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DORES MÚLTIPLAS BRAINSTORMING • Roberto, aluno de medicina Alice • mãe de Roberto • foi diagnosticada aos 40 anos com fibromialgia • dores no corpo e vários sintomas (dor muscular crônica intermitente) • pontos de gatilho (nas partes moles?) • compreende músculos (mialgia), articulações (artralgia) • fraqueza, sonolência, parestesia • médicos suspeitaram de dor psicogênica • ansiedade e depressão associados devido aos neurotransmissores (substância P, glutamato, serotonina, dopamina) • classificação da dor na fibromialgia: • dor mista (?) • estímulo excessivo no músculo • fisiopatologia: • o que libera os neurotransmissores (gatilhos)? → • diagnóstico clínico • uso de AINES e corticoide • mecanismo de ação do corticóide inibe a fosfolipase para impedir a cascata do ácido aracdônico • associação dos dois trouxe efeitos adversos (insuficiência renal, problemas gástricos • corticoide é um vasodilatador, causa edema • melhorou com o uso de antidepressivos • inibidores seletivos de recaptação de serotonina (várias classes) Joana • 28 anos • diagnóstico de dor Miofascial • localizada na região do trapézio direito • tratamento com infiltração de pontos de gatilho com anestésicos locais, relaxantes musculares e acupuntura • fisiopatologia • contratura muscular pelos canais de cálcio que ativa actina e miosina • classificação • dor bem localizada, crônica na fase de agudização (?) • anestésicos locais além da lidocaína • xilocaína • articaína • acupuntura • A agulha vai no músculo ou nervo (?) Sérgio • sofreu acidente de trabalho • fratura, lesões musculares e de nervos do membro superior direito • dor contínua, atrofia, mudança da umidade da pele, perda ou alteração de fâneros, cianose ou palidez que mudavam ao longo do tempo • síndrome de dor complexa regional • tratamento com bloqueio do gânglio estrelado (no plexo braquial), infusão de lidocaína intravenosa e medicamentos pouco usuais no controle da dor • antidepressivos e anticonvulsivantes, antipsicóticos (causava sonolência e efeitos adversos) • mecanismo analgésico desses remédios • haloperidol/ aldol → antipscicótico • bloqueio de neurotransmissores excitatórios • exames para auxiliar a investigação diagnóstica • fibromialgia - diagnóstico clínico • dor miofascial • síndrome de dor complexa regional FLUXOGRAMA PERGUNTAS • SOBRE A FIBROMIALGIA: https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/9305 Fibromialgia: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento A. Conceito Síndrome dolorosa crônica não inflamatória, caracterizada por dor generalizada há mais de três meses, com sinais e sintomas variados como, sono não restaurador, síndrome das pernas inquietas, fadiga, cefaleias tensionais, síndrome do intestino irritável, síndrome da fadiga crônica, síndrome de Raynaud, doenças infecciosas (herpes), sensação de articulações edemaciadas. Há também efeitos colaterais que podem desencadear a fibromialgia, como estatinas, fibratos e algumas drogas ilícitas que acarretam lesão muscular, além de alguns corticoides. O GH está relacionado com a restauração muscular, e a pessoa com fibromialgia tem um déficit de GH, com quadros de lesão muscular cíclicos. Existe grande sensibilidade ao toque, calor e frio. Prevalece mais nas mulheres, entre 30 e 60 anos, e piora principalmente com alguns fatores sociais como ansiedade, depressão, fator de estresse extremo (pós-guerras). A. fisiopatologia Apesar de ser uma condição reumatológica intensamente estudada, a fisiopatologia da fibromialgia não está totalmente esclarecida (Sarzi-Puttini et al., 2012). Diversas hipóteses têm sido citadas na literatura ao longo dos anos tentando explicar os mecanismos envolvidos na génese e evolução desta doença (Coaccioli et al., 2008; Goldenberg et al., 2008). Distúrbios ao nível do processamento da dor, perturbações do sono, alterações no sistema imunitário, no sistema neuroendócrino e ainda a implicação de fatores de origem genética, psicológica, emocional e ambiental fazem parte de alguns dos modelos explicativos para a origem desta doença (Chakrabarty e Zoorob, 2007; Latorre-Santiago e Torres-Lacomba, 2017). Contudo, alterações em apenas um destes fatores não explica a multiplicidade de sintomas presentes na fibromialgia. Desta forma, pressupõe-se que a manifestação e evolução da fibromialgia estará dependente da interação entre os múltiplos fatores anteriormente citados, contribuindo de forma sinérgica para o desenvolvimento, não apenas da dor, mas também dos restantes sintomas que constituem o complexo quadro clínico da fibromialgia (Carvalho et al., 2008; Coaccioli et al., 2008). Distúrbios no processamento da dor – Desregulação das vias inibitórias descendentes e da via nociceptiva ascendente da dor (5ht e NA inibem) https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/9305 Segundo Jay e Barkin (2015), uma atividade reduzida do sistema nervoso simpático e parassimpático em doentes com fibromialgia parece estar envolvida nas alterações do equilíbrio. Os doentes com fibromialgia aparentemente apresentam uma disfunção da 5- HidroxiTriptofano e da NoraAdrenalina ao nível destas vias inibitórias da dor, contribuindo para a sensibilização central e hiperexcitabilidade das vias transmissoras da dor ao nível da medula espinhal e supra-espinhal (Lopes, 2003; Arnold, 2006) e, consequentemente, conduzindo a uma disfunção das vias descendentes e originando fenómenos de hiperalgesia e alodinia em pacientes com fibromialgia (Lopes, 2003; Loggia et al., 2014) Anomalias na libertação de neurotransmissores – Via da serotonina 5HT Anomalias na libertação de neurotransmissores – Via da noradrenalina NA Receptores da serotonina Os recetores da 5-HT são fundamentais para regular o nível deste NT na fenda sináptica. Na fibromialgia estes aparentam ter um papel fundamental na regulação da dor, humor e comportamento dos