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Fibromialgia Tut 05 - M1 - P5 Objetivos: 01. Entender a fisiopatologia, os fatores de risco e o quadro clínico da fibromialgia; → Definição: - Síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida, que se manifesta no sistema músculo-esquelético, podendo apresentar sintomas em outros aparelhos e sistemas. - A definição é controversa porque não há substrato anatômico em sua fisiopatologia; - Seus sintomas podem ser confundidos com depressão maior e síndrome da fadiga crônica; → Causa: - Etiologia desconhecida, mas causada por um mecanismo de sensibilização do SNC à dor. → Critérios de classificação: - Sensibilidade dolorosa em sítios anatômicos preestabelecidos, os tender points. O número de tender points se relaciona com a avaliação da gravidade das manifestações clínicas, fadiga, distúrbio do sono, depressão e ansiedade. → Epidemiologia: - Extremamente comum, atrás apenas da osteoartrite; - Prevalência de 2% na população geral; - Responsável por aproximadamente 15% das consultas em ambulatório Sjogren. → Fisiopatologia: - Disfunção do processo sensorial, com dor real, em que os sintomas psicológicos podem ser secundários à dor. ● Pode ser confundido com distúrbios somatoformes (quando os sintomas não estão associados a uma condição médica que os explique). - Alteração do sono: intrusão de ondas alfa em ondas delta de sono profundo, levando a um sono não reparador. Diminuir o sono tipo REM, movimentos periódicos dos membros, síndrome das pernas inquietas, fadiga matutina e dor ao despertar. → Quadro clínico: - Polimorfo, exigindo anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. - Dor difusa e crônica, envolvendo esqueleto axial e periférico. - Em geral, os pacientes têm dificuldade para localizar a dor, muitas vezes apontando sítios peri-articulares, sem especificar se a origem é muscular, óssea ou articular. - A dor pode ser em queimação, pontada, peso, “tipo cansaço” ou como uma contusão. - É comum a referência de agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. - Há relatos de que a dor inicia-se localizada principalmente na cervical, envolvendo ou não trapézio, ou como uma cervicobraquialgia ou como uma cervicodorsalgia. Outros já começam de maneira difusa. - Ausência de sono reparador e fadiga. - A sensação de parestesia pode estar presente. Não respeitam os dermátomos. - Sensação de inchaço, principalmente em mãos, antebraços e trapézios, que não é observado pelo examinador. - Pode haver cefaléia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitações, constipação, dispepsia, dispneia… - Cerca de 30 a 50% dos pacientes têm depressão. - Poucas alterações são encontradas no exame físico, o único achado clínico importante é a presença de sensibilidade dolorosa em sítios anatômicos, chamados tender points. ● Estes pontos dolorosos geralmente não são conhecidos pelos pacientes, já que a dor referida normalmente não é nesse local. ● Locais que devem ser pesquisados: - Suboccipital -na inserção do músculo suboccipital; - Cervical baixo -atrás do terço inferior do esternocleidomastoideo, no ligamento intertransverso C5-C6; - Trapézio -ponto médio do bordo superior, numa parte firme do músculo; - Supra-espinhoso -acima da escápula, próximo à borda medial, na origem no músculo supra-espinhoso; - Segunda junção costo-condral-lateral, na origem do músculo grande peitoral; - Epicôndilo lateral -2 a 5 cm de distância do epicôndilo lateral; - Glúteo médio -na parte média do quadrante súpero-externo na porção anterior do músculo glúteo médio; - Trocantérico -posterior à proeminência do grande trocanter; - Joelho -no coxim gorduroso, pouco acima da linha média do joelho. - Deve haver digitopressão nesses pontos, e deve haver resposta dolorosa em pelo menos 11 dos 18 pontos. Mas isso não é essencial para o diagnóstico, apenas para classificação. 