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Carla Bertelli – 3° Período Mecanismos Imunológicos das Doenças Autoimunes Palestra 5 Tolerância Imunológica Ela tem como significado a não responsividade um antígeno e ela vai ser induzida pela exposição previa a esse antígeno As doenças autoimunes representam um grupo heterogêneo de distúrbios que ocorrem quando o sistema imunológico do organismo não consegue diferenciar self de não self e monta resposta imunológica contra tecidos do hospedeiro. As doenças autoimunes podem afetar quase qualquer tipo de célula, tecido ou sistema orgânico. Algumas, como tireoidite de Hashimoto, são específicas para um tecido. Outras, como o LES, são sistêmicas, e afetam vários órgãos e sistemas O sistema imunológico normalmente existe em um equilíbrio no qual a ativação dos linfócitos, que é necessária para a defesa contra agentes patogênicos, é equilibrada pelos mecanismos de tolerância, os quais impedem reações contra autoantígenos. A causa subjacente das doenças autoimunes é a falha da tolerância, o que permite o desenvolvimento de respostas contra autoantígenos. A autoimunidade resulta de uma combinação de herança de genes de suscetibilidade, que contribuem para a quebra da autotolerância, e causas ambientais, tais como infecções e dano tecidual, que promovem a ativação de linfócitos autorreativos. Quando o linfócito T encontra um antígeno a gente pode ter 2 reações diferentes: 1° – Ativação = Resposta Imune Imunógeno – Algo Externo 2° – Inativação da Auto tolerância = Autoimunidade O linfócito T encontra um auto antígeno, de início ele não vai produzir uma reposta imune, vai ocorrer uma inativação da intolerância Quando a gente tem alguma alteração no mecanismo de tolerância aí sim será desenvolvido uma tolerância autoimune A Tolerância seria um treinamento dos nossos linfócitos B e T para eles não reagirem contra nossas células A tolerância imunológica é o fenômeno de falta de responsividade a um antígeno devido à exposição dos linfócitos àquele antígeno. A autotolerância refere-se à falta de responsividade aos antígenos do próprio indivíduo e constitui a base da nossa capacidade de viver em harmonia com nossas células e tecidos. Como os receptores de antígeno dos linfócitos são gerados através da recombinação somática de genes de forma aleatória, os linfócitos com receptores capazes de reconhecer autoantígenos são constantemente gerados, e essas células precisam ser eliminadas ou desativadas assim que elas reconhecem os autoantígenos, para evitar que eles causem dano. Os mecanismos de autotolerância são amplamente classificados em dois grupos: de tolerância central e de tolerância periférica Carla Bertelli – 3° Período Mecanismos de Tolerância Imunológico Uma característica fundamental do sistema imunológico é a sua capacidade de diferenciar entre antígenos estranhos e autoantígenos. A capacidade do sistema imunológico para diferenciar self de não self é chamada de autotolerância. Acontece sempre que um linfócito reconhece um autoantígeno, nós temos os mecanismos de tolerância que vão fazer a eliminação ou inativação dele Esse mecanismo pode ser desencadeado nos órgãos centrais (timo) e o mecanismo de tolerância periférica (linfonodos e baço) O desenvolvimento de autotolerância depende de dois processos coordenados: tolerância central, que é a eliminação de linfócitos autorreativos durante o processo de maturação nos tecidos linfoides centrais, e tolerância periférica, que é a supressão de linfócitos autorreativos funcionais em tecidos periféricos que escaparam da destruição pelo timo. Autorreatividade é o processo pelo qual o organismo age contra o próprio tecido A ativação do sistema imunológico requer a apresentação de antígenos estranhos a células B e T imunologicamente ativas. A expressão do antígeno é codificada nos genes do MHC, que determinam os HLA específicos encontrados na superfície das células. Durante o desenvolvimento das células T no timo, os linfócitos T (protimócitos) sofrem rearranjo aleatório de loci genéticos específicos, responsáveis pela codificação dos receptores de antígenos. Os protimócitos com TCR que se ligam de modo adequado ao MHC são positivamente selecionados, enquanto protimócitos com alta afinidade para o autoantígeno ou autorreatividade são destruídos. Ocorrem processos similares na eliminação de linfócitos B que apresentam elevada afinidade para autoantígenos. O objetivo principal é produzir uma população de linfócitos B e T imunologicamente não responsivos diante de autoantígenos antes de sua liberação na circulação central. Anergia é a perda completa de resposta dos linfócitos para um antígeno e pode resultar na diminuição ou falta de resposta imunológica celular e/ou humoral. Na região central de tolerância, esses linfócitos T imaturos vão ser levados a morte ou eliminação