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Prévia do material em texto

Lavínia Souza Araújo – 2022.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos do módulo Nascimento, Crescimento e 
Desenvolvimento 
Problema 1 – intermediária 
1. Descrever o fluxograma de atendimento na sala do parto 
2. Explorar acerca da avaliação da vitalidade neonatal (apgar) e IG (capurro/ new ballard) 
3. Elucidar a adaptação fisiológica da circulação cardiopulmonar no nascimento 
4. Abordar sobre a fisiopatologia dos fatores que acontecem asfixia no neonato 
5. Discorrer sobre alojamento conjunto (princípios e critérios) e exames realizados (olhinho, orelhinha e 
coração) 
6. Detalhar o mecanismo da icterícia neonatal 
Problema 1 – Fechamento 
1. Discorrer sobre a 1ª consulta de puericultura (exame físico, neurológico e variações patológicas) 
2. Descrever os exames de triagem neonatal com ênfase no teste do pezinho 
3. Elucidar a fisiologia, fisiopatologia, etiologia conduta acerca das cólicas neonatais 
4. Explanar sobre as alterações dermatológicas do RN enfatizando medidas preventivas (dermatite de fralda) 
Problema 2 – Intermediária 
1. Abordar a morfofisiologia da mama em lactação 
2. Descrever a técnica da amamentação e a sua importância no binômio mãe-filho 
3. Elucidar sobre a introdução alimentar até o 1º ano e possíveis distúrbios alimentares 
4. Discorrer sobre a composição bioquímica e imunológica dos tipos de leite 
5. Aclarar a respeito da maturação morfológica e imunológica do TGI 
Problema 2 – Fechamento 
1. Elucidar acerca do desenvolvimento infantil (DNPM, marcos e curvas), enfatizando escalas 
2. Abordar os princípios e recomendações na puericultura de 0 a 5 anos 
3. Explanar sobre a equipe multiprofissional que compõe a creche (enfatizando o pediatra) e sua influência 
no desenvolvimento infantil 
Problema 3 – Fechamento 
1. Elucidar o desenvolvimento do sistema imunológico da criança 
2. Descrever o calendário vacinal (princípios, tipos, indicações, contraindicações e reações), diferenciando os 
órgãos responsáveis pela elaboração (SUS, SBP e SBI) 
3. Explanar sobre etiologia, fisiopatologia e quadro clínico das infecções de VAS (sinusite aguda, otite média 
aguda, resfriado, gripe e faringoamidalite) 
4. Discorrer sobre escalas de desenvolvimento psicológico e físico (winnicot) de crianças de 2 a 7 anos 
Problema 4 – Fechamento 
1. Abordar o perfil epidemiológico e clínico, fisiopatologia, abordagem terapêutica e preventiva da desnutrição 
energético-proteica (importância da alimentação na desnutrição, fatores sociais, culturais e políticas 
públicas) 
2. Elucidar o perfil epidemiológico e clínico, fisiopatologia, abordagem terapêutica e preventiva da anemia 
ferropriva e deficiência de ferro 
3. Explanar sobre a influência nutricional no crescimento dos germes dentários e erupção dentária 
4. Explicar os principais acidentes domésticos infantis mais recorrentes, bem como a correta prevenção 
5. Correlacionar a fratura óssea com a desnutrição (raquitisimo) 
6. Discorrer o papel governamental na garantia dos direitos as relações laborais, com ênfase biopsicossocial 
Problema 5 – Fechamento 
1. Explanar o agente etiológico, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, prevenção, e tratamento de 
enteroparasitoses 
2. Descrever o mecanismo de ação e efeitos colaterais das classes medicamentosas anti-parasitárias 
3. Elucidar acerca das causas dos distúrbios de aprendizagem na fase escolar 
4. Abordar a influência socioeconômica e cultural com a prevalência das enteroparasitoses 
 
Problema 6 – Fechamento 
1. Explanar o desenvolvimento fisiológico da puberdade relacionando com a maturação sexual (tanner) e os 
aspectos emocionais (imagem corporal, hormonal) 
2. Explicar acerca dos principais distúrbios alimentares na adolescência (anorexia, bulimia, obesidade) 
3. Discorrer sobre as causas da dependência química na adolescência 
 
 
Lavínia Araújo 
PROBLEMA 1 – INTERMEDIÁRIA 
 
DESCREVER O FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO NA 
SALA DO PARTO 
CUIDADOS NA HORA DO NASCIMENTO – ATENÇÃO À SAÚDE DO 
RECÉM NASCIDO 
No Brasil, a maior parte das crianças nascem com boa vitalidade, 
apesar disso, são essenciais o conhecimento e habilidade em 
reanimação neonatal para todos os profissionais que atendem RN 
em sala de parto, mesmo que se espere crianças hígidas sem 
hipóxia ou asfixia ao nascer. 
O risco de procedimentos de reanimação aumenta quanto menor 
for a idade gestacional e/ou o peso ao nascer. 
O parto cesariano entre 37 e 39 semanas, mesmo sem fatores 
de risco antenatais para asfixia, também eleva o risco de 
necessidade de ventilação ao RN. 
PREPARO DA ASSISTÊNCIA 
O preparo da assistência inclui a realização da anamnese materna, 
disponibilidade do material para atendimento e a presença de 
equipe treinada em reanimação neonatal. 
ANAMNESE MATERNA 
Analisar as condições perinatais associadas à necessidade de 
reanimação neonatal. 
 
MATERIAL PARA ATENDIMENTO 
Todo o material para a reanimação deve ser preparado, testado e 
estar disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento e é 
destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, 
ventilação e administração de medicações. 
A temperatura da sala deve se manter em no mínimo 26ºC para 
que a temperatura corpórea do RN se mantenha normal. 
Dentre os materiais necessários na sala de parto tem: 
 
EQUIPE TREINADA EM REANIMAÇÃO NEONATAL 
Devido à elevada necessidade de realização de algum procedimento 
de reanimação no RN e rapidez com que essas manobras devem 
ser iniciadas, é fundamental a presença do profissional capacitado 
para a realização adequada da manobra durante todo o parto. 
Na antecipação do nascimento de um concepto, pode ser 
necessária a presença de três profissionais capazes de reanimar 
o RN de maneira rápida e efetiva. Em caso de nascimento de 
gemelares, deve-se ter acesso a material e equipe para cada 
criança. 
Para a recepção do RN deve haver a precaução básica como 
lavagem das mãos, uso de luvas, máscara, proteção facial para 
evitar a contaminação do profissional com o material biológico do 
RN. 
FLUXOGRAMA DA ASSISTÊNCIA AO RECÉM NASCIDO - SBP 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
Lavínia Araújo 
Imediatamente após o nascimento, para verificar a necessidade de 
reanimação, precisa ser feita perguntas a respeito da vitalidade 
do RN: 
1. Gestação foi a termo? 
2. Presença de tônus muscular em flexão? 
3. Está chorando ou respirando? 
4. Existe presença de mecônio? 
A resposta afirmativa para todas as perguntas garante que o RN 
está com boa vitalidade e não necessita de manobras de 
reanimação. Nisso, deve-se manter uma rotina junto à mãe em 
manter o calor, manter as vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade 
de maneira contínua (avaliar a FC, respiração e tônus muscular) e 
amamentação na 1ª hora de vida. 
Após a confirmação das perguntas, é indicado o clampeamento 
tardio do cordão, independente do aspecto do líquido amniótico 
(clampeamento feito entre 1 min a 3 min). 
Caso alguma dessas perguntas for negativa ou esse bebê 
apresentar alguma complicação na circulação placentária (rotura 
de membrana, placenta prévia, descolamento de placenta), o 
clampeamento deve ser imediato. 
Caso a resposta for negativa, deve-se fazer os passos iniciais: 
1. Prover calor: receber a criança em campo neonatal com 
o campo aquecido em 36,5 a 37,5º C. Para diminuir a 
perda de calor, deve pré-aquecer a sala de parto e a 
sala em que serão realizados os procedimentos de 
reanimação mantendo o ambiente em 23 a 26ª C. 
2. Posicionar a cabeça do RN em leve extensão (cuidado 
para não hiperextender pois pode tampar as vias 
aéreas), sendo que alguns necessitam de um apoio na 
região interescapular para deixar reta 
3. Aspirar boca e narinas se necessário apenas 
delicadamente com a sonda traqueal conectada a um 
aspirador a vácuo em pressão máxima de 100 mmHg 
(evitar a aspiração da hipofaringe para reduzir o risco 
de atelectasia e trauma e prejuízo de uma respiração 
efetiva)4. Secar o RN e desprezar os campos úmidos 
5. Reposicionar a cabeça 
6. Avaliar a FC (pela ausculta do precórdio) e respiração 
(observação da expansão torácica) 
Se a FC > 100 bpm e a respiração for regular, mantém os cuidados 
de rotina (contato pele a pele da mãe). 
Se FC <100 bpm ou a respiração não for regular, faz a 
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA (FAZ NO PRIMEIRO MINUTO 
DE VIDA → golden minute). 
Essa VPP é feita com o objetivo de dilatar a vasculatura pulmonar 
e a hematose apropriada 
• Feita com dispositivo bola-válvula máscara 
• Segura a máscara com a técnica do C e E 
• Essa máscara precisa cobrir de maneira ideal o nariz, 
boca e queixo do RN 
• Deve haver a monitoração da saturação de O2 
MINUTOS DE VIDA SATO2 ESPERADA 
Até 5 70 a 80% 
5– 10 80 a 90% 
>10 85 a 95% 
 
Nessa etapa é obrigatória a monitoração de oxigênio e a FC não 
mais pela ausculta, sendo agora necessário o uso de um monitor 
cardíaco por meio de 3 eletrodos e oxímetro de pulso (na mão 
direita). 
Caso a saturação não esteja como o esperado, deve ser ofertado 
oxigênio, pois, em primeiro momento com ar ambiente (FiO2 de 
21%) na VPP. Se iniciar a oferta de oxigênio, é preciso fazer 
aumentos de 20% da FiO2 progressivos. 
A GARANTIA DE EFICÁCIA DO PROCEDIMENTO É QUANDO A FC 
AUMENTA → feita através do monitor cardíaco 
Se a FC > 100 bpm após isso e a respiração estiver regular, posso 
parar o procedimento de reanimação e iniciar os cuidados de rotina. 
Caso a FC < 100 bpm e a respiração não for regular, devemos 
reavaliar a técnica da VPP: 
1. Conferir o ajuste entre a máscara e a face 
2. Permeabilidade das vias aéreas (aspirando secreções, 
posição da cabeça e mantendo a boca do RN aberta) 
3. Pressão exercida no balão 
Caso após 30 segundos a FC <100 bpm e a respiração não esteja 
espontânea e rítmica, é considerada falha. 
Se após a correção da técnica VPP não melhorar, está indicado o 
uso de cânula traqueal como interface para a VPP e em períodos 
prolongados de ventilação o uso de sonda orogástrica para diminuir 
a distensão gástrica. 
Deve-se considerar aqui o uso de O2 (guiada pela saturação de O2) 
e a intubação orotraqueal. 
Quando intubar? 
1. VPP com máscara não efetiva 
2. Com indicação de massagem cardíaca 
3. Presença de hérnia diafragmática com necessidade de 
VPP 
A indicação da entubação no processo de reanimação depende da 
habilidade e da experiência do profissional responsável pelo 
procedimento. Em mãos menos experientes, existe um elevado 
risco de complicações como hipoxemia, apneia, bradicardia, 
pneumotórax, laceração de tecidos moles, perfuração de traqueia 
ou esôfago, além de maior risco de infecção. Vale lembrar que cada 
Lavínia Araújo 
tentativa de entubação deve durar, no máximo, 30 segundos. Em 
caso de insucesso, o procedimento é interrompido e a VPP com 
balão e máscara é iniciada, sendo realizada nova tentativa de 
entubação após estabilizar o paciente. 
Como confirmar se entubou? Inspeção do tórax, ausculta das 
regiões axilares e gástrica e observação da FC, porém o padrão-
ouro é a capnografia (detecção de dióxido de carbono (CO2) 
exalado, por ser objetivo e rápido). 
Após a entubação, avaliar a FC. Caso for > 100 bpm e a respiração 
esteja regular, extubar e manter o oxigênio de acordo ao 
necessário. 
Se FC < 100 bpm, reavaliar a técnica: 
1. Posição da cânula 
2. Permeabilidade da via aérea 
3. Pressão inspiratória 
4. Aumentar a oferta FiO2 60 a 100% 
Após isso, deve novamente avaliar a FC e a respiração. 
Caso a FC > 60 bpm, deve-se manter a intubação. 
Caso a FC < 60 bpm, INDICAÇÃO DA MASSAGEM CARDÍACA. 
Massagem cardíaca pode ser feita de duas formas: 
 
 
 
 
Deve ser feito com as duas mãos no terço inferior do esterno, 
comprimindo 1/3 do diâmetro antero-posterior do tórax. 
Em qual frequência? Sempre 3 massagens e 1 ventilação, 
contabilizando uma frequência de 120 eventos por minuto (90 
compressões e 30 ventilações) 
A massagem deve continuar enquanto a FC < 60 bpm. A massagem 
só deve ser interrompida no momento da ventilação. 
Se a FC atingir valores > 100 bpm, a massagem é suspendida e 
mantém a intubação, sendo prudente transportá-lo para uma UTI 
neonatal em incubadora transporte, com concentração de O2 
suficiente para manutenção da saturação. 
A massagem dura 60s e caso não normalize a FC e continue < 60 
bpm, é dado como falha, portanto deve ser avaliado: 
1. Posição da cânula traqueal 
2. Permeabilidade da via aérea 
3. Pressão da ventilação 
4. Técnica da massagem cardíaca 
Em caso de não haver melhora com a correção, considera-se o 
cateterismo venoso umbilical (devido ao menor risco de lesões em 
vasos do RN e pela maior facilidade de acesso) de urgência com 
indicação de adrenalina e expansão volêmica (suspeita de 
hipovolemia). 
Deve ser feita uma diluição da adrenalina de 1:10000, em 9 ml de 
soro fisiológico (sendo sua dose de 0,01 a 0,03 mg/kg). Doses 
maiores levam a hipertensão arterial grave, diminuição da função 
miocárdica e piora do quadro neurológico. 
A via traqueal da medicação só pode ser usada para adrenalina 
uma única vez em caso de não conseguir acesso pela umbilical. 
Se não houver melhora pelo uso de adrenalina, pode-se repetir a 
cada 3 a 5 minutos e considerar a expansão volêmica (em caso do 
paciente pálido e evidências de choque) e é feita com soro 
fisiológico na dose de 10 ml/kg. 
Se não houver resposta, deve-se verificar a posição da cânula 
traqueal, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade 
da via de acesso vascular. 
ASPECTOS ÉTICOS 
Quando não reanimar? Em mal formações fetais sendo necessário 
conversar com a família. 
Quando interromper a reanimação? Quando há assistolia após 10 
minutos de reanimação. 
 
EXPLORAR ACERCA DA AVALIAÇÃO DA VITALIDADE 
NEONATAL (APGAR) E IG (CAPURRO/ NEW BALLARD) 
Durante o momento em que o bebê está em contato com a mãe, 
já deve ser feita a mensuração da vitalidade do RN, por meio do 
boletim de Apgar e deve ser aplicado no 1º e no 5º minuto de vida 
e, se necessário, repetir a cada 5 minutos para avaliar: 
1. Respiração (choro) 
2. FC 
3. Cor da pele 
4. Tônus muscular 
5. Resposta reflexa 
O APGAR não é indicativo de início de manobras e serve apenas 
como monitoramento de como esteve o RN durante o 1º minuto e 
5º minuto, além de ser feito apenas após todas as técnicas, 
portanto, não é indicativo de nada, apenas avalia sucesso. 
PONTOS 0 1 2 
FC ausente <100bpm >100bpm 
RESPIRAÇÃO ausente fraca 
(irregular) 
Forte (choro) 
TÔNUS Flácido Flexão de 
pernas e 
braços 
Movimento 
ativo (boa 
flexão) 
COR Cianótico 
(pálido) 
Cianose nas 
extremidades 
Rosado 
Lavínia Araújo 
REFLEXO ausente Algum 
movimento 
Espirros/choro 
O somatório da pontuação resulta no índice de APGAR: 
1. 8 a 10 significa que o RN nasceu em ótimas condições 
2. 5 a 7 significa que o bebê apresentou uma dificuldade 
leve 
3. 3 a 4 significa uma dificuldade moderada 
4. 0 a 2 significa uma dificuldade de ordem grave 
Se essas dificuldades persistirem durante alguns minutos sem 
tratamento, isso pode levar a alterações metabólicas no organismo 
e anóxia. 
CHECKLIST DA AVALIAÇÃO DO RN – MANUAL DE NEONATOLOGIA 
Após a avaliação da vitalidade ao nascer, realiza-se o exame físico 
sumário, que deve ser objetivo e rápido, no intuito de avaliar a 
perda de calor: 
1. Identificação de malformação congênita, traumatismos 
obstétricos, desconforto respiratório, sopro cardíaco, 
massas abdominais, fenda palatina, atresia de coanas, 
esôfago e anomalia anorretal. 
2. Descartar as possibilidades de artéria umbilical única, 
onfalocele, defeitos de fechamento do tubo neural, 
defeitos dos membros, extrofia vesical. 
Avalia a temperatura 
Avalia o peso → ele deve estar sem roupa e em balança 
previamente tarada. 
▪ Alto peso ou macrossômico: > 4 kg 
▪ Peso médio do RN ao nascer: 3 – 3,5 kg 
▪ Baixo peso ou microssômico: < 2,5 kg 
▪ Muito baixo peso: < 1,5 kg e > 1 kg 
▪ Extremo baixo peso: < 1 kg 
 
Avalia a estatura →uso de uma régua antropométrica ou 
graduada e evita a métrica pela chance de erro. Deve estar com 
a cabeça na extremidade fixa e com as pernas bem esticadas. 
(estatura média de 50 cm) 
 
Avalia o perímetro cefálico → uso da fita métrica passando pela 
região mais proeminente do occipital até a glabela (média de 34 a 
36 cm) 
 
Avalia o perímetro torácico → uso de fita métrica passando pela 
linha intermamilar (média de 2 cm a menos que o PC) 
 
Avalia o perímetro abdominal → uso de fita métrica logo acima do 
coto umbilical (média de 2 cm menor que o PT) 
IDADE GESTACIONAL 
Termo: 37 a 41 semanas e 6 dias 
Pré-termo: ≥ 42 semanas 
Lavínia Araújo 
Pós-termo: ≤ 36 semanas e 6 dias 
A idade gestacional é realizada a partir dos métodos de Capurro 
ou de New Ballard nos casos dos prematuros e deve ser realizada 
durante a primeira avaliação do RN. 
Embora se baseie em critérios físicos e neurológicos, na sala de 
parto, realiza-se o Capurro somático pela praticidade da sua 
abordagem. 
CAPURRO SOMÁTICO 
Avaliação de: 
1. Textura da pele → desde muito fina e gelatinosa a 
grossa, enrugada e com marcas profundas (5 EM 5) 
2. Forma da orelha → baseado na curvatura do pavilhão 
auditivo (ÚNICO QUE PONTUA DE 8 EM 8) 
3. Glândula mamária → até quando são palpáveis em 
diâmetro (5 EM 5) 
4. Pregas plantares → desde sem pregas a presença de 
sulcos em mais da metade anterior (5 EM 5) 
5. Mamilos → pela disposição da aréola desde não visível a 
pontiaguda e bordo levantado e diâmetro (5 EM 5) 
Para saber a IG soma-se cada item + 204 e os divide por 7 e 
obtém o resultado em semanas. 
 
 
CAPURRO NEUROLÓGICO 
 
Soma dos fatores + 200 e divide por 7 e obtém a IG em 
semanas 
NEW BALLARD 
O New Ballard usa seis parâmetros neurológicos e seis físicos: 
 
 
Lavínia Araújo 
Deve-se administrar de forma profilática a vitamina K 
rotineiramente em todos os RN para evitar o sangramento 
precoce por deficiência dessa vitamina (doença hemorrágica do 
RN e sangramento posterior, com a administração de 1 mg via IM. 
 
Deve ser feita a profilaxia ocular para evitar infecções oculares 
transmitidas na passagem do RN pelo canal de parto com colírio 
oftálmico antibiótico em ambos os olhos, dentro da primeira hora 
após o nascimento, abrindo as pálpebras com os dedos e aplicando 
as gotas no ângulo interno da pálpebra inferior. 
Utiliza-se: 
1. Tetraciclina 1% 
2. Nitrato de prata 1% 
3. Iodopovidona 2,5% 
4. Eritromicina 0,5% 
Também deve ser feita a vacina de hepatite B, independente do 
peso ao nascer, nas primeiras 12 horas de vida. A vacina BCG 
também pode ser aplicada na maternidade para bebês com peso 
de nascimento igual ou superior a 2 kg. 
 
ELUCIDAR A ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA DA CIRCULAÇÃO 
CARDIOPULMONAR NO NASCIMENTO 
RESPIRAÇÃO - GUYTON 
Com o nascimento, o bebê perde a conexão placentária com a mãe 
e, portanto, perde seu meio de suporte metabólico e um dos 
ajustes necessários ao bebê é começar a respirar. 
A criança começa a respirar dentro de segundos e atinge ritmo 
respiratório normal em menos de 1 minuto após o nascimento. A 
prontidão com que o feto começa a respirar indica que a 
respiração é iniciada pela repentina exposição ao mundo exterior, 
provavelmente resultante de estado levemente asfixiado, incidente 
ao processo do nascimento e de impulsos sensoriais que se 
originam na pele subitamente resfriada. Em bebê que não respira 
imediatamente, o corpo fica progressivamente mais hipóxico e 
hipercápnico, o que representa estímulo adicional ao centro 
respiratório e, geralmente, provoca a respiração dentro de mais 1 
minuto depois do nascimento. 
Quando o bebê nasce, as paredes dos alvéolos estão colapsadas 
devido à tensão superficial do líquido viscoso no interior deles. 
Para abrir esses alvéolos colapsados, é necessário mais de 25 
mmHg de pressão inspiratória negativa para dilatar esses alvéolos 
pela primeira vez e, após isso, uma respiração com movimentos 
respiratórios mais fraco consegue se manter. Apesar disso, as 
primeiras inspirações do RN normal são muito potentes, 
geralmente capazes de criar uma pressão negativa de até 60 
mmHg no espaço intrapleural. 
Na primeira respiração, 
para haver o aumento do 
volume de ar, é 
necessário que a pressão 
muito negativa (-40 
centímetros de água) e 
aumenta até -60 cm de 
água que faz com que 
aumente um volume 
próximo de 40 mL de ar 
para dentro dos pulmões, 
e para desinfla-los é 
preciso que ocorra uma 
pressão positiva 
considerável, em cerca 
de +40 cm de água, 
devido à resistência 
viscosa oferecida pelo 
líquido nos bronquíolos. 
Após isso, a segunda 
respiração já necessita 
de pressões positivas e 
negativas muito menores 
que para a primeira respiração. Após 40 min respirando, o esforço 
para pressão é parecido com o de um adulto normal. 
AJUSTES CIRCULATÓRIOS – GUYTON 
Os ajustes circulatórios imediatos ao nascer são muito importantes 
também para permitir o fluxo sanguíneo adequado aos pulmões. 
ESTRUTURA ANATÔMICA DA CIRCULAÇÃO FETAL 
Como durante a vida fetal os pulmões não funcionam e o fígado é 
apenas parcialmente funcional, o coração não bombeia sangue em 
grande quantidade para esses dois destinos. O coração fetal 
bombeia sangue preferencialmente em grande quantidade para a 
placenta. Para isso, a circulação fetal usa dispositivos especiais 
para que opere bem: shunts (ducto venoso, canal arterial, forame 
oval e seio portal). 
Lavínia Araújo 
 
O sangue oxigenado vem pela veia umbilical para feto e atravessa 
o ducto venoso (isso deixa o fígado de fora do circuito sanguíneo). 
Esse sangue consegue chegar diretamente por isso na veia cava 
inferior que caminha até o átrio direito do coração. A maior parte 
do sangue que entra no átrio direito passa de forma direta para o 
átrio esquerdo através do forame oval. É dessa forma que o 
sangue oxigenado entra no lado esquerdo do coração para ser 
bombeado pelo ventrículo esquerdo par aa cabeça e para os 
membros anteriores. 
A volta do sangue (desoxigenado) pela veia cava superior entra no 
átrio direito e é direcionado para o ventrículo direito pela valva 
atrioventricular tricúspide. Esse sangue é bombeado então para a 
artéria pulmonar, que, nela, encontra o ducto arterioso, por onde 
se conecta à aorta descendente e, se conecta às artérias 
umbilicais e devolve o sangue para a placenta. 
MUDANÇAS NA CIRCULAÇÃO FETAL AO NASCIMENTO 
A valva do forame oval que permite a passagem do sangue do átrio 
direito para o átrio esquerdo. A pressão no átrio direito é maior 
que a pressão do átrio esquerdo. Mas porquê? O átrio direito é a 
região que está diretamente relacionada com os pulmões pela 
comunicação da circulação. Durante o período fetal, os pulmões 
estão colapsados, dessa forma, a resistência ao fluxo sanguíneo é 
muito alta, o que torna a pressão pulmonar no feto. Isso torna a 
pressão em átrio direito muito alta também. 
Já o átrio esquerdo está conectado com a circulação sistêmica e 
consequentemente com a placenta que é uma circulação de baixa 
resistência e pressão. Isso faz com que o átrio esquerdo também 
seja. 
Por meio disso que o sangue flui da direita para a esquerda. 
 
Com a saída da placenta e a insuflação pulmonar, as pressões nos 
átrios se invertem e com isso há o fechamento funcional do 
forame oval. 
 
Com a insuflação de ar pelos pulmões, isso causa a queda da 
resistência vascular pulmonar e o aumento da PaO2 e com a saída 
da placenta há a diminuição das prostaglandinas. Dessa forma, a 
pressão na artéria pulmonar cai, enquanto aumenta na aorta. Isso 
causa uma contração do canal arterial devido à concentração de 
oxigênio do sangue aórtico, que passa a fluir por ele, seja cerca de 
duas vezes maior que a do sangue que flui da artéria pulmonar 
para o canal arterial durante a vida fetal. Presumivelmente, o 
oxigênio provoca a contração do músculo na parede do canal 
arterial. 
 
ABORDAR SOBRE A FISIOPATOLOGIA DOS FATORES 
QUE ACONTECEM ASFIXIA NO NEONATO. 
RETARDO NA RESPIRAÇÃO -GUYTON 
O que pode causar? 
Mães que foram deprimidas com anestésicos gerais durante o 
trabalho de parto, pois pode anestesiar o feto e, com isso, o 
surgimento da respiração pode demorar alguns minutos, 
demostrando assim, a importância de usar mínima anestesia 
possível. 
Lavínia Araújo 
Além disso, trauma cefálico no bebê durante a expulsão dele pode 
causar uma hemorragia intracraniana ou uma contusão cerebral 
pode gerar uma concussão que deprime o centro respiratório. 
Outro motivo é o parto prolongado que, por aumentar o tempo em 
hipóxia, e esse maior tempo em hipóxia faz com que haja uma 
depressão no centro respiratório. 
A hipóxia ocorre com frequência durante o parto devido 
compressão do cordão umbilical, separação prematura da placenta, 
contração excessiva do útero (pode cortar o fluxo de sangue da 
mãe para a placenta e anestesia excessiva da mãe, o que deprime 
a oxigenação de seu próprio sangue. 
GRAU DE HIPÓXIA QUE O BEBÊ PODE TOLERAR 
Um adulto sem respirar por 4 minutos falece, mas um recém-
nascido consegue sobreviver por até 10 minutos sem respirar 
depois de nascer. 
O comprometimento cerebral grave e permanente ocorre quando 
a respiração demora entre 8 a 10 minutos. As lesões se 
desenvolvem no tálamo, nos colículos inferiores e em outras áreas 
do tronco encefálico, afetando muitas funções motoras corporais. 
SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA 
Uma parte dos bebês, especialmente os prematuros e filhos de 
mães diabéticas, desenvolve a síndrome da angústia respiratória 
grave nas primeiras horas até os primeiros dias do nascimento. Os 
alvéolos desses bebês contêm grande quantidade de líquido 
proteináceo. É chamado de doença da membrana hialina porque 
histologicamente o material que preenche os alvéolos se assemelha 
a uma membrana hialina. 
Um achado dessa síndrome é uma falha na produção de 
surfactante pelo epitélio respiratório em quantidades adequadas. 
Esse surfactante possui a função de reduzir a tensão superficial 
dos alvéolos o que permite a expansão fácil durante a inspiração e 
é produzido pelos pneumócitos tipo II. 
Os pneumócitos tipo II não começam a secretar surfactante até 
os últimos 1 a 3 meses de gestação. Assim, muitos bebês 
prematuros e alguns bebês nascidos a termo nascem sem a 
capacidade de secretar surfactante suficiente, o que causa tanto 
tendência a colapso dos alvéolos como desenvolvimento de edema 
pulmonar. 
O surfactante é formado de fosfatildilcolina saturada e insaturada, 
lipídios neutros, proteínas, fosfatidilglicerol e outros fosfolipídeos. 
CONCEITO – MARCONDES 
Asfixia perinatal é caracterizada pela deficiência no suprimento de 
oxigênio tecidual. Ocorre geralmente no período que antecede o 
parto ou mesmo durante o trabalho de parto. 
Clinicamente, a asfixia é caracterizada por uma sequência de 
eventos que dependem da intensidade e da duração dos fatores 
desencadeantes. 
1. Índice de Apgar baixo no primeiro minuto de vida (à custa 
de uma FC < 100 bpm, frequência respiratória irregular 
ou ausente com cianose), não responsivo às manobras 
de reanimação irregular → ≤ 5 
2. Exame neurológico alterado nos primeiros dias de vida 
3. Acidemia com aumento de lactato sérico 
4. Disfunção de múltiplos órgãos 
FISIOPATOLOGIA 
O feto depende da placenta para suas trocas gasosas e, embora 
seus tecidos apresentem baixo conteúdo de oxigênio, seu 
metabolismo normalmente não chega a ser hipóxico, mantendo-se 
aeróbio por causa da hemoglobina fetal que tem afinidade elevada 
por oxigênio, pelo mecanismo adaptativo de velocidade de perfusão 
nos tecidos fetais (maior do que no adulto) e pelo baixo consumo 
tecidual de oxigênio (por necessidade de termorregulação e 
esforço respiratório baixos). 
Durante o trabalho de parto. em geral. ocorre algum grau de 
asfixia, ocasionada pela redução da perfusão sanguínea placentária 
a cada contração, com consequente queda das trocas gasosas, 
ocasionando hipoxemia e hipercapnia transitórias. Esses efeitos são 
recuperáveis a cada intervalo entre as contrações, porém são 
cumulativos: quanto maior a duração do trabalho de parto, maiores 
serão a hipoxemia, a hipercapnia e a acidemia resultantes. 
Quando existe queda no suprimento de oxigênio tecidual (asfixia 
perinatal), mesmo que transitória e leve (depressão neonatal), 
ocorre resposta imediata e fisiológica para evitar o dano 
permanente. Essa resposta consiste basicamente de uma 
alteração circulatória e hemodinâmica. O feto e o recém-nascido 
respondem com aumento do fluxo direito-esquerdo através do 
forame oval e redistribuição do fluxo sanguíneo, havendo desvio 
preferencial para a cabeça e o coração, com redução do fluxo 
para os órgãos não vitais. O consequente aumento da resistência 
vascular periférica eleva a pressão sanguínea na fase precoce do 
período da asfixia, e essa se manterá elevada enquanto o miocárdio 
puder suportar o débito cardíaco. Com a continuidade desse 
processo, ocorre aumento da hipóxia e da acidose, e o miocárdio 
entra em falência, causando queda tanto no débito cardíaco quanto 
na pressão sanguínea; verifica-se também alteração no padrão 
respiratório, que se inicia com movimentos respiratórios 
irregulares (de aparecimento ainda intrauterino), seguidos de 
apneia de curta duração (30 segundos a 1 minuto), conhecida como 
apneia primária. Se o processo de asfixia não for corrigido, a 
respiração continuará irregular e cessará após 3 a 4 minutos, 
caracterizando a apneia secundária. Nesse momento, o óbito 
ocorrerá, a menos que sejam instituídas as manobras de 
reanimação. 
Lavínia Araújo 
Na asfixia provocada por diversos processos, observar-se a 
seguinte sequência de fatos: 
1. Hipoxemia inicial. 
2. Alterações circulatória e hemodinâmica adaptativas: 
redistribuição do fluxo sanguíneo para manter as 
circulações cerebral e miocárdica, por redução na 
resistência vascular desses órgãos e aumento na 
resistência vascular periférica 
3. Alteração no ritmo respiratório: apneia primária seguida 
de apneia secundária. 
4. piora da hipoxemia, acidose láctica e hipercapnia: a 
hipóxia persistente impossibilita o metabolismo celular 
aeróbio, com formação de ácido láctico e consequente 
redução do pH; a hipercapnia é favorecida por um 
somatório de efeitos metabólicos e fisiológicos tais como 
a presença de acidose, o aumento no fluxo sanguíneo 
cerebral (reperfusão) e a vasoconstrição periférica. 
5. Esgotamento dos mecanismos adaptativos: redução da 
oferta de oxigênio para órgãos vitais. 
6. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas: 
a. Miocárdio – a hipóxia conduz inicialmente à 
diminuição da atividade metabólica do miocárdio 
(por redução do metabolismo aeróbio e início do 
anaeróbio), com queda na frequência cardíaca 
(observada somente em recém-nascidos de 
termo) por ativação vagal e estímulo de 
barorreceptores arteriais periféricos, sendo 
seguida de ativação transitória do sistema 
nervoso autônomo simpático, com taquicardia 
de curta duração; após o esgotamento dessa 
fase, ocorre redução progressiva do glicogênio 
cardíaco (para a produção de energia por meio 
da glicólise), com queda progressiva da 
frequência cardíaca, liberação de enzimas do 
músculo cardíaco e repercussões na 
repolarização; finalmente, o choque 
cardiogênico sobrevém por esgotamento 
energético, associado às alterações 
hemodinâmicas que se repercutem no retorno 
venoso. 
b. Pulmão – a hipóxia favorece a persistência do 
padrão fetal circulatório, mantendo o "shunt" 
direito-esquerdo através do forame oval e do 
canal arterial, caracterizando o quadro de 
hipertensão pulmonar persistente. Além disso, 
a vasoconstrição pulmonar, decorrente da 
hipóxia e da hipercapnia, pode resultar em 
isquemia pulmonar, lesão celular e redução do 
surfactante alveolar. 
c. Rim - a vasoconstrição persistente ocasiona 
isquemia no túbulo proximal que, associada à 
presença de mioglobina, liberada das fibras 
musculares, pode causar necrose tubular 
aguda. 
d. Trato gastrintestinal – vasoconstrição 
persistentegera a isquemia mesentérica 
favorecendo a enterocolite necrosante. 
e. Alterações hematológicas – coagulação 
intravascular disseminada ocorre 
principalmente pela presença de hipotensão, 
associada à acidose e à hipóxia por estímulo 
direto do fator antiplaquetário. 
f. Alterações metabólicas – hipoglicemia ocorre 
por aumento na glicólise anaeróbia inerente à 
hipóxia; hipocalcemia ocorre por aumento da 
calcitonina que é estimulada pelo estresse, o 
qual libera cortisol, catecolaminas e glucagon, 
substâncias que atuam no estímulo da 
calcitonina. 
g. Sistema nervoso central – os mecanismos de 
lesão cerebral, embora ainda não muito claros 
na sequência dos eventos, envolvem múltiplos 
aspectos, sendo a encefalopatia hipóxico-
isquêmica caracterizada por aspectos 
neuropatológicos e clínicos, que estão descritos 
separadamente pela importância que 
apresentam. 
ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA 
O funcionamento adequado dos neurônios depende da oferta de 
oxigênio e de glicose, que são substratos para a produção de 
moléculas ricas em energia, ATP e fosfocreatina. Essas moléculas 
fornecem energia para a manutenção do funcionamento da bomba 
de sódio, essencial para a estabilização do potencial elétrico da 
membrana citoplasmática da célula nervosa. Como as reservas de 
ATP e fosfocreatina do SNC são limitadas, existe necessidade de 
reposição contínua dessas moléculas. A produção desses 
compostos é feita por meio da glicólise, cuja reação possui uma 
fase anaeróbia e outra aeróbia. 
Durante a asfixia, hipoxemia e isquemia muitas vezes ocorrem 
concomitantemente ou em sequência a ela, sendo que, em geral, a 
hipercapnia está presente. O mecanismo de isquemia para a lesão 
cerebral no período perinatal parece ser mais importante do que 
o de hipoxemia, dentre as duas formas de diminuição da oferta de 
oxigênio. Além disso, o período de reperfusão que se segue 
provavelmente é mais deletério para o tecido cerebral do que a 
isquemia. Os possíveis mecanismos bioquímicos para a alteração 
inicial da função cerebral durante a asfixia são: 
1. Alterações regionais da formação de ATP – com 
hipoxemia, apesar da oferta aumentada inicial de glicose 
para o cérebro (por aumento do fluxo sanguíneo cerebral 
inicial), ocorre aumento da glicólise anaeróbia, com 
redução de ATP; a redução de fosfocreatina e a de 
fosforilação oxidativa são mais tardias, após a instalação 
de isquemia, que termina por reduzir o fornecimento de 
Lavínia Araújo 
glicose cerebral, aumentando a glicólise anaeróbia e a 
acidose intracelular (por formação de lactato e de íons 
hidrogênio). 
2. Acúmulo de potássio extracelular – ocorre por alteração 
na bomba de sódio. 
3. Acídose intracelular – durante a glicólise anaeróbia 
ocorre acidose por formação de lactato e de íons 
hidrogênio 
4. Peroxidação lipídica – ocorre na primeira hora de 
hipoxemia, sendo o mais tardio dos efeitos deletérios, 
com consequente alteração na atividade da Na+, K+-
ATPase, enzima crucial na regulação do fluxo de íons 
através das membranas e dependente do fosfolipídeo da 
membrana celular. Acredita-se que a peroxidação lipídica 
ocorra por formação de radicais livres formados 
durante a hipóxia. Esses radicais livres são responsáveis 
pela peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) 
da membrana citoplasmática e também pelo dano ao DNA 
e às proteínas que contêm grupos insaturados ou do tipo 
sulfiril. 
5. Fluxo alterado de íons – o aumento do cálcio intracelular 
desencadeia diversos efeitos deletérios para a célula 
cerebral, entre eles: hidrólise fosfolipídica, com lesão de 
membrana celular; ativação do ácido araquidônico, com 
formação de radicais livres; proteólise dos 
neurofilamentos, com rotura microtubular; dano nuclear; 
diminuição da produção de ATP; auto-oxidação das 
catecolaminas; oxidação das hipoxantinas até ácido úrico, 
com mais formação de radicais livres; formação de óxido 
nítrico, com efeito tóxico para os neurônios e ativação 
de glutamato, que atualmente é reconhecido como o 
principal fator deletério para o cérebro, causador da 
morte cerebral. 
6. Fluxo alterado de neurotransmissores – mesmo a 
hipoxemia moderada pode reduzir a síntese de 
acetilcolina, dopamina, norepinefrina e serotonina. Outros 
compostos que interferem na neurotransmissão 
também podem ser afetados, tais como AMP-cíclico, 
GMP e ácido gama-aminobutírico. 
FATORES DE RISCO 
ANTENATAIS INTRAPARTO 
Diabetes materno Parto cesariano 
Doença hipertensiva da 
gestação 
Trabalho de parto prolongado 
Hipertensão crônica Trabalho de parto prematuro 
Sangramento do 2º e 3º 
trimestre 
Rotura prolongada de 
membranas, Descolamento 
prematuro de placenta e 
Placenta prévia 
Infecção materna Fisometria 
Polidrâmnio e oligodrâmnio Apresentação pélvica 
Gestação prolongada Segunda fase do trabalho de 
parto > 2 horas 
Gestação múltipla Anestesia geral 
Uso de drogas Narcóticos antes de 4 horas do 
parto 
Terapia materna Mecônio 
Anemia ou isoimunização Prolapso de cordão umbilical 
O recém-nascido pode ser acometido por problemas intrauterinos, 
maternos, placentários ou do próprio feto, bem como decorrentes 
do tipo, intercorrências ou duração do parto, Problemas de origem 
neonatal são mais raros, mas incluem pneumotórax espontâneo, 
pneumonia ou obstrução mecânica das vias aéreas, entre outros. 
Outros fatores podem influenciar o dano causado pela asfixia: 
1. Hiperglicemia: a glicose é tóxica para o feto asfixiado, 
aumentando a acidose. 
2. Acidose láctica: leve ou moderada, aparentemente é 
protetora para o dano cerebral, enquanto a grave piora 
o desenvolvimento cerebral. 
3. Pós-maturidade: pode aumentar o risco de lesão cerebral 
já existente no recém-nascido asfixiado. 
4. Prematuridade: aumenta o risco de necrose 
periventricular. 
5. Crescimento intrauterino retardado: aumenta o risco de 
lesão pós-asfíxica, por menor habilidade, nesse tipo de 
recém-nascido, para realizar a fase adaptativa da asfixia. 
6. Danos repetidos: episódios repetidos de asfixia atingem 
também a região do tálamo e do estriado, aumentando o 
dano cerebral, que é caracterizado como paralisia 
cerebral coreatetóide. 
7. Compressão prolongada do cordão umbilical: a 
compressão por mais de 10 minutos pode fazer com que 
o dano cerebral possa atingir a região do hipocampo. 
 
DISCORRER SOBRE ALOJAMENTO CONJUNTO 
(PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS) E EXAMES REALIZADOS 
(OLHINHO, ORELHINHA E CORAÇÃO) 
O Ministério da Saúde na portaria de nº 2068 de 21 de outubro 
de 2016 instituiu as diretrizes para a organização da atenção 
integral à mulher e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. 
O Alojamento Conjunto é o local destinado às mulheres clinicamente 
estáveis e sem contraindicações para a permanência junto ao 
recém-nascido. 
QUAIS RECÉM-NASCIDOS VÃO PARA O ALOJAMENTO? 
1. Apenas os clinicamente estáveis e com boa vitalidade 
2. Idade gestacional maior que 35 semanas 
3. Peso maior ou igual a 2000 g 
4. Capacidade de sucção 
5. Capacidade de controle da temperatura 
6. Índice de apgar maior que 6 no quinto minuto 
Lavínia Araújo 
Nesse período, portanto, o profissional de saúde deve favorecer 
ao máximo o contato íntimo, pele a pele, entre mãe e bebe, 
evitando procedimentos desnecessários ou que possam ser 
realizados mais tarde. A separação da mãe e do bebe e a sedação 
da mãe privam o binômio desse momento tão especial. 
Após a finalização dos procedimentos de sala de parto, a mãe e o 
RN devem ir para um local dentro da maternidade que permita a 
eles ficarem juntos 24 horas por dia até a alta hospitalar. Para 
isso, foi implantado o sistema de alojamento conjunto nas 
maternidades. 
VANTAGENS – ATENÇÃO À SAÚDE DO RN 
Humanização do atendimento mãe-filho e sua família; 
Convivência contínua entre a mãe e o bebê favorece o 
conhecimento mútuo e a satisfação imediata das necessidades 
físicas e emocionais do RN. Os bebês no alojamento conjunto 
dormem mais e choram menos do que os de berçário; 
Ocorre um maior envolvimento dospais no futuro cuidado com a 
criança; 
Promove o vínculo precoce entre mãe e filho → aumenta a ligação 
afetiva e reduz auso e negligência infantil e de abandono da 
amamentação; 
Promoção do aleitamento materno → aumenta a velocidade da 
descida do leite materno e o tempo mais prolongado de 
amamentação; 
Oportunidade para as mães, em especial as primigestas, de 
aprenderem as noções básicas dos cuidados com o RN; 
Tranquilidade das mães que ficam inseguras quanto ao atendimento 
prestado a seus filhos quando não estão perto deles → a 
ansiedade pode inibir a ocitocina e dificultar a liberação do leite, e 
enquanto o choro costuma estimular o reflexo de ejeção do leite; 
Troca de experiência com outras mães quando compartilham o 
mesmo quarto, em especial com mães mais experientes que 
também estão cuidando dos seus filhos; 
Maior interação entre a mãe e a sua família e os profissionais de 
saúde; 
Diminuição do risco de infecção hospitalar. 
ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE 
Deve-se encorajar o aleitamento materno sob LIVRE DEMANDA 
Não dar ao RN NENHUM OUTRO ALIMENTO OU BEBIDA, ALÉM DO 
LEITE MATERNO (a não ser que seja indicada pelo médico) 
Não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas no 
seio. Durante o estabelecimento da amamentação, esses artefatos 
podem causar confusão de bicos pelo uso da boca e língua para 
sugar a mamadeira e chupeta 
Orientar as mães para que não amamentem outros RNs que não 
os seus (amamentação cruzada) e não permitir que outras mães 
amamentem seu filho para prevenção de contaminação de 
crianças com possíveis patógenos que podem ser encontrados no 
leite materno (INCLUSIVE O HIV) 
Realizar visitas diárias para esclarecer e orientar a mãe, dando 
segurança quanto ao estado de saúde do filho 
Permanência de no mínimo 48 horas no alojamento conjunto para 
oportunidade de aprendizado para as mães durante sua 
permanência e detecção de complicações pós-parto e afecções 
neonatais. 
O atendimento do RN deve ser feito na presença da mãe e, sendo 
o primeiro contato com a família, apresentar-se a eles 
O acompanhante deve participar do atendimento sempre que for 
possível e adequado para estímulo do apoio à mãe 
BOAS PRÁTICAS 
Deve haver o acolhimento com o atendimento humanizado e seguro 
às mulheres, aos RNs, aos acompanhantes, aos familiares e aos 
visitantes. 
Acolher implica recepcionar o usuário, desde sua chegada, 
responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo suas queixas, 
permitindo que ele expresse suas preocupações e angústias, e 
dando-lhe respostas adequadas. 
Deve haver a comunicação pois deve haver a competência de 
saber passar a informação com clareza e eficiência usando a 
técnica de aconselhamento. 
Deve-se usar artifícios para o aconselhamento: 
1. Linguagem não verbal → sorrir, balançar a cabeça 
afirmativamente 
2. remover as barreiras físicas → mesa, papéis para 
maior aproximação 
3. usar linguagem simples e acessível 
4. dar espaço para a mãe se expressar → necessário 
saber ouvir 
5. demonstrar ter empatia 
6. evitar palavras que soem como julgamento 
7. aceitar e respeitar os sentimentos e as opiniões das 
mães sem precisar concordar e discordar 
8. reconhecer e elogiar as situações em que a mãe e o 
bebê estão indo bem 
9. oferecer poucas informações em cada aconselhamento 
10. fazer sugestões ao invés de ordem 
11. oferecer ajuda prática 
12. conversar com as mães sobre suas condições de saúde 
e as do bebê, explicando os procedimentos e condutas 
ORIENTAÇÕES 
AMAMENTAÇÃO 
Lavínia Araújo 
Deve ser abordado a: 
Importância do aleitamento materno e as desvantagens da 
introdução alimentar precoce 
Recomendação quanto à duração da amamentação (dois anos ou 
mais e exclusividade até os 6 meses) 
Importância do aleitamento em livre demanda 
Flexibilidade quanto ao tempo de permanência em cada mamada 
Prevenção de problemas sobre a amamentação 
Manutenção de hábitos saudáveis pela mãe 
Ordenha do leite 
Checar o posicionamento da amamentação: 
1. mãe em posição confortável 
2. rosto do bebê de frente para a mama e com o nariz na 
altura do mamilo 
3. bebê com a cabeça e tronco alinhados (pescoço não 
torcido) 
4. corpo do bebê próximo ao da mãe 
Pega: 
1. boca do bebê bem aberta com o lábio inferior virado para 
fora 
2. mais aréola visível acima da boca do bebê 
3. queixo tocando a mama 
USO DE MAMADEIRA 
Água, chás e outros leites devem ser evitados. 
USO DE CHUPETA 
A chupeta tem sido desaconselhada pela possibilidade de interferir 
negativamente na duração do aleitamento materno, entre outros 
motivos. 
O uso de chupeta está associado a uma maior ocorrência de 
candidíase oral, de otite media e de alterações do palato. 
COMPORTAMENTO NORMAL DO RN 
É importante enfatizar para a mãe que cada bebê e único, 
respondendo de maneiras diferentes as diversas experiencias. 
Comparações com filhos anteriores ou com outras crianças devem 
ser evitadas, podendo inclusive interferir na interação entre a mãe 
e o bebê. 
Muitas mães se queixam de que seus bebes “trocam o dia pela 
noite”. As crianças, quando nascem, costumam manter nos 
primeiros dias o ritmo ao qual estavam acostumadas dentro do 
útero. 
INTERAÇÃO COM O BEBÊ 
A interação entre a mãe e seu bebê nos primeiros dias é muito 
importante para uma futura relação sadia. 
A mãe e os futuros cuidadores da criança devem ser orientados 
a responder prontamente às necessidades do bebê, não temendo 
que isso vá deixá-lo “manhoso” ou excessivamente dependente 
mais tarde. 
Carinho, proteção e pronto atendimento das necessidades do bebê 
só tendem a aumentar sua confiança, favorecendo sua 
independência em tempo apropriado. 
LIMPEZA DO COTO UMBILICAL 
Sempre após a troca de fralda. 
POSIÇÃO DO BEBÊ PARA DORMIR 
Por em decúbito dorsal e orientar de forma clara quanto ao 
posicionamento recomendado do bebê para dormir. 
Está bem documentada a associação entre síndrome da morte 
súbita do lactente e posição prona. 
Existe temor entre pais e profissionais de saúde quanto à 
possibilidade de aspiração dos bebês quando colocados em decúbito 
dorsal. No entanto, estudos mostram que não houve aumento da 
frequência de aspiração após a recomendação de colocar as 
crianças para dormir nessa posição. 
Apesar dessa recomendação, mesmo em hospitais-escola com 
programas de residência médica em Pediatria, a posição para 
dormir mais utilizada no alojamento conjunto de maternidades 
brasileiras é a de decúbito lateral, assim como também a mais 
recomendada, erroneamente, em orientação verbal, na alta 
hospitalar. 
ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA 
Toda criança deve sair da maternidade com a primeira consulta 
marcada de preferência na primeira semana de vida. 
Orientados quanto à importância do teste do pezinho, realizado 
entre o 3º e 5º dia de vida. 
A Caderneta da Criança é distribuída gratuitamente a todas as 
crianças nascidas no território nacional, nas maternidades públicas 
ou privadas. Antes da alta hospitalar, a caderneta deve ser 
preenchida com as condições de parto e nascimento pelo 
profissional que atendeu o RN e explicado o conteúdo aos pais. 
 
TRIAGEM NEONATAL 
Triagem é um método de detecção através de testes aplicados 
para avaliara a probabilidade elevada de apresentar determinadas 
patologias. 
Para triar, deve ser uma doença frequente, sem achados clínicos 
precoces e de melhora clínica com o tratamento. 
Lavínia Araújo 
TESTE DO OLHINHO 
Teste simples, rápido e indolor. 
Avalia a leucocoria (pupila branca) através do reflexo da superfície 
retiniana. 
Avalia em um ambiente com pouca luz e usando um o oftalmoscópio. 
Identificar um reflexo vermelho que aparece quando um feixe de 
luz ilumina o olho do bebê numa sala em penumbra. 
Numa distância de 50 a 100 cm ao mesmo tempo em ambos os 
olhos. 
Pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo 
visual como catarata, glaucoma congênito, retinocoroidite e 
retinoblastoma (FILHA DE THIAGO LEIFERT). 
O diagnóstico precoce pode possibilitaro tratamento no tempo 
certo e garantir o desenvolvimento normal da visão. 
Deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida. 
Se houver alteração, enviar para o oftalmologista. 
Encaminhar pelo sistema Hygiaweb. 
Deve ser feito em toda consulta de puericultura. 
 