doentes (Mease, 2005). Estes recetores também são responsáveis pela regulação do sono e do humor (Ablin e Buskila, 2013; O’Mahony et al., 2015). O recetor 5-HT2A é responsável pela regulação do sono e do comportamento assim como pela prevenção de alucinações. A região de codificação do recetor 5-HT2A inclui 7 polimorfismos, um estudo realizado ao polimorfismo T102C no recetor 5-HT2A em pessoas com fibromialgia, descobriu-se que estes apresentavam uma diminuição do genótipo T/T e, consequentemente, um aumento do genótipo T/C e C/C, podendo esta alteração genética ser responsável pelas perturbações do sono recorrentes nesta condição Já os receptores 5-ht3, são os únicos que se encontram acoplados a canais iónicos. Esta característica permite a estes recetores ter uma atividade contrária à dos recetores 5-HT1A e 5-HT2A no processo da dor. Ou seja, estimulam a dor. No tratamento da fibromialgia é interessante explorar esta característica, administrando antagonistas dos recetores 5-HT3. Que são os setrons, ex: ondasetron. Desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) está implicado no controlo da depressão, da resposta ao stress e do sono. Neste eixo estão envolvidas três glândulas distintas: hipotálamo, adenohipófise e adrenais. Quando ocorre a estimulação do hipotálamo é secretada a hormona libertadora de corticotrofina (CRH), um dos responsáveis pela estimulação da libertação da hormona adrenocorticotrófica (ACTH) pela adenohipófise, que, por sua vez, induz a produção de cortisol, um glucocorticoide (Veldhuis et al., 2013; Singh et al., 2019). O cortisol produzido tem afinidade por dois recetores de tipos diferentes: de glucocorticoides e de mineralocorticoides, pelos quais tem alta afinidade. Esta ligação promove uma redução dos níveis de secreção de CRH e ACTH através de um mecanismo de feedback negativo, de forma a manter a homeostasia (Tomas et al., 2013). Segundo Carvalho e colaboradores(2008), distúrbios neuroendócrinos, como sejam alterações dos níveis de cortisol, parecem estar envolvidos nos mecanismos fisiopatológicos da fibromialgia. Esta hipótese é suportada pelo facto de doentes fibromiálgicos estudados apresentarem na saliva níveis reduzidos de cortisol (hipocortisolismo). O hipocortisolismo tem sido associado a muitas características clínicas da fibromialgia, como fadiga, perturbações do sono, estado depressivo e aumento da atividade do sistema nervoso simpático. Esta alteração dos níveis de cortisol poderá estar relacionada com uma disfunção ao nível do eixo HPA, ocorrendo uma diminuição da resposta da ACTH e da adrenalina à hipoglicemia e uma diminuição da resposta cortical à ACTH (Tanriverdi et al., 2007; Singh et al., 2019). É também sugerido que NTs como a NA, 5-HT e acetilcolina estão envolvidos na regulação do eixo HPA (McQuade e Young, 2000). Autores defendem que algumas das alterações do foro endócrino poderão estar relacionadas com os níveis reduzidos de 5-HT apresentados pelos doentes com fibromialgia (Di Franco et al.). Esta hipótese é sustentada devido ao facto de experimentalmente, após a administração de para-clorofenilalanina (substância que provoca a redução da síntese de 5-HT do sistema nervoso central), além da modificação do padrão do sono, ocorre uma diminuição do ritmo circadiano no cortisol plasmático que determina o aparecimento de uma síndrome do tipo da fibromialgia, também caracterizada por dor musculoesquelética generalizada e fadiga (Coaccioli et al., 2008; Mutsuura et al., 2009). A. Diagnóstico Quadro clínico: O sintoma predominante da fibromialgia é a dor generalizada, de caráter crônico e persistente, que pode variar de intensidade para um mesmo paciente. A dor pode ser em pontada, peso ou queimação e os acometidos costumam utilizar termos dramáticos para expressar suas dores. É frequente ouvir, de diferentes pacientes, que eles se sentem como se todo o seu corpo estivesse "podre". Na descrição da dor e rigidez matinal, termos como “sinto como se um caminhão (ou ônibus, trem ou trator) tivesse passado pelo meu corpo" são muito utilizados. Com frequência, esses pacientes relatam que as dores pioram com a queda da temperatura, dias chuvosos, esforço físico ou estresse psicológico. A fadiga física e mental pode ser encontrada em mais de 90% dos pacientes e, ocasionalmente, é a queixa principal. Grande parte dos pacientes apresenta importante distúrbio do sono caracterizado pelo sono não restaurador, manifesto pela sensação de se sentir cansado ao acordar. O quadro clínico desta síndrome costuma ser polimorfo, exigindo anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. O sintoma presente em todos os pacientes é a dor difusa e crônica, envolvendo o esqueleto axial e periférico. Em geral, os pacientes têm dificuldade para localizar a dor, muitas vezes apontando sítios peri-articulares, sem especificar se a origem é muscular, óssea ou articular. O caráter da dor é bastante variável, podendo ser queimação, pontada, peso, "tipo cansaço" ou como uma contusão. É comum a referência de agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. Outro sintoma geralmente presente é a "sensação" de inchaço, particularmente nas mãos, antebraços e trapézios, que não é observada pelo examinador e não está relacionada a qualquer processo inflamatório. Além dessas manifestações músculo-esqueléticas, muitos se queixam de sintomas não relacionados ao aparelho locomotor. Entre esta variedade de queixas, destaca-se cefaléia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação, diarréia, dispepsia, tensão pré- menstrual, urgência miccional, dificuldade de concentração e falta de memória. Cerca de 30% a 50% dos pacientes possuem depressão. Ansiedade, alteração do humor e do comportamento, irritabilidade ou outros distúrbios psicológicos acompanham cerca de 1/3 destes pacientes, embora o modelo psicopatológico não justifique a presença da fibromialgia. O exame