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Gametogênese e Ciclos Sexuais

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Julia Dominoni Facchin TXXV 
Fisiologia do amadurecimento sexual 
e os ciclos sexuais 
 
INTRODUÇÃO 
Os testículos e os ovários produzem hormônios e 
gametas e compartilham outras similaridades, porem os 
gametas masculino e feminino são muito diferentes um 
do outro. 
• Ovocitos: maior, imóvel e se transportam 
através da contração da musculatura lisa ou 
batimento de cílios. 
• Espermatozoides: menor, extremamente 
moveis e flagelados. 
Durante os anos reprodutivos, os ovócitos amadurecem 
em um padrão cíclico e são liberados dos ovários 
aproximadamente uma vez por mês. Após os 40 anos de 
idade, aproximadamente, os ciclos reprodutivos 
femininos cessam (menopausa). Os homens, por outro 
lado, produzem espermatozoides continuamente a 
partir do momento que alcançam a maturidade 
reprodutiva. 
A GAMETOGÊNESE 
Em ambos os sexos, as células germinativas das gônadas 
embrionárias primeiro sofrem uma série de divisões 
mitóticas que aumentam o seu número. Após, as células 
germinativas estão prontas para sofrer meiose, o 
processo de divisão celular que forma os gametas. No 
primeiro passo da meiose, o DNA das células 
germinativas (2n) é replicado até que cada cromossomo 
seja duplicado (46 cromossomos duplicados 92 
cromossomos). 
A célula, agora chamada de espermatócito primário ou 
ovócito primário, contém duas vezes a quantidade 
normal de DNA (4n). Entretanto, a divisão da célula e 
dos cromossomos não ocorre como na mitose. Em vez 
disso, cada cromossomo duplicado forma duas 
cromátides-irmãs idênticas, unidas em uma região 
conhecida como centrômero. 
Os gametas primários, então, estão prontos para sofrer 
divisões meióticas e dar origem às células haploides. Na 
primeira divisão meiótica, um gameta primário divide-
se em dois gametas secundários (espermatócito 
secundário ou ovócito secundário). Cada gameta 
secundário recebe uma cópia de cada autossomo 
duplicado mais um cromossomo sexual (2n). 
 
 
 
 
 
Na segunda divisão meiótica, as cromátides-irmãs 
separam-se. 
• Nos homens, as células dividem-se durante a 
segunda divisão meiótica, originando dois 
espermatozoides haploides (1n) a partir de 
cada espermatócito secundário. 
• Nas mulheres, a segunda divisão meiótica dá 
origem a um ovócito e a uma pequena célula, 
chamada de corpúsculo polar. 
Gônadas embrionárias → células germinativas → 
mitoses → maior numero → meiose 
 
Gametogênese masculina 
Ao nascimento, os testículos de um menino recém-
nascido não progrediram além da mitose e contêm 
somente células germinativas imaturas. 
Após o nascimento, as gônadas tornam-se quiescentes 
(relativamente inativas) até a puberdade, o período nos 
primeiros anos da adolescência quando as gônadas 
amadurecem. 
Na puberdade, a mitose das células germinativas é 
retomada. Deste ponto em diante, as células 
germinativas, conhecidas como espermatogônias, 
possuem dois diferentes destinos. 
Algumas continuam a sofrer mitose ao longo de toda a 
vida reprodutiva do homem. Outras são destinadas a 
iniciar a meiose e dar origem aos espermatócitos 
primários. 
Cada espermatócito primário dá origem a quatro 
espermatozoides. Na primeira divisão meiótica, um 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
problema 1 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
espermatócito primário (4n) divide-se em dois 
espermatócitos secundários (2n). Na segunda divisão 
meiótica, cada espermatócito secundário divide-se em 
duas espermátides. Cada espermátide possui 
23 cromossomos simples (não duplicados), o número 
haploide (1n) característico de um gameta. As 
espermátides, então, amadurecem, formando 
espermatozoides. 
Gametogênese feminina 
No ovário embrionário, as células germinativas são 
chamadas de ovogônias. A ovogônia completa a mitose 
e o estágio de duplicação do DNA da meiose no quinto 
mês de desenvolvimento fetal, dando origem aos 
ovócitos primários (4n). 
Ao nascimento, cada ovário contém cerca de meio 
milhão de ovócitos primários. As melhores evidências 
indicam que, neste momento, a mitose das células 
germinativas cessa e nenhum ovócito adicional pode ser 
formado. 
 
No ovário, a meiose não é retomada até a puberdade. 
Se um ovócito primário se desenvolve, ele divide-se em 
duas células, um grande ovo (ovócito secundário) e um 
pequeno primeiro corpúsculo polar. Apesar da 
diferença de tamanho, tanto o ovócito secundário como 
o corpúsculo polar contêm 23 cromossomos duplicados 
(2n). O primeiro corpúsculo polar degenera. 
Se o ovócito secundário é selecionado para a ovulação, 
a segunda divisão meiótica ocorre imediatamente antes 
de o ovócito ser liberado do ovário. As cromátides-irmãs 
separam- -se, mas a meiose é interrompida mais uma 
vez. A etapa final da meiose, na qual cada cromátide-
irmã vai para células separadas, não ocorre se o ovócito 
não for fertilizado. 
O ovário libera o ovócito maduro durante um processo 
chamado de ovulação. Se o ovócito não for fertilizado, a 
meiose nunca será completada, e o ovócito degenera. 
Se houver a fertilização por um espermatozoide, o passo 
final da meiose ocorre. Metade das cromátides-irmãs 
permanece no ovo fetilizado (zigoto), ao passo que a 
outra metade é liberada no segundo corpúsculo polar 
(1n). O segundo corpúsculo polar, assim como o 
primeiro, degenera. Como resultado da meiose, cada 
ovócito primário dá origem a somente um ovo.
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISE NA REPRODUÇÃO 
A gametogênese em homens e em mulheres está sob o 
controle de hormônios provenientes do encéfalo e das 
células endócrinas das gônadas. Alguns desses 
hormônios são idênticos em homens e em mulheres, 
mas outros são diferentes. 
As vias que regulam a reprodução começam com a 
secreção de hormônios peptídicos pelo hipotálamo e 
pela adeno-hipófise. Esses hormônios tróficos 
controlam a secreção gonadal de hormônios esteroides 
sexuais, incluindo androgênios, e os chamados 
hormônios sexuais femininos, estrogênio e 
progesterona. 
Esses hormônios sexuais são intimamente relacionados 
entre si e são provenientes dos mesmos precursores 
esteroides. Ambos os sexos produzem os três grupos de 
hormônios, porém os androgênios predominam nos 
homens, e os estrogênios e a progesterona são 
predominantes nas mulheres. 
 
Homem: a maior parte da testosterona é secretada 
pelos testículos, mas cerca de 5% vem do córtex da 
glândula suprarrenal. A testosterona é convertida nos 
tecidos periféricos no seu derivado mais potente, DHT. 
Alguns dos efeitos fisiológicos atribuídos à testosterona 
são, na verdade, resultado da atividade da DHT. Os 
homens sintetizam alguns estrogênios, mas os efeitos 
feminilizantes desses compostos, em geral, não são 
evidentes nos homens. Testículos e ovários possuem a 
enzima aromatase, que converte androgênios em 
estrogênios, os hormônios sexuais femininos. Uma 
pequena quantidade de estrogênio também é formada 
nos tecidos periféricos. 
 
 
Mulher: o ovário produz estrogênios (especialmente 
estradiol e estrona) e progestogênios, particularmente 
progesterona. O ovário e o córtex da glândula 
suprarrenal produzem pequenas quantidades de 
androgênios. 
Vias de controle 
O controle hormonal da reprodução em ambos os sexos 
segue o padrão básico hipotálamo-hipófise anterior 
(adeno-hipófise)-glândula periférica. 
O hormônio liberador de gonadotrofinas1 (GnRH, do 
inglês, gonadotropin- -releasing hormone) liberado pelo 
hipotálamo controla a secreção de duas gonadotrofinas 
da adeno-hipófise: hormônio folículo -estimulante (FSH, 
do inglês, follicle-stimulating hormone) e hormônio 
luteinizante (LH, do inglês, luteinizing hormone). Por sua 
vez, FSH e LH atuam nas gônadas. O FSH, junto com os 
hormônios esteroides gonadais, é necessário para 
iniciar e manter a gametogênese. O LH atua 
principalmente sobre células endócrinas, estimulando a 
produção dos hormônios esteroides gonadais. 
Apesar de o principal controle da função gonadal se 
originar no encéfalo, as gônadas também influenciam a 
sua própria função. Ovários e testículos secretamhormônios peptídicos que exercem retroalimentação 
diretamente sobre a hipófise. 
As inibinas inibem a secreção do FSH, e os peptídeos 
relacionados, chamados de ativinas, estimulam a 
secreção do FSH. As ativinas também promovem a 
espermatogênese, a maturação do ovócito e o 
desenvolvimento do sistema nervoso do embrião. 
Vias de retroalimentação 
As vias de retroalimentação dos hormônios tróficos 
seguem os padrões gerais da retroalimentação 
negativa. Os hormônios gonadais atuam sobre a 
secreção de GnRH, de FSH e de LH em uma 
retroalimentação de alça longa. 
Quando os níveis circulantes dos esteroides gonadais 
estão baixos, a adeno-hipófise secreta FSH e LH (Fig. 
26.6b). Conforme a secreção de esteroides aumenta, a 
retroalimentações negativa geralmente inibe a 
liberação das gonadotrofinas. Os androgênios sempre 
mantêm uma retroalimentação negativa sobre a 
liberação de gonadotrofinas: quando os níveis de 
androgênios aumentam, a secreção de FSH e de LH 
diminui. 
Entretanto, em um mecanismo incomum, altas 
concentrações de estrogênios podem exercer 
retroalimentação negativa ou positiva. Baixos níveis de 
estrogênio não exercem retroalimentação. 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Concentrações moderadas de estrogênio possuem 
efeito de retroalimentação negativa. Contudo, se os 
níveis de estrogênio sobem rapidamente até um nível 
limiar e permanecem altos por pelo menos 36 horas, a 
retroalimentação muda de negativa para positiva, e a 
secreção de gonadotrofinas (particularmente LH) é 
estimulada. 
O efeito paradoxal do estrogênio sobre a liberação das 
gonadotrofinas tem um papel importante no ciclo 
reprodutivo feminino. 
Liberação pulsátil do GnRH 
A liberação tônica do GnRH pelo hipotálamo ocorre em 
pequenos pulsos a cada 1 a 3 horas, tanto nos homens 
quanto nas mulheres. A região do hipotálamo que 
contém os corpos celulares dos neurônios GnRH tem 
sido chamada de gerador do pulso de GnRH, pois 
aparentemente coordena a secreção pulsátil periódica 
do GnRH. 
REPRODUÇÃO MASCULINA 
Introdução 
O trato genital masculino é constituído de testículos, 
genitália interna (glândulas acessórias e ductos) e 
genitália externa. A genitália externa consiste no pênis 
e no escroto, uma estrutura em forma de saco que 
contém os testículos. A uretra atua como uma via 
comum de passagem para o esperma e a urina, embora 
isso não ocorra simultaneamente. A uretra está situada 
ao longo da parte ventral do eixo do pênis e é 
circundada por uma coluna de tecido esponjoso, 
chamada de corpo esponjoso. 
O corpo esponjoso e duas colunas de tecido, 
denominadas corpos cavernosos, constituem o tecido 
erétil do pênis. A ponta do pênis é alargada em uma 
região chamada de glande que, ao nascimento, é 
coberta por uma camada de pele, chamada de prepúcio. 
O escroto é um saco externo para dentro do qual os 
testículos migram durante o desenvolvimento fetal. A 
sua localização externa à cavidade abdominal é 
necessária, pois o desenvolvimento normal dos 
espermatozoides requer uma temperatura de 2 a 3°C 
inferior à temperatura corporal. 
As glândulas acessórias masculinas incluem a glândula 
prostática, as vesículas seminais e as glândulas 
bulbouretrais (glândula de Cowper). As glândulas 
bulbouretrais e as vesículas seminais liberam as suas 
secreções na uretra através de ductos. As glândulas 
individuais da próstata abrem-se diretamente no lúmen 
da uretra. 
 
