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Lavínia Souza Araújo – 2022.1 Objetivos do módulo Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento Problema 1 – intermediária 1. Descrever o fluxograma de atendimento na sala do parto 2. Explorar acerca da avaliação da vitalidade neonatal (apgar) e IG (capurro/ new ballard) 3. Elucidar a adaptação fisiológica da circulação cardiopulmonar no nascimento 4. Abordar sobre a fisiopatologia dos fatores que acontecem asfixia no neonato 5. Discorrer sobre alojamento conjunto (princípios e critérios) e exames realizados (olhinho, orelhinha e coração) 6. Detalhar o mecanismo da icterícia neonatal Problema 1 – Fechamento 1. Discorrer sobre a 1ª consulta de puericultura (exame físico, neurológico e variações patológicas) 2. Descrever os exames de triagem neonatal com ênfase no teste do pezinho 3. Elucidar a fisiologia, fisiopatologia, etiologia conduta acerca das cólicas neonatais 4. Explanar sobre as alterações dermatológicas do RN enfatizando medidas preventivas (dermatite de fralda) Problema 2 – Intermediária 1. Abordar a morfofisiologia da mama em lactação 2. Descrever a técnica da amamentação e a sua importância no binômio mãe-filho 3. Elucidar sobre a introdução alimentar até o 1º ano e possíveis distúrbios alimentares 4. Discorrer sobre a composição bioquímica e imunológica dos tipos de leite 5. Aclarar a respeito da maturação morfológica e imunológica do TGI Problema 2 – Fechamento 1. Elucidar acerca do desenvolvimento infantil (DNPM, marcos e curvas), enfatizando escalas 2. Abordar os princípios e recomendações na puericultura de 0 a 5 anos 3. Explanar sobre a equipe multiprofissional que compõe a creche (enfatizando o pediatra) e sua influência no desenvolvimento infantil Problema 3 – Fechamento 1. Elucidar o desenvolvimento do sistema imunológico da criança 2. Descrever o calendário vacinal (princípios, tipos, indicações, contraindicações e reações), diferenciando os órgãos responsáveis pela elaboração (SUS, SBP e SBI) 3. Explanar sobre etiologia, fisiopatologia e quadro clínico das infecções de VAS (sinusite aguda, otite média aguda, resfriado, gripe e faringoamidalite) 4. Discorrer sobre escalas de desenvolvimento psicológico e físico (winnicot) de crianças de 2 a 7 anos Problema 4 – Fechamento 1. Abordar o perfil epidemiológico e clínico, fisiopatologia, abordagem terapêutica e preventiva da desnutrição energético-proteica (importância da alimentação na desnutrição, fatores sociais, culturais e políticas públicas) 2. Elucidar o perfil epidemiológico e clínico, fisiopatologia, abordagem terapêutica e preventiva da anemia ferropriva e deficiência de ferro 3. Explanar sobre a influência nutricional no crescimento dos germes dentários e erupção dentária 4. Explicar os principais acidentes domésticos infantis mais recorrentes, bem como a correta prevenção 5. Correlacionar a fratura óssea com a desnutrição (raquitisimo) 6. Discorrer o papel governamental na garantia dos direitos as relações laborais, com ênfase biopsicossocial Problema 5 – Fechamento 1. Explanar o agente etiológico, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, prevenção, e tratamento de enteroparasitoses 2. Descrever o mecanismo de ação e efeitos colaterais das classes medicamentosas anti-parasitárias 3. Elucidar acerca das causas dos distúrbios de aprendizagem na fase escolar 4. Abordar a influência socioeconômica e cultural com a prevalência das enteroparasitoses Problema 6 – Fechamento 1. Explanar o desenvolvimento fisiológico da puberdade relacionando com a maturação sexual (tanner) e os aspectos emocionais (imagem corporal, hormonal) 2. Explicar acerca dos principais distúrbios alimentares na adolescência (anorexia, bulimia, obesidade) 3. Discorrer sobre as causas da dependência química na adolescência Lavínia Araújo PROBLEMA 1 – INTERMEDIÁRIA DESCREVER O FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO NA SALA DO PARTO CUIDADOS NA HORA DO NASCIMENTO – ATENÇÃO À SAÚDE DO RECÉM NASCIDO No Brasil, a maior parte das crianças nascem com boa vitalidade, apesar disso, são essenciais o conhecimento e habilidade em reanimação neonatal para todos os profissionais que atendem RN em sala de parto, mesmo que se espere crianças hígidas sem hipóxia ou asfixia ao nascer. O risco de procedimentos de reanimação aumenta quanto menor for a idade gestacional e/ou o peso ao nascer. O parto cesariano entre 37 e 39 semanas, mesmo sem fatores de risco antenatais para asfixia, também eleva o risco de necessidade de ventilação ao RN. PREPARO DA ASSISTÊNCIA O preparo da assistência inclui a realização da anamnese materna, disponibilidade do material para atendimento e a presença de equipe treinada em reanimação neonatal. ANAMNESE MATERNA Analisar as condições perinatais associadas à necessidade de reanimação neonatal. MATERIAL PARA ATENDIMENTO Todo o material para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento e é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações. A temperatura da sala deve se manter em no mínimo 26ºC para que a temperatura corpórea do RN se mantenha normal. Dentre os materiais necessários na sala de parto tem: EQUIPE TREINADA EM REANIMAÇÃO NEONATAL Devido à elevada necessidade de realização de algum procedimento de reanimação no RN e rapidez com que essas manobras devem ser iniciadas, é fundamental a presença do profissional capacitado para a realização adequada da manobra durante todo o parto. Na antecipação do nascimento de um concepto, pode ser necessária a presença de três profissionais capazes de reanimar o RN de maneira rápida e efetiva. Em caso de nascimento de gemelares, deve-se ter acesso a material e equipe para cada criança. Para a recepção do RN deve haver a precaução básica como lavagem das mãos, uso de luvas, máscara, proteção facial para evitar a contaminação do profissional com o material biológico do RN. FLUXOGRAMA DA ASSISTÊNCIA AO RECÉM NASCIDO - SBP LAVÍNIA ARAÚJO @laviarauj Lavínia Araújo Imediatamente após o nascimento, para verificar a necessidade de reanimação, precisa ser feita perguntas a respeito da vitalidade do RN: 1. Gestação foi a termo? 2. Presença de tônus muscular em flexão? 3. Está chorando ou respirando? 4. Existe presença de mecônio? A resposta afirmativa para todas as perguntas garante que o RN está com boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação. Nisso, deve-se manter uma rotina junto à mãe em manter o calor, manter as vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade de maneira contínua (avaliar a FC, respiração e tônus muscular) e amamentação na 1ª hora de vida. Após a confirmação das perguntas, é indicado o clampeamento tardio do cordão, independente do aspecto do líquido amniótico (clampeamento feito entre 1 min a 3 min). Caso alguma dessas perguntas for negativa ou esse bebê apresentar alguma complicação na circulação placentária (rotura de membrana, placenta prévia, descolamento de placenta), o clampeamento deve ser imediato. Caso a resposta for negativa, deve-se fazer os passos iniciais: 1. Prover calor: receber a criança em campo neonatal com o campo aquecido em 36,5 a 37,5º C. Para diminuir a perda de calor, deve pré-aquecer a sala de parto e a sala em que serão realizados os procedimentos de reanimação mantendo o ambiente em 23 a 26ª C. 2. Posicionar a cabeça do RN em leve extensão (cuidado para não hiperextender pois pode tampar as vias aéreas), sendo que alguns necessitam de um apoio na região interescapular para deixar reta 3. Aspirar boca e narinas se necessário apenas delicadamente com a sonda traqueal conectada a um aspirador a vácuo em pressão máxima de 100 mmHg (evitar a aspiração da hipofaringe para reduzir o risco de atelectasia e trauma e prejuízo de uma respiração efetiva)4. Secar o RN e desprezar os campos úmidos 5. Reposicionar a cabeça 6. Avaliar a FC (pela ausculta do precórdio) e respiração (observação da expansão torácica) Se a FC > 100 bpm e a respiração for regular, mantém os cuidados de rotina (contato pele a pele da mãe). Se FC <100 bpm ou a respiração não for regular, faz a VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (FAZ NO PRIMEIRO MINUTO DE VIDA → golden minute). Essa VPP é feita com o objetivo de dilatar a vasculatura pulmonar e a hematose apropriada • Feita com dispositivo bola-válvula máscara • Segura a máscara com a técnica do C e E • Essa máscara precisa cobrir de maneira ideal o nariz, boca e queixo do RN • Deve haver a monitoração da saturação de O2 MINUTOS DE VIDA SATO2 ESPERADA Até 5 70 a 80% 5– 10 80 a 90% >10 85 a 95% Nessa etapa é obrigatória a monitoração de oxigênio e a FC não mais pela ausculta, sendo agora necessário o uso de um monitor cardíaco por meio de 3 eletrodos e oxímetro de pulso (na mão direita). Caso a saturação não esteja como o esperado, deve ser ofertado oxigênio, pois, em primeiro momento com ar ambiente (FiO2 de 21%) na VPP. Se iniciar a oferta de oxigênio, é preciso fazer aumentos de 20% da FiO2 progressivos. A GARANTIA DE EFICÁCIA DO PROCEDIMENTO É QUANDO A FC AUMENTA → feita através do monitor cardíaco Se a FC > 100 bpm após isso e a respiração estiver regular, posso parar o procedimento de reanimação e iniciar os cuidados de rotina. Caso a FC < 100 bpm e a respiração não for regular, devemos reavaliar a técnica da VPP: 1. Conferir o ajuste entre a máscara e a face 2. Permeabilidade das vias aéreas (aspirando secreções, posição da cabeça e mantendo a boca do RN aberta) 3. Pressão exercida no balão Caso após 30 segundos a FC <100 bpm e a respiração não esteja espontânea e rítmica, é considerada falha. Se após a correção da técnica VPP não melhorar, está indicado o uso de cânula traqueal como interface para a VPP e em períodos prolongados de ventilação o uso de sonda orogástrica para diminuir a distensão gástrica. Deve-se considerar aqui o uso de O2 (guiada pela saturação de O2) e a intubação orotraqueal. Quando intubar? 