físico fornece poucos achados. Eles apresentam bom aspecto geral, sem evidência de doença sistêmica, sem sinais inflamatórios, sem atrofia muscular, sem alterações neurológicas, com boa amplitude de movimentos e com força muscular preservada, apesar dos sintomas mencionados. O único achado clínico importante é a presença de sensibilidade dolorosa em determinados sítios anatômicos, chamados de tender points. Faz-se importante ressaltar que estes "pontos dolorosos" não são geralmente conhecidos pelos pacientes, e normalmente não se situam na zona central de dor por eles referida. De acordo com os critérios atuais, devem ser pesquisados os seguintes pares de pontos: 1. Subocciptal - na inserção do músculo subocciptal; 2. Cervical baixo - atrás do terço inferior do esternocleidomastoideo, no ligamento intertransverso C5-C6; 3. Trapézio - ponto médio do bordo superior, numa parte firme do músculo; 4. Supra-espinhoso - acima da escapula, próximo à borda mediai, na origem do músculo supra-espinhoso; 5. Segunda junção costo-condral - lateral à junção, na origem do músculo grande peitoral; 6. Epicôndilo lateral - 2 a 5 cm de distância do epicôndilo lateral; 7. Glúteo médio - na parte média do quadrante súpero-externo na porção anterior do músculo glúteo médio; 8. Trocantérico - posterior à proeminência do grande trocanter; 9. Joelho - no coxim gorduroso, pouco acima da linha média do joelho. O critério de resposta dolorosa em pelo menos 11 desses 18 pontos, são recomendados como proposta de classificação, mas não devem ser considerados como essenciais para o diagnóstico. Critérios clínicos para diagnóstico: Além de verificar os tende points, deve se aplicar dois questionários Um envolvendo os locais de dor Outro com os índices de gravidade dos sintomas somáticos A. diagnóstico diferencial No diagnóstico diferencial, as seguintes condições devem ser lembradas: 1. Síndrome da dor miofascial; 2. Reumatismo extra-articular afetando várias áreas; 3. Polimialgia reumática e artrite de células gigantes; 4. Polimiosites e dermatopolimiosites; 5. Miopatias endócrinas - hipotiroidismo, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, insuficiência adrenal; 6. Miopatia metabólica por álcool; 7. Neoplasias; 8. Doença de Parkinson; 9. Efeito colateral de drogas - corticosteroide, cimetidina, estatina, fibratos, drogas ilícitas. A. tratamento medicamentoso e não medicamentoso (mecanismo de ação e efeitos adversos) • AINES • Corticoides Interação entre AINES e corticoides Potencialização dos efeitos colaterais. Ambos inibem o ciclo da COX, piorando os sintomas, como lesões ulcerosas, distúrbios gástricos, anorexia, náuseas, hemorragias, diarreia. O principal mecanismo de ação anti-inflamatória dos corticoides é o bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, por meio da indução da lipocortina, que age inibindo a fosfolipase A2 • antidepressivo Antidepressivos tricíclicos Os antidepressivos tricíclicos (ATC) foram os primeiros fármacos a serem intensamente estudados para o tratamento da fibromialgia (Abeles et al., 2008). O mecanismo de ação destes fármacos consiste no bloqueio da recaptura de monoaminas, principalmente a NA e a 5-HT, aumentando assim a concentração a nível sináptico destes NTs e reduzindo a sinalização da dor (Oliveira Júnior e Almeida, 2018). Os ATC são os fármacos para os quais existe a mais forte evidência de eficácia farmacológica na fibromialgia. A imipramina e a mortriptilina são outros exemplos de ATC que podem ser utilizados na terapêutica da fibromialgia (Mease et al. 2011). No entanto, existem algumas preocupações de segurança relacionadas com os ATC, mesmo em doses baixas, nomeadamente problemas de tolerância provenientes dos efeitos anticolinérgicos, antiadrenérgicos e antihistaminérgicos, o que limita o cumprimento da terapêutica ea sua utilidade a longo prazo. Para diminuir a incidência de reações adversas, os ATC teriam que ser usados em doses baixas, que não se mostram eficazes no tratamento da ansiedade e dos distúrbios de humor, duas comorbilidades comuns na fibromialgia. As reações adversas que ocorrem com os ATC incluem xerostomia, sedação, aumento de peso, retenção urinária, obstipação e taquicardia, que podem comprometer a tolerabilidade e a aceitabilidade destes fármacos. Além disso, doentes com glaucoma não deverão tomar ATC (Goldenberg, 2007; Clauw, 2008). Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI) Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI) têm sido estudados no tratamento da fibromialgia pela sua capacidade de aumentar a disponibilidade de 5-HT na sinapse neuronal (Abeles et al., 2008). Neste grupo, a fluoxetina (20 mg/dia) destacasse como o fármaco mais utilizado no combate à sintomatologia da fibromialgia, nomeadamente no controlo da fadiga e distúrbios de humor (Almeida et al., 2010). Estudos demonstraram que a associação de amitriptilina (ATC) e fluoxetina (SSRI) é mais efetiva do que cada um dos fármacos isolados no controle da dor, do sono e do bem-estar geral. