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01 RECURSO INOMINADO - DIB NA DER

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 9ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MATO GROSSO – TRF 1ª REGIÃO.
Processo nº 
__________________________, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, que move em desfavor de INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL, por intermédio de sua procuradora infra-assinada, inconformado com a R. Sentença proferida nos Autos, vem respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência, no prazo legal, interpor:
RECURSO INOMINADO
em vista das razões anexas, requerendo o processamento deste recurso e sua remessa á Egrégia Colégio Recursal, que conhecendo o mesmo a ele haverá de dar provimento para o restabelecimento da justiça, obedecidas às formalidades legais.
DO DIREITO AO BENEFÍCIO GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Nos termos do art. 98 e seguintes do CPC, requer-se a concessão da gratuidade da justiça, amparada no próprio benefício pretendido pelo Autor, eis que não possui condições de arcar com as despesas processuais.
O art. 5º da Constituição Federal é a principal garantia do instituto da gratuidade da justiça, pois além de trazer princípios referentes a inafastabilidade do judiciário, trás expressa norma relativa à assistência judiciária gratuita, é o que se depreende dos incisos XXXV, LV e LXXIV, nesses termos:
Art. 5º(...)
XXXV – “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”;
LV – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”;
LXXIV – “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”;
O princípio da inafastabilidade do judiciário é basilar na existência do Estado Democrático de Direito, determinando a Constituição Federal sua garantia, sempre que houver violação do direito.
Como ensina Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “como princípio da legalidade, o do controle judiciário é intrínseco à democracia de opção liberal”, pois, como salienta José Alfredo de Oliveira Baracho:
“...o direito à tutela jurisdicional é o direito que toda pessoa tem de exigir que se faça justiça, quando pretenda algo de outra, sendo que a pretensão deve ser atendida por um órgão judicial, através de processo onde são reconhecidas as garantias mínimas. O acesso dos cidadãos aos tribunais de justiça, à procura de uma resposta jurídica fundamentada a uma pretensão ou interesse determinado, realiza-se pela interposição perante órgãos jurisdicionais, cuja missão exclusiva é conhecer e decidir as pretensões, que são submetidas ao conhecimento do órgão judicante, tendo em vista os direitos fundamentais da pessoa”.
Diante do exposto, o benefício da gratuidade da justiça é garantido constitucionalmente, tendo o Autor demonstrado sua necessidade, portanto, requer a concessão, para interposição do presente Recurso, para não ter seu direito lesado e sua defesa cerceada.
Termos em que,
pede e espera deferimento.
Cuiabá-MT, 04 de abril de 2022.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DA EGRÉGIA TURMA RECURSAL CÍVEL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MATO GROSSO.
Autos nº 1023263-11.2021.4.01.3600
Origem: Nona Vara do Juizado Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso
Recorrente: ANA ROSA SOARES DE OLIVEIRA LEITE GOVEIA
Recorrido: INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL.
EGRÉGIA TURMA 
ÍNCLITOS JULGADORES 
RAZÕES DO RECURSO
O provimento do presente recurso é um imperativo dos fatos e do direito, eis que a r. decisão recorrida não fez a necessária justiça, face ao conteúdo fático e processual constante deste processo.
Trata-se de sentença em ação previdenciária para a concessão de amparo assistencial ao deficiente, em que a Nobre Magistrada julgou PROCEDENTE EM PARTE o pedido, por entender que não havia elementos suficientes nos autos que permitissem a verificação da manutenção de idênticas condições fáticas na época da DER.
A Justiça não pode fechar os olhos às provas que instruem a presente demanda. Importante destacar que o presente Recurso Inominado restringe-se apenas quanto a data de início do benefício, requerendo seu deferimento conforme Inicial, ou seja, desde a data do requerimento administrativo em 06/08/2018, situação de vida que jamais alterou-se desde então, conforme devidamente comprovado.
É equivocada a decisão da Exma. Magistrada nesse ponto, data vênia.
Comprova-se através dos documentos trazidos à baila durante o decorrer do processo e aqui reproduzidos, que a Autora vive sozinha, em uma casa cedida, sem qualquer estabilidade financeira, sobrevivendo da ajuda de terceiros desde antes de 2008, e tal situação não foi alterada.
