiologia desconhecida, mais frequente em 
crianças de raça negra e do sexo masculino. Caracteriza-se pela presença de surtos 
recorrentes de lesões vesico-pustulosaspruriginosas com distribuição acral (palmas, 
plantas, dorso das mãos e pés). As lesões duram 5-10 dias e os surtos recorrem a intervalos 
de 2-4 semanas. As lesões podem estar presen tes ao nascimento, mas normalmente 
desenvolvem-se nas primeiras semanas ou meses de vida. O exame histológico das lesões 
revela pústulas intraepidermicas e subcórneas. As lesões sofrem remissão espontânea em 1 a 2 anos, mas durante 
as fases de actividade é necessário recorrer-se a tratamentos com corticóides tópicos e antihistaminico oral. A 
escabiose é o diagnóstico diferencial mais importante a colocar com esta entidade, uma vez, que há uma forma de 
acropustulose que pode ocorrer pós escabiose. 
Pustulose cefálica transitória 
A pustulose cefálica transitória é um quadro raro descrito pela primeira vez em 1991, 
caracterizado por uma erupção pápulo-pustulosa pruriginosa localizada à face e couro 
cabeludo. As lesões podem aparece r por surtos. O estudo histológico mostra um infiltrado 
eosinofílico denso na derme e ao redor do folículo piloso. Há autores que consideram que se 
trata de uma manifestação de primoinfecção pela espécie de Malassezia sympodialis. As 
lesões resolvem espontaneamente entre os 4 e os 36 meses de vida. 
Mil iaria 
O termo miliaria é um termo genérico para descrever a obstrução do ducto écrino. 
A causa desta obstrução é desconhecida mas há quem defenda que seja causada 
pela substância polissacarídea extracelular produzida pelo Staphylococcus 
epidermidis. Ocorre geralmente em climas quentes, em estados de pirexia ou de 
supra-aquecimento. A manifestação clínica depende do nível de obstrução do 
ducto. A forma mais frequente no RN (primeiros dias de vida) é a cristalina ou 
sudamina e surge devido à obstrução superfi cial (subcórnea ou intracórnea) do 
ducto écrino. Consequentemente, há retenção de suor a este nível, levando à 
formação de pequenas vesículas cristalinas que lembram gotas de água e que 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
rompem com facilidade. Quando a obstrução do ducto é mais profunda, mas ainda epidérmica, a miliaria denomina-
se de rubra. Neste caso as lesões são pápulas erite matosas ou papulo-pústulas não foliculares. A miliária profunda 
é rara no período neonatal e resulta da oclusão do canal ao nível da junção dermoepidérmica, condicionando o 
aparecimento de pápulas brancas que impedem o normal fenómeno da sudação. Trata-se de uma entidade benigna 
que desaparece espontaneamente após controlo da febre ou da temperatura ambiental. 
Necrose do tecido celular subcutâneo 
A necrose do tecido celular subcutâneo ou citoesteatonecrose é uma hipodermite rara que ocorre em RN nascidos 
de cesariana ou expostos a stress fetal. A etiologia parece resultar do facto de o tecido adiposo do RN conter grande 
proporção de ácidos gordos saturados. Fatores como frio, hipotermia, traumatismo, nutrição inadequada e isquemia 
induziriam a libertação de agentes mediadores de inflamação e necrose que atuariam sobre esses ácidos gordos. 
Normalmente manifesta-se entre as 1ª e 4ª semanas de vida, mas também pode ser congénito. As lesões consistem 
em placas ou nódulos assintomáticos, cobertos com pele normal ou eritematosa, localizados à face, nádegas e 
tronco. As lesões podem ulcerar ou apresentar depósitos de cálcio. O RN normalmente não apresenta qualquer 
sintoma sistémico associado, mas entre o primeiro e quarto dia de vida pode ocorrer hipercalcemia sintomática, 
que pode ser fatal. Torna-se portanto necessário monitorizar os níveis de cálcio e evitar a administração exógena 
de vitamina D. O exame histológico mostra inflamação granulomatosa do panículo adiposo com células histiocitárias. 
O curso clínico da patologia é benigno, e as lesões regridem espontaneamente em algumas semanas. Nesta 
circunstância é todavia importante realizar o diagnóstico diferencial com a paniculite infecciosa, com o 
escleroderma neonatorum ou com causas de calcinose cútis. 
