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fichamento Joel - introducao ao objeto cenico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS
JOEL CÉSAR AIRES RIBEIRO
	
Teatro e espacialidade – construção de conceitos à luz das práticas contemporâneas.
GOIÂNIA
2022 
Atividade: Fichamento do livro: Dicionário de Teatro
Espaço (no teatro) - " A noção de espaço, [...] na teoria teatral tanto quanto nas ciências humanas é hoje prodigiosa, é usada para aspectos muitos diversos do texto e da representação" (p.132). 
também dividido em "Espaço Dramático - é o espaço dramático do qual o texto fala, espaço abstrato e que o leitor ou o espectador deve construir pela imaginação" (p.132).
- Espaço Cênico -" [...] espaço real do palco onde evoluem os atores, que eles se restrinjam ao espaço propriamente dito da área cênica, que evoluam no meio do público" (p.132).
- Espaço Cenográfico - "definido como o espaço em cujo interior situam-se público e atores durante a representação" (p.132). 
- Espaço Lúdico - "é o espaço criado pelo ator, por sua presença e seus deslocamentos, por sua relação com o grupo, sua disposição no palco" (p.132).
- Espaço Textual - "considerado em sua materialidade gráfica, fônica ou retórica; o espaço da "partitura" onde são consignadas réplicas e didascálicas" (p.133).
"o espaço textual é realizado quando o texto é usado não como espaço dramático ficcionalizado pelo leitor ou pelo ouvinte, mas como material bruto disposto à vista e ao ouvindo do público como "pattern" ou como repetição sistemática" (p.133).
“[...] é somente na enunciação do texto, na maneira pela qual frases, discursos e réplicas se desenvolvem num determinado lugar” (p.138).
- Espaço Interior - "é o espaço cênico enquanto tentativa de representação de uma fantasia, de um sonho, de uma visão do dramaturgo ou de uma personagem [...]" (p.133).
Podemos então compreender o espaço (no teatro) como o qual o conhecemos e suas variações e especificações presentes no dicionário, desde o contexto dramático até o espaço interior, sendo este o lugar a qual o ator encontra seu pertencimento na tentativa de materializar (enquanto representação) narrativa presente em uma fantasia, de sonho, de uma visão do dramaturgo ou de uma personagem (p.133).
2. Espaço cênico 1 - "termo [...] contemporâneo para palco ou área de atuação. Considerando-se a explosão das formas cenográficas e a experimentação sobre novas relações palco-plateia, espaço cênico vem a ser um termo cômodo, para descrever os dispositivos polimorfos da área de atuação" (p.133).
3. Espaço cênico 2 - "é o espaço concretamente perceptível pelo público na ou nas cenas, ou os fragmentos de cena de todas as cenografias imagináveis." (p.132)
"[...] nos é dado aqui e agora pelo espetáculo, graças aos atores cujas evoluções gestuais circunscrevem este espaço cênico." (p.132)
	Relacionando as duas definições de “Espaço Cênico”, temos como exemplo o Teatro de Oficina que traz uma imersão entre palco – plateia – ator, fazendo com que a experiência teatral seja ainda mais presente e significativa, “o espaço do teatro contemporâneo é centro de experiências demasiado numerosas para ser reduzido a algumas características” (p.134). 