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (SNRI) Atualmente o uso de medicamentos inibidores seletivos da recaptação de NTs, que simultaneamente conseguem manter elevados os níveis de serotonina e noradrenalina (SNRI) no sistema nervoso central, são considerados mais eficazes para o controlo da dor crónica do que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Os SNRIs não interagem com os receptores adrenérgicos, colinérgicos ou histaminérgicos. Esta seletividade resulta numa diminuição das reações adversas e consequente aumento da tolerância por parte dos doentes. Existem estudos clínicos que mostram uma melhoria da dor, qualidade de vida e bem-estar global nos doentes com fibromialgia quando se usam SNRI (Arnold et al.., 2005). A duloxetina e o milnacipran são exemplos de fármacos SNRI que tiveram aprovação do departamento americano que regulamenta e licencia o uso de fármacos e outros produtos de utilização ou prescrição medicada, Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da fibromialgia. Estes fármacos mostraram ser eficazes na redução da dor, da fadiga, da rigidez e no bem-estar geral (Russell et al., 2008; Fatima e Kumar Das, 2016). A duloxetina é geralmente utilizada em pacientes que sofrem de depressão major, desordem de ansiedade generalizada, neuropatia diabética e fibromialgia. Duas tomas de 60-120 mg/dia mostram resultados bastante satisfatórios ao nível do controlo da dor neste tipo de doentes (Arnold et al., 2005; Goldenberg et al., 2008; Russell et al., 2008; Sarzi-Puttini et al., 2008). Doses mais elevadas estão associadas a maior frequência de efeitos secundários, nomeadamente de náuseas. Estratégias como a de tomar a duloxetina com alimentos e a da titulação progressiva da dose aumentam tanto a eficácia como a tolerância deste fármaco (Üçeyler et al., 2008). O milnacipran permite alívio álgico e da fadiga quando administrado duas vezes por dia, numa dose total de 100 ou 200 mg diários (Goldenberg, et al., 2004; Arnold et al., 2007; Üçeyler et al., 2008). Sempre que se utilizam antidepressivos na terapêutica da fibromialgia devem-se avaliar os seus efeitos 4 a 6 semanas após o início do tratamento (Arnold et al., 2007). Acupuntura A acupuntura é uma componente da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) utilizada há mais de 4000 anos na China para tratamento de doenças (Harris et al., 2005; Saad, 2009). A acupuntura visa o equilíbrio do corpo por meio do estímulo da força de autocura, que é feito através do realinhamento e redirecionamento da energia, com inserção de agulhas em pontos específicos do corpo, ao longo de linhas corporais conhecidas na visão clássica como meridianos de acupuntura (Takiguchi et al., 2008; Kurebayashi et al., 2009). Ao nível do tratamento da fibromialgia a acupuntura tem demonstrado resultados positivos sobretudo em relação à dor causada por esta patologia (Saad, 2009). Os mecanismos de ação da acupuntura ainda não são totalmente compreendidos e permanece alguma controvérsia relativamente à sua eficácia clínica (Itoh e Kitakoji, 2010). Há quem defenda que a resposta fisiológica da acupuntura ocorre a três níveis Efeito local, que ocorre quando um ponto de acupuntura é estimulado através da inserção de uma agulha; Efeito sobre a medula espinhal que ocorre após a inserção da agulha com a libertação de neuropeptídeos para o líquido cefalorraquidiano; Efeito ao nível cortical, com a libertação de endorfina e serotonina (Näslund et al., 2002). O aumento de endorfina, encefalina, serotonina e dopamina provocam analgesia, sedação e auxilia na recuperação das funções motoras (Cabýoglu et al., 2006). 2. SOBRE A DOR MIOFASCIAL: conceito A SDM é uma entidade clínica de dor em tecidos moles, do tipo regional, que acomete o músculo esquelético e as fáscias musculares, associada à: dor local e referida; à existência de sintomas sensitivos, motores e neurovegetativos, e a sinais causados por um ou mais pontos-gatilho miofasciais. Caracteriza- se por bandas de tensão musculares e pontos dolorosos em seu interior. As bandas de tensão são um conjunto de fibras musculares, dentro dos limites do músculo, que se contraem. Desse modo, tais fibras, além de dolorosas, apresentam consistência aumentada à palpação. O tecido muscular ao redor da banda tensa apresenta tônus normal. Ao longo dessa banda, constatam-se áreas localizadas de dolorimento muscular profundo à palpação, que podem ser de dois tipos: ponto de dolorimento e ponto-gatilho. O ponto-gatilho recebe essa nomenclatura porque sua palpação provoca dor à distância. As zonas de dor referida encontram-se em locais pré determinados e previsíveis. Já a palpação dos pontos de dolorimento desencadeia, ao contrário, apenas dor local. A palpação digital sobre o ponto- gatilho ou sobre o ponto de dolorimento reproduz o quadro doloroso. Interessante notar que o espasmo muscular também é diagnosticado por dor e por aumento da consistência muscular à palpação. Entretanto, esses achados se estendem por todo o músculo e não se limitam, apenas, a um grupo de fibras musculares, como nas bandas de tensão. Fisiopatologia - Etiopatogenia Ao se considerar a SDM como manifestação da sensibilização espinal segmentar, qualquer estímulo nociceptivo, seja somático, seja visceral, pode desencadeá-la. Desse modo, pode estar associada a fenômenos artríticos, traumáticos, degenerativos, neuropáticos e, até mesmo, viscerais. Quando ocorre de maneira isolada, a SDM primária pode ser causada por fenômenos de sobrecarga muscular aguda, traumatismos ou microtraumatismos de repetição sobre as estruturas do aparelho locomotor. O excesso do uso (assim como a permanência do músculo em posição biomecânica desfavorável, seja em encurtamento, seja em estiramento prolongado), a isquemia muscular e a radiculopatia podem ativar o ponto de dolorimento. Doenças articulares, viscerais e o estresse emocional também podem ativar os pontos. A ativação de nociceptores musculares pode ocorrer em virtude de lesão direta aguda ou de sobrecarga repetida e persistente. Os trabalhadores que realizam exercício vigoroso diário, durante o trabalho, apresentam menor probabilidade de desenvolver pontos-gatilho ativos que os que realizam atividade sedentária e episódios de atividade física exagerada. - Fisiopatologia Acredita-se que mecanismos locais de isquemia tissular e redução da oferta local de oxigênio estejam envolvidos na gênese da SDM. O traumatismo ou a sobrecarga muscular iniciam o processo de sensibilização por meio da liberação de substâncias químicas com propriedades vasoativas no ambiente tecidual (bradicinina, prostaglandinas, radicais ácidos e histamina). Emdecorrência de sua atividade vasoativa, essas substâncias promovem vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, o que resulta