1. VPP com máscara não efetiva 2. Com indicação de massagem cardíaca 3. Presença de hérnia diafragmática com necessidade de VPP A indicação da entubação no processo de reanimação depende da habilidade e da experiência do profissional responsável pelo procedimento. Em mãos menos experientes, existe um elevado risco de complicações como hipoxemia, apneia, bradicardia, pneumotórax, laceração de tecidos moles, perfuração de traqueia ou esôfago, além de maior risco de infecção. Vale lembrar que cada Lavínia Araújo tentativa de entubação deve durar, no máximo, 30 segundos. Em caso de insucesso, o procedimento é interrompido e a VPP com balão e máscara é iniciada, sendo realizada nova tentativa de entubação após estabilizar o paciente. Como confirmar se entubou? Inspeção do tórax, ausculta das regiões axilares e gástrica e observação da FC, porém o padrão- ouro é a capnografia (detecção de dióxido de carbono (CO2) exalado, por ser objetivo e rápido). Após a entubação, avaliar a FC. Caso for > 100 bpm e a respiração esteja regular, extubar e manter o oxigênio de acordo ao necessário. Se FC < 100 bpm, reavaliar a técnica: 1. Posição da cânula 2. Permeabilidade da via aérea 3. Pressão inspiratória 4. Aumentar a oferta FiO2 60 a 100% Após isso, deve novamente avaliar a FC e a respiração. Caso a FC > 60 bpm, deve-se manter a intubação. Caso a FC < 60 bpm, INDICAÇÃO DA MASSAGEM CARDÍACA. Massagem cardíaca pode ser feita de duas formas: Deve ser feito com as duas mãos no terço inferior do esterno, comprimindo 1/3 do diâmetro antero-posterior do tórax. Em qual frequência? Sempre 3 massagens e 1 ventilação, contabilizando uma frequência de 120 eventos por minuto (90 compressões e 30 ventilações) A massagem deve continuar enquanto a FC < 60 bpm. A massagem só deve ser interrompida no momento da ventilação. Se a FC atingir valores > 100 bpm, a massagem é suspendida e mantém a intubação, sendo prudente transportá-lo para uma UTI neonatal em incubadora transporte, com concentração de O2 suficiente para manutenção da saturação. A massagem dura 60s e caso não normalize a FC e continue < 60 bpm, é dado como falha, portanto deve ser avaliado: 1. Posição da cânula traqueal 2. Permeabilidade da via aérea 3. Pressão da ventilação 4. Técnica da massagem cardíaca Em caso de não haver melhora com a correção, considera-se o cateterismo venoso umbilical (devido ao menor risco de lesões em vasos do RN e pela maior facilidade de acesso) de urgência com indicação de adrenalina e expansão volêmica (suspeita de hipovolemia). Deve ser feita uma diluição da adrenalina de 1:10000, em 9 ml de soro fisiológico (sendo sua dose de 0,01 a 0,03 mg/kg). Doses maiores levam a hipertensão arterial grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico. A via traqueal da medicação só pode ser usada para adrenalina uma única vez em caso de não conseguir acesso pela umbilical. Se não houver melhora pelo uso de adrenalina, pode-se repetir a cada 3 a 5 minutos e considerar a expansão volêmica (em caso do paciente pálido e evidências de choque) e é feita com soro fisiológico na dose de 10 ml/kg. Se não houver resposta, deve-se verificar a posição da cânula traqueal, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade da via de acesso vascular. ASPECTOS ÉTICOS Quando não reanimar? Em mal formações fetais sendo necessário conversar com a família. Quando interromper a reanimação? Quando há assistolia após 10 minutos de reanimação. EXPLORAR ACERCA DA AVALIAÇÃO DA VITALIDADE NEONATAL (APGAR) E IG (CAPURRO/ NEW BALLARD) Durante o momento em que o bebê está em contato com a mãe, já deve ser feita a mensuração da vitalidade do RN, por meio do boletim de Apgar e deve ser aplicado no 1º e no 5º minuto de vida e, se necessário, repetir a cada 5 minutos para avaliar: 1. Respiração (choro) 2. FC 3. Cor da pele 4. Tônus muscular 5. Resposta reflexa O APGAR não é indicativo de início de manobras e serve apenas como monitoramento de como esteve o RN durante o 1º minuto e 5º minuto, além de ser feito apenas após todas as técnicas, portanto, não é indicativo de nada, apenas avalia sucesso. PONTOS 0 1 2 FC ausente <100bpm >100bpm RESPIRAÇÃO ausente fraca (irregular) Forte (choro) TÔNUS Flácido Flexão de pernas e braços Movimento ativo (boa flexão) COR Cianótico (pálido) Cianose nas extremidades Rosado Lavínia Araújo REFLEXO ausente Algum movimento Espirros/choro O somatório da pontuação resulta no índice de APGAR: 1. 8 a 10 significa que o RN nasceu em ótimas condições 2. 5 a 7 significa que o bebê apresentou uma dificuldade leve 3. 3 a 4 significa uma dificuldade moderada 4. 0 a 2 significa uma dificuldade de ordem grave Se essas dificuldades persistirem durante alguns minutos sem tratamento, isso pode levar a alterações metabólicas no organismo e anóxia. CHECKLIST DA AVALIAÇÃO DO RN – MANUAL DE NEONATOLOGIA Após a avaliação da vitalidade ao nascer, realiza-se o exame físico sumário, que deve ser objetivo e rápido, no intuito de avaliar a perda de calor: 1. Identificação de malformação congênita, traumatismos obstétricos, desconforto respiratório, sopro cardíaco, massas abdominais, fenda palatina, atresia de coanas, esôfago e anomalia anorretal. 2. Descartar as possibilidades de artéria umbilical única, onfalocele, defeitos de fechamento do tubo neural, defeitos dos membros, extrofia vesical. Avalia a temperatura Avalia o peso → ele deve estar sem roupa e em balança previamente tarada. ▪ Alto peso ou macrossômico: > 4 kg ▪ Peso médio do RN ao nascer: 3 – 3,5 kg ▪ Baixo peso ou microssômico: < 2,5 kg ▪ Muito baixo peso: < 1,5 kg e > 1 kg ▪ Extremo baixo peso: < 1 kg Avalia a estatura →uso de uma régua antropométrica ou graduada e evita a métrica pela chance de erro. Deve estar com a cabeça na extremidade fixa e com as pernas bem esticadas. (estatura média de 50 cm) Avalia o perímetro cefálico → uso da fita métrica passando pela região mais proeminente do occipital até a glabela (média de 34 a 36 cm) Avalia o perímetro torácico → uso de fita métrica passando pela linha intermamilar (média de 2 cm a menos que o PC) Avalia o perímetro abdominal → uso de fita métrica logo acima do coto umbilical (média de 2 cm menor que o PT) IDADE GESTACIONAL Termo: 37 a 41 semanas e 6 dias Pré-termo: ≥ 42 semanas Lavínia Araújo Pós-termo: ≤ 36 semanas e 6 dias A idade gestacional é realizada a partir dos métodos de Capurro ou de New Ballard nos casos dos prematuros e deve ser realizada durante a primeira avaliação do RN. Embora se baseie em critérios físicos e neurológicos, na sala de parto, realiza-se o Capurro somático pela praticidade da sua abordagem. CAPURRO SOMÁTICO Avaliação de: 1. Textura da pele → desde muito fina e gelatinosa a grossa, enrugada e com marcas profundas (5 EM 5) 2. Forma da orelha → baseado na curvatura do pavilhão auditivo (ÚNICO QUE PONTUA DE 8 EM 8) 3. Glândula mamária → até quando são palpáveis em diâmetro (5 EM 5) 4. Pregas plantares → desde sem pregas a presença de sulcos em mais da metade anterior (5 EM 5) 5. Mamilos → pela disposição da aréola desde não visível a pontiaguda e bordo levantado e diâmetro (5 EM 5) Para saber a IG soma-se cada item + 204 e os divide por 7 e obtém o resultado em semanas. CAPURRO NEUROLÓGICO Soma dos fatores + 200 e divide por 7 e obtém a IG em semanas NEW BALLARD O New Ballard usa seis parâmetros neurológicos e seis físicos: Lavínia Araújo Deve-se administrar de forma profilática a vitamina K rotineiramente em todos os RN para evitar o sangramento precoce por deficiência dessa vitamina (doença hemorrágica do RN e sangramento posterior, com a administração de 1 mg via IM. Deve ser feita a profilaxia ocular para evitar infecções oculares transmitidas na passagem do RN pelo canal de parto com colírio oftálmico antibiótico em ambos os olhos, dentro da primeira hora após o nascimento, abrindo as pálpebras com os dedos e aplicando as gotas no ângulo interno da pálpebra inferior. Utiliza-se: 1. Tetraciclina 1% 2. Nitrato de prata 1% 3. Iodopovidona 2,5% 4. Eritromicina 0,5% Também deve ser feita a vacina de hepatite B, independente do peso ao nascer, nas primeiras 12 horas de vida. A vacina BCG também pode ser aplicada na maternidade para bebês com peso de nascimento igual ou superior a 2 kg. ELUCIDAR A ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA DA CIRCULAÇÃO CARDIOPULMONAR NO NASCIMENTO RESPIRAÇÃO - GUYTON Com o nascimento, o bebê perde a conexão placentária com a mãe e, portanto, perde seu meio de suporte metabólico e um dos ajustes necessários ao bebê é começar a respirar. A criança começa a respirar dentro de segundos e atinge ritmo respiratório normal em menos de 1 minuto após o nascimento. A prontidão com que o feto começa a respirar indica que a respiração é iniciada pela repentina exposição ao mundo exterior, provavelmente resultante de estado levemente asfixiado, incidente ao processo do nascimento e de impulsos sensoriais que se originam na pele subitamente resfriada. Em bebê que não respira imediatamente, o corpo fica progressivamente mais hipóxico e hipercápnico, o que representa estímulo adicional ao centro respiratório e, geralmente, provoca a respiração dentro de mais 1 minuto depois do nascimento. Quando o bebê nasce, as paredes dos alvéolos estão colapsadas devido à tensão superficial do líquido viscoso no interior deles. Para abrir esses alvéolos colapsados, é necessário mais de 25 mmHg de pressão inspiratória negativa para dilatar esses alvéolos pela primeira vez e, após isso, uma respiração com movimentos respiratórios mais fraco consegue se manter. Apesar disso, as primeiras inspirações do RN