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representações masculinas do feminismo A obra de chico Buarque de Holanda História das mulheres no Brasil Alunas: Juliane Silva, Kauane Adrielly Antes de iniciar a apresentação da obra é necessário compreender... O surgimento da conciência feminista na literatura. O contexto social da época: Ditadura Militar (1964-1985). Movimentos sociais: segunda onda do Feminismo. As represálias que sofreram as mulheres no âmbito musical . As represálias Enquanto as mulheres se construíam a partir de sua própria especiência , suas vozes provocavam reações I "Mulher preguiçosa, mulher tão dengosa, mulher Você não passa de uma mulher (ah, mulher) Mulher tão bacana e cheia de grana, mulher Você não passa de uma mulher (ah, mulher) Você não passa de uma mulher (ah, mulher) Você não passa de uma mulher Olha a moça inteligente Que tem no batente o trabalho mental QI elevado e pós-graduada Psicanalizada, intelectual Vive à procura de um mito Pois não se adapta a um tipo qualquer Já fiz seu retrato, apesar do estudo Você não passa de uma mulher (viu, mulher?) Você não passa de uma mulher (ah, mulher) Você não passa de uma mulher" Você Não Passa De Uma Mulher (1975) Canção de Martinho da Vila ... As represálias Mulheres vulgares Canção de Racionais MC's "Derivada de uma sociedade feminista Que consideram e dizem que somos todos machistas Não quer ser considerada símbolo sexual Lutam pra chegar ao poder, provar a sua moral Numa relação a qual não admite ser subjugada, passada pra trás Exigem direitos iguais, certo mano? E do outro lado da moeda, como é que é? Fama e dinheiro com rei de futebol No qual quer se encostar em um magnata Que comande seus passos de terno e gravata (otária) Ela quer ser a peça centra em qualquer local Que a julgue total, quer ser manchete de jornal Somos Racionais, diferentes, e não iguais Mulheres vulgares, uma noite e nada mais ...Pode crê! Pra ela, dinheiro é o mais importante (pode crê) Sujeito vulgar, suas idéias são repugnantes É uma cretina que se mostra nua como objeto É uma inútil que ganha dinheiro fazendo sexo No quarto, motel, ou telas de cinema Ela é mais uma figura viva, obscena Luta por um lugar ao sol Mulheres vulgares, uma noite e nada mais Mulheres vulgares Mulheres vulgares, uma noite e nada maise e nada mais ... biografia do autor * Francisco Buarque de Hollanda; * Nasceu no dia 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro; * O pai dele era historiador e sua mãe intelectual da época * A sua primeira composição foi “Canção dos olhos”, em 1959, quando tinha 15 anos; * "Marcha para o sol”, de 1964, foi a primeira música de a ser gravada; * O músico cursou três anos de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo (USP). Ele abandonou o curso em 1964, quando o clima de repressão invadiu as universidades; * Chico Buarque é um dos artistas que foram perseguidos durante a Ditadura Militar; * A maioria das canções que representam as mulheres foram criadas para outros projetos culturais, como peças de teatro e novelas. Musica Popular Brasileira Lundus, as modinhas e outras composições com influências diretas de gêneros estrangeiros. 1950: Regionalismo (samba). Inovações: composições experimentais. João Gilberto e o surgimento da Bolsa Nova (MPB). Análise do discurso "De acordo com Helena Nagamine Brandão, o discurso pode ser definido “como toda atividade comunicativa entre interlocutores; atividade produtora de sentidos que se dá na interação entre falantes” (BRANDÃO, s/d, p.2), ), não existindo um discurso neutro, pois os sentidos produzidos remetem a “posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem”." Análise do discurso "O sujeito do discurso, segundo Brandão (s/d) , é um sujeito “situado na história da sua comunidade, num tempo e num espaço concreto”; “é um sujeito ideológico, isto é, sua fala reflete os valores, as crenças de um momento histórico e de um grupo social”. Os sujeitos criam os discursos e, através deles, projetam imagens para o público que, por sua vez, atribuem sentidos ao discurso que estão observando. Essas imagens configuram justamente o ethos discursivo. O sujeito, dentro de um discurso, desempenha diversas funções, segundo Orlandi (2009), como a função discursiva de autoria e as enunciativas de locução e de enunciação. " Chico falando sobre as mulheres Com açúcar, com afeto (1967) Quando a noite enfim lhe cansa Você vem feito criança Pra chorar o meu perdão Qual o quê Diz pra eu não ficar sentida Diz que vai mudar de vida Pra agradar meu coração E ao lhe ver assim cansado Maltrapilho e maltratado Como vou me aborrecer? Qual o quê Logo vou esquentar seu prato Dou um beijo em seu retrato E abro os meus braços pra você" "Com açúcar, com afeto Fiz seu