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Autoras: Profa. Cinthia Santos Miotto de Amorim Profa. Juliana Ferreira de Andrade Colaboradoras: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca Profa. Laura Cristina da Cruz Dominiciano Evolução Histórica da Fisioterapia Professoras conteudistas: Cinthia Santos Miotto de Amorim / Juliana Ferreira de Andrade Cinthia Santos Miotto de Amorim É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São Paulo e no campus Alphaville. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da UNIP Interativa. Desde 2017, é doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); em 2010, se especializou em Fisioterapia nas Afecções da Coluna Vertebral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP); formou-se em Reeducação Postural Global (RPG) e em Stretching Global Ativo (SGA) pelo Instituto Philippe Souchard (2008 e 2007) e se graduou em Fisioterapia pelo Centro Universitário São Camilo (2006). Atua como professora convidada do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade de São Paulo (USP) em disciplinas como Introdução à Fisioterapia. Atua também na prática clínica e em pesquisas, como revisora de periódicos nacionais e internacionais e na orientação de Iniciação Científica (IC) e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP em diversas áreas: evolução histórica da fisioterapia, biomecânica, cinesioterapia, semiologia aplicada à fisioterapia e avaliação funcional, bem como no bruxismo, disfunção temporomandibular, dor, coluna vertebral e postura. Juliana Ferreira de Andrade É professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) em diversos campi de São Paulo e nos campi Alphaville e Jundiaí. Atua também como professora conteudista da graduação em Fisioterapia da UNIP Interativa. É mestre em Bioética pelo Centro Universitário São Camilo (2016), se especializou em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Universidade Metodista de São Paulo (2005) e se graduou em Fisioterapia pelo Centro Universitário São Camilo (2002). Atua como professora convidada do curso de pós-graduação em Geriatria, na disciplina de Bioética do Envelhecimento, na orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na UNIP nas áreas: fisioterapia respiratória adulto, pediátrica e neonatal, e bioética. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A524e Amorim, Cinthia Santos Miotto de. Evolução Histórica da Fisioterapia / Cinthia Santos Miotto de Amorim, Juliana Ferreira de Andrade. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 172 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Reabilitação. 2. Áreas de atuação. 3. Avaliação fisioterapêutica. I. Andrade, Juliana Ferreira de. II. Título. CDU 615.8 U504.34 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ingrid Lourenço Lucas Ricardi Sumário Evolução Histórica da Fisioterapia APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 FISIOTERAPIA ..................................................................................................................................................... 11 1.1 O que é fisioterapia? ........................................................................................................................... 11 1.2 Qual é o símbolo oficial da fisioterapia? ..................................................................................... 16 1.3 Quem é o profissional fisioterapeuta? ......................................................................................... 19 1.4 Decreto-Lei n. 938 (1969) ................................................................................................................. 21 1.5 Lei n. 8.856 (1994) ............................................................................................................................... 22 1.6 Lei n. 6.316 (1975)................................................................................................................................ 24 1.6.1 Coffito ......................................................................................................................................................... 25 1.6.2 Crefitos ........................................................................................................................................................ 26 1.6.3 Departamento de Fiscalização (Defis) ............................................................................................ 30 1.7 Resoluções do Coffito ........................................................................................................................ 31 1.7.1 Resolução n. 468 (2016) – registro profissional ......................................................................... 31 1.7.2 Resolução n. 052 (1985) – registro profissional docente ....................................................... 32 1.7.3 Resolução n. 487 (2017) – anuidade .............................................................................................. 33 1.7.4 Resolução n. 483 (2013) – recadastramento nacional ............................................................ 33 1.7.5 Resolução n. 131 (1991) – diplomas no estrangeiro ................................................................ 34 1.8 Entidades de classe .............................................................................................................................. 36 1.8.1 Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito) ................................... 36 1.8.2 Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB) ............................................................................ 39 1.8.3 World Confederation of Physical Therapy (WCPT) .................................................................... 42 2 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO MUNDO E DA FISIOTERAPIA NO BRASIL ............................. 43 2.1 História da reabilitação ...................................................................................................................... 43 2.1.1 Antiguidade ............................................................................................................................................... 44 2.1.2 Idade Média............................................................................................................................................... 46 2.1.3 Renascimento ........................................................................................................................................... 47 2.1.4 Industrialização .......................................................................................................................................48 2.1.5 Fisioterapia na Idade Contemporânea ........................................................................................... 49 2.2 História da fisioterapia no Brasil .................................................................................................... 52 Unidade II 3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA ................................. 61 3.1 Áreas de atuação da fisioterapia clínica ..................................................................................... 61 3.2 Áreas de atuação da fisioterapia na saúde coletiva ............................................................... 61 3.3 Áreas de atuação da fisioterapia na educação ........................................................................ 62 3.4 Áreas de atuação da fisioterapia no esporte............................................................................. 64 3.5 Áreas de atuação da fisioterapia em equipamentos e produtos próprios .................... 65 4 ESPECIALIDADES RECONHECIDAS PELO COFFITO .............................................................................. 66 4.1 Especialidade profissional de fisioterapia em gerontologia................................................ 68 4.2 Especialidade profissional de fisioterapia do trabalho .......................................................... 68 4.2.1 Perícia fisioterapêutica e a atuação do perito ............................................................................ 69 4.3 Especialidade profissional em acupuntura e medicina tradicional chinesa (MTC) ................................................................................................................................................ 70 4.3.1 Prática da auriculoterapia pelo fisioterapeuta ........................................................................... 72 4.4 Especialidade profissional de fisioterapia cardiovascular .................................................... 73 4.5 Especialidade profissional de fisioterapia aquática ................................................................ 74 4.6 Especialidade profissional de fisioterapia na saúde da mulher ......................................... 76 4.7 Especialidade profissional em osteopatia................................................................................... 77 4.8 Especialidade de fisioterapia traumato-ortopédica funcional .......................................... 78 Unidade III 5 FORMAÇÃO PROFISSIONAL ......................................................................................................................... 85 5.1 Breve histórico da fisioterapia no Brasil ..................................................................................... 85 5.2 Diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia ....................................................................... 86 5.3 Estágio curricular ................................................................................................................................. 