 
 
Os testículos produzem espermatozoides e hormônios 
Os testículos possuem uma cápsula externa fibrosa 
resistente que envolve uma massa de túbulos 
seminíferos enrolados. 
Entre os túbulos seminíferos existe um tecido 
intersticial, onde ficam os vasos sanguíneos e as células 
intersticiais de Leydig produtoras de testosterona 
Os túbulos seminíferos deixam os testículos e se unem, 
formando o epidídimo, um ducto único que forma um 
cordão firmemente enovelado na superfície da cápsula 
testicular. O epidídimo origina o vaso deferente, 
também conhecido como ducto deferente. Esse ducto 
passa para dentro do abdome, onde finalmente 
desemboca na uretra, a passagem da bexiga urinária 
para o meio externo. 
Túbulos seminíferos → Os túbulos seminíferos são o 
local de produção de espermatozoides e contêm dois 
tipos de células: espermatogônias, em diversos estágios 
de desenvolvimento de espermatozoides e as células de 
Sertoli, que são células de suporte. 
O desenvolvimento dos espermatócitos ocorre em 
colunas, da borda externa do túbulo em direção ao 
lúmen. Entre cada coluna existe uma única célula de 
Sertoli que se estende da borda externa até o lúmen do 
túbulo. Circundando o lado de fora do túbulo existe uma 
lâmina basal que atua como uma barreira, impedindo 
que certas moléculas grandes do líquido intersticial 
entrem no túbulo, mas permitindo que a testosterona 
entre facilmente 
As células de Sertoli adjacentes de um túbulo são unidas 
umas às outras por junções oclusivas que formam uma 
barreira adicional entre o lúmen do túbulo e o líquido 
intersticial que fica do lado de fora da lâmina basal. 
A lâmina basal e as juncões oclusivas criam três 
compartimentos funcionais: o lúmen tubular, o 
compartimento basal na face basolateral da célula de 
Sertoli e o líquido intersticial externo à lâmina basal. 
Devido às barreiras entre esses compartimentos, o 
líquido luminal tem uma composição diferente do 
líquido intersticial, com baixas concentrações de glicose 
e altas concentrações de Ke de hormônios esteroides. 
Células de Sertoli → A função das células de Sertoli é 
regular o desenvolvimento dos espermatozoides. Outro 
nome das células de Sertoli é células sustentaculares, 
pois elas dão sustento, ou nutrição, às espermatogônias 
em desenvolvimento. 
As células de Sertoli produzem e secretam proteínas que 
vão desde hormônios, como a inibina e a ativina, a 
fatores de crescimento, enzimas e a proteína ligadora de 
androgênios (ABP). A ABP é secretada no lúmen dos 
túbulos seminíferos, onde se liga à testosterona (FIG. 
26.8). A testosterona ligada à proteína é menos lipofílica 
e não pode se difundir para fora do lúmen tubular. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
Células intersticiais → ou células de Leydig, localizadas 
no tecido intersticial entre os túbulos seminíferos, 
secretam testosterona. Elas tornam-se ativas 
inicialmente no feto, quando a testosterona é 
necessária para determinar o desenvolvimento das 
características masculinas. 
Após o nascimento, as células tornam-se inativas. Na 
puberdade, elas retomam a produção de testosterona. 
As células intersticiais também convertem parte da 
testosterona em estradiol. 
Produção de espermatozoides 
As espermatogônias, células germinativas que sofrem 
divisão meiótica para dar origem ao espermatozoide, 
são encontradas agrupadas próximo à extremidade 
basal das células de Sertoli, no lado interno da lâmina 
basal os túbulos seminíferos). Neste compartimento 
basal, elas sofrem mitose para dar origem a células 
germinativas adicionais. Algumas espermatogônias 
permanecem aqui para dar origem a futuras 
espermatogônias. Outras espermatogônias inciam a 
meiose e se diferenciam em espermatócitos. 
À medida que os espermatócitos se diferenciam em 
espermatozoides, eles movem-se em direção ao lúmen 
do túbulo seminífero, sendo continuamente 
circundados pelas células de Sertoli. 
As junções oclusivas da barreira hematotesticular se 
rompem e se formam novamente ao redor das células 
que estão migrando, assegurando que a barreira 
permaneça intacta. Quando os espermatócitos 
alcançam a extremidade luminal das células de Sertoli, 
eles sofrem duas divisões e se tornam espermátides. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
As espermátides permanecem inseridas na membrana 
apical das células de Sertoli enquanto completam a sua 
transformação em espermatozoides, o que envolve a 
perda de grande parte do seu citoplasma e o 
desenvolvimento de uma cauda flagelada. 
A cromatina nuclear se condensa em uma estrutura 
densa que preenche grande parte da cabeça,ao passo 
que uma vesícula semelhante ao lisossomo, chamada de 
acrossomo, achata-se para formar uma capa que cobre 
a ponta do núcleo. O acrossomo contém enzimas 
essenciais à fertilização. 
 
As mitocôndrias produzem energia para o movimento 
do espermatozoide e se concentram na peça 
intermediária do corpo do espermatozoide, junto com 
os microtúbulos que se estendem para dentro do 
flagelo. O resultado é a formação de um gameta 
pequeno e móvel que tem pouca semelhança com a 
espermátide que o originou. 
 
 
Os espermatozoides são liberados dentro do lúmen dos 
túbulos seminíferos, junto ao líquido secretado. A partir 
daí, estão livres para se mover para fora dos testículos. 
O processo todo de desenvolvimento – da divisão da 
espermatogônia até a liberação do espermatozoide – 
ocorre em cerca de 64 dias. 
Obs Os espermatozoides recém-liberados a partir das 
células de Sertoli ainda não estão maduros e são 
incapazes de nadar. Eles são empurrados para fora do 
lúmen tubular por outros espermatozoides e pelo fluxo 
de massa do líquido secretado pelas células de Sertoli. 
Os espermatozoides completam a sua maturação 
durante os cerca de 12 dias de transporte no epidídimo, 
auxiliados por secreções proteicas das células 
epididimais. 
 
Hormônios na espermatogênese 
O controle hormonal da espermatogênese segue o 
padrão geral descrito previamente: o hormônio 
hipotalâmico GnRH promove a liberação de LH e FSH da 
adeno-hipófise. 
O FSH e o LH, por sua vez, estimulam o testículo. As 
gonadotrofinas foram originalmente denominadas por 
seus efeitos nos ovários, porém os mesmos nomes 
foram mantidos nos homens. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
A liberação do GnRH é pulsátil, com picos a cada 1,5 
hora, e a liberação do LH segue o mesmo padrão. Os 
níveis de FSH não são tão obviamente relacionados à 
secreção do GnRH, uma vez que a secreção do FSH 
também é influenciada pela inibina e pela ativina. 
O FSH tem como alvo as células de Sertoli. 
Diferentemente dos ovócitos, as células germinativas 
masculinas não possuem receptores de FSH. Em vez 
disso, o FSH estimula nas células de Sertoli a síntese de 
moléculas parácrinas, que são necessárias à mitose das 
espermatogônias e à espermatogênese. 
Além disso, o FSH estimula a produção da proteína 
ligadora de androgênios e da inibina. O alvo principal do 
LH é a célula intersticial (célula de Leydig), que produz 
testosterona. Por sua vez, a testosterona faz 
retroalimentação e inibe a liberação de LH e de GnRH. 
A testosterona é essencial para a espermatogênese, 
porém as suas ações parecem ser mediadas pelas 
células de Sertoli, que possuem receptores de 
androgênios. Os espermatócitos não possuem 
receptores de androgênios e não podem responder 
diretamente à testosterona. 
Glândulas acessórias e o sêmen 
O trato genital masculino possui três glândulas 
acessórias – glândulas bulbouretrais, vesículas 
seminais e próstata – cuja função primária é secretar 
diversos líquidos. 
Quando os espermatozoides saem do ducto deferente 
durante a ejaculação, eles juntam-se a essas secreções, 
resultando em uma mistura de líquido e 
espermatozoides, denominada sêmen. 
O sêmen fornece um meio líquido para o transporte dos 
espermatozoides. As glândulas bulbouretrais 
contribuem com muco para a lubrificação e tampões 
para neutralizar o meio geralmente ácido da vagina. As 
vesículas seminais contribuem com prostaglandinas que 
parecem influenciar a motilidade e o transporte dos 
espermatozoides tanto no trato genital masculino 
quanto no feminino. 
A próstata e as vesículas seminais contribuem com 
nutrientes para o metabolismo dos espermatozoides. 
Além de fornecer um meio de transporte para os 
espermatozoides, as secreções das glândulas acessórias 
ajudam a proteger o trato genital masculino de 
patógenos do meio externo que podem subir pela 
uretra. 
As secreções lavam fisicamente a uretra e fornecem 
imunoglobulinas, lisozima e outros compostos com ação 
antibacteriana. 
 