doce predileto Pra você parar em casa Qual o quê Com seu terno mais bonito Você sai, não acredito Quando diz que não se atrasa Você diz que é um operário Sai em busca do salário Pra poder me sustentar Qual o quê No caminho da oficina Há um bar em cada esquina Pra você comemorar Sei lá o quê ... "Ela falou 'Eu quero agora uma música de mulher sofredora'. E deu exemplos de canções do Assis Valente, Ary Barroso, aqueles sambas da antiga, onde os maridos saíam para a gandaia e as mulheres ficavam em casa sofrendo, tipo 'Amélia', aquela coisa. Ela encomendou e eu fiz”, explica Chico. "Gostei de fazer, a gente não tinha esse problema. É justo que haja... As feministas têm razão, vou sempre dar razão às feministas, mas elas precisam compreender que naquela época não existia, não passava pela cabeça da gente que isso era uma opressão, que a mulher não precisa ser tratada assim", continua. Ana de Amsterdam (1973) "Sou Ana de cabo a tenente Sou Ana de toda patente, das Índias Sou Ana do Oriente, Ocidente, acidente, gelada Sou Ana, obrigada Até amanhã, sou Ana Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos Sou Ana de Amsterdam Arrisquei muita braçada Na esperança de outro mar Hoje sou carta marcada Hoje sou jogo de azar Sou Ana de vinte minutos Sou Ana da brasa dos brutos na coxa Que apaga charutos Sou Ana dos dentes rangendo E dos olhos enxutos Até amanhã, sou Ana Das marcas, das macas, das vacas, das pratas Sou Ana de Amsterdam" ... Calabar: o Elogio da Traição (1973) A peça tinha estreia marcada para novembro de 1973, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, mas foi proibida e só estreou em 1980. O texto propunha uma revisão da figura do senhor de engenho afrodescendente Domingos Fernandes Calabar, que se aliou aos holandeses no século 17, traindo os portugueses, seus antigos aliados. A peça adota o ponto de vista de sua viúva e coloca em cena uma questão crucial: o que é ser um traidor da pátria? Através da figura de Calabar, procurava-se fazer uma crítica à conjuntura repressiva e entreguista. A expectativa era alta quando a peça finalmente entrou em cartaz, mas a crítica foi dura. ARQUIVO NACIONAL (29/08/73 – caixa: 644/522): pedido de censura ARQUIVO NACIONAL (29/08/73 – caixa: 644/522): verso do pedido de censura ARQUIVO NACIONAL (caixa: 644/522): cópia da página 24 do script Bárbara (1973) Bárbara, Bárbara Nunca é tarde, nunca é demais Onde estou, onde estás Meu amor, vem me buscar O meu destino é caminhar assim Desesperada e nua Sabendo que no fim da noite serei tua Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva Acumulando de prazeres teu leito de viúva Álbum da letra: CHICOCANTA - CALABAR, O ELOGIO DA TRAIÇÃO Ano de lançamento: 1973 https://analisedeletras.com.br/?s=CHICOCANTA%20-%20CALABAR,%20O%20ELOGIO%20DA%20TRAI%C3%87%C3%83O https://analisedeletras.com.br/?s=CHICOCANTA%20-%20CALABAR,%20O%20ELOGIO%20DA%20TRAI%C3%87%C3%83O https://analisedeletras.com.br/?s=CHICOCANTA%20-%20CALABAR,%20O%20ELOGIO%20DA%20TRAI%C3%87%C3%83O https://analisedeletras.com.br/archive/?ano=1973 Bárbara,Bárbara Nunca é tarde, nunca é demais Onde estou, onde estás Meu amor vem me buscar Vamos ceder enfim à tentação Das nossas bocas cruas E mergulhar no poço escuro de nós duas Vamos viver agonizando uma paixão vadia Maravilhosa e transbordante, feito uma hemorragia Sem açúcar (1975) "Todo dia ele faz diferente, não sei se ele volta da rua Não sei se me traz um presente, não sei se ele fica na sua Talvez ele chegue sentido, quem sabe me cobre de beijos Ou nem me desmancha o vestido, ou nem me adivinha os desejos Dia ímpar tem chocolate, dia par eu vivo de brisa Dia útil ele me bate, dia santo ele me alisa Longe dele eu tremo de amor, na presença dele me calo Eu de dia sou sua flor, eu de noite sou seu cavalo A cerveja dele é sagrada, a vontade dele é a mais justa A minha paixão é piada, sua risada me assusta" Olhos nos olhos (1976) Quando você me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer Olhos nos olhos Quero ver o que você faz Ao sentir que sem você eu passo bem demais Álbum da letra: Meus Caros Amigos Ano de lançamento: 1976 https://analisedeletras.com.br/archive/?ano=1979 E que venho até remoçando Me pego cantando, sem mais, nem por quê Tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando talvez precisar de mim Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim Olhos nos olhos Quero ver o que você diz Quero ver como suporta me ver tão feliz Ambientada em um bordel, ela conta a história de um malandro carioca, tentando sobreviver nos anos 40, final da ditadura de Getúlio Vargas – clima bem parecido com o de 1978. Como espetáculo musical, que é, a trama gira em torno de Max, ídolo dos bordéis. A temática, como não poderia deixar de ser, retrata