quando ele reage contra um autoantígeno No timo, o linfócito T está sendo produzido, imaturo, lá ele vai ter contato com todos os antígenos do nosso corpo. No entanto, quando ele encontra uma célula própria do corpo pode ocorrer duas reações: o Ou ele vai reconhecer esse autoantígeno o Célula T reguladora Tolerância Central → Neste processo, clones imaturos de linfócitos T e B autorreativos que reconhecem autoantígenos durante sua maturação nos órgãos linfoides centrais (ou geradores, o timo para as células T e a medula óssea para as células B) são mortos ou se tornam inofensivos. Os mecanismos de tolerância central das células T e B mostram algumas semelhanças e diferenças. Carla Bertelli – 3° Período Tolerância Periférica → Vários mecanismos silenciam células T e B potencialmente autorreativas nos tecidos periféricos; esses são mais bem definidos para as células envolvendo: anergia, supressão por células T reguladoras e deleção por apoptose. Existe uma proteína chamada AIRE – regulador Autoimune – ela é responsável por ativar a expressão de vários genes que expressam esses autoantígenos no timo Dentro da glândula do timo, especificamente nas células epiteliais medulares tímicas (mTECs), o gene AIRE controla a expressão de milhares de autoantígenos. Isso servirá para apresentar aos timócitos (células T imaturas ainda de Numa resposta normal, nós temos a célula dendrítica apresentando um antígeno à célula T As células imunes precisam de 2 sinais → Antígenos + Coestimuladores Se eu tenho um antígeno, mas eu não tenho um coestimulador não se forma uma resposta. 1. Anergia 2. Supressão 3. Deleção Os linfócitos B também passam por esse processo – só que acontece na medula óssea Se o linfócito B reconheceu o autoantígeno o que pode acontecer é a edição do receptor, dá o lugar para um novo receptor que não vai ter afinidade aos anti-antigenos → mecanismo dos Linfócitos B Caso os linfócitos B passem direto pelo primeiro mecanismo, ele também vai ser testado novamente, podendo sofrer anergia, deleção e apoptose Mecanismos da Autoimunidade O sistema imunológico normalmente existe em um equilíbrio no qual a ativação dos linfócitos, que é necessária para a defesa contra agentes patogênicos, é equilibrada pelos mecanismos de tolerância, os quais impedem reações contra autoantígenos. A causa subjacente das doenças autoimunes é a falha da tolerância, o que permite o desenvolvimento de respostas contra autoantígenos. Entender o motivo pelo qual a tolerância falha nessas doenças é um objetivo importante para os imunologistas A autoimunidade resulta de uma combinação de herança de genes de suscetibilidade, que contribuem para a quebra da autotolerância, e causas ambientais, tais como infecções e dano tecidual, que promovem a ativação de linfócitos autorreativos Patogeniada autoimunidade. Aautoimunidade resulta de múltiplos fatores, incluindo os genes de suscetibilidade que interferem na autotolerância e em desencadeadores ambientais (como infecções, lesão tecidual e inflamação), que promovem a entrada de Carla Bertelli – 3° Período linfócitos nos tecidos, a ativação de linfócitos autorreativos e lesão tecidual. Acredita-se que os genes de suscetibilidade e as causas ambientais induzam um número de modificações que contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade: o Tolerância ou regulação defeituosas. Uma falha dos mecanismos que mantêm a autotolerância é fundamental para o desenvolvimento das doenças autoimunes o Apresentação anormal de autoantígenos. Anormalidades incluem o aumento da expressão e persistência de autoantígenos que são normalmente removidos ou alterações estruturais nestes antígenos resultantes de modificações enzimáticas, estresse celular ou lesão celular o Inflamação ou uma resposta imunológica inata inicial. Conforme discutido, a resposta imunológica inata é um forte estímulo para a ativação linfocitária subsequente e a geração de respostas imunológicas adaptativas. As doenças autoimunes vão ter uma causa subjacente, sendo a falha do auto tolerância, podendo desenvolver respostas contra o autoantígeno Se a auto tolerância falhou vai ter nos tecidos periféricos linfócitos que vão atuar contra antígenos do corpo Autoimunidade – dois fatores principais: suscetibilidade e estímulo ambiental Ex. Geralmente os genes relacionados à tolerância autoimune são a HLA – genes de MHC – que fazem a maneira de reconhecer determinado patógeno Alterações Genéticas + Fatores Ambientais (estimulantes) Existem vários genes de suscetibilidade → artrite reumatoide, doença celíaca. Eles tem polimorfismos nos HLAs Papel das Infecções As reações autoimunes podem ser desencadeadas por infecções. Dois mecanismos têm sido postulados para explicar a ligação entre as infecções e a autoimunidade. Primeiro, as infecções regulam para cima a expressão de coestimuladores