Dermatite seborreica 
É um problema frequente nas primeiras semanas de vida. É erupção eritematosa 
coberta por escamas oleosas (amarelo-acinzentadas). Acredita-se que é devida à 
colonização por Malassezia spp., e sua melhora após o tratamento com azoles e 
clioquinol sugere que a fermentação tem papel na etiologia desta dermatose. 
Acredita-se que os hormônios maternos, ao produzirem aumento na produção 
sebácea e fatores nutricionais, como a deficiência de biotina, poderiam ter papel 
na etiopatogenia. 
Afeta couro cabeludo (crosta láctea), rosto, sobrancelhas, regiões retroauriculares, nariz, 
pré-esterno e pregas axilares e inguinais. Na área da fralda costuma começar como 
intertrigo; posteriormente, o processo avança além das pregas inguinais. Não é pruriginosa. 
As lesões costumam macerar-se e apresentar infecção bacteriana ou candidiásica. Não há 
evidência de que as crianças com dermatite seborréica tenham maior probabilidade a ter a 
doença na idade adulta. 
Dermatite atopica 
A dermatite atópica (DA) é a dermatose mais frequente na infância e se caracteriza por prurido intenso, xerodermia 
e hiper-reatividade cutânea. A prevalência aumentou nos últimos anos em 
decorrência de poluição, infecções e exposição alergênica. Recentes 
descobertas sobre a fisiopatologia da DA têm apontado para o papel das 
alterações na barreira cutânea, e novas modalidades terapêuticas têm 
possibilitado o controle da dermatose. 
Complexa interação entre fatores genéticos, imunológicos e exógenos. Duas 
teorias: 
Daniela Junqueira Gomes Teixeira – Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Problema 1 - Intermediária 
× Inside-Outside: inicia com resposta imunológica a alérgenos e irritantes, desencadeando inflamação, 
infecção e alteração da barreira cutânea. 
× Outside-Inside: nesta segunda hipótese, acredita-se que uma disfunção primária da barreira ocasiona 
entrada de antígenos, infecção e 
resposta inflamatória, explicando 
diferentes aspectos da doença em 
diferentes momentos. O suporte para 
esta teoria foi a descoberta de duas 
mutações em genes que codificam a 
produção da filagrina, que é 
fundamental para a formação do fator de umidificação natural. 
Na DA, encontra-se composição anormal de ceramidas (redução em quantidade e alteração da distribuição) e 
colesterol elevado. Esta alteração nos lipídios não polares (ceramidas, colesterol, etc.) afeta a umidade cutânea, já 
que formam capa hidrofóbica e, portanto, são determinantes na permeabilidade cutânea. 
Podem ser leves, moderadas ou graves (menos frequente em crianças). O quadro clínico varia com a idade. Nos 
lactentes, inicia no rosto, bochechas (respeita a zona centro facial), na superfície de extensão dos membros e na 
área da fralda. Em pré-escolares e escolares, observa-se em pregas antecubitais e dobras poplíteas, manifestando-
se com xerose, placas eritêmato-escamosas e prurido intenso. 
PATOLÓGICOS 
SOFRIMENTO FETAL AGUDO 
Sofrimento fetal agudo é o que ocorre durante o parto, em contraposição ao sofrimento fetal crônico, próprio da 
gestação complicada por insuficiência placentária. A asfixia é condição resultante do comprometimento da troca de 
gases que, quando persistente, leva a progressiva hipoxemia/hipercapnia e estado de acidose metabólica. 
Durante o parto vaginal, as contrações maternas causam redução temporária na troca de gases. Após a contração 
há recuperação fetal, seguida por perfusão normal até que ocorra nova contração. Se esses mecanismos fisiológicos 
compensatórios forem sobrepujados, estabelece-se a acidemia hipóxica. Se houver acidemia hipóxica de grau e 
duração suficientes, espera-se lesão cerebral com consequentes sequelas neurológicas nos bebês sobreviventes, 
outros danos orgânicos e morte intraparto ou neonatal. 
Etiologia 
× Hiperatividade uterina: especialmente a consequente à administração intempestiva

Continue navegando