 
 
TESTE DO CORAÇÃOZINHO 
A cardiopatia congênita é a malformação congênita mais comum e 
ocorre em 1% dos recém-nascidos vivos e corresponde à 10% dos 
óbitos infantis e a mortalidade aumenta quando não identificada no 
nascimento. 
Faz uma triagem para as cardiopatias críticas → decorrem do 
fechamento do canal arterial. 
Deve ser feita a oximetria de pulso de forma rotineira em recém-
nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional maior do 
que maior 34 semanas tem se mostrado um instrumento de 
rastreamento de elevada especificidade e moderada sensibilidade 
para detecção de cardiopatias. 
O Teste do Coraçãozinho consiste em medir a oxigenação do 
recém-nascido com o auxílio de um oxímetro de pulso no membro 
superior direito e membro inferior do bebê (esquerdo ou direito) 
entre 24 e 48h de vida e antes da alta hospitalar. 
Caso algum problema seja detectado, a criança deverá ser 
encaminhada para avaliação clínica especializada cardiológica, bem 
como para realização de exames mais específicos 
(ecocardiograma) visando ao diagnóstico definitivo. 
O teste pode ser realizado em recém-nascidos que nasceram fora 
do ambiente hospitalar, utilizando-se um oxímetro portátil com 
sensor neonatal adequado e deverá ser interpretado da mesma 
maneira dos exames realizados intrahospitalar. 
Caso a SatO2 seja > 95% ou a diferença entre as medidas seja 
de ≤ 3 %, tem o seguimento neonatal de rotina (NORMAL). 
Caso a SatO2 seja 90-94% em qualquer medida e a diferença 
entre as medidas seja de ≥ 4%, deve repetir o teste em até 1 
hora (até 2 vezes) pois é um resultado duvidoso. 
Caso a SatO2 seja ≤ 89% em qualquer medida, deve enviar para 
a avaliação cardiológica e ecográfica para diagnóstico de 
cardiopatias dependentes de canal. 
TESTE DA ORELHINHA 
Feito preferencialmente entre 24h e 48h 
Identifica possíveis problemas auditivos no recém-nascido. 
Gera a produção de um estímulo sonoro e a avaliação da captação 
do seu retorno por meio de uma sonda introduzida na orelha. 
Permite um desenvolvimento neuronal correto, melhor rendimento 
escolar, autoestima e adaptação psicossocial. 
Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da 
maternidade sem ter feito o teste, que é gratuito. 
As crianças nascidas fora do ambiente hospitalar devem fazê-lo 
antes de completarem 3 meses de vida. O Teste da Orelhinha é 
realizado com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não 
machuca, não precisa de picadas ou sangue do bebê, não tem 
contraindicações e dura em torno de 10 minutos. 
Hygiaweb para encaminhar. 
Lavínia Araújo 
 
 
DETALHAR O MECANISMO DA ICTERÍCIA NEONATAL 
ICTERÍCIA NEONATAL- SBP 
É a coloração amarelada da pele e das conjuntivas definida pela 
concentração sérica de bilirrubina indireta > 1,5 mg/dL ou de 
bilirrubina direta > 1,5 mg/dL, desde que mais que 10% do valor da 
bilirrubina total. 
Na avaliação clínica é visível quando o nível de BT sérica excede 5 
mg/dL. 
Pelo fato da BI ser lipossolúvel, ela consegue acumular em SNC e 
levar a um quadro de encefalopatia bilirrubínica, complicação grave. 
Estima-se que na década de 2000 tenha ocorrido 1 caso de 
encefalopatia bilirrubínica para cada 40000 a 150000 nascidos 
vivos. 
Na prática, 85% dos RN a termo e a maior parte dos prematuros 
desenvolvem icterícia clínica. 
METABOLISMO DA BILIRRUBINA 
A hemoglobina das hemácias é degradada em heme. A heme sofre 
ação da heme oxigenase e se converte em biliverdina que sofre 
ação da biliverdina redutase e gera a bilirrubina indireta. A BI circula 
acoplada à albumina. 
Ao chegar no hepatócito, a BI é captada e a albumina volta para a 
circulação. Dentro do hepatócito, a BI se combina ao ácido 
glucorônico pela enzima UGT1A1 (glucoroniltransferase). 
A união dessas duas substâncias gera a bilirrubina direta que pode 
ser excretada. Em geral, a BD sofre ação das bactérias 
enterócitas e forma o urobilinogênio que pode virar urobilina e é 
excretado pelos rins ou pode virar estercobilinogênio e depois 
estercobilina e ser eliminado pelas fezes. 
FISIOPATOLOGIA - SBP 
Durante a vida fetal, o feto produzia bilirrubina indireta por ser 
lipossolúvel e poder eliminar diretamente pela placenta. Ao nascer, 
o RN precisa agora conjugar essa bilirrubina para eliminá-la pelo 
sistema biliar e trato gastrointestinal. 
O RN tem maior suscetibilidade à icterícia por apresentar falhas 
no metabolismo da bilirrubina. 
O RN possui uma maior carga de bilirrubina indireta no hepatócito 
associada a uma menor captação, conjugação e excreção hepática 
da bilirrubina. Isso decorre do fato do RN ter um trato 
gastrointestinal estéril (menor flora intestinal) e uma maior 
quantidade de beta glucoronidase (responsável pela desconjugação 
da BD em BI e é fornecida pelo leite materno). 
A sobrecarga de bilirrubina ocorre pela maior quantidade de 
bilirrubina indireta (o RN produz de 2 a 3 vezes mais que o adulto) 
decorrente da maior quantidade proporcional de hemoglobina e 
menor vida média das hemácias do RN. 
ETIOLOGIA 
As principais etiologias são as: 
1. icterícia fisiológica 
2. icterícia pelo aleitamento materno 
3. síndrome da icterícia do leite materno 
Essas são causas de icterícia que levam a icterícia tardia (após às 
24h). 
ICTERÍCIA FISIOLÓGICA 
No RN à termo começa após as 24h de vida, com pico do 3º ao 
4º dia e no máximo de 12 mg/dL e se normaliza em 7 dias. 
No pré-termo também tem início após 24h, porém com um pico 
mais tardio (do 4º ao 7º dia), com um máximo de 15 mg/dL e se 
normaliza entre 10 a 30 dias. 
Possui fatores de risco definido pela: 
1. idade materna 
2. descendentes asiáticos 
3. DMG 
4. Prematuridade 
5. Extravasamento de sangue 
6. Perda de peso 
7. Retardo para evacuar 
ICTERÍCIA PELO ALEITAMENTO MATERNO 
Pode ocorrer durante a primeira semana de vida. 
Devido à dificuldade de sucção ou pela pouca oferta láctea, o RN 
pode perder peso (>7%) e gerar desidratação. Esse quadro leva a 
um aumento da circulação entero-hepática, que sobrecarrega a 
bilirrubina no hepatócito e um aumento da bilirrubina indireta. 
SÍNDROME DA ICTERÍCIA PELO LEITE MATERNO 
Predisposição genética à icterícia em que as substâncias presentes 
no leite materno ativam fenótipos associados a uma menor 
atividade da enzima UGT1A1 (que une a BI com o ácido glucorônico) 
→ o leite materno age como um modificador ambiental para os 
fenótipos. 
Lavínia Araújo 
Se inicia ainda na primeira semana entre 3 e 5 dias de vida e atinge 
o pico após 2 semanas, quando começa a declinar. 
Não é necessária intervenção nesse tipo de icterícia e não deve 
desaconselhar o aleitamento. 
Nesse caso eu tenho um bebê com bom estado geral e bom ganho 
pondero-estatural. 
É UM DIANGÓSTICO DE EXCLUSÃO. 
QUADRO CLÍNICO 
1. Icterícia 
a. Progressão cefalocaudal 
b. Avaliação pelas zonas de kramer 
 
COMPLICAÇÕES DA BI 
A mais temida é a encefalopatia bilirrubínica que gera uma lesão 
cerebral pela BI nos gânglios da base. 
Possui duas fases clínicas: 
1. Aguda → ocorre nos primeiros dias e perdura por 
semanas, com letargia, hipotonia e sucção débil com 
evolução para hipertonia com hipertermia (faz um 
retroarqueamento do pescoço e tronco com progressão 
para apneia, coma, convulsões e morte) e choro 
estridente 
2. Crônica → as que sobrevivem apresentam a forma 
crônica com tétrade paralisia cerebral atetoide grave, 
neuropatia auditiva, paresia vertical do olhar e displasia 
dentária (pode haver retardo mental) 
DIAGNÓSTICO 
Dosagem de bilirrubina total e frações 
Hemoglobina e hematócrito 
Reticulócitos → saber como a medula responde à destruição das 
hemácias 
Tipagem sanguínea da mãe e do recém-nascido 
ZONAS DE RISCO 
Classifica-se pelo normograma de Buthani. 
Avalia zonas de riscode icterícia. 
Deve se preocupar se a dosagem de bilirrubina sérica estiver na 
zona de risco intermediário alto e de alto risco 
 
AVALIAÇÃO DA ICTERÍCIA 
Deve avaliar os fatores de risco e examinar o RN 8 a 12 horas. 
Caso seja uma icterícia precoce, deve colher exames e partir para 
o tratamento com a fototerapia. 
Caso seja uma icterícia tardia, deve-se: 
1. Se for de zona < 2, deve ser feita apenas a observação 
clínica de 8 a 12 horas 
2. Se for zona ≥ 2, deve-se colher os exames para 
avaliação da zona de risco: 
a. Se for > p75 Buthani, deve ser feita a 
fototerapia 
b. Se for < 75 Buthani, deve ser feita apenas a 
observação clínica 
ALTA 
Icterícia em zona de risco intermediário baixo ou baixo 
Após 48h sem icterícia ou icterícia zona I 
SEMPRE DEVE AGENDAR UM RETORNO AMBULATORIAL EM 48 A 
72H PARA AVALIAR SE NÃO HOUVE DEPOIS PELA ICTERÍCIA PELA 
SÍNDROME DO LEITE MATERNO E PELO LEITE MATERNO 
FOTOTERAPIA 
Utiliza a tabela guia para com base nos níveis de bilirrubina: 
Lavínia Araújo 
 
A partir de nível maior ou igual aos tabelados, para tantas horas 
de vida, utiliza a fototerapia. Para fatores de neurotoxicidade, 
diminui o valor referência em 2 mg/dL. 
 
COMO FUNCIONA A FOTOTERAPIA 
A bilirrubina indireta na pele sofre a ação da luz azul e sofre uma 
fotoisomerização e se converte na bilirrubina-4Z,15E que pode ser 
excretado pela bile mais facilmente. 
Também leva à um isômero geométrico → lumirrubina que leva à 
excreção pela urina. 
A eficácia depende do comprimento da onda de luz, da irradiância 
espectral, da distância entre as luzes e o recém-nascido, 
superfície de pele exposta. 
São necessários cuidados: 
1. Temperatura do RN devido ao fato de ser feito de 
fralda 
2. Oferta hídrica pelo aumento de perdas insensíveis 
(estimulação do aleitamento) 
3. Proteção ocular radiopaca pela exposição da luz aos 
olhos correndo risco de lesão nos olhos 
 
 
PROBLEMA 1 – FECHAMENTO 
 
DISCORRER SOBRE A 1ª CONSULTA DE PUERICULTURA 
(EXAME FÍSICO, NEUROLÓGICO E VARIAÇÕES 
PATOLÓGICAS) 
ANAMNESE – MANUAL DE NEONATOLOGIA 
As informações obtidas na anamnese são direcionadas para 
informar os riscos aos quais o bebê está exposto e preparar a 
equipe para oferecer a melhor condição de nascimento de cada 
bebê. 
O acompanhamento materno deve ser iniciado bem antes do parto 
para ao final da gestação haver condições e informações 
suficientes para oferecer a melhor atenção e cuidado ao RN. 
Portanto, após o parto, haverá informes suficientes para 
adequado encaminhamento do RN (alojamento conjunto, CTI e UTI 
neonatal) e quais condutas deverão ser tomadas e quais 
orientações deverão ser feitas. 
Tópicos: 
1. Identificação do RN 
Como ainda não foi registrado em cartório, identifica-se como RN 
de “nome da mãe”. 
Data e hora de nascimento são importantes para avaliar a evolução 
do RN e diferenciar alterações que podem ser consideradas 
fisiológicas ou patológicas a depender do tempo de vida (icterícia) 
1. Informações da mãe e Informações do pai 
Idade, escolaridade, ocupação, estado civil ajudam a levantar 
informações a respeito de aspectos psicossociais da dinâmica 
familiar que o RN irá se inserir 
2. Antecedentes familiares 
Avalia presença de alterações genéticas, anomalias congênitas ou 
patologias cromossômicas. Histórico familiar para DM, HAS, 
nefropatias, doenças reumáticas, aterosclerose, doenças mentais, 
hemorragias, distúrbios metabólicos e alergias. 
Infecções congênitas 
Grupo sanguíneo dos pais 
Hábitos maternos e paternos relacionados à bebida, fumo e uso de 
drogas. 
Questionar existência de irmãos RN e se todos são saudáveis. 
3. Antecedentes maternos 
Uso de medicamentos, presença de histórico de 
depressão/tristeza ou violência e condição de saúde 
4. História gestacional 
Informações sobre paridade, abortos, número de gestações, idade 
materna do último parto (intervalos < 6 meses e ≥ 6 anos são 
fatores de risco, assim como primigesta < 17 anos ou > 30 anos), 
peso do maior filho ao nascer (presença de macrossomia em > 
4000 g). 
Indagar se ocorreram mortes perinatais, se teve filhos 
prematuros, com baixo peso ao nascer ou com malformações. Para 
aqueles que possam ter apresentado icterícia neonatal, diferenciar 
entre fisiológica ou patológica e saber se foi necessário fazer 
alguma terapia. Houve casos de hidropsia? Como se passou o 
puerpério? Amamentou bem? Por quanto tempo? Suspendeu o 
aleitamento por algum motivo? São outros pontos relevantes. 
5. Informações gestação atual 
Idade gestacional: 
I. pré termo precoce: < 34 semanas 
II. pré-termo tardio: ≥ 34 semanas e < 37 semanas 
III. a termo precoce: ≥ 37 semanas e < 39 semanas 
IV. a termo: ≥ 39 semanas e < 42 semanas 
V. pós-termo: ≥ 42 semanas 
Pré-natal: mínimo de 6 consultas intercaladas por médico e 
enfermeiro, iniciado preferencialmente no primeiro trimestre → 
atendimento mensal até a 28ª semana, quinzenal da 28ª a 36ª e 
semanal da 36ª a 41ª. 
Como se passou a higiene bucal → cárie está associada a parto 
prematuro. 
Vacinas: difteria e tétano (DT/DTpa), hepatite B e influenza 
Medicamentos indicados: vitamina B2, ácido fólico e ferro 
6. Intercorrências na gestação atual 
ITU → uma das principais causas de parto prematuro e deve ser 
tratada mesmo em pacientes assintomáticas quando identificadas 
pelo sumário de urina 
Leucorreia materna → relacionada com parto prematuro 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
DM → pode ser gestacional ou crônica e está relacionada com 
macrossomia, distúrbios metabólicos, prematuridade, 
tocotraumatismos 
Estados hipertensivos: hipertensão arterial crônica e pré-
eclâmpsia 
7. Exames realizados 
Preconizados pelo MS: investigação de colonização vaginal e retal 
por estreptococcus do grupo B. 
8. Período pré-natal e pós-natal 
Questionar sobre parto múltiplo e ordem de nascimento 
Local de parto 
Profissional responsável pelo parto e o nome do acompanhante 
Apresentação da criança 
Se foi parto vaginal ou cesáreo e indicação 
Duração do trabalho de parto 
Tempo de rotura de membranas: ≥ 18h está associado a infecções 
Caracterização do líquido amniótico: normalmente é claro, 
transparente ou amarelo pálido e inodoro → pesquisar 
oligodrâmnio e polidrâmnio 
9. Sala de parto 
Saber se a gestação está a termo e a IG. Anotar se a criança 
chorou ao nascer, se tinha um bom tônus muscular e se houve 
eliminação de mecônio (caracterizá-lo). 
Apgar: avaliar o 1º e o 5º minuto e subsequente a ada 5 minutos 
caso seja necessário. 
Clampeamento do coto umbilical: se imediato ou tardio 
Amamentação na 1ª hora de vida: evita hipoglicemia para o RN, 
reduz riscos de hemorragia materna, estimula o contato inicial 
mãe-filho, maior sucesso do aleitamento exclusivo até os 6 meses 
e estimula o sistema imunológico do RN. 
10. Manobras de reanimação 
Documentar informações como o uso de VPP, concentração de 
FiO2, se necessitou ser intubado ou se fez aspiração das vias 
aéreas, uso de epinefrina e expansor de volume. 
11. Exame físico na sala de parto 
12. Orientações 
Quanto ao aleitamento, posição do RN no berço, cuidados com o 
coto umbilical, conduta no caso de cólicas e obstrução nasal, higiene 
do RN e estímulo ao desenvolvimento, além do retorno após 1 
semana de vida. 
 
EXAME GERAL - AVERY 
CONDIÇÕES DO EXAME 
Normalmente de 5 a 10 minutos, rotineiro, deve ocorrer em 
ambiente aquecido e tranquilo. 
A iluminação deve ser suficiente para que sejam visíveis marcas 
cutâneas e a cor da pele → para incentivar a abertura dos olhos, 
pode-se diminuir a luminosidade. 
Em caso de enfermidade, o exame deve ser para investigação da 
patologia e pode ser necessário adiar passos do exame físico até 
que a condição clínica do RN esteja estável. 
A realização do exame na presença de um ou ambos pais oferece 
oportunidade para explicar quaisquer achados relevantes e 
esclarecer possíveis duvidas que possam ter. 
O primeiro exame físico deve ser realizado nas primeiras 24 horas 
de vida, de preferênciaapós 6 horas do nascimento (período que 
ocorre a transição para a vida extrauterina). 
Deve-se retirar acessórios, lavar as mãos e antebraço até o 
cotovelo com água e sabão (para praticidade e eficácia álcool 70 a 
90% também pode ser utilizado). 
Aproveita os momentos de tranquilidade para avaliar aspectos que 
podem ser comprometidos pelo choro do bebê. Logo, a sequência 
cefalo-podálica pode ter sua ordem alterada. 
ANTROPOMETRIA 
Avalie o comprimento e o perímetro cefálico da criança. Avalie o 
peso em relação ao peso ideal ao nascer. Consideram-se normais 
tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua 
recuperação até o 15º dia de vida. O perímetro cefálico com 
medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -2 ou > +2 
escores “z”) pode estar relacionado a doenças neurológicas, como 
microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia, o que 
exige, portanto, melhor avaliação e encaminhamento. 
ASPECTO GERAL – MANUAL DE NEONATOLOGIA 
Avaliar a atitude do RN: semiflexão dos membros com lateralização 
da cabeça. 
 
Estado de hidratação: 
Deve ser avaliado pela umidade da mucosa oral, temperatura e 
adequada diurese → lembrar que edema de pálpebra é fisiológico 
nessa faixa etária. 
Presença de alterações: 
Avaliar desconforto respiratório: 
1. Batimento das asas nasais 
2. Retração da fúrcula esternal 
3. Movimentação dos músculos intercostais 
4. Cianose central 
5. Alterações na FR 
6. Presença de gemidos durante a respiração 
7. Choro fraco 
INSPEÇÃO 
A avaliação imediata do bem-estar provém de simplesmente 
observar o estado, a cor, o esforço respiratório, a postura e a 
atividade espontânea. 
ESTADO 
Os indicadores importantes de bem-estar são os níveis de vigília 
que ele atinge durante o exame e ao longo do dia conforme a 
discrição dos pais ou da equipe de enfermagem. 
Categorização dos estados: 
1. Sono profundo 
2. Sono leve 
3. Vigília, movimentos periféricos leves 
4. Vigília, movimentos amplos, sem choro 
5. Vigília com choro 
Durante o exame, o RN deve apresentar vários níveis de vigília. As 
condições do exame são ótimas durante o sono leve e estado de 
vigília → as partes do exame que exigem cooperação do RN 
(ausculta ex) são melhores durante o sono e vigília e os que exigem 
manipulação do RN devem ser deixadas para o fim. 
O choro não estimulado normalmente é limitado nas primeiras 24 
horas e deverá ser resolvido com toque suave ou conversa. Um 
choro excessivo que requer mais do que consolo rotineiro, 
particularmente se não houver intervalos de estado alerta quieto, 
indica irritabilidade anormal, mas outras causas incluem uma 
resposta apropriada à dor ou a um ambiente frio. 
COR 
A avaliação da cor inclui a análise da perfusão e a cor da pele para 
pesquisa de cianose, icterícia, palidez, pletora (coloração bastante 
avermelhada) e qualquer outra coloração incomum. 
ESFORÇO RESPIRATÓRIO 
Observa-se a frequência respiratória, a profundidade das 
incursões respiratórias, o uso dos músculos acessórios com 
retrações ou batimentos da asa do nariz, quaisquer ruídos durante 
o ciclo respiratório (gemidos, sibilos) e o padrão de choro. 
POSTURA 
Enquanto observa a posição do pescoço, o examinador analisa a 
simetria entre os lados e compara os membros superiores e 
inferiores. Se houver assimetria lateral e a cabeça estiver virada 
para um lado, pode ser que exista postura assimétrica do reflexo 
tônico-cervical, com os membros no lado mentoniano em extensão 
e os do lado occipital em flexão. Neste caso, deve-se girar a cabeça 
para o lado oposto a fim de verificar se a assimetria reverte. Um 
reflexo tônico cervical assimétrico fixo (resistente à inversão 
passiva) indica anormalidade neurológica. 
ATIVIDADE ESPONTÂNEA 
Os RNs prematuros despendem mais tempo dormindo, mas devem 
ter atividade espontânea e posturas em repouso coerentes com 
a sua IG. É necessário que a inspeção seja feita antes do manejo 
para evitar estresse e o declínio dos níveis de atividade em 
resposta. 
SINAIS VITAIS 
TEMPERATURA 
É incomum febre. 
FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA E CARDÍACA 
A respiratória é medida pela observação da parte superior do 
abdome durante um minuto inteiro. Ao tocar o RN, a frequência e 
a profundidade respiratórias mudam. 
A FR normal é de 30 a 60 inspirações por minuto no RN à termo 
→ durante o primeiro dia de vida pode-se observar taquipneia 
intermitente em alguns RNs normais. 
A FC é de 110 a 160 bpm em RNs a termo sadios, mas varia 
significativamente durante os estados de sono profundo e vigília 
ativa. 
PRESSÃO ARTERIAL 
Não é rotina nos berçários neonatais, mas é realizada naqueles que 
precisam de assistência especial e durante a triagem de 
coarctação de aorta. Valores coerentes com hipertensão devem 
ter 3 medições repetidas para confirmar a anormalidade. 
FÁCIES 
A avaliação das fácies inclui a pesquisa de simetria, tamanho, forma 
e as relações de todas as partes da face e como o RN as utiliza. 
Pode ser atípica ou típica. Típica confere uma alteração sindrômica. 
Ex: síndrome de Down e síndrome de Cornélia de Lange. 
PELE E ANEXOS 
Avalia a textura e umidade: 
Depende da idade gestacional. Bebê pré-termo tem pele fina e 
gelatinosa e o bebê a termo tem pele lisa, brilhante úmida e fina e 
o pós-termo tem a pele seca e enrugada, muitas vezes com 
descamação. 
Avalia a cor: 
Normalmente o RN tem a pele rosada, vista mais evidentemente 
em crianças com a pele mais clara (eritrodermia fisiológica). Essa 
coloração decorre do maior número de hemácias. A palidez confere 
a ideia de anemia e deve ser investigada. 
Avalia cianose: 
Bem comum em RN quando presente nas extremidades e melhora 
com o aquecimento. Cianose central é preocupante estando 
associada a doenças cardiorrespiratórias. 
ACHADOS FISIOLÓGICOS: 
Milium sebáceo → são pontos amarelo-esbranquiçados que 
aparecem com frequência na base do nariz, queixo, pálpebras e 
região frontal. É decorrente da obstrução de glândulas sebáceas 
por ação do estrógeno materno. Desaparecem em poucas 
semanas. 
 
Lanugem → são pelos fins, geralmente presentes próximo à área 
de inserção dos cabelos e no dorso. Achado mais comum em 
prematuros, desaparecendo em poucos dias 
 
Vérnix caseoso → material gorduroso e esbranquiçado, oferece 
proteção e isolamento térmico ao RN. Mais comum em bebês pré-
termo. 
 
Manchas ectásicas → mais comuns nas pálpebras. Ocorre devido 
à dilatação capilar superficial e desaparece com o crescimento. 
 
Mancha mongólica → macnha azul-acinzentada, normalmente no 
dorso e na região lombossacral e mais frequente em RN com 
tonalidades escuras. 
 
Eritema tóxico → lesões caracterizadas como pápula ou mácula, 
com causa desconhecida que regride sem nenhuma intervenção 
(fisiológico). 
 
Macha vinho do Porto → leão permanente decorrente de 
malformação dos capilares. Caracteriza-se por mancha de 
coloração vinhosa intensa e homogênea que não se altera pelo 
esforço. Localização frequente na face, geralmente de forma 
isolada e unilateral. 
 
Icterícia → coloração amarelada da pele. Fisiológico se ocorrer 
entre 48 e 120h de vida. Preocupante se ocorrer antes das 24h 
de vida. 
 
GÂNGLIOS 
Palpar todas as cadeias ganglionares → principalmente cervicais, 
axilares e inguinais. 
MUCOSAS 
Observar cor, umidade e presença de lesões. 
CABEÇA E PESCOÇO 
Procurar assimetrias no crânio que, com frequência, são 
transitórias e variam de acordo com a apresentação fetal na hora 
do parto. 
Palpar as suturas. Palpar cavalgamentos (sobreposições das 
bordas, comuns, principalmente em parto normal e desaparecem 
em poucos dias). 
Palpação das fontanelas, procurar: 
1. Tensão 
2. Tamanho 
3. Abaulamentos ou depressões 
4. Pulsações 
A fontanela bragmática tem a extensão de 2 polpas digitais ao 
nascimento e fecha por volta do 9 ao 18º mês de vida. Quando 
abaulada, indica aumento da pressão intracraniana e quando 
retraída, representa desidratação. 
A fontanela lambdoide tem extensão de 1 polpa digital ao 
nascimentoe se fecha por volta do 1 o 2º mês de vida. 
 
 
Bossa serossanguinolenta e cefalohematoma → enquanto a bossa 
é um edema de partes de moles que não respeita os limites ósseos 
e sua regressão ocorre nos primeiros dias pós-parto, o 
cefalohematoma é um rompimento de um vaso subperiosteal 
secundário a um traumatismo do parto, que tem consistência liquida 
e restringe-se aos limites ósseos, além de demorar mais a regredir 
do que a bossa. 
O PC é de cerca de 34 a 36 cm. Em RN a termo, para sexo 
feminino com PC < 31,5 cm e sexo masculino < 32 cm podem 
receber diagnóstico de microcefalia. 
A palpação dos ossos adjacentes à sutura sagital pode revelar uma 
sensação semelhante à que ocorre quando se comprime com 
cuidado uma lata de alumínio. Essas áreas mais moles, indicativas de 
craniotabes, são mais frequentes em RNs prematuros ou a termo 
se a cabeça fetal foi comprimida contra a pelve óssea materna 
durante várias semanas (fisiológicas), mas também podem ser um 
sinal de raquitismo neonatal ou sífilis. O craniotabes fisiológico 
desaparece em algumas semanas após o nascimento. 
 
OLHOS 
Pálpebras normalmente edemaciadas devido ao uso do colírio de 
nitrato de prata. O uso de eritromicina pela bula também possui 
edema como possível ocorrência. 
Deve avaliar a distância dos olhos, simetria entre as pupilas e 
reatividade pupilar. 
Estrabismo e nistagmo horizontal transitório podem ser 
encontrados. 
Pseudoestrabismo refere-se a uma falsa aparência de estrabismo 
causada por uma ilusão de ótica. A dobra de pele no canto interno 
das pálpebras é chamada de epicanto. Em bebês ela pode ser maior 
que em adultos e pode estar associada a uma ponte nasal larga e 
plana. 
OUVIDOS 
Forma, consistência e altura de implantação do pavilhão auricular. 
NARIZ 
Espirros são frequentes. 
Notar batimento da asa do nariz ou obstrução nasal. 
BOCA 
Inspeção facilitada pelo choro ou ao tracionar a mandíbula para 
baixo. 
Observar as mucosas, avaliar o palato (normal ou em ogiva) e sua 
integralidade (fenda palatina). 
Notar dentes supranuméricos (devem ser extraídos pelo risco de 
aspiração). No entanto, a remoção desses dentes nem sempre é 
indicada. Cerca de 95% dos dentes natais são parte do 
complemento normal da dentição decídua; o que indica que os 
dentes natais supranumerários são raros. Assim, os dentes natais 
normalmente devem ser mantidos se possível quando forem 
classificados como Hebling grau 3 ou 4. 
• Hebling 1 – coroa em forma de concha mal fixada ao 
alvéolo por tecido gengival, com ausência de uma raiz 
• Hebling 2 – coroa sólida mal fixada ao alvéolo por tecido 
gengival, com pouca ou nenhuma raiz 
• Hebling 3 – Erupção da margem incisal da coroa através 
do tecido gengival 
• Hebling 4 – Edema do tecido gengival com um dente 
palpável, mas incluso. 
Os cistos orais em diversas localizações estão presentes em até 
80% dos RNs (81). Um a seis pares de cistos pequenos benignos 
na linha média, conhecidos como “pérolas de Epstein”, podem estar 
presentes na junção dos palatos duro e mole. 
 
PESCOÇO 
Curto no RN. Palpar o músculo esternocleidomastoideo para 
verificar presença de torcicolo congênito 
TÓRAX 
Possui forma cilíndrica. 
Possui PT de 2 cm menos que o PC. 
Assimetria é indicativo de patologia. 
Os mamilos podem estar hipertrofiados ao nascimento por 
influência do estrógeno materno, as vezes ocorrendo galactorreia. 
Deve-se contraindicar a expressão das mamas (leva à mastite). 
APARELHO RESPIRATÓRIO 
Avaliar com o RN calmo 
A respiração é costoabdominal ou abdominal, sendo as variações 
de FR e ritmo cardíaco comuns. 
Pode haver pausas de 5s, normalmente em pré-termos. 
FR média é de 40 a 60 irpm (diferença de valor em referência). 
Tiragem intercostal é considerado anormal. 
AUSCULTA: presença de murmúrio vesicular. Pode ser encontrado 
estertores finos e crepitantes assim como RONCOS (comum após 
o nascimento). 
APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO 
Auxiliado com o RN calmo. 
AUSCULTA: sopros e arritmias podem estar presentes ao 
nascimento e ter caráter transitório, principalmente nas primeiras 
48h de vida. 
Palpar os pulsos periféricos (braquiais, femorais e radiais) → pulso 
femoral débil pode ser indicativo de coarctação da aorta. 
ABDOME 
INSPEÇÃO 
O abdome é semigloboso, com PA de 2 a 3 cm menor que o PC. 
Abdome globoso e distendido sugere obstrução enquanto o 
escavado sugere hérnia diafragmática. 
Avaliar o coto umbilical: 
1. Aspecto: incialmente gelatinoso e seca 
progressivamente, mumificando entre o 3 e 4º de vida 
e soltando entre o 6 e o 15º dia. 
2. Morfologia: 2 artérias e 1 veia 
3. Secreções ou eritema na base do coto umbilical → indica 
onfalite 
Higiene do coto deve ser feita com álcool a 70% uma vez ao dia. 
Excluir a existência de onfalocele e gastrosquise. 
A eliminação de mecônio ocorre nas primeiras 36 a 48h após o 
nascimento. Depois disso são eliminadas fezes de transição, que 
tem caráter esverdeado e liquefeito. → investigar eliminação de 
mecônio e a diurese. 
 
PERCUSSÃO: Som timpânico, exceto no local de presença hepática. 
PALPAÇÃO: Mais fácil no RN adormecido → realizar superficial e 
profunda. Não há massas abdominais no RN normal. O fígado pode 
ser palpado no RN, em média de 1 a 2 cm do rebordo costal. Rins 
e baço geralmente não palpáveis. 
AUSCULTA: ruídos hidroaéreos presentes → aumentados: 
obstrução e ausente: doença grave. 
GENITAL 
Primeiro a inspeção e depois a palpação 
SEXO MASCULINO 
Pênis: normalmente entre 2 a 3 cm. A glande normalmente não 
está exposta e o orifício do prepúcio é estreito. Observar epispádia 
(meato uretral na porção dorsal) e hipospadia (meato uretral na 
porção ventral). 
 
Bolsa escrotal: é rugosa no RN a termo. Na palpação, verifica-se a 
presença dos testículos (não presentes significa criptorquidia), sua 
sensibilidade (não deve ser hipersensível), consistência (firme e 
parenquimatosa) e o tamanho (1 cm). Aumento testicular indica 
hidrocele. 
 
SEXO FEMININO 
Tamanho dos grandes lábios depende do depósito de gordura no 
RN e da IG, O sulco entre os pequenos e grandes lábios é recoberto 
por vérnix caseoso. 
Observa-se o hímen ao afastar os pequenos lábios. Saída de 
secreção esbranquiçada ou translúcida é devido a estrógeno 
materno. No 2 ou 3º dia de vida pode ocorrer sangramento vaginal. 
A impermeabilidade do hímen leva à hidrocolpos, acúmulo de 
secreções na vagina, que pode ser manifestado pelo hímen 
abaulado. Hipertrofia de hímen é comum e sem significado clinico. 
Observar o orifício da uretra e da vagina. 
Hipertrofia de clitóris e fusão posterior dos grandes lábios devem 
ser investigadas. 
 
REGIÃO ANAL 
Obrigatório para detecção de anomalias anorretais e fístulas. 
DORSO 
Avaliar a linha média de todo RN na busca de malformações da 
coluna vertebral, bem como a presença de escoliose. 
Visualização de alterações no fechamento do tubo neural (espinha 
bífida mielocele ou mielomeningocele). 
OSTEOARTICULAR 
Mão: analisar as pregas palmares (se única, indica Down). Analisar 
polidactilia, aracnodactilia e clinodactilia. 
Membros: observar a simetria na movimentação (descartar 
fraturas de parto). 
Ossos: pesquisar por agenesia. Fratura de clavícula (crepitação no 
local e dor no RN). Articulação coxo-femoral: atentar-se à displasia 
do quadril → avaliado pela manobra de Barlow e Ortolani. 
BARLOW E ORTOLANI: com o RN em decúbito dorsal, segura os 
membros inferiores com os dedos na porção interna da coxa e no 
trocanter maior, dobra os membros a 90º e abduz, depois 
empurra o trocanter para cima. Depois, empurra a perna para 
parte interna lateralizando. Em caso de instabilidade na articulação, 
haverá manifestação de um click. 
 
Pés: atentar para pés tortos → pode ser posicional (posição do 
útero – benigno) ou congênito. 
SISTEMA NERVOSO 
Deve ser feito simultaneamente ao exame físico geral. 
Avalia postura, resposta ao manuseio e choro. 
Deve ser feito após 12 horas de vida (para não ser influenciadopelo estresse pós-parto). 
Busca de reflexos primitivos, que são respostas involuntárias 
presentes nos bebês desde o nascimento, até mais ou menos 6 
meses: 
Sucção 
Quando algo é posto nos lábios, 
o RN inicia movimentos de 
sucção dos lábios e língua 
Voracidade ou Busca 
Quando a bochecha próxima à 
boca é tocada, o RN desloca a 
face para o estímulo 
Preensão 
É plantopalmar, com uma leve 
pressão na palma da mão ou 
abaixo dos dedos dos pés 
Marcha 
Quando o RN é posto em 
posição ortostática, quando em 
contato com superfície, ele 
estende as pernas que antes 
estavam fletidas e inicia marcha 
Fuga à asfixia 
Quando em decúbito ventral, o 
RN levanta a cabeça, afastando 
o mento da superfície, sem 
virar-se para algum lugar 
Cutâneo-plantar (babinski) 
Estímulo contínuo na planta do 
pé gera uma resposta de 
contração dos dedos 
Reflexo de Moro 
Estímulo brusco gera uma 
extensão dos membros 
superiores, com abertura das 
mãos, com seguida flexão e 
abdução dos braços, voltando à 
posição original 
Reflexo do esgrimista ou 
Magnus-de-Klejin (tônico-
cervical) 
Em decúbito dorsal, estabiliza-se 
tórax do RN e lateraliza a 
cabeça e ocorre a extensão dos 
membros do lado para qual a 
face está voltada e a flexão dos 
contralaterais 
Reflexo cócleo-palpebral 
Com estímulo sonoro emitido a 
30 cm do RN, deve piscar os 
olhos, em resposta. Deve 
realizar nas duas orelhas e é 
obtido em no máximo 3 
tentativas 
 
 
 
DESCREVER OS EXAMES DE TRIAGEM NEONATAL COM 
ÊNFASE NO TESTE DO PEZINHO 
TRIAGEM NEONATAL OBRIGATÓRIA NO BRASIL – NELSON 
No Brasil, existe o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), 
que consiste em exames realizados nos recém-nascidos nos 
primeiros 28 dias de vida, com o objetivo de realizar uma triagem 
para realização de um diagnóstico precoce de condições que 
possam ser tratadas ou seguidas precocemente. São obrigatórios 
por lei no Brasil e devem ser realizados nos SUS em todos os 
recém-nascidos. 
LEI 14154 DE 2021 
Doenças incluídas: 
1. Etapa 1: 
a. Fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias 
b. Hipotireoidismo congênito 
c. Doença falciforme e outras hemoglobinopatias 
d. Fibrose cística 
e. Hiperplasia adrenal congênita 
f. Deficiência de biotinidase 
g. Toxoplasmose congênita 
2. Etapa 2: 
a. Galactosemias 
b. Aminoacidopatias 
c. Distúrbios do ciclo da ureia 
d. Distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos 
3. Etapa 3: 
a. Doenças lisossômicas 
4. Etapa 4: 
a. Imunodeficiências primárias 
5. Etapa 5: 
a. Atrofia muscular espinhal 
A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste do 
pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com 
base em evidências científicas, considerados os benefícios do 
rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, 
priorizando as doenças com maior prevalência no País, com 
protocolo de tratamento aprovado e com tratamento incorporado 
no Sistema Único de Saúde. 
Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério imediato, os 
profissionais de saúde devem informar a gestante e os 
acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre 
as eventuais diferenças existentes entre as modalidades 
oferecidas no Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. 
DEFINIÇÃO – MANUAL DE NEONATOLOGIA 
Também conhecido como triagem neonatal biológica, procura 
identificar doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e 
endocrinológicas, para que possam ser tratadas antes do 
surgimento dos primeiros sintomas e sequelas, diminuindo a 
morbimortalidade. Esse teste deve ser realizado entre o 3º e o 5º 
dia de vida. 
PROCEDIMENTO DE COLETA 
Luvas de procedimento: deve lavar as mãos e calcar as luvas de 
procedimento (repetir a cada novo atendimento) 
Posicionar a criança: pedir ao responsável para que segure a 
criança no colo encostada ao ombro e com o calcanhar abaixo do 
nível do coração. 
Assepsia: limpar o calcanhar com algodão ou gaze esterilizada e 
umedecida com álcool 70%, massagear o local para ativar a 
circulação (verificar se fica com a coloração vermelha) e aguardar 
a secagem do álcool. 
OBS: nunca usar álcool iodado pois pode alterar os resultados do 
exame. 
Puncionar: as lancetas devem ser autorretrateis, estéreis, 
descartáveis e com profundidade de 1,8 mm a 2 mm e largura de 
1,5 mm a 2 mm. A punção deve ser feita na região lateral da região 
plantar do calcanhar (pouca possibilidade de atingir um osso). Deve 
segurar o tornozelo e o pé da criança com cuidado para não 
obstruir a circulação. 
 
Coleta do sangue: após a punção, deve aguardar a formação de 
uma gota que (por ser a primeira) deve ser descartada com um 
algodão seco ou gaze esterilizada, pois pode conter fluidos teciduais 
que interferem no resultado do exame. Após ser formada uma 
nova gota, com o fundo do papel filtro, deve encostar na região 
demarcada, fazendo movimentos circulares no cartão, até o 
preenchimento de todo o círculo. 
OBS: 
O sangue deve estar distribuído de forma homogênea pelo papel 
filtro e é melhor que seja feita pelo verso do papel para observar 
os limites dos círculos. 
Afastar o papel do pé do RN apenas ao completar todo o círculo 
e não retornar ao círculo já preenchido pois sobreposição 
interfere no resultado. 
Os limites no papel filtro estipulam a quantidade de sangue 
necessária para as análises, sendo que excesso de sangue também 
inviabiliza a amostra (ENTRETANTO É MUITO MELHOR MAIS QUE 
MENOS). 
Não pode tocar com os dedos na região de coleta pois compromete 
a absorção do sangue. 
O preenchimento dos círculos deve ser sequencial. 
Em caso de interrupção do sangramento, deve-se massagear a 
região do calcanhar e retirar o coagulo de fibrina e plaquetas com 
algodão e gaze. Se não sangrar mais, realiza-se uma nova punção 
no mesmo local anterior. Se não funcionar, punciona outro pé. 
Após feito, deve verificar o papel filtro acima da cabeça contra a 
luz devendo os círculos ficar num aspecto translucido e homogêneo 
na região molhada com sangue. 
OBS: em caso de dúvida, deve ser refeito o procedimento em outro 
papel filtro. A mãe não deve ser liberada sem a certeza do 
procedimento realizado corretamente. 
Após a coleta, a criança deve ser posta deitada e deve comprimir 
levemente o local da punção com algodão ou gaze até que o 
sangramento cesse. 
 
Todos os RN, sendo os a termo ou pré-termo e pós-termo, devem 
ser triados. 
RN em uso de nutrição parenteral (NPP) pode ter resultados falso-
positivos para triagem de fenilcetonúria pela formulação com 
vários aminoácidos. RN nascidos com mais de 48 h de vida, 
prematuros e a termo, que estejam recebendo NPP por no minmo 
24h, recomenda-se desligar a NPP por duas a três horas antes 
da coleta. 
RN com peso ≤ 1500 g deverão repetir a coleta entre 16º ao 28º 
dia para análise de hiperplasia adrenal congênita. 
EM PREMATUROS 
No RN pré-termo, as punções de calcanhar devem ser evitadas, 
sendo recomendada a coleta de sangue venoso periférico, evitando 
linhas venosas de infusão de medicamentos ou nutrição parenteral. 
É feita em 3 tempos: 
1. Do nascimento à admissão na UTI neonatal 
2. Entre 48 e 72 horas de vida 
3. À alta hospitalar ou com 28 dias de vida 
TESTE DA LINGUINHA 
Deve ser realizado no primeiro mês de vida para que dificuldade 
relacionadas à amamentação sejam evitadas, diminuindo a 
ocorrência de desmame precoce e introdução desnecessária da 
mamadeira. 
Busca detectar a anquiloglossia. 
É importante para dificuldades com a fala, o que afetaria a 
comunicação, o relacionamento social e o desenvolvimento 
profissional dessa criança no futuro. 
É feito na aplicação do protocolo de avaliação do frênulo lingual com 
escores para bebês: 
1. História clínica 
2. Avaliação anatomofuncional 
3. Avaliação da sucção não nutritiva e nutritiva 
TÉCNICA 
Elevação da língua: deve-se realizar a lavagem das mãos e calçar 
as luvas de procedimento, após isso, os dedos indicadores são 
introduzidos embaixo da língua, em suas margens laterais, para que 
haja elevação.Caso existam dúvidas na pontuação ou não seja possível visualizar 
o frênulo lingual, o bebê deve ser encaminhado para o reteste após 
30 dias de vida, devendo os pais serem orientados sobre as 
possíveis dificuldades de amamentação. 
ELUCIDAR A FISIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, ETIOLOGIA 
CONDUTA ACERCA DAS CÓLICAS NEONATAIS 
INTRODUÇÃO – OLIVEIRA, SOUZA E SILVA E ABREU, 2022 
A cólica é um distúrbio gastrointestinal funcional e multifatorial, 
relacionado com a maturidade intestinal do bebê. 
Os sintomas da cólica infantil são caracterizados pelo choro 
excessivo e persistente várias vezes na semana a partir da 3ª 
semana de vida até o terceiro mês de idade. 
Um dos problemas que conceitua a cólica infantil pode estar 
relacionado com a sucção à mamadeira ou o bico (fator 
angustiante) causando algum desconforto relacionado à dor 
muscular e ingestão excessiva de ar (aerofagia). 
Ao nascer, o intestino do bebê é imaturo e não consegue digerir 
bem o leite e, portanto, não atinge o objetivo final da digestão. Isso 
gera a formação de gases que se movem e causam pressão 
intestinal, o que causa dor e alterações musculares nos tubos 
digestivos. 
Além disso, uma série de fatores contribui para a cólica infantil 
como: 
1. Desenvolvimento intestinal 
2. Tipo de alimentação 
3. Atividades enzimáticas fecais do lactente 
4. Tabagismo 
5. Nutrição 
6. Fator psicológico familiar 
CONCEITOS, CAUSAS E FATORES RELACIONADOS À COLICA 
A cólica é um distúrbio gastrointestinal funcional considerado uma 
manifestação clínica normal e fisiológica durante os primeiros três 
meses de vida. Geralmente, a criança tende a apresentar 
comportamento inquieto, irritável e choroso entre as 18h e meia-
noite. 
SINTOMAS 
As cólicas são percebidas com choros inesperados, súbito e 
inconsolável do bebê e são acompanhadas de dores abdominais 
agudas e espasmódicas. 
A criança tende a fazer movimentos com os músculos das pernas 
que podem trazer algum alívio temporário. 
O principal sintoma é o choro insistente e inconsolável que pode 
gerar uma sensação de desamparo nos pais. 
A cólica fisiológica é muito comum e surge no primeiro trimestre 
de vida, caracterizada por comportamentos irritantes por um 
longo período de tempo. 
CAUSAS 
Vários fatores podem desempenhar um papel na etiologia como 
imaturidade intestinal, hipertensão congênita, tabagismo, dieta 
materna, atividade enzimática fecal infantil, alergias, estresse 
parental e meio ambiente. 
INTERCORRÊNCIAS 
A prescrição de medicamentos para os pacientes pediátricos 
encontra barreiras relacionadas a reduzida disponibilidade de 
fármacos aprovados, e a indisponibilidade de formas farmacêuticas 
adequadas para o uso desse público, adotando-se comumente a 
prática da prescrição de medicamentos de uso off-label ou não 
licenciados e em geral. 
TRATAMENTO DA CÓLICA INFANTIL 
Estudos clínicos apresentam falhas metodológicas que afetam a 
validade de seus resultados que afetam a validade dos resultados 
implicando cautela na conduta. 
Portanto, dado o baixo nível de evidência, não há recomendações 
terapêuticas práticas ou critérios uniformes para um regime de 
tratamento específico. A dificuldade em identificar uma terapia 
eficaz também está ligada a um conhecimento deficiente da cólica 
infantil. Dadas as soluções terapêuticas disponíveis, há duas 
abordagens recomendadas: tratamentos não farmacológicos e 
tratamentos farmacológicos. 
O tratamento não medicamentoso advém de um fator social e 
psicológico, que traga tranquilidade tanto para os pais quanto para 
a criança. 
O tratamento da cólica baseado na modificação da interação pais 
e bebês foram estudados. Ensinar aos pais a serem mais eficientes 
nas respostas a seus bebês pode diminuir o choro da cólica em até 
70% dos casos. Modificando a interação pais e bebês (forneceu 
instruções sobre responder rápido e apropriadamente às 
necessidades dos bebês), e também constatou uma diminuição de 
choro. A introdução do tratamento com música e aumento da 
atenção dos pais diminuiu o choro das crianças com cólica em 75%, 
embora a amostra tenha sido pouco significativa, resumida a 
apenas 8 bebês. 
Apesar de não existir comprovação dos resultados, técnicas 
comportamentais como música, massagem, aumentar o tempo no 
colo têm efeito de aproximar o binômio mãe-filho proporcionando 
momentos de maior contato e prazer. 
O desespero dos pais com essa situação leva muitas vezes a 
buscar outras opções de tratamento, incluindo uma cultura de 
tradição oral de vizinhos, amigos e parentes que já “medicaram” 
as crianças conforme alguma tradição. 
Os agentes farmacológicos prescritos, propostos para o 
tratamento da cólica infantil, têm a finalidade terapêutica de aliviar 
o desconforto, teoricamente relacionado aos sintomas 
gastrointestinais associados a essa disfunção neonatal. 
CLASSES MEDICAMENTOSAS 
A classe mais usada é a dos antiflatulentos → simeticona. 
Tem ação emulsificante, capaz de dissolver as bolhas de gás 
presentes no intestino neonatal e consequentemente reduzir o 
incômodo e inchaço causado pela formação excessiva de gás. 
A simeticona não é absorvida e nem metabolizada no intestino 
(agente de ação local) e, portanto, é excretada pelas fezes na 
forma inalterada, o que não apresenta risco para o RN. 
Não há resultados quanto à redução no número de cólicas, mas, 
por não apresentar efeitos colaterais e ser eficaz na redução dos 
sintomas, é o mais utilizado. 
Embora as terapias não convencionais sejam abordadas, nenhuma 
dessas terapias pode ser recomendada devido à falta de 
evidências de benefício para a criança. As terapias não 
convencionais são alternativas utilizadas na ausência de terapias 
farmacológicas, cuja eficácia tenha sido demonstrada, levando à 
necessidade de recorrer a este tipo de solução. 
A Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) define 
probióticos como microrganismos vivos que, se administrados em 
doses adequadamente graduadas, podem exercer um efeito 
benéfico na saúde do hospedeiro. Por apresentarem um 
desequilíbrio na microbiota intestinal, as crianças sofrem com o 
aumento da produção de gases e bactérias coliformes pró-
inflamatórias (E. coli) e menos bactérias lácticas. A partir de um 
estudo de Savino et al (2014) estudos comparando o probiótico L. 
reuteri com o uso de 28 dias de simeticona em 90 bebês 
amamentados, pode-se observar que a administração do probiótico 
isoladamente resultou na redução do tempo de choro desses 
bebês, ao contrário de outro grupo que recebeu simeticona, a 
mesma conclusão pode ser observada nos estudos com o grupo 
placebo. 
Plantas medicinais como erva-doce (Foeniculum vulgare) e erva-
cidreira dentre outros, têm sido demonstrados em estudos, em 
que o uso dessas substâncias na forma de pó ou em chás de ervas 
pode reduzir a distensão abdominal e ajudar na cólica infantil 
aliviando os sintomas, mas alguns efeitos colaterais foram 
relatados com o uso desse tipo de insumo, como vômitos, 
sonolência, constipação, perda de apetite e redução da absorção 
de leite. Qualquer tipo de substâncias derivada de plantas medicinais 
não deve ser administrada sem indicação médica, pois esses itens 
apresentam efeitos colaterais e um determinado conjunto de 
doses ou concentrações específicas não são bem esclarecidas. 
O tratamento medicamentoso convencional deve ser realizado sob 
a orientação de um profissional. No caso das cólicas infantis a 
dimeticona e a simeticona são as drogas mais utilizadas na prática 
clínica e têm efeitos antiespasmódicos e antiflatulentos no 
estômago e intestinos, reduzindo a tensão superficial dos fluidos 
digestivos e rompendo as bolhas que contêm os gases causadores 
da flatulência e flatulência. 
É notório que existe uma predileção ao uso da Simeticona, e a 
mesma tem seu uso consagrado pela prática, mais pela 
automedicação, mas não apresenta comprovação e seu efeito 
poderia ser mais pelo sabor doce que é capaz de acalmar o choro 
do bebê. 
Algumas condutas, como oferta de chupetas,substâncias 
adocicadas ou chás de ervas, podem contribuir para o desmame 
precoce. 
FATORES ASSOCIADOS – KOSMINSKY E KIMURA, 2004 
Estudo comparativo mostrou que bebês que recebeu leite materno 
exclusivo e bebês que receberam fórmula láctea não determinam 
na existência ou não de cólica ou um pico de cólica menor ou maior. 
Bebês amamentados exclusivamente no peito não estão protegidos 
de desenvolver cólica. Não existe relação entre a fonte alimentar 
do bebê e o aparecimento de cólica. 
Entretanto, achados de estudos por alguns autores revelaram uma 
maior frequência de cólica em bebês que recebiam leite de vaca 
em relação aos de aleitamento materno exclusivo. 
O fumo durante a gravidez pode aumentar o risco de o bebê 
desenvolver cólica. Mulheres que fumaram ininterruptamente 
desde a gravidez até o período do puerpério apresentaram um 
risco relativo de 1,5 quando comparadas as que não fumaram 
durante esse mesmo período. 
EXPLANAR SOBRE AS ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS 
DO RN ENFATIZANDO MEDIDAS PREVENTIVAS 
(DERMATITE DE FRALDA) 
DERMATITE DE FRALDA – HORII, 2022 
A dermatite de fraldas, conhecida como assadura, é a erupção 
cutânea mais comum em bebês e crianças pequenas. Geralmente 
ocorre em superfícies convexas de pele que estão em contato 
direto com a fralda, incluindo nádegas, parte inferior do abdome, 
genitália e parte superior das coxas. 
EPIDEMIOLOGIA 
Varia em relação ao uso de fraldas, higiene e práticas de criação 
dos filhos nos diferentes países. 
De acordo com a Pesquisa Nacional de Assistência Médica 
Ambulatorial de 1990 a 1997, houve 8,2 milhões de consultas 
pediátricas para dermatite de fralda, e o risco calculado de 
desenvolver dermatite de fralda durante a infância foi de um em 
quatro. 
PATOGÊNESE 
Existem vários fatores que geram a dermatite de fralda, como a 
umidade excessiva, a fricção, aumento do pH e a alta reatividade 
enzimática. 
O pH ácido normal da camada córnea da epiderme tem a função 
de formação e manutenção da barreira de permeabilidade e na 
defesa antimicrobiana. 
O aumento da umidade nas regiões e o efeito oclusivo que a 
presença da fralda causa, além da presença de resíduos fecais e 
urinários leva à maceração da pele e rompimento da camada 
córnea. 
Essa maceração aumenta a suscetibilidade a danos por fricção da 
fralda com maior comprometimento da função da barreira da pele. 
Quando a barreira cutânea está alterada, existe uma maior 
permeação de irritantes químicos (fezes e urina) e microrganismos. 
As bactérias fecais produzem a enzima urease, que interage com 
a urina para aumentar o nível do pH baixo da fralda. Os níveis 
elevados de pH ativam enzimas fecais (protease e lipase) que 
irritam e danificam a pele, causando a reação inflamatória cutânea. 
O pH elevado também altera o microbioma cutâneo tornando a pele 
mais suscetível à colonização por organismos comumente 
encontrados na superfície da pele e organismos encontrados nas 
fezes. 
FATORES DE RISCO 
Troca de fralda pouco frequente 
Bebês com diarreia 
Fatores dietéticos → bebês amamentados tem a menor incidência 
de dermatite de fralda do que bebês com formula, possivelmente 
pelo pH das fezes mais baixo 
Uso de antibióticos 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
Dermatite leve: caracterizada por pápulas eritematosas dispersas 
ou eritema assintomático leve em áreas limitadas da pele com 
maceração mínima e irritação friccional. 
 