a malandragem brasileira no submundo da cidade do Rio de Janeiro, com todos os ingredientes capazes de nos transportar àquela época, com a chegada das meias de nylon e dos A Ópera do Malandro - 1978. Fonte: site Teatro Musica Brasil. norte-americanos, que entravam clandestinamente. Não muito diferente da cena das falsificações vendidas pelos camelôs de nossa cidade maravilhosa. O cenário é a Lapa das prostitutas e da pancadaria; o período – a década de 40 – com a Guerra assolando o mundo e mandando seus ecos para o Brasil. A Ópera do Malandro põe em cena a rivalidade entre o contrabandista Max Overseas e Fernandes de Duran, o dono dos prostíbulos da Lapa. Bem no meio da briga está Terezinha, a filha única de Duran e de Vitória, que se casa com Max sob as bênçãos do Inspetor Chaves, o Tigrão, que "trabalha" para os dois contraventores. O casamento é o golpe final na família Duran: o desgosto dos pais de Terezinha – e, naturalmente, a ameaça aos negócios – é o gatilho da trama em que todos tentam tirar vantagem de todos. A peça cria, ainda, outros personagens inesquecíveis, como Geni e Lúcia, esta última filha de Tigrão e rival de Terezinha. Geni e o Zepelim (1979) ... ... De tudo que é nego torto Do mangue e do cais do porto Ela já foi namorada O seu corpo é dos errantes Dos cegos, dos retirantes É de quem não tem mais nada Dá-se assim desde menina Na garagem, na cantina Atrás do tanque, no mato É a rainha dos detentos Das loucas, dos lazarentos Dos moleques do internato Álbum da letra: ÓPERA DO MALANDRO - Trilha Sonora da Peça Teatral Ano de lançamento: 1979 https://analisedeletras.com.br/?s=%C3%93PERA%20DO%20MALANDRO%20-%20Trilha%20Sonora%20da%20Pe%C3%A7a%20Teatral https://analisedeletras.com.br/?s=%C3%93PERA%20DO%20MALANDRO%20-%20Trilha%20Sonora%20da%20Pe%C3%A7a%20Teatral https://analisedeletras.com.br/?s=%C3%93PERA%20DO%20MALANDRO%20-%20Trilha%20Sonora%20da%20Pe%C3%A7a%20Teatral https://analisedeletras.com.br/?s=%C3%93PERA%20DO%20MALANDRO%20-%20Trilha%20Sonora%20da%20Pe%C3%A7a%20Teatral https://analisedeletras.com.br/archive/?ano=1979 ... ... E também vai amiúde Com os velhinhos sem saúde E as viúvas sem porvir Ela é um poço de bondade E é por isso que a cidade Vive sempre a repetir Joga pedra na Geni Joga pedra na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Um dia surgiu, brilhante Entre as nuvens, flutuante Um enorme zepelim Pairou sobre os edifícios Abriu dois mil orifícios Com dois mil canhões assim A cidade apavorada Se quedou paralisada Pronta pra virar geléia Mas do zepelim gigante Desceu o seu comandante Dizendo – Mudei de idéia ... ... – Quando vi nesta cidade – Tanto horror e iniquidade – Resolvi tudo explodir – Mas posso evitar o drama – Se aquela formosa dama – Esta noite me servir Essa dama era Geni Mas não pode ser Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Mas de fato, logo ela Tão coitada e tão singela Cativara o forasteiro O guerreiro tão vistoso Tão temido e poderoso Era dela, prisioneiro Acontece que a donzela – e isso era segredo dela Também tinha seus caprichos E a deitar com homem tão nobre Tão cheirando a brilho e a cobre Preferia amar com os bichos Ao ouvir tal heresia ... ... A cidade em romaria Foi beijar a sua mão O prefeito de joelhos O bispo de olhos vermelhos E o banqueiro com um milhão Vai com ele, vai Geni Vai com ele, vai Geni Você pode nos salvar Você vai nos redimir Você dá pra qualquer um Bendita Geni Foram tantos os pedidos Tão sinceros, tão sentidos Que ela dominou seu asco Nessa noite lancinante Entregou-se a tal amante Como quem dá-se ao carrasco Ele fez tanta sujeira Lambuzou-se a noite inteira Até ficar saciado E nem bem amanhecia Partiu numa nuvem fria Com seu zepelim prateado Num suspiro aliviado Ela se virou de lado E tentou até sorrir Mas logo raiou o dia ... ... E a cidade em cantoria Não deixou ela dormir Joga pedra na Geni Joga bosta na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Fonte: site Teatro Musica Brasil. ... ... QUEM É ESSA MULHER? - A ALTERIDADE DO FEMININO NA OBRA MUSICAL DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA Neste estudo, Alberto da Costa Lima se aprofunda na obra de Chico Buarque, conhecido como o grande intérprete da alma feminina e uma das maiores expressões da MPB, para analisar a condição da mulher em suas músicas e identificar de que maneira o discurso ali presente a aborda como ser humano e social. O trabalho de Alberto da Costa ganha, assim, destaque entre estudos já conhecidos e admiradores de Chico Buarque, que dedicou mais de dois terços de toda a sua produção musical (cerca de 190 canções) ao feminino e que tem estes eus líricos desvendados em profundidade pelo autor. Obrigada pela atenção!
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