Os androgênios e as características sexuais 
secundárias 
As características sexuais primárias são os órgãos 
sexuais internos e a genitália externa, que distinguem os 
homens das mulheres. 
As características sexuais secundárias são outras 
características que distinguem os homens das mulheres. 
A forma do corpo do homem é algumas vezes descrita 
como um triângulo invertido, com ombros largos e 
quadris estreitos. O corpo da mulher, em geral, tem 
forma de pera, com quadris largos e ombros estreitos. 
Os androgênios são responsáveis por traços masculinos 
típicos, como o crescimento de barba e de pelos 
corporais, desenvolvimento muscular, espessamento 
das pregas vocais tornando a voz mais grave e efeitos 
comportamentais, como o desejo ou impulso sexual, 
também chamado de libido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
REPRODUÇÃO FEMININA 
A reprodução feminina é um exemplo de processo 
fisiológico cíclico, em vez de contínuo. Os ciclos da 
produção de gametas no ovário e as interações dos 
hormônios reprodutivos e as vias de retroalimentação 
são parte de um dos sistemas de controle mais 
complexos do corpo humano. 
Introdução 
A genitália externa feminina é coletivamente conhecida 
como vulva ou pudendo. Lateralmente, estão os lábios 
maiores do pudendo, dobras de pele que se originam do 
mesmo tecido embrionário que o escroto. Medial e 
internamente aos lábios maiores, estão os lábios 
menores do pudendo, derivados dos tecidos 
embrionários que, nos homens, dão origem ao corpo do 
pênis. 
O clitóris é uma pequena saliência de tecido sensorial 
erétil, situado na extremidade anterior da vulva, envolto 
pelos lábios menores e por uma dobra adicional de 
tecido equivalente ao prepúcio do pênis. Nas mulheres, 
a uretra abre-se para o ambiente externo entre o clitóris 
e a vagina, cavidade que recebe o pênis durante as 
relações sexuais. Ao nascimento, a abertura externa da 
vagina está parcialmente fechada por um anel fino de 
tecido, chamado de hímen, ou “virgindade” 
Para continuar pelo trato genital feminino, o 
espermatozoide deve passar pela estreita abertura do 
colo do útero (ou cérvice uterino), que se projeta 
ligeiramente para dentro da extremidade superior da 
vagina. 
O canal cervical é revestido com glândulas mucosas, 
cujas secreções criam uma barreira entre a vagina e o 
útero. O espermatozoide que passa através do canal 
cervical entra no lúmen do útero, um órgão muscular 
oco levemente menor que o tamanho de um punho 
fechado da mulher. O útero é a estrutura onde o ovócito 
fertilizado se implanta e se desenvolve durante a 
gestação. Ele é composto por três camadas de tecido: 
uma fina camada externa de tecido conectivo, uma 
camada intermédia espessa de músculo liso, 
denominada miométrio, e uma camada interna, 
denominada endométrio. 
Os espermatozoides nadam em direção ascendente e 
deixam a cavidade do útero pelas aberturas das duas 
tubas uterina. Suas paredes têm duas camadas de 
músculo liso, uma longitudinal e uma circular, similar às 
paredes do intestino. Um epitélio ciliado reveste o 
interior das tubas. 
O movimento de líquido criado pelos cílios e ajudado 
pelas contrações musculares transporta o ovócito ao 
longo das tubas uterinas até o útero. Se o 
espermatozoide se movendo para cima na tuba uterina 
encontra um ovócito, que se move para baixo na tuba 
uterina, a fertilização pode ocorrer. 
As extremidades alargadas abertas das tubas uterinas 
formam projeções digitiformes, chamadas de fímbrias. 
As fímbrias são mantidas próximas ao ovário adjacente 
por tecido conectivo, o qual ajuda a assegurar que o 
ovócito liberado na superfície do ovário será capturado 
para dentro da tuba e não cairá na cavidade abdominal. 
 
O ovário produz ovócitos e hormônios 
O ovário é uma estrutura elíptica, com cerca de 2 a 4 cm 
de comprimento. Ele possui uma camada externa de 
tecido conectivo e uma estrutura de tecido conectivo 
interior, chamada de estroma. Grande parte do ovário é 
constituído por um espessocórtex externo preenchido 
por folículos ovarianos em diversos estágios de 
desenvolvimento ou de degradação. A pequena medula 
central contém nervos e vasos sanguíneos. 
O ovário, assim como os testículos, produz gametas e 
hormônios., cerca de 7 milhões de ovogônias no ovário 
embrionário se desenvolvem, formando meio milhão de 
ovócitos primários. Cada ovócito primário é circundado 
por uma única camada de precursores das células da 
granulosa e envolvido por uma lâmina basal, formando 
um folículo primordial. A maior parte dos folículos 
primordiais nunca se desenvolverá, degradando-se ao 
longo dos anos por um processo semelhante à 
apoptose, chamado de atresia (morte celular regulada 
hormonalmente). 
Alguns folículos primordiais se desenvolvem 
lentamente, originando folículos primários. O ovócito 
aumenta, e as células da granulosa dividem-se, mas 
permanecem em uma única camada. Na puberdade, 
sinais químicos fazem grupos de folículos primários 
deixarem o seu estado de repouso e entrarem em um 
período de crescimento ativo que pode levar alguns 
meses. 
Conforme os folículos em crescimento aumentam de 
tamanho, uma camada de células, conhecida como teca, 
desenvolve-se na parte externa da lâmina basal. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Neste ponto, os folículos são conhecidos como pré-
antrais ou folículos secundários. Alguns folículos 
primários nunca completam a transição para folículos 
secundários e são perdidos por atresia. 
Conforme os folículos secundários crescem, as células 
da granulosa começam a secretar o líquido que se 
acumula na cavidade central do folículo, denominada 
antro. O líquido antral contém hormônios e enzimas 
necessários para a ovulação. Neste ponto, o folículo 
torna-se um folículo terciário. A partir do pool de 
folículos terciários iniciais, somente alguns folículos 
sobrevivem até alcançar os estágios finais de 
crescimento, e geralmente um único folículo, chamado 
de folículo dominante, desenvolve-se-á até o momento 
em que libera seu ovócito 
 