normal são muito potentes, geralmente capazes de criar uma pressão negativa de até 60 mmHg no espaço intrapleural. Na primeira respiração, para haver o aumento do volume de ar, é necessário que a pressão muito negativa (-40 centímetros de água) e aumenta até -60 cm de água que faz com que aumente um volume próximo de 40 mL de ar para dentro dos pulmões, e para desinfla-los é preciso que ocorra uma pressão positiva considerável, em cerca de +40 cm de água, devido à resistência viscosa oferecida pelo líquido nos bronquíolos. Após isso, a segunda respiração já necessita de pressões positivas e negativas muito menores que para a primeira respiração. Após 40 min respirando, o esforço para pressão é parecido com o de um adulto normal. AJUSTES CIRCULATÓRIOS – GUYTON Os ajustes circulatórios imediatos ao nascer são muito importantes também para permitir o fluxo sanguíneo adequado aos pulmões. ESTRUTURA ANATÔMICA DA CIRCULAÇÃO FETAL Como durante a vida fetal os pulmões não funcionam e o fígado é apenas parcialmente funcional, o coração não bombeia sangue em grande quantidade para esses dois destinos. O coração fetal bombeia sangue preferencialmente em grande quantidade para a placenta. Para isso, a circulação fetal usa dispositivos especiais para que opere bem: shunts (ducto venoso, canal arterial, forame oval e seio portal). Lavínia Araújo O sangue oxigenado vem pela veia umbilical para feto e atravessa o ducto venoso (isso deixa o fígado de fora do circuito sanguíneo). Esse sangue consegue chegar diretamente por isso na veia cava inferior que caminha até o átrio direito do coração. A maior parte do sangue que entra no átrio direito passa de forma direta para o átrio esquerdo através do forame oval. É dessa forma que o sangue oxigenado entra no lado esquerdo do coração para ser bombeado pelo ventrículo esquerdo par aa cabeça e para os membros anteriores. A volta do sangue (desoxigenado) pela veia cava superior entra no átrio direito e é direcionado para o ventrículo direito pela valva atrioventricular tricúspide. Esse sangue é bombeado então para a artéria pulmonar, que, nela, encontra o ducto arterioso, por onde se conecta à aorta descendente e, se conecta às artérias umbilicais e devolve o sangue para a placenta. MUDANÇAS NA CIRCULAÇÃO FETAL AO NASCIMENTO A valva do forame oval que permite a passagem do sangue do átrio direito para o átrio esquerdo. A pressão no átrio direito é maior que a pressão do átrio esquerdo. Mas porquê? O átrio direito é a região que está diretamente relacionada com os pulmões pela comunicação da circulação. Durante o período fetal, os pulmões estão colapsados, dessa forma, a resistência ao fluxo sanguíneo é muito alta, o que torna a pressão pulmonar no feto. Isso torna a pressão em átrio direito muito alta também. Já o átrio esquerdo está conectado com a circulação sistêmica e consequentemente com a placenta que é uma circulação de baixa resistência e pressão. Isso faz com que o átrio esquerdo também seja. Por meio disso que o sangue flui da direita para a esquerda. Com a saída da placenta e a insuflação pulmonar, as pressões nos átrios se invertem e com isso há o fechamento funcional do forame oval. Com a insuflação de ar pelos pulmões, isso causa a queda da resistência vascular pulmonar e o aumento da PaO2 e com a saída da placenta há a diminuição das prostaglandinas. Dessa forma, a pressão na artéria pulmonar cai, enquanto aumenta na aorta. Isso causa uma contração do canal arterial devido à concentração de oxigênio do sangue aórtico, que passa a fluir por ele, seja cerca de duas vezes maior que a do sangue que flui da artéria pulmonar para o canal arterial durante a vida fetal. Presumivelmente, o oxigênio provoca a contração do músculo na parede do canal arterial. ABORDAR SOBRE A FISIOPATOLOGIA DOS FATORES QUE ACONTECEM ASFIXIA NO NEONATO. RETARDO NA RESPIRAÇÃO -GUYTON O que pode causar? Mães que foram deprimidas com anestésicos gerais durante o trabalho de parto, pois pode anestesiar o feto e, com isso, o surgimento da respiração pode demorar alguns minutos, demostrando assim, a importância de usar mínima anestesia possível. Lavínia Araújo Além disso, trauma cefálico no bebê durante a expulsão dele pode causar uma hemorragia intracraniana ou uma contusão cerebral pode gerar uma concussão que deprime o centro respiratório. Outro motivo é o parto prolongado que, por aumentar o tempo em hipóxia, e esse maior tempo em hipóxia faz com que haja uma depressão no centro respiratório. A hipóxia ocorre com frequência durante o parto devido compressão do cordão umbilical, separação prematura da placenta, contração excessiva do útero (pode cortar o fluxo de sangue da mãe para a placenta e anestesia excessiva da mãe, o que deprime a oxigenação de seu próprio sangue. GRAU DE HIPÓXIA QUE O BEBÊ PODE TOLERAR Um adulto sem respirar por 4 minutos falece, mas um recém- nascido consegue sobreviver por até 10 minutos sem respirar depois de nascer. O comprometimento cerebral grave e permanente ocorre quando a respiração demora entre 8 a 10 minutos. As lesões se desenvolvem no tálamo, nos colículos inferiores e em outras áreas do tronco encefálico, afetando muitas funções motoras corporais. SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA Uma parte dos bebês, especialmente os prematuros e filhos de mães diabéticas, desenvolve a síndrome da angústia respiratória grave nas primeiras horas até os primeiros dias do nascimento. Os alvéolos desses bebês contêm grande quantidade de líquido proteináceo. É chamado de doença da membrana hialina porque histologicamente o material que preenche os alvéolos se assemelha a uma membrana hialina. Um achado dessa síndrome é uma falha na produção de surfactante pelo epitélio respiratório em quantidades adequadas. Esse surfactante possui a função de reduzir a tensão superficial dos alvéolos o que permite a expansão fácil durante a inspiração e é produzido pelos pneumócitos tipo II. Os pneumócitos tipo II não começam a secretar surfactante até os últimos 1 a 3 meses de gestação. Assim, muitos bebês prematuros e alguns bebês nascidos a termo nascem sem a capacidade de secretar surfactante suficiente, o que causa tanto tendência a colapso dos alvéolos como desenvolvimento de edema pulmonar. O surfactante é formado de fosfatildilcolina saturada e insaturada, lipídios neutros, proteínas, fosfatidilglicerol e outros fosfolipídeos. CONCEITO – MARCONDES Asfixia perinatal é caracterizada pela deficiência no suprimento de oxigênio tecidual. Ocorre geralmente no período que antecede o parto ou mesmo durante o trabalho de parto. Clinicamente, a asfixia é caracterizada por uma sequência de eventos que dependem da intensidade e da duração dos fatores desencadeantes. 1. Índice de Apgar baixo no primeiro minuto de vida (à custa de uma FC < 100 bpm, frequência respiratória irregular ou ausente com cianose), não responsivo às manobras de reanimação irregular → ≤ 5 2. Exame neurológico alterado nos primeiros dias de vida 3. Acidemia com aumento de lactato sérico 4. Disfunção de múltiplos órgãos FISIOPATOLOGIA O feto depende da placenta para suas trocas gasosas e, embora seus tecidos apresentem baixo conteúdo de oxigênio, seu metabolismo normalmente não chega a ser hipóxico, mantendo-se aeróbio por causa da hemoglobina fetal que tem afinidade elevada por oxigênio, pelo mecanismo adaptativo de velocidade de perfusão nos tecidos fetais (maior do que no adulto) e pelo baixo consumo tecidual de oxigênio (por necessidade de termorregulação e esforço respiratório baixos). Durante o trabalho de parto. em geral. ocorre algum grau de asfixia, ocasionada pela redução da perfusão sanguínea placentária a cada contração, com consequente queda das trocas gasosas, ocasionando hipoxemia e hipercapnia transitórias. Esses efeitos são recuperáveis a cada intervalo entre as contrações, porém são cumulativos: quanto maior a duração do trabalho de parto, maiores serão a hipoxemia, a hipercapnia e a acidemia resultantes. Quando existe queda no suprimento de oxigênio tecidual (asfixia perinatal), mesmo que transitória e leve (depressão neonatal), ocorre resposta imediata e fisiológica para evitar o dano permanente. Essa resposta consiste basicamente de uma alteração circulatória e hemodinâmica. O feto e o recém-nascido respondem com aumento do fluxo direito-esquerdo através do forame oval e redistribuição do fluxo sanguíneo, havendo desvio preferencial para a cabeça e o coração, com redução do fluxo para os órgãos não vitais. O consequente aumento da resistência vascular periférica eleva a pressão sanguínea na fase precoce do período da asfixia, e essa se manterá elevada enquanto o miocárdio puder suportar o débito cardíaco. Com a continuidade desse processo, ocorre aumento da hipóxia e da acidose, e o miocárdio entra em falência, causando queda tanto no débito cardíaco quanto na pressão sanguínea; verifica-se também alteração no padrão respiratório, que se inicia com movimentos respiratórios irregulares (de aparecimento ainda intrauterino), seguidos de apneia de curta duração (30 segundos a 1 minuto), conhecida como apneia primária. Se o processo de asfixia não for corrigido, a respiração continuará irregular e cessará após 3 a 4 minutos, caracterizando a apneia secundária. Nesse momento, o óbito ocorrerá, a menos que sejam instituídas as manobras de reanimação. Lavínia Araújo Na asfixia provocada por diversos processos, observar-se a seguinte sequência de fatos: 1. Hipoxemia inicial. 2. Alterações circulatória e hemodinâmica adaptativas: redistribuição do fluxo sanguíneo para manter as circulações cerebral e miocárdica, por redução na resistência vascular desses órgãos e aumento na resistência vascular periférica 3. Alteração no ritmo respiratório: apneia primária seguida de apneia secundária. 