Dermatite moderada: caracterizada por um eritema mais extenso 
com macerações ou erosões superficiais e com dor e desconforto 
associados. 
 
Dermatite grave: caracterizada por eritema extenso de aspecto 
lustroso, erosões dolorosas, pápulas e nódulos 
 
Algumas apresentações raras são observadas em crianças com 
mais de 6 meses e em adultos com incontinência urinária ou fecal: 
Dermatite erosiva de Jacquet: caracterizada por pápulas, nódulos 
e ulcerações bem demarcadas na região perineal 
 
Granuloma glúteo-infantil: caracterizado por nódulos 
característicos roxo-avermelhados nas pregas inguinais, escroto, 
nádegas e região medial das coxas e geralmente é observado entre 
2 e 9 meses de idade. 
 
Pápulas e nódulos pseudoverrucosos: caracterizado por múltiplas 
pápulas e nódulos de verrugas, branco-acinzentados, brilhantes, 
sobre o fundo eritematoso na área genital. 
 
CURSO CLÍNICO 
É tipicamente episódico, sendo cada um, tratado com terapias 
convencionais, tem duração de 2 a 3 dias. 
A dermatite de fralda que persiste por um tempo maior que esse 
pode ser secundária à infecção por C. albicans, S. aureus, S. 
pyogenes ou vírus herpes simples. 
AVALIAÇÃO 
A avaliação da criança com inflamação da pele envolvendo a área 
da fralda é focada em determinar se a erupção é uma dermatite 
de contato irritativa típica, ou a exacerbação de uma doença de 
pele mais difusa, ou coincidentemente na área da fralda a 
manifestação de doenças não relacionadas condições de pele que 
se manifestam coincidentemente na área da fralda. 
Aspectos da história clínica ajudam a identificar fatores 
contribuintes. 
DIAGNÓSTICO 
É feito clinicamente, baseado na presença de uma erupção 
eritematosa que envolve as superfícies conexas das nádegas e da 
área genital. 
PREVENÇÃO 
Com base na experiência clínica, a maneira mais eficaz de prevenir 
a dermatite de fraldas é minimizar o contato direto da pele com a 
urina e fezes por meio da troca frequente de fraldas e limpeza 
suave da área da fralda. 
TIPO DE FRALDA 
Apesar do debate sobre o impacto ambiental de fraldas 
descartáveis x fralda de pano, as fraldas descartáveis foram 
projetadas especificamente para reduzir os fatores que 
predispõem à dermatite de fraldas. As fraldas descartáveis têm 
um núcleo de gel absorvente que pode absorver até 80 vezes o 
seu peso em água e camadas externas que absorvem líquidos 
rapidamente e evitam que o líquido vaze da fralda para a pele. 
Independente a esse fato, a troca frequente das fraldas ajudam 
a prevenir a dermatite de fraldas. 
LIMPEZA 
A limpeza excessiva pode promover irritação e retardar a 
cicatrização da pele. Uma limpeza suave limitada com água morna 
e um pano macio geralmente é suficiente. Sabonetes, sabonetes 
líquidos suaves e sem fragrância podem ser usados. 
Lenços umedecidos sem perfume e sem álcool podem ser usados 
como alternativa à água e ao pano, mas devem ser descontinuados 
se a pele ficar irritada ou danificada. 
EDUCAÇÃO 
Educar os pais e cuidadores sobre as formas de prevenir e tratar 
a dermatite de fralda é de extrema importância, fornecendo 
materiais e apostilas para que revisem as informações em casa. 
TERAPIAS TÓPICAS 
PREPARAÇÕES DE BARREIRA 
Bloqueiam fisicamente irritantes químicos e a umidade e minimizam 
o contato através de pastas e pomadas (geralmente melhores que 
cremes e loções). 
O uso de pomadas é baseado na experiência clínica de longa data. 
As mais comuns contêm petrolato, óxido de zinco ou ambos. 
Sugestão em dermatite de fralda leve. 
CORTICOIDES TÓPICOS 
Corticosteróide de baixa potência pode reduzir a inflamação na 
dermatite de fralda que persiste apesar das medidas de cuidado 
com a pele e do uso de preparações de barreira. 
O uso é baseado na experiência clínica. 
Corticosteróides potentes ou fluorados não devem ser usados na 
fralda, pois a oclusão na área promove absorção sistêmica e pode 
causar supressão adrenal e síndrome de Cushing iatrogênica. 
Sugestão de uso em dermatite de fralda grave. 
AGENTES ANTIFÚNGICOS 
Nistatina, clotrimazol, miconazol, cetoconazol e sertaconazol são 
terapias eficazes para dermatite de fralda secundária à infecção 
por Candida albicans. 
 
OUTRAS ALTERAÇÕES CUTÂNEAS – SBP 
MILIÁRIA RUBRA (BROTOEJAS) 
Causada pela obstrução das glândulas sudoríparas que ainda não 
estão totalmente desenvolvidas na criança principalmente no 
período neonatal. 
Ocorre com maior frequência em locais de clima quente, nos 
estados febris, nos RN colocados em incubadora e com o uso 
excessivo de agasalhos. Piora em estresse térmico e uso de roupas 
apertadas.A miliária rubra é a obstrução mais profunda, na derme, resultando 
em pápulas avermelhadas no processo inflamatório. Tem início na 
1ª semana de vida e melhora quando evita o aquecimento excessivo 
que promove sudorese, utiliza roupas adequadas ao clima e mantém 
a criança em local fresco. 
 
VARICELA CONGÊNITA 
A varicela-zoster pode determinar 3 situações ao RN: 
1. Síndrome varicela fetal 
Acomete o sistema musculoesquelético, sistema nervoso central e 
a pele e é determinada pela infecção do vírus varicela-zóster. 
Estão presentes no nascimentoe caracterizam-se por cicatrizes 
estreladas e angulares. 
2. Varicela neonatal 
Ocorre quando a mãe desenvolve varicela entre 5 dias antes e 3 
dias após o parto e, por isso, o feto tem elevada possibilidade de 
desenvolver a varicela grave e disseminada. As lesões iniciam entre 
o 5º e o 10º dia neonatal e são máculas avermelhadas que evoluem 
para pápulas e vesículas ou pode evoluir para múltiplas lesões que 
podem se tornar hemorrágicas ou necróticas, com 
comprometimento do estado geral. 
3. Herpes zoster infantil 
Lesões vesiculares sobre base eritematosa que se localizam no 
trajeto de um nervo. Ocorre pela reativação do vírus varicela-
zóster que fica latente no gânglio sensorial depois da infecção 
primária. Lactentes podem desenvolver herpes zóster sem que 
tenham apresentado evidência clínica de varicela quando expostos 
ao vírus da varicela no período intrauterino. 
HERPES SIMPLES 
Pode ser adquirida no período intraútero, durante o parto ou ainda 
no período pós-natal. 
O risco aumenta quando a primoinfecção ocorre durante a 
gestação e é menor nos casos de parto cesariano. A suspeita 
clínica é baseada na presença de lesões que apresentam vesículas, 
pápulas eritematosas e pústulas que evoluem para crostas 
hemáticas. 
 
 
EPIDERMÓLISE BOLHOSA 
É um grupo de genodermatoses fenotipicamente diferentes, 
hereditárias ou adquiridas, caracterizadas por fragilidade da pele e 
sunsequente formação de bolhas em resposta a traumas 
mecânicos que também pode afetar as mucosas. 
Existem mais de 30 tipos de EB mas as 4 principais são: 
EB simples: formação de bolha superficial e não deixa cicatrizes e 
diminui com a idade; 
EB juncional: bolhas profundas, acometem a maior parte da 
superfície corporal e o óbito pode ocorrer antes do primeiro ano 
de vida. Tende a melhorar com a idade; 
EB distrófica: bolhas também profundas e se formam entre a 
derme e a epiderme, o que leva a cicatrizes e muitas vezes a 
perda da função do membro. É a forma que mais deixa sequelas; 
Síndrome de Kindler: é uma mistura das outras formas anteriores 
e a bolha se forma entre a epiderme e a derme. Apresenta bolhas, 
sensibilidade ao sol, atrofia de pele, inflamação no intestino e 
estenose de mucosas. 
MELANOSE PUSTULOSA NEONATAL 
Dermatose benigna e autolimitada, mais comum em crianças 
negras retintas. As lesões estão presentes já ao nascimento e são 
vesicopústulas com milímetros de diâmetro que pode ocorrer em 
toda região do corpo, inclusive nas palmas e plantas. Na evolução, 
as vesículas rompem e descamam em colarete que evolui com 
mancha hipercrômica. 
 
DOENÇA DE RITTER 
É causada predominantemente por estafilococos do grupo II. 
É uma complicação cutânea que forma uma bolha e descasca, como 
se tivesse sido queimada (lembra muito queimadura por sol). 
As bolhas são comumente encontradas em áreas de fricção como 
tronco e extremidades, do mesmo modo que erosões muito 
extensas podem servir como porta de entrada para outros 
agentes invasores. 
A forma clássica (doença de Ritter) é causada pelo Staphylcoccus 
aureus e apresenta-se de forma generalizada com pródromos de 
mal-estar, irritação, febre e eritema cutâneo que evolui de 24 a 
48 horas para bolhas flácidas por toda pele. 
 
IMPERTIGO 
É uma forma de piodermite (infecções que ocorrem na pele 
previamente saudável) superficial que não forma cicatrizes. 
Apresenta-se em duas formas clínicas: 
1. Não bolhoso ou crostosa → mais frequente 
2. Bolhoso 
Ambas as formas têm como etiologia predominante o 
Staphylococcus aureus, podendo a forma crostosa ser causada 
pela associação do Staphylococcus aureus com o Streptococcus 
pyogenes (países desenvolvidos). Predominância de Streptococcus 
na não bolhosa em países em desenvolvimento. 
O diagnóstico de ambas as formas é clínico, pelo aspecto típico da 
lesão, não sendo recomendada a cultura de rotina, a não ser que 
exista falha com a terapêutica adequada, recorrência das lesões 
ou em pacientes imunodeprimidos, ou ainda para fins 
epidemiológicos. 
CROSTOSO 
Mais raro em crianças menores de 2 anos. 
Fatores como higiene precária e desnutrição podem contribuir 
para a manutenção da doença. 
A lesão inicia-se com uma vesícula ou pústula sobre uma base 
eritematosa, que se rompe com facilidade e cujo ressecamento dá 
origem a uma crosta aderente e amarelada, também descrita 
como “melicérica”. As lesões medem de 1 a 2 cm de diâmetro e 
crescem centrifugamente, podendo coalescer. 
 
BOLHOSO 
Agente etiológico principal é o S. aureus, produtor de toxina 
epidermolítica. Consiste em vesículas que se transformam em 
bolhas flácidas de paredes finas, com conteúdo inicialmente claro, 
que depois se torna turvo. As bolhas se rompem facilmente, 
permanecendo uma erosão rasa rodeada por restos da bolha 
(colarete) e a confluência de bolhas leva à formação de figuras 
policíclicas. 
A face é o local mais afetado, embora qualquer região possa ser 
atingida. É mais comum em crianças de 2 a 5 anos de idade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMA 2 – INTERMEDIÁRIA 
 
ABORDAR A MORFOFISIOLOGIA DA MAMA EM 
LACTAÇÃO 
ANATOMIA E DESENVOLVIMENTO DAS MAMAS – ZUGAIB 
A formação das glândulas mamarias segue a memória filogenética 
dos mamíferos e caracteriza-se pelo surgimento da linha mamária. 
O desenvolvimento das glândulas mamárias no sexo feminino se 
inicia no período puberal e só atinge plenitude caso a mulher 
engravide e amamente, o que confere à gravidez e ao período de 
amamentação papel imprescindível no crescimento dos 
componentes glandulares e da tumescência areolar (telarca) como 
resposta à atividade ovariana. Após aproximadamente 2 anos 
ocorre a menarca, e o crescimento das mamas se modifica com o 
aumento do componente de gordura e aplainamento da aréola. 
Cada mama é uma projeção hemisférica de tamanho variável 
anterior aos músculos peitoral maior e serrátil anterior, e ligada a 
eles por uma camada de fáscia composta por tecido conjuntivo 
denso irregular. 
A mama adulta é composta por 15 a 20 lobos, unidades 
funcionalmente independentes entre si, que se subdividem em 
lóbulos em número variável (de 20 a 40 subunidades), que se 
subdividem em 100 alvéolos, estruturas acinosas secretoras e 
saculiformes cujas células são responsáveis pela produção láctea. 
Os alvéolos desembocam em estruturas ductais (dúctulos) que se 
reúnem nos ductos maiores que se fundem para formar os ductos 
principais que drenam as unidades maiores (lobos). Os ductos 
principais apresentam dilatações na projeção da aréola, 
denominada seio galactóforo (importante no processo de sucção 
das mamas) que se exteriorizam na papila mamária em pequenos 
orifícios. 
Entre os lóbulos e os ductos, as mamas são preenchidas por tecido 
gorduroso e conjuntivo. Existe a vascularização mamária que 
permeia esse tecido extraglandular até as menores unidades 
alveolares que se revestem de células mioepiteliais que possuem 
função contrátil, auxiliando na mobilização do leite dos alvéolos para 
os dúctulos. 
MAMOGÊNESE E MODIFICAÇÕES GRAVÍDICAS 
A gestação é um período que ocorre desenvolvimento e 
diferenciação das glândulas mamárias devido aos altos níveis de 
esteroides sexuais. Na terceira semana de gravidez, os ductos 
lactíferos proliferam e isso aumenta e isso leva a um aumento de 
tecido glandular. 
Os hormônios que participam da atividade mitótica dessas células 
é o GH e a insulina. A progesterona age na diferenciação das células 
terminaisdos dúctulos em células acinosas (alvéolos). A prolactina 
madura essas células diferenciadas para serem capazes de 
produzir os componentes do leite. Apesar dos altos níveis de 
prolactina na gravidez, sua ação é limitada pela ação da 
progesterona e o hormônio lactogênico placentário pela maior 
afinidade com receptores alveolares. No segundo trimestre, com o 
aumento da produção de prolactina, há o estímulo aos processos 
secretórios dos alvéolos mamários e, aqui, as mamas já possuem 
capacidade de funcionamento. No terceiro trimestre há a redução 
dos componentes extraglandulares e o desenvolvimento ainda mais 
evidente das unidades lóbulo-acinares, isso faz com que as mamas 
atinjam a capacidade máxima de produção e secreção de 
proteínas, lactose e lípides, além da atividade exponencial de 
enzimas como a galactosiltransferase e lactose sintetase. O 
aumento do volume mamário também é decorrente do aumento da 
vascularização localizada (rede de Haller) visível na epiderme. 
ESTRUTURA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS NA MULHER ADULTA 
DURATE A PUBERDADE E NA MULHER ADULTA – JUNQUEIRA 
Antes da puberdade, as glândulas mamárias são compostas de 
porções dilatadas (seios galactóforos). Seu desenvolvimento em 
meninas durante faz parte do processo de aquisição de 
características sexuais secundárias. Nesse período, as mamas 
crescem e os mamilos ficam mais proeminentes. Nos meninos, as 
mamas permanecem normalmente planas. 
O aumento das mamas resulta do acúmulo de tecido adiposo e 
conjuntivo, além do crescimento e ramificação dos ductos 
galactóforos. A proliferação desses ductos decorre do aumento 
de estrógenos. 
Cada mama é composta por 15 a 25 lóbulos separados por tecido 
conjuntivo denso e tecido adiposo que drenam até o mamilo que 
também possui de 15 a 25 aberturas (um para cada lóbulo) com 
0,5 mm de diâmetro de largura em média. Essas glândulas são 
tuboalveolares compostas. 
Na mulher adulta, o lóbulo se desenvolve a partir das extremidades 
menores (ductos). Um lóbulo consiste em vários ductos 
intralobulares que se unem em um ducto interlobular terminal. Cada 
lóbulo é imerso em tecido conjuntivo frouxo e muito celularizado, 
sendo que o tecido interlobular que separa os lóbulos é denso e 
menos celularizado. 
A mama inativa é quiescente e indiferenciada, ou seja, possui 
apenas ductos lactíferos. A mama ativa durante a gestação ocorre 
o desenvolvimento das células alveolares, formando alvéolos 
mamários ao final do ducto lactífero. A mama ativa em lactação 
possui as unidades secretoras túbuloalveolares com os alvéolos 
mamários completamente diferenciados e rodeadas de células 
mioepiteliais e a secreção de leite é abundante. 
Quando a lactação é suspensa, a glândula reverte ao estado não 
gravídico. 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
 
Próximo à abertura do mamilo, os ductos galactóforos se dilatam 
e formam os seios galactóforos. As aberturas externas dos 
ductos são revestidas por epitélio estratificado pavimentoso. Os 
ductos possuem revestimento de epitélio estratificado colunar ou 
cuboide e conforme se transformam em ducto terminal, se 
transforma em epitélio simples cuboide. Esses ductos terminais são 
envolvidos pelas células mioepiteliais. 
O tecido conjuntivo em torno dos alvéolos contém muitos linfócitos 
e plasmócitos que aumenta significativamente no fim da gravidez 
e secretam as imunoglobulinas (IgA secretora), que conferem 
imunidade passiva ao recém-nascido. 
O mamilo tem forma cônica e pode ser rosa, marrom-claro ou 
marrom-escuro. Externamente, é coberto por epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado contínuo com o da pele 
adjacente. O mamilo é provido de abundantes terminações 
nervosas sensoriais, importantes para produzir o reflexo da 
ejeção do leite pela secreção de ocitocina. 
FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO E EJEÇÃO DO LEITE – ZUGAIB 
LACTOGÊNESE 
A produção e secreção de colostro ocorre a partir do segundo 
trimestre de gestação, quando as glândulas mamárias atingiram a 
maturidade para a produção láctea. A lactogênese não ocorre 
durante a gravidez pela ação inibitória do estriol, progesterona e 
do hormônio lactogênico placentário sobre os efeitos da prolactina 
nos alvéolos. 
Com o parto e dequitação, os níveis circulantes de estrógeno, 
hormônio lactogênico placentário e progesterona decrescem 
abruptamente e isso possibilita a ação da prolactina nos receptores 
mamários. 
FUNÇÕES DA PROLACTINA 
Diferenciação celular em fase pré-secretória para a fase 
secretória; 
Estímulo da síntese RNA para produção de proteínas especificas 
no leite (caseína, alfalactoalbumina); 
Indução de enzimas catalisadoras (galactosiltransferase e lactose 
sintetase); 
Modifica a secreção de colostro para leite propriamente dito em 
72 horas (apojadura); 
A prolactina exerce seus efeitos na mama, modificando a secreção 
de colostro para leite propriamente dito no período de 
aproximadamente 72 horas. Esse fenômeno também é conhecido 
como apojadura ou "descida" do leite e coincide com ingurgitamento 
mamário típico desse período. 
Os níveis de prolactina sobem em picos induzidos pela sucção do 
recém-nascido. Os níveis de prolactina sobem em picos induzidos 
pela sucção do recém-nascido. Quanto menor o intervalo entre as 
mamadas, menor o tempo para o restabelecimento dos níveis de 
prolactina, mantendo os níveis séricos desse hormônio e a 
produção adequada de leite. 
LACTOPOESE E GALACTOCINESE 
A lactopoese relaciona-se com o conjunto de eventos que visa à 
manutenção da produção e da ejeção do leite. A galactocinese, por 
sua vez, é o mecanismo que descreve a excreção do leite durante 
a sucção das mamas pelo neonato. 
A produção e ejeção de leite são controladas por arcos reflexos, 
iniciando nas terminações nervosas livres no complexo 
areolopapilar. Esse estímulo leva à informação pelas vias aferentes 
torácicas (T4 a T6), com liberação de ocitocina pela neuro-hipófise 
e prolactina pela adeno-hipófise, 
A ejeção do leite ocorre pelo estímulo da ocitocina nas células 
mioepiteliais que circundam os alvéolos mamários causando a 
excreção láctea. A ocitocina age também na musculatura areolar 
que promove compressão do seio lactóforo e ereção da papila. 
O reflexo de ejeção do leite é mais complexo que o reflexo 
liberador de prolactina, uma vez que é mais suscetível a influências 
de fatores psicoemocionais e ambientais. Assim, situações de 
desconforto, vergonha, ansiedade e dor provocam inibição imediata 
desse reflexo, reduzindo a quantidade de leite expelida. 
Existe um fator inibitório da prolactina que, durante a sucção do 
neonato, os estímulos torácicos provocam a redução dessa 
substância permitindo a secreção de prolactina. 
 
DESCREVER A TÉCNICA DA AMAMENTAÇÃO E A SUA 
IMPORTÂNCIA NO BINÔMIO MÃE-FILHO 
TÉCNICAS DE PREPARO DAS MAMAS – ZUGAIB 
É iniciada com as orientações pré-natais. 
O primeiro passo é realizar a anamnese bem detalhada, com 
especial atenção para dados sociodemográficos que possam 
classificar a gestante como de risco para o desmame precoce. 
Durante as consultas pré-natais é possível reconhecer as 
dificuldades experimentadas em gestações prévias ou 
inseguranças típicas de primigesta. 
O exame físico das mamas é importante para a verificação de 
anormalidades anatômicas, prevendo suas possíveis complicações 
e corrigindo-as sempre que possível. Na inspeção do mamilo podem 
ser observadas lesões e oleosidade ou ressecamento da pele 
areolar e classificar o tipo de papila em normal, plana, 
pseudoinvertida ou invertida. Para esses casos indicam exercícios 
de rotação, tração e exteriorização, que irão aumentar a 
flexibilidade e a capacidade de exposição da papila (exercícios de 
Hoffman). 
 
TÉCNICAS QUE VISAM A PEGA CORRETA 
A amamentação de forma incorreta leva à insatisfação do RN, com 
consequente choro do infante e ansiedade materna. A ansiedade 
materna leva à produção e liberação inadequadas de ocitocina com 
ingurgitamento mamário que dificulta ainda mais a pega do lactente 
(círculo vicioso).Para que o controle neuroendócrino seja adequado e o aporte seja 
suficiente, a lactação deve ser iniciada logo que ocorra o 
nascimento do concepto e ambos tenham condições para isso. A 
amamentação em livre demanda é orientada e o tempo das 
mamadas deverá ser necessário para o esvaziamento mamário 
(varia de poucos minutos a 1 hora). 
Deve-se alertar que cada criança possui seu período de 
aprendizado e adaptação e, por isso, toda paciência é necessária, 
já que não há regras definidas para se considerar anormal 
determinado comportamento. Entre 7 a 10 dias, a frequência de 
mamadas se torna regular (8x diárias). 
A boa técnica permite que o RN abocanhe toda ou boa parte da 
aréola e posicione a papila na região do palato duro e que a gengiva 
fique na projeção do seio galactóforo. Isso faz com que haja 
pressão negativa pela língua e pelos movimentos de sucção, assim 
como a compressão dos seios galactóforos. 
Com dificuldades, a boca do RN apreende apenas a papila, 
impedindo a pressão negativa e o posicionamento correto da aréola 
na cavidade oral. Isso gera lesões mamilares, com consequente dor 
para amamentar, ingurgitamento e maior obstáculo à pega. 
 
RECOMENDAÇÕES 
É necessário que a postura materna e a do RN estejam 
apropriadas e a posição da boca do RN em relação ao 
mamilo/mama; 
Recomenda-se que o ambiente seja agradável e confortável, 
permitindo a privacidade da lactante; 
As mamas devem ser alternadas em relação ao lado de início, pois 
a primeira mama sempre é esvaziada de maneira mais eficiente 
primeiro pela fome do RN ser maior ao início da mamada; 
Cuidados com a higiene incluem a lavagem das mãos e das mamas 
apenas com água para evitar a retirada da oleosidade das aréolas 
necessária para manter a integridade da pele. 
ORIENTAÇÕES 
A posição da lactante deve ser relaxada, confortável, bem apoiada, 
não-curvada nem para frente e nem para trás. 
A posição da mão na mama deve ser com o polegar na parte 
superior da aréola e o indicador na parte inferior, formando um C. 
Posição do lactente deve ser com o corpo totalmente voltado para 
a frente, com o cinturão pélvico e escapular, pescoço e coluna 
vertebral alinhados. 
As posições da boca e da face do lactente devem centradas em 
frente ao mamilo, bem aberta, com os lábios evertidos, mento 
apoiado e o nariz afastado. 
A sucção é mais rápida no início e diminui a frequência 
progressivamente, com pausas ocasionais e irregular ao fim. As 
bochechas não se encovam e a deglutição é possível de ser ouvida. 
Ao fim da mamada, o RN solta espontaneamente a papila ou a 
lactante pode retirar o complexo areolopapilar, tracionando 
suavemente com os dedos, com cuidado de não afastar o neonato 
para evitar traumas, ou coloca o dedo mínimo entre a boca do 
neonato e a aréola para desfazer a pressão negativa. 
Deve colocar o lactente em posição vertical ou sentado para 
facilitar a eructação e evitar broncoaspiração. 
POSIÇÕES DE AMAMENTAÇÃO 
Posição sentada (forma tradicional): o recém-nascido está de 
frente para a mãe, de tal maneira que seu abdome encosta no da 
mãe. 
Posição sentada inversa (bola de futebol americano): o corpo do 
lactente localiza-se abaixo da axila materna, com o ventre apoiado 
nas costelas da lactante. Apoia- -se o corpo do recém-nascido no 
braço materno; e a cabeça, na mão. 
Posição deitada: a puérpera e o lactente estão deitados de lado, de 
frente um para o outro. A lactante oferece a mama do lado sobre 
o qual está deitada. 
Em ocasiões em que a lactante não é capaz de amamentar 
momentânea ou permanentemente, recomenda-se a utilização da 
técnica do "copinho" para nutrir o lactente. 
Essa técnica consiste em oferecer leite por meio de pequeno 
recipiente plástico com o RN sentado. A adoção dessa medida evita 
a ocorrência da chamada "confusão do mamilo", que consiste na 
dificuldade de adaptação dos neonatos ao utilizar os bicos artificiais 
de mamadeiras concomitantemente ao aleitamento materno, pois 
estes exigem movimentos totalmente diferentes da musculatura 
oral e facial do recém-nascido. 
BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO – CADERNO DE SAÚDE 
DA CRIANÇA 
A criança alimentada apenas com leite materno aos 6 meses de 
vida apresenta menos morbidade. 
BENEFÍCIOS PARA O BEBÊ 
Diminuição da morbidade, especificamente relacionadas com 
infecções como meningite bacteriana, bacteremia, diarreia, 
infecções no trato respiratório, enterocolite ncrosante, otite 
média, infecção do trato urinário e sepse de início tardio em RN 
pré-termo; 
1. Há fortes evidências de que o leite materno protege 
contra diarreia, principalmente em crianças mais pobres. 
É importante destacar que essa proteção pode diminuir 
quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. 
Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática 
considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode 
dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses 
Diminuição da taxa de morte súbita; 
Redução das hospitalizações por vírus sincicial respiratório e 
pneumonia; 
Redução de alergias: reduz risco de asmas e sibilos recorrentes, 
protege contra dermatite atópica; 
1. A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos 
primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia 
ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso 
desnecessário de formulas infantis. 
Redução da obesidade; 
Diminuição do risco de hipertenso, colesterol alto e diabetes; 
Melhor nutrição; 
1. Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos 
os nutrientes essenciais para o crescimento e o 
desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser 
mais bem digerido, quando comparado com leites de 
outras espécies. O leite materno é capaz de suprir 
sozinho as necessidades nutricionais da criança nos 
primeiros seis meses, e continua sendo uma importante 
fonte de nutrientes no segundo ano de vida, 
especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas. 
Efeito positivo no desenvolvimento intelectual; 
Melhor desenvolvimento da cavidade bucal; 
1. O exercício que a criança faz para retirar o leite da 
mama é muito importante para desenvolvimento 
adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor 
conformação do palato duro, o que é fundamental para 
o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão 
dentária. 
2. Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre 
com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da 
cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do 
espaço reservado para a passagem do ar, prejudicando 
a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode 
levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, 
podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, 
respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-
oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora- 
oral. 
 
O início precoce do aleitamento materno sem restrições diminui a 
perda de peso inicial do recém-nascido, favorece a recuperação 
mais rápida do peso de nascimento, promove uma “descida do leite” 
mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno, estabiliza 
os níveis de glicose do recém-nascido, diminui a incidência de 
hiperbilirrubinemia e previne ingurgitamento mamário. 
BENEFÍCIOS PARA A MÃE 
Involução uterina mais rápido e redução na hemorragia uterina pós-
parto decorrente da liberação de ocitocina; 
Perda mais rápido de peso acumulado na gestação; 
Auxílio no aumento do intervalo entre as gestações 
(anticoncepcional natural); 
1. A amamentação é um excelente método anticoncepcional 
nos primeiros seis meses após o parto (98% de eficácia), 
desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou 
predominantemente e ainda não tenha menstruado 
Maior interação mãe-bebê; 
Benefício relativo aos aspectos econômicos, uma vez que o leite 
materno não possui custos; 
Praticidade, pois o leite materno está sempre pronto; 
Diminui o risco de câncer de mama e ovário. 
 
ELUCIDAR SOBRE A INTRODUÇÃO ALIMENTAR ATÉ O 1º 
ANO E POSSÍVEIS DISTÚRBIOS ALIMENTARES 
IDADE DE INTRODUÇÃO E FREQUÊNCIA – ALEITAMENTO 
MATERNO E ALIMENTAÇÃOCOMPLEMENTAR 
A definição de período adequado para iniciar a introdução dos 
alimentos deve levar em consideração a maturidade fisiológica e 
neuromuscular da criança e as necessidades nutricionais. Até os 
quatro meses, a criança ainda não atingiu o desenvolvimento 
fisiológico necessário para que possa receber alimentos sólidos. 
Apesar do reflexo de protusão (expulsar tudo o que põe na boca), 
ele ainda não senta sem apoio e não obtém o controle 
neuromuscular da cabeça e pescoço para mostrar saciedade, 
afastando a cabeça ou jogando-a para trás. Por essas limitações 
funcionais, a criança está preparada para receber apenas uma 
dieta liquida, preferencialmente o leite materno. 
Por volta dos 6 meses, a aceitação à uma dieta pastosa melhora 
não apenas em função ao desaparecimento do reflexo de protusão 
da língua, como também a maturação das funções gastrointestinais 
e renal e o desenvolvimento neuromuscular. 
As crianças menores de seis meses que recebem com 
exclusividade o leite materno começam a desenvolver a capacidade 
de autocontrole da ingestão muito cedo, aprendendo a distinguir as 
sensações de fome, durante o jejum e de saciedade, após a 
alimentação. Essa capacidade permite à criança, nos primeiros anos 
de vida, assumir autocontrole sobre o volume de alimento que 
consome e os intervalos entre as refeições, segundo suas 
necessidades. Posteriormente, esse autocontrole sofrerá 
influência de outros fatores, como o cultural e o social. 
Na idade de 6 a 12 meses o leite materno pode contribuir com 
aproximadamente metade da energia requerida nessa faixa etária 
e 1/3 da energia necessária no período de 12 a 24 meses. Assim, 
o leite materno continua sendo uma importante fonte de 
nutrientes após os 6 meses de idade, além dos fatores de 
proteção que fazem parte da sua composição. 
Após os seis meses, a criança amamentada deve receber três 
refeições ao dia (duas papas de fruta e uma papa salgada/comida 
de panela). Após completar sete meses de vida, respeitando-se a 
evolução da criança, a segunda papa salgada/comida de panela 
pode ser introduzida (arroz, feijão, carne, legumes e verduras). 
Entre os seis aos 12 meses de vida, a criança necessita se adaptar 
aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são 
muito diferentes do leite materno. Com 12 meses a criança já deve 
receber, no mínimo, cinco refeições ao dia. 
AO COMPLETAR SEIS MESES AO COMPLETAR SETE MESES 
Leite materno à demanda Leite materno à demanda 
Fruta (raspada/amassada) 
+ 
Refeição almoço (amassada) 
+ 
Fruta 
Fruta (raspada/amassada) 
+ 
Refeição almoço 
(amassada/em pedaços 
pequenos e bem cozidos) 
+ 
Fruta 
(raspada/amassada/em 
pedaços bem pequenos) 
+ 
Refeição jantar 
(amassada/em pedaços 
pequenos e bem cozidos) 
 
Nos primeiros dias da introdução dos alimentos complementares, 
não é preciso se preocupar com a quantidade de comida ingerida; 
o mais importante é proporcionar introdução lenta e gradual dos 
novos alimentos para que a criança se acostume aos poucos. 
Além disso, como consequência do seu desenvolvimento a criança 
não se satisfaz mais em apenas olhar e receber passivamente a 
alimentação. É comum querer colocar as mãos na comida. É 
importante que se dê liberdade para que ela explore o ambiente e 
tudo que a cerca, inclusive os alimentos, permitindo que tome 
iniciativas. Isso aumenta o interesse da criança pela comida. 
CONSISTÊNCIA E COMPOSIÇÃO 
O leite materno contém aproximadamente 0,7 calorias por ml. Os 
alimentos complementares normalmente contêm de 0,6 a 1,0 
calorias por grama. Alimentos mais diluídos, como as sopas podem 
conter 0,3 calorias por ml. Para que os alimentos complementares 
forneçam 1,0 caloria por grama é importante que a consistência 
dos alimentos seja do tipo papa ou purê. No início os alimentos 
devem ser amassados com o garfo, nunca liquidificados ou 
peneirados. Os alimentos devem apresentar consistência de papas 
ou purês, pois apresentam maior densidade energética. Os termos 
sopas ou sopinhas não devem ser utilizados, pois transmitem a ideia 
de uma preparação mais líquida. 
É importante que, após a introdução de alimentos complementares, 
os pais e cuidadores não adotem esquemas rígidos de alimentação, 
como horários e quantidades fixas, prêmios e ou castigos. 
IDADE TEXTURA QUANTIDADE 
>6 meses 
Alimentos 
amassados 
Iniciar com 2 a 3 
colheres de sopa 
e aumentar a 
quantidade 
conforme 
aceitação 
>7 meses 
Alimentos 
amassados 
2/3 de uma 
xícara ou tigela de 
250 ml 
9 a 11 meses 
Alimentos 
cortados ou 
levemente 
amassados 
¾ de uma xícara 
ou tigela de 250 
ml 
A primeira papa salgada deve ser oferecida após a criança 
completar seis meses de vida. Tal refeição deve conter alimentos 
de todos os grupos: cereais ou tubérculos, leguminosas, carnes e 
hortaliças (verduras e legumes). Carnes e ovos cozidos devem 
fazer parte das refeições desde os seis meses de idade. O óleo 
vegetal deve ser usado em pequena quantidade. 
As frutas devem ser oferecidas após os seis meses de idade, 
amassadas ou raspadas, sempre às colheradas. E após o 
aparecimento da dentição, em pedaços pequenos ou inteira, 
conforme a idade e o desenvolvimento da criança. O tipo de fruta 
a ser oferecido deve respeitar as respeitar as características 
regionais, custo, estação do ano e o hábito alimentar da família e 
lembrando que nenhuma fruta é contraindicada. Os sucos naturais 
podem ser usados e não em substituição após as refeições 
principais, e não em substituição a elas, porém em uma dose 
pequena. Nos intervalos é preciso oferecer água tratada, filtrada 
ou fervida para a criança. 
As refeições de almoço e janta devem conter um alimento de cada 
grupo, podendo a mãe escolher um alimento de cada. 
1. Cereais, raízes e tubérculos: arroz, aipim, milho, batata, 
batata doce, inhame. 
2. Legumes, verduras e frutas: folhas verdes, beterraba, 
cenoura, abobrinha, abóbora, tomate, repolho, acelga, 
laranja, banana, abacate... 
3. Carne e ovos: frango, peixe, boi, porco, vísceras (miúdos) 
e ovos. 
4. Feijões: feijão, lentilha, ervilha, soja, grão de bico. 
ALIMENTOS NÃO RECOMENDADOS 
A criança aprende a gostar de alimentos que lhe são oferecidos 
com frequência e passam a gostar da maneira com que eles foram 
introduzidos inicialmente. 
O ideal é que ela ingira alimentos com baixo teor de açúcar, 
gorduras e sal, de modo que esse hábito se mantenha na sua fase 
adulta. 
Alimentos muito doces e condimentados faz com que a criança 
perca o interesse em frutas, verduras e legumes na sua forma 
natural. 
Açúcar, enlatados, refrigerantes, balas, salgadinhos, biscoitos 
recheados e outros tipos de alimentos com grandes quantidades 
de açúcar, gordura e corantes devem ser evitados especialmente 
no primeiro ano de vida. O consumo desse tipo de alimento está 
associado a excesso de peso e à obesidade infantil, que pode 
perdurar até a fase adulta de vida, além de provocarem 
dislipidemias e alteração na pressão arterial. Também são causas 
de anemia e alergias. 
As crianças já nascem com preferência ao doce, portanto, 
oferecer alimentos adicionados de açúcar ou alimentos com 
grandes quantidades de energia faz com que a criança se 
desinteresse pelos cereais, verduras e legumes, alimentos que são 
fontes de nutrientes importantes. 
Sucos artificiais não devem ser oferecidos por não oferecerem 
nada além de açúcar, corante artificial e essência e são 
extremamente prejudiciais à saúde e podem causar alergias, além 
do surgimento de cáries precoce. 
O consumo de mel deve ser evitado no primeiro ano de vida pois 
pode conter esporos de Clostridium botulinum e pode levar ao 
botulismo. Alimentos em conserva (palmito, picles, alimentos 
embutidos) também são fontes potenciais de contaminação por 
esporos C. botulinum e devem ser evitados. 
O sal, em virtude da familiaridade com o leite materno, ligeiramente 
adocicado nesse período, ao passo que, a partir do quarto mês, 
começa a desenvolver interesse por alimentos salgados,em 
virtude da modificação da composição do leite humano, 
gradativamente mais salgado em função de quantidades maiores 
de cloretos. Assim, como o gosto por alimentos salgados é um 
aprendizado que se adquire, é recomendável sugerir a quem os 
prepara que administre quantidade mínima de sal, observando a 
aceitação da criança. 
O consumo precoce do sal está associado ao aparecimento de 
hipertensão arterial, inclusive na infância e, assim, risco 
cardiovascular na fase adulta. Opções de ervas e temperos 
naturais que podem ser utilizados para temperar as refeições e 
estimula a redução do uso do sal e evita a adição de condimentos 
prontos e industrializados. Ex: alho, tomate, pimentão, limão, laranja, 
salsa, cebolinha, hortelã, alecrim, orégano, etc. 
ALEITAMENTO PARA CRIANÇAS NÃO AMAMENTADAS 
É imprescindível que o profissional de saúde reflita com as famílias 
as implicações econômicas da opção pela substituição do 
aleitamento materno e os riscos à saúde da criança pelo uso 
desnecessário ou inadequado de alimentos artificiais e mamadeiras, 
favorecendo uma escolha informada. 
Existem situações em que a amamentação não é indicada ou 
situações em que foram esgotadas as possibilidades de reverter 
um desmame precoce. Nesses casos, há o uso de substitutos do 
leite materno. Como alternativa ao leite materno, deve-se buscar 
uma alimentação láctea adequada à situação clínica, social e cultural 
da família. 
OBS: O Leite humano processado e distribuído pelos Bancos de 
Leite Humanos apesar de ser a melhor opção de alimentação para 
crianças menores de 6 meses é, prioritariamente, destinado a 
crianças de risco internadas em Unidades de Terapia Intensiva. 
Mães HIV positivo podem receber fórmulas infantis para a 
alimentação de seus filhos. 
RECOMENDAÇÕES QUANTO À DURAÇÃO DO AM – SBP 
A OMS e a SBP recomendam AM por 2 anos ou mais, sendo a 
forma exclusiva nos primeiros 6 meses. A amamentação por 2 
anos ou mais pode ser vantajosa em razão do valor nutritivo do 
leite materno e da proteção contra doenças infecciosas, que se 
mantém enquanto a criança for amamentada, independentemente 
da idade. 
A duração média da AM no Brasil é de 14 meses, sendo que apenas 
25% das mulheres amamentam entre 18 e 23 meses e menos de 
10% conseguem manter a amamentação materna exclusiva (AME) 
até os 6 meses. 
ORIENTAÇÕES BÁSICAS QUE DEVEM SER REPASSADAS ÀS 
MÃES/FAMÍLIAS – SBP 
INÍCIO DA AMAMENTAÇÃO 
Deve ser iniciada tão logo possível após o parto, com 
recomendação contato pele a pele na primeira hora de vida, 
sempre que as condições de saúde sejam boas o suficiente para 
ambos. A sucção precoce da mama reduz o risco de hemorragia 
pós-parto, ao liberar ocitocina, e de icterícia no RN, por aumentar 
a motilidade gastrointestinal. 
FREQUÊNCIA DAS MAMADAS 
O RN mama com frequência e sem regularidade de horários. O 
bebê em AME pode mamar em livre demanda de 8 a 12 vezes ao 
dia. Muitas mães inseguras e sem informação suficiente 
interpretam isso como sinal de fome do bebê e introduzem 
alimentação complementar. 
DURAÇÃO DAS MAMADAS 
O tempo de permanência não deve ser estabelecido, pois o tempo 
de esvaziar a mama varia entre bebês e depende da fome. 
Independente do tempo de mamada, é importante que a criança 
esvazie o seio, pois, o final da mamada contém mais calorias e sacia 
a criança. 
USO DE SUPLEMENTOS 
Água, chás e, sobretudo, outros leites devem ser evitados, pois 
seu uso está associado a desmame precoce. 
DISTÚRBIOS ALIMENTARES – CHATGPT 
Distúrbios alimentares em bebês são condições que afetam a 
alimentação e a nutrição adequada na primeira infância. Aqui estão 
alguns exemplos de distúrbios alimentares em bebês: 
Anorexia infantil: A anorexia infantil é uma condição em que o bebê 
recusa consistentemente a alimentação, seja amamentação ou 
mamadeira. Pode ser causada por problemas físicos, como refluxo 
gastroesofágico, alergias alimentares, ou problemas psicológicos. 
Regurgitação: A regurgitação é o refluxo de alimentos e líquidos do 
estômago para o esôfago, muitas vezes acompanhada de vômitos. 
Pode ser causada por imaturidade do sistema digestivo ou por 
outras condições médicas, como doença do refluxo 
gastroesofágico. 
Intolerância à lactose: A intolerância à lactose é a incapacidade de 
digerir a lactose, o açúcar presente no leite. Pode causar sintomas 
como diarreia, dor abdominal e inchaço. 
Alergia alimentar: A alergia alimentar é uma reação imunológica a 
um alimento específico. Pode causar sintomas como coceira, 
urticária, inchaço e dificuldade para respirar. 
Fome emocional: A fome emocional é um distúrbio alimentar em 
que o bebê busca alívio emocional através da comida. Pode ser 
causada por problemas emocionais ou estresse. 
Dificuldades de deglutição: Dificuldades de deglutição são comuns 
em bebês prematuros ou em bebês com problemas de 
desenvolvimento. Pode causar engasgos, tosse ou sufocamento 
durante a alimentação. 
É importante identificar os sinais e sintomas desses distúrbios 
alimentares em bebês e procurar ajuda médica. O tratamento pode 
incluir mudanças na dieta, medicamentos e terapias específicas. O 
diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a 
garantir a nutrição adequada e o desenvolvimento saudável do 
bebê. 
 
DISCORRER SOBRE A COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA E 
IMUNOLÓGICA DOS TIPOS DE LEITE 
LEITE MATERNO – SBP 
O leite humano, por sua complexidade biológica, é considerado um 
alimento vivo que desempenha, além da função nutritiva, papéis de 
proteção, imunomodulação e prevenção de doenças degenerativas 
do adulto. 
Nos primeiros dias, a mama produz colostro, líquido rico em 
proteínas, minerais, fatores de crescimento e imunológicos, em 
volume médio de 30 mL/dia. Nas duas primeiras semanas, o 
colostro é substituído pelo leite de transição e posteriormente pelo 
leite maduro, que supre as necessidades nutricionais do lactente 
até o sexto mês de vida. 
O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que 
protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal 
anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas 
superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um 
reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, 
ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já 
teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança 
contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A 
concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro 
mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. 
Além de IgA, o leite materno possui outros fators de proteção, 
como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e 
T, lactoferrina, lisozima e fator bífido. O fator bífido favorece o 
crescimento do Lactobacilus bifidus, bactéria não patogênica que 
acidifica as fezes e dificulta a instalação de bactérias que causam 
diarreia, como a salmonella. 
O colostro é um liquido de densidade variável, de coloração 
amarelada, devido ao alto teor de betacaroteno. Quando comparado 
ao leite maduro, é mais viscoso, possuindo concentrações elevadas 
de proteínas, minerais e vitaminas lipossolúveis, particularmente A, 
E e carotenoides, bem como menores teores de lactose, gorduras 
e vitaminas do complexo B. 
O leite humano possui proteínas, carboidratos, minerais, vitaminas 
e enzimas, além de imunoglobulinas, fatores anti-inflamatórios e 
imunoestimuladores. 
A gordura é o componente de maior variação, em que sua 
concentração aumenta de forma progressiva do início até o fim 
da amamentação. 
A lactose é o principal carboidrato do leite humano e está presente 
em concentrações mais baixas no colostro que no leite maduro. 
Fornece cerca de 50% do conteúdo energético total do leite 
materno enquanto as gorduras constituem a maior fonte de 
energia do leite, com 3 a 4g/dL, correspondendo a 40 a 50% do 
total calórico, enquanto o colostro possui concentração lipídica de 
1,8 a 2,9 g/dL. Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longasão essenciais para o desenvolvimento cognitivo e visual e na 
mielinização dos neurônios. 
A água contribui com quase 90% da composição do leite materno, 
o que garante o suprimento das necessidades hídricas de uma 
criança em AME, mesmos nos dias quentes e áridos. 
A principal proteína do leite é a lactoalbumina. 
Alguns dos fatores de proteção do leite materno são totais ou 
parcialmente inativados pelo calor, razão pela qual o leite humano 
pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5ºC por 30 
minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. 
LEITE DE VACA – ALIMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO 
COMPLEMENTAR 
O leite de vaca é muito diferente do leite humano em quantidade e 
qualidade de nutrientes. Ele apresenta uma concentração proteica 
muito elevada, inadequada relação entre a caseína e as proteínas 
do soro, elevados teores de sódio, de cloretos, de potássio e de 
fósforo e de quantidades insuficientes de carboidratos, ácidos 
graxos essenciais, vitaminas e de minerais para essa faixa etária. 
Além dos seus problemas nutricionais, o leite de vaca é muito 
alergênico para crianças e seu consumo tem sido associado à 
atopia. 
Apesar do leite de vaca, seja fluido ou em pó, não ser a melhor 
opção de alimentação para menores que 12 meses, esse alimento 
é o único disponível em função do baixo custo, quando comparado 
às fórmulas infantis disponíveis no mercado. Por isso, é importante 
que os profissionais saibam orientar às mães quanto à utilização 
adequada e segura, quando as possibilidades forem esgotadas. 
Para crianças menores de quatro meses, deve-se diluir o leite de 
vaca integral: 
1. O leite deve ser diluído em 2/3 ou 10%, até os 4 meses, 
devido ao excesso de proteína e eletrólitos que fazem 
sobrecarga renal. 
2. A diluição reduz a energia e ácido linoléico, sendo 
necessário o acréscimo de 3% de óleo (1 colher de chá 
de óleo) para melhorar sua densidade energética 
No leite em pó: 1 colher de sobremesa rasa para 100 mL de água 
fervida. Primeiro dilui o leite em pó em um pouco de água fervida 
e depois adiciona o resto da água. 
No leite fluido: 2/3 de leite + 1/3 de água fervida 
A partir do segundo mês de vida, oferecer suplementação de 
vitamina C (30 mg/dia). 
Se a criança não estiver em AME, a suplementação de ferro 
profilático poderá ser feita a partir dos 4 meses com a introdução 
de alimentos complementares, até a criança completar 24 meses, 
na dose de 1 mg/kg de peso/dia. 
1. Se a criança não estiver sendo alimentada com leite 
materno e nem fórmula infantil, a partir dos 4 meses 
deve-se iniciar a introdução de outros alimentos para 
suprir suas necessidades nutricionais 
2. Duas papas salgadas e duas frutas, além do leite sem 
adição de açúcar. 
Deve oferecer água entre as refeições 
Para crianças maiores que 4 meses, não é mais necessário diluir o 
leite de vaca integral e deve-se iniciar a introdução de alimentos 
complementares, oferecendo água entre as refeições. Seu 
consumo máximo de leite não deve ultrapassar 500 mL por dia. 
FÓRMULAS INFANTIS – ALEITAMENTO MATERNO E 
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR 
Apesar de proporcionar o conteúdo nutricional necessário, as 
fórmulas não são estéreis e estão sujeita às mesmas 
preocupações de segurança, como cuidados com a higiene na 
preparação e abastecimento de água potável. Esses cuidados 
devem ser ainda maiores nos primeiros seis meses de vida. 
1. Oferecer água entre as refeições. 
2. Quando a formula é oferecida em diluição e quantidade 
adequada, não é necessário oferecer suplementos 
vitamínicos, nem suplemento de ferro, pois esses estão 
presentes na composição das fórmulas. 
O profissional de saúde deve orientar as mães e cuidadores quanto 
à importância de seguir as recomendações de diluição do produto. 
Leites muito concentrados ou muito diluídos podem ser prejudiciais 
para a saúde da criança, pois pode resultar, respectivamente, em 
uma sobrecarga renal de sais e proteína ou desnutrição. 
Se a criança é alimentada com fórmula infantil, a introdução de 
outros alimentos deve ser feita a partir dos seis meses de vida e 
deve seguir as mesmas orientações sobre a introdução da 
alimentação complementar para crianças amamentadas. 
FÓRMULAS À BASE DE SOJA – NELSON 
São isentas das proteínas do leite de vaca e de lactose e usam 
sacralose, xarope de milho sólido e maltodextrina para fornecer 
energia. A quantidade de gorduras varia de acordo com o 
fabricante. 
Entre as indicações para as fórmulas à base de soja, estão a 
galactosemia e a deficiência hereditária de lactase, porque as 
fórmulas à base de soja são isentas de lactose, bem como as 
situações em que a dieta vegetariana é preferida. 
ACLARAR A RESPEITO DA MATURAÇÃO MORFOLÓGICA 
E IMUNOLÓGICA DO TGI 
COLONIZAÇÃO DO TGI – JORNAL DE PEDIATRIA 
No primeiro dia de vida ocorre uma rápida colonização do intestino 
do RN com microrganismos provenientes da microbiota materna e 
do ambiente. Os primeiros colonizadores são do gênero Escherichia 
e Enterococcus. Após isso, bactérias anaeróbicas facultativas 
aparecem (primeira classe de colonizadores) que contribuem para 
o desenvolvimento do ambiente anaeróbico no intestino, que, assim, 
permite a instalação de anaeróbicos obrigatórios. 
Com a introdução de alimentos complementares ao leite materno 
na dieta do lactente, observa-se um importante impacto sobre a 
microbiota intestinal, com a diminuição de bifidobactérias e pelo 
aumento das clostridium e bacterioides. 
A colonização do tubo digestivo do recém-nascido e do lactente 
depende de alguns fatores, especialmente do tipo de parto e de 
alimentação. 
Ao longo dos dois primeiros anos de vida observa-se que o parto 
por cesárea se associa com maior abundância de firmicutes e 
menor de bacteriodetes. Ao longo do primeiro semestre de vida 
constata-se que a instalação dos bacteriodetes ocorre em uma 
fase mais tardia. No fim dos dois anos de vida a abundância relativa 
dos constituintes da microbiota é semelhante tanto nos partos 
cesariano e normal. Observou-se também que os níveis circulantes 
de citocinas produzidas por linfócitos T auxiliadores são menores 
nos nascidos por cesárea. 
Com relação ao tipo de alimentação, é bem conhecido que a 
microbiota intestinal de lactentes alimentados exclusivamente com 
leite materno é diferente daqueles alimentados com aleitamento 
artificial. O leite materno é rico em oligossacarídeos que influenciam 
na composição da microbiota intestinal. 
Estudos mostram que a microbiota é um indutor importante e ativo 
das respostas regulatórias do sistema imune. Ela é capaz de induzir 
células T Reguladoras (TReg) e macrófagos a atuar contra 
antígenos patogênicos. A disbiose pode prolongar a imaturidade 
imunológica e, consequentemente, aumentar o risco para doenças 
relacionadas com o sistema imunológico. 
O período neonatal é considerado uma janela crítica para o 
desenvolvimento do sistema imunológico. A estimulação microbiótica 
adequada se torna necessária para a maturação apropriada de 
respostas das células TReg. Os ácidos graxos de cadeia curta, 
subproduto da fermentação bacteriana, também são conhecidos 
por modular a homeostase reguladora das células T (Treg). 
Essas são responsáveis pelas respostas imunomoduladoras ou 
imunossupressoras, ou seja, exercem um papel de tolerância 
imunológica no corpo, controlando, assim, as respostas 
inflamatórias. A desregulação dessas células está diretamente 
ligada ao desenvolvimento de problemas alérgicos e doenças 
autoimunes. 
 