90 6 ME FORMEI, E AGORA? COMO PROCEDER PARA EXERCER LEGALMENTE MINHA PROFISSÃO?........................................................................................................................................... 93 6.1 Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF) e parâmetros assistenciais ........................................................................................................................... 95 6.2 Código de Ética Profissional ............................................................................................................ 98 Unidade IV 7 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA E RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS ..........................................108 7.1 Anamnese ..............................................................................................................................................108 7.1.1 Sinais vitais .............................................................................................................................................. 110 7.1.2 Avaliação do nível de consciência .................................................................................................112 7.1.3 Exame físico ............................................................................................................................................113 7.1.4 Modelo de ficha de avaliação fisioterapêutica ......................................................................... 119 7.1.5 Prontuários ............................................................................................................................................. 128 8 RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS ..............................................................................................................129 8.1 Cinesioterapia ......................................................................................................................................130 8.1.1 Mecanoterapia .......................................................................................................................................131 8.1.2 Massoterapia...........................................................................................................................................131 8.1.3 Hidroterapia ........................................................................................................................................... 132 8.1.4 Eletroterapia ........................................................................................................................................... 132 8.1.5 Termoterapia e fototerapia .............................................................................................................. 136 8.1.6 Estimulação transcraniana ............................................................................................................... 136 8.1.7 Práticas complementares/integrativas de saúde .................................................................... 137 8.1.8 Treinamento funcional ...................................................................................................................... 139 8.1.9 Pilates ....................................................................................................................................................... 139 8.1.10 Equoterapia .......................................................................................................................................... 140 8.1.11 Reeducação postural global (RPG) ............................................................................................. 140 8.1.12 Osteopatia .............................................................................................................................................141 8.1.13 Acupuntura .......................................................................................................................................... 142 8.1.14 Kabat/Bobath ...................................................................................................................................... 143 8.2 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) .............144 9 APRESENTAÇÃO Neste livro-texto, você compreenderá a evolução histórica da fisioterapia no Brasil e no mundo, suas repercussões políticas, econômicas e sociais, bem como suas áreas de atuação, legislação e papel da profissão no cenário da saúde nacional. Os objetivos gerais da disciplina são apresentar a história da fisioterapia, juntamente com as suas áreas de atuação e as condutas no tratamento fisioterapêutico; possibilitar a compreensão do que representa a profissão e sua importância para a sociedade; e capacitar o graduando a desenvolver e exercer um comportamento profissional adequado, sustentado nos códigos morais e na legislação. Já os objetivos específicos são apresentar as áreas de atuação da fisioterapia, especialidades reconhecidas na profissão e sua relação na saúde,educação e pesquisa; informar sobre o mercado de trabalho da fisioterapia; expor a evolução histórica da fisioterapia; mostrar as leis que fundamentam a profissão e órgãos fiscalizadores; informar as atribuições das entidades de classe da fisioterapia; discutir a responsabilidade profissional do fisioterapeuta frente aos pacientes, colegas de profissão e outros membros da equipe de saúde; e apresentar as principais condutas e recursos utilizados pelo fisioterapeuta. Nesta disciplina, você poderá entender a trajetória da fisioterapia pelo mundo e sua evolução no Brasil, bem como as disciplinas determinadas pelo Ministério da Educação, a importância da realização de um estágio curricular para sua atuação profissional após o seu devido registro no Conselho de Classe de sua região e conhecimento do Código de Ética para se tornar um profissional ético e humano, respeitando sempre seu paciente em todas as suas dimensões e resguardando as informações que lhe forem confidenciadas ou os dados que forem colhidos. INTRODUÇÃO Cada uma das unidades deste livro-texto apresenta uma particularidade do tema e foi organizada tendo em vista facilitar seu percurso dentro da temática. Inicialmente, a intenção principal do conteúdo aqui disposto é ajudar na compreensão do que é a fisioterapia, indicar o símbolo oficial da profissão e quem é o profissional da área, baseado em decretos-lei, leis e resoluções específicas, bem como a história da reabilitação e da fisioterapia no Brasil e no mundo. Depois, o objetivo é ajudar no entendimento de quais são as atribuições do profissional fisioterapeuta, as áreas de atuação e as especialidades reconhecidas pelo Coffito (Conselho Federal de fisioterapia e Terapia Ocupacional), bem como conhecer outras resoluções relacionadas a algumas especialidades. Posteriormente, o objetivo será entender as diretrizes curriculares de seu curso, as disciplinas e suas relações com a prática profissional desenvolvida no estágio curricular de caráter obrigatório e as suas obrigações éticas e disciplinares após a conclusão do curso por meio do conhecimento do Código de Ética da Fisioterapia e dos procedimentos necessários para adquirir o seu registro profissional e então exercer a profissão legalmente. 10 Finalmente, será abordada a importância de uma avaliação fisioterapêutica, bem como os recursos que podem ser utilizados pelo profissional após o estabelecimento de seus objetivos de tratamento. Devemos lembrar que a avaliação fisioterapêutica deverá ser completa, com uma anamnese bem detalhada e um exame físico completo. 11 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Unidade I 1 FISIOTERAPIA 1.1 O que é fisioterapia? É provável que, pelo menos uma vez na vida, você já foi ou conhece alguém que tenha ido ao fisioterapeuta. Mas será que todos os usuários dos serviços de fisioterapia sabem realmente de que se trata essa profissão, que em 2019 completou 50 anos de existência no Brasil? Embora até mesmo nos dias atuais existam algumas pessoas que não sabem responder o que faz o fisioterapeuta e outras falem que a função desse profissional se limita a fazer massagem, esse panorama começa a mudar. Paulatinamente, as pessoas têm relacionado a fisioterapia à reabilitação e à prevenção, um sinal de que a imagem da profissão junto à população vem sendo reconhecida a cada dia, provavelmente devido à sua maior exposição nas redes sociais e na mídia em geral. Desta forma, podemos dizer que a fisioterapia está inserida na área da saúde e mais especificamente nas ciências da vida, compondo uma profissão de grande importância para a população em geral, como a medicina e a odontologia, por exemplo. Além disso, a fisioterapia é a ciência que tem como objeto de estudo o movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades. Então, além de estudar, diagnosticar e reabilitar indivíduos com distúrbios cinéticos funcionais que ocorrem em órgãos e sistemas do corpo humano, a fisioterapia previne e promove a saúde, definida como um estado completo de bem-estar físico, psíquico e social, e não simplesmente a ausência de doenças e enfermidades (SEGRE; FERRAZ, 1997). Figura 1 – Saúde: bem-estar físico, psíquico e social 12 Unidade I Observação Distúrbios cinéticos ou cinesiológicos funcionais se referem às perturbações de movimentos que levam às incapacidades nas funções de órgãos ou sistemas corporais. Figura 2 – Incapacidade funcional Estes distúrbios podem ser gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas que afetam a saúde de modo geral e podem, dessa forma, desencadear repercussões biopsicossociais, que referem tanto aos fatores biológicos ou físicos quanto aos psíquicos ou emocionais e/ou sociais de um ser humano. Além, disso, doença é definida como ausência de saúde e um processo patológico caracterizado por sinais e sintomas que podem afetar o corpo todo ou alguma de suas partes (CZERESNIA; FREITAS, 2009). Exemplo de aplicação A paralisia cerebral (PC) é uma doença crônica cujo aparecimento ocorre na infância. Ela limita as funções motoras em longo prazo de forma leve, moderada ou severa. No Brasil, de mil crianças nascidas vivas, em torno de sete têm a doença (SILVA, 2019). Reflita: a PC requer ou não um tratamento especial e eficaz, como a fisioterapia, para a sua reabilitação? Consulte o artigo a seguir e leia mais sobre o tema: SILVA, G. G.; ROMÃO, J.; ANDRADE, E. G. S. Paralisia cerebral e o impacto do diagnóstico para a família. Revista de Iniciação Científica e Extensão, v. 2, n. 1, p. 4-10, 27 jan. 2019. Disponível em: https://revistasfacesa. senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/131/89. Acesso em: 31 jul. 2019. 