4. piora da hipoxemia, acidose láctica e hipercapnia: a hipóxia persistente impossibilita o metabolismo celular aeróbio, com formação de ácido láctico e consequente redução do pH; a hipercapnia é favorecida por um somatório de efeitos metabólicos e fisiológicos tais como a presença de acidose, o aumento no fluxo sanguíneo cerebral (reperfusão) e a vasoconstrição periférica. 5. Esgotamento dos mecanismos adaptativos: redução da oferta de oxigênio para órgãos vitais. 6. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas: a. Miocárdio – a hipóxia conduz inicialmente à diminuição da atividade metabólica do miocárdio (por redução do metabolismo aeróbio e início do anaeróbio), com queda na frequência cardíaca (observada somente em recém-nascidos de termo) por ativação vagal e estímulo de barorreceptores arteriais periféricos, sendo seguida de ativação transitória do sistema nervoso autônomo simpático, com taquicardia de curta duração; após o esgotamento dessa fase, ocorre redução progressiva do glicogênio cardíaco (para a produção de energia por meio da glicólise), com queda progressiva da frequência cardíaca, liberação de enzimas do músculo cardíaco e repercussões na repolarização; finalmente, o choque cardiogênico sobrevém por esgotamento energético, associado às alterações hemodinâmicas que se repercutem no retorno venoso. b. Pulmão – a hipóxia favorece a persistência do padrão fetal circulatório, mantendo o "shunt" direito-esquerdo através do forame oval e do canal arterial, caracterizando o quadro de hipertensão pulmonar persistente. Além disso, a vasoconstrição pulmonar, decorrente da hipóxia e da hipercapnia, pode resultar em isquemia pulmonar, lesão celular e redução do surfactante alveolar. c. Rim - a vasoconstrição persistente ocasiona isquemia no túbulo proximal que, associada à presença de mioglobina, liberada das fibras musculares, pode causar necrose tubular aguda. d. Trato gastrintestinal – vasoconstrição persistentegera a isquemia mesentérica favorecendo a enterocolite necrosante. e. Alterações hematológicas – coagulação intravascular disseminada ocorre principalmente pela presença de hipotensão, associada à acidose e à hipóxia por estímulo direto do fator antiplaquetário. f. Alterações metabólicas – hipoglicemia ocorre por aumento na glicólise anaeróbia inerente à hipóxia; hipocalcemia ocorre por aumento da calcitonina que é estimulada pelo estresse, o qual libera cortisol, catecolaminas e glucagon, substâncias que atuam no estímulo da calcitonina. g. Sistema nervoso central – os mecanismos de lesão cerebral, embora ainda não muito claros na sequência dos eventos, envolvem múltiplos aspectos, sendo a encefalopatia hipóxico- isquêmica caracterizada por aspectos neuropatológicos e clínicos, que estão descritos separadamente pela importância que apresentam. ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA O funcionamento adequado dos neurônios depende da oferta de oxigênio e de glicose, que são substratos para a produção de moléculas ricas em energia, ATP e fosfocreatina. Essas moléculas fornecem energia para a manutenção do funcionamento da bomba de sódio, essencial para a estabilização do potencial elétrico da membrana citoplasmática da célula nervosa. Como as reservas de ATP e fosfocreatina do SNC são limitadas, existe necessidade de reposição contínua dessas moléculas. A produção desses compostos é feita por meio da glicólise, cuja reação possui uma fase anaeróbia e outra aeróbia. Durante a asfixia, hipoxemia e isquemia muitas vezes ocorrem concomitantemente ou em sequência a ela, sendo que, em geral, a hipercapnia está presente. O mecanismo de isquemia para a lesão cerebral no período perinatal parece ser mais importante do que o de hipoxemia, dentre as duas formas de diminuição da oferta de oxigênio. Além disso, o período de reperfusão que se segue provavelmente é mais deletério para o tecido cerebral do que a isquemia. Os possíveis mecanismos bioquímicos para a alteração inicial da função cerebral durante a asfixia são: 1. Alterações regionais da formação de ATP – com hipoxemia, apesar da oferta aumentada inicial de glicose para o cérebro (por aumento do fluxo sanguíneo cerebral inicial), ocorre aumento da glicólise anaeróbia, com redução de ATP; a redução de fosfocreatina e a de fosforilação oxidativa são mais tardias, após a instalação de isquemia, que termina por reduzir o fornecimento de Lavínia Araújo glicose cerebral, aumentando a glicólise anaeróbia e a acidose intracelular (por formação de lactato e de íons hidrogênio). 2. Acúmulo de potássio extracelular – ocorre por alteração na bomba de sódio. 3. Acídose intracelular – durante a glicólise anaeróbia ocorre acidose por formação de lactato e de íons hidrogênio 4. Peroxidação lipídica – ocorre na primeira hora de hipoxemia, sendo o mais tardio dos efeitos deletérios, com consequente alteração na atividade da Na+, K+- ATPase, enzima crucial na regulação do fluxo de íons através das membranas e dependente do fosfolipídeo da membrana celular. Acredita-se que a peroxidação lipídica ocorra por formação de radicais livres formados durante a hipóxia. Esses radicais livres são responsáveis pela peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) da membrana citoplasmática e também pelo dano ao DNA e às proteínas que contêm grupos insaturados ou do tipo sulfiril. 5. Fluxo alterado de íons – o aumento do cálcio intracelular desencadeia diversos efeitos deletérios para a célula cerebral, entre eles: hidrólise fosfolipídica, com lesão de membrana celular; ativação do ácido araquidônico, com formação de radicais livres; proteólise dos neurofilamentos, com rotura microtubular; dano nuclear; diminuição da produção de ATP; auto-oxidação das catecolaminas; oxidação das hipoxantinas até ácido úrico, com mais formação de radicais livres; formação de óxido nítrico, com efeito tóxico para os neurônios e ativação de glutamato, que atualmente é reconhecido como o principal fator deletério para o cérebro, causador da morte cerebral. 6. Fluxo alterado de neurotransmissores – mesmo a hipoxemia moderada pode reduzir a síntese de acetilcolina, dopamina, norepinefrina e serotonina. Outros compostos que interferem na neurotransmissão também podem ser afetados, tais como AMP-cíclico, GMP e ácido gama-aminobutírico. FATORES DE RISCO ANTENATAIS INTRAPARTO Diabetes materno Parto cesariano Doença hipertensiva da gestação Trabalho de parto prolongado Hipertensão crônica Trabalho de parto prematuro Sangramento do 2º e 3º trimestre Rotura prolongada de membranas, Descolamento prematuro de placenta e Placenta prévia Infecção materna Fisometria Polidrâmnio e oligodrâmnio Apresentação pélvica Gestação prolongada Segunda fase do trabalho de parto > 2 horas Gestação múltipla Anestesia geral Uso de drogas Narcóticos antes de 4 horas do parto Terapia materna Mecônio Anemia ou isoimunização Prolapso de cordão umbilical O recém-nascido pode ser acometido por problemas intrauterinos, maternos, placentários ou do próprio feto, bem como decorrentes do tipo, intercorrências ou duração do parto, Problemas de origem neonatal são mais raros, mas incluem pneumotórax espontâneo, pneumonia ou obstrução mecânica das vias aéreas, entre outros. Outros fatores podem influenciar o dano causado pela asfixia: 1. Hiperglicemia: a glicose é tóxica para o feto asfixiado, aumentando a acidose. 2. Acidose láctica: leve ou moderada, aparentemente é protetora para o dano cerebral, enquanto a grave piora o desenvolvimento cerebral. 3. Pós-maturidade: pode aumentar o risco de lesão cerebral já existente no recém-nascido asfixiado. 4. Prematuridade: aumenta o risco de necrose periventricular. 5. Crescimento intrauterino retardado: aumenta o risco de lesão pós-asfíxica, por menor habilidade, nesse tipo de recém-nascido, para realizar a fase adaptativa da asfixia. 6. Danos repetidos: episódios repetidos de asfixia atingem também a região do tálamo e do estriado, aumentando o dano cerebral, que é caracterizado como paralisia cerebral coreatetóide. 7. Compressão prolongada do cordão umbilical: a compressão por mais de 10 minutos pode fazer com que o dano cerebral possa atingir a região do hipocampo. DISCORRER SOBRE ALOJAMENTO CONJUNTO (PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS) E EXAMES REALIZADOS (OLHINHO, ORELHINHA E CORAÇÃO) O Ministério da Saúde na portaria de nº 2068 de 21 de outubro de 2016 instituiu as diretrizes para a organização da atenção integral à mulher e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. O Alojamento Conjunto é o local destinado às mulheres clinicamente estáveis e sem contraindicações para a permanência junto ao recém-nascido. QUAIS RECÉM-NASCIDOS VÃO PARA O ALOJAMENTO? 