PROBLEMA 2 – FECHAMENTO
ELUCIDAR ACERCA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
(DNPM, MARCOS E CURVAS), ENFATIZANDO ESCALAS 
VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO – SBP VOL 1 
A vigilância do desenvolvimento infantil é parte essencial do 
acompanhamento médico e o pediatra deve estar habilitado a 
avaliar e validar quando este estiver adequado, assim como 
diagnosticar e encaminhar a especialistas quando houver atrasos 
ou alterações. A avaliação do desenvolvimento deve ser feita em 
todas as consultas de puericulturaprogramadas. 
O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de 
função interligados, quais sejam: sensorial, motor (geralmente 
subdividido em habilidades motoras grosseiras e habilidades 
motoras finas), da linguagem social, adaptativo, emocional e 
cognitivo. 
AVALIAÇÃO 
Essa verificação pode ser realizada de forma sistematizada por 
meio de algumas escalas, como exemplos: 
1. Teste de Gesell 
2. Teste de triagem Denver II 
3. Escala de desenvolvimento infantil de Bayley 
4. Albert Infant Motor Scale 
No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança, utilizada para o 
registro dos atendimentos nos serviços de saúde, disponibiliza uma 
sistematização para a vigilância do desenvolvimento infantil até os 
3 anos de idade. 
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO 
IDADE MARCOS 
0 a 2 meses 
Acalma com a voz da mãe 
Observa um rosto 
Segue objetos ultrapassando a linha média 
Reage a som 
Vocaliza (emite sons diferentes do choro 
Sorri 
2 a 4 meses 
Observa sua própria mão 
Segue o olhar até 180º 
Grita e tenta conversar 
Sustenta a cabeça 
Leva a mão à boca 
Sustenta a cabeça e ombros quando 
colocados e bruços 
4 a 6 meses 
Senta sozinho 
Vira-se sozinho e rola de um lado para o 
outro 
Tenta alcançar um objeto e o agarra 
Procura objetos fora do alcance 
Volta-se para o som 
Inicia uma interação 
6 a 9 meses 
Transmite objetos de uma mão para a 
outra 
Pinça polegar-dedo 
Repete sons (sílabas) 
Senta sem apoio 
Arrasta e engatinha 
Estranhamento 
Brinca de escondeu-achou 
9 a 12 meses 
Bate palmas, acena 
Fala palavras pequenas 
Fica em pé com apoio 
Pinça completa (polpa a polpa) 
Segura o copo ou a mamadeira 
Bate palmas, aponta com o dedo 
12 a 18 meses 
Anda sozinha 
Compreende o que falam 
Deseja comer sozinha 
Gosta de escutar pequenas histórias, 
músicas e dançar 
Faz birra quando contrariada 
18 a 24 meses 
Junta palavras e inicia frases curtas 
Testa limites 
Tem vontade própria 
Deseja se vestir 
Pode começar a controlar esfíncteres 
2 a 3 anos 
Corre e sobe escadas com ajuda do 
corrimão 
Descobre o nome das coisas 
Gosta de brincar com outras crianças 
3 a 6 anos 
Veste-se sozinha 
Fala de forma clara e compreensível 
Pergunta muito “por quê” 
6 a 10 anos 
Deve frequentar a escola 
A criança tem interesse por grupos de 
amigos e por atividades independentes da 
família 
 
SINAIS DE ALERTA 
Levantam a suspeita de anormalidade em uma área ou etapa 
específica do desenvolvimento. Surgem numa idade subsequente 
àquela da aquisição do marco de desenvolvimento relacionado. A 
exemplo, a criança que não anda sozinha se torna preocupante 
por volta dos dois anos, pois é um marco dos 9 a 12 meses. O 
sorriso surge por volta dos 2 meses, caso ausente entre 4 e 6 
meses, é sinal de alerta. 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
Na hipótese de alteração, deve ser enviado a um especialista. 
ESCALAS DE TRIAGEM E AVALIAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO 
NEUROPSICOMOTOR – SBP VOL 1 
Medidas de vigilância do desenvolvimento e triagem devem ser 
oferecidas a todas as crianças, independentemente de existirem 
fatores de risco, pré, peri ou pós-natais para os transtornos do 
desenvolvimento. 
Por triagem do desenvolvimento neuropsicomotor entende-se o 
processo pelo qual ocorre o monitoramento periódico no sentido 
de como o sistema nervoso central (SNC) está amadurecendo ante 
à exposição ambiental, experiências de vida e estimulação da 
criança. As habilidades motoras, da linguagem, cognitivas e 
socioemocionais devem ser documentadas a partir da tenra idade 
e devem ser comparadas com a faixa de maturação do 
desenvolvimento esperado. 
TESTE DE DENVER II 
Desenvolvido por Frankeburg e Dodds, em 1967, com o objetivo de 
direcionar o cuidado dos adultos para as crianças com riscos, e não 
de diagnosticar atrasos no desenvolvimento. O uso foi difundido em 
muitos países, sofrendo adaptações, o que inspirou uma revisão e 
repadronização do teste, resultando no teste Denver II em 1992. 
Pode ser aplicado por vários profissionais de saúde em crianças de 
0 a 6 anos classificando-a dicotomicamente em risco ou normal. 
É composto por 125 itens, distribuídos na avaliação de quatro áreas 
distintas do DNPM: motricidade grossa, motricidade fina-
adaptativa, comportamento pessoal-social e linguagem. 
São itens registrados pela observação direta da criança e, para 
alguns deles, solicita-se que a mãe informe se o filho realiza ou não 
determinada ou não determinada tarefa. 
Apresenta bons índices de validade e confiabilidade e, portanto, 
largamente utilizado tanto em pesquisas quanto na prática. 
Os itens são apresentados em gráfico com um marco dos limites 
para cada idade. A aplicação individual e o tempo médio é de 20 a 
40 minutos, dependendo da idade da criança e da complexidade do 
caso. 
BAYLEY SCALES OF INFANT DEVELOPMENT 
Avalia o funcionamento do desenvolvimento de bebês e crianças 
pequenas de 1 a 42 meses de idade, com duração de aplicação de 
30 a 90 minutos, dependendo da idade da criança e da habilidade 
do avaliador. 
Pode ser aplicado em lactentes pré-termo, crianças com HIV, 
autistas ou portadores de síndrome de Down. Consiste em 
identificar atrasos no desenvolvimento e providenciar informações 
para o planejamento de intervenções. 
É composta por cinco escalas padronizadas: escala cognitiva 
(determina o que a criança pensa, reage e aprende sobre o mundo 
ao redor); escala da linguagem, comunicação receptiva (determina 
como a criança reorganiza sons e como a criança entende, fala e 
direciona palavra) e a comunicação expressiva (determina como a 
criança se comunica usando sons, gestos e palavras). 
A escala motora está subdividida em escala motora grossa 
(determina como a criança movimenta o seu corpo em relação à 
gravidade) e fina (determina como a criança usa as mãos e dedos 
para fazer algo). 
Só pode ser aplicado por profissionais especializados. 
É de alto custo. 
 
INVENTÁRIO DIMENSIONAL DE AVALIAÇÃO DO 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL – IDADI 
É um instrumento multidimensional de avaliação do desenvolvimento 
infantil. Dividida em sete domínios, assim como a de Bayley. 
Avalia bebês e crianças entre 4 e 72 meses de idade. 
Possui um valor muito mais baixo que o Bayley. 
INVENTÁRIO PORTAGE OPERACIONALIZADO – IPO 
Recentemente adaptado para a realidade brasileira, é composto 
por 580 comportamentos distribuídos em cinco áreas, separados 
por faixa etária de zero a seis anos e uma área específica para 
bebês de zero a quatro meses. As áreas de Cognição (avalia a 
linguagem receptiva e o estabelecimento de relações de 
semelhanças e diferenças), Socialização (avalia habilidades 
relevantes na interação com as pessoas), Autocuidado (avalia a 
independência para o alimentar-se, vestir-se, banhar-se etc.), 
Linguagem (avalia o comportamento verbal expressivo) e 
Desenvolvimento Motor (avalia os movimentos coordenados por 
pequenos e grandes músculos) compõem o conjunto de áreas e 
comportamentos avaliados pelo IPO. Uma vantagem adicional deste 
instrumento é a possibilidade de avaliar as crianças até seis anos 
de idade. 
Vantajosa porque é uma alternativa barata. 
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 
O A 2 ANOS 
MOTOR 
O padrão motor é imaturo, com predominância de tônus flexor dos 
membros associado a uma hipotonia axial, preensão palmar reflexa 
e reflexo de sucção. A avaliação do desenvolvimento dos reflexos 
permite ao pediatra determinar a integridade do sistema nervoso 
central de acordo com a expectativa relacionada à idade 
cronológica da criança. Esses reflexos estão presentes em todos 
os recém-nascidos a termo, sendo considerados fisiológicos nos 
primeiros meses de vida. Sua ausência inicial ou permanência tardia 
sugere alterações patológicas que merecem ser investigadas. 
Lembrar de todos os reflexos já estudados. 
LINGUAGEM 
Através de choro alto e repetido no primeiro mês secundário às 
necessidades dele. No segundo mês, a criança já faz sons que não 
são choro. 
SOCIOEMOCIONAL 
Interage desde os primeiros momentos de vida, com osorriso 
iniciando entre o primeiro e segundo mês de vida. 
COGNITIVO 
Presta atenção em rostos e segue as coisas com os olhos, além 
de reconhecer rostos. 
2 A 4 MESES 
MOTOR 
Avanço das habilidades motoras, com desaparecimento de alguns 
reflexos primitivos. Mantém a cabeça firme ao ser segurado pelo 
tronco, mãos abertas com mais frequência e a capacidade de 
agarrar objetos aos 4 meses. 
Na posição de bruços, por manter a cabeça firme, mantém a 
cabeça em 45º por um momento breve. Aos 4 meses, mantém 
elevada por muito tempo a 90º. 
LINGUAGEM 
A produção verbal esboça vogais aos 2 meses e brincam com 
esses sons. Aos 4 meses já reconhecem padrões sonoros, como 
repreensão ou elogios por parte do cuidador, respondendo com 
mudança de fisionomia para alegria ou tristeza. 
SOCIOEMOCIONAL 
Tem reciprocidade afetiva apesentada pelo sorriso, ao receber 
estímulos afetuosos. Olha diretamente para a mãe ao ser 
amamentado e reage positivamente com sorrisos e grunhidos. 
COGNITIVO 
Repete comportamentos que pareçam agradáveis: chupar o dedo, 
colocar objetos na boca, ouvir próprios sons, apertar as próprias 
mãos. 
4 A 6 MESES 
MOTOR 
Aos 6 meses apresenta mudança de posição de forma ativa (o 
bebê já rola com facilidade) e consegue levar objetos sozinha à 
boca. Consegue sentar, apoiando-se para a frente com as mãos 
ou um apoio, sustenta o peso com membros inferiores, agarra o 
cubo com as mãos, tenta pegar objetos pequenos e brinca com os 
pés. 
Reflexos de procuram voracidade e de preensão palmar 
desaparecem aos 4 meses. Moro começa a desaparecer e 
persiste até no máximo 6 meses. 
LINGUAGEM 
Aos 4 meses emite sons como “gugu”,” eee”. Emite sons com 
consoantes, formando sílabas aos 6 meses. 
SOCIOEMOCIONAL 
Aumento da reciprocidade social entre a criança e o cuidador. 
Antecipam a intenção do cuidador acompanham seus movimentos. 
Com 6 meses manifestam expectativa do horário de comer, 
sentem ao afastamento do cuidador. 
COGNITIVO 
Demonstra estar triste ou feliz, responde ao afeto de forma mais 
adequada, observa rostos de perto e reconhece coisas de longe. 
 
6 A 9 MESES 
MOTOR 
Consegue se sentar sozinho aos 6 meses e fica um bom tempo 
sem cair para os lados ou para frente. Percebe forma e textura 
das coisas e leva pedaços de alimentos à boca. 
Já é capaz de virar de prono para supino e vice-versa, usando o 
rolar como forma de locomoção por volta de 8 meses. Alguns 
lactentes, com 9 meses, conseguem engatinhar ou ficar de pé 
com apoio e se deslocam de um lado para o outro, por exemplo, 
apoiando-se no sofá. Nessa fase, a criança rola em todas as 
direções, inclusive durante o sono, o que requer muita atenção por 
parte de seus cuidadores. 
LINGUAGEM 
Reconhece seu nome aos 6 meses e vira para encontrar a 
origem de um som mais chamativo. 
SOCIOEMOCIONAL 
Aos 6 meses, já iniciam o entendimento de seus próprios 
sentimentos, como a diferença entre sentir sede e a necessidade 
de afeto, com indícios de dicas se querem água ou carinho, por 
exemplo. Sentem o afastamento dos cuidadores, sorriem quando 
estimulados de forma ativa e intencional. 
Passa a demonstrar preferência por determinadas pessoas, 
objetos ou lugares e muitas vezes chora quando outra criança 
chora. Progressivamente o bebê vai desenvolvendo as 
preferências entre seus familiares, culminando com a ansiedade 
de separação, que acontece por volta dos 9 meses. 
COGNITIVO 
Passa objetos de uma mão para outra, entende a brincadeira de 
esconde-esconde, pega coisas pequenas com facilidade entre o 
polegar e o indicador. 
9 A 12 MESES 
MOTOR 
Aos nove meses já consegue engatinhar e se arrastar na direção 
daquilo que tem interesse. Aos 10 meses caminham com apoio de 
um adulto, sustentando o corpo nas próprias pernas. Aos 11 meses 
ficam em pé sozinhas. Aos 12 meses andam se conduzidos pela 
mão. 
LINGUAGEM 
Silenciam quando existe um interlocutor e esperam para responder 
nas vocalizações quando param de conversar. Com 9 meses 
mostram objetos e movem a cabeça ao negar algo. Com 10 meses 
buscam objetos e levantam os braços para serem acolhidos. 11 
meses usam as mãos como símbolos comunicantes. 12 meses 
apontam com a mão aberta para objetos. 
SOCIOEMOCIONAL 
Preocupam-se com o cuidador principal e tem medo de outras 
pessoas que não fazem parte de seu convívio. 
COGNITIVO 
Explora as coisas de maneiras diferentes, como sacudir, bater e 
jogar. Olha para as imagens quando é nomeado, imita gestos, 
começa a usar as coisas corretamente (bebidas num copo, escova 
de cabelo). 
12 A 18 MESES 
MOTOR 
Aquisição da marcha é protagonista. A criança adquire postura 
ereta aos 12 meses e se sustenta sobre os pés. Aos 15 meses já 
prefere caminhar ereta. 
LINGUAGEM 
Aos 12 meses já compreende e reconhece boa parte das 
situações. A fala se restringe a poucas palavras além de “papá” e 
“mamá”, mas ela compreende frases. 
Aos 15 meses já fala 4-6 palavras incluindo nomes, usando um 
jargão mais rico e elaborado. Aos 18 meses a linguagem se 
aprimora. 
SOCIOEMOCIONAL 
Gosta de entregar coisas aos outros, pode ter acessos de raiva 
quando frustrada, tem medo de estranhos, demonstra afeto por 
pessoas conhecidas, pode se apegar aos cuidadores em novas 
situações. 
COGNITIVO 
Interesse em boneca ou bicho de pelúcia fingindo alimentá-los, 
aponta partes do corpo e rabisca sozinho. Pode seguir comandos 
verbais de 1 passo. 
18 A 24 MESES 
MOTOR 
Com 18 meses já conseguem andar com segurança e dar até 
pequenas corridas, além de conseguir subir degraus baixos e se 
sentarem em pequenas cadeiras. Aos 2 anos já conseguem ficar 
na ponta dos pés, chutar e lançar bolas sem ajuda, aprende a 
correr, subir escadas, pular, abrir maçanetas e tiram sozinhas 
peças de roupas. 
LINGUAGEM 
Com 18 meses reconhecem e apontam pessoas em fotos, partes 
do corpo. Aos 2 anos já estão usando de 50 a 200 palavras e 
formam frases com 1 substantivo e 1 verbo, se chama pelo nome, 
completa frases e começa a diferenciar cores, formas e animais. 
SOCIOEMOCIONAL 
Ocorre o aprendizado de posse com conceito de meu e não. 
Costuma brincar sozinha. Pode demonstrar comportamento 
desafiador, iniciando comportamentos de birra, demonstram 
vergonha, culpa ou tristeza após transgressão de regra. 
COGNITIVO 
Classificam cores e formas, completam frases e rimas já 
familiares, brinca de jogos simples de faz de conta. 
 
2 A 3 ANOS 
MOTOR 
Corre e bate numa bola sem desequilíbrios, tenta se equilibrar num 
só pé, sobe escadas alternando movimentos de membros 
inferiores, consegue se manter em pé sobre uma única perna, 
salta no mesmo local com ambos os pés e consegue andar de 
triciclo. 
LINGUAGEM 
Amplia a atenção e percepção auditiva e visual. Segue instruções 
com 2 a 3 comandos. Fala o primeiro nome, sexo, idade, nomeia 
amigos. Fala bem o suficiente para que estranhos entendam na 
maior parte do tempo e mantém uma conversa usando 2 a 3 
frases. 
SOCIOEMOCIONAL 
Imita adultos e amigos, demonstra afeto pelos amigos sem precisar 
ser estimulado, demonstra preocupação com um amigo chorando. 
COGNITIVO 
Consegue usar brinquedos com botões, alavancas e peças móveis, 
brinca de faz de conta com bonecos, monta quebra-cabeças de 3 
a 4 peças, vira páginas de livros uma de cada vez, constrói torres 
de mais de 6 blocos, parafusa e desparafusa tampas de frascos 
ou gira maçaneta. 
3 A 6 ANOS 
MOTOR 
Aos 4 anos sobe e desce escadas alternando os pés, salta sobre 
um pé, consegue lançar uma bola (igual a antes, mas aqui só 
aprimora o movimento). Desenha figura humana simples (garatuja 
nomeada), controle vesical diurno e o anal estão consolidados e o 
vesical noturno em consolidação. 
Aos 5 anos pula e pega uma bola arremessada e salta 
alternadamente sobre cada pé. Copia triangulo, desenha uma 
pessoa em 6 partes (etapa pré-esquemática) e usa tesoura. Aos 
6 anos anda em linha reta usando toda a superfície do pé. 
Consegue escrever o próprio nome e comer sozinha com colher. 
 
 
LINGUAGEM 
Contam historinhaspequenas. Entre 4 a 5 anos, a criança adquiriu 
um vocabulário alargado entre 1500 a 2000 palavras, 
manifestando um grande interesse pela linguagem, realizam muitos 
questionamentos com por quês e utiliza o plural corretamente, os 
pronomes e tempos verbais. 
SOCIOEMOCIONAL 
Podem ter amigos imaginários com grande capacidade de imaginar. 
Consegue seguir bem as instruções e aceita supervisão, além de 
estarem mais calmas, não são exigentes nas relações e gostam de 
copiar os adultos. 
COGNITIVO 
Reconhece bem todas as cores, números, entende conceitos de 
antes e depois, em cima e embaixo e conceitos de tempo, como 
ontem, hoje e amanhã. Conhece as diferenças dos sexos e começa 
a interessar-se por saber de onde vêm os bebês. 
Conseguem assegurar sua higiene com autonomia. Podem escrever 
letras e números, copia um triangulo e outras formas geométricas 
e entende sobre as coisas usadas no dia a dia, como dinheiro e 
comida. 
CURVAS DE CRESCIMENTO – CADERNO 33 
O acompanhamento do crescimento e estado nutricional durante a 
infância e adolescência possibilita um diagnóstico precoce de 
possíveis problemas, como desnutrição, sobrepeso ou obesidade na 
vida adulta. 
Para avaliação da antropometria, é uma importante ferramenta 
para análise das condições de saúde e nutrição de crianças. 
Nas últimas três décadas, houve o predomínio da utilização de dois 
conjuntos de curvas de crescimento: do National Center for Health 
Statistics (NCHS/1977) e do Centers for Disease Control and 
Prevention (CDC/2000). 
O referencial de 1977 apresenta algumas limitações, como 
amostras compostas de grande proporção de crianças em 
aleitamento artificial, todas norte-americanas, entre outras. Para 
tentar minimizar alguns problemas do referencial anterior, o CDC 
reconstruiu o referencial de 1977 com uma série de modificações, 
lançando-o no ano 2000. A amostra de crianças foi aumentada, 
incorporaram-se dados de crianças em aleitamento materno, 
foram utilizados métodos estatísticos mais modernos, como 
também o desenvolvimento do índice de massa corporal (IMC), 
dentre outras modificações. 
Em 2006, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o novo 
padrão de crescimento infantil, construído com base em um estudo 
multicêntrico envolvendo seis países: Brasil (Pelotas), Ghana 
(Accra), Índia (Nova Delhi), Noruega (Oslo), Oman (Muscat) e 
Estados Unidos (Davis). A amostra de crianças avaliadas e suas 
famílias deveriam possuir diversos critérios de elegibilidade, dentre 
eles: aleitamento materno exclusivo até os quatro meses de idade; 
intenção de seguir as recomendações alimentares; situação 
socioeconômica que não prejudicasse o crescimento da criança; e 
mãe não fumante antes e após o parto. O conjunto das novas 
curvas da OMS é um instrumento tecnicamente robusto e 
representa a melhor descrição existente do crescimento físico 
para crianças menores de 5 anos de idade. A utilização desse 
padrão foi recomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil em 
2007, sendo as curvas de crescimento incluídas na Caderneta de 
Saúde da Criança. No mesmo ano, esse novo padrão foi estendido 
para crianças de 5 a 19 anos, após uma análise da amostra original 
do NCHS/1977, aplicando-se métodos estatísticos avançados, de 
modo que o padrão das curvas para crianças de 0 a 60 meses se 
estendesse para essa classe de indivíduos maiores. 
A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para 
avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os 
seguintes gráficos: perímetro cefálico (de zero a 2 anos), peso 
para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), 
comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 
anos e de 5 a 10 anos), índice de massa corporal (IMC) para a idade 
(de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). 
Para que uma criança seja efetivamente classificada dentro de um 
desses grupos de “desvio nutricional”, é necessária a avaliação das 
características individuais e do meio onde ela vive, para que 
possamos atribuir as causas para ela estar fora da curva e agir 
sobre elas, quando possível. 
SCORE Z – NESTLÉ 
Os dados são organizados de maneira hierárquica, do menor para 
o maior, com base na distância em que os mesmos se situam acima 
ou abaixo da média. Esta distância é calculada em unidades de desvio 
padrão. Cada unidade de escore z corresponde ao valor absoluto 
de um desvio padrão. 
São apresentados em: z-3, z-2, z-1, z0, z+1, z+2, z+3. 
PERCENTIS – NESTLÉ 
Também são dados em ordem hierárquica por seus valores 
absolutos, do menor para o maior. O percentil atribuído a cada valor 
correspondente à posição relativa que ocupa na sequência de 
valores observados. 
São apresentados em: p3, p5, p10, p 25 p50 (média ou mediana), 
p 75, p 90, p 95, p 97. 
 
ABORDAR OS PRINCÍPIOS E RECOMENDAÇÕES NA 
PUERICULTURA DE 0 A 5 ANOS 
DEFINIÇÃO – CADERNO 33 
A puericultura efetiva-se pelo acompanhamento periódico e 
sistemático das crianças para avaliação de seu crescimento e 
desenvolvimento, vacinação, orientações aos pais e/ou cuidadores 
sobre a prevenção de acidentes, aleitamento materno e orientação 
alimentar no período do desmame, higiene individual e ambiental, 
assim como pela identificação precoce dos agravos, com vistas à 
intervenção efetiva e apropriada. 
FREQUÊNCIA DE CONSULTAS POR FAIXA ETÁRIA 
O MS recomenda no primeiro ano de vida: primeira semana, 
primeiro mês, segundo mês, quarto mês, sexto mês em 
subsequência trimestral. No segundo ano de vida, duas consultas: 
18º mês e 24º mês e, a partir daí, consultas anuais. 
ANAMNESE 
Usar perguntas abertas para facilitar a compreensão dos motivos 
para a consulta. Exemplos de perguntas: “o que gostaria de me 
contar hoje?”. 
É importante avaliar o bem-estar da mãe, pois esse reflete no 
bem-estar da criança. 
EXAME FÍSICO 
A repetição do exame físico completo em todas as consultas não 
está justificada. 
Alguns procedimentos devem ser realizados frequentemente no 
exame físico da criança nos primeiros 10 anos de vida: 
DADOS ANTROPOMÉTRICOS 
É uma monitoração rotineira. Os registros de peso, estatura, 
perímetro cefálico da criança, são recomendáveis em todas as 
consultas, para crianças de risco ou não, até os 2 anos de idade 
Entre 2 a 10 anos, deve-se aferir o peso e a altura e anotá-los no 
gráfico da caderneta da criança. A altura para a idade é o melhor 
indicador de crescimento da criança. O IMC teve seu uso validado 
como bom marcador de adiposidade e sobrepeso, além do fato de 
que seu valor na infância pode ser preditivo do IMC da vida adulta. 
RASTREAMENTO PARA DISPLASIA EVOLUTIVA DO QUADRIL 
Mesmo sem evidencia de efetividade da redução dos desfechos 
clínicos com rastreamento de displasia de quadril, os protocolos 
recomendam ser feito, pois o diagnóstico precoce é importante na 
escolha de tratamentos menos invasivos e com menores riscos de 
complicações. 
Usa-se Barlow e Ortolani nas primeiras consultas. A observação 
da limitação da abdução dos quadris e o encurtamento de um dos 
membros inferiores devem ser os exames de rastreamento nas 
consultas após os 3 meses de idade, ou seja, nas consultas dos 4, 
6, 9 e 12 meses. Quando a criança começa a deambular, a partir 
da consulta dos 12 ou dos 18 meses, a observação da marcha da 
criança é o exame de escolha. 
AUSCULTA CARDÍACA 
Não há evidências contra ou a favor da ausculta cardíaca e da 
palpação de pulsos em crianças. Alguns protocolos sugerem a 
realização da ausculta cardíaca e da palpação de pulsos no mínimo 
três vezes no primeiro semestre de vida, devendo-se repetir os 
procedimentos no final do primeiro ano de vida, na idade pré-
escolar e na entrada da escola. 
AVALIAÇÃO DA VISÃO 
O teste do reflexo vermelho deve ser realizado na primeira 
consulta do recém-nascido na atenção básica e repetido aos 4, 6 
e 12 meses e na consulta dos 2 anos de idade. 
AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO 
Se o teste da orelhinha for realizado nos recém-nascidos 
preferencialmente até o final do primeiro mês, ele possibilitaráum 
diagnóstico mais definitivo por volta do 4º e 5º mês, bem como o 
início da reabilitação até os 6 meses de idade. 
AFERIÇÃO DA PA 
A HAS é uma doença frequente no adulto e é o fator de risco mais 
importante para o desenvolvimento de aterosclerose, doença 
coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e 
para a progressão de doença renal crônica. 
A aferição da PA deve ser iniciada a partir dos 3 anos de idade 
nas consultas de rotina, uma medida aos 3 anos e uma no início da 
idade escolar (6 anos). 
Média das 2 últimas aferições Definição 
PA sistólica e diastólica < p90 Normal 
PA sistólica e diastólica média entre 
p90 e p95 
Normal alta 
PA sistólica e diastólica média > p95 Alta ou hipertensão 
arterial 
 
RASTREAMENTO DE CRIPTORQUIDIA 
É a não descida dos testículos para o saco escrotal. A migração 
espontânea ocorre geralmente nos primeiros 3 meses de vida e 
raramente após os 6 a 9 meses. 
Se os testículos não forem palpáveis na primeira consulta ou 
forem retráteis, o rastreamento deve ser realizado nas visitas 
rotineiras de puericultura. 
Se aos 6 meses não forem encontrados testículos palpáveis no 
saco escrotal, será necessário encaminhar a criança à cirurgia 
pediátrica. Se forem retráteis, o caso deve ser monitorado a cada 
6 a 12 meses, entre os 4 e 10 anos de idade do menino, pois pode 
ocorrer de a criança crescer mais rápido do que o cordão 
espermático nessa faixa de idade e os testículos saírem da bolsa 
escrotal. 
ACONSELHAMENTO ANTECIPADO 
Deve-se abordar 4 itens principais: dar atenção à queixa principal, 
revisar os problemas já apresentados, enfatizar a prevenção e a 
promoção oportunas e estimular a mudança de hábito na busca 
por cuidado. 
POSIÇÃO PARA DORMIR 
Pais devem ser alertados quanto ao risco de morte súbita no 
primeiro ano de vida, sobretudo nos 6 primeiros meses de vida. 
Os pais devem receber orientação de que a melhor maneira de 
prevenir é colocando a criança para dormir em posição supina e 
não de lados ou de bruços. 
A cama ou o berço deve ser firme e não deve haver lençóis ou 
cobertores frouxos ou objetos macios em volta da criança (kit 
berço). 
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO VIRAL RESPIRATÓRIA 
Lavagem das mãos de todas as pessoas com contato com o bebê 
deve ser orientada em todas as visitas de puericultura, com o 
objetivo de evitar a propagação de vírus causadores de doenças. 
ACONSELHAMENTO PARA REALIZAR ATIVIDADE FÍSICA 
Para crianças a partir dos 2 anos, deve haver aconselhamento 
para a realização de 30 a 60 minutos por dia de atividade física 
moderada ou vigorosa, apropriada para a idade, entre 3 e 5 vezes 
por semana. A atividade pode ser cumulativa durante o dia. 
ACONSELHAMENTO PARA NÃO INGESTÃO DE BEBIDAS 
ALCÓOLICAS, NUTRIÇÃO E ACIDENTES 
Para crianças acima de 7 anos, é de fundamental importância 
reforçar a prevenção e a educação para se evitar o uso de 
bebidas alcoólicas tanto por meio de abordagem no núcleo familiar 
quanto na escola. 
Orientar quanto à alimentação saudável e na prevenção de lesões 
não intencionais. 
 
EXPLANAR SOBRE A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL QUE 
COMPÕE A CRECHE (ENFATIZANDO O PEDIATRA) E SUA 
INFLUÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
ATUAÇÃO DO PEDIATRA – SBP VOL 1 
A atenção integral à saúde do escolar envolve um conjunto de 
ações voltadas para a promoção, a proteção e a recuperação da 
saúde do aluno, por meio de atividades educativas e assistenciais, 
que devem sempre considerar sua história de vida e dinâmica 
familiar, assim como o início da escolarização, com o objetivo de 
propiciar uma harmoniosa interação com o ambiente físico e 
emocional da escola e, consequentemente, favorecer seu 
desempenho escolar. 
O pediatra é um dos profissionais que, por mais tempo, acompanha 
seus pacientes, atuando como se fosse o médico de família 
idealizado nos programas de atenção integral à saúde. Ao longo dos 
anos, frente às modificações sociais, sua atuação tem se ampliado 
muito, representando um porto seguro às famílias, desde o pré-
natal até o fim da adolescência, em diferentes temas, como o 
aleitamento materno, a alimentação, o crescimento e o 
desenvolvimento neuropsicomotor, as vacinas e uma adequada 
puericultura. 
Uma criança, num país extenso como o Brasil, é importante 
considerar o quesito étnico. A criança ao adentrar a escola, traz 
consigo toda experiência de vida que precisa ser valorizada e 
começa a interagir com outros alunos de diferentes origens, num 
ambiente desconhecido e repleto de novas regras e valores 
definidos pela instituição. 
O pediatra tem dois importantes eixos de atuação na área de saúde 
escolar: a assistência prestada no consultório e/ou no ambulatório 
e as atividades desenvolvidas na escola. A avaliação precisa estar 
centrada no acompanhamento minucioso do crescimento e do 
desenvolvimento da criança, com foco na prevenção e no 
tratamento de problemas orgânicos e/ou psicossociais que possam 
interferir na aprendizagem e no comportamento do aluno. Além 
disso, deve-se orientar os pais a uma avaliação periódica pediátrica 
e da saúde bucal de seus filhos. 
Na maioria das vezes, os pais levam seus filhos em idade escolar 
ao pediatra para o atendimento de intercorrências, atualização 
vacinal e orientação sobre o afastamento ou não da escola em 
caso de doenças transmissíveis. Isso reforça a necessidade do 
vínculo com as famílias. 
OBSERVAÇÃO CLÍNICA DA FASE PRÉ-ESCOLAR – MARCONDES 
A fase pré-escolar é definida como a criança entre 2 a 6 anos de 
idade. Essa classificação não condiz com a faixa etária que socio-
culturalmente o nome sugere. 
As consultas ao pediatra nessa idade diferenciam-se da do lactente 
pela periodicidade (semestral). Na consulta com o pré-escolar, a 
criança de 4 a 5 anos consegue oferecer algumas informações 
sobre sua rotina de ida e suas preferências. Aqui, é possível avaliar 
a linguagem, a relação da família com o paciente, se tem espaço 
para se colocar, se procura constantemente a ajuda dos familiares 
ou ainda se necessita de monopolização de atenção para si. 
PARTICULARIDADES DO PRÉ-ESCOLAR 
NUTRIÇÃO 
Nessa fase, o apetite diminui, pela menor velocidade de ganho 
pondero-estatural. Dos 2 a 6 anos de idade, a criança ganha de 6 
a 8 cm por ano, o que significa pouco mais de 0,5 cm por mês. 
A mãe, geralmente acostumada com o ganho de peso do início, 
tende a reclamar que houve estabilização. Para o aumento da 
preocupação, essa fase é caracterizada por um aumento dos 
ossos longos em relação ao perímetro cefálico e ao tronco, com 
isso o abdome de retifica e o corpo afina, perdendo o aspecto 
roliço. 
Com essas características de emagrecimento, associados à 
diminuição do apetite, faz com que tenha uma maior insistência 
para que coma mais e, com isso, uma maior seleção para os 
alimentos que deseja. 
Nessa fase, o controle de guloseimas deve ser rígido para não 
prejudicar as refeições principais. 
A criança que ainda faz uso de mamadeira deve ser estimulada a 
usar copo. A alimentação que era de transição, já deve ser 
estimulada a ser como a dos adultos e deve ser incentivada a 
comer com as próprias mãos com o uso de talheres. 
O maior problema nutricional é a anemia ferropriva. 
SONO 
O sono nessa fase vai diminuindo e aos 2 anos de idade ela já 
perdeu o sono da manhã, dormindo em torno de 1 a 2 horas à 
tarde e 10 a 12 horas à noite. Por volta dos 4 anos, a maioria 
também perde o sono da tarde. 
A rotina da hora do deitar auxilia a criança a adormecer. Ele deve 
ser avisado com antecedência que já está na hora de dormir, para 
que possa terminar a brincadeira em que estiver envolvido, sem 
necessidade de interrompê-lo bruscamente. Após isso, deve haver 
o ritual de, a exemplo, pôr o pijama, escovar os dentes, contar 
uma história ou cantar uma música, orar e dar um beijo de boa 
noite e dormir. 
DNPM 
Aos 4 anos, o desenvolvimento do SNC está praticamente 
completo, aumentando mais a autonomia e melhorando a 
comunicação do pré-escolar. 
HIGIENE 
Até o fim desse período,a criança aumenta sua responsabilidade 
pela higiene. Por volta dos 3 anos, pode começar a tomar banho 
sob supervisão, sendo ajudada na lavagem dos cabelos e dos 
genitais. Aos 4 anos, a supervisão já não é mais diária e depois 
desse período só é necessário. 
A criança completa a dentição decídua até os 2 a 3 anos. A 
escovação dos dentes necessita de grande habilidade motora fina, 
sendo a criança só capaz de realizar ao fim da fase pré-escolar. 
O adulto é responsável pela escovação e por treinar e incentivar 
a autonomia da criança. 
ENCAMINHAMENTO 
Devem ser feitos encaminhamentos de rotina para especialistas, 
sendo com 3 anos necessário o encaminhamento ao cirurgião 
dentista para aplicação de flúor e controles odontológicos 
semestrais. 
Aos 4 anos, o controle oftalmológico é importante, sendo 
necessário o encaminhamento mais precoce, caso seja percebida 
qualquer anormalidade visual. 
Crianças com alterações na fala, atraso na linguagem, otites 
médias crônicas ou recorrentes devem ser encaminhadas para a 
avaliação fonoaudióloga. 
Crianças com fimose devem ser encaminhadas ao cirurgião, após 
adquirirem controle esfincteriano. 
Outro encaminhamento é o ortopedista, entre 2 a 3 anos, para 
apresentação de pés planos, valgos e afastados, afim de melhorar 
o seu equilíbrio. 
A CRIANÇA E A CRECHE – MARCONDES 
A creche é uma realidade da vida do pediatra, pois é um local que 
muitas crianças passam a maior parte do dia e da sua infância. Isso 
faz ser um espaço de importância na saúde e no desenvolvimento 
infantil. 
A creche foi criada por volta de 1700 na França, originalmente 
para abrigo para os necessitados. Até o fim do início do século XX, 
recebia filhos e mulheres solteiras que não tinha condições de cria-
los e que geralmente eram acusadas pela sociedade como 
irresponsáveis e desnaturadas, gerando sentimento de culpa. 
Através da urbanização, a mão-de-obra feminina tornou-se 
necessária e as creches para filhos de operárias, dentro das 
empresas, serviu para acalmar parte das reinvindicações gerais 
dos trabalhadores, na primeira metade desse século. Os 
sanitaristas e médicos defendiam a creche, preocupados com as 
condições de higiene e saúde da população carente que habitava e 
condições insalubres e apresentava índices de infecções. 
Na segunda metade do século XX, além de resolver problemas de 
higiene e saúde, a creche foi considerada como meio de resolução 
para afastar a criança da marginalização e diminuir a criminalidade, 
ou seja, meio de cuidados paliativos para solução de questões 
socioeconômicas. 
Há pouco mais de 30 anos, com o aumento da participação das 
mulheres de classe média no mercado de trabalho e, baseando-se 
em estudos sobre a importância do período de 0 a 6 anos de idade 
no desenvolvimento infantil. 
Atualmente, todas as creches reconhecem a importância do 
desenvolvimento nessa faixa etária e, com mais ou menos preparo, 
condições e interesse, têm considerado seu papel educativo como 
prioritário. A creche hoje é entendida como uma instituição 
educativa que tem a função de complementar o papel educativo 
das famílias A Constituição Brasileira de 1988 definiu a creche 
como "um direito da criança, um dever do Estado e uma opção da 
família". 
O papel do pediatra junto à creche é assessorá-la na prevenção 
dos agravos à saúde da criança. Junto à família, seu papel é 
esclarecê-la quanto aos benefícios e riscos de a criança 
frequentar uma creche, orientando os pais para que atentem a 
objetivos, segurança, higiene, lazer, proposta pedagógica e 
organização da creche. 
BENEFÍCIO DE SAÚDE DA CRECHE 
A creche oferece várias oportunidades para melhorar a saúde da 
criança e pode ser um lugar onde as necessidades de saúde das 
crianças possam ser rapidamente identificadas, onde novas 
abordagens para promoção de saúde e prevenção de doenças são 
tentadas. 
Trabalhando junto com os pais, a creche pode ajudá-los a se 
tornarem participantes mais ativos nos serviços de saúde 
disponíveis na região e serem de fato verdadeiros protagonistas 
de suas vidas e de sua saúde. Para isso basta uma boa e simples 
capacidade de observação e atenção à realidade das crianças e de 
suas famílias, e também da creche. 
Podem ser ofertadas: 
1. Prevenção a problemas de visão, audição e fala 
2. Imunizações 
3. Suporte nutricional 
4. Avaliação do desenvolvimento 
5. Saúde bucal 
6. Promoção à saúde 
A creche é a porta de entrada desse longo percurso que o 
indivíduo percorre na educação básica. A creche também se 
configura, em muitos casos, no primeiro ambiente que as crianças 
pequenas frequentam em bases regulares, sem a presença de 
seus familiares ou cuidadores. Ela é um marco na vida da criança, 
na medida em que exige adaptação a um ambiente totalmente novo 
e com rotinas e padrões de relacionamento diferentes dos que 
vigoram na família. Frequentar a creche não é obrigatório no Brasil 
e os cuidados oferecidos pelas famílias à criança pequena 
obedecem a diferentes arranjos, conforme a oferta de serviços 
e as necessidades e desejos dos adultos responsáveis por elas. 
Ficar em casa, na creche ou na casa de alguém são as opções que 
predominam, bem como a combinação entre essas diferentes 
modalidades. 
PROBLEMA 3 – FECHAMENTO 
 
ELUCIDAR O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA 
IMUNOLÓGICO DA CRIANÇA 
ONTOGENIA DO SISTEMA IMUNOLÓGICO – JORNAL DE PEDIATRIA 
O feto e o recém-nascido enfrentam um conjunto complexo de 
demandas imunológicas, incluindo proteção contra infecções, 
prevenção de respostas imunitárias inflamatórias e prejudiciais que 
podem levar ao parto prematuro e equilibrar a transição de um 
ambiente intrauterino protegido para um mundo rico e antígenos 
estranhos. 
Após o nascimento que o sistema imunológico precisa atuar 
intensamente frente à exposição aos diferentes microrganismos. 
A reduzida memória imunológica e o fato de ter um sistema 
imunológico em desenvolvimento aumenta a vulnerabilidade do 
neonato a agentes infecciosos. 
A imunidade inata tem papel primordial nos primeiros anos de vida, 
pois a resposta adaptativa está em processo de maturação, o que 
só se completa após a primeira década. 
EPIGENÉTICA 
A exposição a alérgenos e patógenos provoca uma alteração no 
ambiente intrauterino com um impacto tanto na imunidade ao 
nascimento quanto na maturação imunológica durante o início da 
vida das crianças. 
Um desequilíbrio nutricional da mãe, tanto deficiente quanto em 
excesso, podem também ter um efeito considerável na imunidade 
neonatal e na maturação imunológica no início da vida. O estresse 
nutricional nas mães induz elevada estimulação do eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal, o que resulta em redução do peso do timo fetal, 
que por sua vez leva a apoptose de timócitos e de células B e T 
imaturas. Perturbações no desenvolvimento do sistema imunológico 
em neonatos causadas pelo desequilíbrio nutricional materno podem 
resultar em suscetibilidade a infecções ao nascimento e/ou risco 
tardio de doenças imunomediadas ou inflamatórias. 
IMUNIDADE INATA 
O sistema imunológico inato consiste em granulócitos 
(principalmente neutrófilos), células apresentadoras de antígenos, 
NK. Essas células estão disponíveis imediatamente para atuar de 
maneira eficiente. Com a exposição limitada a antígenos no 
ambiente intrauterino e a imatura resposta imunológica adaptativa 
neonatal, os recém-nascidos dependem fortemente de sua 
resposta imunológica inata para proteção contra infecções. 
Os neutrófilos são as células principais do sistema imunológico inato 
e são responsáveis pela destruição de patógenos durante a 
infecção. Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no 
feto e somente são produzidos em grande número após o 
nascimento A maioria das células do sangue são neutrófilos (70 a 
75%), entretanto os neutrófilos neonatais têm defeitos tanto 
qualitativos quanto quantitativos. Ao nascimento, a concentração 
de neutrófilos varia entre 1,5 a 2,8 x 109 células/L, enquanto nos 
adultos varia entre 4,4 x 109 células/L.Além das deficiências quantitativas, os neutrófilos neonatais 
expressam TLR4 (tipo de receptor TOLL) em níveis mais baixos 
que os neutrófilos adultos. A sinalização por meio das vias MyD88 
é deficiente em neonatos após a estimulação tanto de TLR2 quanto 
de TLR4. Essa resposta diminuída é atribuída aos altos níveis de 
adenosina no sangue neonatal, o que aumenta os níveis de AMPc, 
levando à inibição da secreção de TNF-a estimulada por TLR. 
Neutrófilos neonatais possuem uma redução na transmigração 
para os locais da infecção. Essa resposta quimiotáxica prejudicada 
ocorre devido ao influxo de cálcio intracelular reduzido e à 
polimerização alterada de actina, limitando a capacidade dos 
neutrófilos de deformar e penetrar no revestimento endotelial. 
Além disso, os neutrófilos neonatais não produzem redes 
neutrofílicas adequadamente, importantes na destruição de 
bactérias extracelulares. 
Essas particularidades dos neutrófilos neonatais tornam os bebês 
suscetíveis à sepse. Ao longo do primeiro ano de vida, essas células 
sofrem o processo de maturação, essencial para a aquisição da 
competência imunológica dos bebês. 
As contagens de células NK são maiores em recém-nascidos do 
que em adultos, com expressão aumentada do receptor inibitório 
CD94/NKG2A. Entretanto, de modo geral, as células NK de 
neonatos apresentam uma reduzida capacidade funcional se 
comparadas às células NK de indivíduos adultos. 
A pele neonatal é frágil e pequenas lesões podem afetar sua 
integridade, tornando-se acessível à invasão por micro-organismos. 
A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, 
possivelmente em consequência à produção inadequada de ácidos-
graxos livres e pH alcalino. Desta forma, há risco aumentado de 
infecção devido à incapacidade da epiderme em realizar bloqueio 
adequado de micro-organismos. O completo desenvolvimento 
funcional da pele ocorre apenas 2 a 3 semanas após o parto. 
As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e 
têm como função a opsonização de antígenos e a lise celular a 
partir de formação do complexo de ataque à membrana. Elas se 
encontram reduzidas nos recém-nascidos. Durante a gravidez, há 
pouca transferência materna de proteínas do complemento. Ao 
nascimento alcançam níveis próximos de 60-90% dos valores do 
adulto em recém-nascidos a termo e 47-70% em recém-nascidos 
pré-termo. Níveis semelhantes aos dos adultos somente são 
atingidos após um ano de idade 
IMUNIDADE ADAPTATIVA 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação do 
sistema adaptativo, já que esses dois componentes estão 
interligados. 
IMUNIDADE CELULAR – REVISTA MÉDICA DE MINAS GERAIS 
Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na 
sétima semana de gravidez, mas ainda não expressam CD3 em sua 
superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. 
Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em 
número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a formação 
do receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade 
e capacidade de reconhecimento do que lhes é próprio. 
Embora apresente número maior de células T na circulação ao 
nascimento que os adultos, a maioria são células imaturas e poucas 
são células de memória, fato explicado pela pequena exposição 
intraútero a antígenos. 
A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T com seus subtipos 
T helper (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos (CD3+ e CD8+). Os linfócitos 
T helper apresentam ainda dois subtipos, conforme seu padrão de 
produção de citocinas: Th1, que modula a imunidade celular, e Th2, 
que estimula a imunidade humoral. 
A produção das citocinas está desviada para o perfil de resposta 
Th2 até um ano de idade. A produção de IL-12 que ativa linfócitos 
T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido. 
O déficit na resposta Th1 visto no neonato confere prejuízo na 
função de citotoxicidade. As citocinas criam um contexto 
imunoinflamatório que gera amplificação de resposta e 
recrutamento de células capazes de interferir em toda a resposta 
imune. Sendo assim, sua deficiência acarreta problemas em toda a 
imunidade. A menor produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL-10) 
em resposta a antígenos ocorre, em parte, devido à baixa 
exposição intraútero, mas também devido à função secretória e 
inibitória da placenta 
IMUNIDADE HUMORAL – REVISTA MÉDICA DE MINAS GERAIS 
A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, os quais, 
estimulados por antígenos, diferenciam-se em plasmócitos 
produtores de anticorpos. 
Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, 
onde já iniciam sua diferenciação. Após o nascimento, a maturação 
das células B se verifica na medula óssea. A produção de 
imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, 
atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai 
drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa 
exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de 
imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. 
Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de 
imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de 
origem materna. 
Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas 
em resposta a antígenos alimentares e ambientais 
(hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica)., ocorre entre o 3º 
e o 5º mês de vida. 
Na interação entre o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito B, 
ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de 
algumas delas, o linfócito B produz uma ou outra classe de 
imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está prejudicada. 
 