Destarte, cumpre destacar o seguinte trecho da decisão ora atacada: “ Entre a DER e a propositura da demanda transcorreram mais de dois anos, razão pela qual a DIB deve ser fixada na citação, momento em que a autarquia teve ciência das condições socioeconômicas e de saúde (quando for o caso) da parte autora. Entender de modo diverso seria obstar o dever/direito da autarquia de rever o benefício a cada dois anos. Ademais, não há elementos suficientes nos autos que permitam a verificação de manutenção de idênticas condições fáticas da época da DER.”
Nesse sentido, denota-se que a N. Julgadora fixou seu entendimento somente com base no tempo entre a DER e a propositura da ação, ignorando os documentos do requerimento administrativo e a demora na análise do processo administrativo.
A Autarquia já possuía elementos que permitem a verificação da manutenção de idênticas condições fáticas, ao passo que, tanto o CRAS juntado ao processo administrativo no momento da DER em 06/08/2008 quanto o certificado pela Assistente Social, bem como a atualização do CRAS em 24/02/2021 contém as mesmas informações quanto ao endereço, pois, como exaustivamente dito, não houve qualquer alteração em sua situação de miserabilidade.
(PRINTS DAS TELAS DO CADUNICO)
Outrossim, do laudo socioeconômico se evidencia as lastimáveis condições de moradia da Autora, consoante se pode exprimir pelo item “6” do laudo, onde a nobre Assistente Social relata que:
“Foi realizado a visita domiciliar na casa da autora foi relatada por ela que se encontra desempregada e sem condições de trabalhar por conta da dificuldade de locomoção dificultando também para que ela possa realizar as suas atividades laborais e com isso, ela não consegue voltar ao mercado de trabalho. Ela reside sozinha em um imóvel que é cedido por sua vizinha e não possui renda alguma e acaba ficando totalmente dependente de terceiros vivendo em uma situação de vulnerabilidade e com baixa autoestima.”
Nobres julgadores, diante das peculiaridades do presente caso, é imperiosa a concessão do benefício pleiteado, eis que a condição econômica evidenciada é claramente incapaz de promover a própria subsistência com dignidade. A Recorrente sobrevive da mesma forma há anos, jamais possuiu uma residência, vive de favor em casa cedida desde antes mesmo da inscrição no CRAS, supor que a Autarquia seria prejudicada com a concessão desde o requerimento administrativo é condenar a Recorrente à miséria, e tolher seu direito como cidadã.
Diante do exposto acima, frisa-se que, desde a data da entrada do requerimento junto ao INSS no dia 06/08/2018, a recorrente já restava comprovado sua miserabilidade e as condições de vida das quais era submetida, condições estas que não deixaram de fazer parte de sua realidade mesmo com o passar dos anos, como mostra o registro exposto no documento acima.
Assim, a sentença recorrida não faz jus ao que as dificuldades que a Recorrente passou, eis que não consegue conviver em igualdade com os demais, devendo ser reformada, concedendo ao Recorrente o amparo requerido desde a data da entrada do requerimento na via administrativa (06/08/2018), pois comprovadamente manteve-se no mesmo endereço, em idênticas condições de vida, sob ciência da Autarquia Recorrida pois devidamente ciente do processo administrativo bem comode sua atualização junto ao CRAS.
DOS REQUERIMENTOS
Diante do exposto,
a) Reitera a concessão das benesses da gratuidade da justiça, por não ter a Recorrente condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu próprio sustento e de sua família;
b) requer a condenação da autarquia em honorários sucumbenciais do advogado, em 20% sobre o valor da condenação, em caso de reforma do julgado;
c) Ao final, requer desta Egrégia Turma Recursal, seja o presente recurso inominado recebido em seus efeitos, CONHECIDO e PROVIDO para reformar PARCIALMENTE a r. sentença prolatada pelo Juízo “a quo”, que julgou PROCEDENTE EM PARTE o pedido de concessão de amparo assistencial à pessoa deficiente, HOMENAGEANDO ASSIM O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, E SEJA CONCEDIDO O AUXÍLIO PLEITEADO, CONCEDENDO O BENEFÍCIO PRETENDIDO DESDE A DER DO MESMO EM 06/08/2018.
Termos em que,

Pede e espera deferimento.
Cuiabá/MT, 22 de agosto de 2022.
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