nas APCs. Se essas células estão apresentando autoantígenos, o resultado será um colapso da anergia e ativação de células T específicas para os autoantígenos. Em segundo lugar, alguns microrganismos expressam antígenos que têm as mesmas sequências de aminoácidos que os autoantígenos. As respostas imunológicas contra os antígenos microbianos resultam na ativação de linfócitos autorreativos. Esse fenômeno é chamado de mimetismo molecular Mimetismo Molecular – é um dos mecanismos que pode desencadear uma resposta autoimune. Um exemplo claro de tal mimetismo é a cardiopatia reumática, na qual anticorpos contra proteínas estreptocócicas reagem de modo cruzado com proteínas do miocárdio e causam miocardite (Cap. 12). Um mimetismo molecular mais sutil pode estar envolvido nas doenças autoimunes clássicas também. Exemplo de FR, o corpo monta uma resposta ao Streptococcus Pyogenes. O anticorpo criado vai reconhecer os tecidos próprios também e acaba atacando-os Indução por coestimuladores – uma infecção aumenta a liberação de coestimuladores, ativa uma resposta T autoimune que pode causar autoimunidade Carla Bertelli – 3° Período →A tolerância (ausência de resposta) a autoantígenos é uma propriedade fundamental do sistema imunológico, e a quebra da tolerância é a base das doenças autoimunes. →Tolerância central: linfócitos imaturos que reconhecem autoantígenos nos órgãos linfoides centrais (geradores) são mortos por apoptose; na linhagem de células B, alguns dos linfócitos autorreativos passam a expressar novos receptores de antígenos que não são autorreativos. →Tolerância periférica: linfócitos maduros que reconhecem autoantígenos nos tecidos periféricos tornam-se funcionalmente inativos (anérgicos) ou são suprimidos pelos linfócitos T reguladores ou morrem por apoptose. →Os fatores que levam à falha da autotolerância e desenvolvimento da autoimunidade incluem (1) herança dos genes de suscetibilidade que podem interromper diferentes vias de tolerância e (2) infecções e dano tecidual que podem expor autoantígenos e ativar APCs e linfócitos nos tecidos. →Doenças autoimunes são geralmente crônicas e progressivas, e o tipo de lesão tecidual é determinado pela natureza da resposta imunológica dominante. Doenças Autoimunes É considerada uma doença autoimune quando ocorre uma lesão tecidual causada pela reação imunológica do organismo Autoimunidade – tenho anticorpos circulantes, mas que não reagem, não desenvolvem consequências Doenças autoimunes tendem a ser crônicas, às vezes com recidivas e remissões, e o dano é frequentemente progressivo. Uma razão para a cronicidade é que o sistema imunológico contém muitas alças de amplificação intrínsecas que permitem que pequenos números de linfócitos antígeno- específicos cumpram sua tarefa de erradicar infecções complexas. As manifestações clínicas e patológicas de uma doença autoimune são determinadas pela natureza da resposta imunológica subjacente. Algumas dessas doenças são causadas por autoanticorpos, cuja formação está associada com reações desreguladas no centro germinativo As doenças autoimunes podem ser sistêmicas como órgãos-específicas Carla Bertelli – 3° Período LUPÚS É uma lesão em múltiplos órgãos, causada principalmente pela deposição de complexos imunes e ligação dos anticorpos e varia O LES é uma doença autoimune que envolve múltiplos órgãos, caracterizada por uma grande quantidade de autoanticorpos, particularmente anticorpos antinucleares (ANAs), nos quais a lesão é causada principalmente pela deposição de complexos imunes e ligação dos anticorpos a várias células e tecidos principalmente pela deposição de complexos imunes e ligação dos anticorpos a várias células e tecidos. Adoença pode ser aguda ou insidiosa em seu surgimento e é tipicamente uma doença crônica, com remissões e recaídas, frequentemente febril. Lesões na pele, articulações, rins e membranas serosas são proeminentes. É uma doença crônica que vai causar lesões na pele, articulações, rins e membranas serosas. Isso é ocasionado nos mecanismos de tolerância O Lúpus tem genes de suscetibilidade + fator ambiental desencadeante → Anticorpos Antinucleares Artrite Reumatoide Destruição da cartilagem articular e anquilose, lesão extra articulares: pele, coração, vasos e pulmões. Quando temos genes de suscetibilidade Aartrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que afeta primariamente as articulações, mas pode envolver tecidos extraarticulares, como a pele, os vasos sanguíneos, pulmões e coração. Muitas evidências apoiam a natureza autoimune da doença. Como as principais manifestações da doença estão nas articulações FEBRE REUMÁTICA Doença causada por mimetismo molecular Mimetismo Molecular Ligação de autoanticorpos nas valvas, recrutamento de Gravidade da Reatividade Cruzada
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