13 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Figura 3 – Paralisia cerebral Exemplo de aplicação Anomalias congênitas como as microcefalias ao nascer, caracterizadas pelo perímetro cefálico ou tamanho da cabeça inferior à média específica para o sexo e idade gestacional, podem ser causadas pela exposição intrauterina ao vírus Zika, como observamos no Brasil, principalmente na região Nordeste a partir de 2015 (MARINHO, 2016). Será que a fisioterapia pode contribuir não só no acompanhamento destas crianças e de suas famílias, mas também na prevenção de novos casos e na promoção da saúde? Para saber mais sobre microcefalia, leia a cartilha desenvolvida pelo Conselho Federal de fisioterapia e de Terapia Ocupacional (Coffito): COFFITO. Diagnóstico: microcefalia. E agora? Brasília, [s.d.]b. Disponível em: https://coffito.gov.br/ nsite/wp-content/uploads/comunicao/materialDownload/CartilhaMicrocefalia_Final.pdf. Acesso em: 31 jul. 2019. Consulte também o artigo científico a seguir: MARINHO, F. et al. Microcefalia no Brasil: prevalência e caracterização dos casos a partir do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), 2000-2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 25, n. 4, out./dez. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S2237-96222016000400701. Acesso em: 29 ago. 2019. Figura 4 – Microcefalia 14 Unidade I Exemplo de aplicação Cerca de 10 mil pessoas por ano ficam incapacitadas de se movimentarem e até de se locomoverem devido a lesões na medula espinhal, causadas principalmente por traumas, como acidentes de carro, quedas de grandes alturas ou violência (CEREZETTI et al., 2012). Em 2014, a ex-ginasta brasileira Lais Souza sofreu um acidente enquanto esquiava. A lesão que acometeu a medula espinhal de Lais ocorreu na região da coluna cervical, o que ocasionou, além de outras complicações, que ela ficasse tetraplégica, ou seja, paralisada do pescoço para baixo. Em entrevista, a ex-ginasta relatou que foi o amor à vida que a fez reerguer. E que é esse sentimento que a faz reencontrar a adrenalina que a instiga a cada atendimento de fisioterapia. Ela mencionou também que o seu processo de recuperação não foi nada fácil, pois ela levou três meses para recuperar a voz e parar de usar plaquinhas para que aspessoas soubessem o que ela queria dizer. Depois, começou a sentar e tenta, todos os dias, dar um passo para a sua recuperação. No ano passado, quando usou o Orthowalk, um robozinho fisioterápico que lhe permitiu ficar em pé, sentiu o mesmo de quando praticava ginástica artística. Aquela experiência lhe deu asas e fez aumentar, ainda mais, a sua esperança em uma evolução cada vez maior. Reflita sobre as formas por meio das quais você percebe que a fisioterapia faz a diferença na vida das pessoas. Leia sobre prematuridade no exemplo de aplicação a seguir: Exemplo de aplicação Você já ouviu falar em prematuridade? Prematuro é o bebê pré-termo, que nasce antes das 37 semanas completas de gestação (CHAGAS, 2009). Para a intervenção precoce da fisioterapia como forma de diminuir consideravelmente as chances de alto risco para problemas de desenvolvimento, de 0 a 1 ano é a idade “diamante”; e de 1 a 2 anos é a idade “ouro”. Portanto, a fisioterapia, ao mesclar diversas técnicas, é fundamental para evitar sequelas, prevenir e promover a saúde dessas crianças em curto, médio e longo prazo. Reflita acerca dessa importante e linda área de atuação do fisioterapeuta, a neonatologia, que assim como as áreas pediátrica e adulta, serão abordadas com maior profundidade no decorrer do curso, principalmente no momento em que você estudará sobre fisioterapia em terapia intensiva. Leia o artigo a seguir, para saber um pouco mais sobre a área neonatal da fisioterapia: VASCONCELOS, G. A. R.; ALMEIDA, R. C. A.; BEZERRA, A. L. Repercussões da fisioterapia na unidade de terapia intensiva neonatal. fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 1, p. 65-73, 2011. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/fm/v24n1/v24n1a08.pdf. Acesso em: 2 set. 2019. 15 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Figura 5 – Bebê prematuro Sendo assim, é importante ressaltar que a fisioterapia tem como objetivo não apenas restabelecer, reabilitar, restaurar ou desenvolver a integridade dos órgãos, sistemas e/ou funções, mas também visa manter, preservar e promover a saúde e qualidade de vida aos indivíduos. Lembrete Neste contexto, é importante relembrar que saúde se trata do completo bem-estar biopsicossocial, e a fisioterapia, como profissão da área da saúde, tem um papel fundamental neste amplo aspecto. Propõe-se, nesta etapa, uma atividade. Imagine que já se passaram os quatro anos de graduação e agora, como fisioterapeuta formado, você faz a sua oração. Veja em que consiste: Oração da fisioterapia Senhor, eu sou fisioterapeuta. Um dia, depois de anos de estudos, me entregaram um diploma, dizendo que eu estava oficialmente autorizado a reabilitar. 16 Unidade I E eu jurei fazê-lo… conscientemente. Não é fácil, Senhor, não é nada fácil viver este juramento na rotina sempre repetida da vida de um fisioterapeuta: avaliando… tratando… reavaliando… tratando… acompanhando passo a passo a recuperação, às vezes lenta, dos pacientes. Contudo, Senhor, eu quero ser fisioterapeuta… Alguém junto de alguém. Não mecânico de uma engrenagem, mas gente reabilitando gente. Que todo aquele que me procura em busca de cura física encontre em mim algo mais que o profissional… Que eu saiba parar para ouvi-lo… sentar junto ao seu leito para animá-lo… É muito importante, Senhor: que eu não perca a capacidade de chorar. Que eu saiba ser fisioterapeuta. . .alguém junto de alguém… Gente reabilitando gente, com a tua ajuda, Senhor. Fonte: Crefito-6 (2019). Propõe-se mais uma atividade de imaginação. Desta vez, tente se imaginar no dia da sua formatura. Nesta ocasião, você participa do juramento solene em que promete praticar a fisioterapia da seguinte forma: Juramento da fisioterapia Juro, por Deus e minha família, diante de meus mestres que me dedicarei à fisioterapia com honra, dignidade, respeitando a vida humana desde a concepção até a morte, jamais cooperando em ato que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque em risco a integridade física, psíquica e social do ser humano; dispondo todo meu conhecimento, talento e inteligência para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Repassarei meus conhecimentos sempre que se fizer necessário e agirei com humildade e honestidade. Assim, eu juro. Fonte: Crefito-10 (2007). 1.2 Qual é o símbolo oficial da fisioterapia? Desde os primórdios da humanidade, o homem já se manifestava culturalmente utilizando símbolos, com representações de animais, plantas, pessoas e sinais gráficos abstratos. 17 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Quando observamos os símbolos das profissões, interpretamos informações visuais de como os profissionais atuam, criando sua identidade própria em relação à sua atuação. O símbolo da fisioterapia foi aprovado e oficializado pela Resolução n. 232 do Coffito, de 2002. Observação Resoluções são atos administrativos normativos que partem de autoridades superiores que disciplinam matéria de sua competência específica. No caso da fisioterapia, a autoridade superior é o Coffito. O símbolo demonstra, de forma gráfica, a identidade da profissão. Figura 6 – Símbolo da fisioterapia A composição é formada por duas serpentes entrelaçadas em espiral em volta de um raio. Essa imagem está inserida em uma moldura chamada de camafeu (do latim cammaeus) que, embora não demonstrado na figura anterior, deve conter também a inscrição da palavra fisioterapia ou fisioterapeuta. O que especificamente significa cada um dos componentes deste símbolo? • As serpentes: as duas serpentes são associadas à ciência e sabedoria, bem como à transmissão e utilização do conhecimento compreendido de forma sábia. Estão entrelaçadas para demonstrar elo ou integração entre os atributos da natureza – humana, social e profissional. A cor verde predominante simboliza a saúde. 