4. Espaço dramático – "O espaço dramático é construído quando fazemos para nós mesmos uma imagem da estrutura dramática do universo da peça: esta imagem é constituída pelas personagens, pelas ações e pelas relações dessas personagens no desenrolar da ação." (p.135)
"O espaço dramático só se toma realmente concreto e visível quando uma encenação figura algumas das relações espaciais implicadas pelo texto." (p.135)
5. Espaço interior - "É o espaço cênico enquanto tentativa de representação de uma fantasia, de um sonho, de uma visão do dramaturgo ou de uma personagem." (p.133)
6. Espaço lúdico ou gestual - "É o espaço criado pelo ator, por sua presença e deslocamentos, por sua relação com o grupo, sua disposição no palco." (p.132)
"[...] por ações, relações de proximidade ou de afastamento, livres expansões ou confinamento a uma área mínima de jogo, os atores traçam os exatos limites de seus territórios individuais e coletivo." (p.137)
	
7. Espaço teatral – 
"Termo que substitui frequentemente, hoje, teatro. Com a transformação das arquiteturas teatrais em particular o recuo do palco italiano ou frontal- e o surgimento de novos espaços - escolas, fábricas, praças, mercados etc. -, o teatro se instala onde bem lhe parece, procurando antes de mais nada um contato mais estreito com um grupo social, e tentando escapar aos circuitos tradicionais da atividade teatral. O espaço cerca-se por vezes de um mistério e de uma poesia que impregnam totalmente o espetáculo que aí se dá." (p.138)
8. Cena - "O skênê era, no início do teatro grego, a barraca ou tenda construída por trás da orquestra" (p.42)
"O termo cella conhece, ao longo da história, uma constante expansão de sentidos: cenário, depois área de atuação, depois o local da ação, o segmento temporal no ato e, finalmente, o sentido metafísico de acontecimento brutal e espetacular ("fazer uma cena para alguém"). (p.42)
9. Cenário - "O termo também é utilizado em francês e em inglês, scenario, no sentido de cavernas" (p.42) 
"[...] no palco, figura o quadro ou moldura da ação através de meios pictóricos, plásticos e arquitetônicos" (p.42)
"cenário é um telão de fundo, em geral em perspectiva e ilusionista, que insere o espaço cênico num determinado meio" (p.42) 
	Quando estudamos um texto teatral, logo pensamos como será o cenário, quais materiais utilizaremos, que “conceitos” vamos utilizar/apresentar na realização daquela cena; ao fazermos isto saímos quelas ideais de que cenário é apenas um complemento nas produções teatrais, mas sim que também podemos explorar ainda mais as possibilidades cênicas.
10. Cenário Construído - "cenário no qual os planos essenciais das arquiteturas são realizados no espaço considerando-se deformações exigidas sob a ótica teatral" (p.44) 
11. Cenário Sonoro - "forma de sugerir, através de sons, o âmbito da peça"(p.44)
"o cenário sonoro recorre à técnica da peça radiofônica, substituindo com frequência, na atualidade, o cenário realista e figurativo" (p.44)
12. Cenário Verbal - "[...] só é possível em virtude de uma convenção aceita pelo espectador: este tem que imaginar o lugar cênico, a transformação imediata do lugar a partir do momento em que ele é anunciado." (p.44) 
"[..] passa-se sem dificuldade de um local exterior para outro interior, da floresta para o palácio". (p.44)
13. Cenários Simultâneos - "cenários que permanecem visíveis ao longo de toda a representação, sendo distribuídos ao longo de toda a representação em que atores representavam simultânea ou alternadamente, conduzindo às vezes o público de um lugar para o outro". (p.44)
14. Cenografia - "[...] é para os gregos, a arte de adornar o teatro e a decoração de pintura que resulta desta técnica."(p45)
"[...] a cenografia é a técnica que consiste em desenhar e pintar uma tela de fundo em perspectiva." (p.45)
"[...] é a ciência e a arte da organização do palco e do espaço teatral." (p.45)
"A cenografia marca bem seu desejo de ser uma escritura no espaço tridimension2al [...]." (p.45)
15. Escritura cênica - "[..] possui características que facilitam sua passagem para a escrita cênica: principalmente a distribuição do texto em papéis, seus buracos e ambiguidades, a abundância de indicações espaço-temporais." (p131)
"A escritura cênica é o modo de usar o aparelho cênico para pôr em cena - "em imagens e em carne" - a personagens, o lugar e a ação que ali se desenrola." (p.131) 
"A escritura cênica nada mais é do que a encenação quando assumida por um criador que controla o conjunto do sistema cênico, inclusive o texto, e organiza suas interações, de modo que a representação não é o subproduto do texto, mas o fundamento do sentido teatral." (p.132)
Podemos então utilizar de exemplo uma cena da montagem teatral: Não era uma vez: uma fabula dentro de uma festa, onde em uma das cenas haviam uma separação entre homens e mulheres, os homens eram direcionados a deitar no chão ou curvar-see em seguida reproduziam sons de latidos e uivos de cachorros/ lobos para as mulheres que do outro lado dançavam livres umas com as outras. - Temos então a escritura cênica a qual não foi preciso o uso de textos - enquanto fala para que o espectador (que também estava em cena) conseguissem entender qual situação era exposto em cena. 