Ciclo menstrual 
As mulheres produzem gametas em ciclos mensais (em 
média de 28 dias, com variação normal de 24-35 dias). 
Esses ciclos são comumente denominados ciclos 
menstruais, uma vez que apresentam um período de 3 
a 7 dias de sangramento uterino, conhecido como 
menstruação. 
O ciclo menstrual pode ser descrito de acordo com as 
mudanças que ocorrem nos folículos ovarianos, o ciclo 
ovariano, ou pelas mudanças que ocorrem no 
revestimento endometrial do útero, o ciclo uterino. 
Observe que o ciclo ovariano é dividido em três fases: 
1. Fase folicular. A primeira parte do ciclo ovariano, 
conhecida como fase folicular, é um período de 
crescimento folicular no ovário. Essa fase é a que tem 
duração mais variável, de 10 a 21 dias. 
2. Ovulação. Quando um ou mais folículos amadurecem, 
o ovário libera o(s) ovócito(s) durante a ovulação. 
3. Fase lútea. A fase do ciclo ovariano que segue a 
ovulação é conhecida como pós-ovulatória ou fase 
lútea. O segundo nome tem origem na transformação 
do folículo rompido em um corpo lúteo, assim 
denominado devido ao pigmento amarelo e aos 
depósitos de lipídeos. O corpo lúteo secreta hormônios 
que continuam a preparação para a gestação. Se a 
gestação não ocorre, o corpo lúteo para de funcionar 
após cerca de duas semanas, e o ciclo ovariano é 
reiniciado. 
O revestimento endometrial do útero também segue 
um ciclo – o ciclo uterino – regulado por hormônios 
ovarianos: 
1. Menstruação. O começo da fase folicular no ovário 
corresponde ao sangramento menstrual do útero. 
2. Fase proliferativa. A parte final da fase folicular do 
ovário corresponde à fase proliferativa no útero, 
durante a qual o endométrio produz uma nova camada 
de células em antecipação à gestação. 
3. Fase secretora. Após a ovulação, os hormônios 
liberados pelo corpo lúteo convertem o endométrio 
espessado em uma estrutura secretora. Assim, a fase 
lútea do ciclo ovariano corresponde à fase secretora do 
ciclo uterino. Se não ocorrer gravidez, as camadas 
superficiais do endométrio secretor são perdidas 
durante a menstruação, quando o ciclo uterino inicia 
novamente. 
Controle hormonal do ciclo menstrual 
Os ciclos ovariano e uterino estão sob o controle 
primário de vários hormônios: GnRH do hipotálamo. 
FSH e LH da adeno-hipófise. Estrogênio, progesterona, 
inibina e AMH do ovário. 
Durante a fase folicular do ciclo, o estrogênio é o 
hormônio esteroide dominante. A ovulação é 
desencadeada pelo pico de LH e de FSH. Na fase lútea, a 
progesterona é dominante, embora o estrogênio ainda 
esteja presente. 
O AMH aparentemente atua como um regulador para 
evitar que muitos folículos ovarianos se desenvolvam ao 
mesmo tempo. 
Fase folicular inicial 
O primeiro dia da menstruação é o dia 1 do ciclo. Este 
ponto foi escolhido como o início do ciclo porque o 
sangramento menstrual é um sinal físico facilmente 
observável. Pouco antes do início de cada ciclo, a 
secreção de gonadotrofinas pela adeno-hipófise 
aumenta. Sob a influência do FSH, um grupo de folículos 
ovarianos terciários começa a crescer 
Conforme os folículos crescem, as suas células da 
granulosa (sob a influência do FSH) e suas células da teca 
(sob a influência do LH) começam a produzir hormônios 
esteroides. As células da granulosa também começam a 
secretar AMH. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Esse AMH diminui a sensibilidade do folículo ao FSH, o 
que aparentemente impede o recrutamento de folículos 
primários adicionais após um grupo ter iniciado o 
desenvolvimento. As células da teca sintetizam 
androgênios que se difundem para as células vizinhas da 
granulosa, onde a aromatase os converte em 
estrogênios. 
Gradualmente, os níveis crescentes de estrogênio na 
circulação têm diversos efeitos. Os estrogênios exercem 
retroalimentação negativa na secreção de FSH e de LH 
pela adeno-hipófise, o que impede o desenvolvimento 
adicional de folículos no mesmo ciclo. Ao mesmo 
tempo, o estrogênio estimula a produção de mais 
estrogênio pelas células da granulosa. Esta alça de 
retroalimentação positiva permite que os folículos 
continuem sua produção de estrogênio mesmo que os 
níveis de FSH e de LH diminuam. 
No útero, a menstruação termina durante a fase 
folicular inicial. Sob a influência do estrogênio 
proveniente dos folículos que estão se desenvolvendo, 
o endométrio começa a crescer, ou proliferar. Este 
período é caracterizado por aumento no número de 
células e aumento do suprimento sanguíneo para levar 
nutrientes e oxigênio para o endométrio espessado. 
O estrogênio também estimula as glândulas mucosas do 
colo do útero a produzirem um muco claro e aquoso. 
Fase folicular tardia 
Conforme a fase folicular se aproxima do final, a 
secreção de estrogênio ovariano atinge o seu ponto 
máximo. 
Neste ponto do ciclo, somente um folículo ainda está se 
desenvolvendo. Assim que a fase folicular está 
completa, as células da granulosa do folículo dominante 
começam a secretar inibina e progesterona, além do 
estrogênio. 
O estrogênio, que até então tinha exercido um efeito de 
retroalimentação negativa sobre a secreção de GnRH na 
fase folicular inicial, muda para uma retroalimentação 
positiva, levando ao pico pré-ovulatório de GnRH. 
Imediatamente antes da ovulação, os níveis 
persistentemente altos de estrogênio, auxiliados pelos 
níveis crescentes de progesterona, aumentam a 
responsividade da adeno-hipófise ao GnRH. Como 
resultado, a secreção de LH aumenta significativamente, 
um fenômeno conhecido como pico de LH. 
O FSH também aumenta, mas em menor grau, 
presumivelmente por estar sendo suprimido pela 
inibina e pelo estrogênio. O pico de LH é parte essencial 
da ovulação, pois ele desencadeia a secreção de 
inúmeros sinais químicos necessários para os passos 
finais da maturação do ovócito. A meiose é retomada no 
folículo em desenvolvimento com a primeira divisão 
meiótica. 
Esta etapa divide o ovócito primário em ovócito 
secundário (2n DNA) e em um primeiro corpúsculo polar(2n), que se degenera. Enquanto essa divisão ocorre, o 
líquido antral acumula-se, e o folículo cresce, atingindo 
seu maior tamanho, preparando-se para liberar o 
ovócito. Os altos níveis de estrogênio na fase folicular 
tardia preparam o útero para uma possível gestação. 
Imediatamente antes da ovulação, as glândulas cervicais 
produzem grandes quantidades de muco fino e filante 
(elástico) para facilitar a entrada do espermatozoide. 
Ovulação 
Cerca de 16 a 24 horas após o pico de LH, a ovulação 
ocorre. O folículo maduro secreta prostaglandinas e 
enzimas proteolíticas, como metaloproteinases de 
matriz (MMPs) que dissolvem o colágeno e outros 
componentes do tecido conectivo que mantêm as 
células foliculares unidas. 
As prostaglandinas podem contribuir para a ruptura da 
parede folicular em seu ponto mais fraco. O líquido 
antral jorra do ovário junto com o ovócito, o qual é 
circundado por duas ou três camadas de células da 
granulosa. O óvocito é arrastado para dentro da tuba 
uterina para ser fertilizado ou para morrer. 
Fase lútea inicial 
Após a ovulação, as células foliculares da teca migram 
para o espaço antral, misturando-se com as células da 
granulosa e preenchendo a cavidade. Ambos os tipos 
celulares, então, transformam-se em células lúteas do 
corpo lúteo. Esse processo, conhecido como 
luteinização, envolve mudanças bioquímicas e 
morfológicas. As células lúteas recém-formadas 
acumulam gotículas de lipídeos e grânulos de glicogênio 
em seu citoplasma e começam a secretar hormônios. 
Conforme a fase lútea progride, o corpo lúteo produz 
continuamente quantidades crescentes de 
progesterona, estrogênio e inibina. 
A progesterona é o hormônio dominante na fase lútea. 
A síntese de estrogênio diminui inicialmente e depois 
aumenta. Entretanto, os níveis de estrogênio nunca 
atingem o pico observado antes da ovulação. 
A combinação de estrogênio e progesterona exerce 
retroalimentação negativa sobre o hipotálamo e a 
adeno-hipófise. 
A secreção de gonadotrofinas, adicionalmente inibidas 
pela produção de inibina lútea, permanece baixa ao 
longo da maior parte da fase lútea. Sob influência da 
progesterona, o endométrio continua sua preparação 
para a gestação e se torna uma estrutura secretora. 
As glândulas endometriais enrolam-se e crescem vasos 
sanguíneos adicionais na camada de tecido conectivo. 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
As células endometriais depositam lipídeos e glicogênio 
no seu citoplasma. Esses depósitos fornecerão a 
nutrição para o embrião em desenvolvimento enquanto 
a placenta, a conexão materno-fetal, está se 
desenvolvendo. A progesterona também causa o 
espessamento do muco cervical. O muco mais espesso 
cria um tampão que bloqueia a abertura do colo uterino, 
impedindo que bactérias e espermatozoides entrem no 
útero. 
Fase lútea tardia e menstruação 
O corpo lúteo tem uma duração intrínseca de 
aproximadamente 12 dias. Se a gestação não ocorrer, o 
corpo lúteo sofre apoptose espontânea. Conforme as 
células lúteas degeneram, a produção de progesterona 
e de estrogênio diminui. 
Essa queda retira o sinal de retroalimentação negativa 
sobre a hipófise e o hipotálamo, e, assim, a secreção de 
FSH e de LH aumenta. Os remanescentes do corpo lúteo 
formam uma estrutura inativa, chamada de corpo 
albicante. 
A manutenção de um endométrio secretor depende da 
presença de progesterona. Quando o corpo lúteo 
degenera e a produção hormonal diminui, os vasos 
sanguíneos da camada superficial do endométrio 
contraem. Sem oxigênio e nutrientes, as células 
superficiais morrem. 
Cerca de dois dias após o corpo lúteo parar de funcionar, 
ou 14 dias após a ovulação, o endométrio começa a 
descamar a sua camada superficial, e a menstruação 
inicia. 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
Hormônios e as características sexuais secundárias 
femininas 
O estrogênio controla o desenvolvimento das 
características sexuais primárias das mulheres, assim 
como os androgênios as controlam nos homens. Os 
estrogênios também controlam a mais proeminente 
característica sexual secundária da mulher: o 
desenvolvimento das mamas e o padrão de distribuição 
da gordura corporal (nos quadris e na parte superior das 
coxas). Entretanto, outras características sexuais 
secundárias são determinadas por androgênios 
produzidos no córtex da glândula suprarrenal. 
O crescimento de pelos pubianos e axilares e a libido 
(desejo sexual) estão sob o controle dos androgênios da 
glândula suprarrenal. 
A puberdade marca o início do período reprodutivo 
Nas mulheres, o início da puberdade é marcado pelo 
crescimento 
das mamas e pela primeira menstruação, conhecida 
como menarca, um momento com significado ritual em 
muitas culturas. Nos Estados Unidos, a idade média da 
menarca é 12 anos (a faixa considerada normal é entre 
8-13 anos). 
Nos meninos, o início da puberdade é mais sutil. Os 
sinais incluem crescimento e maturação da genitália 
externa; desenvolvimento das características sexuais 
secundárias, como pelos pubianos e faciais, 
engrossamento da voz; mudança na forma corporal e 
aumento da estatura. A idade do início da puberdade 
masculina varia entre 9 e 14 anos. 
 
A puberdade requer a maturação das vias de controle 
hipotálamo-hipófise. Antes da puberdade, a criança 
apresenta baixos níveis de hormônios esteroides 
sexuais e de gonadotrofinas. Como os baixos níveis de 
hormônios sexuais normalmente aumentam a liberação 
das gonadotrofinas, a combinação de baixos níveis de 
esteroides e de gonadotrofinas indica que o hipotálamo 
e a hipófise ainda não estão sensíveis aos níveis de 
esteroides no sangue. 
Na puberdade, os neurônios hipotalâmicos secretores 
de GnRH aumentam a sua secreção pulsátil de GnRH, o 
que, por sua vez, aumenta a liberação de 
gonadotrofinas. 
O hormônio do tecido adiposo leptina (p. 694) também 
contribui para o início da puberdade. Em mulheres 
desnutridas com pouco tecido adiposo e níveis baixos de 
leptina, frequentemente existe interrupção da 
menstruação (amenorreia), e camundongos nocaute* 
para leptina são inférteis. 
CONTRACEPTIVOS 
Medicamento, tratamento ou técnica que, por impedir 
a fecundação, evita ou impossibilita uma gravidez. 
As práticas contraceptivas podem ser incluídas em 
diversos grupos. A abstinência, a abstenção total de 
relações sexuais, é o método mais seguro de evitar a 
gestação (e as doenças sexualmente transmissíveis). 
Alguns casais praticam a abstinência somente durante 
os períodos em que a fertilidade está aumentada, 
calculados pela utilização de métodos de controle de 
natalidade baseados na conscientização da fertilidade. 
A esterilização é o método contraceptivo mais eficaz 
para pessoas sexualmente ativas, porém é um 
procedimento cirúrgico e não é facilmente revertido. A 
esterilização feminina é chamada de ligação tubária. Ela 
consiste na ligação e secção das tubas uterinas. Uma 
mulher com uma ligação tubária ainda ovula, mas os 
ovócitos permanecem no abdome. A esterilização 
masculina é a vasectomia, em que os ductos deferentes 
são ligados e seccionados ou clampeados. 
Os espermatozoides ainda são produzidos nos túbulos 
seminíferos, mas, como não podem sair do trato genital, 
são reabsorvidos. 
Os métodos de intervenção da contracepção incluem: 
(1) métodos de barreira, que impedem a união do 
espermatozoide com o ovócito; (2) métodos que 
impedem a implantação do ovócito fertilizado; e (3) 
tratamentos hormonais que diminuem ou interrompem 
a produção de gametas. A eficácia da intervenção 
contraceptiva depende em parte de quão constante e 
corretamente ela é usada. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
1. Métodos de barreira 
Após ter sido feita a associação entre a gestação e o 
esperma, foram inventadas 
diversas barreiras físicas e espermicidas para matar os 
espermatozoides. Um papiro do Egito antigo, com a 
primeira referência conhecida ao controle de 
natalidade, descreve o uso de uma barreira vaginal feita 
com folhas, penas, figos e alume, misturados com 
estercode crocodilo e de elefante. 
• Diafragma: membrana de borracha em forma 
de cúpula e uma versão menor, denominada 
capuz cervical, são geralmente preenchidos 
com creme espermicida e depois inseridos no 
topo da vagina para cobrir o colo do útero. 
• Esponja contraceptiva: é basicamente um 
pedaço de espuma em forma de disco pequeno 
com uma cavidade e uma alça que começa a 
funcionar depois de colocada no colo uterino. 
É feita de poliuretano e libera espermicida o 
tempo todo. (diário) 
• Preservativos: masculino - uma capa que se 
encaixa sobre o pênis e coleta o sêmen 
ejaculado. Entretanto, preservativos de látex 
podem causar reações alérgicas, e existem 
evidências de que o HIV pode passar através 
dos poros de alguns preservativos que são hoje 
produzidos. Uma versão feminina do 
preservativo também está disponível 
comercialmente. Ela recobre o colo do útero e 
reveste completamente a vagina, fornecendo 
mais proteção contra as doenças sexualmente 
transmissíveis. (unitário) 
 