18 Unidade I • O raio: identifica valores e práticas corretas da vida e por estar entre as serpentes, remete também à união entre a consciência individual e as técnicas utilizadas na fisioterapia. Curiosamente, as técnicas elétricas foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pela profissão. A cor amarelo-ouro simboliza a luz, claridade e brilho intenso. • O camafeu: a palavra significa pedra esculpida ou entalhada. Podemos nos referir ao elemento como uma moldura ou elipse em fundo branco, que representa a solidez da profissão. Além disso, de acordo com a Resolução n. 232 do Coffito (2002) citada anteriormente, esse símbolo tem seu uso autorizado: • no âmbito do Sistema dos Conselhos Federal (Coffito) e Regionais (Crefitos) da Fisioterapia, inclusive pode ser utilizado como segundo brasão nos seus documentos oficiais; • nas Forças Armadas, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares como símbolo profissional de indivíduo com patente de oficial, graduado em grau universitário superior em Fisioterapia; • por profissionais fisioterapeutas com registro em Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito); • por pessoas físicas ou jurídicas, desde que expressamente autorizadas pelo Coffito. Há quem diga que o símbolo da fisioterapia deveria incluir as mãos, visto que esse membro tão especial do corpo humano constitui um recurso terapêutico muito importante e utilizado pelos profissionais. Saiba mais Para mais detalhes sobre o símbolo oficial da fisioterapia, consulte a Resolução do Coffito n. 232 (2002): COFFITO. Resolução n. 232, de 27 de dezembro de 2002. Brasília, 2002. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=877. Acesso em: 2 set. 2019. A importância do uso das mãos no trabalho do fisioterapeuta nos faz lembrar um poema, disposto a seguir. As mãos do fisioterapeuta Mãos que entendem e se estendem nos labores, Silenciosas mãos de mil cansaços, Que em contatos contidos, feito abraços, Se enlaçam em lenitivo a tantas dores. 19 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Mãos que acalmam, diante dos temores, Calando o medo dos primeiros passos, Correndo, prescientes, pernas, braços, Que anseiam lassos pelos seus favores. Sãomãos que aos céus ascendem nos desvelos, As mãos profissionais cheias de zelos Que animam o amanhã nos dias seus. Mãos mágicas, que à luz de um hermeneuta, Refletem as mãos do fisioterapeuta, Firmes na fé que vem das mãos de Deus. Fonte: Lima (2000). Figura 7 – As mãos do fisioterapeuta 1.3 Quem é o profissional fisioterapeuta? O fisioterapeuta é o profissional da saúde com formação acadêmica superior, capacitado para atuar em todos os níveis de atenção à saúde e em diversas áreas, como veremos adiante. Observação Os três níveis de atuação à saúde são: o primário, secundário e terciário, também conhecidos como níveis básico, de média e alta complexidade, respectivamente. Pode-se dizer também que o fisioterapeuta é o profissional habilitado a realizar uma avaliação específica; elaborar o diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais; prescrever, ordenar e induzir as condutas fisioterapêuticas; bem como acompanhar a evolução do quadro clínico ou dos sinais e sintomas do paciente e estabelecer as condições para alta do serviço fisioterapêutico. 20 Unidade I Nesta disciplina, você já terá uma prévia do que compreende avaliação e diagnóstico fisioterapêuticos e conhecerá alguns recursos próprios da profissão. Observação Já foi explicado o que são os distúrbios cinéticos funcionais. Neste momento, é importante esclarecer que o seu diagnóstico é também conhecido como cinético funcional, cinesiológico funcional ou fisioterapêutico. Além de qualidades como responsabilidade, ética e autonomia, o profissional apresenta competências e habilidades adquiridas durante a sua formação acadêmica em Instituição de Ensino Superior, para prestar a melhor assistência possível às pessoas em geral. Trata-se de um profissional devidamente registrado no Crefito, conforme as importantes Resoluções n. 468 (2016) e n. 052 (1985) e com atividade regulamentada pelo Decreto-Lei n. 938 (1969), Leis n. 8.856 (1994) e n. 6.316 (1975) e outras Resoluções, que discutiremos a seguir. Observação Decreto-lei é um decreto com força de lei que foi muito utilizado no Brasil no regime militar com legitimidade efetiva de uma norma administrativa e poder de lei. A palavra lei trata basicamente do conjunto de normas estabelecidas por autoridades competentes. Figura 8 21 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Exemplo de aplicação Na maioria das vezes, as respostas aos questionamentos feitos a estudantes de Fisioterapia sobre o que mais os encanta na carreira profissional foram associadas ao amor ao próximo, à relação terapeuta-paciente, ao ato de ajudar, à empatia e à paciência, qualidades importantes para o profissional, mas principalmente para o ser humano que ele é. Para refletir ainda mais sobre essas qualidades e a relação terapeuta-paciente, assista a dois filmes: INTOCÁVEIS. Dir. Olivier Nakache; Éric Toledano. França: Gaumont, 2011. 112 minutos. PATCH Adams: o amor é contagioso. Dir. EUA: Blue Wolf, 1998. 115 minutos. Depois, escreva as cenas nas quais, em sua opinião, essas qualidades e relações ficaram mais evidentes. 1.4 Decreto‑Lei n. 938 (1969) Um dos documentos oficiais mais importantes da fisioterapia, que assegura o exercício da profissão, é o Decreto-Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969, que posteriormente foi estabelecido como Dia do Fisioterapeuta. Nestas décadas de regulamentação, é fato que a profissão cresceu muito, técnica, social e cientificamente. Neste documento, elaborado durante o período do regime militar no Brasil pelos ministros da Marinha de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, o fisioterapeuta diplomado em escolas e cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) tornou-se um profissional de nível superior. Observação O curso de Fisioterapia no formato semipresencial é autorizado pela Resolução Consuni n. 190.411/2, de 11 de abril de 2019 (Portaria do MEC n. 1.095, de 25 de outubro de 2018). Esse Decreto-Lei ainda confirma que é atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas próprias com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente. E acrescenta que em seu campo de atividades específicas, o fisioterapeuta pode dirigir serviços em órgãos e estabelecimentos públicos ou particulares ou assessorá-los tecnicamente, exercer o magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio e supervisionar profissionais e alunos em trabalhos técnicos e práticos. Além disso, o Decreto-lei atesta que os profissionais diplomados em escolas estrangeiras devidamente reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas. Maiores informações sobre isso são encontradas na Resolução n. 131 (1991). 22 Unidade I Saiba mais Faça a leitura na íntegra do Decreto-Lei n. 938 (1969). BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto-Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969. Brasília, 1969. Provê sobre as profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm. Acesso em: 3 set. 2019. 1.5 Lei n. 8.856 (1994) Em 1º de março de 1994, Itamar Franco, o presidente da época, sancionou ou aprovou a Lei n. 8.856, que fixa a jornada de trabalho dos profissionais fisioterapeutas à prestação máxima de 30 horas semanais de trabalho. Saiba mais Consulte a Lei n. 8.856 (1994). BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 8.856, de 1º de março de 1994. Fixa a Jornada de Trabalho dos Profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional. Brasília, 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8856.htm. Acesso em: 3 set. 2019. Há alguns anos foi realizada uma pesquisa com o objetivo de traçar o perfil do fisioterapeuta no estado de São Paulo. O resultado foi que dos 2.323 fisioterapeutas participantes, em torno de 60% tinha conhecimento da regulação da carga horária que compõe a jornada de trabalho máxima de 30 horas semanais (SHIWA, SCHMITT; JOÃO, 2016). Isso quer dizer que o restante, aproximadamente 40% dos profissionais, desconhecia esta lei importante para a profissão, mesmo depois de 22 anos da sua aprovação. Quando lhe perguntarem qual é a jornada semanal de trabalho do fisioterapeuta, o que você responderá? Essa informação também será valiosa para você após a sua formação acadêmica, ao ingressar no mundo do trabalho da fisioterapia. 23 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Exemplo de aplicação No site do Crefito-3 (3ª Região), que tem o Estado de São Paulo como área de jurisdição – território sobre o qual determinada autoridade exerce poder –, foram divulgadas notícias sobre editais de concursos públicos com cargas horárias semanais superiores às estipuladas por lei. • A Prefeitura do município de Tatuí, em São Paulo, publicou edital de concurso (n. 01/2019) com carga horária de 44 horas semanais para fisioterapeutas. Veja a reportagem na íntegra: CREFITO-3. Crefito-3 notifica Prefeitura de Tatuí para retificação de edital de concurso. Brasília, 2019b. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3233. Acesso em: 31 jul. 2019. • As prefeituras municipais de Itapevi, Santa Bárbara D’Oeste e Porto Ferreira em São Paulo publicaram os respectivos editais de concurso público: n. 01, 02 e 03/2018 em que constavam cargas horárias para vagas de fisioterapeuta também acima do que está previsto na lei. Confira reportagem na íntegra: CREFITO-3. Prefeituras ignoram notificação e Crefito-3 aciona Justiça contra irregularidades em concursos. Brasília, 2019e. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias. asp?codnot=3166. Acesso em: 31 jul. 2019. • Outros exemplos similares ocorreram em três municípios também de São Paulo: São João da Boa Vista, Angatuba e Sebastianópolis do Sul. Seus editais de concurso previam 40 horas de trabalho semanais para o fisioterapeuta. Veja essa notícia em: CREFITO-3. Outra vez,a carga horária de 40 horas para e fisioterapia terapia ocupacional. Brasília, 2018. Disponível em: http://www.crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=2941. Acesso em: 31 jul. 2019. Após notificação do Crefito, será que as prefeituras tiveram que retificar a carga horária do edital sem redução da remuneração? Por que vêm ocorrendo esses descumprimentos da legislação vigente? Será que essa é uma realidade apenas de municípios do estado de São Paulo ou de outros também? Pesquise em fontes confiáveis, como nos sites dos Crefitos e Coffito, e reflita a respeito disso. 