Outro exemplo é o filme Titanic, que possui uma narrativa “explicita” entre no navio e o iceberg, mesmo que tire de contexto de toda história que conhecemos dos casais Rose e Jack e do próprio navio, temos então uma escritura cênica explicita, onde não há necessidade de texto dramático, de atores em cena, somente os dois objetos cênicos, que por si só possuem uma narrativa. 
16. Máquina Teatral - Podemos então utilizar como referência de máquina teatral, o foço presente no teatro do LACENA, onde os atores podem surgir ou emergir em cena a qualquer momento, sendo assim, também exemplificado como uma narrativa ou contexto presente na peça a ser realizada naquele lugar, um outro exemplo a qual podemos citar é, um maquinário a qual o ator utilizaria para representar em cena uma ideia de flutuar, sendo uma corda acoplada ou amarrada em seu corpo, levando-o de um ponto ao outro “pelos ares”, tendo então uma estrutura seja ela fixada no teto a partir de madeiras ou ferros, outro exemplo é o Deus Ex-Machine, utilizado anteriormente no teatro para elevar o ator em cena, dando a ideia de que o mesmo estivesse no alto, ou sobre os demais.
17. Maquinista – “Pessoa que cuida, durante a representação, da mudança dos cenários, dos truques, do fornecimento de acessórios ou objetos cênicos” (p.233). 
Podemos utilizar como exemplo, na aula anterior o professor mostrou brevemente uma peça teatral onde havia um maquinista, que nesta peça o mesmo estava em cena, manuseando o cenário, sendo parte da peça, em contrapartida muitas das vezes ele não é reconhecido formalmente, mas está ali sendo também peça fundamental para a realização do espetáculo. 
18. Dispositivo cênico - "O dispositivo cênico permite visualizar as relações entre as personagens e facilita as evoluções gestuais dos atores." (p.105)
"[...] o cenário não está plantado do início ao fim da peça: o cenógrafo dispõe as áreas de atuação, os objetos, os planos de evolução de acordo com a ação a ser representada." (p.105)
Estes dispositivos, sejam eles figurino, movimentos, sons, iluminação dentre outros, trazem possibilidades que ajudam na narrativa e fazem com que ela gere uma ideia, sentido, envolvimento, gerando sensações que complementem a narrativa construída em cena; estimulando ainda mais os sentidos e sensações da plateia. 
19. Tablado - "O tablado é as vezes também um pódio de demonstração, [...], um percurso já traçado, um tribunal da história ou um dispositivo-poleiro para o ator que recria e "projeta" o espaço a partir de si mesmo." (p.371)
20. Praticável - "Parte do cenário constituída por objetos reais ou sólidos que é utilizada em seu uso normal, particularmente para nele se apoiar, caminhar e evoluir como em um plano cênico firme. O praticável, hoje, é empregado com muita frequência não como objeto decorativo, mas funcional. Tomou-se elemento ativo do cenário como máquina cênica ou máquina teatral." (p.304)
Temos como exemplo um aparte da peça: "Para dar um fim no juízo de Deus - Teatro de Oficina, onde foram utilizados em cena um vaso sanitário em cima de uma superfície a qual o colocava no alto expondo-o a um melhor campo de visão para a plateia, quando o ator subiu as escadas e sentou-se no vaso, reforçando a ideia construída no cenário sendo um objeto real em seu uso normal. 
Referência: 
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1999
Joel César A. Ribeiro | Direção de Arte | Introdução à Construção do Espaço Cênico| 
Joel César A. Ribeiro | Direção de Arte | Introdução à Construção do Espaço Cênico|

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