1. Apenas os clinicamente estáveis e com boa vitalidade 2. Idade gestacional maior que 35 semanas 3. Peso maior ou igual a 2000 g 4. Capacidade de sucção 5. Capacidade de controle da temperatura 6. Índice de apgar maior que 6 no quinto minuto Lavínia Araújo Nesse período, portanto, o profissional de saúde deve favorecer ao máximo o contato íntimo, pele a pele, entre mãe e bebe, evitando procedimentos desnecessários ou que possam ser realizados mais tarde. A separação da mãe e do bebe e a sedação da mãe privam o binômio desse momento tão especial. Após a finalização dos procedimentos de sala de parto, a mãe e o RN devem ir para um local dentro da maternidade que permita a eles ficarem juntos 24 horas por dia até a alta hospitalar. Para isso, foi implantado o sistema de alojamento conjunto nas maternidades. VANTAGENS – ATENÇÃO À SAÚDE DO RN Humanização do atendimento mãe-filho e sua família; Convivência contínua entre a mãe e o bebê favorece o conhecimento mútuo e a satisfação imediata das necessidades físicas e emocionais do RN. Os bebês no alojamento conjunto dormem mais e choram menos do que os de berçário; Ocorre um maior envolvimento dospais no futuro cuidado com a criança; Promove o vínculo precoce entre mãe e filho → aumenta a ligação afetiva e reduz auso e negligência infantil e de abandono da amamentação; Promoção do aleitamento materno → aumenta a velocidade da descida do leite materno e o tempo mais prolongado de amamentação; Oportunidade para as mães, em especial as primigestas, de aprenderem as noções básicas dos cuidados com o RN; Tranquilidade das mães que ficam inseguras quanto ao atendimento prestado a seus filhos quando não estão perto deles → a ansiedade pode inibir a ocitocina e dificultar a liberação do leite, e enquanto o choro costuma estimular o reflexo de ejeção do leite; Troca de experiência com outras mães quando compartilham o mesmo quarto, em especial com mães mais experientes que também estão cuidando dos seus filhos; Maior interação entre a mãe e a sua família e os profissionais de saúde; Diminuição do risco de infecção hospitalar. ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE Deve-se encorajar o aleitamento materno sob LIVRE DEMANDA Não dar ao RN NENHUM OUTRO ALIMENTO OU BEBIDA, ALÉM DO LEITE MATERNO (a não ser que seja indicada pelo médico) Não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas no seio. Durante o estabelecimento da amamentação, esses artefatos podem causar confusão de bicos pelo uso da boca e língua para sugar a mamadeira e chupeta Orientar as mães para que não amamentem outros RNs que não os seus (amamentação cruzada) e não permitir que outras mães amamentem seu filho para prevenção de contaminação de crianças com possíveis patógenos que podem ser encontrados no leite materno (INCLUSIVE O HIV) Realizar visitas diárias para esclarecer e orientar a mãe, dando segurança quanto ao estado de saúde do filho Permanência de no mínimo 48 horas no alojamento conjunto para oportunidade de aprendizado para as mães durante sua permanência e detecção de complicações pós-parto e afecções neonatais. O atendimento do RN deve ser feito na presença da mãe e, sendo o primeiro contato com a família, apresentar-se a eles O acompanhante deve participar do atendimento sempre que for possível e adequado para estímulo do apoio à mãe BOAS PRÁTICAS Deve haver o acolhimento com o atendimento humanizado e seguro às mulheres, aos RNs, aos acompanhantes, aos familiares e aos visitantes. Acolher implica recepcionar o usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo suas queixas, permitindo que ele expresse suas preocupações e angústias, e dando-lhe respostas adequadas. Deve haver a comunicação pois deve haver a competência de saber passar a informação com clareza e eficiência usando a técnica de aconselhamento. Deve-se usar artifícios para o aconselhamento: 1. Linguagem não verbal → sorrir, balançar a cabeça afirmativamente 2. remover as barreiras físicas → mesa, papéis para maior aproximação 3. usar linguagem simples e acessível 4. dar espaço para a mãe se expressar → necessário saber ouvir 5. demonstrar ter empatia 6. evitar palavras que soem como julgamento 7. aceitar e respeitar os sentimentos e as opiniões das mães sem precisar concordar e discordar 8. reconhecer e elogiar as situações em que a mãe e o bebê estão indo bem 9. oferecer poucas informações em cada aconselhamento 10. fazer sugestões ao invés de ordem 11. oferecer ajuda prática 12. conversar com as mães sobre suas condições de saúde e as do bebê, explicando os procedimentos e condutas ORIENTAÇÕES AMAMENTAÇÃO Lavínia Araújo Deve ser abordado a: Importância do aleitamento materno e as desvantagens da introdução alimentar precoce Recomendação quanto à duração da amamentação (dois anos ou mais e exclusividade até os 6 meses) Importância do aleitamento em livre demanda Flexibilidade quanto ao tempo de permanência em cada mamada Prevenção de problemas sobre a amamentação Manutenção de hábitos saudáveis pela mãe Ordenha do leite Checar o posicionamento da amamentação: 1. mãe em posição confortável 2. rosto do bebê de frente para a mama e com o nariz na altura do mamilo 3. bebê com a cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) 4. corpo do bebê próximo ao da mãe Pega: 1. boca do bebê bem aberta com o lábio inferior virado para fora 2. mais aréola visível acima da boca do bebê 3. queixo tocando a mama USO DE MAMADEIRA Água, chás e outros leites devem ser evitados. USO DE CHUPETA A chupeta tem sido desaconselhada pela possibilidade de interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros motivos. O uso de chupeta está associado a uma maior ocorrência de candidíase oral, de otite media e de alterações do palato. COMPORTAMENTO NORMAL DO RN É importante enfatizar para a mãe que cada bebê e único, respondendo de maneiras diferentes as diversas experiencias. Comparações com filhos anteriores ou com outras crianças devem ser evitadas, podendo inclusive interferir na interação entre a mãe e o bebê. Muitas mães se queixam de que seus bebes “trocam o dia pela noite”. As crianças, quando nascem, costumam manter nos primeiros dias o ritmo ao qual estavam acostumadas dentro do útero. INTERAÇÃO COM O BEBÊ A interação entre a mãe e seu bebê nos primeiros dias é muito importante para uma futura relação sadia. A mãe e os futuros cuidadores da criança devem ser orientados a responder prontamente às necessidades do bebê, não temendo que isso vá deixá-lo “manhoso” ou excessivamente dependente mais tarde. Carinho, proteção e pronto atendimento das necessidades do bebê só tendem a aumentar sua confiança, favorecendo sua independência em tempo apropriado. LIMPEZA DO COTO UMBILICAL Sempre após a troca de fralda. POSIÇÃO DO BEBÊ PARA DORMIR Por em decúbito dorsal e orientar de forma clara quanto ao posicionamento recomendado do bebê para dormir. Está bem documentada a associação entre síndrome da morte súbita do lactente e posição prona. Existe temor entre pais e profissionais de saúde quanto à possibilidade de aspiração dos bebês quando colocados em decúbito dorsal. No entanto, estudos mostram que não houve aumento da frequência de aspiração após a recomendação de colocar as crianças para dormir nessa posição. Apesar dessa recomendação, mesmo em hospitais-escola com programas de residência médica em Pediatria, a posição para dormir mais utilizada no alojamento conjunto de maternidades brasileiras é a de decúbito lateral, assim como também a mais recomendada, erroneamente, em orientação verbal, na alta hospitalar. ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA Toda criança deve sair da maternidade com a primeira consulta marcada de preferência na primeira semana de vida. Orientados quanto à importância do teste do pezinho, realizado entre o 3º e 5º dia de vida. A Caderneta da Criança é distribuída gratuitamente a todas as crianças nascidas no território nacional, nas maternidades públicas ou privadas. Antes da alta hospitalar, a caderneta deve ser preenchida com as condições de parto e nascimento pelo profissional que atendeu o RN e explicado o conteúdo aos pais. TRIAGEM NEONATAL Triagem é um método de detecção através de testes aplicados para avaliara a probabilidade elevada de apresentar determinadas patologias. Para triar, deve ser uma doença frequente, sem achados clínicos precoces e de melhora clínica com o tratamento. Lavínia Araújo TESTE DO OLHINHO Teste simples, rápido e indolor. Avalia a leucocoria (pupila branca) através do reflexo da superfície retiniana. Avalia em um ambiente com pouca luz e usando um o oftalmoscópio. Identificar um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê numa sala em penumbra. Numa distância de 50 a 100 cm ao mesmo tempo em ambos os olhos. Pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual como catarata, glaucoma congênito, retinocoroidite e retinoblastoma (FILHA DE THIAGO LEIFERT). O diagnóstico precoce pode possibilitaro tratamento no tempo certo e garantir o desenvolvimento normal da visão. Deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida. Se houver alteração, enviar para o oftalmologista. Encaminhar pelo sistema Hygiaweb. Deve ser feito em toda consulta de puericultura. TESTE DO CORAÇÃOZINHO A cardiopatia congênita é a malformação congênita mais comum e ocorre em 1% dos recém-nascidos vivos e corresponde à 10% dos óbitos infantis e a mortalidade aumenta quando não identificada no nascimento. Faz uma triagem para as cardiopatias críticas → decorrem do fechamento do canal arterial. Deve ser feita a oximetria de pulso de forma rotineira em recém- nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional maior do que maior 34 semanas tem se mostrado um instrumento de rastreamento de elevada especificidade e moderada sensibilidade para detecção de cardiopatias. O Teste do Coraçãozinho consiste em medir a oxigenação do recém-nascido com o auxílio de um oxímetro de pulso no membro superior direito e membro inferior do bebê (esquerdo ou direito) entre 24 e 48h de vida e antes da alta hospitalar. Caso algum problema seja detectado, a criança deverá ser encaminhada para avaliação clínica especializada cardiológica, bem como para realização de exames mais específicos (ecocardiograma) visando ao diagnóstico definitivo. O teste pode ser realizado em recém-nascidos que nasceram fora do ambiente hospitalar, utilizando-se um oxímetro portátil com sensor neonatal adequado e deverá ser interpretado da mesma maneira dos exames realizados intrahospitalar. Caso a SatO2 seja > 95% ou a diferença entre as medidas seja de ≤ 3 %, tem o seguimento neonatal de rotina (NORMAL). Caso a SatO2 seja 90-94% em qualquer medida e a diferença entre as medidas seja de ≥ 4%, deve repetir o teste em até 1 hora (até 2 vezes) pois é um resultado duvidoso. Caso a SatO2 seja ≤ 89% em qualquer medida, deve enviar para a avaliação cardiológica e ecográfica para diagnóstico de cardiopatias dependentes de canal. TESTE DA ORELHINHA Feito preferencialmente entre 24h e 48h Identifica possíveis problemas auditivos no recém-nascido. Gera a produção de um estímulo sonoro e a avaliação da captação do seu retorno por meio de uma sonda introduzida na orelha. Permite um desenvolvimento neuronal correto, melhor rendimento escolar, autoestima e adaptação psicossocial. Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter feito o teste, que é gratuito. As crianças nascidas fora do ambiente hospitalar devem fazê-lo antes de completarem 3 meses de vida. O Teste da Orelhinha é realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos. Hygiaweb para encaminhar. Lavínia Araújo DETALHAR O MECANISMO DA ICTERÍCIA NEONATAL ICTERÍCIA NEONATAL- SBP É a coloração amarelada da pele e das conjuntivas definida pela concentração sérica de bilirrubina indireta > 1,5 mg/dL ou de bilirrubina direta > 1,5 mg/dL, desde que mais que 10% do valor da bilirrubina total. Na avaliação clínica é visível quando o nível de BT sérica excede 5 mg/dL. Pelo fato da BI ser lipossolúvel, ela consegue acumular em SNC e levar a um quadro de encefalopatia bilirrubínica, complicação grave. Estima-se que na década de 2000 tenha ocorrido 1 caso de encefalopatia bilirrubínica para cada 40000 a 150000 nascidos vivos. Na prática, 85% dos RN a termo e a maior parte dos prematuros desenvolvem icterícia clínica. METABOLISMO DA BILIRRUBINA A hemoglobina das hemácias é degradada em heme. A heme sofre ação da heme oxigenase e se converte em biliverdina que sofre ação da biliverdina redutase e gera a bilirrubina indireta. A BI circula acoplada à albumina. Ao chegar no hepatócito, a BI é captada e a albumina volta para a circulação. Dentro do hepatócito, a BI se combina ao ácido glucorônico pela enzima UGT1A1 (glucoroniltransferase). A união dessas duas substâncias gera a bilirrubina direta que pode ser excretada. Em geral, a BD sofre ação das bactérias enterócitas e forma o urobilinogênio que pode virar urobilina e é excretado pelos rins ou pode virar estercobilinogênio e depois estercobilina e ser eliminado pelas fezes. FISIOPATOLOGIA - SBP Durante a vida fetal, o feto produzia bilirrubina indireta por ser lipossolúvel e poder eliminar diretamente pela placenta. Ao nascer, o RN precisa agora conjugar essa bilirrubina para eliminá-la pelo sistema biliar e trato gastrointestinal. O RN tem maior suscetibilidade à icterícia por apresentar falhas no metabolismo da bilirrubina. O RN possui uma maior carga de bilirrubina indireta no hepatócito associada a uma menor captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina. Isso decorre do fato do RN ter um trato gastrointestinal estéril (menor flora intestinal) e uma maior quantidade de beta glucoronidase (responsável pela desconjugação da BD em BI e é fornecida pelo leite materno). A sobrecarga de bilirrubina ocorre pela maior quantidade de bilirrubina indireta (o RN produz de 2 a 3 vezes mais que o adulto) decorrente da maior quantidade proporcional de hemoglobina e menor vida média das hemácias do RN. ETIOLOGIA As principais etiologias são as: 1. icterícia fisiológica 2. icterícia pelo aleitamento materno 3. síndrome da icterícia do leite materno Essas são causas de icterícia que levam a icterícia tardia (após às 24h). ICTERÍCIA FISIOLÓGICA No RN à termo começa após as 24h de vida, com pico do 3º ao 4º dia e no máximo de 12 mg/dL e se normaliza em 7 dias. No pré-termo também tem início após 24h, porém com um pico mais tardio (do 4º ao 7º dia), com um máximo de 15 mg/dL e se normaliza entre 10 a 30 dias. Possui fatores de risco definido pela: 1. idade materna 2. descendentes asiáticos 3. DMG 4. Prematuridade 5. Extravasamento de sangue 6. Perda de peso 7. Retardo para evacuar ICTERÍCIA PELO ALEITAMENTO MATERNO Pode ocorrer durante a primeira semana de vida. Devido à dificuldade de sucção ou pela pouca oferta láctea, o RN pode perder peso (>7%) e gerar desidratação. Esse quadro leva a um aumento da circulação entero-hepática, que sobrecarrega a bilirrubina no hepatócito e um aumento da bilirrubina indireta. SÍNDROME DA ICTERÍCIA PELO LEITE MATERNO Predisposição genética à icterícia em que as substâncias presentes no leite materno ativam fenótipos associados a uma menor atividade da enzima UGT1A1 (que une a BI com o ácido glucorônico) → o leite materno age como um modificador ambiental para os fenótipos. Lavínia Araújo Se inicia ainda na primeira semana entre 3 e 5 dias de vida e atinge o pico após 2 semanas, quando começa a declinar. Não é necessária intervenção nesse tipo de icterícia e não deve desaconselhar o aleitamento. Nesse caso eu tenho um bebê com bom estado geral e bom ganho pondero-estatural. É UM DIANGÓSTICO DE EXCLUSÃO. QUADRO CLÍNICO 1. Icterícia a. Progressão cefalocaudal b. Avaliação pelas zonas de kramer COMPLICAÇÕES DA BI A mais temida é a encefalopatia bilirrubínica que gera uma lesão cerebral pela BI nos gânglios da base. Possui duas fases clínicas: 1. Aguda → ocorre nos primeiros dias e perdura por semanas, com letargia, hipotonia e sucção débil com evolução para hipertonia com hipertermia (faz um retroarqueamento do pescoço e tronco com progressão para apneia, coma, convulsões e morte) e choro estridente 2. Crônica → as que sobrevivem apresentam a forma crônica com tétrade paralisia cerebral atetoide grave, neuropatia auditiva, paresia vertical do olhar e displasia dentária (pode haver retardo mental) DIAGNÓSTICO Dosagem de bilirrubina total e frações Hemoglobina e hematócrito Reticulócitos → saber como a medula responde à destruição das hemácias Tipagem sanguínea da mãe e do recém-nascido ZONAS DE RISCO Classifica-se pelo normograma de Buthani. Avalia zonas de riscode icterícia. Deve se preocupar se a dosagem de bilirrubina sérica estiver na zona de risco intermediário alto e de alto risco AVALIAÇÃO DA ICTERÍCIA Deve avaliar os fatores de risco e examinar o RN 8 a 12 horas. Caso seja uma icterícia precoce, deve colher exames e partir para o tratamento com a fototerapia. Caso seja uma icterícia tardia, deve-se: 1. Se for de zona < 2, deve ser feita apenas a observação clínica de 8 a 12 horas 2. Se for zona ≥ 2, deve-se colher os exames para avaliação da zona de risco: a. Se for > p75 Buthani, deve ser feita a fototerapia b. Se for < 75 Buthani, deve ser feita apenas a observação clínica ALTA Icterícia em zona de risco intermediário baixo ou baixo Após 48h sem icterícia ou icterícia zona I SEMPRE DEVE AGENDAR UM RETORNO AMBULATORIAL EM 48 A 72H PARA AVALIAR SE NÃO HOUVE DEPOIS PELA ICTERÍCIA PELA SÍNDROME DO LEITE MATERNO E PELO LEITE MATERNO FOTOTERAPIA Utiliza a tabela guia para com base nos níveis de bilirrubina: Lavínia Araújo A partir de nível maior ou igual aos tabelados, para tantas horas de vida, utiliza a fototerapia. Para fatores de neurotoxicidade, diminui o valor referência em 2 mg/dL. COMO FUNCIONA A FOTOTERAPIA A bilirrubina indireta na pele sofre a ação da luz azul e sofre uma fotoisomerização e se converte na bilirrubina-4Z,15E que pode ser excretado pela bile mais facilmente. Também leva à um isômero geométrico → lumirrubina que leva à excreção pela urina. A eficácia depende do comprimento da onda de luz, da irradiância espectral, da distância entre as luzes e o recém-nascido, superfície de pele exposta. São necessários cuidados: 1. Temperatura do RN devido ao fato de ser feito de fralda 2. Oferta hídrica pelo aumento de perdas insensíveis (estimulação do aleitamento) 3. Proteção ocular radiopaca pela exposição da luz aos olhos correndo risco de lesão nos olhos PROBLEMA 1 – FECHAMENTO DISCORRER SOBRE A 1ª CONSULTA DE PUERICULTURA (EXAME FÍSICO, NEUROLÓGICO E VARIAÇÕES PATOLÓGICAS) ANAMNESE – MANUAL DE NEONATOLOGIA As informações obtidas na anamnese são direcionadas para informar os riscos aos quais o bebê está exposto e preparar a equipe para oferecer a melhor condição de nascimento de cada bebê. O acompanhamento materno deve ser iniciado bem antes do parto para ao final da gestação haver condições e informações suficientes para oferecer a melhor atenção e cuidado ao RN. Portanto, após o parto, haverá informes suficientes para adequado encaminhamento do RN (alojamento conjunto, CTI e UTI neonatal) e quais condutas deverão ser tomadas e quais orientações deverão ser feitas. Tópicos: 1. Identificação do RN Como ainda não foi registrado em cartório, identifica-se como RN de “nome da mãe”. Data e hora de nascimento são importantes para avaliar a evolução do RN e diferenciar alterações que podem ser consideradas fisiológicas ou patológicas a depender do tempo de vida (icterícia) 1. Informações da mãe e Informações do pai Idade, escolaridade, ocupação, estado civil ajudam a levantar informações a respeito de aspectos psicossociais da dinâmica familiar que o RN irá se inserir 2. Antecedentes familiares Avalia presença de alterações genéticas, anomalias congênitas ou patologias cromossômicas. Histórico familiar para DM, HAS, nefropatias, doenças reumáticas, aterosclerose, doenças mentais, hemorragias, distúrbios metabólicos e alergias. Infecções congênitas Grupo sanguíneo dos pais Hábitos maternos e paternos relacionados à bebida, fumo e uso de drogas. Questionar existência de irmãos RN e se todos são saudáveis. 