24 Unidade I Figura 9 – Estado de São Paulo Observação No caso dos Crefitos, cada área de jurisdição se refere a um ou mais estados do território brasileiro. 1.6 Lei n. 6.316 (1975) Em 17 de dezembro de 1975, o então presidente Ernesto Geisel sancionou a Lei n. 6.316, que constituiu e ainda constitui um instrumento fundamental para a fiscalização do exercício da fisioterapia. Essa lei criou o Coffito e os Crefitos, compostos por membros eleitos efetivos e suplentes com mandato de quatro anos, e determinou suas respectivas competências. Em conjunto, o Coffito e os Crefitos constituem uma autarquia federal que inicialmente foi vinculada ao Ministério do Trabalho. Porém, com a Lei n. 9.098 (1995) ocorreu o desvinculamento. Saiba mais Leia na íntegra a Lei n. 6.316 (1975): BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e dá outras providências. Brasília, 1975. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/1970-1979/L6316.htm. Acesso em: 4 set. 2019. 25 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA 1.6.1 Coffito O Coffito está sediado em Brasília e sua área de jurisdição é todo o país. Saiba mais O endereço físico da sede do Coffito é SRTVS quadra 701, conjunto L, Edifício Assis Chateaubriand, bloco II, salas 602/614 – CEP 70340-906 – Brasília – DF e o telefone é (61) 3035-3800. Das 16 competências do Coffito especificadas na Lei n. 6.316 (1975), destacamos as seguintes: — Exercer função normativa, baixar atos necessários à […] fiscalização do exercício profissional […]; — Supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o território nacional; — Organizar, instalar, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais e examinar suas prestações de contas […]; — Fixar o valor das anuidades, taxas, emolumentos e multas devidas pelos profissionais e empresas aos Conselhos Regionais a que estejam jurisdicionados e destes, 20% constitui sua renda; — Dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, sobre o Código de Ética Profissional, funcionando como Tribunal Superior de Ética Profissional; — Estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e bom nome dos que a exercem; — Instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade profissional (BRASIL, 1975). Portanto, o Coffito possui um rico histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem-estar do povo brasileiro e atualmente continua se dedicando a fomentar a boa formação técnica e humanista do fisioterapeuta e a defender sua inserção profissional nos diversos ambientes no mundo do trabalho, para que a sociedade possa receber serviços resolutivos e de excelência. Além de zelar pelo cumprimento ético, o Coffito atua em uma série de frentes estratégicas em prol dos serviços de fisioterapia na sociedade e do seu crescimento científico. 26 Unidade I Saiba mais Para conferir maiores informações sobre o Coffito, acesse o site oficial: http://www.coffito.gov.br. 1.6.2 Crefitos Os 16 Crefitos representam regionalmente o órgão máximo federal, que, como vimos, é o Coffito. Eles estão sediados em capitais de Estados brasileiros ou áreas de jurisdição. Exemplo de aplicação O Crefito-3 já citado, possui como área de jurisdição, o Estado de São Paulo e está sediado na Rua Cincinato Braga, 277 – Bela Vista – CEP 01333-011 – São Paulo/SP e o telefone é 0800-750.5900. Explore, nos sites a seguir, as áreas de jurisdição, localizações e contatos dos outros 15 Conselhos Regionais de fisioterapia de todas as regiões do Brasil. Crefito 1 – www.crefito1.org.br Crefito 2 – www.crefito2.gov.br Crefito 4 – www.crefito4.org.br Crefito 5 – www.crefito5.org.br Crefito 6 – www.crefito6.org.br Crefito 7 – www.crefito7.gov.br Crefito 8 – www.crefito8.org.br Crefito 9 – www.crefito9.org.br Crefito 10 – www.crefito10.org.br Crefito 11 – www.crefito11.gov.br Crefito 12 – www.crefito12.org.br Crefito 13 – www.crefito13.org.br 27 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Crefito 14 – www.crefito14.org.br Crefito 15 – www.crefito15.org.br Crefito 16 – www.crefito16.gov.br Dentre as 15 competências dos Crefitos determinadas na Lei n. 6.316 (1975), veja as seguintes: — Fiscalizar o exercício profissional na área de sua jurisdição […]; — Funcionar como Tribunal Regional de Ética, conhecendo, processando e decidindo os casos que lhe forem submetidos; — Expedir a carteira de identidade profissional […] aos profissionais registrados; — Arrecadar e promover a cobrança de anuidades, multas, taxas e emolumentos […], sendo que 80% do produto arrecadado constitui sua renda; — Estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e bom conceito dos que a exercem (BRASIL, 1975). Até agora, você conseguiu notar diferenças e semelhanças entre o Coffito e os Crefitos? Você deve ter percebido que estimular a exação no exercício profissional, velando pelo prestígio e bom conceito ou bom nome dos que a exercem, é uma das competências comuns. É importante destacar que o livre exercício da profissão em todo o território nacional somente é permitido ao portador da carteira profissional, que, embora tenha seu modelo instituído pelo Coffito, é expedida pelo Crefito da área de jurisdição onde o registro foi feito. Observação Uma dúvida frequente dos alunos ingressantes no curso de Fisioterapia é se poderão atuar como fisioterapeutas em mais de um estado brasileiro ao mesmo tempo. De acordo com a lei que estamos tratando, pode-se dizer que sim. Primeiramente, é preciso verificar se a área de jurisdição dos Conselhos é a mesma ou não, pois alguns Crefitos abrangem mais de um estado. 28 Unidade I Entretanto, é necessário saber que o exercício simultâneo, temporário ou definitivo da profissão na área de jurisdição de dois ou mais Crefitos submeterá o profissional às exigências e formalidades do Coffito. Dessa forma, é recomendável entrar em contato com os Conselhos e também se familiarizar com os pormenores descritos na Resolução n. 487 (COFFITO, 2017c) sobre o pagamento das anuidades nestes casos diferenciados. Outro ponto relevante descrito na Lei que estamos considerando, a n. 6.316 (1975), é sobre a anuidade, cujo valor é fixado pelo Coffito e cuja arrecadação ou cobrança é feita pelo Crefito da respectiva jurisdição. Sendo assim, o pagamento da anuidade constitui condição de legitimidade do exercício da profissão. Isso quer dizer que ao realizar o pagamento anual, você poderá exercer a profissão de forma legítima, em conformidade com a lei. A contribuição de fiscalização profissional é um dos tributos ou impostos que nós, brasileiros, pagamos para exercer qualquer profissão. Podemos dizer que todas as profissões regulamentadas por Conselhos de Classe devem realizar esse pagamento. Por fim, a Lei aborda a questão das infrações. Infringir significa basicamente transgredir ou desrespeitar. O que constituem algumas infrações ou transgressões do profissional fisioterapeuta sujeitos à advertência, repreensão, multa, suspensão ou até ao cancelamento do registro dependendo da situação? A seguir, são listadas as infrações mencionadas na Lei n. 6.316 (BRASIL, 1975): • Transgredir preceito ou norma do Código de Ética Profissional. • Exercer a profissão quando impedido de fazê-lo. • Facilitar, por qualquer meio,o exercício profissional aos que não são registrados ou aos leigos. • Violar sigilo profissional. • Praticar ato que a Lei defina como crime ou contravenção (infração penal de menor gravidade que um crime). • Depois de notificado, não cumprir determinação emitida pelo Crefito no prazo determinado. • Deixar de pagar, pontualmente, as contribuições obrigatórias ao Crefito. • Faltar a qualquer dever profissional prescrito nesta Lei. • Manter conduta incompatível com o exercício da profissão. 29 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Lembrete O Coffito é o Tribunal Superior de Ética, e o Crefito é o Regional. Figura 10 – Coffito/Crefitos: Tribunais Superior e Regional de Ética da fisioterapia Exemplo de aplicação No primeiro semestre de 2019, alguns Crefitos publicaram notícias que relatavam histórias de falsos profissionais em diversas partes do país. • O Crefito-7 flagrou alguns casos de falsos profissionais em Salvador e em municípios do interior da Bahia: Barreiras, Crisópolis, Itapetinga, Nazaré das Farinhas, Senhor do Bonfim e Uruçuca. Esses leigos desempenhavam atividade própria do fisioterapeuta sem a devida formação acadêmica ou registro, o que se configurou como exercício irregular da profissão. Acesse a reportagem completa: CREFITO-7. Fiscalização flagra falsos fisioterapeutas atuando em Salvador e municípios do interior da Bahia. Brasília, 2019. Disponível em: https://crefito7.gov.br/?p=6651. Acesso em: 6 set. 2019. • Segundo matéria publicada no site do Crefito-3, em 2019 foram descobertos mais de seis leigos que prestavam assistência fisioterapêutica nas áreas de reumatologia e ortopedia a pacientes em clínicas da capital de São Paulo e em São Caetano do Sul, São José dos Campos e Ribeirão Preto; em alguns casos, com conivência de outros fisioterapeutas. Alguns desses falsos fisioterapeutas haviam cursado somente alguns semestres em cursos de graduação em Fisioterapia e uma tinha formação em Administração de Empresas. Acesse a reportagem completa: CREFITO-3. Falsos fisioterapeutas: mais seis casos são denunciados ao Ministério Público pelo Crefito-3. Brasília: 2019c. Disponível em: http://crefito3.org.br/dsn/noticias.asp?codnot=3212. Acesso em: 9 set. 2019. 