2. Prevenção da implantação 
Alguns métodos contraceptivos não impedem a 
fertilização, mas impedem que o ovócito fertilizado se 
implante no endométrio. 
Eles incluem tanto os dispositivos intrauterinos (DIUs) 
quanto o uso de compostos químicos que mudam as 
propriedades do endométrio. 
• DIU Hormonal: O DIU Hormonal (SIU) atua por 
meio da liberação contínua de uma dose baixa 
de progesterona no útero. Ele torna espesso o 
muco do colo uterino, o que dificulta a 
motilidade do esperma para alcançar o óvulo, 
e também afina a parede do útero. (5 anos) 
• O DIU de Cobre libera íons de cobre que 
imobilizam o esperma e dificultam bastante a 
sua motilidade em torno do útero, mas não 
impedem os ovários de liberarem um óvulo por 
mês. (5-10 anos) 
Tratamentos hormonais 
Técnicas que diminuem a produção de gametas 
dependem da alteração do ambiente hormonal do 
corpo. 
• Contraceptivos orais: também chamados de 
pílulas de controle da natalidade, tornaram-se 
disponíveis pela primeira vez em 1960. Eles 
baseiam-se em várias combinações de 
estrogênio e progesterona, que inibem a 
secreção de gonadotrofinas pela hipófise. Sem 
níveis adequados de FSH e de LH, a ovulação é 
suprimida, a progesterona presente nas pílulas 
contraceptivas torna o muco cervical espesso e 
ajuda a impedir a penetração dos 
espermatozoides. (mensal) 
Obs: O desenvolvimento de um contraceptivo hormonal 
masculino tem sido lento devido aos efeitos colaterais 
indesejáveis. 
• Implante anticoncepcional: Quase do mesmo 
tamanho que um palito, o implante é colocado 
logo abaixo da pele na parte superior do braço, 
onde, a partir de um reservatório, libera 
continuamente na corrente sanguínea o 
hormônio progesterona em pequenas doses. O 
hormônio impede os ovários de liberarem 
óvulos, mas também torna o muco cervical 
mais espesso, dificultando a motilidade do 
esperma ao redor do útero e a fertilização dos 
óvulos. (3 anos) 
• Contraceptivo adesivo: é simplesmente um 
material aderente que parece um esparadrapo 
brilhante para ser fixado na pele, sendo 
bastante eficaz na prevenção da gravidez, por 
meio da liberação de hormônios. 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Os hormônios estrógeno e progesterona são 
continuamente liberados, entrando na corrente 
sanguínea através da pele, onde impedem a liberação 
de óvulos pelos ovários e também tornam o muco 
cervical espesso, impossibilitando o esperma de atingir 
o óvulo. (semanal) 
• Anel vaginal: É um anel transparente e flexível 
de polietileno vinil acetato que, depois de 
inserido na vagina, vai aos poucos liberando os 
hormônios progesterona e estrogênio no corpo 
para evitar que os ovários liberem óvulos. Ele 
também torna o muco cervical espesso, o que 
impede o esperma de chegar até o óvulo. 
• O anticoncepcional injetável: injeção que 
contém hormônios, seja apenas progesterona, 
seja progesterona e estrógeno juntos, que 
impedem o corpo de liberar óvulos e tornam 
espesso o muco no colo uterino. (mensal ou 
trimestral) 
 
• Outras formas de contracepção (mas menos 
eficazes e/ou perigos): coito interrompido, 
percepção da fertilidade e contraceptivos de 
emergência. 
Indice de pearl 
Eicácia de um método contraceptivo: é a capacidade 
desse método de proteger contra a gravidez não 
desejada e não programada. É expressa pela taxa de 
falhas própria do método, em um período de tempo, 
geralmente um ano. O índice mais utilizado é o índice de 
Pearl, que é assim calculado: 
 
 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
ESTADIAMENTO DE TANNER 
Puberdade 
Período de intenso desenvolvimento: 
• Crescimento esquelético linear (20% 
da altura final); 
• Alteração da forma e composição 
corporal (50% do peso adulto) 
• Desenvolvimento de órgãos e 
sistemas; 
• Desenvolvimento das gônadas e dis 
caracteres sexuais secundários. 
Puberdade normal: 
• Em meninas: Entre 8 e 12 anos – Telarca 
• Em meninos: Entre 9 e 14 anos – Aumento do 
volume testicular (4mL) 
 
Estadiamento 
• Estadiamento de Tanner ou estadiamento 
puberal: criada em 1962, por um médico 
inglês: J.M. Tanner. 
• Método visual. 
• Ferramenta utilizada diariamente durante a 
descrição do exame físico de crianças e 
adolescentes. 
• Descreve a MATURAÇÃO SEXUAL em 
meninos e meninas. 
• Padroniza e simplifica a descrição do exame 
físico. 
• Pode permitir diagnósticos de patologias 
como: puberdade precoce, rapidamente 
progressiva ou retardada. 
CLASSIFICAÇÃO: 
Meninas: 
• Mamas - M1 a M5 
• Pêlos - P1 a P5 
• Exemplo: M2P3 
 
 
Meninos 
• Genitais - G1 a G5 
• Pêlos - P1 a P5 
• Exemplo: G1P2 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
Volume testicular 
 
Velocidade de crescimento: 
 
 
 
 
 
VIOLENCIA SEXUAL 
A violência sexual é fenômeno universal que atinge 
indistintamente mulheres de todas as classes sociais, 
etnias, religiões e culturas. Ocorre em populações de 
diferentes níveis de desenvolvimento econômico e 
social, em espaços públicos ou privados, e em qualquer 
etapa da vida da mulher. 
Segundo Drezett, 2002, apesar de desconhecida a 
verdadeira incidência dos crimes sexuais, estima-se que 
afetem 12 milhões de pessoas em todo o mundo. 
Apenas nos EUA, calcula-se que cerca de 680 mil 
mulheres são estupradas e que 200 mil crianças são 
sexualmente abusadas, a cada ano. Todos os estudos 
consistentes desnudam proporções assustadoras, 
remetendo o abuso sexual à condição de complexo 
problema de saúde pública. 
Considera-se Violência o uso intencional de força física 
ou do poder, real ou ameaçador, contra si próprio, 
contra outra pessoa ou contra um grupo ou uma 
comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de 
resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência 
de desenvolvimento ou privação (OMS, 2002). 
O abuso sexual pode ocorrer com contacto físico 
(estupro, AVP) ou sem contacto físico (assedio sexual, 
abuso sexual verbal, exibicionismo, “voyeurismo” e 
pornografia). Essa forma de violência pode ser 
intrafamiliar, extrafamiliar ou institucional. 
O abuso sexual ocorre geralmente dentro de casa, local 
onde a vítima deveria sentir-se protegida, e o incesto é 
uma das manifestações mais perversas deste tipo de 
violência, em especial quando acompanhado de 
gravidez precoce. A maior concentração de casos ocorre 
entre sete e 14 anos, mas também pode envolver 
crianças de cinco anos ou menos. 
Entre 25 a 50% das sobreviventes da violência sexual são 
infectadas por uma DST, somando severas 
conseqüências físicas e emocionais. Ainda que 
reconheçam todas essas repercussões, cerca de 80% das 
vítimas de violência sexual refere ter como principal 
preocupação a possibilidade de se infectar com o HIV 
(Drezett J, 2002). 
Definições em termos legais, presentes no Código Penal: 
ESTUPRO: 7/8/2009 - Lei 12.015 
• Art. 213: Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou 
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 a 10 anos. – 
§ 1o Se resultar lesãocorporal de natureza grave 
ou se a vítima for menor de 18 ou maior de 14 
anos: pena de reclusão, de 8 a 12 anos – 
§ 2o Se resultar morte: pena de reclusão, de 12 a 
30 anos 3 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
• Art. 217-A: Estupro de Vulnerável - é a conjunção 
carnal ou o ato libidinoso com o menor de 14 anos: Pena 
de reclusão, de 8 a 15 anos. 
Responsabilidade do atendimento 
O atendimento inicial é emergencial, sem regulação ou 
agendamentos e realizado na Unidade de Emergência 
(UE) do HCFMRP-USP e o seguimento posterior será 
realizado no Campus do HCFMRP-USP. 
Qualquer paciente que chegar à UE menor de 18 anos, 
independente do sexo, deve ter o Boletim de Ocorrência 
(BO) realizado, assim como os pacientes maiores de 18 
anos que assim o desejarem. A notificação policial do 
crime sexual é opcional para maiores de 18 anos, porém 
obrigatória para os menores de idade. Faz parte do 
acolhimento dessas vítimas a possibilidade do BO ser 
realizada dentro da UE por Policial Civil que tiver 
disponibilidade de se dirigir até o referido Hospital ou 
via fax símile redigido pelo funcionário do Controle de 
Leitos da UEHCFMRP-USP. 
Esse documento deve ser encaminhado à Delegacia 
Policial de Plantão ou à Delegacia de Defesa da Mulher 
(DDM). Essa prática via fax símile foi legitimada pelo 
Delegado Seccional de Ribeirão Preto em exercício no 
ano de 2005. 
Toda vez que um documento policial registrando um 
crime sexual é gerado, por lei haverá solicitação de 
exame pericial pelo Delegado que assinou o BO. Sendo 
assim, quando o BO chega à UE, via fax símile, também 
chegará uma requisição do Delegado para o exame do 
Médico Legista. Graças a um acordo do HCFMRP-USP 
com o Instituto Médico Legal (IML), o médico legista que 
estiver de plantão no IML deve dirigir-se até a UE para 
realizar na vítima o exame pericial solicitado antes das 
9:00h e após às 17:00h. 
Caso a convocação aconteça entre 9 e 17h a vítima de 
violência deve dirigir-se ao IML para o exame pericial e 
a coleta de provas contra o agressor. Sabe-se que 
proporcionar a realização de todo processo legal na UE 
faz parte do verdadeiro acolhimento à vítima de 
violência sexual, tentando evitar a revitimização desse 
paciente que não precisaria assim, repetir sua história 
de violência em outras instituições além de ser 
submetido a um único exame num mesmo momento: o 
clínico e o pericial. 
O atendimento: unidade de emergência 
• Contactar assistente social, médico legista e 
psicologia/psiquiatria. 
• Verificar se a paciente trouxe o Boletim de 
Ocorrência Policial (BO), ou não pretende 
prestar queixa à polícia. 
• Providenciar BO e requisição para exame do 
médico legista (Instituto Médico Legal) via 
controle de leitos do HCFMRP-USP. 
• 
Lembrar que para menores de 18 anos o BO é 
obrigatório, assim como o relatório para o Conselho 
Tutelar/ Juizado de menores. 
• História, exame físico e ginecológico 
minuciosos, anotando na ficha todos os 
detalhes. 
• Tratamento médico-cirúrgico necessário. 
Objetivos Assistenciais 
• Acolhimento 
• Registro da história 
• Exames clínicos e ginecológicos 
• Coleta de vestígios 
• Contracepção de emergência - Profilaxias para 
HIV, infecções sexualmente transmissíveis (IST) 
e Hepatite B 
• Notificação compulsória dentro de 24 horas 
• Exames complementares; sorologias, tipagem 
sanguínea e betah-HCG 
• Acompanhamento social e psicológico 
• Seguimento ambulatorial 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Quimioprofilaxias 
1. Profilaxia contra a Sífilis/Gonorréia: Ceftriaxona 
(Rocefin) 0,5g – intramuscular. 
2. Profilaxia contra a Hepatite por vírus B: Aplicar no 
músculo deltóide contra lateral ao utilizado para a 
vacina, até 14 dias da violência. 
• Vacina (Engerix-B): intramuscular, 
utilizando o músculo deltóide; e 
• Gamaglobulina: Imunoglobulina 
hiperimune: 0,06 ml/Kg de peso 
(intramuscular); ou Gamaglobulina 
hiperimune normal: IM (uma ampola 320 
mg/20 kg). 
• Seguir esquema vacinal: 2ª e 3ª doses (1º 
e 6º mês respectivamente) 
3. Profilaxia contra tétano: quando há contaminação 
com terra das lesões durante a agressão ou no caso de 
lesões provocadas por objetos contendo poeira e ou 
terra, principalmente de solos agriculturados com fezes 
de animais. Prescrever segundo a situação da vítima. 
• Imunização Ativa e Passiva 
 