em edema local. Além disso, de maneira simultânea, ativam os nociceptores musculares. A sensibilização periférica dos nociceptores é a provável causa do dolorimento local à compressão do ponto-gatilho. O aumento da atividade neuronal dos nociceptores sensibilizados está associado à liberação retrógrada de neuropeptídeos a partir das terminações nervosas livres (substância P, peptídeo relacionado com o gene da calcitonina). Tais peptídeos, em especial a substância P, também apresentam propriedades vasoativas que aumentam o edema local. Observam que os pontos-gatilho miofasciais ativos apresentam menor limiar de tolerância à pressão, quando comparados às pessoas sem dor ou que apresentam apenas pontos-gatilho latentes. Esses autores também demonstraram um ambiente tecidual bioquímico in vivo distinto do músculo. Os principais achados foram níveis elevados de substância P, peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP), bradicinina, fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e a interleucina-1 (IL-1), serotonina e norepinefrina nas proximidades do ponto-gatilho miofascial ativo no músculo trapézio superior, quando comparados aos pacientes com pontos latentes ou sem pontos-gatilho. Também encontraram redução significativa do pH no ponto-gatilho ativo. Na maioria dos casos, ocorre reparação da lesão muscular, com desaparecimento da dor e do dolorimento. Sob circunstâncias desfavoráveis, entretanto, o edema tecidual pode comprimir estruturas vasculares venosas. A congestão venosa resultante reduz o aporte vascular ao tecido muscular lesionado, ocasionando isquemia localizada. Esta, por sua vez, induz a liberação de bradicinina, o que gera o círculo vicioso que mantém o edema e a sensibilização dos nociceptores. No músculo esquelético, a falência energética decorrente da isquemia prejudica o funcionamento da bomba de cálcio. Em condições normais, essa bomba transporta os íons cálcio para o interior do retículo sarcoplasmático, o que possibilita o término da contração muscular voluntária. Se a função dessa bomba estiver comprometida, a concentração intracelular de cálcio mantém-se elevada. O cálcio possui a importante função de expor um sítio de ligação da miosina na proteína actina. Essa situação provoca a ativação mantida e contínua dos filamentos de actina e miosina. Apesar de não comprovado, sob essas condições, supõe-se que ocorra contratura muscular localizada. Esse pode ser um dos mecanismos geradores e mantenedores das bandas de tensão que contêm os pontos-gatilho ou de dolorimento. Além disso, a liberação de substâncias sensibilizantes no ambiente tecidual muscular pode desencadear disfunção na placa motora, o que provoca aumento excessivo na liberação de acetilcolina, com posterior aumento do ruído elétrico da placa motora, que causa a contração sustentada do sarcômero. O aumento da demanda metabólica local associado à hipóxia tecidual promove a liberação de mediadores químicos vasoativos e sensibilizantes que levam à sensibilização periférica. Diagnóstico Do ponto de vista clínico, o ponto-gatilho miofascial é um ponto hiperirritável no músculo esquelético, que se localiza em um nódulo palpável de sensibilidade aumentada em uma banda de tensão. Esse ponto é doloroso à compressão digital e pode provocar dor referida a distância do ponto em questão, disfunção motora e fenômenos neurovegetativos. Estes incluem vasoconstrição, resposta piloeretora, ptose e hipersecreção. Desse modo, o ponto-gatilho ativo determina queixa dolorosa ou sintomas sensoriais anormais, e pode causar disfunção motora, como rigidez e limitação na amplitude de movimento. Já o ponto-gatilho latente não promove dor espontânea. De maneira geral, a estimulação mecânica do ponto-gatilho ativo irradia a dor em zona típica de referência para aquele músculo. Na história clínica, há relato de sobrecarga muscular aguda, sustentada ou repetida. Muitas vezes, o doente só é capaz de identificar a dor após a aplicação de pressão sobre o ponto doloroso A queixa principal é a dor muscular, do tipo dolorimento profundo. Alguns doentes podem referir parestesia ou sensação de adormecimento localizado. O exame físico do músculo acometido evidencia restrição dolorosa da amplitude de movimentos articulares. O estiramento muscular passivo, além do seu limite, aumenta a dor. Isso ocorre porque as fibras musculares da banda tensa já estão sob aumento de tensão e encurtadas na posição de repouso. O grau de limitação do movimento depende do músculo acometido: é maior no subescapular e menor no grande dorsal. O comprometimento dos músculos cervicais promove dor na região cefálica frontal, parietal, temporal, occipital e orbitária. Tais sintomas dolorosos podem estar associados a alterações no sistema nervoso neurovegetativo e ocasionar fenômenos como lacrimejamento, eritema ocular, tontura, vertigem e náuseas. Esses fenômenos mimetizam a cefaleia tensional ou até mesmo a enxaqueca. O diagnóstico é eminentemente clínico, e é realizado pela história, pela existência de pontos de dolorimento à palpação das bandas tensas dos músculos comprometidos e pela reprodução dos sintomas dolorosos à palpação desses músculos. O achado mais confiável é o do dolorimento local. A palpação cuidadosa e sistemática identifica bandas de tensão musculares e os pontos-gatilho e de dolorimento muscular. Quando as fibras musculares normais estão relaxadas, a banda tensa e os pontos-gatilhos ficam mais evidentes à palpação muscular. O relaxamento muscular pode ser obtido por meio da contração dos músculos antagonistas, o que possibilita a palpação por meio da banda tensa. A palpação muscular é a principal manobra propedêutica no diagnóstico da SDM. A palpação deve ser realizada de modo sistemático na busca de bandas tensas, nos pontosgatilho ou de dolorimento local miofasciais. No caso de músculos superficiais, a palpação com ambas as mãos aplainadas