30 Unidade I • Outro caso noticiado no site do Crefito-4 foi de uma falsa fisioterapeuta prestando atendimento em sua clínica em Minas Gerais. No momento da abordagem, a suposta fisioterapeuta afirmou ser a única profissional responsável pelo local. Foram localizados carimbo, cartões de visitas, banners, receituário e prontuários carimbados por ela, com numeração falsa do Crefito, além de um diploma de graduação em fisioterapia e de outro curso falsificados. Ela foi presa por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão. Acesse a reportagem completa: CREFITO-4. Falsa fisioterapeuta é flagrada atuando no sul de Minas. Brasília, 2019b. Disponível em: http://crefito4.org.br/site/2019/05/29/falsa-fisioterapeuta-e-flagrada-atuando-no-sul-de- minas/. Acesso em: 9 set. 2019. Leia as reportagens e reflita sobre as seguintes questões: 1) Quais danos à saúde dos usuários esses serviços podem ter causado? 2) Como isso prejudicou a atuação dos fisioterapeutas na região? 3) Essas más práticas devem ou não ser denunciadas? Diante dessas e de outras infrações, é importante que usuários, fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde entrem em contato com o Crefito de sua jurisdição sempre que notarem alguma irregularidade no exercício da fisioterapia. Ressalta-se que todas as denúncias são devidamente apuradas pelo Departamento dos Crefitos especializado na fiscalização e proteção da sociedade de falsos fisioterapeutas e de outras más práticas profissionais. 1.6.3 Departamento de Fiscalização (Defis) O Departamento de Fiscalização foi criado pela Resolução do Coffito n. 194 (1998), que aprovou o seu estabelecimento na estrutura dos Crefitos. Desta forma, o Defis passou a integrar o regimento interno dos Crefitos, se tornando parte inerente desses Conselhos. É composto por um coordenador geral, dois membros, designados entre membros do colegiado, agentes fiscais, funcionários ou profissionais fisioterapeutas especialmente convidados, indicados e supervisionados pelo próprio presidente do Crefito. De acordo com a Resolução n. 194 (1998), as atribuições do Defis são: sistematizar a programação e custeio da fiscalização, bem como o roteiro a ser cumprido pelos agentes fiscais; supervisioná-los em sua atuação; e avaliar, analisar e dar parecer no processo administrativo-fiscalizador. Os atos fiscalizatórios do Defis se limitam ao estado sede e/ou estado(s) integrante(s) de sua jurisdição. 31 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Saiba mais Para maiores informações sobre o Defis, consulte a Resolução n. 194 (1998): COFFITO. Resolução n. 194, de 9 de dezembro de 1998. Brasília, 1998. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/ resolução%20194.pdf. Acesso em: 9 set. 2019. Portanto, o Defis cumpre a função principal do Conselho Regional, isto é, fiscalizar o exercício da profissão de fisioterapia. Isso envolve manter a constante vigilância sobre os serviços de fisioterapia oferecidos por profissionais, instituições públicas e privadas, zelando pela segurança, qualidade e ética no atendimento prestado à população dentro da área de jurisdição. Exemplo de aplicação No site do Crefito-3, algumas das principais infrações observadas no estado de São Paulo foram: ausência de inscrição e de documentação profissional; fisioterapeuta que facilita exercício ilegal da profissão; leigo praticando ato privativo e carga horária acima de 30 horas semanais. Releia algumas das infrações descritas na Lei n. 6.316 (1975) que mencionamos previamente e lembre-se de quão importante é denunciá-las ao Crefito da sua jurisdição. 1.7 Resoluções do Coffito 1.7.1 Resolução n. 468 (2016) – registro profissional A Resolução n. 468 (2016) dispõe sobre o registro profissional que mencionamos antes e que é realizado para o portador de diploma ou certidão de conclusão de graduação, bacharelado em fisioterapia, em curso autorizado pelo MEC. Além do diploma, para o registro são necessários também a colação de grau e o histórico acadêmico. A universidade está preparada para oferecer aos graduandos todos os documentos e ajudar nos procedimentos necessários para que o seu registro profissional junto ao Crefito da área de sua jurisdição seja realizado após a sua formação. Sabemos que você não vê a hora de se registrar profissionalmente e receber sua carteira de identificação profissional de fisioterapeuta para começar a pôr em prática oficialmente tudo o que aprendeu na graduação. Aproveite bem esse momento único e faça dele um dos melhores da sua trajetória. 32 Unidade I Saiba mais Leia a Resolução completa: COFFITO. Resolução n. 468, de 19 de agosto de 2016. Brasília, 2016e. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/ RESOLUCAO46816.pdf. Acesso em: 9 set. 2019. 1.7.2 Resolução n. 052 (1985) – registro profissional docente A inscrição no Crefito para docentes é obrigatória. A fisioterapia é uma profissão regulamentada em lei, tendo suas atividades descritas na legislação por meio do Decreto-Lei n. 938/69, o qual determina as atividades privativas da fisioterapia e prevê o exercício do magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio. Além disso, a Lei n. 6.316 (1975) estabelece que o livre exercício da profissão em todo o território nacional é permitido ao profissional inscrito no Crefito e portador da carteira profissional, podendo assim exercer livremente a atividade de magistério. Observação Magistério é o cargo ou ofício de professor. Refere-se à docência. Desta forma, desde 1985 a Resolução n. 052 já tornava obrigatório o registro do fisioterapeuta que exerce o magistério junto ao Crefito de sua jurisdição, visto que dele se exigem conhecimentos técnicos, práticos e teóricos, alcançadosatravés do exercício profissional contínuo. Portanto, não será por se tornar professor que o profissional deixará de se tornar fisioterapeuta. Afinal, no ensino de suas disciplinas, o professor, via de regra, também age como efetivo profissional. Deste modo, ressalta-se que os fisioterapeutas necessitam de registro perante o Crefito para exercer o magistério e estão, consequentemente, sujeitos também ao pagamento da anuidade. Saiba mais Consulte a Resolução do Coffito n. 052 (1985) na íntegra: COFFITO. Resolução n. 052, de 16 de maio de 1985. Brasília, 1985. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/ resolução%20052.pdf. Acesso em: 9 set. 2019. 33 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA 1.7.3 Resolução n. 487 (2017) – anuidade O valor da anuidade é fixado pelo Coffito pela Resolução n. 487 (2017) e arrecadado pelos Crefitos. As Resoluções são sempre atualizadas no decorrer do tempo e é muito importante estar a par delas por meio da consulta constante de informações em sites confiáveis. A fixação e arrecadação das anuidades pelos fisioterapeutas acontecem devido a vários motivos: • São considerados tributos. • São indispensáveis para a existência da autarquia: Sistema Coffito/Crefitos. • A organização e funcionamento dos serviços úteis à regulamentação e fiscalização do exercício profissional dependem destas arrecadações. Atualmente, o valor está fixado em R$ 475,00 (quatrocentos e setenta e cinco reais), mas quando você se registrar pela primeira vez perante o Crefito, a anuidade será menor ou proporcional aos meses em que começar a vigorar a sua inscrição. A Resolução lhe assegura que se você realizar o pagamento à vista até os últimos dias úteis dos meses de janeiro, fevereiro ou março, você terá descontos de 15%, 10% ou 5%, respectivamente. Se preferir, poderá parcelar o valor em até cinco vezes, uma forma facilitada de você cumprir com a sua obrigação, principalmente em início de carreira. Saiba mais Para conferir as anuidades e taxas, acesse: COFFITO. Resolução n. 487, de 20 de outubro de 2017. Brasília, 2017c. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=7412. Acesso em: 16 out. 2019. 1.7.4 Resolução n. 483 (2013) – recadastramento nacional Foi por meio da Resolução n. 438 (2013) que o Coffito iniciou um importante trabalho, que, entre outros objetivos, unificou o cadastro de fisioterapeutas brasileiros e emitiu uma nova carteira de identidade profissional. Portanto, fique atento, pois atender à convocação para o recadastramento nacional constitui um ato obrigatório por parte de todos os fisioterapeutas devidamente registrados e tem por objetivo atualizar os dados pessoais e profissionais existentes junto ao Coffito e seus respectivos Crefitos. De acordo com o Código de Ética, o fisioterapeuta deve manter seus dados cadastrais atualizados e é obrigado a atender as convocações do Coffito e dos Crefitos. 34 Unidade I Saiba mais A última convocação para o pré-recadastramento nacional nos Sistemas Coffito/Crefitos ocorreu em 2018. Saiba mais sobre esse recadastramento na Resolução n. 438 (2013): COFFITO. Resolução n. 438, de 10 de dezembro de 2013. Brasília, 2013e. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/ RESOLUCAO43813.pdf. Acesso em: 16 out. 2019. 