• Limpeza e Remoção de Corpos Estranhos 
Após a remoção de corpos estranhos fazer a limpeza e 
desinfecção com água oxigenada 10 volumes ou solução 
de permanganato de potássio 1:5000. No caso de lesão 
na área genital, aguardar deliberação pelo médico 
legista para fazer o procedimento acima; nesta 
eventualidade completar o procedimento com o 
tratamento local. 
4. Profilaxia contra a infecção pelo HIV-1: 
Antirretrovirais (ARV): se lesões e traumatismos 
genitais, penetração vaginal e/ou sexo anal ou oral com 
ejaculação na boca. Deve-se utilizar a associação de 
inibidores das enzimas Transcriptase Reversa e Protease 
respectivamente: 
1º. AZT + Lamivudina (Biovir ): um comprimido de 
12/12 horas com ou sem alimentos 
2º. Lopinavir/Ritonavir (Kaletra ): dois comprimidos de 
12/12horas com alimentos 
*Fornecer receita por 7 dias. 
Essa profilaxia deverá ser realizada até 72 horas da 
ocorrência. 
5. Profilaxia para Chlamydia, Mycoplasma e 
Ureaplasma: 1,0 g de azitromicina VO. 
• Colheita de conteúdo vaginal: Colher amostras 
para identificação de espermatozóides e 
exame de DNA: presença do médico legista. 
• Tratamento local (após avaliação ginecológica, 
se possível com o legista): lavagem com SF 
0,9% ou clorehedine. A embrocação vaginal faz 
parte da primeira proteção contra gravidez e 
DST/HIV, a profilaxia mecânica. 
Quando a paciente chegar ao atendimento na UE entre 
9 e 17h, período no qual o perito não se desloca do IML, 
a paciente deve ser examinada pelo plantonista da GO, 
porém não se faz a lavagem da vagina antes da coleta 
de provas. Sendo assim, a paciente deve ir até o IML 
para o exame pericial exigido por lei, e retornar à UE 
para a embrocação vaginal (tentar transporte através do 
Serviço Social). 
Importante salientar que nenhuma paciente deve ser 
liberada da UE sem exame físico e ginecológico, nem 
sem a realização de todas as medicações 
quimioprofiláticas bem com a contracepção de 
emergência. 
• Colher amostras sanguíneas para testes 
bioquímicos de função renal e hepática além 
de sorologias contra: 
a) Vírus da imunodeficiência humana 
b) Vírus da hepatite B (HBsAg, HBeAg, Anti-HBcAg, 
Anti-HbsAg, e AntiHBeAg) 
c) Vírus da hepatite C (anti-HCV) 
d) VDRL 
6. Anticoncepção de Emergência (AE) 
A AE está indicada para todas as mulheres em idade 
reprodutiva que tenham sofrido violência sexual, 
através de contato certo ou duvidoso com sêmen, 
independente do período do ciclo menstrual em que se 
encontrem. 
A AE é desnecessária se a mulher estiver usando de 
forma regular e consistente um método anticonceptivo 
de elevada eficácia no momento da violência, com DIU, 
injetável, implante. 
A AE é segura e a única contraindicação é a gravidez 
confirmada. A primeira escolha deve ser pelo uso de 1,5 
mg de levonorgestrel o mais precocemente possível, 
dentro dos primeiros 5 dias após o abuso. A pessoa 
vítima de abuso sexual deve ser orientada quanto ao 
uso de preservativos nas relações sexuais subseqüentes 
à violência. 
Essa profilaxia poderá ser realizada até 100 horas da 
relação sexual desprotegida (5° dia). 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
• PROGESTAGÊNIO: 1,5 mg de levonorgestrel em 
24 horas. Verificar a posologia de acordo com a 
apresentação do levonorgestrel: 0,75 mg por 
cp (usar dois cp dose única VO) ou 1,5 mg por 
cp. 
OU 
• MÉTODO YUSPE: Anticoncepcional oral de alta 
dosagem (associação de 1mg levonorgestrel + 
200mcg de etinilestradiol: Evanor : dois cp de 
12/12 horas) 
Proceder a alta da Unidade de Emergência e encaminhar 
paciente 
Sequência do atendimento 
• Completar preenchimento de ficha específica 
no primeiro retorno• Exame colpocitológico e colposcópico. 
• Verificar resultados sorológicos da paciente. 
• Repetir a coleta de exames bioquímicos (TGO, 
TGP, bilirrubinas, hemograma, uréia e 
creatinina) para avaliação da eventual 
hepatotoxicidade dos ARV em uso pela 
paciente. 
• Fornecer receitas de ARV por mais três 
semanas, de acordo com os resultados 
sorológicos. 
• Profilaxia para vaginites: metronidazol, 
secnidazol ou tinidazol: 2,0 gramas via oral, 
dose única. 
• Datar próximas vacinas para Hepatite B: 1oe 6o 
mês, de acordo com as sorologias. 
Retornos seqüenciais: 
- Três e seis meses para seguimento sorológico. 
• 1° Atendimento Psicológico- haverá um 
seguimento psicológico no ambulatório, 
conforme orientação específica do profissional 
da saúde mental responsável pelo caso 
durante seis meses. 
OBSERVAÇÕES 
1. Caso na vítima seja detectada sorologia positiva para 
anti-HIV ou HBsAg suspender as profilaxias com ARV e 
doses subseqüentes da vacina. Contactar o agressor 
para atendimento médico. 
2. Cuidados recomendados à vítima durante o período 
de observação para HIV, de pelo menos seis meses 
iniciais após a violência, mesmo quando na vigência de 
uso de profilaxia com ARV: 
• Usar ou solicitar o uso de preservativo em 
qualquer tipo de relacionamento sexual (anal 
e/ou vaginal e/ou oral); 
• Não doar sangue ou qualquer outro material 
orgânico; 
• Não amamentar; 
• Não compartilhar seringas e agulhas. 
3. Notificação Compulsória de Violência Sexual e/ou 
Doméstica Contra pessoas de Qualquer Idade e 
Qualquer Sexo. Este preenchimento é feito através da 
ficha de NOTIFICAÇÃO/ INVESTIGAÇÃO Individual de 
Violência Doméstica, Sexual e OUTRAS VIOLÊNCIAS 
Segundo as Seguintes Leis do Ministério da Saúde do 
Brasil: 
• Lei 10.778/2003: Notificação Compulsória de 
casos de violência contra mulheres adultas (por 
extensão a homens adultos). 
• Lei 10.741/2003 – Artigo 19: Notificação 
Compulsória de casos de suspeita ou 
confirmação de violência contra crianças e 
adolescentes. 
NOTA: o preenchimento da Ficha de Notificação 
Compulsória geralmente é feito por quem atende a 
vítima de agressão. Se necessário ela será 
complementada no atendimento seqüencial durante as 
semanas seguintes à agressão pela equipe do SEAVIDAS 
(Serviço de Atendimento à Violência Doméstica e 
Agressão Sexual). 
4. Gravidez decorrente da violência sexual 
Entre as consequências da violência sexual, a gravidez 
se destaca pela complexidade das reações psicológicas, 
sociais e biológicas que determina. A gestação 
indesejada ou forçada é encarada como uma segunda 
violência, intolerável para muitas mulheres. O Código 
Penal não exige qualquer documento para a prática do 
abortamento nesse caso, a não ser o consentimento, 
por escrito, da mulher. 
A mulher em situação de gravidez decorrente de 
violência sexual, bem como a adolescente e seus 
representantes legais, devem ser esclarecidos sobre as 
alternativas legais quanto ao destino da gestação e 
sobre as possibilidades de atenção nos serviços de 
saúde. 
É direito dessas mulheres e adolescentes serem 
informadas da possibilidade de interrupção da gravidez, 
conforme Decreto de Lei 2848, de 7 de dezembro de 
1940, artigo 128, inciso II do Código Penal brasileiro. 
Da mesma forma e com mesma ênfase, devem ser 
esclarecidas do direito e da possibilidade de manterem 
a gestação até o seu término, garantindo-se os cuidados 
pré-natais apropriados para a situação. Nesse caso, 
também devem receber informações completas e 
precisas sobre as alternativas após o nascimento, que 
incluem a escolha entre permanecer com a futura 
criança e inseri-la na família, ou proceder com os 
mecanismos legais de doação. 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Nessa última hipótese, os serviços de saúde devem 
providenciar as medidas necessárias junto às 
autoridades que compõem a rede de atendimento para 
garantir o processo regular de adoção. 
Determinar a idade gestacional é importante para a 
escolha do método do abortamento e para estabelecer 
a concordância entre a idade gestacional e o período da 
violência sexual. Além disso, o exame clínico e a 
ultrassonografia são necessários para afastar a 
ocorrência de gravidez ectópica ou de gestação molar. 
É garantido ao médico(a) a objeção de consciência e o 
direito de recusa em realizar o abortamento em casos 
de gravidez resultante de violência sexual. No entanto, 
é dever do(a) médico(a) informar à mulher sobre seus 
direitos e, no caso de objeção de consciência, deve 
garantir a atenção ao abortamento por outro(a) 
profissional da instituição ou de outro serviço. 
• Métodos de interrupção até 12 semanas de 
idade gestacional 
- Método de escolha: Aspiração a vácuo intrauterina 
(AMIU) 
- Maturação do colo com 400mcg de misoprostol via 
vaginal 3-4h antes do procedimento 
- Outros: curetagem, misoprostol (800mcg via vaginal) 
• Métodos de interrupção entre 12 e 22 semanas 
de idade gestacional 
- Método de escolha: abortamento medicamentoso 
com misoprostol (200mcg via vaginal de 6/6h) seguida 
de curetagem em caso de abortamento incompleto. 
• Gestações com mais de 22 semanas 
Não há indicação para interrupção da gravidez após 22 
semanas de idade gestacional. A mulher deve ser 
informada da impossibilidade de atender a solicitação 
do abortamento e aconselhada ao acompanhamento 
pré-natal de alto risco, facilitando-se o acesso aos 
procedimentos de adoção, se assim o desejar. 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
O caminho dos gametas e a fecundação 
MATURAÇÃO E FERTILIZAÇÃO DO ÓVULO 
Enquanto ainda no ovário, no folículo primário o ovulo 
se encontra no estagio oocito primário, pouco antes de 
ser liberado do folículo secundário ele sofre a meiose 1 
e se torna oocito secundário e libera o primeiro corpo 
polar. É nesse momento que o óvulo, ainda no estágio 
de oócito secundário, é expelido para a cavidade 
abdominal. 
 