sobre o músculo em questão evidencia assimetria, com aumento do volume e da consistência muscular. A palpação cuidadosa, com as polpas digitais, perpendicular à direção muscular em manobra de vaivém, evidencia aumento da consistência de algumas fibras musculares semelhante a uma corda de violão. Esse achado corresponde à banda tensa. A pesquisa ao longo da banda tensa evidencia uma área bem localizada de maior dolorimento local. A compressão digital desse ponto reproduz a queixa dolorosa do doente e pode desencadear dolorimento à distância no caso do ponto-gatilho. Quando a dor é difusa e o doente não consegue apontar com um dedo o local da dor, trata-se, de modo geral, da zona de dor referida. Deve-se realizar de rotina a palpação dos pontos de reparos ósseos (apófises espinhosas e transversas), ligamentares (ligamentos supra e interespinhosos) e articulares (articulação sacroilíaca). O conceito atual de que a SDM é uma manifestação da SSE facilita e reduz o tempo do exame físico porque os músculos inervados pelo miótomo acometido é que devem ser sistematicamente avaliados e não todos os músculos de modo isolado. diagnóstico diferencial tratamento medicamentoso e não medicamentoso (mecanismo de ação e efeitos adversos) • Infiltração de pontos gatilho O modo mais comum de se localizar os pontos gatilhos é por meio da palpação realizada por um médico experiente. Uma vez localizados os pontos com uma agulha profunda e fina, ele injeta no local um anestésico ou anestésico associado com algum tipo de anti-inflamatório. Esse processo irá ajudar a desinflamar o músculo, a desfazer o ponto gatilho e a queimar os receptores de dor que estão na própria região afetada, bem como na fáscia que envolve o grupo muscular. Agulhamento a seco; Reduz tensão muscular, ajuda no relaxamento; Injeções são reservadas a pacientes que não responderam a fármacos; Agulhas finas; Aplicadano ponto gatinho; rompimento da banda tensa; Menos que 3 injeções no mesmo ponto; Pode ser usado a toxina botulínica do tipo A; • relaxantes musculares Classificação: 1. Relaxantes de ação central Ação seletiva no SNC; Usados para aliviar os espasmos musculares dolorosos. 2. Relaxantes de ação direta Ação direta na musculatura esquelética; Alivia a espasticidade em diversas condições. 3. Bloqueadores neuromusculares Atuam na junção neuromuscular e são usados para auxiliar na anestesia geral. Bloqueiam os receptores nicotínicos presentes nas junções neuromusculares. Acupuntura A acupuntura é uma componente da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) utilizada há mais de 4000 anos na China para tratamento de doenças (Harris et al., 2005; Saad, 2009). A acupuntura visa o equilíbrio do corpo por meio do estímulo da força de autocura, que é feito através do realinhamento e redirecionamento da energia, com inserção de agulhas em pontos específicos do corpo, ao longo de linhas corporais conhecidas na visão clássica como meridianos de acupuntura (Takiguchi et al., 2008; Kurebayashi et al., 2009). Ao nível do tratamento da fibromialgia a acupuntura tem demonstrado resultados positivos sobretudo em relação à dor causada por esta patologia (Saad, 2009). Os mecanismos de ação da acupuntura ainda não são totalmente compreendidos e permanece alguma controvérsia relativamente à sua eficácia clínica (Itoh e Kitakoji, 2010). Há quem defenda que a resposta fisiológica da acupuntura ocorre a três níveis Efeito local, que ocorre quando um ponto de acupuntura é estimulado através da inserção de uma agulha; Efeito sobre a medula espinhal que ocorre após a inserção da agulha com a libertação de neuropeptídeos para o líquido cefalorraquidiano; Efeito ao nível cortical, com a libertação de endorfina e serotonina (Näslund et al., 2002). O aumento de endorfina, encefalina, serotonina e dopamina provocam analgesia, sedação e auxilia na recuperação das funções motoras (Cabýoglu et al., 2006). 3. DIFERENÇA ENTRE DOR MIOFASCIAL E FIBROMIALGIA Semelhanças: • Ambos os casos o diagnóstico é clínico. • Não há evidencias laboratoriais ou de imagens • Ambas apresentam sintomas como dor no pescoço, fadiga e limitações de movimentos Diferenças: • No caso da Fibromialgia é feito através da detecção de pontos sensíveis em lugares específicos do corpo (Tender Point) que tendem a ser localizadas. Ao contrário da FM, a SDM tende a ocorrer em pontos de gatilho (Trigger Point), com irradiação, ao contrário de pontos sensíveis da FM que se manifestam em 18 pontos do corpo. Os pontos de gatilho são nódulos sensíveis que podem produzir dor à distância quando pressionados, daí a origem do nome. • No tratamento, a FM é feita a acupuntura e a SDM é feito agulhamento. • FM=antidepressivos; SDM=AINES. • FM=não há inflamação; SDM=começa com inflamação. 4. SOBRE A SÍNDROME DE DOR COMPLEXA REGIONAL Conceito A síndrome complexa de dor regional (SCDR) é uma doença que atinge as extremidades. E caracterizada por dor, edema, limitada amplitude de movimento, instabilidade vasomotora, alterações cutâneas e desmineralização óssea. Frequentemente surge após uma lesão, cirurgia ou evento vascular, excedendo tanto em magnitude quanto em duração o curso clínico esperado pelo evento gerador. Dividida em: Na SCDR tipo I (distrofia simpático-reflexa), lesões pequenas ou fraturas de extremidades precedem o início dos sintomas. A SCDR tipo II (causalgia) surge após lesão de nervo periférico. Síndrome da dor regional complexa é uma dor neuropática crônica que ocorre após lesão de tecido mole ou ósseo (tipo I) ou lesão de nervo (tipo II) e persiste com intensidade e duração desproporcionais à lesão do tecido original. Fisiopatologia (da doença e das manifestações estranhas) Fatores relacionados à lesão inicial: Aumento de citocinas inflamatórias, como interleucina 1β, substância P, osteoprotogerina, gerando alodínea, hiperalgesia, edema e alteração vasomotora. Sensibilização nociceptiva central e