1.7.5 Resolução n. 131 (1991) – diplomas no estrangeiro A Resolução n. 131 (1991) se refere aos diplomas de graduados no estrangeiro em cursos de Fisioterapia. Quando abordamos o Decreto-Lei n. 938 (1969), dissemos que os profissionais diplomados em escolas estrangeiras devidamente reconhecidas no país de origem podem revalidar seus diplomas aqui no Brasil. O profissional diplomado por Universidade com curso reconhecido com duração de no mínimo quatro anos e máxima de oito é profissional de nível superior no Brasil; a revalidação de diplomas de graduados no exterior exige uma isonomia ou igualdade de estudos superiores em instituições estrangeiras. Sendo assim, cabe à instituição brasileira responsável pela revalidação constatar se o diploma corresponde a estes estudos superiores; se a duração do curso é compatível com a mínima exigível no Brasil e se será concedida ou não a aprovação do exercício profissional para o diplomado no estrangeiro. Saiba mais Leia a Resolução n. 131 (1991): COFFITO. Resolução n. 131, de 26 de novembro de 1991. Brasília, 1991. Disponível em: http://www.crefito.com.br/repository/legislacao/ resolução%20131.pdf. Acesso em: 10 set. 2019. Figura 11 – Diplomas no estrangeiro 35 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Observação Você sabia que em 1999 países europeus aderiram ao Processo de Bolonha e em 2010, criaram o Espaço Europeu de Ensino Superior? O objetivo deste espaço, hoje composto por 48 países-membros, sendo 28 estados-membros da União Europeia, é harmonizar os diferentes sistemas de ensino superior de forma a serem compatíveis, comparáveis e coerentes entre si (RODRIGUES, 2019). Curiosamente, uma das suas características é a duração mínima de graduação de Fisioterapia de três anos! Imagine um estrangeiro que veio morar e trabalhar no Brasil com diploma de graduação em Fisioterapia obtido em um dos países da União Europeia. Provavelmente, a instituição responsável pela revalidação deste diploma precisará criar processos de avaliação diferenciados, além da conferência dos comprovantes formais mencionados na Resolução n. 131 (1991). Figura 12 – Espaço Europeu de Ensino Superior Saiba mais E o que dizer do processo inverso, a revalidação do seu diploma de fisioterapeuta brasileiro em outro país? Essa é uma pergunta frequente dos alunos quando abordamos a Resolução n. 131 (1991). A UNIP mantém cooperação internacional com mais de cem instituições e agências internacionais de ensino. Leia mais sobre a área de Internacionalização Acadêmica da UNIP e seus programas de bolsa: UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP). Internacionalização acadêmica. [s.d.]. Disponível em: https://www.unip.br/presencial/universidade/ internacionalizacao_academica/. Acesso em: 10 set. 2019. 36 Unidade I 1.8 Entidades de classe Entidade de classe se refere a uma sociedade de empresas ou pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e não sujeita à falência, constituída para prestar serviços aos seus associados. Toda entidade de classe tem em comum a gratuidade do exercício de cargos eletivos, e os sindicatos, as associações e as confederações são alguns de seus exemplos. Você sabe diferenciar a atuação dos sindicatos, associações e confederações de fisioterapia? Conhecer a função de cada entidade de classe é fundamental para o esclarecimento de dúvidas e resolução de questionamentos ou problemas. 1.8.1 Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito) O sindicato é uma entidade sindical sem fins lucrativos que tem como objetivo representar uma categoria profissional. No caso do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito), sua finalidade principal é defender os interesses individuais e coletivos dos profissionais na sua relação de trabalho em suas respectivas bases territoriais. De forma geral, o Sinfito luta pela melhoria das condições de trabalho, remuneração dos profissionais e defesa da classe, garantindo todos os direitos trabalhistas previstos em lei. Observação A palavra sindicato é datada do ano 1409 e vem do francês syndicat, que significa crítica ou julgamento, e na língua portuguesa se originou em 1514 e remete à defesa de interesses comuns. A base de sustentação do Sinfito se dá por meio de contribuições sindical e assistencial. Porém, a Lei da Reforma Trabalhista n. 13.467 (2017) acabou com a sua obrigatoriedade e concluiu que a contribuição facultativa é constitucional. Ressalta-se que questões trabalhistas, como as que envolvem o piso salarial, são negociadas e conquistadas pelo Sinfito de cada estado brasileiro, bem como pelo Sindicato Patronal junto à Justiça de Trabalho por meio das ConvençõesColetivas de Trabalho. Você leu a expressão ”piso salarial”? Com certeza, ficou curioso para saber qual é o piso salarial do fisioterapeuta. Como vimos, não há política nacional para o estabelecimento do piso. Pelo contrário, os diferentes Sinfitos negociam e conquistam o valor digno da profissão em suas respectivas bases territoriais. Por exemplo: em São Paulo, o piso salarial mínimo e atual do fisioterapeuta é de aproximadamente R$ 3.000,00 (três mil reais), fora os 50% de adicional noturno. 37 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Observação Lembre-se que dependendo do momento em que você está lendo esse livro-texto, o reajuste desse valor pode ter ocorrido e pode ser superior. Recorde também que esse é o piso mínimo para a jornada de trabalho máxima de 30 horas semanais do fisioterapeuta em São Paulo. Figura 13 – Piso salarial Saiba mais Veja a reportagem publicada no site do Crefito-3, sobre a proposta de piso salarial de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais) para os fisioterapeutas. CREFITO-3. Proposta de piso salarial de R$ 4.800 para fisioterapeutas precisa de apoio da categoria. Brasília, 2017. Disponível em: http://crefito3.org.br/dsn/ noticias.asp?codnot=2745. Acesso em: 16 out. 2019. Além dos Sinfitos, há também a Federação Nacional de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Fenafito) em que são filiados todos os sindicatos de ambas as categorias profissionais no território brasileiro que estão devidamente regulamentados no Ministério do Trabalho. Dentre eles, podemos citar: Sinfito-SP, Sinfito-CE, Sinfito-MG, Sinfito-PE, Sinfito-PR, Sinfito-RJ e Sinfito-BA. 38 Unidade I Saiba mais O Sinfito do Estado de São Paulo (SP) foi fundado em 12 de agosto de 1980 e a Fenafito, em 13 de outubro de 1989. Ambos têm, atualmente, como presidente, o Dr. Edson Stéfani e estão sediadas à Rua 24 de Maio, 104 – 9º andar – República – SP – Cep: 01041-000. Sinfito-SP: Telefones para contato: (11) 3337-0045 / 3362-3855 E-mail: sinfitosp@sinfitosp.org.br Site: http://www.sinfitosp.org.br/ Fenafito: Telefone para contato: (11) 3337-6755 E-mail: fenafito@fenafito.com.br Site: www.fenafito.com.br Por meio desse exemplo, incentiva-se a busca por informações semelhantes dos outros Sinfitos: COFFITO. Sindicatos. [s.d.]c. Disponível em: www.coffito.gov.br/ nsite/?page_id=3578. Acesso em: 16 out. 2019. Figura 14 – Busca por informações 39 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Exemplo de aplicação Uma pesquisa feita com a finalidade de traçar o perfil do fisioterapeuta do estado de São Paulo mostrou que dos mais de 2.000 fisioterapeutas participantes, somente 13% responderam corretamente o valor do piso salarial da época (SHIWA; SCHMITT; JOÃO, 2016). Pesquise qual é o piso salarial mínimo e atual da região que você mora, bem como de outras. Acesse os sites dos Sinfitos e confira: COFFITO. Sindicatos. [s.d.]c. Disponível em: www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3578. Acesso em: 16 out. 2019. 1.8.2 Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB) Uma associação é uma organização resultante da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos para a realização de um objetivo comum. Neste contexto, as diversas associações existentes na fisioterapia foram criadas para agregar profissionais de determinada área, buscar o aprimoramento profissional por meio de cursos e congressos, bem como divulgar e valorizar ainda mais a profissão. Uma das associações principais da profissão é a Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB), como é conhecida desde 2005 e que se refere à anterior, a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), criada em 1959, reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) em 1962 e pela Confederação Mundial de fisioterapia – em inglês, a World Confederation of Physical Therapy (WCPT) – em 1963 e reconhecida como entidade pública em 1966. Alguns dos seus objetivos são: • Estimular a prática e educação da fisioterapia em alto nível. • Realizar a comunicação e a troca de informações, incluindo a organização de congressos nacionais para fisioterapeutas. • Organizar a criação e o desenvolvimento de associações estaduais e as representativas das áreas de atuação da fisioterapia no Brasil. • Representar os fisioterapeutas do Brasil junto à WCPT e à Confederación Latinoamericana de Fisioterapia y Kinesiologia (CLAFK), o que vem ocorrendo oficialmente desde 2007 após a mudança do nome e aprovação. Dessa forma, a participação da AFB nesses órgãos internacionais promove um intercâmbio científico e cultural dos fisioterapeutas brasileiros com o mundo, além de cooperar com o desenvolvimento da fisioterapia e promover a união dos fisioterapeutas. 40 Unidade I Saiba mais Para maiores informações sobre a AFB, acesse o site oficial: www.afb.org.br A atual presidente da AFB é a Dra. Denise Flavio de Carvalho Botelho Lima e a sede encontra-se à Rua Carlos de Vasconcelos 111, Tijuca, Rio de Janeiro-RJ. Os telefones e o e-mail para contato são: (21) 99982-5348 / (21) 99529-1235 / contato@afb.org.br Observação Desde 2005, a AFB promoveu Congressos Brasileiros de Fisioterapia (Cobrafs). Veja a seguir onde ocorreu cada um desses congressos: 2005 e 2007 → São Paulo 2009 → Rio de Janeiro 2011 → Santa Catarina 2013 → Ceará 2014 → São Paulo 2016 → Pernambuco 2018 → Minas Gerais 2020 → Rio de Janeiro Aguarde os próximos congressos. Quem sabe, você pode até mesmo apresentar o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em um dos congressos. Não é uma boa ideia? 