Fases: 
• Saída e transporte do oócito 
• Inseminação 
• Ascenção dos espermatozoides 
• Fecundação 
Transporte do óvulo 
Quando ocorre a ovulação, o óvulo, em conjunto com 
centena ou mais de células anexas da granulosa que 
constituem a coroa radiada, é expelido diretamente 
para a cavidade peritoneal e deve, então, entrar em 
uma das trompas de Falópio (também denominadas 
tubas uterinas) para chegar à cavidade uterina. As 
terminações fimbriadas de cada trompa de Falópio 
repousam naturalmente ao redor dos ovários. 
As superfícies internas dos tentáculos fimbriados são 
revestidas de epitélio ciliado, e os cílios são ativados 
pelo estrogênio ovariano, que faz com que eles batam 
na direção da abertura, ou óstio, da trompa de Falópio 
envolvida. Na verdade, é possível ver uma corrente de 
líquido fluindo lentamente na direção do óstio. Assim, o 
óvulo entra em uma das trompas de Falópio. 
 O transporte ulterior do óvulo para a ampola ocorre em 
minutos ou horas, e o fator responsável por isso é a 
contração da musculatura tubária, cabendo ao aparelho 
ciliar o papel menor. 
Inseminação 
Deposição do sêmen na vagina. Os gametas masculinos 
assim liberados já alcançaram plena maturidade, são 
espermatozoides. 
 
 
Ascensão dos espermatozoides pelo aparelho genital 
feminino 
Cerca de 300 milhões de espermatozoides são 
depositados no fundo de saco posterior da vagina, 
durante o coito, próximo ao orifício externo do útero. 
Impulsionados por movimentos das próprias caudas, 
transitam através do canal cervical, embora o percurso 
pelo útero e pelas tubas se faça principalmente pela 
contração da musculatura desses órgãos. 
Espermatozoides podem ser encontrados no muco 
cervical 90 s depois da ejaculação e no local da 
fecundação, a ampola tubária, 5 min após a 
inseminação. Acredita-se que os primeiros 
espermatozoides a penetrarem na tuba não sejam 
capazes de fecundar, papel desempenhado por aqueles 
que, guardados no muco cervical, seriam liberados 
posteriormente. Em consequência da ação letal da 
secreção vaginal, ácida, e da insuficiênciados 
mecanismos de transporte, menos de 200 
espermatozoides conseguem chegar às tubas. 
Fecundação 
É a fusão dos gametas, células haploides, 
restabelecendo o número diploide de cromossomos e 
constituindo o ovo ou zigoto. 
A fusão de espermatozoide 22 + Y com óvulo, esse 
sempre 22 + X, resulta em um ovo 44 + XY, cuja evolução 
natural será a formação de indivíduo masculino. Se o 
espermatozoide for 22 + X, o zigoto será 44 + XX, e o 
indivíduo, feminino. 
 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Os principais tempos de fecundação são: 
• O espermatozoide atravessa a coroa radiada e 
penetra na zona pelúcida, auxiliado pela ação 
das enzimas liberadas no acrossoma. Embora 
diversos espermatozoides possam atravessar a 
zona pelúcida, em condições normais apenas 
um atinge o óvulo e o fertiliza. 
• A cabeça do espermatozoide liga-se à 
superfície do óvulo; a união da membrana 
celular é de tal ordem que as duas células ficam 
conjugadas dentro de envoltório único. 
• A célula sexual feminina reage ao contato do 
espermatozoide de duas maneiras: (1) ocorrem 
alterações na zona pelúcida e na membrana 
celular que inibem a entrada de outros 
espermatozoides (liberação de grânulos pelo 
citoplasma ovular); (2) o oócito II completa a 
segunda divisão de maturação e expele o 
segundo corpúsculo polar. O óvulo está, então, 
maduro, e seu núcleo é conhecido como 
pronúcleo feminino. 
• Uma vez no interior do citoplasma ovular, o 
espermatozoide rapidamente perde a cauda e 
sua cabeça aumenta de tamanho para formar 
o pronúcleo masculino. O oócito contendo dois 
pronúcleos haploides é chamado de oótide. 
• Os pronúcleos feminino e masculino se 
aproximam no centro do óvulo, onde ficam em 
contato, perdem as membranas nucleares e 
fusionam seus cromossomos, constituindo o 
ovo. 
 
Obs: sexo da criança - Depois da formação do 
espermatozoide maduro, metade deles carrega em seu 
genoma o cromossomo X (o cromossomo feminino) e 
metade carrega o cromossomo Y (o cromossomo 
masculino). Portanto, se um cromossomo X de um 
espermatozoide combinar-se com o cromossomo X de 
um óvulo, gerando a combinação XX, nascerá uma 
criança do sexo feminino. Se o cromossomo Y do 
espermatozoide se combinar com o cromossomo X do 
óvulo, gerando a combinação XY, nascerá uma criança 
do sexo masculino. 
O transporte do ovo fertilizado na trompa de falópio 
Depois de ocorrida a fertilização, normalmente são 
necessários outros 3 a 5 dias para o transporte do ovo 
fertilizado pelo restante da trompa de Falópio até a 
cavidade uterina. 
Esse transporte é feito, basicamente, pela fraca 
corrente de líquido na trompa, decorrente da secreção 
epitelial mais a ação do epitélio ciliado que reveste a 
trompa; os cílios sempre batem na direção do útero. 
Contrações fracas da trompa de Falópio também podem 
ajudar a passagem do ovo. As trompas de Falópio são 
revestidas de superfície criptoide rugosa, que impede a 
passagem do óvulo a despeito da corrente de líquido. 
Além disso, o istmo da trompa de Falópio permanece 
espasticamente contraído por cerca dos primeiros três 
dias após a ovulação. Depois desse tempo, a 
progesterona secretada cada vez mais rapidamente 
pelo corpo lúteo ovariano primeiro promove mais 
receptores de progesterona nas células do músculo liso 
da trompa de Falópio; em seguida, a progesterona ativa 
os receptores, exercendo um efeito de relaxamento 
tubular que permite a entrada do ovo no útero. 
Esse transporte lento do ovo fertilizado pela trompa de 
Falópio permite a ocorrência de diversos estágios de 
divisão celular antes que ele — agora denominado 
blastocisto, com cerca de 100 células — entre no útero. 
Durante esse tempo, as células secretoras da trompa de 
Falópio produzem grande quantidade de secreções 
usadas para nutrir o blastocisto em desenvolvimento. 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
CLIVAGEM DO ZIGOTO 
A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do 
zigoto, resultando em um aumento rápido do número 
de células (blastômeros). Essas células embrionárias 
tornam-se menores a cada divisão. A clivagem ocorre 
conforme o zigoto passa pela tuba uterina em direção 
ao útero. 
Durante a clivagem, o zigoto continua dentro da zona 
pelúcida. A divisão do zigoto em blastômeros se inicia 
aproximadamente 30 horas após a fecundação. As 
divisões subsequentes seguem-se uma após a outra, 
formando, progressivamente, blastômeros menores. 
Após o estágio de nove células, os blastômeros mudam 
sua forma e se agrupam firmemente uns com os outros 
para formar uma bola compacta de células. 
Esse fenômeno, a compactação, é provavelmente 
mediado por glicoproteínas de adesão de superfície 
celular. A compactação possibilita uma maior interação 
célula-célula e é um pré-requisito para a separação das 
células internas que formam o embrioblasto (massa 
celular interna) do blastocisto. A via de sinalização hippo 
desempenha um papel essencial na separação do 
embrioblasto do trofoblasto. 
Quando existem 12 a 32 blastômeros, o ser humano em 
desenvolvimento é chamado de mórula. As células 
internas da mórula são circundadas pelas células 
trofoblásticas. A mórula se forma aproximadamente 3 
dias após a fecundação e chega ao útero 
 
Nutrição inicial do embrião 
A progesterona secretada pelo corpo lúteo ovariano 
durante a última metade de cada ciclo sexual mensal 
tem efeito no endométrio uterino, convertendo as 
células do estroma endometrial em grandes células 
inchadas contendo quantidades extras de glicogênio, 
proteínas, lipídios e mesmo de alguns minerais 
necessários ao desenvolvimento do concepto (o 
embrião e suas partes adjacentes ou membranas 
associadas). 
Então, quando o concepto se implanta no endométrio, 
a secreção contínua de progesterona faz com que as 
células endometriais inchem ainda mais e armazenem 
mais nutrientes. Essas células são agora chamadas 
células decíduas, e a massa total de células é 
denominada decídua. 
À medida que as células trofoblásticas invadem a 
decídua, digerindo-a e embebendo-a, os nutrientes 
armazenados na decídua são usados pelo embrião para 
crescimento e desenvolvimento. Na primeira semana 
após a implantação, esse é o único meio pelo qual o 
embrião consegue obter nutrientes; ele continua a 
obter pelo menos parte da sua nutrição, dessa forma, 
por até oito semanas, embora a placenta também 
comece a prover nutrição depois do 16º dia após a 
fertilização (pouco mais de uma semana depois da 
implantação). 
O DESENVOLVIMENTO 
O desenvolvimento inicia-se com a fecundação, quando 
o espermatozoide se funde com o óvulo para dar origem 
ao ovo, célula que representa o surgimento do novo ser. 
Os 23 estágios Carnegie do desenvolvimento 
embrionário humano refletem as alterações na 
aparência externa do embrião durante as primeiras 8 
semanas do desenvolvimento. 
Primeira semana 
À medida que o ovo passa pela tuba uterina, em direção 
ao útero, sofre rápidas divisões mitóticas – 
segmentação – responsáveis pela formação de 
blastômeros. No 3 o dia após a fertilização, o ovo com 
16 ou mais blastômeros é denominado mórula e 
penetra na cavidade uterina. 
Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 
dias após a fecundação), surge no interior da mórula u 
espaço preenchido por líquido, a cavidade blastocística. 
O líquido passa da cavidade uterina através da zona 
pelúcida para formar esse espaço. 
 