DESCREVER O CALENDÁRIO VACINAL (PRINCÍPIOS, TIPOS, 
INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES E REAÇÕES), 
DIFERENCIANDO OS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA 
ELABORAÇÃO (SUS, SBP E SBI) 
Os calendários de vacinação devem ser consultados 
constantemente, uma vez que sofrem modificações, seja em 
função a inclusão de novas vacinas ou em decorrência de alteração 
nos esquemas preconizados para vacina já incorporadas a eles. Os 
programas fonte de informações dos calendários de vacinação no 
Brasil: Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da 
Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação 
Brasileira de Imunizações (SBIm). 
É atribuição do pediatra informar os responsáveis pela criança e 
adolescente a respeito dos benefícios da vacinação na prevenção 
de doenças, não somente do ponto de vista individual, como também 
para a proteção da população como um todo. O ato de vacinar é 
uma responsabilidade social de proteção coletiva, e sua negativa 
deve ser considerada como negligência. 
CONTRAINDICAÇÕES GERAIS – SBP 
Não é raro muitos pais deixarem de levar seus filhos para vacinar 
por motivos irrelevantes, como infecções virais leves e lesões de 
pele discretas ou moderadas. A consequência desse adiamento 
seria maior período de suscetibilidade da criança ou adolescente às 
infecções imunopreveníveis e redução da cobertura vacinal, com 
risco de aumento no número de casos de determinadas doenças 
infectocontagiosas. 
Vacinas de vírus atenuados ou bactérias vivas atenuadas não 
devem ser administradas nas condições médicas: 
1. Imunodeficiências congênitas ou adquiridas 
2. Neoplasias malignas 
3. Gestantes 
4. Uso de corticoesteroides em altas doses por mais de 15 
dias 
5. Terapia imunossupressoras (radioterapia quimioterapia e 
imunossupressores) 
A vacinação deve ser adiada temporariamente: 
1. Episódios agudos de doenças com febre (principalmente 
para evitar confusão com os efeitos adversos das 
vacinas) 
2. Até 30 dias após o término de corticoterapia em dose 
imunossupressora 
3. Até 90 dias após o uso de outros medicamentos ou 
tratamentos que provoquem imunossupressão 
4. Até no mínimo 3 meses após transplante de células-
tronco hematopoiéticas para vacinas com 
microrganismos não vivos e 2 anos para vacinas com 
microrganismos vivos 
5. De 3 a 11 meses após transfusão de plasmaou 
imunoglobulinas, para vacinas com vírus vivos, em razão 
da possibilidade de neutralização do antígeno vacinal por 
anticorpos presentes nesses produtos 
CALENDÁRIO VACINAL – SBP 
VACINA BCG 
Produzida com bacilos vivos, atenuados e liofilizados de cepa de 
Mycobacterium bovis. É feita em dose única, o mais precocemente 
possível, administrada via intradérmica, na dose de 0,1 mL e, por 
convenção, aplica-se na inserção inferior do músculo deltoide 
direito. 
Uma segunda dose da vacina é recomendada quando, após 6 meses 
da primeira dose, não se observa a cicatriz no local de aplicação. 
O tempo de evolução da lesão é de 6 a 12 semanas, embora possa 
se prolongar por até 24 semanas. Eventualmente pode haver 
recorrência da lesão, mesmo após a cicatrização. 
Possui contraindicações: 
1. Relativas (temporárias): recém-nascidos com peso < 
2000 g e lesões dermatológicas extensas afetando o 
local de aplicação 
2. Absolutas: imunodeficiências congênitas e adquiridas 
VACINA HEPATITE B 
É feita de antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HbsAg), 
obtido por engenharia genética, purificado e associado o adjuvante 
de hidróxido de alumínio. 
É dada logo nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose é 
indicada com 1 ou 2 meses de idade e a terceira dose é realizada 
aos 6 meses. A dose padrão é de 0,5 mL administrada via 
intramuscular e não deve ser aplicada na região glútea, pois nessa 
região se associa com menor imunogenicidade. 
Desde 2012, no PNI, a vacina combinada de DTPa, IPV/Hib/HB 
(pentavalente), incorporada aos 2, 4 e 6 meses de vida. 
Pela SBP, também segue o esquema de dose ao nascer e aos 2, 4 
e 6 meses. 
Pela SBIm, deve aplicar a primeira dose nas primeiras 12 horas de 
vida e o esquema de quatro doses pode ser adotado a depender 
do tipo de vacina utilizado (vacina combinada que inclua a Hb). 
Possui contraindicações: 
1. Reação anafilática prévia a qualquer componente da 
vacina e púrpura trombocitopênica pós-vacinal. 
VACINA ORAL POLIOVÍRUS VIVOS ATENUADOS (VOP) E VACINA 
INJETÁVEL DE POLIOVÍRUS INATIVADOS (VIP) 
Constituídas de poliovírus tipo 1, 2 e 3. A partir de 2016, a VOP é 
composta de poliovírus tipos 1 e 3, porque o tipo 2 tem sido 
associado a casos de poliomielite vacinal. 
A vacinação requer 3 doses: 2, 4 e 6 meses, respeitando o 
intervalo de 60 dias entre as doses e um mínimo de 30 dias. Essas 
são obrigatoriamente por VIP. 
Recomenda-se os reforços aos 15 meses e 4 anos de idade, 
considerando um intervalo mínimo de 6 meses após a última dose. 
São feitas em VOP. 
Possui contraindicações: 
1. VIP: 
a. Em caso de reação alérgica grave prévia aos 
produtos contidos na vacina 
2. VOP: 
a. Não deve ser administrada a indivíduos 
imunodeprimidos e seus comunicantes 
b. Em indivíduos que desenvolveram pólio vacinal 
associada à dose anterior 
VACINA ROTAVÍRUS 
São dois tipos de vacina: 
1. uma monovalente composta pela cepa humana atenuada, 
disponível na rede pública, que apesar de usar apenas 
uma cepa propicia a possibilidade de proteção cruzada 
contra outros sorotipos do vírus não G1 
2. uma pentavalente, humano-bovina, disponível apenas na 
rede privada 
O esquema vacinal da monovalente é indicada em 2 doses seguindo 
os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses, com limite 
de 1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias, e a segunda dose aos 4 
meses, com limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 meses 
e 29 dias. 
A vacina pentavalente é indicada em 3 doses, aos 2, 4 e 5 meses, 
disponível apenas na rede privada. 
A PNI e a SBP consideram as duas doses de 2 e 4 meses. A SBIm 
considera se monovalente, 2 doses, se pentavalente, 3 doses (+ 6 
meses), sendo que a primeira pode ser feita a partir de 6 semanas 
de vida. 
Possui contraindicações: 
1. imunodeficiências congênitas e adquiridas 
2. alergia a algum componente da vacina 
3. doença gastointestinal crônica 
4. malformação congênita do trato digestivo 
5. história prévia de invaginação intestinal 
6. deve ser adiada em casos graves de doença febril aguda 
e em casos de vômito ou diarreia grave 
VACINA DIFTERIA, TÉTANO E PERTUSSIS DE CÉLULAS INTEIRAS 
(DTP), ACELULAR TIPO INFANTIL (DTPa) E ADULTO (dTpa) E VACINA 
DIFTERIA E TÉTANO TIPO INFANTIL E ADULTO (dT) 
Vacina composta por toxoides diftérico e tetânico, sendo as que 
do tipo infantil contêm uma quantidade de toxoide diftérico cerca 
de 10 vezes maior que as do tipo adulto e igual quantidade do 
toxoide tetânico. 
A vacinação básica requer 3 doses, sendo nos 2, 4 e 6 meses. O 
primeiro reforço é recomendado aos 15 meses e o segundo aos 4 
anos de idade. 
No calendário da PNI, as 3 primeiras são feitas pela pentavalente. 
No calendário da SBP e da SBIm, é feita pela tríplice bacteriana. 
As reações locais ou sistêmicas são comuns com a vacina DTP 
(células inteiras). Edema temporário, aumento da sensibilidade e 
eritema (vermelhidão) no local da injeção em conjunto com febre 
ocorrem em uma grande proporção de casos. Ocasionalmente, as 
reações sistêmicas de febre alta, irritabilidade e choro persistente 
podem aparecer dentro de 24 horas da administração da vacina. 
Possui contraindicações: 
1. casos de encefalopatia → completa-se o esquema 
vacinal o a vacina dupla infantil (DT) 
VACINA HAEMOPHILUS INFLUENZAE TIPO B (HIB) CONJUGADA 
Polirribosilfosfato purificado do Hib, conjugado a uma proteína. 
Existem 4 tipos, de acordo com a proteína conjugada. 
O esquema vacinal varia com o tipo de vacina empregada. O mais 
utilizado é o de 3 doses administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade 
e um reforço aos 15 meses. Se a vacina for iniciada no segundo 
semestre de vida, são recomendadas apenas 2 doses da vacina e 
um reforço entre 6 e 12 meses após a última dose. Caso iniciado 
após 12 meses, o esquema vacinal prevê 1 dose. 
No calendário da SBP e SBIm possui a aplicação igual a do PNI, mas 
com uma dose de reforço nos 15 meses. 
Possui contraindicações: 
1. doenças febris agudas, hipersensibilidade aos 
componentes vacinais 
VACINA PNEUMOCÓCICA CONJUGADA 
Existem duas vacinas disponíveis. O esquema vacinal é indicado a 
todas as crianças até 5 anos de idade. Recomenda-se 3 doses aos 
2, 4 e 6 meses de vida e um reforço entre 12 a 15 meses. 
O PNI preconiza duas doses aos 2 e 4 meses e o reforço aos 12 
meses. A SBP preconiza 3 doses aos 2, 4 e 6 meses e reforço 
aos 12 meses. A SBIm mantém a recomendação para a VPC13 de 
três doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforço entre 12 e 15 meses. 
Possui contraindicações: 
1. reações anafiláticas com doses anteriores 
VACINA MENINGOCÓCICA C CONJUGADA E VACINA 
MENINGOCÓCICA ACWY CONJUGADA 
Recomenda-se o uso rotineiro da vacina meningocócica conjugada 
para lactentes maiores de 2 meses de idade, crianças e 
adolescentes. No primeiro ano de vida, são dosadas nos 3 e 5 
meses, com o reforço aos 12 meses para a PNI. A SBP e a SBIm 
recomendam as duas primeiras doses aos 3 e 5 meses também 
com 4 reforços aos 12 meses, 5 anos, 11 anos. Para adolescentes 
de até 15 anos de idade que nunca receberam a vacina 
meningocócica conjugada ACWY, recomenda-se duas doses com 
intervalo de cinco anos, idealmente aos 11 e aos 16 anos de idade. 
Para os adolescentes de 16-18 anos, nunca antes vacinados com 
vacina MenACWY, administrar somente uma dose da vacina. 
Possui contraindicações: 
1. reações anafiláticas com doses anteriores. 
VACINA MENINGOCÓCICA B RECOMBINANTE 
Recomenda-se para lactentes a partir de 2 meses de idade, 
crianças e adolescentes. A PNI não tem a aplicação dessa. A SBP 
e a SBIm preconizam a aplicação aos 3 e 5 meses e reforço aos 
12 meses. 
VACINA TRÍPLICE VIRAL (SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA), 
VACINA TETRAVIRAL (SARAMPO, CAXUMBA, RUBÉOLA E 
VARICELA) E VACINA VARICELA 
É uma combinação de vírus vivos e atenuados de sarampo 
caxumba, varicela e rubéola. Também se dispõe da vacina varicela 
isolada. 
Aos 12 meses de idade, deve ser feita na mesma visita, a primeira 
dose das vacinas tríplice viral. Aos 15 meses de idade deve ser 
feita a segundados, preferencialmente a tetraviral. A varicela 
possui as doses em 15 meses e 4 anos. 
Possui contraindicações: 
1. uso de sangue e imunoglobulinas anterior ou nos 15 dias 
seguintes à aplicação da vacina 
2. gravidez 
3. reação anafilática à neomicina e gelatina 
4. doenças imunossupressoras 
5. imunodeficiência celular congênita ou adquirida 
6. alergia a ovo 
FEBRE AMARELA 
Usa vírus inativado. É indicada para pacientes residentes ou 
viajantes para áreas endêmicas (pelo menos 10 dias antes da data 
da viagem): todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, 
Minas Gerais, Maranhão e alguns municípios de Piauí, Bahia, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também é 
indicada para pessoas que se deslocam para países em situação 
epidemiológica de risco. 
Para aqueles nas áreas de recomendação, recomenda-se duas 
doses com 9 meses e 4 anos, sem necessidade de reforço. Em 
situações de surto, a vacina pode ser administrada aos 6 meses e 
com reforço aos 4 anos, também sem necessidade de doses 
adicionais. 
A OMS recomenda 1 dose a cada 10 anos sem necessidade de 
reforço. 
Possui contraindicações: 
1. imunodeficiências congênitas ou adquiridas 
2. imunossuprimidos 
3. reações anafiláticas a ovo e gravidez 
HEPATITE A 
Composta de vírus inativado. Possui o esquema vacinal em duas 
doses. Para a PNI, apenas uma dose aos 15 meses. Para a SBP e 
SBIm, duas doses, sendo a primeira aos 12 meses e a segunda aos 
18 meses. 
Possui contraindicações: 
1. hipersensibilidade aos componentes da vacina 
INFLUENZA 
Feita de vírus inativados e fragmentados. Está indicada para todas 
as crianças a partir dos 6 meses de idade. A primovacinação de 
crianças com idade inferior a 9 anos deve ser feita com 2 doses, 
com intervalo de 1 mês entre elas, em dose de 0.25mL dos 6 
meses aos 35 meses e de 0,5 mL depois dos 3 anos. 
Crianças acima de 9 anos devem receber apenas uma dose de 0,5 
mL na primovacinação. 
Deve ser feita anualmente e antes do período de maior prevalência 
da gripe. 
Possui contraindicações: 
1. reações anafiláticas aos componentes da vacina, incluindo 
às proteínas do ovo 
VÍRUS PAPILOMA HUMANO (HPV) 
Feita de partículas semelhantes ao vírus HPV inativadas. No Brasil 
existem duas vacinas: 
A bivalente (tipos 16 e 18) é indicada para meninas acima de 9 anos, 
em 3 doses, com a segunda dose após 1 mês pós a primeira e a 
terceira após 6 meses da primeira. 
A vacina tetravalente (tipos 6, 11, 16 e 18) é indicada para meninas 
acima de 9 anos até 45 anos e meninos de 9 a 26 anos, em 3 
doses, com a segunda após 2 meses após a primeira e a terceira 
após 6 meses da primeira. 
Os três calendários vacinais adotaram o esquema de apenas 2 
doses com intervalo de 6 meses entre elas, tendo como base 
estudos que demonstram excelente imunogenicidade com 2 doses 
da vacina na faixa etária de 9 a 13 anos. 
Possui contraindicações: 
1. hipersensibilidade aos componentes da vacina 
2. gravidez 
DENGUE 
Recomendada para crianças a partir de 6 anos de idade, 
soropositivas para dengue. Esquema de três doses com intervalo 
de seis meses entre elas (0 - 6 - 12 meses). 
Possui contraindicações: 
1. crianças imunodeprimidas. 
2. Gestantes 
3. lactantes 
4. portadores de imunodeficiências. 
 
EXPLANAR SOBRE ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA E 
QUADRO CLÍNICO DAS INFECÇÕES DE VAS (SINUSITE 
AGUDA, OTITE MÉDIA AGUDA, RESFRIADO, GRIPE E 
FARINGOAMIDALITE) 
SINUSITE AGUDA 
Doença comum da infância e adolescência. 
Existem dois tipos de sinusite aguda: viral e bacteriana, com 
morbidade aguda e crônica significativa, além do potencial para 
complicações graves. 
Normalmente, os seios etmoidal e maxilar estão presentes ao 
nascimento, mas somente os seios etmoidais são pneumatizados. 
Os seios maxilares não estão pneumatizados até 4 anos de idade. 
Os seios esfenoidais estão presentes aos 5 anos de idade, 
enquanto os seios frontais iniciam o desenvolvimento nos 7 a 8 
anos de idade e não estão completamente desenvolvidos até a 
adolescência. Os óstios de drenagem dos seios são estreitos (1-3 
mm) e drenam para o complexo óstio-meatal no meato médio. Os 
seios paranasais são normalmente estéreis, mantidos pelo sistema 
de limpeza mucociliar. 
ETIOLOGIA 
Os patógenos bacterianos causam sinusite bacteriana aguda em 
crianças e adolescentes: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus 
influenzae, Moraxella catarrhalis.. 
PATOGÊNESE 
Sinusite bacteriana aguda normalmente acompanha uma infecção 
viral do trato respiratório superior, que inicialmente produz uma 
rinossinusite viral. 
Em uma avaliação com RM dos seios paranasais demonstra 
espessamento, edema e inflamação da mucosa dos seios 
paranasais em 68% das crianças saudáveis no curso normal do 
resfriado comum. 
Foi demonstrado que o ato de assoar o nariz produz uma força 
suficiente para impulsionar secreções nasais para as cavidades 
dos seios. As bactérias da nasofaringe que entram nos seios 
costumam ser prontamente eliminadas, mas durante uma 
rinossinusite viral, a inflamação e o edema podem bloquear a 
drenagem do seio e prejudicar a eliminação mucociliar de bactérias. 
QUADRO CLÍNICO 
Crianças e adolescentes com sinusite podem apresentar queixas 
inespecíficas, incluindo congestão nasal, secreção nasal purulenta 
(unilateral ou bilateral), febre e tosse. 
Os sintomas menos comuns abrangem mau hálito (halitose), 
diminuição do sentido do olfato (hiposmia) e edema periorbital. As 
queixas de dor de cabeça e dor facial são raras em crianças. 
Sintomas adicionais incluem desconforto dos dentes maxilares, dor 
ou pressão exacerbada pela inclinação para frente. O exame físico 
pode revelar eritema e edema da mucosa nasal com secreção 
nasal purulenta. 
OTITE MÉDIA AGUDA – SBP 
É uma infecção com desenvolvimento rápido de sinais e sintomas 
de inflamação aguda na cavidade da orelha média. É uma das razões 
mais frequentes de visitas aos médicos em crianças menores de 
15 anos. Mesmo com alta prevalência, é autolimitada e com baixa 
incidência de complicações e mortalidade. 
É importante o diagnóstico preciso e acurado para evitar o uso 
desnecessário de antimicrobianos. 
É definida como a presença de líquido preenchendo a cavidade da 
orelha média sob pressão, com início abrupto dos sinais e sintomas 
causados pela inflamação dessa região. 
FATORES DE RISCO 
Estão relacionados ao hospedeiro (própria criança) ou a fatores 
ambientais. 
RELACIONADOS AO HOSPEDEIRO 
A ocorrência antes dos 6 meses é um fator importante de risco 
para a ocorrência da OMA. 
Crianças com fenda palatina, síndrome de Down, malformações 
craniofaciais, imunodeficiência e discinesia ciliar primária também 
apresentam risco aumentado para OMA. 
A suscetibilidade genética é importante na otite média, sendo 
determinada, em parte, pela contribuição de genes em regiões 
cromossomiais distintas: 10q e 19q. 
As diferenças raciais na tuba auditiva (TA) tornam a otite média 
mais prevalente em grupos étnicos como esquimós, aborígenes e 
índios americanos. 
FATORES AMBIENTAIS 
Possuem maior epidemiologia no inverno assim como as infecções 
de vias aéreas superiores. 
Creches e berçário são fatores de risco pela alta prevalência de 
IVAS em crianças. 
Outro fator de risco de reconhecida importância é o tabagismo 
passivo. 
O aleitamento materno é um fator de proteção. 
O uso de chupetas e de mamadeiras com bico com cápsula tipo 
“empurra e puxa” também é considerado fator de risco na 
recorrência das OMA. 
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
A maioria das crianças (80%) apresenta evolução favorável 
durante um episódio de OMA, com resolução espontânea. 
Essa melhora independe da adesão ao tratamento ou do tipo de 
medicação, com melhora dos sintomas depois de 24 horas e 
ausência de sintomas residuais em 80% das crianças após 2 a 3 
dias. 
PATOGÊNESE DA DOENÇA 
A TA ventila a orelha média. Durante o repouso, encontra‑se 
fechada. Sua luz é virtual e abre-se de forma intermitente pela 
contração do músculo tensor do véu palatino durantea deglutição 
ou o bocejo. Existem diferenças importantes entre a TA da criança 
e do adulto. As diferenças mais relevantes são a TA mais curta e 
mais horizontalizada na criança, o que facilita a progressão de 
microrganismos (vírus e bactérias) da rinofaringe para a orelha 
média. 
Como o sistema imunológico da criança é imaturo, o recém-nascido 
apresenta altos níveis de IgG materna, que diminui 
progressivamente e se torna pouco efetiva aos 5 a 6 meses de 
idade. Por outro lado, a criança produz gradualmente mais IgG, IgA 
e IgM próprias, atingindo um platô quando a criança está maior. 
Essas fases coincidem com a época de início e desaparecimento 
dos episódios de OMA na maioria das crianças. 
A OMA geralmente é desencadeada por um processo infeccioso 
(IVAS em geral), associado a um determinado grau de disfunção da 
TA e do sistema imunológico. É comum a OMA ser precedida por 
IVAS. Os vírus agiriam como copatógenos, predispondo à infecção 
bacteriana. 
ETIOLOGIA 
É causada por vírus respiratórios e/ou infecções bacterianas no 
espaço da orelha média, como resultado da resposta do hospedeiro 
à infecção. 
Ocorre mais frequentemente como consequência de uma IVAS que 
causa inflamação/disfunção da TA, à pressão negativa da orelha 
média e ao movimento de secreções, contendo os vírus causadores 
da IVAS e as bactérias patogênicas, para a cavidade da orelha 
média. 
A maioria dos patógenos da orelha média deriva da nasofaringe, 
porém nem todos os patógenos da nasofaringe são otopatógenos. 
QUADRO CLÍNICO 
São sintomas constantes a otalgia (criança que manipula muito a 
orelha), o choro excessivo, a febre, as alterações de 
comportamento e do padrão do sono, a irritabilidade, a diminuição 
do apetite e até a diarreia. 
A membrana timpânica apresenta hiperemia ou opacidade, 
abaulamento, diminuição da mobilidade, otorreia aguda. 
A otorreia define o diagnóstico, pois é necessária a presença de 
efusão ou líquido na cavidade da orelha média para estabelecer o 
diagnóstico de OMA. 
RESFRIADO – NELSON 
É uma infecção viral aguda do trato respiratório superior, com 
sintomas de rinorreia e obstrução nasal proeminentes. É 
corretamente denominado rinossinusite. 
ETIOLOGIA 
Os patógenos mais frequentemente associados ao resfriado 
comum são os mais de 200 tipos de rinovírus humanos. Estão 
associados a mais de 50% dos resfriados em adultos e crianças. 
Em crianças pequenas, outras etiologias virais do resfriado comum 
incluem o vírus sincicial respiratório, metapneumovírus humano, os 
vírus parainfluenza e os adenovírus. 
PATOGÊNESE 
Os vírus são disseminados por mecanismos: 
1. contato manual direto através de uma autoinoculação da 
própria mucosa nasal e conjuntiva depois de tocar uma 
pessoa ou objetos contaminados 
2. inalação de pequenas partículas grandes de aerossóis 
que são expelidas durante um espirro e atingem a 
mucosa nasal e conjuntiva 
Rinovírus são mais eficientes através do contato manual direto e 
os vírus influenza e o coronavírus são mais eficientes dispersos 
por partículas pequenas de aerossóis. 
Os vírus respiratórios desenvolveram diferentes mecanismos para 
evitar as defesas do hospedeiro, através de uma imunidade 
protetora sorotipo-específica. 
As infecções repetidas com estes agentes patogênicos ocorrem 
porque há um grande número de sorotipos diferentes para cada 
vírus. Os vírus influenza têm a capacidade de alterar os antígenos 
presentes na superfície do vírus e, assim, comportam-se como se 
houvesse múltiplos sorotipos virais. 
A infecção viral do epitélio nasal pode estar associada à destruição 
do revestimento epitelial, como acontece com os vírus influenza e 
adenovírus, ou pode não haver dano histológico aparente, como 
com rinovírus e VSR. 
A infecção do epitélio nasal está associada a uma resposta 
inflamatória aguda caracterizada pela liberação de uma variedade 
de citocinas inflamatórias e pela infiltração da mucosa por células 
inflamatórias. Esta resposta inflamatória aguda parece ser 
parcialmente ou em grande parte responsável por muitos dos 
sintomas associados ao resfriado comum. A inflamação pode 
obstruir os óstios dos seios ou a tuba auditiva, predispondo à 
sinusite bacteriana ou à otite média. 
O sistema imune do hospedeiro é responsável pela maioria dos 
sintomas do resfriado, em vez dos danos diretos ao trato 
respiratório. As células infectadas liberam citocinas, tais como a 
interleucina-8, que atraem as células polimorfonucleares na 
submucosa e no epitélio nasal. Os rinovírus também aumentam a 
permeabilidade vascular na submucosa nasal, liberando bradicinina 
e albumina, o que pode contribuir para os sintomas. 
QUADRO CLÍNICO 
Variam com a idade e o vírus. Em lactentes, febre e rinorreia 
podem predominar. A febre é incomum em crianças mais velhas e 
adultos. 
O aparecimento de sintomas ocorre normalmente de 1 a 3 dias 
após a infecção viral. 
Em geral, o primeiro sintoma observado é dor ou sensação de 
arranhado na garganta, seguido por obstrução nasal e coriza. A 
tosse se inicia após o início dos sintomas nasais. 
Outros sintomas de um resfriado podem incluir dor de cabeça, 
rouquidão, irritabilidade, dificuldade para dormir ou diminuição do 
apetite. Vômitos e diarreia são incomuns. 
GRIPE 
A influenza ou gripe é uma infecção viral do trato respiratório, 
com distribuição global e alta transmissibilidade. 
Predomina nos meses de inverno, colocando em risco pacientes 
idosos e com comorbidades. 
ETIOLOGIA 
Os agentes etiológicos são o myxovírus, vírus da família 
Orthomyxoviridae, grupo de vírus de RNA de fita negativa. Possui 
4 gêneros na família: influenza A, B, C e D. 
Influenza A e B estão associadas com a Influenza sazonal e com 
muitos surtos e epidemias respiratórias; a Influenza tipo B, porém, 
não tem causado pandemias. O vírus da Influenza A está presente 
na natureza, em diversas espécies, incluindo humanos, aves, 
suínos, cavalos, focas e baleias. O vírus Influenza B tem como 
reservatório somente seres humanos e focas. A Influenza C é 
principalmente humana, mas foi detectada em porcos, cachorros 
e gado, já sendo registrada, porém rara, transmissão de porcos 
para humanos. O vírus da Influenza D foi detectado no gado e em 
suínos, mas não se sabe se é capaz de infectar ou causar doenças 
nas pessoas. 
Os vírus Influenza A são os que apresentam maior variabilidade, 
sendo divididos em subtipos, de acordo com as diferenças de suas 
glicoproteínas de superfície, denominadas hemaglutinina (HA) e 
neuraminidase (NA). Essas glicoproteínas podem passar por 2 tipos 
de mutações antigênicas que garantem maior variabilidade ao vírus: 
as maiores e as menores. 
FISIOPATOLOGIA 
Após a infecção viral, o vírus da Influenza irá replicar-se nas vias 
aéreas superiores e inferiores, causando alterações em células 
epiteliais, glândulas, interstício e em células ciliadas. A HA se liga às 
células respiratórias, permitindo a infecção. Em seguida, a resposta 
imune provocada pela presença do vírus gera uma reação 
inflamatória exacerbada e, consequentemente, leva à infiltração 
celular do parênquima pulmonar e ao dano tecidual. O mecanismo 
básico de lesão é a inflamação. 
No trato respiratório superior, o acometimento viral leva aos 
sintomas de faringites, traqueítes e traqueobronquites. 
Inicialmente, ocorre a destruição do epitélio pseudoestratificado 
ciliado respiratório, associado a edema e congestão da submucosa. 
Pode haver presença de sangue ou material mucopurulento. 
QUADRO CLÍNICO 
INFLUENZA NÃO COMPLICADA 
Os sintomas característicos são os da síndrome gripal; desse modo, 
deve-se considerar o diagnóstico em pacientes com febre de início 
súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta e, pelo menos, 
um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia (sem artrite) com 
duração de dois a oito dias. Outros sintomas inespecíficos também 
podem estar presentes, como mal-estar, tontura, anorexia e 
prostração. 
A tosse pode ser acompanhada de desconforto ou queimação 
subesternal. Sintomasgerais como a mialgia e a cefaleia 
comumente são os de maior proeminência. Esses sintomas 
sistêmicos costumam durar cerca de 3 a 7 dias, acompanhando o 
surgimento e desaparecimento da febre, importante achado, 
variando normalmente de 37,8 a 40 ºC, podendo atingir até 41 ºC. 
Ela é tipicamente contínua, mas pode apresentar-se intermitente, 
principalmente com o uso de antipiréticos. 
Influenza e Resfriado são doenças distintas, causadas por vírus 
diferentes, mas que apresentam vários sintomas em comum, com 
os agentes etiológicos da gripe são os influenzavirus, enquanto o 
resfriado é causado por algumas espécies de vírus: Rinovírus 
(principal causa), Adenovírus, Vírus Sincicial Respiratório, 
Coronavírus, Echovirus e Paramyxovirus. 
INFLUENZA COMPLICADA 
As complicações mais comuns na infecção por Influenza são 
pneumonias bacterianas secundárias, pneumonia viral primária, 
miosite, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, 
encefalite e mielite transversa. 
FARINGOAMIDALITE 
Processo inflamatório que acomete as amígdalas e que se estende 
pela parede da orofaringe. É um processo inflamatório da região 
com eritema, exsudato ou ulceração, sendo a dor de garganta um 
sintoma universal. 
ETIOLOGIA 
Pode ter etiologia viral, geralmente em menores de 3 anos, ou 
bacteriana, em crianças maiores. A diferenciação se faz através 
de critérios clínicos e exame físico. Agente bacteriano mais comum 
é o estreptococo ß-hemolítico do grupo A, sendo menos comum 
outros agentes como estreptococos dos grupos C, G e H. 
Influenzae, S. pneumoniae, M. catarrhalis, S. aureus, bacteróides 
anaeróbios em geral. Entre os vírus, os mais comuns são: 
parainfluenzae, vírus sincicial respiratório, influenzae A e B, 
adenovírus tipos 1 a 3 e 5, rinovírus e coxsackie. O Epstein Baar 
vírus causa a mononucleose infecciosa e faringite exsudava em 
adultos jovens. 
FISIOPATOLOGIA 
A fisiopatologia da faringoamidalite envolve a resposta imunológica 
do corpo à infecção. 
Quando uma infecção ocorre, o sistema imunológico é ativado e 
começa a produzir anticorpos e células imunológicas para combater 
a infecção. Isso resulta em inflamação e inchaço da área afetada, 
incluindo as amígdalas e a faringe. 
A faringoamidalite bacteriana é geralmente causada pela bactéria 
Streptococcus pyogenes, que produz toxinas que irritam as 
amígdalas e a faringe, causando inflamação. A infecção também 
pode se espalhar para outras partes do corpo, causando 
complicações graves, como a febre reumática. 
A faringoamidalite viral é causada por vários tipos de vírus, como 
o vírus da gripe, o vírus Epstein-Barr e o adenovírus. Esses vírus 
se replicam nas células do trato respiratório, causando inflamação 
e irritação. 
QUADRO CLÍNICO 
As manifestações clínicas são variadas, podendo apresentar desde 
sintomas e sinais clássicos até uma infecção leve ou inaparente. 
Após período de incubação de 1 a 4 dias, a doença inicia-se de 
modo abrupto, principalmente em crianças de 5 a 11 anos de idade, 
com febre, dor de garganta, mal estar geral e cefaléias. Essas 
queixas acompanham-se de náuseas, vômitos e dor abdominal. Ao 
exame físico observa-se presença de exsudato sobre as 
amígdalas, em 50% a 90% dos casos, e gânglios linfáticos cervicais 
anteriores edemaciados e dolorosos. A diferenciação entre 
faringoamigdalite viral e bacteriana, através de parâmetros clínicos 
situa-se ao redor de 50%. O quadro viral apresenta sintomatologia 
mais leve que a bacteriana e pode se acompanhar de tosse, 
rinorréia e conjuntivite. A presença de vesículas, ulcerações e 
pústulas no palato sugere a etiologia viral. Em crianças menores de 
3 anos, a faringite exsudava é raramente devida ao estreptococo 
do grupo A. 
 
 
 
DISCORRER SOBRE ESCALAS DE DESENVOLVIMENTO 
PSICOLÓGICO E FÍSICO (WINNICOT) DE CRIANÇAS DE 2 A 
7 ANOS 
FREUD, WINNICOTT E PSICANÁLISE – VENTURA, MENDES, 2023 
Nem sempre houve, ao longo da história, uma compreensão e 
valorização da criança como se tem atualmente. Na Idade Média a 
criança era vista como um pequeno adulto. A mortalidade nessa 
época era muito grande, tida como algo natural na sociedade e por 
esse motivo os adultos não se apegavam muito. Com o passar do 
tempo, a vida passou a ser valorizada e a noção de inocência infantil 
e a preservação da educação passaram a ser preocupação das 
famílias. Para Rousseau, “não há perversidade original no coração 
humano”. A criança nasce inocente, pura, com maneira de pensar 
e sentir que são próprias à sua idade. 
Com o advento do capitalismo, a criança começa a ser vista como 
um investimento lucrativo e a família passa a se preocupar com 
escola, educação, brincadeiras para que essa criança tenha um 
futuro bom e produtivo. Assumindo dentro da família um lugar 
central. E é dentro desse momento histórico que surge a 
Psicanálise. E a partir da escuta psicanalítica, Freud descobre a 
importância da infância na constituição do sujeito e as suas 
neuroses. A criança psicanalítica é a criança do inconsciente, a 
criança das pulsões. Para Freud, a criança não é um sujeito inerte, 
mas um indivíduo atravessado por desejos. 
Freud foi de indiscutível importância para o entendimento do 
funcionamento e a constituição psíquica das pessoas, porém, o 
objeto de estudo dele foi a Neurose. Chegou um momento em que 
outros tipos de pacientes começaram a aparecer nos consultórios 
e a teoria Freudiana não era suficiente para explicar tudo. Então, 
foram surgindo outras teorias para complementar o que Freud 
havia investigado. Winnicott, um dos importantes psicanalistas pós-
freudiano, começou a perceber na prática clínica que para algumas 
pessoas, a demanda analítica devia estar relacionada a algo que 
havia acontecido nas fases iniciais do desenvolvimento humano 
anterior ao Complexo de Édipo (base da teoria freudiana). 
Winnicott descreveu que o desenvolvimento emocional inicial da 
criança ocorre no período anterior ao complexo de Édipo, que 
envolve o relacionamento de três pessoas, cada uma sendo 
percebida como uma pessoa completa pela criança. 
A mãe e o bebê funcionam como um só nos primeiros meses de 
vida e a mãe exerce um papel de ambiente, sendo o bebê inserido 
no ambiente que o sustenta. A mãe possui um papel de ambiente 
facilitador e o bebê, é dependente completo dos cuidados da mãe. 
Se tudo ocorrer bem e a mãe começar a falhar, o bebê poderá 
perceber elementos os elementos que não fazem parte de si 
mesmo. Isso significa que, “A ‘mãe’ suficientemente boa (não 
necessariamente a própria mãe do bebê) é aquela que efetua uma 
adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que vai 
a diminuir gradativamente”. 
A mãe suficientemente boa é aquela que consegue se identificar 
com as necessidades do bebê, é a mãe real e, conforme o bebê 
se desenvolve, essa mãe vai a tornar-se desnecessária. 
FASES DE DESENVOLVIMENTO 
Pois Winnicott origina que existem três processos que acontecem 
logo cedo no desenvolvimento inicial do bebê, são eles: integração, 
personalização e realização. 
Para ele, o bebê nasce desintegrado e com o Holding (sustentação), 
a mãe suficientemente boa vai oferecendo suporte físico e 
psíquico, exercendo a função de um ego auxiliar e dessa forma vai 
ocorrendo a integração do self do bebê, em uma fase de 
dependência absoluta. 
Depois, em uma fase de dependência relativa, ocorre o Handling 
(manejo), onde a mãe suficientemente boa auxilia o bebê dando 
contorno ao seu corpo e ele vai se diferenciando de quem ele é e 
quem é o outro. É quando ocorre a personalização. 
E o último processo é a realização, onde o bebê começa a ser 
apresentado ao mundo. E onde, na Teoria winnicottiana, tem início 
as relações objetais. Aqui começa o brincar e a escolha do objeto 
transicional, que ele chama de fenômenos transicionais. O bebê 
começa a se diferenciar como um sujeito único e elege um objeto 
transicional para ajudar na transição entre a dependência absoluta 
rumo a uma independência relativa. Esse objeto transicional nem 
sempreé um objeto (pode ser até uma música) e por isso o termo 
fenômeno é melhor empregado. 
Eles cumprem uma função de separação gradativa e saudável da 
mãe suficiente. 
Esses fenômenos podem ser utilizados em momentos de angústia 
e para sustentar uma experiência difícil de não fazer mais “parte 
do ambiente” e as coisas não ocorrerem de forma “mágica” . Isso 
parte para um momento de transição da ilusão para desilusão. 
Caso a integração não tenha ocorrido, é necessário vivenciá-la 
junto a um analista, que funciona como uma mãe suficientemente 
boa, para que a criança encontre seu verdadeiro self. A 
psicoterapia ocorre entre duas pessoas que brincam juntas, 
inclusive com adultos. No brincar, a fantasia se transforma em 
criatividade, facilitando o crescimento e a saúde. 
Essa fase ocorre de 2 a 6 meses de idade. 
A fase de estabelecimento de rotinas, proposta por Winnicott, 
ocorre aproximadamente dos 6 aos 12 meses de idade da criança. 
Nessa fase, a criança começa a estabelecer padrões de 
comportamento e rotinas diárias que ajudam a criar uma sensação 
de segurança e previsibilidade em sua vida. 
Segundo Winnicott, é importante que os cuidadores da criança 
estabeleçam rotinas previsíveis e consistentes, como horários de 
alimentação, sono e banho, para que a criança possa se sentir 
segura e confiante em seu ambiente. Ele também enfatiza que 
essas rotinas devem ser flexíveis o suficiente para acomodar as 
necessidades individuais da criança. 
Winnicott acredita que durante essa fase, a criança começa a 
desenvolver uma sensação de continuidade entre suas 
experiências internas e externas, o que é fundamental para o 
desenvolvimento saudável da personalidade. Ao estabelecer rotinas 
e padrões previsíveis, os cuidadores ajudam a criar uma sensação 
de ordem e controle na vida da criança, o que é fundamental para 
o desenvolvimento de uma identidade saudável. 
Em resumo, a fase de estabelecimento de rotinas é uma etapa 
importante do desenvolvimento infantil, onde os cuidadores podem 
ajudar a criança a se sentir segura e confiante em seu ambiente 
estabelecendo rotinas previsíveis e consistentes. Essas rotinas 
devem ser flexíveis o suficiente para acomodar as necessidades 
individuais da criança e ajudá-la a desenvolver uma sensação de 
ordem e controle em sua vida. 
A fase de ambivalência de acordo com a teoria de desenvolvimento 
infantil de Winnicott ocorre entre 1 e 3 anos de idade. Durante 
essa fase, a criança experimenta emoções contraditórias em 
relação aos seus pais ou cuidadores. Por exemplo, ela pode querer 
estar perto de sua mãe e, ao mesmo tempo, querer afastar-se 
dela, ou pode sentir-se segura e confortável ao lado do pai, mas 
também ter medo dele. 
Essas emoções contraditórias são comuns nessa fase, pois a 
criança está começando a desenvolver uma noção mais clara de si 
mesma como indivíduo e a testar seus limites e relacionamentos 
com os outros. Essa fase pode ser desafiadora para os pais, pois 
eles precisam aprender a lidar com as mudanças constantes de 
humor da criança e a ajudá-la a lidar com suas emoções 
contraditórias. 
É importante que os pais forneçam um ambiente seguro e amoroso 
para a criança durante essa fase, dando-lhe a liberdade para 
explorar e experimentar, mas também estabelecendo limites e 
regras claras. O apoio emocional e a paciência dos pais são 
fundamentais para ajudar a criança a atravessar essa fase de 
desenvolvimento de forma saudável. 
A fase de consolidação do ego, de acordo com a teoria de 
desenvolvimento infantil de Winnicott, ocorre entre 3 e 5 anos de 
idade. Durante essa fase, a criança está se tornando mais 
independente e desenvolvendo uma compreensão mais complexa 
do mundo ao seu redor. Ela começa a formar amizades e a 
desenvolver uma noção mais clara de si mesma como indivíduo. 
Nesta fase, a criança aprende a lidar com a realidade externa e a 
desenvolver uma identidade mais sólida. Ela começa a se tornar 
mais autoconfiante e a assumir responsabilidades simples, como 
vestir-se sozinha ou ajudar com tarefas domésticas. 
Os pais desempenham um papel importante nessa fase, 
oferecendo apoio emocional, estabelecendo limites e 
proporcionando oportunidades para a criança explorar o mundo de 
forma segura. Eles devem encorajar a autonomia da criança e 
ajudá-la a lidar com seus sentimentos e emoções. 
É importante ressaltar que cada criança é única e pode atingir 
esses marcos em diferentes idades. Além disso, o desenvolvimento 
infantil é um processo contínuo e gradual, com muitas nuances e 
complexidades. Portanto, é importante que os pais ou cuidadores 
tenham paciência, amor e compreensão enquanto ajudam a criança 
a atravessar essa fase de desenvolvimento. 
A fase de entrada na sociedade, de acordo com a teoria de 
desenvolvimento infantil de Winnicott, ocorre entre 5 e 9 anos de 
idade. Nesta fase, a criança começa a desenvolver um senso mais 
claro de identidade e a se relacionar com o mundo externo de 
maneira mais complexa. 
A criança começa a participar de atividades sociais fora da família, 
como a escola, clubes ou grupos de interesse. Ela aprende a se 
comunicar com outras crianças e adultos, a compartilhar e a 
cooperar com os outros. A criança começa a desenvolver uma 
noção de pertencimento a grupos sociais e culturais e a aprender 
regras e normas sociais. 
Os pais desempenham um papel fundamental nessa fase, ajudando 
a criança a lidar com os desafios e pressões sociais. Eles podem 
apoiar a criança ao incentivá-la a explorar seus interesses e 
paixões, ajudando-a a estabelecer amizades saudáveis e ensinando 
habilidades sociais importantes, como a comunicação eficaz e a 
resolução de conflitos. 
Os pais também devem estar atentos às necessidades emocionais 
da criança, encorajando-a a expressar seus sentimentos e 
emoções de maneira saudável. Ajudar a criança a desenvolver uma 
autoestima saudável e a lidar com as frustrações e desafios sociais 
é fundamental para um desenvolvimento saudável. 
É importante lembrar que cada criança é única e pode passar por 
essa fase em um ritmo diferente. Portanto, é importante que os 
pais estejam atentos às necessidades e interesses individuais da 
criança e forneçam um ambiente de apoio e amor enquanto a 
criança aprende a entrar na sociedade de maneira saudável e 
positiva. 
A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR COMO LINGUAGEM NATURAL 
Na Psicanálise com crianças muito pequenas, a brincadeira é 
empregada no lugar da fala. E nas crianças maiores, inclusive nos 
adultos, as brincadeiras podem ser a forma de acessar conteúdos 
inconscientes. 
Poderá ser através do brincar que a criança irá levar à terapia 
elementos das suas experiências e realidade. E psicoterapeuta vai 
a acolher, entrando no seu mundo. Pois além de ser terapêutico, 
os brinquedos favorecem a comunicação, acessando conteúdos 
internos. E um olhar para esse brincar, possibilitará a escuta. 
Mas o brincar não acontece apenas através do tradicional objeto 
que a nossa cultura nomeia como brinquedo, qualquer objeto pode 
se transformar em brinquedo para a criança e, podendo servir 
como conteúdo criativo. Nem sempre sendo fundamental a 
presença de um objeto, necessário apenas o fantasiar, a 
criatividade, porque a criatividade é inerente ao brincar. 
Com a brincadeira a criança vai a aprender a lidar com a 
agressividade e cria um mundo próprio, situando as coisas do seu 
mundo numa nova maneira, proporcionando prazer para ela. 
Mesmo que diferencie o brincar da realidade, não consegue saber 
o limite entre um e outro, gosta e precisa apoiar os objetos e 
situações imaginando em objetos tangíveis e visíveis da realidade. É 
através da brincadeira que a criança processa o mundo externo e 
projeta os seus conteúdos internos. 
O brincar ajudará a lidar com essas opiniões controversas, pois a 
brincadeira, segundo fornece uma organização para a iniciação de 
relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de 
contatos sociais e, assim, a criança vai compreendendo como 
poderá lidar comas crianças que convive e como resolver quando 
alguma não concordar com ela. 
Há algumas atividades que proporcionam o desenvolvimento motor, 
psíquico e cognitivo. Um exemplo disso é o chocalho, sendo esse um 
dos primeiros brinquedos da criança, onde ele estimula a atenção, 
motricidade fina e ampla. Quando a criança pega o chocalho ela 
morde, chupa, sacode e explora, estimulando assim seu 
desenvolvimento. 
Outras brincadeiras, é de esconder objetos e também do adulto se 
esconder da criança para trabalhar a relação de presença e 
ausência. Trabalha a perda da sua mãe e a volta dela. Isso trabalha 
a ida à escola ou a ida da mãe ao trabalho por exemplo. 
No brincar existem etapas: primeiro a criança brinca sozinha, 
manipulando como ela quer o brinquedo. Depois ela começa a 
interagir com os adultos e, às vezes, até com outras crianças. 
Numa etapa seguinte, brinca com um amigo e começa a descobrir 
as alegrias e as frustrações de brincar em grupo, pois nem 
sempre a sua opinião será válida, assim ela vai crescendo 
emocionalmente. 
É no brincar que a criança elabora hipóteses para resolver seus 
problemas e tomar atitudes que, muitas vezes, passam do seu 
comportamento habitual, ela busca alternativas para transformar 
a realidade, onde através de seus sonhos e desejos a brincadeira 
a ajude, a criar e recriar situações que a angustiam, fazendo com 
que assim satisfaça as necessidades presentes em seu interior. 
É no brincar que a criança coloca toda sua imaginação, onde ela 
tem o espaço para ser e fazer o que quiser, sem um adulto para 
dizer que aquilo é impossível. 
PROBLEMA 4 – FECHAMENTO 
ABORDAR O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO, 
FISIOPATOLOGIA, ABORDAGEM TERAPÊUTICA E 
PREVENTIVA DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA 
(IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA DESNUTRIÇÃO, 
FATORES SOCIAIS, CULTURAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS) 
DESNUTRIÇÃO PROTECO-CALÓRICA – REV. PAUL. PEDIATR. 
A desnutrição proteico-calórica (DEP) pode ser definida como uma 
doença multifatorial de alta letalidade, capaz de promover diversas 
alterações fisiológicas na tentativa de adaptar o organismo à 
escassez de nutrientes. 
EPIDEMIOLOGIA 
Apesar de estudos epidemiológicos indicarem a diminuição da 
prevalência da desnutrição proteico-energética grave no Brasil, a 
doença continua sendo um considerável problema de saúde pública 
no país, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, na área rural 
do Brasil e nos bolsões de pobreza das periferias das grandes 
metrópoles. 
Desde 2001, a notificação compulsória (NT) da desnutrição grave 
é entendida como condição “sine qua non” (essencial; indispensável) 
para a eliminação da desnutrição infantil por causa primária no país. 
Para fins de notificação compulsória, é importante a classificação 
da desnutrição, de acordo com a sua causa básica. Além de gerar 
o conhecimento da desnutrição grave, a NT pode estabelecer 
mecanismos para a investigação com o estabelecimento de ações 
para o controle da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA DEP – REV. PAUL. PEDRIAT. 
A DEP grave acarreta depleção nutricional global do paciente. A 
diminuição dos estoques de glicogênio e gorduras promoverá 
redução da reserva energética, fazendo com que a massa proteica 
se torne fonte de energia. Além da escassez de macronutrientes, 
há deficiência de micronutrientes (vitamina A e E, cobre, magnésio, 
zinco e selênio), contribuindo para a disfunção do sistema imune, 
maior quantidade de radicais livres produzidos e redução da síntese 
de enzimas e proteínas. 
Como os estoques de glicogênio são consumidos rapidamente, o 
organismo passa a produzir glicose por meio de aminoácidos livres 
e glicerol proveniente dos ácidos graxos, aumentando a 
gliconeogênese. Com a intensificação dessas vias alternativas de 
produção de glicose e a redução crescente dos estoques de 
macronutrientes, torna-se difícil a manutenção adequada dos níveis 
séricos de glicose, levando a um quadro de hipoglicemia. 
A hiperglicemia, com a redução dos estoques de glicose e utilização 
de outras vias para produção desse suprimento, há diminuição na 
síntese de insulina e aumento de glucagon, epinefrina e cortisol. A 
elevação do cortisol promove aumento na liberação de ácidos 
graxos livres decorrentes da lipólise e da menor atividade da lípase 
lipoproteica, gerando aumento da resistência à insulina e 
hiperglicemia. 
A hipotermia é um distúrbio comum em crianças com DEP e pode 
se associar a processos infecciosos. Vale lembrar que o desnutrido 
grave pode não apresentar hipertermia como resposta às 
infecções. 
A desidratação é um distúrbio de difícil diagnóstico na DEP grave 
em virtude da ausência de sinais específicos, o que confunde o 
profissional de saúde, pois o desnutrido apresenta escassez de 
tecido subcutâneo e aparência comprometida pela própria doença. 
Os principais sinais e sintomas encontrados são: sede moderada, 
olhos encovados, pulso fraco ou ausente, extremidades frias, 
hipoglicemia, saliva espessa, mucosas secas e letargia. 
CLASSIFICAÇÃO – BRAZILIAN JOURNAL OF HEALTH REVIEW 
A DEP pode ser classificada como: 
Primária infantil 
1. Se relaciona à insuficiência qualitativa ou quantitativa de 
nutrientes na alimentação na primeira infância 
2. Origem etiológica na pobreza, baixas condições sanitárias 
e baixo nível educacional 
Secundária 
1. Quando há doença relacionada e é caracterizada 
principalmente pela falta de absorção de nutrientes em 
decorrência de fatores não alimentícios 
Quanto à gravidade, há as formas leve, moderada e grave. A grave 
baseia-se em critérios clínicos e laboratoriais e é dividida em: 
marasmo, Kwashiorkor e Kwashiorkor-marasmático. 
FISIOPATOLOGIA – ROBBINS E COTRAN 
Existem dois compartimentos proteicos no corpo: o compartimento 
somático, representado pelas proteínas dos músculos esqueléticos, 
e o compartimento visceral, representado pelas reservas 
proteicas nos órgãos viscerais, principalmente o fígado. Esses dois 
compartimentos são regulados de formas diferentes, sendo o 
compartimento somático afetado mais severamente no marasmo, 
e o compartimento visceral esgotado de forma mais severa no 
kwashiorkor. 
MARASMO – ROBBINS E COTRAN 
A criança é considerada com marasmo quando o peso é reduzido 
para 60% do normal para o sexo, altura e idade. 
Uma criança com marasmo sofre retardo de crescimento e perda 
de massa muscular, como resultado do catabolismo e depleção do 
compartimento proteico somático. Isso parece ser uma resposta 
adaptativa que fornece ao corpo aminoácidos como fonte de 
energia. De forma interessante, o compartimento proteico 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
visceral, que presumivelmente é mais precioso e crítico para a 
sobrevivência, sofre depleção apenas marginalmente, e por isso 
os níveis de albumina sérica são normais ou apenas ligeiramente 
reduzidos. 
Além das proteínas dos músculos, a gordura subcutânea também 
é mobilizada e utilizada como combustível. A produção de leptina 
(discutida posteriormente na seção sobre obesidade) é baixa, o que 
pode estimular o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal a 
produzir níveis elevados de cortisol que contribuem para a lipólise. 
KWASHIORKOR – ROBBINS E COTRAN 
O kwashiorkor ocorre quando a privação de proteína é 
relativamente maior do que a redução de calorias totais. 
Essa é a forma mais comum de DPE observada em crianças 
africanas que foram desmamadas muito cedo e posteriormente 
alimentadas, quase exclusivamente, com dieta de carboidratos. 
No kwashiorkor, ao contrário do marasmo, a privação pronunciada 
de proteína se associa com a perda grave do compartimento 
proteico visceral, e a hipoalbuminemia resultante dá origem a um 
edema generalizado ou dependente. 
O peso de crianças com kwashiorkor grave é tipicamente 60-
80% do normal. No entanto, a perda real de peso é mascarada 
pelo aumento na retenção de líquidos (edema). Em contraste com 
o marasmo, há uma relativa preservação de gordura subcutânea 
e massa muscular. A perda modestadesses compartimentos 
também pode ser mascarada pelo edema. 
As crianças com kwashiorkor apresentam lesões cutâneas 
características, com zonas alternadas de hiperpigmentação, 
descamação e hipopigmentação, conferindo aparência de “pintura 
descascando”. As alterações capilares incluem perda total da cor 
ou bandas alternadas com cabelos pálidos e mais escuros, 
alisamento, textura fina e perda de inserção firme ao couro 
cabeludo. 
KWASHIORKOR E MARASMO – SAWAYA 
A presença de edema no kwashiorkor é considerado como 
diagnóstico crucial para diferenciar as duas síndromes, apesar de 
na sua forma típica outras diferenças aparecerem. Os pacientes 
com kwashiorkor edematoso têm frequentemente cabelos finos 
e dermatose típica, enquanto no marasmo existe uma perda 
severa de gordura subcutânea e músculo, com marcante perda de 
crescimento, mas sem edema. 
Ambas as doenças ocorrem mais frequentemente entre crianças 
e bebês vivendo em zonas pobres dos países em desenvolvimento. 
Até a década de 1960, o kwashiorkor foi considerado a forma de 
desnutrição predominante, talvez por causa das suas 
características patológicas e metabólicas exóticas, muito 
diferentes das doenças encontradas na Europa. Hoje, se sabe, 
porém, que o marasmo é muito mais frequente. 
Já o marasmo, é uma condição conhecida há milhares de anos e 
predomina em áreas mais secas onde existe escassez de 
alimentos. Este tipo de desnutrição está associado à fome aguda e 
ao jejum, embora seja observado comumente em todos os países 
pobres onde o consumo energético é inadequado. No Brasil, o 
marasmo é o tipo de desnutrição predominante. No Nordeste onde 
a desnutrição é mais grave, a seca provoca fome e perda de 
crescimento tão marcantes, que foi descrito naquela região um 
tipo especial de desnutrição chamado nanismo nutricional. 
DIAGNÓSTICO – SBP 
Para diagnóstico da desnutrição, é fundamenta considerar os 
aspectos geográficos, pois existem áreas com aspectos 
heterogêneos pelo Brasil, como: 
1. Locais em que a fome por escassez por recursos 
econômicos se estabelece que prevalecem o marasmo 
2. Locais com riqueza de recursos naturais (flora e fauna), 
mas com desconhecimento da oferta adequada dos 
alimentos regionais disponíveis para as crianças 
prevalecem o Kwashiorkor 
a. Dieta com oferta de mingaus contendo apenas 
farinha e água, pobres em proteínas e 
micronutrientes 
A avaliação nutricional pode ser realizada por meio de quatro 
procedimentos básicos: anamnese, exame físico, incluindo a 
aferição de medidas antropométricas, como medida da 
circunferência braquial (CB), e exames laboratoriais. 
Avaliar na anamnese os antecedentes neonatais, nutricionais, 
aspectos psicossociais, condições de saneamento e moradia, 
presença ou não de doenças associadas. 
Na ausência de medidas antropométricas, a desnutrição grave 
também pode ser diagnosticada com base na avaliação clínica, 
verificando-se a presença de emagrecimento intenso visível; 
alterações dos cabelos; dermatoses, hipotrofia muscular e redução 
do tecido celular subcutâneo. 
TRATAMENTO – SBP 
Didaticamente, a terapia nutricional pode ser dividida: 
1ª fase: estabilização 
1. Tratar as morbidades associadas com risco de morte 
2. corrigir as deficiências nutricionais específicas 
3. reverter anormalidades 
4. iniciar a alimentação 
a. no máximo 100 kcal/kg/dia 
b. 130 mL/kg/dia de oferta hídrica 
c. Em caso de má absorção, usar fórmulas 
hidrolisadas à base de aminoácidos 
2ª fase: reabilitação 
1. Progredir a dieta de modo mais intensivo 
a. 150 kcal/kg/dia 
b. 150 a 200 mL/kg/dia 
2. Estimular física e emocionalmente 
3. Orientar a mãe ou cuidador 
4. Preparar a alta 
3ª fase: acompanhamento 
1. Pode ser realizado em hospitais-dia ou ambulatórios 
2. Objetiva prosseguir a orientação, monitorização do 
crescimento e desenvolvimento da criança 
a. Observar a estatura/idade 
LEI DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – CONSEA 
A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do 
direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de 
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a 
outras necessidades essenciais, tendo como base práticas 
alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade 
cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente 
sustentáveis. 
A segurança alimentar e nutricional abrange: 
1. ampliação das condições de acesso aos alimentos por 
meio da produção, em especial da agricultura tradicional 
e familiar, do processamento, da industrialização, da 
comercialização, incluindo-se os acordos internacionais, 
do abastecimento e da distribuição dos alimentos, 
incluindo a água, bem como da geração de emprego e da 
redistribuição de renda; 
2. conservação da biodiversidade e utilização sustentável 
dos recursos; 
3. a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da 
população, incluindo-se grupos populacionais específicos 
e populações em situação de vulnerabilidade social; 
4. a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e 
tecnológica dos alimentos, bem como seu 
aproveitamento, estimulando práticas alimentares e 
estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade 
étnica e racial e cultural da população; 
5. a produção de conhecimento e o acesso à informação; 
6. a implementação de políticas públicas e estratégias 
sustentáveis e participativas de produção, 
comercialização e consumo de alimentos, respeitando- se 
as múltiplas características culturais do país 
 