periférica: No sistema nervoso central, há aumento da excitabilidade neuronal. No sistema nervoso periférico, ocorrem alterações nas fibras aferentes que aumentam o disparo nociceptivo para estímulos não dolorosos como mecânico e térmico. Isso explica dor espontânea, hiperalgesia e alodínea. Função alterada do sistema nervoso simpático e acoplamento simpático-aferente: Ocorre expressão de receptores de catecolaminas nas fibras nociceptivas, ou seja, as catecolaminas liberadas em resposta a dor ou estresse podem desencadear diretamente o disparo dos nociceptores, gerando dor (fenômeno chamado de acoplamento simpático-aferente). Fatores inflamatórios e imunológicos: Estudos tem sido feitos na tentativa de associar citocinas inflamatórias, imunoglobulina G e autoanticorpos na gênese da patologia. A suposição é que a SDRC seja uma expressão da autoimunidade. Alterações cerebrais: Os estudos de imagem cerebral sugerem alterações nas vias de dor e no sistema somatossensorial. O sistema nervoso simpático está mais envolvido na SDRC que em outras síndromes de dor neuropática: a atividade simpática central está aumentada e os nociceptores periféricos estão sensibilizados para noradrenalina (um neurotransmissor simpático); Diagnóstico Quadro clínico - A dor, em queimação ou contínua, é comum. Não segue a distribuição de um único nervo periférico; é regional. - Podem ocorrer alodinia e hiperalgesia. - Alterações vasomotoras cutâneas: p. ex., coloração avermelhada, pintada, ou pálida; temperatura aumentada ou diminuída. - Anormalidades sudomotoras: pele seca ou hiperidrótica. - Anormalidades motoras (fraqueza, tremores, espasmo, distonia com dedos fletidos ou posição equinovara do pé). - Edema - A amplitude de movimento é geralmente limitada Diagnóstico diferencial Doenças reumáticas, síndromes comportamentais, lesões neuromusculares, síndrome de Raynaud, doenças infecciosas, síndrome compartimental. tratamento medicamentoso e não medicamentoso (mecanismo de ação e efeitos adversos) • bloqueio do gânglio estrelado Anatomia Formado pela fusão do gânglio inferior cervical com o primeiro gânglio torácico (2 cm de extensão) Normalmente limitado por: - Músculo escaleno (lateralmente) - Artéria subclávia (anteriormente) - Processos transversos (posteriormente) - Pleura (inferiormente) Retração do esternocleidomastoideo e vasos Palpação profunda do processo transverso da 6ª vértebra cervical (Tubérculo de Chassaignac) Bloqueio simpático facial (evidência da Síndrome de Horner) Evidências de bloqueio simpático em membro superior - Aumento da temperatura - Ingurgitamento venoso - Melhora da dor • Lidocaína intravenosa Lidocaína venosa A lidocaína é um antiarrítmico da classe 1B que inibe os canais de sódio e potássio, o receptor NMDA e o transporte de glicina. Seu efeito na migração granulocítica e nas citocinas pró-inflamatórias resultam em ação anti-inflamatória. A administração por via venosa (IV) tem sido eficaz na dor crônica, inclusive nas síndromes dolorosas neuropáticas. Titulação: carga inicial de 1 a 2mg/kg IV em 15 a 20 min. Se houver melhora da dor, considerar a infusão continua de 1 a 3mg/kg/h. O nível plasmático terapêutico é de 2 a 6µg/mL, que deve ser analisado após 8-10 horas de infusão. Administrar com cautela nos pacientes com disfunção renal em infusões de longa duração (maior que 24 horas) e nos pacientes com insuficiência hepática ou cardíaca. Contraindicações: hipersensibilidade a qualquer anestésico local tipo amina, nas síndromes de Adams- Stokes, Wolff-Parkinson-White e bloqueios cardíacos sinoatrial, atrioventricular ou intraventricular graves. Interações farmacológicas relevantes: inibidores da CYP3A4 e CYP1A2, betabloqueadores e amiodarona aumentam a concentração sérica de lidocaína.Principais efeitos adversos: são relacionados ao nível plasmático de lidocaína que podem ser cardíacos ou neurológicos. Variam desde dormência perioral e da língua até contrações musculares e crise convulsiva. Observações: a lidocaína tem sido utilizada na DN de várias etiologias, e na dor nociceptiva ou neuropática refratária aos opioides. Há evidências de eficácia na dor por lesão de nervo periférico, neuropatia diabética e pós-herpética, lesão medular, síndrome da dor regional complexa (SDRC), dor fantasma e na fibromialgia. A estratégia com o uso de lidocaína IV na dor crônica é diminuir rapidamente a intensidade da dor, enquanto ajusta-se a dose do fármaco por via oral, podendo ser realizado por semana a meses. • Antidepressivos O mecanismo de ação destes fármacos consiste no bloqueio da recaptura de monoaminas, principalmente a NA e a 5-HT, aumentando assim a concentração a nível sináptico destes NTs e reduzindo a sinalização da dor (Oliveira Júnior e Almeida, 2018). • Anticonvulsivantes Além da pregabalina e da gapapentina Fenitoína A fenitoína tem valor histórico por ter sido o primeiro fármaco utilizado no tratamento de DN. O surgimento de fármacos mais eficazes, com farmacocinética mais simples e interações farmacológicas menores deixaram a fenitoína como opção pouco atraente. Ainda é uma opção na neuralgia do trigêmeo quando há falha com carbamazepina. Principais efeitos adversos: hiperplasia gengival, hisurtismo, polineuropatia e hepatotoxicidade. Carbamazepina A carbamazepina bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes, retarda a recuperação iônica após a ativação e suprime a atividade espontânea sem bloquear a condução normal. Também inibe a captação de noradrenalina. Sua principal indicação é na neuralgia do trigêmeo sendo considerado padrão ouro, e neste caso fármaco de primeira linha. Vários trabalhos mostraram resultados poucos expressivos no tratamento da neuropatia diabética dolorosa, neuralgia pós-herpética, síndrome de Guilian-Barre e outras dores neuropáticas. Titulação: deve ser lenta podendo chegar a 1200mg/dia. Principais efeitos adversos: sonolência, náuseas, vômitos, ataxia, diplopia, vertigens