02. Compreender o diagnóstico e tratamento farmacológico e não-farmacológico da fibromialgia; → Diagnóstico: - Não existem exames subsidiários, laboratoriais ou de imagem, que tenham utilidade diagnóstica para a síndrome, exceto quando houver outra enfermidade associada. - Podem ser usadas escalas analógicas visuais numéricas, como as do tipo Likert, de 0 a 5: - No exame físico, a única alteração evidente é a pesquisa de alodinia, através da avaliação de áreas hipersensíveis a palpação. ● Pode-se utilizar a contagem simples dos tender points, ou índice miálgico total. ● Na palpação digital, a força necessária para tornar pálido o leito ungueal do primeiro dedo é a pressão adequada ● Índice miálgico total: utilizando a palpação digital pode-se obter um score de acordo com a seguinte escala: 0 – ausência de dor; 1 – dor leve; 2 – exclamação verbal de dor; e 3 – movimento de retirada ou expressão facial de dor. ● Os pontos dolorosos estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia são avaliados, e o escore máximo a ser obtido é 54, resultante da multiplicação dos 18 pontos pelo número 3, que corresponde à avaliação máxima. → Tratamento: - É voltado às manifestações clínicas, com medidas farmacológicas e não-farmacológicas. - Tem como objetivo aliviar a dor, melhorar a qualidade do sono, manutenção do equilíbrio emocional, melhora de condicionamento físico e fadiga e tratamento específico para enfermidades associadas. - Tratamento farmacológico: ● Antidepressivos tricíclicos: agem alterando o metabolismo da serotonina e a noradrenalina, e nos nociceptores periféricos e mecanorreceptores trazendo analgesia periférica e central, potencializando o efeito analgésico dos opióides endógenos, aumentando a duração da fase 4 do sono REM, melhorando distúrbios do sono; ● Amitriptilina: 12-50 mg 2 a 4h antes de deitar; ● Ciclobenzaprina: não tem efeitos antidepressivos, é utilizado como miorrelaxante. 10-30 mg, 2 a 4h antes de deitar. - Bloqueadores seletivos de recaptação de serotonina: especialmente fluoxetina usado em conjunto com um tricíclico para ampliar o efeito desses últimos. Pela manhã entre 10-40 mg. – Benzodiazepínicos: altera a estrutura do sono e diminui a duração de ondas delta durante o sono profundo. ● Alprazolam 0,5-3 mg aumenta a efetividade quando associado ao AINE. ● Não deve ser utilizado de maneira rotineira devido risco de dependência. - Analgésicos: principalmente paracetamol e dipirona, como tratamento adjuvante. ● Pode ser utilizado tramadol + paracetamol na melhora da dor, mas não para a redução do número de tender points. - Outros: o tratamento com GH pode ser útil no alívio dos sintomas. → Tratamento não farmacológico: - Exercícios físicos: os mais adequados são os aeróbicos, sem carga, sem grandes impactos para o aparelho osteoarticular, como dança, natação e hidroginástica. ● Uma caminhada de 30 a 60 minutos por dia proporciona efeitos terapêuticos. ● O exercício promove a liberação de endorfinas, que funcionam como um antidepressivo e proporcionam sensação de bem estar e autocontrole. - Acupuntura: estudos mostram que um grupo de pacientes pode ser beneficiado com a eletroacupuntura, mas a acupuntura pode ser um tratamento alternativo com melhora de sintomas. - Suporte psicológico: entre 25 a 50% dos pacientes apresentam algum distúrbio psiquiátrico concomitante que dificultam a abordagem clínica. - Biofeedback e hipnoterapia: biofeedback é efetivo na redução do número de tender points, na dor generalizada e na rigidez matinal. 