ELUCIDAR O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO, 
FISIOPATOLOGIA, ABORDAGEM TERAPÊUTICA E 
PREVENTIVA DA ANEMIA FERROPRIVA E DEFICIÊNCIA DE 
FERRO 
ANEMIA FERROPRIVA – MEDCEL 
A anemia ferropriva é a carência nutricional e a doença 
hematológica mais prevalente no mundo, provocada pela deficiência 
de ferro no organismo e acarreta prejuízos a curto e longo prazos 
no desenvolvimento neuropsicomotor e na aprendizagem, além de 
comprometimento na resposta do sistema imunológico. 
EPIDEMIOLOGIA 
Na faixa pediátrica, acomete, principalmente, os grupos 
vulneráveis, entre 0 a 2 anos, e os adolescentes. Entre todas as 
idades, a faixa mais acometida é entre 9 a 24 meses, atingindo 
aproximadamente 42% das crianças menores de 5 anos em 
países em desenvolvimento e cerca de 17% nos países 
industrializados. 
No Brasil, a prevalência de anemia se mostra superiores a 30%, 
podendo chegar a 60%. Nas últimas décadas ocorreu aumento 
gradativo desse número. No estado de São Paulo, houve aumento 
da prevalência de 25% nas décadas de 1980 e 1990. 
Na adolescência, a anemia carencial está relacionada, 
especialmente, à fase do estirão, quando há maior consumo de 
ferro para o crescimento, associado a aumento na incorporação 
de massa muscular nos rapazes e perdas menstruais irregulares 
nas moças, especialmente em meninas entre 12 e 15 anos. 
DEFINÇÃO 
A determinação baseia-se nos níveis de hemoglobina (Hb), 
observando-se os valores variáveis conforme a faixa etária. 
IDADES VALORES 
6 a 59 meses < 11 g/dL 
5 a 11 anos < 11,5 g/dL 
12 a 14 anos < 12 g/dL 
Gestantes <11 g/dL 
Os níveis de Hb são altos ao nascimento e declinam entre 2 e 3 
meses no RN a termo e entre 1 e 2 meses no RN pré-termo. Esse 
declínio é considerado como anemia fisiológica do lactente. Na 
verdade, o que ocorre é a queda dos níveis de Hb em decorrência 
de uma adaptação à vida extrauterina. Há queda progressiva até a 
sexta a oitava semanas de vida nos RNs a termo e até a terceira 
a sexta semanas dos RNs prematuros, em que os níveis vão de 9 
a 11 g/dL e 7 a 9 g/dL, respectivamente. Isso se deve à supressão 
da eritropoese, uma vez que há redução da síntese da 
eritropoetina, pelo aumento importante da oxigenação sanguínea e 
tecidual, com o início da respiração pulmonar, após o nascimento. 
À medida que as hemácias fetais ficam velhas e são destruídas, o 
ferro é armazenado no sistema reticuloendotelial. Com isso, as 
reservas de ferro serão adequadas durante o período que dura 
até a vigésima semana de vida.Atingindo os valores referidos, 
parece haver redução inicial da oferta de oxigênio para a demanda 
tecidual. Os sensores hepáticos e renais são ativados em seguida, 
fazendo que a eritropoetina seja produzida novamente. Portanto, 
os valores de Hb reduzidos verificados nos primeiros meses de 
vida, entre a faixa dos 2 e 3 meses, são considerados apenas 
resposta fisiológica, não havendo, na verdade, carência de ferro 
nem anemia. 
FISIOPATOLOGIA 
As principais razões que determinam o quadro de anemia 
ferropriva são: 
1. Período de alto metabolismo e crescimento acelerado; 
2. Ingestão inadequada de alimentos; 
3. Perdas sanguíneas gastrintestinais crônicas, como na 
presença de ingestão de leite de vaca, parasitoses 
intestinais, doenças diarreicas agudas e refluxo 
gastrintestinais. 
O ferro é obtido pela dieta e por reciclagem eritrocitária e a 
anemia é entendida como uma queda importante e totalizada do 
mineral no organismo, de forma que afete e reduza seus estoques. 
O processo de produção dos eritrócitos é fracionado em dois 
mecanismos: de proliferação – onde ocorre a mitose – e o de 
maturação – onde ocorre a adesão da hemoglobina à hemácia, com 
participação ativa do ferro. 
Duas proteínas importantes são responsáveis pelo transporte e 
estoque do ferro: a ferritina – responsável pelo armazenamento 
– e a transferrina – responsável pelo transporte através do 
plasma. 
A transferrina é liberada conforme a demanda às necessidades 
de ferro o organismo, ou seja, com o aumento da eritropoiese, 
essa proteína será expressa em maior quantidade. 
Ao ser consumido, o ferro é absorvido pela porção duodenal do 
intestino, onde parte dele é excretado nas fezes, parte estocado 
no fígado, baço e medula óssea como ferritina e parte circula no 
plasma através da transferrina. O ferro circulante é carreado até 
a medula óssea e lá ocorre a adesão do mineral à hemoglobina 
presente nos eritrócitos. Como também, quando maduros, os 
eritrócitos são fagocitados, a hemoglobina é metabolizada pelo 
fígado e pelo baço e o ferro liberado novamente na corrente 
sanguínea 
Um importante hormônio peptídico regulador homeostático do 
ferro é a hepcidina, produzida no fígado. A sua função é controlar 
a quantidade de ferro liberada pelos macrófagos para a medula 
óssea bem como, conduzir a mobilização e exportação dos 
estoques de ferro e mediar absorção do mesmo por via entérica. 
Sendo o principal hormônio responsável pelo controle do ferro 
circulante no plasma. Quando há deficiência de ferro, a hepcidina 
é suprimida aumentando a absorção e os níveis de ferro nos 
enterócitos. Como também, eleva os níveis do mineral nos 
macrófagos e nos hepatócitos. Esse processo acontece devido a 
interação do complexo hepcidina-ferroportina na membrana 
celular. Na ausência de internalização do complexo, a ferroportina 
libera o canal de exportação do ferro. 
Toda via, quando o estoque de ferro esplênico e hepático é utilizado 
e a absorção de ferro gastrointestinal é insuficiente mesmo sendo 
acionados mecanismos de reparação, o ciclo de reciclagem do ferro 
é comprometido e depreciado, desencadeando a eritropoiese com 
restrição de ferro. 
QUADRO CLÍNICO 
A ferropenia é um estado lento, e muitos sintomas não são 
observados pelos familiares, o que dificulta e atrasa o diagnóstico 
inicial, podendo comprometer o futuro da criança. 
Sintomas gerais e inespecíficos: anorexia, palidez, perversão do 
apetite (pica), geofagia, apatia, adinamia, irritabilidade, cansaço, 
fraqueza muscular e dificuldade na realização e de atividade física. 
Alterações da pele e mucosas: palidez, glossite, quelite angular, 
candidíase em orofaringe, coiloniquia ou presença de estrias 
longitudinais na unha. 
Alterações gastrointestinais: estomatite e disfagia. 
Sintomas gerais moderados: fadiga, fraqueza, palpitação, redução 
da função cognitiva, do crescimento e do desenvolvimento com 
queda dos percentis de peso e altura. 
Sintomas severos: insuficiência cardíaca congestiva e dilatação 
cardíaca. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é dado, principalmente, por meio laboratorial em 
exames. De acordo com cada fase da doença, tem-se algum achado 
laboratorial. 
Na abordagem da anemia ferropriva, tendo em vista a Atenção 
Integrada às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI), deve-se 
classificar a palidez palmar, pois esse parâmetro demonstrou boa 
sensibilidade e variou de 60 a 90%, conforme os níveis de Hb. Para 
verificar se há palidez palmar, deve-se comparar a palma da mão 
da criança com a coloração palmar da mãe ou do profissional de 
saúde, não portadores de anemia. Se a palidez palmar for leve, a 
anemia poderá ser considerada leve, caso contrário, poderá ser 
considerada grave. 
 
A OMS estabelece como ponto de corte para diagnóstico de 
anemia valores de hemoglobina menores que 11g/dl e 11,5g/dl para 
crianças de 6 a 60 meses e crianças de 5 a 11 anos de idade, 
respectivamente. 
A anemia ferropriva é considerada microcítica, identificada pela 
redução do Volume Corpuscular Médio (VCM), e hipocrômica, 
determinada pelos valores baixos de Hemoglobina Corpuscular 
Média (HCM) e Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média 
(CHCM), além de elevado índice de anisocitose, observado pelo 
aumento de Red cell Distribution Width (RDW), formatos não usuais 
(poiquilocitose), eritrócitos em formato oval (eliptocitose). 
 
TRATAMENTO 
Baseia-se na correção dos fatores desencadeantes, reposição de 
nutrientes e profilaxia. 
ALIMENTAR 
Adaptar as necessidades específicas para cada faixa etária; 
Respeitar hábitos alimentares da família e disponibilidade de 
alimentos; 
Estimular a oferta de carnes vermelhas, pois o ferro dessas 
(heme) é muito melhor absorvido que o contido em alimentos de 
origem vegetal; 
Estimular o aleitamento materno, pois o ferro presente nele é mais 
bem absorvido que o leite de vaca; 
Consumir frutas cítricas, feijão e temperos que contém ferro 
(salsa, coentro, cheiro-verde); 
Não oferecer leite de vaca após refeições devido ao efeito 
alcalinizante e à presença de cálcio que dificultam a absorção de 
ferro. O leite de vaca também pode promover micro hemorragias 
gastrintestinais; 
Não oferecer chá preto, mate ou café em horário próximo às 
refeições, devido aos filatos e tanatos que dificultam a absorção 
do ferro; 
Aumentar a oferta de alimentos que possibilitam alta absorção de 
ferro: frutas cítricas, hortaliças, abóbora e tomate. 
MEDICAMENTOSO 
REPOSIÇÃO ORAL DE FERRO 
O tratamento medicamentoso mais comum é a reposição de ferro 
via oral. A dose de reposição oral de ferro depende da idade do 
paciente, do déficit estimado do ferro, da rapidez com que precisa 
de correção e dos efeitos colaterais. 
A dose recomendada diária é de 3 a 5 mg/kg/dia, chegando a 150 
mg a 200 mg de ferro elementar, dividida em duas a quatro fases 
tomadas ao dia. Um comprimido de 325 mg de sulfato ferroso 
possui 65 mg de ferro elementar, então 3 comprimidos fornecem 
195 mg de ferro elementar (recomendado). Ferro elementar = 
sulfato ferroso / 5. A duração é de no mínimo 8 semanas, para 
que, após a correção dos valores de Hb, seja assegurada a 
reposição de estoques de ferro elementar/kg/dia até no máximo 
200 mg. 
O sulfato ferroso deve ser administrado uma a duas horas antes 
das refeições, preferencialmente com uso associado à vitamina C 
ou a alimentos ácidos. Em casos de efeitos colaterais como pirose, 
diarreia, constipação, náuseas e vômitos, a administração pode ser 
feita junto com as refeições, porém é uma exceção. 
É uma terapia eficaz para a maioria dos pacientes, possui baixo 
risco de eventos graves, baixos custos iniciais, porém com alguns 
efeitos colaterais gastrointestinais comuns e é inadequado para 
perda de sangue grave ou contínua e para administração por 
longos períodos. 
Dentre os diversos tipos de sais de ferro disponíveis para a 
suplementação destacam-se o sulfato ferroso, o fumarato 
ferroso e o gluconato ferroso. Os sais de ferro são eficazes na 
correção da hemoglobinae reposição dos estoques de ferro, 
apresentam baixo custo e a rápida absorção (difusão ativa e 
passiva, no duodeno). A suplementação com sais de ferro também 
exige cautela quanto ao excesso de dosagem, uma vez que a 
oxidação do ferro ferroso gera radicais livres, e a absorção do 
ferro excessiva eleva a saturação da transferrina e o ferro livre 
no plasma, tóxico para o metabolismo. Por sofrer influência dos 
componentes dietéticos, a suplementação com sais de ferro deve 
ser realizada longe das refeições, recomendando-se a tomada em 
jejum, 1 hora antes das refeições ou antes de dormir. 
INDICAÇÕES DE FERRO PARENTERAL 
É indicado em caso de má absorção do ferro oral por doença 
celíaca, gastrectomia e síndromes disabsortivas, intolerância ao 
ferro oral, paciente não colaborativo, IRC em diálise. É eficaz para 
a maioria dos pacientes, possui uma correção rápida da anemia e 
resolução dos sintomas, possui uma capacidade de administração 
de altas doses em uma única infusão, sem efeitos colaterais 
gastrointestinais. A infusão intravenosa é monitorada, possui risco 
de ração alérgica e possui altos custos iniciais. 
PROFILAXIA 
A profilaxia baseia-se em medidas que visem à promoção de 
melhorias das condições de saúde da população, desde adequado 
pré-natal, assistência ao parto e puerpério, até condições 
socioeconômicas e culturais. 
De acordo com o Programa Nacional de Suplementação de Ferro 
do Ministério da Saúde: 
RN a termo, com peso 
adequado para a idade 
gestacional em aleitamento 
materno exclusivo 
1 mg/kg/dia do 6º ao 24º 
mês 
RN pré-termo e RN de baixo 
peso até 1500 g 
2 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
RN pré-termo com peso 
entre 1000 g a 1500 g 
3 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
RN pré-termo com peso < 
1000 g 
4 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, em 2018, houve 
revisão e publicou um novo consenso para a suplementação: 
RN a termo, com peso 
adequado para a idade 
gestacional em aleitamento 
materno 
1 mg/kg/dia do 3º ao 24º 
mês 
RN a termo ou pré-termo de 
peso adequado para idade 
gestacional ou peso acima de 
2500 g 
1 mg/kg/dia do 3º ao 24º 
mês de vida 
Prematuros e RN a termo 
com peso entre 1500 a 
2500 g 
2 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
RN pré-termo com peso 
entre 1000 g a 1500 g 
3 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
RN pré-termo com peso < 
1000 g 
4 mg/kg/dia a partir do 30º 
dia de vida até 1 ano e 1 
mg/kg/dia até o 24º mês de 
vida 
 
EXPLANAR SOBRE A INFLUÊNCIA NUTRICIONAL NO 
CRESCIMENTO DOS GERMES DENTÁRIOS E ERUPÇÃO 
DENTÁRIA 
ODONTOGÊNESE – KATCHBURIAN 
Os germes dentários seguem, subsequentemente, as fases de 
botão, capuz, campânula, coroa e raiz. A formação específica dos 
diversos tecidos que constituirão o dente e suas estruturas de 
suporte, entretanto, inicia-se a partir da campânula. 
Inicia-se como resultado da interação entre o epitélio oral e o 
ectomesênquima subjacente, originando a banda epitelial primária 
e, em seguida, a lâmina dentária. 
 
FASE DE BOTÃO 
Após a proliferação inicial, a lâmina dentária passa a apresentar, 
em alguns locais, atividades mitóticas diferenciadas. A partir da 
oitava semana de vida intrauterina, em cada arco, originam-se dez 
pequenas esférulas que invadem o ectomesênquima (início da 
formação dos germes). 
Costumam-se observar numerosas imagens de mitose, fato que 
reflete sua alta atividade proliferativa. Por sua vez, o 
ectomesênquima subjacente apresenta nesta fase, denominada 
"botão': uma discreta condensação de suas células em torno da 
parte mais profunda da esférula epitelial. 
Nessa região do ectomesênquima condensado, aparecem duas 
importantes moléculas, a glicoproteína tenascina e o sindecan -1, 
um proteoglicano rico em sulfato de heparana 
As duas moléculas interagem tanto com as próprias células 
ectomesenquimais e com outros elementos da matriz extracelular 
quanto com fatores de crescimento, especialmente com o fator 
de crescimento de fibroblastos. 
 
FASE DE CAPUZ 
Com uma continuação da proliferação epitelial, o botão não continua 
a crescer uniformemente, apresentando um crescimento desigual 
que faz parecer um chapéu, por isso o nome “capuz”. 
No centro da sua parte mais profunda, o capuz epitelial apresenta 
uma concavidade, sob a qual é observada maior concentração de 
células ectomesenquimais. 
Provavelmente a razão para o aumento da condensação seja a 
interação célula-matriz extracelular, na qual a tenascina e o 
sindecan-1 continuam desempenhando importante papel. 
Como o botão epitelial está em ativa proliferação, possivelmente a 
maior condensação ectomesenquimal seja, em parte, fisicamente 
responsável pela concavidade inferior do capuz: é provável que a 
resistência criada pela condensação ectomesenquimal localizada na 
parte central faça com que a proliferação epitelial do botão resulte 
principalmente no crescimento da sua borda. 
 
A porção epitelial, que, a partir desta fase, apresenta várias 
regiões distintas, denomina-se "órgão do esmalte': pois é 
responsável pela formação do esmalte dentário. As células 
localizadas na concavidade adjacente à condensação 
ectomesenquimal constituem o epitélio interno do órgão do esmalte 
e as células localizadas na convexidade externa do capuz epitelial 
constituem o epitélio externo do órgão do esmalte. 
As células que ficam na região central do órgão do esmalte, entre 
o epitélio interno e o externo, vão se separando umas das outras, 
observando-se, entre elas, maior quantidade de substância 
fundamental rica em proteoglicanos. Desse modo, essas células 
adotam uma forma estrelada, com vários prolongamentos que 
estabelecem contatos entre si pelos desmossomos. Em razão da 
forma das células, essa porção central do órgão do esmalte é 
chamada de "retículo estrelado''. 
 
Ao mesmo tempo, o ectomesênquima aumenta seu grau de 
condensação de maneira que se observa claramente uma massa 
de células muito próximas umas das outras. Essa condensação 
celular, denominada papila dentária a partir desta fase do 
desenvolvimento, é responsável pela formação da dentina e da 
polpa. 
O ectomesênquima que rodeia tanto o órgão do esmalte quanto a 
papila dentária sofre uma condensação de modo que suas células 
alinham-se em torno do germe em desenvolvimento, formando uma 
cápsula que o separa do restante do ectomesênquima da maxila e 
da mandíbula, é a responsável pela inserção do dente, isto é, do 
cemento, do ligamento periodontal e do osso alveolar. 
Ainda nessa fase, capilares penetram o folículo dentário, 
especialmente na região adjacente ao epitélio externo do órgão do 
esmalte. Assim, a nutrição da porção epitelial do germe dentário 
provém da vascularidade do folículo. 
FASE DA CAMPÂNULA 
Após a fase de capuz, a proliferação das células epiteliais e, 
portanto, o crescimento do órgão do esmalte vai diminuindo. Nessa 
nova fase, a parte epitelial do germe dentário (órgão do esmalte) 
apresenta o aspecto de um sino com sua concavidade mais 
acentuada e, consequentemente, com suas margens mais 
aprofundadas. Isso faz com que a fase seja chamada de 
campânula. 
Com a diminuição da atividade mitótica nas células epiteliais e 
ectomesenquimais, ocorre a diferenciação das células do germe 
dentário. 
Na porção epitelial, a região central correspondente ao retículo 
estrelado continua a crescer em volume por causa do aumento da 
distância entre as células e seus prolongamentos. Esse fenômeno 
é provocado pela maior quantidade de água, associada a outras 
moléculas, como os proteoglicanos. As células do epitélio externo 
do órgão do esmalte são achatadas, tornando-se pavimentosas; as 
do epitélio interno, por sua vez, alongam-se, constituindo células 
cilíndricasbaixas com núcleo central. 
Por outro lado, na campânula, na região em que os epitélios externo 
e interno do órgão do esmalte se encontram, ao nível da borda do 
sino, forma-se um ângulo agudo (alça cervical). 
 
A porção da lâmina dentária, entre o órgão do esmalte e o epitélio 
bucal, desintegra-se. Além disso, em geral, o osso do processo 
alveolar em formação acaba rodeando completamente o folículo 
dentário, constituindo a cripta óssea. 
FASE DE COROA 
A fase de coroa é denominada também “fase avançada de 
campânula” e corresponde à deposição de dentina (dentinogênese) 
e esmalte (amelogênese) da coroa do futuro dente. A dentinogênse 
ocorre de fora para dentro (centrípeta) e a amelogênese ocorre 
de dentro para fora (centrífuga). 
FASE DA RAIZ 
Inicia quando a dentinogênese e a amelogênese alcançam a região 
da alça cervical., a qual sofre um dobramento (encontra o osso 
alveolar abaixo) para região central da polpa formando o Diafragma 
Epitelial e a Bainha Epitelial de Hertwing, que induzirá as células da 
papila dentária a se diferenciarem em odontoblastos, e começam 
a secretar a Dentina Radicular. A formação da dentina radicular no 
ápice radicular marca o final da odontogênese. 
Como a continuação da proliferação da bainha coincide com o início 
do processo de erupção dentária, enquanto vai sendo formada a 
raiz do dente, o germe dentário movimenta-se no sentido 
coronário. 
ERUPÇÃO DENTÁRIA – SBP 
A sequência eruptiva é a mesma em ambos os sexos, pois começa 
com os incisivos centrais, incisivos laterais, primeiros molares, 
caninos e segundos molares. Diferenças entre os gêneros foram 
observadas nas médias de erupção para os dentes. 
Comparando os grupos no tocante à erupção dental decídua em 
meses, verificou-se que a erupção dentária no sexo masculino se 
inicia mais precocemente, porém o seu período médio de erupção 
é maior do que o do feminino. 
MOVIMENTAÇÃO PRÉ-ERUPTIVA 
O início da formação das raízes juntamente com o crescimento do 
germe dentário pela deposição de dentina e esmalte faz com que 
o dente se movimente ocorrendo reabsorção da cripta óssea que 
circunscreve o germe 
ERUPÇÃO INTRA ÓSSEA 
É a fase que corresponde a penetração do germe dentário até a 
mucosa oral. A formação e reabsorção das paredes da cripta 
óssea constituem os principais eventos dessa fase. 
PENETRAÇÃO NA MUCOSA 
Isto se dá no momento em que as cúspides alcançam a altura da 
crista alveolar (via eruptiva formada). Logo depois há a fusão do 
epitélio reduzido do esmalte com o epitelio oral isso faz com que o 
conjuntivo não seja exposto sem que haja sangramento no ato da 
erupção dentaria. 
ERUPÇÃO PRÉ OCLUSAL 
Ocorre logo após a penetração do dente na cavidade bucal, fatores 
intra bucais como forças musculares, hábitos e crescimento crânio 
facial interferem no direcionamento do movimento dental até sua 
chegada no plano oclusal. 
ERUPÇÃO PÓS OCLUSAL 
Este processo continua durante toda a vida. As forças 
mastigatórias atuam nessa fase e proporcionam movimentos 
diminutos ao dente essa ação transmite estímulos até as 
estruturas de inserção dental que proporciona alterações 
constantes nos tecidos periodontais. A ausência do dente 
antagonista promove a extrusão do dente irrompido. 
ANORMALIDADES DENTÁRIAS – SBP 
Tanto a falta quanto o excesso de dentes podem ocorrer. Essas 
anomalias numéricas podem ser classificadas em hiperdontia, 
hipodontia, oligodontia e anodontia. 
HIPERDONTIA 
Quando a lâmina dental produz uma quantidade de germes 
dentários maior que o normal, ocorrem dentes supranumerários 
(hiperdontia). A região mais frequentemente acometida é entre os 
incisivos centrais superiores. O supranumerário nessa região é 
denominado mesiodens ou mesiodente. É confirmado por 
radiografia quando ainda não há erupção. Frequentemente, 
supranumerários atrapalham a posição e a erupção dos dentes 
normais adjacentes. Assim, a assimetria na erupção dentária e a 
retenção prolongada de dentes decíduos são achados clínicos que 
podem estar associados à presença de dentes a mais. Uma 
característica clínica muito comum na ocorrência de mesiodens é 
a presença de amplos espaços (diastemas) entre os incisivos 
centrais superiores. 
HIPODONTIA 
A hipodontia (ausência de um ou mais dentes) é mais frequente na 
dentição permanente, mas quando há ausência de dente decíduo, 
normalmente ocorre ausência do sucessor permanente. Os 
terceiros molares são os dentes mais afetados e, posteriormente, 
os segundos pré-molares e os incisivos laterais 
TAURODONTISMO 
A taurodontia é consequência de um distúrbio de desenvolvimento 
em que a bainha epitelial de Hertwig não invagina corretamente em 
um nível normal, repercutindo em um aumento do corpo e da 
câmara pulpar de um dente multiradicular, predominantemente 
molares permanentes, pelo deslocamento do assoalho pulpar no 
sentido apical 
AMELOGÊNESE IMPERFEITA 
Grupo de defeitos hereditários do esmalte, não havendo associação 
com quaisquer outros defeitos generalizados. Esta patologia pode 
ser de origem autossômica dominante, autossômica recessiva ou 
ligada ao cromossomo X. 
NUTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO – MENOLI, ET AL 
Os fatores nutricionais indubitavelmente exercem um papel crítico 
no desenvolvimento de dentes decíduos devido ao período 
relativamente curto de mineralização desses dentes quando 
comparados aos permanentes. Os principais nutrientes envolvidos 
com a odontogênese são cálcio, fosfato, vitaminas A, C, D e o 
balanço proteico-energético. 
Todas as etapas do crescimento, incluindo a odontogênese, 
dependem da presença da quantidade de nutrientes apropriada à 
construção celular e formação de enzimas. O efeito da falta de 
nutrientes adequados depende da velocidade de instalação, 
severidade e duração da deficiência. 
Deficiências no esmalte dentário podem ser ocasionadas pela má 
nutrição generalizada, deficiência de vitamina A, vitamina D, 
fósforo, hipocalcemia e doenças que interferem no metabolismo 
do cálcio, entre elas o hipotireoidismo, o hipoparatireoidismo e o 
diabetes materno não controlado, estando este associado também 
ao baixo peso ao nascimento e parto prematuro. 
As deficiências nutricionais ocorridas nos primeiros períodos de 
desenvolvimento da maturação dentária podem levar a alterações 
no esmalte e na sequência eruptiva. Estas alterações podem ser 
consideradas marcadores de situações adversas ocorridas no 
período perinatal e nos primeiros anos de vida da criança. O baixo 
peso ao nascer é considerado o indicador que melhor retrata fatos 
ocorridos durante o período fetal, pois reflete as condições 
nutricionais do recém-nascido e da mãe durante a gestação. 
As alterações em decorrência de interferências durante o 
crescimento e desenvolvimento dentário tornam-se permanentes, 
uma vez que o esmalte dentário é o único tecido duro que não é 
remodelado e de acordo com a localização do defeito no esmalte, 
é possível identificar o provável período da vida no qual o distúrbio 
aconteceu, pois existe um período específico para a formação dos 
grupos dentários. 
Transtornos ocorridos na fase de odontogênese podem causar 
defeitos de esmalte, como as hipoplasias e as opacidades, estes 
tornam-se fatores preditores da cárie nas populações, devido ao 
esmalte hipoplásico ser mais susceptível à colonização por 
Streptococosmutans. 
INFLUÊNCIA DA DIETA – MUNIZ, ET AL 
Dentre os processos da odontogênese, está a formação do 
esmalte, conhecida como amelogênese. Esta possui três fases 
distintas: deposição da matriz do esmalte; calcificação e maturação. 
Nos casos onde a deficiência nutricional surge logo após o início da 
formação ou secreção da matriz orgânica,a alteração no elemento 
dentário resulta em uma hipoplasia do esmalte de aspecto rugoso 
com diminuição ou ausência na qualidade e quantidade de esmalte. 
Se esta deficiência ocorrer após o processo de maturação, a 
aparência será uma hipocalcificação expressa por manchas 
brancas, circundadas por esmalte normal. 
CONDIÇÃOBUCAL E EFEITO ERUPTIVO – BATISTA, MOREIRA E 
CORSO 
Com relação ao retardo na erupção dos dentes, Alvarez et al. 
avaliaram, em estudo longitudinal, o efeito do estado nutricional 
sobre o momento de esfoliação e erupção dentária e na 
experiência de cárie dentária em crianças, demonstrando que a 
desnutrição nos primeiros anos de vida atrasa o desenvolvimento 
dentário e resulta em aumento de cárie na dentição decídua. Ainda 
em relação ao retardo na erupção, Enwonwu observou que a 
deficiência de iodo atrasa a cronologia da erupção dental, e 
alterações nos padrões de crescimento dos dentes podem, 
consequentemente, acarretar no futuro, má oclusão. De acordo 
com Gerlach et al.20, os problemas nutricionais estão relacionados 
com alterações na estrutura e na composição do dente, assim 
como no retardo da erupção e esfoliação dental. 
As evidências de que a desnutrição pode conduzir também a um 
atraso da erupção dos dentes decíduos são contraditórias na 
literatura. 
A nutrição desempenha um papel importante no desenvolvimento 
e crescimento dos germes dentários e na erupção dentária. A 
formação e desenvolvimento dos dentes ocorrem durante a fase 
fetal e continuam após o nascimento, durante a infância e 
adolescência. 
Uma nutrição adequada durante a gravidez e a infância é essencial 
para o desenvolvimento normal dos dentes e ossos. A falta de 
nutrientes como cálcio, fósforo, vitamina D e proteínas pode 
afetar o desenvolvimento dos dentes e causar atraso na erupção 
dentária. 
O cálcio e o fósforo são os principais nutrientes necessários para 
o desenvolvimento normal dos dentes. A vitamina D é necessária 
para a absorção adequada do cálcio e fósforo, enquanto as 
proteínas são importantes para a formação dos tecidos dentários. 
Além disso, a deficiência de vitaminas do complexo B, 
especialmente a vitamina B2, pode afetar negativamente o 
crescimento e desenvolvimento dos dentes. O ferro é outro 
mineral importante para o desenvolvimento normal dos dentes e 
ossos. 
Uma dieta rica em açúcares, alimentos processados e carboidratos 
refinados pode causar cárie dentária e afetar a erupção dentária 
normal. Por outro lado, uma dieta equilibrada, com muitas frutas e 
vegetais, alimentos integrais, proteínas magras e laticínios pode 
ajudar a promover o desenvolvimento adequado dos dentes e 
ossos. 
 
EXPLICAR OS PRINCIPAIS ACIDENTES DOMÉSTICOS 
INFANTIS MAIS RECORRENTES, BEM COMO A CORRETA 
PREVENÇÃO 
As causas externas de morbidade e mortalidade são compostas 
por dois grupos de eventos: os acidentes ou traumas não 
intencionais e as violências ou traumas intencionais. 
Acidente é um evento não intencional e evitável, causador de lesões 
físicas e/ou emocionais, decorrente de um trauma, no âmbito 
doméstico ou outro, bem como em determinadas atividades ou 
situações, por exemplo, na escola, na prática de esportes e lazer, 
no trânsito ou no trabalho. 
EPIDEMIOLOGIA – SBP 
Os tipos de acidentes aos quais crianças e adolescentes podem ser 
expostos variam com a faixa etária, a etapa do desenvolvimento, 
o estilo de vida, o local de moradia e a qualidade da supervisão pelos 
responsáveis. Podem ocorrer sob a forma de quedas, aspiração ou 
deglutição de corpo estranho, sufocação, queimaduras, ingestão ou 
contato externo com substâncias tóxicas, afogamentos, choques 
elétricos, relacionados ao trânsito, com animais, dentre outros. 
As principais causas de internação entre crianças e adolescentes 
por acidentes são as quedas e as queimaduras; 
Segundo o DATASUS, o número de crianças e adolescentes 
internados em 2019 em consequência de acidentes foi de 177.108, 
que representou 17,5% do total em todas as idades. Ao comparar 
o mesmo período em 2020, cujo total foi de 159.888 registros, 
verifica-se que, no período de isolamento social por conta da 
pandemia de Covid-19, a redução do número total de casos de 
internação hospitalar na faixa etária de 0 a 19 anos por acidentes 
foi de apenas 9,7%, o que reforça o fato de que a maioria dos 
traumas não intencionais acontece nas residências e seus 
entornos. 
Os principais acidentes que acometem faixa etária de: 
0 A 6 MESES – SBP 
Os recém-nascidos e lactentes até os 6 meses de idade 
apresentam habilidades motoras ainda muito limitadas, com total 
dependência dos cuidadores e, consequentemente, vulneráveis a 
riscos atribuídos ao descuido dos seus responsáveis. 
O cuidado dessas crianças requer uma atenção contínua e medidas 
passivas de prevenção, além de cautela com distrações. 
QUEDAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Não deixar o bebê sozinho em lugares de onde ele possa 
cair 
a. A partir dos 4 meses, a criança já rola e 
podem cair de locais como o trocador de 
fraldas 
2. Não deixar que crianças carreguem bebês de colo 
3. Baixar o estrado e o colchão do berço assim que a 
criança se sentar 
a. Logo ficam em pé com apoio e podem cair 
b. As grades devem ser resistentes e não 
permitem que sejam usadas de apoio para 
subir nelas 
c. A lateral do berço deve sempre ser mais alta 
que a altura do bebê até a sua axila 
4. Bebês pequenos não devem dormir em redes 
5. Cuidado com pisos molhados enquanto carrega a criança 
6. Usar trava de segurança em carrinho de bebê e em 
equipamentos para carrega-lo 
QUEIMADURA 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Não segurar nem manusear nada quente com um bebê 
de colo 
2. Testar a temperatura da água do banho com o cotovelo 
antes de pôr o bebê 
3. Manter o bebê longe de fontes de fogo ou calor, como 
aquecedores, lamparinas, lampiões, fogões, ferros de 
passar, churrasqueira e lareiras 
4. Não ter álcool 70% líquido em casa e nem o utilizar para 
nenhum fim 
a. É altamente inflamável 
5. Nunca usar álcool em gel perto de fontes de fogo 
6. Cigarros e similares devem ser proibidos em ambientes 
com crianças e próximo a elas 
ASPIRAÇÃO/SUFOCAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Não dar alimentos em pedaços duros ou grandes para o 
bebê pelo risco de engolir inteiro pela falta de dentes 
2. Roupas de cama devem ter o tamanho do berço para 
que a criança não se enrole nelas 
3. Não deixar objetos ou brinquedos no berço para não 
puxar para cima do rosto 
4. O berço deve ter grades de material resistente e de 
intervalos pequenos para evitar que o bebê prenda a 
cabeça 
5. Não colocar correntes na chupeta pata não enrolar em 
torno do pescoço 
a. Se usar, prender na roupa e nunca maior que 
15 cm 
6. Se precisar usar chupeta e mamadeira, não usar 
nenhuma que solte os componentes 
7. Não colocar o bebê para dormir no leite com adultos 
AFOGAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Nunca deixar o bebê sozinho na banheira ou em locais 
com água, como piscinas, bacias, baldes, mesmo se já 
sentar sem apoio 
2. Baldes e outros utensílios de armazenamento ou uso com 
água devem ficar vazios, com a boca virada para baixo e 
em lugares inacessíveis à criança quando em uso 
INTOXICAÇÃO/ENVENENAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Atenção à dose, horário e vias de administração dos 
medicamentos antes de serem dados ao bebê 
2. Nunca dar remédios ao bebê que não tenham sido 
prescritos por médico, mesmo os considerados naturais 
3. Evitar uso de utensílios de guarda de alimentos e 
brinquedos plásticos que contenham bisfenol e não 
devem ir ao microondas 
4. Garantir que os brinquedos sejam de material atóxico 
5. Não ter planta tóxica ou venenosa em casa e evitar ir a 
lugares que tenham 
7 A 12 MESES – SBP 
O lactente conquista rapidamente novos marcos do 
desenvolvimento motor, o que propicia deslocamento livre no 
ambiente, seja através do engatinhar ou da marcha. 
Por volta dos nove meses passa a dominar a habilidade da pega em 
pinça com os dedos polegar e indicador, tornando-se capaz de 
pegar e segurar objetos pequenos, com o risco de levá-los à boca 
ou ao nariz e causar engasgo e aspiração.Asfixias e quedas são os acidentes mais frequentes no primeiro 
ano de vida. Os responsáveis devem tomar cuidado com distrações 
e desatenções, pois essa faixa etária exige vigilância constante, 
até maior que a anterior. 
O bebê não faz relação de causa e efeito até cerca de dois anos 
de idade e, mesmo que se machuque em certa atividade, voltará a 
fazê-la se não for impedido, pois não entende que aquele ato é que 
lhe provocou o dano e a dor. 
QUEDAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Deve manter as recomendações anteriores 
2. Usar cadeirão de alimentação com cinto de segurança 
3. Instalar portões de segurança em escadas na parte 
superior e inferior, para impossibilitar o acesso 
4. Instalar redes, telas e grades de proteção nas janelas 
nas varandas e vãos de escada 
5. Manter cadeiras e sofás longe dos móveis para não 
servir de degraus para locais mais altos 
6. Fixar armários e utensílios mais leves, como televisores, 
na parede, para que não caiam sobre a criança 
7. Proteger quinas dos móveis 
8. Tudo da criança deve ter selo do Inmetro 
9. Andador é completamente contraindicado EM 
QUALQUER IDADE 
QUEIMADURAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Alimentos e utensílios quentes devem ser colocados ao 
centro da mesa e nunca na extremidade 
a. Evita que eles puxem 
3. Usar toalhas que não pendam na lateral da mesa 
a. Evita que puxem para cima delas o conteúdo 
junto 
CHOQUE ELÉTRICO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Colocar protetores em todas as tomadas que não estão 
sendo usadas 
2. Não usar fios desencapados 
3. Usar os móveis para esconder as tomadas e fios 
4. Não usar extensões ao alcance de crianças 
5. Manter aparelhos elétricos desligados quando sem uso e 
fora do alcance de crianças 
SUFOCAMENTO/ASPIRAÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não dar alimento com caroços ou sementes ou grãos 
3. Nunca deixar objetos pequenos ou brinquedos com 
partes pequenas ao alcance de uma criança que já é 
capaz de fazer a pinça 
4. Não deixar ao alcance sacos plásticos, cordões e fios 
5. Não usar e não deixar brincar com lata de talco ou outros 
produtos em pó 
AFOGAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Tampas dos vasos sanitários devem ser mantidas 
fechadas e com travas de segurança, assim como 
máquina de lavar roupa, banheiras 
3. Visualização fácil ao redor de piscinas e portões na 
entrada, sempre mantidos fechados 
4. Nunca usar boias circulares ou de braço como proteção 
ao afogamento 
5. Brinquedos aquáticos infláveis só podem ser usados com 
a presença de um adulto ao lado e com seu domínio 
INTOXICAÇÃO/ENVENAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não ter soda cáustica ou outros produtos cáusticos em 
casa ou em ambientes que a criança frequente 
3. Inseticidas, pesticidas e outras substâncias tóxicas não 
devem ser deixadas ao chão ou em tomadas baixas, ao 
alcance da criança 
a. Ratoeiras devem ser deixadas completamente 
fora do alcance da criança 
1 A 2 ANOS 
As crianças são muito ativas e curiosas e adquirem maior 
capacidade de locomoção, podendo se deslocar de forma 
independente, porém ainda não desenvolveram noção de perigo, o 
que associado a comportamentos de teimosia e birra, normais e 
esperados nessa idade, em que procuram expressar suas 
vontades, se autoafirmar e testar os limites dos pais, podem 
ampliar os contextos perigosos e torná-las susceptíveis a 
acidentes. 
QUEDAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Deve manter as recomendações anteriores 
2. Não permitir que uma criança carregue outra 
3. Quando a criança for para a cama, manter protetores 
nas laterais e nunca a colocar para dormir em camas 
altas, como beliches 
4. Evitar dormir e brincar em redes 
5. Criança em cadeira de alimentação devem sempre estar 
com cinto de segurança 
6. Verificar o peso e estatura da criança para cadeiras de 
alimentação e assentos 
7. Evitar deambulação em pisos molhados enquanto carrega 
a criança 
QUEIMADURAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
CHOQUE ELÉTRICO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Colocar protetores em todas as tomadas que não estão 
sendo usadas 
SUFOCAMENTO/ASPIRAÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não deixar ao alcance sacos plásticos, cordões e fios 
3. Atenção às brincadeiras pois podem ficar presas em 
armários ou lugares com pouca ventilação 
AFOGAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Crianças não podem ficar sozinhas em locais aquáticos 
3. Ambientes aquáticos próprios para o lazer, deve ser 
utilizados coletes de modelo salva-vidas 
INTOXICAÇÃO/ENVENAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não deixar bolsas e sacolas com remédios, balas e outros 
produtos não seguros 
3. Cuidado com dispersores de álcool gel e hipoclorito de 
sódio para não serem acessíveis 
4. Manter higienizadores, produtos de limpeza e qualquer 
produto tóxico fora do alcance em lugares altos e 
trancados 
a. Preferir produtos com tampa de segurança à 
prova de abertura de crianças 
2 A 5 ANOS 
As crianças vão conquistando gradualmente habilidades cada vez 
mais complexas, com aumento da autonomia e ampliação das áreas 
de exploração. Há aumento da curiosidade e questionamentos – é 
a idade dos porquês, do pensamento mágico e o estágio de imitação 
dos adultos. 
Nesta etapa a criança ainda necessita de supervisão rigorosa e 
proteção, pois ainda não há o desenvolvimento de julgamento 
crítico. 
QUEDAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não delegar a uma criança ou outro adolescente o 
cuidado de uma criança 
3. Evitar que essas crianças brinquem em parquinhos e 
redes sem supervisão de um adulto 
4. Proibir acesso a lajes, escadas e locais altos sem 
proteção 
5. Bicicletas e brinquedos desse porte devem ser usados 
adequados ao tamanho da criança 
a. Usar EPIs 
6. Verificar sempre o bom estado e funcionamento dos 
brinquedos, como freios e pneus 
QUEIMADURAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não permitir a entrada desassistida de crianças na 
cozinha 
a. Proibido uso de fogão e micro-ondas 
3. Preferência ao preparo de frituras e alimentos fervidos 
nas bocas de trás do fogão 
4. Uso de álcool em gel apenas com a supervisão de um 
adulto e apenas quando não for possível o acesso a água 
e sabão 
5. Guardar fósforos, isqueiro e substâncias inflamáveis 
CHOQUE ELÉTRICO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não permitir brincadeiras próximo às redes elétricas 
3. Não deixar aparelhos eletrônicos acessíveis à criança 
próximo a banheiras, piscinas e outras coleções de água 
SUFOCAÇÃO/ASPIRAÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Manter a supervisão em festas e reuniões com outras 
crianças 
a. Não deixar brincar com pedaços de bexiga de 
látex 
AFOGAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não deixar crianças próximas de piscinas, tanques, poços 
de água, cisternas ou espelhos d’água 
3. Usar coletes salva-vidas em ambientes aquáticos, nos 
banhos de piscina 
4. Iniciar aulas de natação a partirdos 4 anos com 
profissional qualificado 
INTOXICAÇÃO/ENVENENAMENTO 
 Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Manter remédios fora do alcance e do conhecimento da 
criança, em lugares altos e trancados 
3. Nunca transferir produtos tóxicos para garrafas de 
outros produtos, como refrigerantes 
6 A 10 ANOS 
Novas habilidades cognitivas emergem e as crianças começam a 
desenvolver a habilidade de pensar de forma lógica e de entender 
um pouco as noções de segurança, desde que explicadas suas 
razões e ensinadas. 
Por outro lado, estão expostas à influência de sua impetuosidade e 
impulsividade, bem como dos amigos e da mídia. É fundamental que 
os pais mantenham uma comunicação saudável com seus filhos, 
auxiliando-os a reconhecer situações de riscos e estimulando a 
assumirem alguma responsabilidade com a própria segurança, não 
podendo ser dispensadas a supervisão e atenção direta do adulto. 
Crianças não podem permanecer sozinhas nem estar sob suas 
próprias decisões e escolhas. 
QUEDAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não deixar as crianças sozinhas, sem supervisão de 
adulto responsável 
3. Orientar e supervisionar de perto o uso de brinquedos 
ou brincadeiras de atividade intensa, como subir em 
árvores 
QUEIMADURAS 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
CHOQUE ELÉTRICO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Não deixar adaptadores de equipamentos elétricos livres 
plugados na tomada e sem estar conectados com seu 
aparelho 
3. Não permitir brincadeiras com pipas perto de redes 
elétricas 
4. Não permitir o uso de cerol nos fios de pipas 
ASPIRAÇÃO/SUFOCAÇÃO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
AFOGAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Manter atenção ativa em ambientes aquáticos 
3. Utilizar coletes salva-vidas para a criança brincar e na 
prática de esportes em ambiente aquático 
4. Não utilizar brinquedos infláveis e vestimentas que 
impeçam a movimentação livre 
a. Caudas de sereia 
5. Não permitir mergulhos com saltos e trampolim para 
crianças não aptas e em locais desconhecidos ou de baixa 
profundidade 
6. Contratar serviço salva-vidas em festas domesticas em 
locais com piscina 
7. Estimular aulas de natação feitas com profissionais 
qualificados e em ambientes seguros 
INTOXICAÇÃO/ENVENENAMENTO 
Nessa faixa etária, podem ser preveníveis com técnicas como: 
1. Manter as recomendações anteriores 
2. Orientar a criança a verificar com ela a necessidade de 
atenção à dose e via dos medicamentos prescritos por 
médicos a serem administrados 
3. Orientar sobre os riscos e impedir o acesso a 
substâncias tóxicas e nocivas ao organismo, inclusive as 
estimuladas pela internet 
 
QUEDAS E OUTROS ACIDENTES COMUNS – SBP 
As quedas se destacam nas crianças devido às características 
próprias do desenvolvimento, como curiosidade e falta de 
coordenação motora. O grupo com maior risco de cair é o de 
lactentes de 0 a 2 anos de móveis, escadas e andadores. 
Os andadores, por conferirem maior mobilidade, acabam expondo 
as crianças a situações de risco. A maioria das lesões ocorre 
quando a criança cai da escada com o andador, entretanto, eles 
também oferecem acesso a lugares que as crianças não 
conseguiriam atingir, expondo-as, portanto, a objetos quentes 
como porta de forno, pontiagudos, piscina, venenos e produtos de 
limpeza. Dessa forma, lesões provocadas por andadores podem 
ser graves, incluindo lesões de cabeça e pescoço, queimaduras e 
afogamentos. Além dos riscos de acidentes, podem atrasar o 
desenvolvimento motor, sendo totalmente contraindicados. 
Pré-escolares de 2 a 6 anos apresentam riscos que envolvem 
altura por estarem em idade de se aventurar. Destacam-se as 
quedas de janelas, além de quedas de móveis como cama e beliche, 
equipamentos de recreação, playgrounds, degraus e escadas. 
Quedas relacionadas a atividades recreativas e esportivas são mais 
frequentes entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos. 
É preciso lembrar de alguns detalhes como: ter cuidado com as 
chaves dos ambientes, para evitar que uma criança se tranque em 
um cômodo inadvertidamente (por exemplo, no banheiro), verificar 
periodicamente brinquedos, móveis, telas ou rede de proteção para 
detectar avarias e garantir a segurança. Os brinquedos devem 
estar adequados à faixa etária. Toda residência deve ter extintor 
de incêndio em período de validade, em local acessível. 
Recomenda-se que a família sempre mantenha os documentos em 
local de fácil acesso para a necessidade de saída inesperada em 
busca de atendimento emergencial e tenha anotado os telefones 
do centro de controle de intoxicações. 
As condições socioambientais desfavorecidas são um fator de 
risco significativo para os traumas acidentais na infância. 
 