41 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Figura 15 – Congresso de fisioterapia 2020: Rio de Janeiro Exemplo de aplicação Além da AFB, a fisioterapia possui outras associações responsáveis por agregar profissionais das mais variadas áreas de atuação. Essas associações têm como objetivo o desenvolvimento profissional por meio de eventos e cursos, além de promover a divulgação da profissão, com o intuito de proporcionar oportunidades no mercado de trabalho aos associados e o fortalecimento das categorias. Pesquise sobre as associações relacionadas a seguir. • Associação dos Fisioterapeutas Acupunturistas do Brasil (AFA Brasil) • Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas (Sobrafisa) • Associação Brasileira de Fisioterapia Dermatofuncional (Abrafidef) • Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe) • Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (Abrafin) • Associação Brasileira de Fisioterapia Aquática (ABFA) • Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia (ABFO) • Sociedade Brasileira de Fisioterapia em Cancerologia (SBFC) • Associação de Osteopatas do Brasil (AOB) • Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir) • Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (Abrafism) 42 Unidade I • Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho (Abrafit) • Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica (Abrafito) Conheça essas associações em: COFFITO. Associações conveniadas. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/ nsite/?page_id=3598. Acesso em: 16 out. 2019. 1.8.3 World Confederation of Physical Therapy (WCPT) A Confederação Mundial de Fisioterapia ou World Confederation of Physical Therapy (WCPT) é uma organização sem fins lucrativos, sediada no Reino Unido, fundada em 1951 e ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se da única voz internacional para mais de 450 mil fisioterapeutas em todo o mundo através de seus 120 países-membros, incluindo o Brasil, por meio da AFB. A WCPT está empenhada em promover o crescimento da profissão e melhorar a saúde global e, por isso, tem como principais finalidades: • Encorajar elevados padrões de pesquisa, educação e prática na fisioterapia. • Promover o intercâmbio entre os fisioterapeutas dos países-membros. • Colaborar com organizações nacionais e internacionais, como a AFB, por exemplo. A fim de atingir essesobjetivos, a WCPT organiza congressos internacionais em diversas partes do mundo. Saiba mais Consulte muitas informações sobre a profissão em diversas regiões do mundo no site da WCPT: https://www.wcpt.org. Figura 16 – WCPT 43 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Observação Os congressos internacionais promovidos pela WCPT de 2003 até 2021 são os seguintes: 2003 → Espanha (Barcelona) 2007 → Canadá (Vancouver) 2011 → Holanda (Amsterdã) 2015 → Singapura 2017 → África do Sul (Cidade do Cabo) 2019 → Suíça (Genebra) 2021 → Emirados Árabes (Dubai) 2 HISTÓRIA DA REABILITAÇÃO NO MUNDO E DA FISIOTERAPIA NO BRASIL Neste material, teremos a oportunidade de estudar o surgimento da reabilitação no mundo e da fisioterapia no Brasil, juntamente com o desenvolvimento do profissional e sua presença nos momentos históricos que fazem da fisioterapia essa importante profissão nos dias atuais (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998). Convidamos você agora a viajar pelas diferentes épocas da história da profissão e a refletir sobre como a fisioterapia foi definida e em que momento ocorreram as mudanças que a transformaram na profissão que é conhecida hoje. 2.1 História da reabilitação Primeiramente, vale a pena recordar que os nossos ancestrais, os caçadores-coletores, usufruíam de um estilo de vida interessante, relativamente confortável e compensador, no sentido de que, provavelmente, saíam do acampamento por volta das oito horas da manhã; perambulavam pelas florestas das redondezas, caçando animais e coletando plantas; voltavam ao acampamento no começo da tarde para almoçar e ainda tinham tempo suficiente para fofocar, contar histórias, brincar com os filhos ou simplesmente descansar na companhia dos outros. Eles conheciam os segredos da natureza, já que sua sobrevivência dependia do conhecimento íntimo das plantas e dos animais. Sendo assim, o homem caçador-coletor trabalhava na busca por alimento em média cinco horas por dia (HARARI, 2018). 44 Unidade I No entanto, com o marco da agricultura, cuja transição ocorreu em torno de 9500 a.C. a 8500 a.C. de caçador-coletor, o homem se tornou agricultor e teve que mudar completamente seu modo de vida, visto que foi forçado a realizar novas tarefas que demandavam muito tempo e trabalho duro. Curiosamente, a carga de trabalho diária passou a ser de, em média, 10 longas horas em troca de uma alimentação e condições precárias, apesar do aumento total de alimentos advindo com a Revolução Agrícola. Desta forma, em vez de pronunciar uma era de vida tranquila, a situação das pessoas ficou mais difícil e menos gratificante que a dos seus ancestrais. O corpo do homem, incluindo a coluna, os joelhos, o pescoço e as plantas dos pés, pagou o preço, pois os problemas de saúde começaram a aparecer (HARARI, 2018). 2.1.1 Antiguidade Na Antiguidade ou Idade Antiga, período entre 4000 a.C. e 395 d.C., houve uma grande preocupação com as doenças que eram consideradas como “diferenças incômodas”, as quais se referiam não só aos aspectos orgânicos das doenças, mas também aos sociais, comportamentais e outros. Observação São termos equivalentes às “diferenças incômodas”: morbidade, disfunção, mal e deformidade. A preocupação principal era a diminuição ou eliminação dessas “diferenças incômodas” por intermédio de meios físicos disponíveis naquela época. Você consegue se lembrar, pelos seus conhecimentos prévios de História em geral, de algum meio físico usado pelo homem antigo? A água, luz, calor, peixe-elétrico ou movimentos do corpo humano foram alguns agentes físicos utilizados como técnicas, instrumentos, recursos e procedimentos com o objetivo de reduzir ou acabar com as doenças. Há quem pergunte, por curiosidade, como os peixes-elétricos eram utilizados terapeuticamente. Algumas espécies de peixes possuem um órgão especializado ou elétrico composto por milhares de células, chamadas de eletrócitos, que se carregam e descarregam continuamente. Um exemplo é o brasileiro puraquê (Electrophorus electricus), que significa ”o que faz dormir ou o que entorpece”, também conhecido como enguia, que pode chegar a mais de dois metros de comprimento e ser capaz de emitir mais de 600 volts (v) numa única descarga elétrica, o que é o equivalente a mais de cinco vezes a de uma tomada de 110 v. Porém, pesquisas mostram que todas as outras espécies de peixes elétricos produzem descargas mais fracas, que variam entre menos de 1 e 5 v. Provavelmente, foram esses os tipos de choques elétricos utilizados para o alívio de dor e outras doenças na Antiguidade (COMO..., 2018). 45 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Figura 17 – Electrophorus electricus Saiba mais A fim de ampliar os conhecimentos sobre o tema, leia a matéria a seguir: COMO os peixes-elétricos geram eletricidade? Mundo Estranho, 4 jul. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como- os-peixes-eletricos-geram-eletricidade/. Acesso em: 18 set. 2019. Pode-se dizer que a profissão, antes mesmo de ser conhecida pelo nome, surgiu nesse momento histórico com o foco na terapia ou no tratamento de doenças já instaladas, por meio de recursos físicos utilizados até hoje. Por exemplo, já se utilizava a eletroterapia sob formas de choques elétricos transmitidos por peixes-elétricos; bem como a cinesioterapia, por meio do costume de usar o movimento do corpo humano no tratamento de doenças já estabelecidas e, portanto, com finalidades terapêuticas. Observação Um dos componentes do símbolo oficial da fisioterapia é o raio amarelo-ouro que remete à eletricidade, um dos primeiros recursos utilizados pela profissão. A seguir, estão dispostos comentários que confirmam o uso de movimentos corporais para fins terapêuticos na Idade Antiga. Note a ênfase dada naquela época: No ano de 2698 a.C., o Imperador chinês Hoong-Ti criou um tipo de ginástica curativa que continha exercícios respiratórios e exercícios para evitar a obstrução dos órgãos […] 46 Unidade I Na medicina grega, a terapia por movimento constituía uma parte fixa do tratamento […] Galeno (130 a 199 d.C.) informa que conseguiu, através de uma ginástica do tronco e pulmões, corrigir o tórax deformado de um rapaz até lograr condições normais (REBELATTO; BOTOMÉ, 1998, p. 13). Ao ler esses comentários, é possível identificar quais palavras indicam que o foco era a reabilitação e não a prevenção das doenças? Termos como “ginástica curativa”, ”tratamento” e “corrigir” apontam para este fato. Vale a pena mencionar que em algumas regiões da Grécia Antiga vigorava a concepção “men sana in corpore sano”, que quer dizer “uma mente sã em um corpo são”. Porém, essa ideia não chegou a ter forte influência nas ações relativas aos cuidados com o corpo nesse período. Portanto, podemos afirmar que o objetivo da fisioterapia na época do seu surgimento, na Antiguidade, não era voltado para prevenir, mas sim para reabilitar partes isoladas do corpo. Sendo assim, os questionamentos que surgem são: o que aconteceria nas épocas seguintes e que mudanças haveria? 2.1.2 Idade Média Na Idade Média ou época medieval, período entre os séculos IV e XV, predominou-se uma ordem social estabelecida no plano divino em que a fé era uma obrigação elementar ou básica dos homens que se organizavam de forma hierárquica, ou seja, de acordo com uma relação de subordinação entre os membros da sociedade. Você talvez esteja se lembrando de que a sociedade se dividia em três grupos organizados dos seguintes modos: • O clero, que tinha como função principal o serviço divino e, portanto, detinha o poder determinante das decisões sobre os caminhos a serem seguidos pela sociedade. • A nobreza, que devia guerrear. • As camadas populares ou camponeses, que deviam trabalhar ou produzir. Sendo assim, as classes mais privilegiadas e beneficiadas eram o clero e a nobreza, isto é, a minoria. Para eles, as relações impostas de servidão eram convenientes, em especial para o clero, que, por meio da religião da época, também difundiu
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