são comuns. Alterações hepáticas, leucopenia e eritema cutâneo são poucos frequentes. Oxcarbazepina A oxcarbazepina, desenvolvida a partir da carbamazepina, é um pró-fármaco rapidamente metabolizado a 10-mono-hidróxido que exerce função farmacológica. Por ser mais segura e eficaz que a carbamazepina figura como fármaco de primeira linha em muitos países, principalmente para neuralgia do trigêmeo e do glossofaríngeo. Lamotrigina A lamotrigina bloqueia os canais de sódio voltagem-dependente e inibe a liberação de glutamato e aspartato. Tem sido utilizada na neuralgia do trigêmeo refratária. É considerado fármaco de 3ª linha de tratamento. Titulação: deve ser lenta. Iniciar com 25mg/dia e aumentar esta dose a cada 2 semanas, em uma a duas tomadas diárias. O efeito analgésico, em geral, é até 400mg/dia12. Principais efeitos adversos: eritema cutâneo que pode evoluir para síndrome de Stevens-Johnson em 10% dos pacientes. • Antipsicóticos MEA Embora estudos indiquem que a estimulação de receptores de glutamato ou muscarínicos podem conferir propriedades antipsicóticas, nenhum antipsicótico eficaz clinicamente disponível é desprovido de atividade antagonista em receptores D2. Importante informar que apesar de os efeitos clínicos dos antipsicóticos serem decorrentes do bloqueio dos receptores de dopamina e/ou serotonina, contudo, vários desses fármacos também bloqueiam receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos. Não se sabe exatamente qual a função que essas ações têm no alívio dos sintomas de psicose, contudo, os efeitos indesejados dos antipsicóticos resultam, em geral, das ações farmacológicas nesses outros receptores. • Antagonismo da neurotransmissão dopaminérgica: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-00132016000500091&script=sci_arttext&tlng=pt • Todos de primeira geração e maioria da segunda geração bloqueiam receptores D2 (dopamina) ao nível central e periférico. • O bloqueio D2 está relacionado com sintomas extrapiramidais. • Pode ocorrer por antagonismo D2 ou por agonismo parcial D2; • Antagonista do receptor de serotonina: • Maioria odos fármacos de 2ª geração; O principal receptor é o 5-HT2A. • A ação do antipsicótico na dor pode variar, de acordo com a patologia. • Pode ser pelas propriedades antidopaminérgicas, por antagonizar a serotonina ou antagonizar alpha2-adrenoceptors. INDICAÇÃO • O principal uso terapêutico dos fármacos antipsicóticos é no tratamento da esquizofrenia. • Os antipsicóticos têm sido usados em diferentes estados álgicos, por exemplo, cefaléia crônica, fibromialgia, lombalgia, dor em oncologia, neuralgia pós-herpética e neuropatia diabética. • Usualmente, são prescritos como terapia adjuvante a outros analgésicos. • A ciclobenzapina foi, inicialmente, lançada como um fármaco com efeito antipsicótico; e, atualmente, sua prescrição mais frequente tem como indicação a de relaxante muscular de ação central. MINTI • Termografia infravermelha: • Não invasiva e não-radioativa; • Avalia função fisiológica relacionada ao controle de temperatura da pele; • Detecta o infravermelho emitido pelo corpo pela alteração de temperatura condicionada pelo fluxo sanguíneo. • Como efeito natural de metabolismo, o ser humano libera constantemente diferentes níveis de energia no comprimento de onda infravermelho, e esta informação pode ser expressa e medida na forma de calor. • Indicações: • Diagnóstico (não sozinha) e acompanhamento evolutivo da patologia. • Desordens neurológicas, reumatológicas, musculares, doenças vasculares, patologias urológicas, ginecológicas, ortopédicas e na medicina esportiva. • Identificação de risco → prevenção de lesões; • Acompanhamento do treinamento esportivo → carga de trabalho; A regulação da temperatura da pele é um sistema complexo que depende da taxa de fluxo sanguíneo, das estruturas do tecido subcutâneo e da atividade do Sistema Nervoso Simpático (SNS). Entretanto, há evidências que o SNS é o regulador primário da circulação sanguínea na pele, sendo, portanto, o principal regulador da emissão térmica. Termorreceptores da pele, também conhecidos como Corpúsculos de Ruffini, reconhecem a temperatura ambiental, de forma que um aumento da temperatura resulta em vasodilatação, levando ao aumento do fluxo sanguíneo, enquanto a vasoconstrição ocorre pela diminuição da temperatura e resulta na redução do fluxo sanguíneo da pele. As alterações funcionais, sobretudo as que ocorrem em disfunções miofasciais e neuropáticas, manifestam-se como alterações no sistema nervoso mais primitivo dos seres vivos, o sistema neurovegetativo simpático, aparelho que controla a termorregulação humana e o controle do fluxo sanguíneo da microcirculação cutânea. Desta forma, a dor de origem nociceptiva ou neuropática causa disfunção do sistema neurovegetativo, que é facilmente identificada pelos sensores ultrassensíveis da câmera de termografia infravermelha capazes de distinguir diferenças de até 0,03 oC. Esses sensores funcionam a distância filmando a temperatura do corpo humano, sem contato. Portanto, a termografia é um exame totalmente inócuo, sem contraste, sem radiação ionizante e totalmente seguro para a avaliação do paciente com dor. Exame de fácil e de rápida realização, a filmagem de corpo inteiro identifica desde o processo inflamatório e alterações vasculares desde grandes vasos até a microcirculação de um determinado dermátomo acometido. Também mapeia a distribuição térmica por meio de isotermas coloridos que se correlacionam topograficamente com o local da dor e assume, assim, um padrão que permite um diagnóstico topográfico e dá boas indicações dos processos fisiopatológicos participantes do quadro doloroso.Para todas as áreas médicas, está estabelecida a termografia como uma medida que proporciona um mapeamento visual da distribuição da temperatura da pele.
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