CORRELACIONAR A FRATURA ÓSSEA COM A 
DESNUTRIÇÃO (RAQUITISIMO) 
O osso consiste em uma matriz proteica denominada osteóide e 
em uma fase mineral, composta principalmente de cálcio e fosfato, 
predominantemente na forma de hidroxiapatita. 
A osteomalácia ocorre por defeito na mineralização da matriz 
óssea, se apresenta na vida adulta e é uma das causas de baixa 
densidade mineral óssea; raquitismo é o defeito de mineralização 
das cartilagens de crescimento na criança e se apresenta com 
retardo no crescimento e deformidades esqueléticas. 
O raquitismo é uma doença caracterizada pela diminuição da 
mineralização da placa epifisária de crescimento e a osteomalácia 
é caracterizada pela diminuição da mineralização do osso cortical e 
trabecular, com acúmulo de tecido osteóide não mineralizado ou 
pouco mineralizado. São processos que, em geral, ocorrem 
associados. Após o fechamento da cartilagem epifisária, ao término 
do crescimento, apenas a osteomalácia permanece 
O retardo da mineralização óssea, característico do raquitismo, 
deve-se a anomalias dos mecanismos homeostáticos que controlam 
as concentrações dos íons cálcio e fósforo, nos fluidos 
extracelulares, indispensáveis para a mineralização. 
Como o osteóide e a cartilagem da placa de crescimento continuam 
a se expandir, embora a mineralização seja inadequada, há 
espessamento da placa de crescimento. Há também aumento da 
circunferência da placa de crescimento e metáfise, aumentando a 
largura do osso no local onde estão as placas de crescimento e 
causando algumas manifestações clínicas clássicas, como a 
ampliação dos punhos e tornozelos. Há amolecimento generalizado 
dos ossos, fazendo-os se curvar facilmente sob a ação de forças 
como peso ou tração muscular. Este amolecimento acarreta várias 
deformidades ósseas. 
O raquitismo é causado principalmente pela deficiência de vitamina 
D e sua incidência era muito alta no Norte da Europa e nos Estados 
Unidos nos primeiros anos do século XX. Embora este problema 
tenha sido amplamente corrigido por meio da adoção de medidas 
de saúde pública para fornecimento adequado de vitamina D às 
crianças, o raquitismo continua sendo um problema persistente em 
países desenvolvidos, com muitos casos sendo ainda secundários à 
deficiência nutricional evitável de vitamina D. 
ETIOLOGIA – NELSON 
Existem muitas causas de raquitismo, incluindo os distúrbios de 
vitamina D, deficiência de cálcio, deficiência de fósforo e acidose 
tubular renal distal. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A maioria das manifestações clínicas de raquitismo resulta de 
alterações esqueléticas. O craniotabes consiste no amolecimento 
dos ossos cranianos e pode ser detectado por meio da 
digitopressão sobre o osso occipital ou sobre os ossos parietais. 
▪ Em características gerais são encontradas: falhas no 
crescimento, abdômen saliente, enfraquecimento 
muscular(especialmente na região proximal), fraturas. 
▪ Na cabeça são encontrados: craniotabes, saliência 
frontal, retardo do fechamento da fontanela, retardo da 
dentição, cáries, cranissinotose. 
▪ No tórax são encontrados: rosário raquítico (conjunto de 
pequenas saliências palpáveis ao nível das articulações 
condrocostais). 
▪ No dorso são encontrados: escoliose, cifose, lordose. 
▪ Nos membros são encontrados: alargamento dos punhos 
e tornozelos, deformidades em valgo ou varo, dor na 
perna. 
Radiologicamente o raquitismo é caracterizado por epífises e 
metáfises alargadas, “em taça”, com linhas de mineralização 
irregulares, sem contornos definidos e atraso na maturação. Nas 
demais regiões observam-se os sinais de osteomalácia, com 
osteopenia generalizada, encurvamento dos ossos longos, varismo 
ou valgismo em membros inferiores, pseudofraturas (zonas de 
Looser) que são mais frequentes em colo de fêmur, omoplata e 
púbis, fraturas, deformidades na caixa torácica e coluna vertebral: 
vértebras bicôncavas, cifoescoliose, lordose acentuada. 
 
DISCORRER O PAPEL GOVERNAMENTAL NA GARANTIA 
DOS DIREITOS AS RELAÇÕES LABORAIS, COM ÊNFASE 
BIOPSICOSSOCIAL 
ATESTADO MÉDICO VINCULADO AO TRAALHO – CREMESP 
Atestado ou certificado é um documento que tem objetivo firmar 
a veracidade de um fato ou a existência de determinado estado, 
ocorrência ou obrigação. É um instrumento destinado a reproduzir, 
com idoneidade, uma específica manifestação do pensamento 
médico. 
Portanto é uma declaração por escrito de uma dedução médica e 
suas consequências, que tem a finalidade de resumir, de forma 
objetiva e singela o resultado do exame de um paciente, sua doença 
ou sua sanidade, e as consequências mais imediatas. 
É fornecido por qualquer médico que esteja no exercício regular 
de sua profissão. Tem como propósito sugerir um estado de 
sanidade ou doença, anterior ou atual, para fins de licença, dispensa 
ou justificativa de faltas ao serviço, entre outros. 
Mesmo tão singelo e desprovido de formalidades o atestado médico 
admite, estando o médico inscrito regularmente no Conselho 
Regional de Medicina competente, possuir competência para 
atestar, independentemente de especialidade, desde que se sinta 
capacitado para tanto. 
O atestado vinculado ao trabalho é aquele que são usados pelo 
trabalhador para garantir que tem condições físicas e mentais 
para desempenhar uma determinada função ou, ao contrário, para 
garantir seu benefício empregatício para o afastamento, quando 
necessário. 
ATESTADO PARA O AFASTAMENTO DO TRABALHO 
A recomendação ao afastamento ocorre quando a doença 
apresentada acarreta na necessidade de paralisação temporária 
ou definitiva das funções do atendido, resultando em justificativa 
de falta ao trabalho, licença ou dispensa. Caso a doença tenha sido 
adquirida pela função que o funcionário exerça, o médico pode 
sugerir, em atestado, que esta pessoa seja remanejada por 
motivos de saúde. 
Caso a finalidade do atestado seja o afastamento do trabalho por 
motivo de doença, sugere-se ao médico definir no documento o 
período necessário para o tratamento, recomendações e 
restrições médicas. 
QUEM ARCA? 
Primeiro ponto a ser lembrado: durante o período de afastamento 
do trabalhador por licença médica, este não poderá ser demitido 
do emprego. 
O pagamento dos primeiros quinze dias de afastamento da pessoa 
com vínculo empregatício (exceto empregados domésticos) é de 
responsabilidade da empresa, sendo o médico do trabalho ou 
congênere (por exemplo, “terceirizado”) quem receberá e analisará 
os atestados apresentados. 
Permanecendo o afastamento, o trabalhador deve ser 
encaminhado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), para ser 
submetido à perícia médica, que concluirá pela concessão ou não 
do benefício. Em caso positivo, cabe ao INSS o pagamento do auxílio-
doença até que o atendido recupere sua capacidade laboral. 
A cessação do benefício do INSS corresponde à liberação do INSS 
para que o funcionário volte ao trabalho. Ao retornar, depois de 
afastamento por período igual ou superior a 30 dias por motivo de 
doença, acidente ou parto, deve passar pelo médico do trabalho da 
empresa, que promoverá exame médico específico, com a 
consequente expedição do ASO. 
DECLARAÇÃO PARA ACOMPANHANTE 
Trata-se de documento em que o médico declara, a pedido do 
interessado, que determinada pessoa acompanhou o doente 
durante consulta, exames diversos e internação hospitalar. 
Até 2016, o médico não era obrigado a fornecer a declaração de 
comparecimento do acompanhante, pois a legislação trabalhista 
não disciplinava quanto ao abono de faltas tampouco se 
manifestava quanto à obrigatoriedade das empresas em recebê-
la, salvo se existisse acordo, convenção ou dissídio regulamentado 
a matéria para categorias diferenciadas. Ainda que não fosse 
obrigatório, era visto como adequado pelo ponto de vista ético e 
prático, em especial aos acompanhantes pediátricos, geriátricos ou 
de pessoas fragilizadas pela doença. 
Em 2016, foi acrescentado à Lei nº 5.452, no artigo 473, verso 
XI, que pode acompanhar o filho de até 6 anos em consulta médica, 
um dia ano. 
Tal declaração de comparecimento fornecida por médicos norteia-
se pelas mesmas normas legais e éticas direcionadas ao atestado 
médico, referentes à veracidade das informações. 
INFLUÊNCIA DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ESTADO 
NUTRICIONAL – JORNAL DE PEDIATRIA 
No Brasil, a alimentação como direito humano é uma conquista 
recente. E em 2010, houve inserção na Constituição, por meio da 
Emenda Constitucional n◦64, de uma determinação legal que 
assegura a alimentação como um direito de toda a população. 
O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) deve ser 
garantido por meio de políticas públicas de Segurança Alimentar e 
Nutricional (SAN). Nesse contexto está inserido Programa Bolsa 
Família (PBF), que, além da transferência de renda, visa à garantia 
de acesso aos direitos sociais básicos. Esse programa foi instituído 
pela Lei nº10.836 em 2004 e consiste no repasse mensal de 
benefícios em dinheiro às famílias cadastradas e tem o objetivo de 
beneficiar aquelas em situação de fome e extrema pobreza. O PBF 
integra o Plano Brasil Sem Miséria e beneficia aproximadamente 
14 milhões de famílias em todos os municípios brasileiros. 
O acompanhamento dos compromissos assumidos pelas famílias e 
pelo poder público, se dá em três áreas: educação, assistência 
social e saúde. A última inclui o acompanhamento do estado 
nutricional das crianças. 
Apesar de os programas de transferência de renda abrangerem 
controvérsias sob a forma pela qual as famílias usamos recursos, 
há evidências de que os auxílios transferidos são usados 
prioritariamente para a aquisição de alimentos. 
As famílias participantes do programa apresentaram menor 
condição socioeconômica, o que confirmou a alta vulnerabilidade 
social dos beneficiários do programa. Os problemas vivenciados 
pelas famílias em situação de pobreza não se resumem à escassez 
de renda monetária, estão, em sua grande maioria, associados ao 
reduzido exercício dos seus direitos como cidadãos e às poucas 
oportunidades a que têm acesso para melhoria de sua qualidade de 
vida. 
Quanto ao estado nutricional, os resultados do presente estudo 
revelam alta taxa de excesso de peso entre os escolares, 
independentemente de serem ou não beneficiários do programa. 
VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA AB – MINISTÉRIO DA 
SAÚDE 
É parte da vigilância em saúde e foi instituída no âmbito do Sistema 
Único de Saúde (SUS) pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 
1990, em seu artigo 6º. 
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan) tem a VAN 
como uma de suas diretrizes, apontando-a como essencial para a 
atenção nutricional no SUS, ou seja, para organização e gestão dos 
cuidados em alimentação e nutrição na Rede de Atenção à Saúde 
(RAS). Essa organização deverá ser iniciada pelo reconhecimento 
da situação alimentar e nutricional da população adstrita aos 
serviçose às equipes de AB. 
A desnutrição ainda é um cenário bastante preocupante no País, 
mesmo com a redução em sua prevalência nos últimos anos. A 
ocorrência desse agravo na infância, diagnosticado com base no 
retardo do crescimento infantil, é um dos maiores problemas de 
saúde pública enfrentados por países em desenvolvimento, 
estando associado ao maior risco de doenças infecciosas e de 
mortalidade precoce, ao comprometimento do desenvolvimento 
psicomotor, ao menor aproveitamento escolar e à menor 
capacidade produtiva na idade adulta. 
Apesar da queda nacional da desnutrição infantil, ainda persistem 
desigualdades regionais, de renda e étnico-raciais., como na Região 
Norte, grupos indígenas, quilombolas e beneficiárias do PBF. 
Recomenda-se que na Atenção Básica sejam realizadas as 
avaliações antropométrica e de consumo alimentar de indivíduos 
em todas as fases do curso da vida: crianças, adolescentes, 
adultos, idosos e gestantes para realizar o acompanhamento do 
estado nutricional. Os principais dados são o peso para a idade, 
estatura para a idade, peso para estatura, índice de massa 
corporal para a idade. 
No contexto do SUS, a agenda do PBF compreende a oferta de 
serviços para a realização do pré-natal pelas gestantes, o 
puerpério pelas nutrizes, o acompanhamento do crescimento e 
desenvolvimento infantil e as ações de imunização, que devem ser 
realizadas nos serviços de Atenção Básica. O acompanhamento das 
condicionalidades de saúde caracteriza o exercício da equidade no 
SUS, pela garantia do acesso aos serviços pelas populações em 
situação de vulnerabilidade social. 
Além de se constituir como condicionalidade de saúde do PBF, o 
acompanhamento nutricional das crianças e gestantes é 
imprescindível para a VAN dos beneficiários, especialmente por 
ser um grupo que convive com dupla carga da má nutrição: 
desnutrição e excesso de peso. O programa apresenta, entre seus 
objetivos, a promoção do acesso à rede de serviços públicos, o 
combate à fome e a promoção da segurança alimentar e 
nutricional. 
A coleta e o registro das informações que compõem o 
acompanhamento das condicionalidades de saúde devem ser 
realizados pelos municípios duas vezes por ano, nos períodos 
compreendidos entre janeiro e junho (primeira vigência) e julho e 
dezembro (segunda vigência). As ações compreendidas no 
acompanhamento das condicionalidades de saúde do PBF já são 
parte da rotina de atenção à saúde da mulher e da criança. Dessa 
forma, nas consultas de pré-natal, no acompanhamento do 
crescimento e desenvolvimento infantil, na suplementação 
profilática com micronutrientes e nas campanhas de vacinação ou 
na rotina de imunizações, é importante identificar se as famílias 
são beneficiárias do PBF e, caso positivo, o momento se torna 
oportuno para a coleta de dados das condicionalidades do programa. 
PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO – 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
A suplementação profilática com sulfato ferroso é uma medida 
com boa relação de custo efetividade para a prevenção da anemia. 
No Brasil, são desenvolvidas ações de suplementação profilática 
com sulfato ferroso desde 2005 – Programa Nacional de 
Suplementação de Ferro (PNSF). 
O PNSF consiste na suplementação profilática de ferro para todas 
as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o 
pré-natal, independentemente da idade gestacional até o terceiro 
mês pós-parto, e na suplementação de gestantes com ácido fólico. 
A compra dos suplementos de ferro destinados ao Programa 
Nacional de Suplementação de Ferro deve ser feita junto ao 
planejamento do componente básico da assistência farmacêutica. 
Dessa forma, os municípios, o Distrito Federal e os Estados (onde 
couber) serão responsáveis pela seleção, programação, aquisição, 
armazenamento, controle de estoque e prazos de validade, 
distribuição e dispensação dos suplementos de sulfato ferroso e 
ácido fólico do Programa Nacional de Suplementação de Ferro 
(Portaria nº 1.555 de 30 de julho de 2013). 
PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA A – 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A consiste na 
suplementação profilática medicamentosa para crianças de 6 a 59 
meses de idade e mulheres no pós-parto por não atingir, pela 
alimentação, a quantidade diária necessária para prevenir a 
deficiência dessa vitamina no organismo. 
A composição da megadose de vitamina A distribuída pelo Ministério 
da Saúde é: vitamina A na forma líquida, diluída em óleo de soja e 
acrescida de vitamina E. O Programa Nacional de Suplementação 
de Vitamina A distribui cápsulas em duas dosagens: de 100.000 UI 
e de 200.000 UI, acondicionadas em frascos, contendo, cada um, 
50 cápsulas gelatinosas moles. As cápsulas apresentam cores 
diferentes, de acordo com a concentração de vitamina A. 
PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 
EXPLANAR O AGENTE ETIOLÓGICO, FISIOPATOLOGIA, 
QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO, E 
TRATAMENTO DE ENTEROPARASITOSES 
AMEBÍASE – NELSON 
ETIOLOGIA 
Três espécies de Entamoeba morfologicamente idênticas, mas 
geneticamente distintas, comumente infectam os seres humanos. 
Entamoeba dispar, a espécie mais prevalente, não causa doença 
sintomática. Entamoeba moshkovskii, anteriomente designada como 
não patogênica, já foi demonstrada causando diarreia em lactentes. 
A E. histolytica é a principal espécie patogênica, causando um 
espectro de doença e pode se tornar invasiva em 4-10% dos 
pacientes infectados. 
Quatro outras espécies de Entamoeba não patogênicas são 
conhecidas por colonizar o trato gastrointestinal humano: E. coli, E. 
hartmanni, E. gingivalis, e E. polecki. 
FISIOPATOLOGIA 
A infecção é adquirida através da ingestão de cistos do parasito, 
os quais medem de 10-18 μm de diâmetro e contêm 4 núcleos. 
Os cistos são resistentes às condições ambientais desfavoráveis, 
incluindo concentrações de cloro comumente utilizadas no 
tratamento da água, mas podem ser mortos por meio do 
aquecimento a 55°C (131°F). Após ingestão, os cistos são 
resistentes a acidez gástrica e enzimas digestivas, e sofrem 
desencistamento no intestino delgado, formando trofozoítos. Estes 
organismos grandes, com mobilidade ativa, colonizam o lúmen do 
intestino grosso e podem invadir o revestimento mucoso. A 
infecção normalmente não é transmitida por meio dos trofozoítos, 
uma vez que estes rapidamente se degeneram no meio externo e 
são incapazes de sobreviver ao pH baixo do estômago se forem 
deglutidos. 
Trofozoítos são responsáveis pela invasão e destruição tecidual. 
Estes se aderem às células do epitélio colônico por meio de uma 
lectina específica – galactose e N-acetil-d-galactosamina. 
Acredita-se que esta lectina também seja responsável pela 
resistência a lise mediada por complemento. 
Quando está aderido à mucosa colônica, os trofozoítos liberam 
proteases que permitem a penetração através da camada epitelial. 
As células do hospedeiro são destruídas por citólise e apoptose. A 
citólise é mediada pela liberação, pelos trofozoítos de ameboporos 
(proteínas formadoras de poros), fosfolipases e hemolisinas. Os 
ameboporos, os quais causam um influxo massivo de cálcio 
extracelular, podem também ser parcialmente responsáveis pela 
indução de apoptose que ocorre na doença hepática amebiana e 
colite. Uma vez que as células hospedeiras tenham sido 
parcialmente digeridas pelas proteases amebianas, o material 
degradado é internalizado através de fagocitose. 
Uma vez tendo invadido a mucosa intestinal, os trofozoítos de E. 
histolytica se multiplicam e se disseminam lateralmente abaixo do 
epitélio intestinal para produzir a úlcera em forma de gargalo de 
garrafa característica. As amebas produzem lesões líticas 
semelhantes se alcançarem o fígado. Essas lesões são comumente 
denominadas de abscessos, apesar de não conterem granulócitos. 
Úlceras bem definidas e abscessos hepáticos amebianos 
demonstram pouca resposta inflamatória local. 
A imunidade à infecção está associada à resposta de IgA secretora 
na mucosa contraa lectina galactose/N-acetil-d-galactosamina. Os 
neutrófilos parecem ser importantes na defesa inicial do 
hospedeiro, mas o dano à célula epitelial induzido por E. histolytica 
libera quimioatrativos para neutrófilos, e E. histolytica é capaz de 
matar neutrófilos, os quais então liberam mediadores que 
posteriormente danificam células epiteliais. A disparidade entre a 
extensão de destruição tecidual pelas amebas e a ausência de uma 
resposta inflamatória hospedeira local, na presença de respostas 
humoral sistêmica (anticorpos) e mediadas por células, pode refletir 
tanto a apoptose mediada pelo parasito como a habilidade do 
trofozoíto de matar não apenas as células epiteliais, mas também 
neutrófilos, monócitos e macrófagos. 
QUADRO CLÍNICO 
Varia de eliminação assintomática de cistos a colite amebiana, 
desinteria amebiana, ameboma e doença extraintestinal. 
COLITE AMEBIANA 
Pode ocorrer dentro de 2 semanas da infecção ou pode ser 
retardada por meses. Tem início gradual, com dores abdominais do 
tipo cólica e evacuações frequentes (6 a 8 dias). A diarreia pode 
estar associada a tenesmo. Afeta todas as faixas etárias, mas é 
muito comum em crianças de 1 a 5 anos de idade. 
ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO 
Manifestação grave da infecção disseminada e incomum em 
crianças. Pode ocorrer meses a anos após a exposição. A febre é 
marcante em crianças e está associada a dor abdominal, distensão 
abdominal e aumento de volume e sensibilidade do fígado. 
DIAGNÓSTICO 
É feito a presença de sintomas compatíveis com a detecção de 
antígenos de E. histolytica nas fezes, com 95% de sensibilidade e 
especificidade e, acompanhado de um teste sorológico, é a forma 
mais precisa de diagnóstico em países desenvolvidos. É possível 
diferenciar as espécies de entamoeba. 
O exame microscópico das fezes possui uma sensibilidade de 60%. 
Com o uso de 3 amostras, a sensibilidade aumenta para 85 a 95%, 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
pois a eliminação dos cistos pode ser intermitente. Não diferencia 
as espécies de entamoebas. 
Endoscopia e biópsias de áreas suspeitas devem ser realizadas 
quando os resultados dos exames das amostras de fezes forem 
negativos e a suspeita de amebíase ainda permanecer grande. 
O teste sorológico mais sensível, a hemaglutinação indireta, 
fornece um resultado positivo mesmo anos após uma infecção 
invasiva. 
TRATAMENTO 
A amebíase invasiva é tratada com nitroimidazóis, como o 
metronidazol ou o tinidazol e então com um amebicida luminal. 
O tinidazol possui uma eficácia similar ao metronidazol, com 
dosagem mais curta e simples e efeitos adversos menos 
frequentes. 
A terapia com nitroimidazóis deve ser seguida pelo tratamento com 
um agente luminal, como por exemplo, paromomicina (o qual é 
preferível) ou iodoquinol. 
Para casos fulminantes de colite amebiana, alguns especialistas 
sugerem adicionar deidroemetina (1 mg/kg/dia subcutaneamente 
ou IM, nunca IV), disponível apenas através do Centro para Controle 
e Prevenção de Doenças. Os pacientes devem ser hospitalizados 
para monitoramento se a deidroemetina for administrada. A 
deidroemetina deve ser descontinuada em caso de 
desenvolvimento de taquicardia, depressão de onda T, arritmia ou 
proteinúria. 
PREVENÇÃO 
É feita através de um saneamento adequado e evitando-se a 
transmissão fecal-oral. Nenhum fármaco profilático ou vacina está 
atualmente disponível para a amebíase. 
 
GIARDÍASE – NELSON 
Giardia lamblia é um protozoário flagelado que infecta o duodeno e 
o intestino delgado. 
ETIOLOGIA 
A giárdia lamblia possui dois estágios no ciclo de vida: trofozoítos e 
cistos. 
FISIOPATOLOGIA 
Giardia infecta seres humanos após estes ingerirem um mínimo de 
10-100 cistos. 
Cada cisto ingerido produz dois trofozoítos no duodeno. Após 
desencistamento, os trofozoítos colonizam o lúmen do duodeno e 
jejuno proximal, onde se fixam à borda em escova das células do 
epitélio intestinal e se multiplicam por fissão binária. O corpo do 
trofozoíto possui a forma de lágrima. 
À medida que os trofozoítos não aderidos passam pelo trato 
intestinal, eles se encistam para formar cistos ovais. Os cistos são 
eliminados nas fezes de indivíduos infectados e podem permanecer 
viáveis na água por até 2 meses. Sua viabilidade normalmente não 
é afetada por concentrações usuais de cloro utilizadas no 
tratamento de água para consumo. 
QUADRO CLÍNICO 
O período de incubação dura de 1 a 2 semanas, com um amplo 
espectro de manifestações clínicas, que depende da relação 
hospedeiro com a G. lamblia. 
Crianças que são expostas a G. lamblia podem apresentar 
eliminação assintomática deste protozoário parasita, ou diarreia 
infecciosa aguda, ou diarreia crônica com sinais e sintomas 
gastrointestinais persistentes, incluindo crescimento insuficiente e 
dor ou cólica abdominal. 
Usualmente não ocorre disseminação extraintestinal, mas 
ocasionalmente trofozoítos podem migrar para os ductos biliares 
ou pancreáticos. 
Infecções sintomáticas ocorrem mais frequentemente em 
crianças do que em adultos. A maioria dos pacientes sintomáticos 
usualmente apresenta um período limitado de doença diarreica 
aguda com ou sem febre baixa, náusea e anorexia; em uma 
pequena proporção de pacientes, se desenvolve um curso 
intermitente ou mais prolongado caracterizado por diarreia, 
distensão abdominal e cólicas, meteorismo, mal-estar, flatulência, 
náusea, anorexia, e perda de peso. 
As fezes inicialmente podem ser profusas e aquosas e mais tarde 
se tornarem gordurosas e mal cheirosas e podem boiar no vaso 
sanitário. 
DIAGNÓSTICO 
A giardíase deve ser considerada em crianças que apresentam 
diarreia aguda não disentérica, diarreia persistente, diarreia e 
constipação intermitente, má absorção, dor abdominal crônica em 
cólica e meteorismo, deficiência de crescimento, ou perda de peso. 
O imunoensaio enzimático fecal (EIA) ou o teste direto para 
anticorpos fluorescentes contra antígenos de Giardia são os testes 
de escolha para giardíase na maioria das situações. EIA é menos 
leitor dependente e mais sensível para detecção de Giardia do que 
a microscopia. 
Tradicionalmente, o diagnóstico da giardíase foi estabelecido 
através da documentação por microscopia de trofozoítos ou cistos 
em amostras de fezes, mas três amostras de fezes são 
necessárias para se atingir uma sensibilidade de > 90% utilizando-
se esta abordagem. 
A aspiração ou biópsia do duodeno ou jejuno superior devem ser 
consideradas em pacientes com sintomas crônicos nos quais se 
suspeita de giardíase, mas nos quais o teste para Giardia em 
amostras fecais apresentou resultado negativo. 
TRATAMENTO 
Crianças com diarreia aguda nas quais organismos do gênero Giardia 
são identificados devem receber terapia específica, além das que 
apresentam deficiência do crescimento ou manifestações de má 
absorção ou sintomas gastrintestinais. 
Indivíduos assintomáticos que eliminam cistos geralmente não 
devem ser tratados, a menos que seja uma situação de controle 
de surtos ou prevenção de transmissão intradomiciliar por crianças 
para gestantes, por exemplo. 
O FDA aprovou tinidazol e nitazoxanida para o tratamento de 
Giardia nos Estados Unidos. O tinidazol possui a vantagem de 
tratamento em dose única e eficácia bastante alta (> 90%), 
enquanto a nitazoxanida possui a vantagem de ser na forma de 
suspensão, alta eficácia (80-90%), e muito pouco efeito adverso. 
O metronidazol, apesar de nunca ter sido aprovado pelo FDA para 
o tratamento de Giardia, também é altamente eficaz (80-90% de 
taxa de cura), e a forma genérica é consideravelmente mais 
barata do que o tinidazol ou a nitazoxanida. 
Alternativas de segunda linha para o tratamento de pacientes com 
giardíase incluem albendazol, paromomicina e quinacrina. 
PREVENÇÃO 
Pessoas infectadas e com risco de infecção devem realizar a 
lavagem adequada das mãos sempre após entrar em contato com 
fezes. 
Métodos para purificar adequadamente a água de reservatórios 
públicos incluem cloração, sedimentação e filtração.A inativação de 
cistos de Giardia pelo cloro requer a coordenação de múltiplas 
variáveis como concentração de cloro, pH da água, turbidez, 
temperatura, e tempo de contato. Estas variáveis não podem ser 
apropriadamente controladas em todos os municípios e são difíceis 
de serem controladas em piscinas. Os indivíduos, especialmente 
crianças que ainda utilizam fraldas, devem evitar banhar-se em 
piscinas, se estiverem com diarreia. Os indivíduos devem também 
evitar ingerir águas de recreação e beber água não tratada 
proveniente de poços artesianos, lagos, nascentes, lagoas, 
córregos e rios. 
Viajantes para áreas endêmicas são aconselhados a evitar 
alimentos não cozidos que possam ter sido cultivados, lavados ou 
preparados com água potencialmente contaminada. 
 
ENTEROBÍASE – NELSON 
ETIOLOGIA 
É causada pela infecção por oxiúro Enterobius vermiculares, 
nematodo pequeno, branco, semelhante a um fio de linha ou com 
forma cilíndrica, que normalmente habita o ceco, o apêndice e as 
áreas adjacentes ao íleo e cólon ascendente. As fêmeas grávidas 
migram à noite para as regiões perineais e perianais, onde 
depositam até 15.000 ovos. A infecção humana ocorre pela via 
fecal-oral normalmente pela ingestão de ovos embrionados que são 
carreados em unhas, roupas, roupa de cama ou poeira domiciliar. 
Após a ingestão, as larvas amadurecem para formar vermes 
adultos em 36-53 dias. 
PATOGÊNESE 
A infecção por Enterobius pode provocar sintomas por estimulação 
mecânica e irritação, reações alérgicas e migração dos vermes 
para sítios anatômicos onde eles tornam-se patogênicos. A 
infecção por Enterobius tem sido associada à infecção 
concomitante por Dientamoeba fragilis, que causa diarreia. 
QUADRO CLÍNICO 
É inócua e raramente causa problemas médicos relevantes. As 
queixas mais comuns incluem prurido e sono inquieto secundário ao 
prurido noturno perianal ou perineal. 
Eosinofilia não é observada na maioria dos casos porque não há 
invasão tecidual. Migração aberrante para locais ectópicos 
ocasionalmente pode levar a apendicite, salpingite crônica, doença 
inflamatória pélvica, peritonite, hepatite e lesões ulcerativas no 
intestino delgado ou grosso. 
DIAGNÓSTICO 
Histórico de prurido perianal noturno em crianças sugere 
fortemente enterobíase. 
O diagnóstico definitivo é estabelecido pela identificação de ovos ou 
vermes. O exame microscópico da fita adesiva de celofane 
pressionada contra a região perianal no início da manhã 
frequentemente demonstra os ovos. Exames repetidos aumentam 
a chance de detectar os ovos. 
O exame retal digital pode também ser usado para a obtenção de 
amostras para preparações úmidas em lâmina. Exames de fezes 
de rotina raramente demonstram os ovos de Enterobius. 
TRATAMENTO 
Deve ser utilizado anti-helmínticos em pacientes infectados e seus 
membros familiares. O albendazol é o tratamento de escolha e 
resulta em taxas de cura que excedem 90%. Outras alternativas 
incluem o mebendazol e pamoato de pirantel. 
O banho matinal remove uma grande parte dos ovos. A troca 
frequente de roupas íntimas e de dormir, assim como de lençóis, 
diminui a contaminação ambiental com ovos, podendo reduzir o risco 
de autoinfecção. 
PREVENÇÃO 
As pessoas que vivem na casa podem ser tratadas juntamente 
com o indivíduo infectado. Tratamentos repetidos a cada três a 
quatro meses podem ser necessários em circunstâncias com 
exposição repetida, como em crianças institucionalizadas. Uma boa 
higiene das mãos é o método mais eficaz de prevenção. 
 
TENÍASE – NELSON 
São formas adultas de cestódeos, helmintos parasitas 
multicelulares, que vivem no intestino humano e causam doenças 
não fatais. Formas larvares invasivas de cestódeos estão 
associadas com cistos que levam a doenças humanas graves, como 
a neurocisticercose e equinococose. 
ETIOLOGIA 
A tênia da carne bovina (Taenia saginata), a tênia do porco (T. 
solium) e a tênia asiática (Taenia asiatica) são longos vermes que 
recebem essas denominações devido aos seus hospedeiros 
intermediários. 
FISIOPATOLOGIA 
Quando as crianças ingerem carne crua ou mal cozida, contendo 
cistos das larvas, o ácido gástrico e a bile facilitam a liberação de 
escólices imaturas que aderem ao lúmen do intestino delgado. Os 
vermes adultos são encontrados apenas no intestino humano. Como 
ocorre na fase adulta de todas as tênias, o seu corpo é composto 
por uma série de centenas ou de milhares de segmentos achatados 
(proglotes) com um órgão de fixação anterior (escólex) que ancora 
o parasita à parede do intestino. 
Novos segmentos surgem a partir da extremidade distal do 
escólex, com segmentos progressivamente mais maduros 
anexados distalmente. Os segmentos terminais amadurecem e 
depois de 2-3 meses produzem ovos que são liberados nas fezes, 
50.000-100.000 ovos. 
A superfície das proglotes serve como um órgão de absorção para 
sequestrar elementos nutricionais do intestino delgado da criança 
para uso do parasita. Existe, às vezes, uma eosinofilia transitória, 
antes que um amadurecimento suficiente do parasita libere os 
ovos. 
Os ovos ou proglotes intactos, mesmo destacados, abandonam o 
corpo da criança através do ânus (na defecação ou separado dela). 
Esses cestoides diferem de modo mais significativo, uma vez que 
a fase intermediária da tênia do porco (cisticerco) também pode 
infectar os humanos e causar acentuada morbidade, enquanto que 
a fase larvária da T. saginata não provoca doença em humanos. A 
T. asiatica é semelhante e, muitas vezes, confundida com a tênia 
da carne bovina. 
QUADRO CLÍNICO 
Sintomas abdominais inespecíficos foram relatados nas infecções 
com as tênias da carne bovina e suína, mas o sintoma mais 
incômodo é o sofrimento psicológico causado pela visão das 
proglotes nas fezes ou roupas íntimas. Os segmentos liberados são 
móveis e podem levar a um prurido anal. 
DIAGNÓSTICO 
Pelo fato de que as proglotes geralmente passam intactas, o 
exame visual das proglotes grávidas nas fezes é um teste sensível; 
estes segmentos podem ser utilizados para identificar as espécies. 
Ovos, pelo contrário, são, muitas vezes, ausentes nas fezes e não 
permitem distinguir entre T. saginata e T. solium. Se o parasita é 
totalmente expulso, o escólex de cada espécie é diagnóstico. 
Os testes de detecção de antígeno estão, cada vez, mais 
disponíveis. 
TRATAMENTO 
Infecções com todos os vermes adultos respondem ao 
praziquantel. Quando disponível, um tratamento alternativo para 
teníase é a niclosamida. A nitazoxanida é, por vezes, também 
eficaz. O parasita é, geralmente, expulso no dia da administração. 
PREVENÇÃO 
O congelamento prolongado ou o cozimento completo da carne 
bovina e da suína determina a morte das formas císticas das larvas 
dos parasitas. Cuidados higiênicos humanos apropriados podem 
interromper a transmissão pela prevenção da bovinocultura. 
 
ASCARIDÍASE – NELSON 
ETIOLOGIA 
É causada pelo nematódeo, ou verme cilíndrico, Ascaris 
lumbricoides. Os vermes adultos de A. lumbricoides habitam a luz do 
intestino delgado e têm um tempo de vida de 10-24 meses. O 
potencial reprodutivo do Ascaris é extraordinário e uma fêmea 
grávida produz 200.000 ovos por dia. 
Após a passagem nas fezes, os ovos embrionam e tornam-se 
infectantes em cinco a 10 dias sob condições ambientais 
favoráveis. Os vermes adultos podem viver por 12 a 18 meses. 
FISIOPATOLOGIA 
Os ovos de Ascaris eclodem no intestino delgado após a ingestão 
pelo hospedeiro humano. As larvas são liberadas, penetram na 
parede do intestino, e migram para os pulmões através da 
circulação venosa. Os parasitos causam então a ascaridíase 
pulmonar à medida que invadem os alvéolos e migram através dos 
brônquios e traqueia. Causa uma sensação de tosse e são 
subsequentemente deglutidos e retornam para o intestino, onde 
amadurecem até vermes adultos. A fêmea de Ascaris começa a 
depositar ovos em oito a dez semanas. 
QUADRO CLÍNICO 
Depende da intensidade da infecção e dos órgãos envolvidos. A 
maioria dos pacientestem cargas parasitárias leves a moderadas 
e não apresenta qualquer sinal ou sintoma. 
Os problemas clínicos mais comuns são decorrentes de doença 
pulmonar e obstrução do trato intestinal ou biliar. A migração de 
larvas através destes tecidos pode causar sintomas alérgicos, 
febre, urticária e doença granulomatosa. 
Os áscaris ocasionalmente migram para o interior dos ductos 
biliares e pancreáticos, onde causam colecistite ou pancreatite. 
A migração do verme através da parede intestinal pode levar à 
peritonite. 
Uma complicação mais grave ocorre quando uma grande massa de 
vermes leva à obstrução intestinal aguda. Crianças com infecções 
maciças podem apresentar vômitos, distensão abdominal e cólicas. 
As manifestações pulmonares assemelham-se à síndrome de 
Loeffler e incluem sintomas respiratórios transitórios, tais como 
tosse e dispneia, infiltrado pulmonar e eosinofilia. 
DIAGNÓSTICO 
O exame microscópico de esfregaços fecais pode ser utilizado 
para o diagnóstico em razão do elevado número de ovos 
excretados pelas fêmeas adultas. Um alto índice de suspeita em 
vigência de um contexto. 
O exame ultrassonográfico do abdome é capaz de visualizar os 
vermes adultos intraluminais. 
TRATAMENTO 
As opções de tratamento para ascaridíase gastrointestinal incluem 
albendazol, mebendazol ou ivermectina. 
O citrato de piperazina causa paralisia neuromuscular no parasito 
e expulsão rápida dos vermes, é o tratamento de escolha para a 
obstrução intestinal ou biliar e é administrado na forma de xarope 
através de uma sonda nasogástrica. 
A cirurgia pode ser necessária para os casos com obstrução 
grave. A nitazoxanida produz taxas de cura comparáveis às do 
albendazol de dose única. 
PREVENÇÃO 
Embora a ascaridíase seja a infecção helmíntica mais prevalente 
no mundo, pouca atenção tem sido dada ao seu controle. 
Programas de quimioterapia anti-helmíntica podem ser 
implementadas em 3 maneiras: 
1. Tratamento universal pra todos os indivíduos em uma 
área de alta enfermidade 
2. Tratamento direcionado para grupos com alta frequência 
de infecção (crianças de escola primária) 
3. Tratamento individual com base na intensidade da 
infecção atual ou prévia 
A melhoria da educação em saúde e das condições sanitárias, assim 
como das instalações de esgoto, interrompendo a prática da 
utilização de fezes humanas como fertilizantes, e educação são as 
medidas preventivas mais eficazes a longo prazo. 
 
DESCREVER O MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS 
COLATERAIS DAS CLASSES MEDICAMENTOSAS ANTI-
PARASITÁRIAS 
METRONIDAZOL – UPTODATE 
O metronidazol é um dos principais fármacos para o tratamento 
de infecções anaeróbias e protozoárias, aprovado pela FDA. O 
metronidazol possui uma atividade especialmente alta in vitro e in 
vivo contra protozoários anaeróbicos. 
 
MECANISMO DE AÇÃO – GOODMAN E UPTODATE 
O metronidazol é um pró-fármaco: requer ativação redutiva do 
grupo nitro pelos organismos suscetíveis. 
O metronidazol é um composto de baixo peso molecular que se 
difunde através das membranas celulares de microrganismos 
anaeróbicos e aeróbicos (a atividade antimicrobiana é limitada a 
anaeróbicos) 
A toxicidade preferencial por organismos anaeróbicos advém do 
metabolismo energético dessas células, diferente das aeróbicas, 
que envolvem no transporte de elétrons elementos como as 
ferredoxinas, proteínas pequenas Fe-S que possuem o potencial 
redox suficientemente negativo para que possa doar elétrons ao 
metronidazol. 
Quando o elétron é transferido para o metronidazol, dá origem a 
um nitrorradical aniônico altamente reativo que destrói os 
organismos suscetíveis mediante a ação do radical sobre o DNA e 
possivelmente sobre outras biomoléculas vitais. 
O metronidazol sofre regeneração catalítica com a perda do 
elétron pelo metabólito ativo; isso recompõe o composto inicial. 
Níveis crescentes de O2 reduzem a citotoxicidade do metronidazol, 
pois o O2 é um competidor para o radical livre, assim, diminui a 
ativação redutiva do metronidazol e aumenta a regeneração do 
fármaco ativado. 
Organismos anaeróbicos mais suscetíveis ao metronidazol derivam 
sua atividade metabólica da fermentação oxidativa de cetoácidos 
como o piruvato. Sua descarboxilação é catalisada pelo sistema 
piruvato:ferredoxina oxidutase (PFOR) que produz elétrons que 
reduzem a ferredoxina, que, por consequência, doa de modo 
catalítico seus elétrons aos aceptores biológicos de elétrons (íons 
de hidrogênio nos transportadores de elétrons) ou o metronidazol. 
A redução do metronidazol cria um gradiente de concentração que 
impulsiona a absorção de mais drogas e promove a formação de 
compostos intermediários e radicais livres que são tóxicos para a 
célula, induzindo a liberação do fosfato de timidina, tendo como 
consequência a ruptura e destruição da dupla hélice do ácido 
nucleico. 
Partículas citotóxicas-intermediárias interagem com o ácido 
desoxirribonucleico (DNA) da célula hospedeira, resultando em 
quebra da cadeia de DNA e desestabilização fatal da hélice do DNA. 
Estudos revelaram a ordem crescente de reatividade do 
metronidazol: adenina, guanosina, timina, uracila, uridina e timidina. 
A lesão do DNA não ocorre de forma aleatória, sendo dependente 
do pH e da composição das bases do DNA. Essa composição é 
importante porque o metronidazol é mais eficaz contra 
microrganismos que possuem alta percentagem de adenina e 
timina (A + T). 
Posteriormente as partículas tóxicas-intermediárias decaem em 
produtos finais inativos 
TOXICIDADE – GOODMAN 
Apenas raramente os efeitos adversos são graves o suficiente 
para provocar a interrupção do tratamento. 
Os mais comuns são a cefaleia, náuseas, boca seca, e um gosto 
metálico na boca. 
Vômitos, diarreia e desconforto abdominal são experimentados 
ocasionalmente. 
Língua saburrosa, glossite e estomatite durante o tratamento 
podem ser sinais de exacerbação de candidíase. 
Tonturas, vertigens, encefalopatia, convulsões falta de 
coordenação e ataxia são efeitos neurotóxicos que indicam a 
descontinuação do metronidazol. Urticária, rubores e prurido 
indicam sensibilidade ao fármaco e podem tornar necessária sua 
interrupção. 
 
IVERMECTINA - GOODMAN 
É um análogo semissintético da avermectina, utilizada como 
inseticida para controle de plantações. Atualmente a ivermectina é 
utilizada no tratamento de uma grande variedade de infecções 
causadas por nematódeos parasitários e artrópodes que infectam 
animais silvestres e domésticos. 
 
MECANISMO DE AÇÃO 
A ivermectina imobiliza os parasitos expostos induzindo paralisia 
tônica na musculatura por meio da ativação de uma família de 
canais de Cl- ativados por ligandos, principalmente os canais de CL- 
controlados por glutamato, que estão, que estão presentes apenas 
nos invertebrados. O influxo de cloro durante uma sinapse gera 
uma carga na célula pós-sináptica negativa, que caracteriza um 
potencial inibitório pós-sináptico (PIP). 
Os canais de Cl- controlados por glutamato estão presentes nas 
células da musculatura faríngea desses vermes e isto é compatível 
com o efeito inibitório potente e acentuado das ivermectinas no 
comportamento alimentar dos parasitos. 
Provavelmente a ivermectina se liga aos canais de Cl- ativados por 
glutamato, que estão presente nas células nervosas ou musculares 
dos nematódeos, causando hiperpolarização em consequência ao 
aumento da concentração em consequência do aumento da 
concentração intracelular do cloreto. Isso paralisa o parasito. 
Os canais de Cl- controlados pelo glutamato provavelmente são um 
dos vários dos locais de ação das ivermectinas nos invertebrados. 
Também se ligam com grande afinidade aos canais de Cl- 
controlados pelo GABA, outro neurotransmissor inibitório, que 
estão presentes nos nematódeos e nos insetos, mas as 
consequências fisiológicas desta ligação ainda não estão bem 
definidas. 
Outro mecanismo descrito na literatura é a alteração da resposta 
imune do hospedeiro, combatendo a inflamação, com efeito 
imunomodulatórioassociado à alteração da resposta de linfócitos 
T, especialmente os linfócitos T-helper. Ratos tratados com 
ivermectina mostraram uma maior produção de anticorpos SRBC, 
que permite visualizar a reação antígeno/anticorpo, sendo a 
resposta imunológica dependente da atividade dos macrófagos e 
linfócitos T. 
TOXICIDADE – GOODMAN E PEDROSO ET. AL., 2020 
Nas filarioses, o tratamento com ivermectina geralmente 
desencadeia uma reação à medida que as microfilárias são 
destruídas, que aumentam de intensidade conforme a quantidade 
de microfilárias presentes. 
Os efeitos colaterais geralmente se limitam a prurido brando e 
linfadenopatia dolorosa, que ocorrem em 5 a 35% dos pacientes, 
persistem por alguns dias e são atenuadas com AAS e pelos anti-
histamínicos. 
Em casos raros podem acontecer reações mais graves como 
febre alta, taquicardia, hipotensão, prostração, tontura, cefaleia, 
mialgia, artalgia, diarreia e edemas facial e periférico e melhoram 
com uso de corticoide. 
 
PIPERAZINA – GOODMAN 
É uma amina secundária cíclica, suplantada como primeira opção de 
anti-helmíntico pelos fármacos mais bem tolerados e mais 
facilmente administrados como derivado benzimidazólicos. 
É altamente eficaz contra Ascaris lumbricoides e Enterobius 
vermicularis. 
MECANISMO DE AÇÃO 
Age por meio de uma paralisia flácida, que resulta na expulsão dos 
vermes por peristalse. Os vermes paralisados são expelidos vivos 
pelos movimentos peristálticos intestinais normais. É administrada 
em conjunto com um laxante, como o sene, para facilitar a expulsão 
dos vermes. A piperazina atua como um agonista, fármaco que 
possui afinidade por um receptor particular e causa uma 
modificação no receptor, nos canais de cloro específicos do 
parasita ligados pelo GABA. 
Em consequência do aumento da condutância de íons cloreto na 
membrana dos músculos do verme, a piperazina causa 
hiperpolarização e reduz a excitabilidade, por um PIP, resultando no 
relaxamento muscular e na paralisia. 
A piperazina inibe a produção de succinato, componente de 
formação durante o ciclo de Krebs, pelo parasita, condição que leva 
à depleção de energia. 
TOXICIDADE – RANG & DALE 
Alterações gastrointestinais, urticária e broncoespasmo. 
Alguns pacientes apresentam tonturas, parestesias, vertigens e 
dificuldade de coordenação. 
 