3. Antecedentes maternos Uso de medicamentos, presença de histórico de depressão/tristeza ou violência e condição de saúde 4. História gestacional Informações sobre paridade, abortos, número de gestações, idade materna do último parto (intervalos < 6 meses e ≥ 6 anos são fatores de risco, assim como primigesta < 17 anos ou > 30 anos), peso do maior filho ao nascer (presença de macrossomia em > 4000 g). Indagar se ocorreram mortes perinatais, se teve filhos prematuros, com baixo peso ao nascer ou com malformações. Para aqueles que possam ter apresentado icterícia neonatal, diferenciar entre fisiológica ou patológica e saber se foi necessário fazer alguma terapia. Houve casos de hidropsia? Como se passou o puerpério? Amamentou bem? Por quanto tempo? Suspendeu o aleitamento por algum motivo? São outros pontos relevantes. 5. Informações gestação atual Idade gestacional: I. pré termo precoce: < 34 semanas II. pré-termo tardio: ≥ 34 semanas e < 37 semanas III. a termo precoce: ≥ 37 semanas e < 39 semanas IV. a termo: ≥ 39 semanas e < 42 semanas V. pós-termo: ≥ 42 semanas Pré-natal: mínimo de 6 consultas intercaladas por médico e enfermeiro, iniciado preferencialmente no primeiro trimestre → atendimento mensal até a 28ª semana, quinzenal da 28ª a 36ª e semanal da 36ª a 41ª. Como se passou a higiene bucal → cárie está associada a parto prematuro. Vacinas: difteria e tétano (DT/DTpa), hepatite B e influenza Medicamentos indicados: vitamina B2, ácido fólico e ferro 6. Intercorrências na gestação atual ITU → uma das principais causas de parto prematuro e deve ser tratada mesmo em pacientes assintomáticas quando identificadas pelo sumário de urina Leucorreia materna → relacionada com parto prematuro LAVÍNIA ARAÚJO @laviarauj DM → pode ser gestacional ou crônica e está relacionada com macrossomia, distúrbios metabólicos, prematuridade, tocotraumatismos Estados hipertensivos: hipertensão arterial crônica e pré- eclâmpsia 7. Exames realizados Preconizados pelo MS: investigação de colonização vaginal e retal por estreptococcus do grupo B. 8. Período pré-natal e pós-natal Questionar sobre parto múltiplo e ordem de nascimento Local de parto Profissional responsável pelo parto e o nome do acompanhante Apresentação da criança Se foi parto vaginal ou cesáreo e indicação Duração do trabalho de parto Tempo de rotura de membranas: ≥ 18h está associado a infecções Caracterização do líquido amniótico: normalmente é claro, transparente ou amarelo pálido e inodoro → pesquisar oligodrâmnio e polidrâmnio 9. Sala de parto Saber se a gestação está a termo e a IG. Anotar se a criança chorou ao nascer, se tinha um bom tônus muscular e se houve eliminação de mecônio (caracterizá-lo). Apgar: avaliar o 1º e o 5º minuto e subsequente a ada 5 minutos caso seja necessário. Clampeamento do coto umbilical: se imediato ou tardio Amamentação na 1ª hora de vida: evita hipoglicemia para o RN, reduz riscos de hemorragia materna, estimula o contato inicial mãe-filho, maior sucesso do aleitamento exclusivo até os 6 meses e estimula o sistema imunológico do RN. 10. Manobras de reanimação Documentar informações como o uso de VPP, concentração de FiO2, se necessitou ser intubado ou se fez aspiração das vias aéreas, uso de epinefrina e expansor de volume. 11. Exame físico na sala de parto 12. Orientações Quanto ao aleitamento, posição do RN no berço, cuidados com o coto umbilical, conduta no caso de cólicas e obstrução nasal, higiene do RN e estímulo ao desenvolvimento, além do retorno após 1 semana de vida. EXAME GERAL - AVERY CONDIÇÕES DO EXAME Normalmente de 5 a 10 minutos, rotineiro, deve ocorrer em ambiente aquecido e tranquilo. A iluminação deve ser suficiente para que sejam visíveis marcas cutâneas e a cor da pele → para incentivar a abertura dos olhos, pode-se diminuir a luminosidade. Em caso de enfermidade, o exame deve ser para investigação da patologia e pode ser necessário adiar passos do exame físico até que a condição clínica do RN esteja estável. A realização do exame na presença de um ou ambos pais oferece oportunidade para explicar quaisquer achados relevantes e esclarecer possíveis duvidas que possam ter. O primeiro exame físico deve ser realizado nas primeiras 24 horas de vida, de preferênciaapós 6 horas do nascimento (período que ocorre a transição para a vida extrauterina). Deve-se retirar acessórios, lavar as mãos e antebraço até o cotovelo com água e sabão (para praticidade e eficácia álcool 70 a 90% também pode ser utilizado). Aproveita os momentos de tranquilidade para avaliar aspectos que podem ser comprometidos pelo choro do bebê. Logo, a sequência cefalo-podálica pode ter sua ordem alterada. ANTROPOMETRIA Avalie o comprimento e o perímetro cefálico da criança. Avalie o peso em relação ao peso ideal ao nascer. Consideram-se normais tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de vida. O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -2 ou > +2 escores “z”) pode estar relacionado a doenças neurológicas, como microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia, o que exige, portanto, melhor avaliação e encaminhamento. ASPECTO GERAL – MANUAL DE NEONATOLOGIA Avaliar a atitude do RN: semiflexão dos membros com lateralização da cabeça. Estado de hidratação: Deve ser avaliado pela umidade da mucosa oral, temperatura e adequada diurese → lembrar que edema de pálpebra é fisiológico nessa faixa etária. Presença de alterações: Avaliar desconforto respiratório: 1. Batimento das asas nasais 2. Retração da fúrcula esternal 3. Movimentação dos músculos intercostais 4. Cianose central 5. Alterações na FR 6. Presença de gemidos durante a respiração 7. Choro fraco INSPEÇÃO A avaliação imediata do bem-estar provém de simplesmente observar o estado, a cor, o esforço respiratório, a postura e a atividade espontânea. ESTADO Os indicadores importantes de bem-estar são os níveis de vigília que ele atinge durante o exame e ao longo do dia conforme a discrição dos pais ou da equipe de enfermagem. Categorização dos estados: 1. Sono profundo 2. Sono leve 3. Vigília, movimentos periféricos leves 4. Vigília, movimentos amplos, sem choro 5. Vigília com choro Durante o exame, o RN deve apresentar vários níveis de vigília. As condições do exame são ótimas durante o sono leve e estado de vigília → as partes do exame que exigem cooperação do RN (ausculta ex) são melhores durante o sono e vigília e os que exigem manipulação do RN devem ser deixadas para o fim. O choro não estimulado normalmente é limitado nas primeiras 24 horas e deverá ser resolvido com toque suave ou conversa. Um choro excessivo que requer mais do que consolo rotineiro, particularmente se não houver intervalos de estado alerta quieto, indica irritabilidade anormal, mas outras causas incluem uma resposta apropriada à dor ou a um ambiente frio. COR A avaliação da cor inclui a análise da perfusão e a cor da pele para pesquisa de cianose, icterícia, palidez, pletora (coloração bastante avermelhada) e qualquer outra coloração incomum. ESFORÇO RESPIRATÓRIO Observa-se a frequência respiratória, a profundidade das incursões respiratórias, o uso dos músculos acessórios com retrações ou batimentos da asa do nariz, quaisquer ruídos durante o ciclo respiratório (gemidos, sibilos) e o padrão de choro. POSTURA Enquanto observa a posição do pescoço, o examinador analisa a simetria entre os lados e compara os membros superiores e inferiores. Se houver assimetria lateral e a cabeça estiver virada para um lado, pode ser que exista postura assimétrica do reflexo tônico-cervical, com os membros no lado mentoniano em extensão e os do lado occipital em flexão. Neste caso, deve-se girar a cabeça para o lado oposto a fim de verificar se a assimetria reverte. Um reflexo tônico cervical assimétrico fixo (resistente à inversão passiva) indica anormalidade neurológica. ATIVIDADE ESPONTÂNEA Os RNs prematuros despendem mais tempo dormindo, mas devem ter atividade espontânea e posturas em repouso coerentes com a sua IG. É necessário que a inspeção seja feita antes do manejo para evitar estresse e o declínio dos níveis de atividade em resposta. SINAIS VITAIS TEMPERATURA É incomum febre. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA E CARDÍACA A respiratória é medida pela observação da parte superior do abdome durante um minuto inteiro. Ao tocar o RN, a frequência e a profundidade respiratórias mudam. A FR normal é de 30 a 60 inspirações por minuto no RN à termo → durante o primeiro dia de vida pode-se observar taquipneia intermitente em alguns RNs normais. A FC é de 110 a 160 bpm em RNs a termo sadios, mas varia significativamente durante os estados de sono profundo e vigília ativa. PRESSÃO ARTERIAL Não é rotina nos berçários neonatais, mas é realizada naqueles que precisam de assistência especial e durante a triagem de coarctação de aorta. Valores coerentes com hipertensão devem ter 3 medições repetidas para confirmar a anormalidade. FÁCIES A avaliação das fácies inclui a pesquisa de simetria, tamanho, forma e as relações de todas as partes da face e como o RN as utiliza. Pode ser atípica ou típica. Típica confere uma alteração sindrômica. Ex: síndrome de Down e síndrome de Cornélia de Lange. PELE E ANEXOS Avalia a textura e umidade: Depende da idade gestacional. Bebê pré-termo tem pele fina e gelatinosa e o bebê a termo tem pele lisa, brilhante úmida e fina e o pós-termo tem a pele seca e enrugada, muitas vezes com descamação. Avalia a cor: Normalmente o RN tem a pele rosada, vista mais evidentemente em crianças com a pele mais clara (eritrodermia fisiológica). Essa coloração decorre do maior número de hemácias. A palidez confere a ideia de anemia e deve ser investigada. Avalia cianose: Bem comum em RN quando presente nas extremidades e melhora com o aquecimento. Cianose central é preocupante estando associada a doenças cardiorrespiratórias. ACHADOS FISIOLÓGICOS: Milium sebáceo → são pontos amarelo-esbranquiçados que aparecem com frequência na base do nariz, queixo, pálpebras e região frontal. É decorrente da obstrução de glândulas sebáceas por ação do estrógeno materno. Desaparecem em poucas