03. Explicar a síndrome miofascial; →Merece atenção por ser o principal diagnóstico diferencial para fibromialgia, devido sua semelhança clínica. → Definição: - Síndrome de dor regional; - Apresenta trigger points, que muitas vezes é acompanhada pela palpação da musculatura, de nódulos fibróticos ou bandas musculares tensas; - Apresenta zona referencial de dor profunda característica, agravada pela palpação dos trigger points. → Diagnósticoe Quadro clínico: - Característico de dor regional de origem muscular, localizada no músculo ou grupo muscular. - Caracteriza-se por dor na zona muscular correspondente e por dor irradiada; - Presença de uma banda de tensão, com aumento de consistência e dolorosa, identificável à palpação e em cujo centro se encontra o trigger point ou ponto gatilho. - A palpação do ponto gatilho pode originar dor local e dor irradiada, com padrão característico e identificador do envolvimento muscular primário. - O padrão de irradiação da dor atinge dermátomos, miótomo e esclerótomo, uma vez que decorrem de um estado de sensibilização segmentar espinhal, que “bombardeiam” continuamente os gânglios sensitivos com estímulos nociceptivos. ● Trigger points: nódulos dolorosos de tecido muscular degenerado, que origina dor local e irradiada; pequenos focos hiperritáveis circunscritos em músculos esqueléticos e fáscias frequentemente localizados em bandas tensas. - O TrP caracteriza-se por: • Sensibilidade local, banda tensa, local twitch response, jump sign • Único ou múltiplos • Em qualquer músculo-esquelético • Placa NM do músculo-esquelético (corpo do músculo) • Padrão típico de dor irradiada • Sintomas autonómicos/proprioceptivos • Principal causa de dor miofascial; - O tender spot (TS) caracteriza-se por: • Sensibilidade local • Múltiplos • Em locais específicos, simétricos • Inserção músculo-tendinosa • Não causa dor irradiada • Relacionado estritamente com Fibromialgia → Epidemiologia: - Atinge em maior número mulheres entre 30-50 anos, sendo os músculos mais afetados: os músculos da região cervical posterior, o músculo esternocleidomastoideo, trapézio, levantadores da escápula, músculos posturais axiais. → Fisiopatologia: - Não existe uma teoria aceita na atualidade, mas sabe-se que existe um componente autonômico e de sensibilização central. - Após uma micro ou macro lesão muscular, produz-se uma resposta inflamatória, com consequente liberação de neuropeptídeos e aparecimento de células de resposta inflamatória. - Esses neuropeptídeos excitam as fibras nervosas sensitivas e somáticas, produzindo mediadores neuro vaso ativos que atuam provocando fenômenos isquêmicos e sensibilizando nociceptores -sensibilização periférica, originando espasmo muscular. - O estímulo continuado aos nociceptores conduz ao estímulo de nociceptores vizinhos, provocando sensibilidade geral, que pode ser responsável pela dor referida. ● A hiperalgesia certamente é originada pelo aumento das respostas nociceptivas. → Etiologia: - Fatores psicossociais, estresse e tensão; - Alterações do sono (sono não reparador) e fadiga; - Alterações neurológicas, secundária a compressão nervosa ou envolvimento nervoso periférico; - Alterações sistêmicas, endócrinas ou nutricionais -maior propensão em pacientes com hipotireoidismo, a hipoglicemia também agrava a dor e torna os pacientes mais resistentes ao tratamento. - Microtrauma crônico, por maus hábitos posturais e por realização de movimentos repetitivos. - Macrotrauma, originado por lesão de impacto súbito - Deficiência muscular, por descondicionamento, fraqueza ou tensão muscular. 04.Citar os diagnósticos diferenciais. → Síndrome de dor miofascial; → Reumatismo extra-articular afetando várias áreas; → Polimialgia reumática e artrite de células gigantes; → Polimiosites e dermatopolimiosites; → Miopatias endócrinas -hipotireoidismo, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, insuficiência adrenal; → Miopatia metabólica por álcool; → Neoplasias; → Efeito colateral de drogas -corticosteróide, cimetidina, estatina, fibratos, drogas ilícitas. Referências: h�ps://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga /fibromialgia.pdf h�ps://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/ article/download/59/64 https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fibromialgia.pdf https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fibromialgia.pdf https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/download/59/64 https://spmfrjournal.org/index.php/spmfr/article/download/59/64
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