ELUCIDAR ACERCA DAS CAUSAS DOS DISTÚRBIOS DE 
APRENDIZAGEM NA FASE ESCOLAR 
O QUE SÃO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICAS? – 
HUDSON 
Em qualquer sala de aula haverá, entre os estudantes, uma 
variedade de habilidades acadêmicas, de personalidade, de pontos 
fortes e fracos. Normalmente, os alunos têm desempenho 
bastante uniforme em todas as matérias, porém pode haver 
alguns que sejam muito bons em algumas coisas, mas tenham um 
desempenho surpreendentemente ruim em outras. É essa 
disparidade que identifica indivíduos com Dificuldades de 
Aprendizagem Específicas (DAEs). 
Tais indivíduos não podem ser curados e não “superam” suas 
dificuldades, mas podem ser ensinados a descobrir uma série de 
estratégias de enfrentamento alternativas para ajudá-los a 
assimilar e reter informações, passar nas provas e se tornar 
adultos bem-sucedidos. Eles geralmente têm muitos talentos e 
habilidades em outras áreas que podem ter um impacto 
considerável na carreira escolhida. 
As DAEs mais comuns que podem ser encontradas nas salas de 
aula tradicionais são: 
1. Dislexia: problemas de leitura, escrita e ortografia 
2. Discalculia: problemas com números 
3. Disgrafia: problemas físicos com escrita à mão 
4. Dispraxia: problemas de movimento e coordenação 
5. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): 
baixa capacidade de concentração, comportamento 
agitado e impulsivo 
6. Transtornos do espectro autista (TEA): dificuldades 
sociais e de comunicação, constrangimento na interação 
social, discurso factual desprovido de imaginação e 
preocupação com interesses muito restritos, como a 
síndrome de Asperger 
7. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): preocupações e 
medos infundados (obsessão) que levam a padrões 
repetitivos de comportamento (compulsão) 
A informação é recebida através de três canais principais: 
1. o que vemos: visual; 
2. o que ouvimos: auditivo; 
3. o que sentimos: cinestésico. 
A maioria das pessoas tem um canal ou estilo de aprendizagem 
preferido. As lições mais bem-sucedidas são o máximo possível 
multissensoriais. Isso incentiva os alunos a usar os três canais de 
aprendizagem e o conteúdo da lição é reforçado de várias 
maneiras. 
É importante lembrar que alguns alunos com DAEs podem ter 
problemas para assimilar e recordar o conteúdo apresentado de 
uma só forma e, portanto, é vital usar uma variedade de 
abordagens e canais de aprendizagem para interagir com eles 
DISLEXIA – HUDSON 
O QUE É A DISLEXIA? 
Indivíduos com dislexia têm dificuldade com a linguagem escrita e, 
por isso, têm problemas de leitura, escrita e ortografia. 
A dislexia ocorre em todos os níveis de capacidade intelectual. 
Acredita-se que afete até 10% da população, com intensidade 
variando de leve a grave. 
A dislexia geralmente é algo de família, o que sugere que pode 
haver uma ligação genética. Às vezes, ela se manifesta com 
condições alérgicas, como asma, eczema ou febre do feno. 
Técnicas de captação de imagens do cérebro mostram que 
indivíduos com dislexia processam informações de forma diferente 
dos outros. Eles tendem a pensar mais em imagens do que em 
palavras e fazem conexões laterais rápidas. 
Problemas auditivos na primeira infância, como a otite média com 
efusão, ou deficiências visuais, como as dificuldades de 
rastreamento ocular, não causam dislexia, mas podem ser fatores 
contribuintes. 
Em geral, a dislexia é descoberta devido a uma discrepância entre 
a boa capacidade oral de um aluno e seu desempenho medíocre ou 
ruim no papel. Alunos que fazem contribuições sensatas e 
inteligentes em sala de aula, mas que, constantemente, 
apresentem resultados de testes e exames abaixo do esperado, 
apesar da dedicação. Eles também parecem cometer erros 
“bobos” devido à má interpretação de perguntas ou instruções. 
Pessoas com dislexia podem apresentar alguns indicadores, mas 
nem todos eles, o que pode parecer confuso: 
LEITURA 
A leitura se mostra com dificuldades, imprecisa e lenta, pois, além 
de fazer a troca de letras, números, ele também não compreende 
o que leu, pois ainda se preocupa com o que está escrito. 
1. leitura lenta 
2. leitura muitas vezes imprecisa 
3. aluno nem sempre compreende o que leu, pois está 
concentrado em decifrar as palavras, resultando na 
perda do sentido geral 
4. imprecisões durante leitura aumenta sob pressão 
5. pode substituir uma palavra visualmente semelhante que 
comece com a mesma letra 
6. tem dificuldade de compreensão de textos por escrito, 
muitas vezes pela leitura errônea das palavras, ou por 
deixar passar palavras fundamentais 
7. grandes blocos de textos e letras pequenas são 
intimidadoras 
8. inverte letras ou algarismos na leitura de palavras ou 
números 
ORTOGRAFIA 
1. ortografia incongruente da mesma palavra, muitas vezes 
dentro de um mesmo trabalho escrito 
2. dificuldade com a fonologia, podendo não escutar sílabas 
de palavras 
3. pode confundir consoantes, como g e q ou d e b 
4. inversão de letras em ortografia semelhante, também 
ocorre em números, o que causa dificuldades com 
matemática 
5. pode se sair bem em testes ortográficos de palavras 
predeterminadas, mas a ortografia “desanda” ao redigir 
um ditado, pois a concentração está no conteúdo e não 
na ortografia 
6. pode aprender uma grafia num dia e esquecer em outro 
TRABALHO ESCRITO 
1. Escrita lenta assim como a leitura 
2. má qualidade na ortografia e pontuação 
3. trabalhos escritos podem ser mais simples e mais curtos 
que o esperado 
4. uso aleatório de letras maiúsculas 
MATEMÁTICA 
Alguns alunos com dislexia podem ser bons em matemática, mas 
cometem erros ao interpretar as questões, pois o vocabulário 
matemáticoé bastante extenso e pode ser confuso, como o uso 
de símbolos, fazendo confusão entre eles (+ com × e ÷ com -). 
A álgebra pode se tornar mais difícil com o uso de letras como b 
e d, q e p. 
Alguns alunos também podem ter a discalculia associada, mas nem 
sempre é o caso 
CONCENTRAÇÃO 
O aluno pode se distrair facilmente e ter baixa capacidade de 
concentração, fazendo saltos rápidos e conexões mentais laterais, 
desviando do assunto. 
Os pensamentos em geral são desconectados e não organizados 
nem sequenciais. 
PROCESSAMENTO LENTO 
Leva mais tempo para responder perguntas verbalmente ou por 
escrito, pelo fato de ter que transformar a informação 
mentalmente em imagens antes que ela possa ser decodificada e 
trabalhada. 
MEMÓRIA DE CURTO PRAZO RUIM 
Possui problemas para lembrar de instruções, com dificuldades em 
reter números para cálculos, dificuldade em lembrar o que 
escreve. 
ASSIMILAÇÃO DAS INFORMAÇÕES 
Incapaz de revisar a matéria rapidamente e de fazer um intensivo 
para provas por ter uma memória de curto prazo ruim. Isso tudo 
faz com que leve mais tempo para aprender, já que as coisas 
precisam estar associadas à memória de longo prazo. 
Isso leva a uma má performance, ocorrendo uma discrepância 
entre seu desempenho verbal e o desempenho no teste escrito., 
fazendo com que extrapole o tempo, entre em pânico e não leia 
as perguntas corretamente em provas. 
ORGANIZAÇÃO 
Esquece instruções e orientações, pois o senso de orientação é 
muito ruim. Confunde esquerda com direita e vice-versa e costuma 
perder pertences. 
INTENSA SENSIBILIDADE EMOCIONAL 
Pode se sentir chateado e humilhado em sala de aula, levando a 
sério comentários, sentindo-se pessoalmente atingido e aborrecido 
com críticas. 
Pode ser desencorajado facilmente e isso leva a uma baixa 
autoestima, além de serem sensíveis e poderem carecer de 
autoconfiança. Durante tarefas complexas, podem se sentir 
intimidados. 
Pode decidir virar o “palhaço da turma” para tentar ganhar 
simpatia dos colegas e ter uma “desculpa” para não se sair tão 
bem. 
FADIGA 
Geralmente, tem que se esforçar mais para acompanhar o 
trabalho, o que leva a um aumento do cansaço, do estresse e da 
ansiedade. 
COMO AJUDAR? 
Durante o período de aulas dessas pessoas, o local apropriado mais 
perto da lousa, a oportunidade da leitura quando já teve um contato 
prévio e o tempo mais estendido, uso das fontes da impressão; são 
algumas técnicas que facilitam o melhor desenvolvimento dessas 
crianças. 
 
DISCALCULIA – HUDSON 
A discalculia é como a dislexia, só que com números. Essas pessoas 
têm dificuldade para contar e com aritmética que não é condizente 
com seu nível geral de inteligência. 
Cerca de 5% da população têm discalculia de forma isolada, mas 
um número maior sofre dessa condição em combinação com outra 
DAE. 
A discalculia é observada na mesma proporção entre meninos e 
meninas. Muitas vezes, é algo de família, por isso, acredita-se que 
exista um componente genético. Não pode ser curada, mas, com 
um ensino eficaz, os alunos são capazes de dominar algumas 
habilidades matemáticas e elaborar estratégias de enfrentamento 
eficientes para ter sucesso na vida adulta. 
COMO SÃO IDENTIFICADOS? 
Aluno que parece ser articulado e inteligente, que tem um bom 
desempenho verbalmente e em trabalhos escritos, mas é 
surpreendentemente ruim em tarefas que envolvam números e 
cálculos. Ele também pode ser impreciso para se recordar de 
números, inseguro em matemática e tenta evitar trabalhar com 
números, se possível. 
Esses alunos possuem falta intuitiva sobre os números, como não 
saber se um é menor que o outro. Possuem dificuldade ao 
arredondar números, estimar resultados, frequentemente 
contará usando os dedos, e pode confundir números parecidos 
como 3 e 8. 
Podem inverter números (também presente na dislexia). Possuem 
dificuldades com zeros, se perdendo em múltiplos de 10. 
Apresenta uma extrema dificuldade em aprender a tabuada de 
multiplicação, nem conseguem fazer cálculos de cabeça. 
É incapaz de enxergar conexões entre conhecidas relações de 
números. Por exemplo, se 3 + 5 = 8, então 5 + 3 = 8 ou 30 + 50 
= 80. 
Se uma operação foi aprendida, será seguida mecanicamente, com 
insegurança e sem compreensão, além de não ter certeza se uma 
operação tomará o resultado maior ou menor. 
Costuma entrar e pânico e esquecer questões numéricas, 
especialmente sob pressão, com dificuldade de compreender o que 
uma questão está pedindo. Confunde símbolos como < e >. 
O aluno com discalculia também possui problemas de memória a 
curto prazo, com dificuldade em operações mais complexas e por 
não consolidar o básico (fórmulas, conversões, cálculos com 
dinheiro, aumento ou diminuição percentual, valores negativos, 
equações, estatística, gráficos, escalas). 
Saber as horas pode ser um verdadeiro problema. Os alunos podem 
ter dificuldade em ler um relógio analógico, e ler e compreender 
quadros de horários ou mapas com referências de grade. Eles 
também podem se perder facilmente. 
Um aluno com discalculia pode se sentir constrangido na aula, com 
medo de ser questionado e o foco das atenções dos colegas voltar-
se para ele. 
COMO AJUDAR? 
Tornar a sala de aula um lugar seguro e descontraído, onde não há 
problema em cometer erros e fazer perguntas, sem 
constrangimentos. 
Permanecer na frente do quadro, com instruções breves e claras. 
Tentar usar outras cores de papel além da branca. Elas podem ser 
mais nítidas para alguns alunos. 
Permitir o uso de calculadora e dos dedos para contar e usar 
técnicas como a tabuada do 9 nos dedos. 
 
DISGRAFIA – HUDSON 
A disgrafia é uma Dificuldade de Aprendizagem Específica (DAE) 
menos conhecida que afeta a escrita à mão e a conversão de 
pensamentos em palavras escritas. 
Indivíduos com disgrafia estão dentro da faixa normal de 
inteligência, mas eles lutam para colocar suas ideias no papel de 
forma clara e coerente. Sua caligrafia pode ser ilegível ou 
desorganizada apesar do considerável esforço empregado, e há 
uma disparidade entre ideias e compreensão expressas 
verbalmente e aquelas apresentadas por escrito. Sua capacidade 
de leitura é normal, mas a ortografia pode ser afetada, embora 
este nem sempre seja o caso. 
Geralmente ocorre junto com outras DAEs, mas nem sempre. Há 
uma tendência de ser algo de família. 
Existem 3 tipos de disgrafia: 
1. Espacial: processamento visual e compreensão do espaço 
deficientes. Isso causa dificuldade tanto para escrever 
em linha reta como no espaçamento das letras. 
Ortografia permanece normal. 
2. Motora: controle motor fino dos músculos da mão e do 
punho deficiente, o que torna a escrita difícil e cansativa 
e geralmente resulta em caligrafia desalinhada ou ilegível 
mesmo ao copiar. A ortografia não é afetada. 
3. De processamento: dificuldade em visualizar a aparência 
das letras em uma palavra, o que resulta em letras 
malformadas e na ordem errada quando escritas. O 
trabalho original escrito é ilegível, mas o trabalho copiado 
é razoavelmente bom. A ortografia é ruim. 
COMO IDENTIFICAR? 
O aluno provavelmente é brilhante e eloquente, mas sempre 
entrega um trabalho que parece desorganizado e está bem abaixo 
da qualidade que você esperaria. Se você observá-lo escrever, 
poderá perceber que o processo costuma ser penoso e sua 
postura e a forma de segurar a caneta parecem desajeitadas. Ele 
demora para copiar do quadro-negro ou de um livro e pode 
reclamar de dor na mão. 
Pode sofrer com desapontamento, pois o trabalho escrito exige 
muito esforço e sempre parece ruim. Sujeito a ficar para trás 
academicamente, uma vez que todo trabalho escrito leva muito 
mais tempo para ser realizado, de forma que pode ser difícil 
terminar o que é exigido dentro do período estipulado. 
Possuem fluência ao falar, mas linguagem artificial e ideias limitadas 
expressas no papel 
ESPACIAL 
Na disgrafia espacial, ele não vai escrever nas linhas e não vai 
seguir margens, tendo problemas em orientação da escritada 
esquerda para a direita, com espaços incoerentes entre palavras 
e letras (muito próximas ou distantes). 
As letras se apresentam em tamanho, formato e inclinação 
irregulares. A escrita é muito ruim e difícil de ler, além de lenta, 
ficando cansado ao escrever e sofrer com câimbras dolorosas ao 
escrever por longos períodos. 
MOTORA 
Na disgrafia motora, o aperto da caneta na mão e o seu 
posicionamento e do pulso, do corpo e do papel são anormais. Possui 
muito esforço ao usar instrumentos matemáticos (compasso por 
exemplo), dificuldade em desenhar gráficos e outras habilidades 
que envolvem o controle fino (como abrir botões). 
PROCESSAMENTO 
O ato físico de escrever exige muita concentração, de modo que 
o aluno é incapaz de processar informações ao mesmo tempo em 
que escreve, tendo dificuldade em lembrar como formar algumas 
letras, ficando algumas inacabadas ou ao contrário. 
Faz-se a mistura de letras maiúsculas e minúsculas na mesma linha, 
às vezes com mistura de letras de forma e manuscrita na mesma 
linha. 
A pontuação e a ortografia são ruins e erráticas por terem 
dificuldade em organizar logicamente pensamentos no papel, 
perdendo a linha de raciocínio. 
COMO AJUDAR? 
Reduzir a quantidade de trabalho escrito obrigatório: isso permitirá 
que os alunos com disgrafia acompanhem o conteúdo acadêmico 
de sua matéria. Isso, somado à distribuição de anotações impressas 
com espaços para escrever manualmente 
A posição sentada ereta, com os pés no chão e não muito perto 
de outros alunos, para maior espaço com os braços. 
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE 
(TDAH) – HUDSON 
Indivíduos com Tdah geralmente mostram três indicadores 
comportamentais: desatenção, hiperatividade e impulsividade. O 
Tdah é um distúrbio neurobiológico. Não tem cura, mas pode 
responder a medicamentos, terapia comportamental e mudanças 
de estilo de vida. A intensidade varia de leve a severa. 
O Tdah geralmente ocorre numa mesma família, sugerindo que 
exista uma ligação genética, mas também pode ser influenciado por 
fatores ambientais e de estilo de vida. Ele não afeta o intelecto 
geral do indivíduo, embora possa prejudicar o seu progresso, a 
menos que seja cuidadosamente controlado. 
Os sintomas devem estar presentes antes dos doze anos de idade. 
Existem três tipos de TDAH com sintomas diferentes entre si: 
1. Predominantemente desatento: diagnosticado mais 
frequentemente em meninas 
2. Misto (mais comum) desatento e hiperativo/impulsivo: 
diagnosticado mais frequentemente em meninos 
3. Predominantemente hiperativo: raro 
O antigo termo Transtorno do Déficit de Atenção (TDA) atualmente 
tem sido substituído por Tdah predominantemente desatento. 
A parte frontal do cérebro (lobo frontal) controla o nosso 
comportamento racional e lógico. Ela nos permite pensar antes de 
agir e aprender com a experiência. Também nos possibilita inibir 
certas respostas emocionais, modificar o nosso comportamento e 
nos impedir de assumir riscos que são imprudentes. 
As células do cérebro se comunicam usando mediadores químicos 
chamados neurotransmissores. Tem sido demonstrado que 
indivíduos com Tdah têm menos atividade neurotransmissora do 
que o habitual na região do lobo frontal. Isso provoca mais assunção 
de riscos, espontaneidade e falta de concentração. 
COMO IDENTIFICAR? 
É mais fácil identificar alunos que apresentem hiperatividade e 
impulsividade. São provavelmente aqueles que não conseguem ficar 
quietos no lugar, gritam em sala de aula e estão constantemente 
exigindo sua atenção. Eles podem ser brilhantes, espirituosos e 
inovadores, mas sempre parecem estar buscando atenção e 
precisam de constante disciplina. 
O tipo desatento de Tdah, por outro lado, é muito mais difícil de 
detectar. Os alunos podem parecer um pouco alheios e não ouvir 
adequadamente quando você fala com eles. Eles são 
desorganizados e parecem não absorver muito bem informações. 
Podem evitar tarefas difíceis e sentir que não conseguem lidar 
com elas. 
Seu trabalho escrito pode ser inadequado ou incompleto, embora 
possam ter começado com grandes ideias. A depressão é um 
problema comum entre esses jovens, pois eles sentem que nunca 
conseguirão fazer amigos e se sair bem na escola. 
DESATENÇÃO 
Eles se distraem facilmente e possuem baixa capacidade de 
concentração, pulando de uma tarefa para outra. Podem não ouvir 
corretamente e comer erros por descuido. 
Apresentam falta de organização em perder objetos, chegar 
atrasados aos lugares, esquecem de entregar a lição. Possuem 
memória de curto prazo baixa. 
Aparentam desinteresse e evitam tarefas que necessitam de 
esforço mental prolongado, além de falhar em concluir tarefas, 
apesar do empenho. 
HIPERATIVIDADE 
Mantêm as mãos inquietas e as pernas agitadas ao estarem 
sentados, aparentando estarem inquietos e distraídos, saindo com 
frequência durante a aula. 
Falam excessivamente, são incapazes de relaxar e ficar calmos e 
apresentam uma conduta caótica. Querem chamar atenção e 
podem fazer palhaçadas para isso. 
IMPULSIVIDADE 
Gritam em sala de aula, são impacientes e irritadiços e acham difícil 
esperar a sua vez. 
Interrompem e se intrometem nas conversas de outras pessoas, 
podendo ser ansiosos e agitados e reagir emocionalmente (não 
racionalmente). 
Podem ficar com raiva e agressivos, além de assumir riscos, serem 
rebeldes e estarem buscando pela coisa mais empolgante para 
fazer. 
COMO AJUDAR? 
Analisar se tomam medicação, se há problemas sérios de 
comportamento. 
Em sala de aula, podem gritar, ter dificuldade em ficar em silêncio, 
sair bruscamente de seu assento e atrapalhar as aulas ao exigirem 
atenção. No entanto, eles também podem ter ideias empolgantes 
e interessantes, muito entusiasmo e uma abordagem original e 
incomum. Isso os torna ao mesmo tempo difíceis e 
recompensadores de ensinar. 
O ideal é que o aluno com Tdah sente-se na frente da sala de aula 
ou na extremidade de uma fileira pela qual você possa passar. 
Alguns alunos terão uma necessidade constante de mexer os 
braços ou balançar as pernas. Uma boa sugestão, às vezes, é 
deixá-los ficar manuseando uma bola de estresse ou um pedaço de 
tecido. Isso pode ajudar na concentração e evita que fiquem 
batucando com o lápis na carteira, o que incomoda os outros. 
Trabalhar com computadores pode ser muito gratificante para os 
alunos com Tdah e eles costumam gostar de tarefas que utilizam 
computador. Eles são capazes de organizar melhor o trabalho 
escrito, pois os parágrafos podem ser movidos e as palavras 
ajustadas sem tornar a apresentação bagunçada. 
PARASITOSE E APRENDIZAGEM 
A presença desses parasitas no organismo pode afetar a saúde 
de diversas formas, incluindo dificuldades de aprendizagem. Isso 
ocorre porque a presença desses organismos pode levar a 
sintomas como dor abdominal, diarreia, fadiga e anemia, que podem 
prejudicar o rendimento escolar e a capacidade de concentração 
das crianças. 
Além disso, algumas parasitoses, como a neurocisticercose 
(infecção pelo cisticerco, uma larva de Taenia solium, no cérebro), 
podem causar danos neurológicos permanentes e afetar 
significativamente a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo. 
 
ABORDAR A INFLUÊNCIA SOCIOECONÔMICA E CULTURAL 
COM A PREVALÊNCIA DAS ENTEROPARASITOSES 
As infecções parasitárias são consideradas um dos maiores 
problemas do mundo em saúde pública, principalmente em países 
em desenvolvimento. A ausência ou insuficiência de saneamento 
básico, de higiene pessoal e doméstica são consideradas as 
principais causas da transmissão dos parasitas intestinais. 
Os parasitas se adaptam muito bem em hospedeiros expostos a 
condições de saneamento básico precárias, baixo grau de 
escolaridade e hábitos de higiene inadequados. 
As doenças parasitárias são consequências e causas do 
subdesenvolvimento, acompanhadas do analfabetismo, alienação do 
povo e corrupção. 
As condições de vida precária, higiene inadequada, más condições 
no abastecimento de água, entre outros,são fatores 
determinantes para transmissão de parasitas e desenvolvimento 
da doença. Quanto ao saneamento básico, um estudo realizado no 
Ceará mostrou que somente 38% das moradias consumiam água 
tratada, e dos 383 indivíduos avaliados, 233 apresentavam 
resultado positivo para o exame parasitológico de fezes. 
Em países em desenvolvimento, aproximadamente um terço da 
população das cidades vive em condições ambientais propícias à 
disseminação de infecções parasitárias, atingindo índices de 90%, 
com significativo aumento, à medida que diminui o nível sócio 
econômico. Embora apresentem baixas taxas de mortalidade, estas 
doenças continuam representando problema de saúde pública, ao 
considerar-se o grande número de indivíduos envolvidos, causando 
com isso, várias alterações orgânicas que podem influenciar no 
estado nutricional do indivíduo. 
No Brasil, os problemas envolvendo as enteroparasitoses adquirem 
uma grande proporção sob o ponto de vista sanitário: 
aglomerações urbanas, condições socioeconômicas, falta de 
saneamento básico, educação sanitária e cultural. 
A prevalência das enteroparasitoses (parasitas que vivem no 
intestino) está intimamente ligada a fatores socioeconômicos e 
culturais. Em geral, essas doenças são mais comuns em países ou 
regiões com baixo nível socioeconômico, falta de acesso a 
saneamento básico e educação precária em saúde. 
A falta de acesso a água potável e a saneamento básico adequado 
pode levar à contaminação de alimentos e água por parasitas. Além 
disso, a falta de educação em saúde pode levar a práticas 
inadequadas de higiene pessoal e alimentar, aumentando o risco de 
infecção. 
Outro fator importante é a cultura local. Em algumas comunidades, 
pode haver práticas alimentares que aumentam o risco de 
contaminação por parasitas, como o consumo de alimentos crus ou 
mal cozidos, ou o compartilhamento de utensílios de cozinha e 
alimentos. Além disso, em algumas culturas, o tratamento de 
doenças parasitárias pode ser visto como algo desnecessário ou 
inadequado, o que pode levar a uma falta de busca por tratamento 
médico. 
 
 
PROBLEMA 6 – FECHAMENTO 
EXPLANAR O DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA 
PUBERDADE RELACIONANDO COM A MATURAÇÃO 
SEXUAL (TANNER) E OS ASPECTOS EMOCIONAIS 
(IMAGEM CORPORAL, HORMONAL) 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO E SOCIAL DO ADOLESCENTE – 
NELSON 
As mudanças fisiológicas impulsionadas pelos hormônios e o 
desenvolvimento neurológico em curso ocorrem em conjunto com 
as estruturas sociais que promovem a transição desde a infância 
até a idade adulta. Este período do desenvolvimento compreende a 
adolescência, que é dividida em três fases — adolescência inicial, 
média e final — cada uma marcada por um conjunto característico 
de marcos biológicos, cognitivos e psicossociais. 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
Puberdade é a transição biológica da infância para a idade adulta, 
em que ocorrem transformações que incluem o aparecimento de 
características sexuais secundárias, aumento em altura, mudança 
na composição corporal e desenvolvimento da capacidade 
reprodutiva. 
A maturação do gerador em pulso do hormônio liberador de 
gonadotrofina está entre as primeiras alterações neuroendócrinas 
associadas ao início da puberdade, sob a influência do hormônio 
liberador de gonadotrofina. Ele estimula a glândula hipófise a 
secretar o hormônio luteinizante e o hormônio folículo-estimulante 
(inicialmente em forma pulsátil) principalmente durante o sono, mas 
essa variação diurna diminui ao longo da puberdade. 
O LH e o FSH estimulam aumentos correspondentes de andrógenos 
e estrógenos gonadais. Os gatilhos para essas alterações ainda não 
são compreendidos, mas podem envolver o hormônio leptina, cujas 
concentrações estão associadas ao aumento da gordura corporal 
e ao início precoce da puberdade. 
DESENVOLVIMENTO SEXUAL 
A progressão do desenvolvimento das características sexuais 
secundárias pode ser descrita usando a escala de Tanner. A faixa 
de progresso normal da maturação sexual é ampla e afetada pela 
genética, pelo ambiente psicossocial, pela nutrição, pelo ambiente 
e pelo estado geral de saúde. 
No sexo masculino, o primeiro sinal visível da puberdade e marco 
do estádio 2 é o aumento testicular, que se inicia por volta dos 9,5 
anos, seguido pelo desenvolvimento dos pelos pubianos. No estádio 
3, ocorre o aumento do comprimento do pênis. O pico de 
crescimento estatural ocorre quando o volume testicular alcança 
9 a 10 cm³ durante o estádio 4. Sob a influência do hormônio 
luteinizante e da testosterona ocorrem aumentos dos túbulos 
seminíferos, do epidídimo, das vesículas seminais e da próstata. O 
esperma pode ser encontrado na urina no Estádio 3; emissões 
noturnas podem também ser observadas neste momento. Algum 
grau de crescimento do tecido da mama, tipicamente bilateral, 
ocorre em 40-65% dos meninos durante os Estádios 2-3, como 
consequência de um excesso relativo de estimulação estrogênica. 
Isto geralmente desaparece ao longo do processo da maturação. 
No sexo feminino, o primeiro sinal visível é o aparecimento dos 
brotos mamários (telarca) no estádio 2 entre 8 a 12 anos de idade, 
sendo que uma minoria significativa de meninas desenvolve os pelos 
pubianos (pubarca) antes da telarca. Mudanças menos visíveis 
incluem o aumento dos ovários, do útero, dos lábios vulvares e do 
clitóris e o espessamento do endométrio e da mucosa vaginal. Um 
corrimento vaginal transparente pode estar presente antes da 
menarca (leucorreia fisiológica). A menstruação tipicamente 
começa 2,5 anos após o início da puberdade, durante os Estádios 
3-4. O momento da menarca é determinado em grande parte pela 
genética, mas provavelmente também pelos seguintes fatores: 
adiposidade, doenças crônicas, estado nutricional e ambiente 
psicossocial. Os ciclos menstruais iniciais são anovulatórios e, 
portanto, um tanto irregulares, mas normalmente ocorrem a cada 
21-45 dias e incluem de 3-7 dias de sangramento. 
CRESCIMENTO SOMÁTICO 
No sexo feminino, o pico de velocidade crescimento ocorre nos 
estádios 2-3, aproximadamente 6 meses antes da menarca. 
No sexo masculino, normalmente o pico de velocidade crescimento 
ocorre mais tardiamente, ocorrendo posterior no curso da 
puberdade e continuam mais 2 a 3 anos depois que as meninas 
pararem seu crescimento. 
O surto de crescimento se inicia distalmente, com aumento das 
mãos e dos pés, seguido pelos braços e pernas e, finalmente, o 
tronco e o tórax. Este padrão de crescimento confere uma 
aparência característica “desajeitada” para alguns 
adolescentes iniciais. 
No sexo masculino observa-se um aumento da massa corporal, 
enquanto no sexo feminino nota-se adolescentes com maior 
proporção de gordura corporal. 
O crescimento ósseo precede aumentos na mineralização e na 
densidade óssea, o que pode aumentar o risco de fratura em 
adolescentes durante a fase de crescimento rápido. Dado que o 
crescimento esquelético precede o crescimento muscular, 
entorses e luxações também podem ser mais comuns durante 
este período. 
Alterações cardiovasculares na adolescência média incluem o 
aumento do tamanho do coração, elevação da pressão arterial e 
aumento do volume sanguíneo e do hematócrito, particularmente 
no sexo masculino. Juntamente com o aumento da capacidade vital 
pulmonar, estas alterações levam a uma maior capacidade 
aeróbica. A estimulação androgênica de glândulas sebáceas e 
apócrinas pode resultar em acne e odor corporal. O rápido 
aumento da laringe, faringe e pulmões no sexo masculino provoca 
LAVÍNIA ARAÚJO 
@laviarauj 
mudanças na qualidade da voz, geralmente precedida por 
instabilidade vocal (voz rachada). O alongamento do globo óptico 
muitas vezes resulta em miopia. Entre as alterações dentárias 
incluem o crescimento da mandíbula, perda dos dentes decíduos 
finais e erupção dos permanentes cúspides, pré-molares e, 
finalmente, os molares, podendo ser necessário o uso de aparelhos 
ortodônticos, devido à exacerbação do crescimento dos distúrbios 
de mordida.Alterações fisiológicas nos padrões de sono e 
necessidades de sono aumentadas ocorrem, causando atraso para 
o início do sono à noite em muitos adolescentes, com subsequente 
dificuldade de acordar cedo pela manhã para o horário escolar. 
DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO, COGNITIVO E MORAL 
À medida que as crianças progridem ao longo da adolescência, elas 
desenvolvem e refinam sua capacidade em usar os processos 
formais e operacionais de pensamento. O pensamento abstrato, 
simbólico e hipotético substitui a necessidade de manipular objetos 
concretos. Os adolescentes na fase média e final desenvolvem a 
capacidade de considerar opções múltiplas e de avaliar, no longo 
prazo, as consequências de seus atos. 
A neuromaturação continua até a terceira década. Esta maturação 
é caracterizada pela diminuição da matéria cinzenta, aumento da 
matéria branca e pelo aparente aumento na eficiência da 
comunicação e conectividade entre as diferentes regiões do 
cérebro. Estas alterações são primeiro observadas no córtex 
posterior (regiões sensorial e motora) e progridem anteriormente. 
Os lóbulos frontais estão entre as últimas áreas do cérebro a 
amadurecer, incluindo o córtex pré-frontal, região do cérebro 
associada à função executiva: coordenação dos processos 
cognitivos complexos, incluindo o controle de impulsos, memória de 
trabalho, consideração de múltiplas opções e suas possíveis 
consequências, e avaliação de risco e recompensa, entre outros. 
Os correlatos comportamentais destas alterações anatômicas são 
especulativos; os comportamentos dos adolescentes podem ser, 
em parte, biologicamente determinados e refletir uma relativa 
imaturidade do córtex pré-frontal e sua comunicação com outras 
regiões do cérebro. 
A maturação precoce da amígdala e de outras estruturas límbicas, 
que estão envolvidas na experiência de medo e emoção, em relação 
aos sistemas de função executiva frontal, que facilitam a regulação 
e interpretação destas experiências emocionais, poderia explicar 
porque os adolescentes são mais propensos a tomar decisões ruins 
em situações altamente carregadas de emoção, em comparação 
aos adultos maduros. 
A adolescência inicial também é caracterizada pelo egocentrismo, 
a crença de que eles são o centro de atenção de todos. Apesar 
de ser em grande parte imaginário, esta percepção de estar 
sempre “no palco” pode ser estressante para o adolescente, 
que pode sentir que os outros o estão constantemente julgando ou 
avaliando. Os adolescentes iniciais expressam uma maior 
necessidade de privacidade do que tinham na infância, e começam 
a apreciar a privacidade de seus próprios pensamentos. Com o 
desenvolvimento cognitivo em curso, os adolescentes médios são 
mais capazes de considerar as necessidades e os sentimentos de 
outras pessoas. 
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL 
Enquanto que o desenvolvimento cognitivo é mais determinado 
biologicamente, o desenvolvimento psicossocial está sujeito a uma 
maior influência ambiental e cultural. 
Um tema primordial do desenvolvimento psicossocial é o conceito 
de formação e consolidação de identidade, conforme o adolescente 
afasta-se da proteção afetiva da família, desenvolve um aumento 
na filiação com seus pares e, finalmente, define a si mesmo como 
um indivíduo. 
Separar-se dos pais é um marco do desenvolvimento do 
adolescente. Os adolescentes iniciais começam a procurar mais 
privacidade em casa, ficando menos tempo com os pais. Começam 
a rejeitar os conselhos e envolvimento dos pais na sua tomada de 
decisão, ao explorarem os limites de sua dependência e 
independência destes. Com a evolução das capacidades cognitivas, 
o adolescente tem a capacidade de conceber pais ideais, e 
contrasta este ideal com seus próprios pais. 
Grupos de pares podem surgir de atividades organizadas, como 
esportes ou clubes, ou podem simplesmente ser baseados na 
amizade. A participação em gangues é outra forma de aceitação 
pelos pares. A conformidade com os pares na maneira de se 
vestir, falar e se comportar é uma parte normal deste processo 
e não deve ser necessariamente vista de forma negativa. Da 
mesma forma, a pressão dos pares pode existir, mas essa 
influência sobre a tomada de decisão do adolescente pode ser 
positiva, negativa ou negligenciável. 
A imagem do corpo pode afetar (e ser afetada) também pelo 
desenvolvimento psicossocial do adolescente. A adolescência inicial 
e média são, geralmente, as idades nas quais se desenvolvem a 
imagem do corpo ruim e distorcida e os distúrbios de alimentação. 
Os adolescentes iniciais sofrem alterações físicas rápidas e podem 
experimentar incertezas se todas alterações anatômicas e 
fisiológicas estão progredindo normalmente. À medida que a 
puberdade chega ao final e estas alterações diminuem, a 
preocupação dos adolescentes médios pode mudar para a dúvida 
se ele é atraente para os outros. 
O momento das mudanças da puberdade também pode afetar o 
desenvolvimento psicossocial e o bem-estar. A progressão das 
mudanças da puberdade no sexo masculino está associada, 
geralmente, a uma autoimagem positiva. No sexo feminino, 
inicialmente, essas mudanças na aparência física podem ser 
percebidas de forma mais negativa. 
Os adolescentes de maturação precoce tendem a ter maior 
autoconfiança, sucesso social e acadêmico, enquanto que os 
adolescentes de maturação tardia apresentam maior risco de 
comportamentos mais internalizados e diminuição da autoestima. 
PUBERDADE NORMAL – SBP 
A partir dos 6 meses de idade há uma redução significativa dos 
níveis de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante 
(FSH), que permanecem baixos até o início da puberdade. Em dado 
momento, os fatores chamados permissivos (neuropeptídios, 
leptina, insulina, IGF-1 e estímulos oriundos de centros cerebrais 
superiores) atuam sobre o sistema HHO, provocando aumento da 
frequência e amplitude da produção de hormônio liberador das 
gonadotrofinas (GnRH) pelos neurônios hipotalâmicos que, via 
sistema porta hipofisário, ativam receptores específicos 
localizados na adenoipófise, desencadeando aumento da produção 
de gonadotrofinas (FSH e LH). A liberação de FSH e LH estimula 
ovários e testículos a produzirem os esteroides sexuais que 
induzirão todo o processo de modificações corporais, capacitando 
o organismo para as funções reprodutivas. 
A produção de androgênios pelas glândulas adrenais, controlada 
pelo ACTH, é anterior à produção de esteroides gonadais, 
ocorrendo entre 6 e 8 anos de idade (adrenarca). É responsável 
por modificações no odor das secreções, aumento da oleosidade 
da pele e aparecimento e manutenção da pilificação axilar e púbica 
durante a puberdade. 
ESTADIAMENTO DE TANNER – SBP, NELSON E MARCONDES 
DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO – SEXO FEMININO 
M1: mama infantil, com elevação apenas da papila 
M2: broto mamário; forma-se a elevação da aréola e da papila, 
com aumento do diâmetro da aréola e modificação da textura; início 
do estirão puberal em sua fase de aceleração 
M3: maior aumento da mama e da aréola, sem separação dos seus 
contornos; o tecido mamário extrapola os limites da aréola; atinge 
o máximo da velocidade do crescimento 
M4: maior crescimento da mama e da aréola, formando uma 
segunda saliência acima do contorno da mama; menarca; 
desaceleração do crescimento. 
M5: mama em aspecto adulto 
DESENVOLVIMENTO GENITAL – SEXO MASCULINO 
G1: testículos, escroto e pênis de tamanhos infantis 
G2: aumento inicial do volume testicular (3 a 4 mL); pele do escroto 
muda de textura e torna-se avermelhada; pequeno ou ausente 
aumento do pênis; crescimento estável 
G3: crescimento do pênis em comprimento; maior aumento dos 
testículos e escroto; aceleração do crescimento 
G4: aumento do pênis, principalmente em diâmetro e 
desenvolvimento da glande; maior crescimento dos testículos e 
escroto, com pele mais enrugada e pigmentada; pico de velocidade 
de crescimento 
G5: desenvolvimento completo da genitália; desaceleração do 
crescimento 
DESENVOLVIMENTO DE PELOS – SEXOS FEMININOSE MASCULINO 
P1: ausência de pelos pubianos; pode haver uma leve penugem como 
da parede abdominal 
P2: maior quantidade de pelos longos e finos, levemente pigmentos, 
lisos ou pouco encaracolados, ao longo dos grandes lábios e na base 
do pênis 
P3: maior quantidade de pelos, agora mais grossos, escuros e 
encaracolados, espalhando-se pela região pubiana 
P4: pelos do tipo do adulto, cobrindo mais densamente a região 
pubiana, mas sem atingir a face interna das coxas 
P5: pilosidade pubiana igual ao do adulto, em quantidade e 
distribuição, atingindo a região interna das coxas 
 
EXPLICAR ACERCA DOS PRINCIPAIS DISTÚRBIOS 
ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA (ANOREXIA, BULIMIA, 
OBESIDADE) 
IMAGEM CORPORAL EM ADOLESCENTES – SCHERER, ET AL, 2010 
A imagem corporal (IC) pode ser definida como a formação 
multidimensional que envolve a percepção corporal, o desenho que 
uma pessoa tem em sua mente em relação ao tamanho, imagem 
e formas corporais, juntamente com os sentimentos que ela possui 
em relação a isso. 
Antigamente, o modelo de beleza exaltado era caracterizado por 
um corpo feminino obeso. Porém, nos últimos anos, a figura humana 
ideal passou a ser um corpo magro, esguio e atlético. Entretanto, 
esse padrão de beleza desconsidera os aspectos de saúde e as 
diferentes constituições físicas da população, acarretando, muitas 
vezes, uma IC negativa, indicada por altos níveis de insatisfação 
com o corpo. 
A insatisfação com a IC tem sido identificada como o principal 
precursor de transtornos alimentares (TA), como a anorexia e a 
bulimia. O número de casos desses transtornos na adolescência 
tem aumentado nos últimos anos, ocorrendo em idades cada vez 
mais precoces, tornando-se um sério problema de saúde pública. 
Outro fator que pode estar associado a insatisfação com a IC em 
adolescentes e a ocorrência da menarca, uma vez que ela provoca 
aumento nos depósitos de gordura corporal. 
IMAGEM CORPORAL NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES – 
SAIKALI, 2004 
Thompson associa o conceito de imagem corporal envolvendo três 
componentes: 
1. Perceptivo: relaciona-se com precisão da percepção da 
própria aparência física, envolvendo uma estimativa do 
tamanho corporal e do peso 
2. Subjetivo: envolve aspectos como satisfação com a 
aparência (nível de preocupação e ansiedade a ela 
associada) 
3. Comportamental: focaliza situações evitadas pelo 
indivíduo por experimentar desconforto associado à 
aparência corporal 
 DISTORÇÃO DA IC NA ANOREXIA E BULIMIA NERVOSAS 
Mais alarmante do que a má nutrição em si na anorexia nervosa é 
sua associação com a distorção da imagem corporal que, entre 
outros fatores, apresenta-se como uma ausência de preocupação 
com a magreza, mesmo quando esta já está em um estágio bem 
avançado. 
Nesta distorção, incluem-se os seguintes distúrbios: da consciência 
cognitiva do próprio corpo, consciência das sensações corporais, 
senso de controle sobre as funções corporais e razões afetivas 
para a realidade da configuração corporal. 
Distorções cognitivas relacionadas à avaliação do corpo, comuns 
em indivíduos com transtornos alimentares, incluem: pensamento 
dicotômico – o indivíduo pensa em extremos com relação à sua 
aparência ou é muito crítico em relação a ela; comparação injusta 
– quando o indivíduo compara sua aparência com padrões 
extremos; atenção seletiva – focaliza um aspecto da aparência e 
erro cognitivo, o indivíduo acredita que os outros pensam como ele 
em relação à sua aparência. 
TRANSTORNOS ALIMENTARES E DISTORÇÃO DA IMAGEM 
CORPORAL – SBP 
Na sociedade atual, na qual se cultuam corpos delgados e esculpidos 
com destaque aos músculos, as pessoas cujas silhuetas não 
correspondem a esse ideal podem apresentar conflitos com a 
autoimagem. Dentre esses emergem os transtornos alimentares 
(TA), reconhecidos como doenças complexas, com graves 
consequências psicossociais e físicas, afetando milhões de 
indivíduos ao redor do mundo. 
Nos países ocidentais desenvolvidos, o desejo do corpo “perfeito” 
se tornou obsessivo, sendo fator de risco para TA. Mídias 
multiplicam dietas ou exercícios para trabalhar grupos musculares, 
e as celebridades exibem corpos com padrões inatingíveis 
naturalmente. Tais mensagens se tornam alvo de intenso desejo 
para adolescentes, que também postam fotos nas redes sociais, 
em busca de aprovação. Assim, os transtornos alimentares podem 
iniciar-se por prescrições inadequadas ou tentativas de se adequar 
aos padrões a qualquer custo. 
PATOGENIA 
Os vários textos consultados sobre os TA indicam não haver 
consenso sobre a exata etiologia, e inúmeras pesquisas se 
encontram em andamento. Entretanto, pode-se afiançar que se 
relacionam a uma combinação de fatores: psicológicos, biológicos, 
familiares, genéticos, ambientais e sociais. 
O envolvimento genético se vincula ao fato de que jovens que 
apresentam familiares de primeiro grau com esses transtornos 
são 6-10 vezes mais propensas a desenvolver alterações 
semelhantes. 
Desordens psiquiátricas são evidenciadas em parentes de 
pacientes com TA: depressão, transtorno de ansiedade e 
transtornos obsessivo-compulsivos estão sobrerrepresentados 
nessas famílias. Entre as próprias pacientes com TA observam-se 
altas taxas de transtornos de ansiedade, transtornos obsessivo-
compulsivos, transtornos dismórficos corporais, transtornos de 
estresse pós-traumático, transtornos depressivos, desordens de 
conduta e transtornos de personalidade. 
Os TA também se associam a desordens do neurodesenvolvimento, 
por exemplo, o transtorno de compulsão alimentar (binge) 
associado ao transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. 
Entre as bulímicas, observa-se maior prevalência de uso de drogas 
lícitas e ilícitas, e o consumo de bebidas alcoólicas por elas é 
superior ao observado entre anoréxicas do subtipo restritivo. 
Entre anoréxicas, surge o temor de desenvolver seus caracteres 
sexuais secundários, em uma tentativa de <controlar= seus corpos 
a estágios pré-pubertários, ambivalência entre crescer ou 
retornar à fase anterior, talvez reflexo de um sentimento de não 
se sentirem tão abandonadas e sós. 
Algumas atividades artísticas e modalidades esportivas em que a 
forma esbelta é enfatizada se associam à maior incidência de TA, 
como bailarinas, ginastas e fisiculturistas. 
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA NERVOSA 
Embora a AN seja caracterizada pela perda do apetite, o apetite 
existe, mas é restringido de forma punitiva, resultando em 
sofrimento. 
São listados 3 critérios essenciais para o diagnóstico da AN: 
1. Restrição da ingesta calórica em relação às 
necessidades: isso leva a um peso corporal 
significativamente baixo (inferior ao mínimo normal, ou, 
para adolescentes, menor que o minimamente esperado) 
2. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou 
comportamento persistente que interfere no ganho de 
peso, mesmo estando com peso significativamente baixo 
3. Perturbação no modo como o próprio peso ou forma 
corporal são vivenciados: o peso ou a forma corporal 
possuem influência negativa na autoavaliação ou uma 
ausência persistente do reconhecimento da gravidade do 
baixo peso corporal atual 
Anteriormente era necessária ao diagnóstico de AN a ausência de 
ciclos menstruais ou amenorreia (acima de três ciclos), sua 
remoção contemplou muitas adolescentes que eram anoréxicas, 
mesmo antes de terem apresentado a menarca. 
Ressalta-se que algumas adolescentes podem estar com peso 
abaixo de 15% daquele considerado ideal, em relação à idade e 
estatura, sem história de perda de peso, apenas não ganhando 
quantidade suficiente durante a aceleração do crescimento. 
Há dois subtipos de AN: 
1. Restritiva: adolescentes restringem sua ingestão de 
alimentos com regras restritivas em relação às escolhas 
dos alimentos e com exercícios físicos de maneira 
intensa e desproporcional ao que lhe são prescritos 
2. de expurgo: utilizam de ingestão compulsiva e/ou 
expurgação, por meio de vômitos autoinduzidos, laxantes, 
diuréticos, enemas 
CRITÉRIOSPARA O DIAGNÓSTICO DE BULIMIA 
Os sintomas que se associam à bulimia nervosa ainda desencadeiam 
vergonha e estigmatização em seus portadores, por isso muitos 
continuam a negá-los, dissimulá-los e minimizá-los. 
São listados três critérios essenciais para o diagnóstico de bulimia: 
1. episódios recorrentes de compulsão alimentar 
caracterizado por: 
a. ingestão, em um período determinado de 
tempo, de uma quantidade de alimento 
definitivamente maior que a maioria dos 
indivíduos consumiria no mesmo período em 
condições semelhantes 
b. sensação de falta de controle sobre a ingestão 
durante o episódio 
c. comportamentos compensatórios 
inapropriados recorrentes a fim de impedir o 
ganho de peso, como vômitos induzidos 
d. uso de laxantes, diuréticos e outros 
medicamentos 
e. jejum 
f. exercício em excesso 
2. a compulsão e os comportamentos compensatórios 
inapropriados ocorrem, em média, no mínimo 1 vez por 
semana durante 3 meses 
3. a autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma 
e pelo peso corporais 
Anteriormente, os critérios para diagnóstico envolviam os episódios 
de comportamentos compensatórios no mínimo 2 vezes por 
semana, em 3 meses. 
TRATAMENTO 
Os cuidados são focados, de imediato, nos desequilíbrios 
hidroeletrolíticos, nas complicações pela desnutrição, recuperação 
nutricional, equilíbrio de situações psíquicas críticas (depressão, 
ansiedade, comportamentos suicidas, etc). 
Pode ser realizado de forma ambulatorial (maioria), formato de 
hospitalização-dia ou internação, para casos especiais e mais 
críticos. 
A reinserção social, escolar e a integração familiar também fazem 
parte do esquema terapêutico. 
Equipe de nutrição para restabelecimento de padrões alimentares, 
reintroduzindo gradativamente três refeições e lanches 
frequentes ao dia. Um multivitamínico com minerais pode auxiliar na 
recuperação dos déficits em micronutrientes. 
PREVENÇÃO – NELSON 
Dada a complexidade da patogênese dos TAs, é difícil a prevenção. 
Esforços de prevenção universais para promover regulação do 
peso saudável e desestimular dietas não saudáveis não têm 
mostrado efetividade em alunos nos dois anos finais do ensino 
fundamental. 
SOBREPESO E OBESIDADE – NELSON 
A obesidade é um problema de saúde pública pediátrico importante 
associado ao risco de complicações na infância e aumento da 
morbidade e mortalidade ao longo da vida adulta. 
ETIOLOGIA 
Os seres humanos têm a capacidade de armazenar energia no 
tecido adiposo, possibilitando um aumento da sobrevida em tempos 
de fome. Além disso, os seres humanos preferem, de maneira 
inata, alimentos doces e salgados e rejeitam sabores amargos. 
Muitos vegetais são amargos. Essas preferências provavelmente 
refletem adaptações evolutivas para evitar consumir plantas 
tóxicas. 
A obesidade resulta de um desequilíbrio da ingestão calórica e do 
gasto energético. Mesmo o excesso calórico gradual, mas 
sustentado, resulta em excesso de adiposidade. 
A adiposidade do indivíduo é resultado de uma interação complexa 
entre a constituição física geneticamente determinada, o apetite, 
a ingestão nutricional, a atividade física e o gasto energético. Os 
fatores ambientais determinam os níveis de alimentos disponíveis, 
as preferências para tipos de alimentos, níveis de atividade física 
e preferências para tipos de atividades. 
IDENTIFICAÇÃO 
As crianças com sobrepeso e obesas são frequentemente 
identificadas como parte da rotina de cuidados médicos e a criança 
e a família podem não estar cientes de que a criança aumentou a 
adiposidade. Eles podem ficar chateados com o profissional de 
saúde por ele levantar esta questão e responder com negação ou 
aparente falta de preocupação. Frequentemente, é necessário 
começar por ajudar a família a entender a importância do peso 
saudável para a saúde atual e futura, especialmente porque a 
intervenção requer considerável esforço pela criança e pela 
família. 
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL 
A obesidade ou aumento da adiposidade é definida usando o índice 
de massa corporal. 
Durante a infância, os níveis de gordura corporal mudam 
começando com alta adiposidade durante a infância. Os níveis de 
gordura corporal diminuem por cerca de 5,5 anos até o período 
chamado de rebote da adiposidade, quando a gordura corporal está 
tipicamente no nível mais baixo. A adiposidade, em seguida, aumenta 
até o início da idade adulta. 
As crianças > 2 anos de idade com um IMC ≥ percentil 95 atendem 
ao critério de obesidade e aquelas com um IMC entre os percentis 
85 e 95 entram na faixa de sobrepeso. 
INTERVENÇÃO 
Há evidências de que algumas intervenções resultam em melhora 
modesta, mas significativa e sustentada na massa corporal. 
As mudanças de comportamento associadas à melhora do IMC 
incluem a ingestão de menores quantidades de bebidas adoçadas 
com açúcar, consumo de dietas de maior qualidade, aumento do 
exercício, menos tempo diante da TV e autopesagem. 
Trabalhar com um nutricionista é muito útil. As refeições devem 
ser à base de frutas, legumes, grãos integrais, carnes magras, 
peixes e aves. Os alimentos preparados devem ser escolhidos por 
o seu valor nutricional, com atenção às calorias e gordura. Os 
alimentos que fornecem calorias excessivas e baixo valor 
nutricional devem ser reservados para degustações pouco 
frequentes. 
Aumentar a atividade física sem diminuir a ingestão calórica 
provavelmente não vai resultar na perda de peso. No entanto, pode 
aumentar o condicionamento físico aeróbico e diminuir a 
porcentagem de gordura corporal, mesmo sem perda de peso. 
As ocupações ativas podem substituir atividades mais sedentárias. 
A American Academy of Pediatrics recomenda que o tempo vendo 
televisão ou no computador deve ser restrito a não mais do que 2 
horas/dia para crianças > 2 anos de idade e que as crianças <2 
anos idade não assistam televisão. Assistir televisão é 
frequentemente associado a comer, e muitos produtos 
alimentares altamente calóricos são comercializados diretamente 
para crianças durante programas de televisão voltados para 
crianças. 
PREVENÇÃO 
O National Institutes of Health e os Centers for Disease Control 
and Prevention recomendam uma variedade de iniciativas para 
combater o ambiente obesigênico atual, incluindo a promoção do 
aleitamento materno, acesso a frutas e legumes, comunidades 
tranquilas e 60 min/dia de atividade para as crianças. A 
comercialização de alimentos não saudáveis para crianças começou 
a ser regulamentada. 
 
DISCORRER SOBRE AS CAUSAS DA DEPENDÊNCIA 
QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA 
DEPENDÊNCIA QUÍMICA, AMIZADES E DESENVOLVIMENTO 
HUMANO – DAGNONI E GARCIA, 2014 
A dependência química é um tema contemporâneo e relevante 
devido ao aumento do número de usuários, à diminuição da idade de 
início de uso e à diversidade de drogas utilizadas nos últimos anos. 
Ademais, são muitos os impactos deste uso, como, por exemplo, a 
violência doméstica, acidentes, mortes no trânsito e criminalidade 
É justamente na adolescência que o jovem se encontra mais 
vulnerável ao expandir seu círculo de relacionamentos para além 
dos limites familiares, e neste processo há um grande investimento 
e esforço a favor da constituição de seu senso de identidade, em 
busca de autonomia. 
Na adolescência, os amigos e parceiros são figuras centrais e a 
satisfação das necessidades neste contexto se torna vital para o 
bem-estar e funcionamento da relação. Ademais, a satisfação das 
necessidades fornece uma base para o desenvolvimento da 
orientação das pessoas, que possibilitará o engajamento em 
atividades. Pelo convívio com os outros, as pessoas desenvolvem 
razões para se envolver e manter seus comportamentos. 
Maior autonomia se traduziria em mais abertura e flexibilidade nas 
relações e, portanto, os adolescentes podem se colocar em risco 
caso não consigam traduzir interações comportamentais em 
representações de amizade mais abertas e flexíveis. 
A adolescência é uma fase onde o indivíduo se encontra mais 
vulnerável para assumir

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