semanas. Lanugem → são pelos fins, geralmente presentes próximo à área de inserção dos cabelos e no dorso. Achado mais comum em prematuros, desaparecendo em poucos dias Vérnix caseoso → material gorduroso e esbranquiçado, oferece proteção e isolamento térmico ao RN. Mais comum em bebês pré- termo. Manchas ectásicas → mais comuns nas pálpebras. Ocorre devido à dilatação capilar superficial e desaparece com o crescimento. Mancha mongólica → macnha azul-acinzentada, normalmente no dorso e na região lombossacral e mais frequente em RN com tonalidades escuras. Eritema tóxico → lesões caracterizadas como pápula ou mácula, com causa desconhecida que regride sem nenhuma intervenção (fisiológico). Macha vinho do Porto → leão permanente decorrente de malformação dos capilares. Caracteriza-se por mancha de coloração vinhosa intensa e homogênea que não se altera pelo esforço. Localização frequente na face, geralmente de forma isolada e unilateral. Icterícia → coloração amarelada da pele. Fisiológico se ocorrer entre 48 e 120h de vida. Preocupante se ocorrer antes das 24h de vida. GÂNGLIOS Palpar todas as cadeias ganglionares → principalmente cervicais, axilares e inguinais. MUCOSAS Observar cor, umidade e presença de lesões. CABEÇA E PESCOÇO Procurar assimetrias no crânio que, com frequência, são transitórias e variam de acordo com a apresentação fetal na hora do parto. Palpar as suturas. Palpar cavalgamentos (sobreposições das bordas, comuns, principalmente em parto normal e desaparecem em poucos dias). Palpação das fontanelas, procurar: 1. Tensão 2. Tamanho 3. Abaulamentos ou depressões 4. Pulsações A fontanela bragmática tem a extensão de 2 polpas digitais ao nascimento e fecha por volta do 9 ao 18º mês de vida. Quando abaulada, indica aumento da pressão intracraniana e quando retraída, representa desidratação. A fontanela lambdoide tem extensão de 1 polpa digital ao nascimentoe se fecha por volta do 1 o 2º mês de vida. Bossa serossanguinolenta e cefalohematoma → enquanto a bossa é um edema de partes de moles que não respeita os limites ósseos e sua regressão ocorre nos primeiros dias pós-parto, o cefalohematoma é um rompimento de um vaso subperiosteal secundário a um traumatismo do parto, que tem consistência liquida e restringe-se aos limites ósseos, além de demorar mais a regredir do que a bossa. O PC é de cerca de 34 a 36 cm. Em RN a termo, para sexo feminino com PC < 31,5 cm e sexo masculino < 32 cm podem receber diagnóstico de microcefalia. A palpação dos ossos adjacentes à sutura sagital pode revelar uma sensação semelhante à que ocorre quando se comprime com cuidado uma lata de alumínio. Essas áreas mais moles, indicativas de craniotabes, são mais frequentes em RNs prematuros ou a termo se a cabeça fetal foi comprimida contra a pelve óssea materna durante várias semanas (fisiológicas), mas também podem ser um sinal de raquitismo neonatal ou sífilis. O craniotabes fisiológico desaparece em algumas semanas após o nascimento. OLHOS Pálpebras normalmente edemaciadas devido ao uso do colírio de nitrato de prata. O uso de eritromicina pela bula também possui edema como possível ocorrência. Deve avaliar a distância dos olhos, simetria entre as pupilas e reatividade pupilar. Estrabismo e nistagmo horizontal transitório podem ser encontrados. Pseudoestrabismo refere-se a uma falsa aparência de estrabismo causada por uma ilusão de ótica. A dobra de pele no canto interno das pálpebras é chamada de epicanto. Em bebês ela pode ser maior que em adultos e pode estar associada a uma ponte nasal larga e plana. OUVIDOS Forma, consistência e altura de implantação do pavilhão auricular. NARIZ Espirros são frequentes. Notar batimento da asa do nariz ou obstrução nasal. BOCA Inspeção facilitada pelo choro ou ao tracionar a mandíbula para baixo. Observar as mucosas, avaliar o palato (normal ou em ogiva) e sua integralidade (fenda palatina). Notar dentes supranuméricos (devem ser extraídos pelo risco de aspiração). No entanto, a remoção desses dentes nem sempre é indicada. Cerca de 95% dos dentes natais são parte do complemento normal da dentição decídua; o que indica que os dentes natais supranumerários são raros. Assim, os dentes natais normalmente devem ser mantidos se possível quando forem classificados como Hebling grau 3 ou 4. • Hebling 1 – coroa em forma de concha mal fixada ao alvéolo por tecido gengival, com ausência de uma raiz • Hebling 2 – coroa sólida mal fixada ao alvéolo por tecido gengival, com pouca ou nenhuma raiz • Hebling 3 – Erupção da margem incisal da coroa através do tecido gengival • Hebling 4 – Edema do tecido gengival com um dente palpável, mas incluso. Os cistos orais em diversas localizações estão presentes em até 80% dos RNs (81). Um a seis pares de cistos pequenos benignos na linha média, conhecidos como “pérolas de Epstein”, podem estar presentes na junção dos palatos duro e mole. PESCOÇO Curto no RN. Palpar o músculo esternocleidomastoideo para verificar presença de torcicolo congênito TÓRAX Possui forma cilíndrica. Possui PT de 2 cm menos que o PC. Assimetria é indicativo de patologia. Os mamilos podem estar hipertrofiados ao nascimento por influência do estrógeno materno, as vezes ocorrendo galactorreia. Deve-se contraindicar a expressão das mamas (leva à mastite). APARELHO RESPIRATÓRIO Avaliar com o RN calmo A respiração é costoabdominal ou abdominal, sendo as variações de FR e ritmo cardíaco comuns. Pode haver pausas de 5s, normalmente em pré-termos. FR média é de 40 a 60 irpm (diferença de valor em referência). Tiragem intercostal é considerado anormal. AUSCULTA: presença de murmúrio vesicular. Pode ser encontrado estertores finos e crepitantes assim como RONCOS (comum após o nascimento). APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO Auxiliado com o RN calmo. AUSCULTA: sopros e arritmias podem estar presentes ao nascimento e ter caráter transitório, principalmente nas primeiras 48h de vida. Palpar os pulsos periféricos (braquiais, femorais e radiais) → pulso femoral débil pode ser indicativo de coarctação da aorta. ABDOME INSPEÇÃO O abdome é semigloboso, com PA de 2 a 3 cm menor que o PC. Abdome globoso e distendido sugere obstrução enquanto o escavado sugere hérnia diafragmática. Avaliar o coto umbilical: 1. Aspecto: incialmente gelatinoso e seca progressivamente, mumificando entre o 3 e 4º de vida e soltando entre o 6 e o 15º dia. 2. Morfologia: 2 artérias e 1 veia 3. Secreções ou eritema na base do coto umbilical → indica onfalite Higiene do coto deve ser feita com álcool a 70% uma vez ao dia. Excluir a existência de onfalocele e gastrosquise. A eliminação de mecônio ocorre nas primeiras 36 a 48h após o nascimento. Depois disso são eliminadas fezes de transição, que tem caráter esverdeado e liquefeito. → investigar eliminação de mecônio e a diurese. PERCUSSÃO: Som timpânico, exceto no local de presença hepática. PALPAÇÃO: Mais fácil no RN adormecido → realizar superficial e profunda. Não há massas abdominais no RN normal. O fígado pode ser palpado no RN, em média de 1 a 2 cm do rebordo costal. Rins e baço geralmente não palpáveis. AUSCULTA: ruídos hidroaéreos presentes → aumentados: obstrução e ausente: doença grave. GENITAL Primeiro a inspeção e depois a palpação SEXO MASCULINO Pênis: normalmente entre 2 a 3 cm. A glande normalmente não está exposta e o orifício do prepúcio é estreito. Observar epispádia (meato uretral na porção dorsal) e hipospadia (meato uretral na porção ventral). Bolsa escrotal: é rugosa no RN a termo. Na palpação, verifica-se a presença dos testículos (não presentes significa criptorquidia), sua sensibilidade (não deve ser hipersensível), consistência (firme e parenquimatosa) e o tamanho (1 cm). Aumento testicular indica hidrocele. SEXO FEMININO Tamanho dos grandes lábios depende do depósito de gordura no RN e da IG, O sulco entre os pequenos e grandes lábios é recoberto por vérnix caseoso. Observa-se o hímen ao afastar os pequenos lábios. Saída de secreção esbranquiçada ou translúcida é devido a estrógeno materno. No 2 ou 3º dia de vida pode ocorrer sangramento vaginal. A impermeabilidade do hímen leva à hidrocolpos, acúmulo de secreções na vagina, que pode ser manifestado pelo hímen abaulado. Hipertrofia de hímen é comum e sem significado clinico. Observar o orifício da uretra e da vagina. Hipertrofia de clitóris e fusão posterior dos grandes lábios devem ser investigadas. REGIÃO ANAL Obrigatório para detecção de anomalias anorretais e fístulas. DORSO Avaliar a linha média de todo RN na busca de malformações da coluna vertebral, bem como a presença de escoliose. Visualização de alterações no fechamento do tubo neural (espinha bífida mielocele ou mielomeningocele). OSTEOARTICULAR Mão: analisar as pregas palmares (se única, indica Down). Analisar polidactilia, aracnodactilia e clinodactilia. Membros: observar a simetria na movimentação (descartar fraturas de parto). Ossos: pesquisar por agenesia. Fratura de clavícula (crepitação no local e dor no RN). Articulação coxo-femoral: atentar-se à displasia do quadril → avaliado pela manobra de Barlow e Ortolani. BARLOW E ORTOLANI: com o RN em decúbito dorsal, segura os membros inferiores com os dedos na porção interna da coxa e no trocanter maior, dobra os membros a 90º e abduz, depois empurra o trocanter para cima. Depois, empurra a perna para parte interna lateralizando. Em caso de instabilidade na articulação, haverá manifestação de um click. Pés: atentar para pés tortos → pode ser posicional (posição do útero – benigno) ou congênito. SISTEMA NERVOSO Deve ser feito simultaneamente ao exame físico geral. Avalia postura, resposta ao manuseio e choro. Deve ser feito após 12 horas de vida (para não ser influenciado
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