 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Conforme o líquido aumenta na cavidade blastocística, 
ele separa os blastômeros em duas partes: 
• Uma delgada camada celular externa, o trofoblasto 
(Grego trophe, nutrição), que formará a parte 
embrionária da placenta 
• Um grupo de blastômeros localizados centralmente, o 
embrioblasto (massa celular interna), que formará o 
embrião 
Uma proteína imunossupressora, o fator de gestação 
inicial, é secretada pelas células trofoblásticas e aparece 
no soro materno cerca de 24 a 48 horas após a 
fecundação. O fator de gestação inicial é a base do teste 
de gravidez durante os primeiros10 dias de 
desenvolvimento. 
Durante esse estágio de desenvolvimento, ou 
blastogênese, o concepto (embrião e suas membranas) 
é chamado de blastocisto. O embrioblasto agora se 
projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto 
forma a parede do blastocisto. 
 
 
 
Depois que o blastocisto flutuou pelas secreções 
uterinas por aproximadamente 2 dias, a zona pelúcida 
gradualmente se degenera e desaparece. 
A degeneração da zona pelúcida permite o rápido 
crescimento do blastocisto. Enquanto está flutuando no 
útero, o blastocisto obtém nutrição das secreções das 
glândulas uterinas. Aproximadamente 6 dias após a 
fecundação (dia 20 de um ciclo menstrual de 28 dias), o 
blastocisto adere ao epitélio endometrial, normalmente 
adjacente ao polo embrionário. 
Assim: 
Logo que o blastocisto adere ao epitélio endometrial, o 
trofoblasto se prolifera rapidamente e se diferencia em 
duas camadas: 
• Uma camada interna, o citotrofoblasto. 
• Uma camada externa, o sinciciotrofoblasto 
 
 
 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
 
Fatores intrínsecos e da matriz extracelular modulam 
em sequências cuidadosamente programadas a 
diferenciação do trofoblasto. O fator de crescimento 
transformador β (TGF-β) regula a proliferação e a 
diferenciação do trofoblasto por interação de ligantes 
com receptores dos tipos I e II das quinases proteicas 
serina/treonina. 
Em torno de 6 dias, os prolongamentos digitiformes do 
sinciciotrofoblasto se estendem pelo epitélio 
endometrial e invadem o tecido conjuntivo. No final da 
primeira semana, o blastocisto está superficialmente 
implantado na camada compacta do endométrio e 
obtém a sua nutrição dos tecidos maternos erodidos. O 
sinciciotrofoblasto, altamente invasivo, se expande 
rapidamente em uma área conhecida como polo 
embrionário, adjacente ao embrioblasto. 
O sinciciotrofoblasto produz enzimas que erodem os 
tecidos maternos, possibilitando ao blastocisto se 
“entocar”, ou seja, se implantar, no endométrio. As 
células endometriais também participam controlando a 
profundidade da penetração do sinciciotrofoblasto. 
Por volta de 7 dias, uma camada de células, o hipoblasto 
(endoderma primário), aparece na superfície do 
embrioblasto voltada para a cavidade blastocística. 
Dados embriológicos comparativos sugerem que o 
hipoblasto surge por delaminação dos blastômeros do 
embrioblasto. 
Segunda semana 
À medida que a implantação do blastocisto ocorre, 
mudanças morfológicas no embrioblasto produzem um 
disco embrionário bilaminar formado pelo epiblasto e 
pelo hipoblasto. O disco embrionário origina as camadas 
germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do 
embrião. As estruturas extraembrionárias que se 
formam durante a segunda semana são a cavidade 
amniótica, o âmnio, a vesícula umbilical conectada ao 
pedículo e o saco coriônico. 
 
• Lacunas se desenvolvem no sinciciotrofoblasto 
e, logo, fusionam-se para formar a rede lacunar 
(9-10 dias) 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
Término da implantação do blastocisto 
A implantação do blastocisto termina durante a segunda 
semana. Ela ocorre durante um período restrito entre 6 
e 10 dias após a ovulação e a fecundação. Conforme o 
blastocisto se implanta, mais o trofoblasto entra em 
contato com o endométrio e se diferencia em duas 
camadas: 
• Uma camada interna, o citotrofoblasto, que é 
mitoticamente ativa e forma novas células que migram 
para a massa crescente de sinciciotrofoblasto, onde se 
fundem e perdem as membranas celulares. 
• O sinciciotrofoblasto, uma massa multinucleada que 
se expande rapidamente, na qual nenhum limite celular 
é visível. O sinciciotrofoblasto é erosivo e invade o 
tecido conjuntivo endometrial enquanto o blastocisto 
vagarosamente vai se incorporando ao endométrio. As 
células sinciciotrofoblásticas deslocam as células 
endometriais no local de implantação. As células 
endometriais sofrem apoptose (morte celular 
programada), o que facilita a invasão. 
• O trofoblasto erode os sinusoides maternos 
• O sangue flui para o interior da rede lacunar e 
forma a circulação uteroplacentária primitiva 
 
(Blastocisto implantado de 12 dias) 
Os mecanismos moleculares da implantação envolvem 
a sincronização entre o blastocisto invasor e um 
endométrio receptivo. As microvilosidades das células 
endometriais, as moléculas de adesão celular 
(integrinas), citocinas, protaglandinas, hormônios 
(gonadotrofina coriônica humana [hCG] e 
progesterona), fatores de crescimento, enzimas de 
matriz extracelular e outras enzimas 
(metaloproteinases de matriz e proteína quinase A) têm 
o papel de tornar o endométrio mais receptivo. Além 
disso, as células endometriais ajudam a controlar a 
profundidade de penetração do blastocisto. 
As células do tecido conjuntivo ao redor do local da 
implantação acumulam glicogênio e lipídios e assumem 
um aspecto poliédrico (muitos lados). Algumas dessas 
células, as células deciduais, se degeneram nas 
proximidades do sinciciotrofoblasto invasor. O 
sinciciotrofoblasto engolfa essas células que servem 
como uma rica fonte de nutrientes para o embrião. O 
sinciciotrofoblasto produz um hormônio glicoproteico, 
o hCG, que entra na circulação sanguínea materna 
através de cavidades isoladas (lacunas) no 
sinciciotrofoblasto; o hCG mantém a atividade 
hormonal do corpo lúteo no ovário, durante a gestação. 
O corpo lúteo é uma estrutura glandular endócrina que 
secreta estrogênio e progesterona para manter a 
gestação. Radioimunoensaios altamente sensíveis são 
usados para detectar o hCG e formam a base dos testes 
de gravidez. Uma quantidade suficiente de hCG é 
produzida pelo sinciociotrofoblasto no final da segunda 
semana para resultar em um teste de gravidez positivo, 
mesmo que a mulher não saiba que possa estar grávida. 
Resumo da implantação 
A implantação do blastocisto no endométrio uterino 
inicia- se no fim da primeira semana e é completada no 
final da segunda semana. Os eventos moleculares e 
celulares relacionados com a implantação são 
complexos. A implantação pode ser resumida como se 
segue: 
• A zona pelúcida se degenera (dia 5). O 
desaparecimento dela resulta do crescimento do 
blastocisto e da degeneração causada por lise 
enzimática. As enzimas líticas são liberadas pelo 
acrossoma dos espermatozoides que rodeiam e 
parcialmente penetram a zona pelúcida. 
• O blastocisto adere ao epitélio endometrial (dia 
6). 
• O trofoblasto se diferencia em duas camadas, o 
sinciciotrofoblasto e o citotrofoblasto (dia 7). 
• O sinciciotrofoblasto provoca a erosão do tecido 
endometrial e o blastocisto começa a se 
implantar ao endométrio (dia 8). 
• Surgem lacunas cheias de sangue no 
sinciciotrofoblasto (dia 9). 
• O blastocisto penetra o epitélio endometrial e a 
falha é preenchida por um tampão (dia 10). 
• Ocorre a formação da rede lacunar pela fusão de 
lacunas adjacentes (dias 10 e 11). 
• O sinciciotrofoblasto provoca a erosão dos vasos 
sanguíneos endometriais, permitindo que o 
sangue materno entre nas redes lacunares e saia 
delas, estabelecendo, assim, a circulação 
uteroplacentária (dias 11 e 12). 
• A falha do epitélio endometrial é reparada (dias 
12 e 13). 
• As vilosidades coriônicas primárias se 
desenvolvem (dias 13 e 14). 
 
Julia Dominoni Facchin TXXV 
APROFUNDANDO 
Sistema hipotálamo-hipofisário 
No controle neuroendócrino da ovulação é 
determinante o papel desempenhado pelo eixo central 
– sistema hipotálamo-hipofisário – que se conecta por 
feedback com as gônadas, enquanto se liga ao sistema 
sensorial, recebendo estímulos do meio ambiente e 
conexões do próprio cérebro. 
Embora não haja conexão nervosa direta entre o 
hipotálamo e a hipófise anterior (adeno-hipófise), a 
comunicação vascular (sistema porta-hipofisário) liga 
essas duas estruturas. Os vasos sanguíneos do sistema 
porta-hipofisário carreiam neurotransmissores – fatores 
de liberação (releasing factors) – segregados pelas 
células nervosas dos centros hipotalâmicos para a 
adeno-hipófise. 
O neurotransmissor

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