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UNINTER- Santa Cruz do Sul POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A TERCEIRA IDADE Uma análise sobre os Direitos do Idoso Aluna:Silvia Santos job, RU: 2467800 Santa Cruz do Sul, Rs 2022 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A TERCEIRA IDADE: Uma análise sobre os direitos do Idoso Silvia Santos Job Nome: do Aluno APRESENTAÇÃO¹ Este trabalho trata de visar as políticas sociais públicas para os idosos no Brasil diante das normativas internacionais. Dentre estas, destacam-se as associadas aos afazeres de longa duração, como pleito premente e destacada na qual se confrontam os juros diferenciados do Estado, do mercado e dos idosos em singularidades. O envelhecimento populacional é um processamento que vem sendo imposto como existência incontestável, sem ser prevalência na pauta de políticas de diversos países. Nesse entrecho, definido por crises do capital e pela hegemonia do ideário neoliberal, a garantia de direitos do indivíduo idoso vem sendo negligenciada e, não é somente em nosso país. É fato empirista que, tanto no conhecido por Terceiro Mundo, quanto no Primeiro Mundo. Isto acontece pelo fato do crescimento da probabilidade de vida que vem aumentando incrivelmente a quantidade de indivíduos com 80 anos e mais de idade, sendo essa uma faixa etária a que apresenta maior existência de dependência de precauções. O estudo realizado revela a precariedade de mecanismos que exijam o cumprimento de legislações que assegurem os direitos dos idosos. PALAVRAS – CHAVE: Políticas Públicas, Idosos, Legislação. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 4 2. DESENVOLVIMENTO 6 1.1 A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS IDOSOS 6 3. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO – Lei nº 8.842 8 3.1 ESTATUTO DO IDOSO – Lei nº 10.741 11 3.2 A SITUAÇÃO ATUAL DOS DIREITOS DOS IDOSOS NO BRASIL 14 4. CONCLUSÃO 15 REFERÊNCIAS 16 1. INTRODUÇÃO Conduzindo-se à propensão internacional, o envelhecimento populacional vem-se impondo em países em progresso como uma existência incontestável. Entretanto, observa-se que a população e o Estado brasileiro não tratam essa existência como um fato emergente e preferencial, o que explica a inexistência, na pauta da política nacional, de uma discussão coerente sobre a velhice que inclui a consumação dos direitos dos indivíduos idosos, essencialmente os sociais. Ainda que nosso país tenha instituído a Política Nacional do Idoso, as condições de vida destes indivíduos são precárias, afinal as políticas relacionadas a esta temática não estão conseguindo atender as necessidades para sobrevivência com dignidade. De acordo com Bobbio (2004, p.40), “o Estado de direito é aquele que funciona constantemente como um sistema de garantia dos direitos do homem”. A lei que garante os direitos dos indivíduos idosos em nosso país está sendo negligenciada. O Brasil tem legislações em pauta, porém em tese, não há garantia de abrangência aos idosos, porém, prevalece a não consumação dos direitos previstos nas mesmas; direitos que eram para ser concretizados pelas políticas públicas e controlados pela própria população, essencialmente pelo seu público-alvo. Não podemos deixar de citar o dever da população e do Estado com a qualidade de vida dos indivíduos idosos, uma vez que o desenvolvimento do previsto nas leis existentes, dependem da quantia de pressão dos campos organizados da população e da política dos governantes. Por este motivo: [...] embora a política pública seja regulada e frequentemente provida pelo Estado, ela também engloba demandas, escolhas e decisões privadas, podendo (e devendo) ser controlada pelos cidadãos. Isso é o que se chama de controle democrático (PEREIRA, 2008, p.174). Deste modo, as políticas públicas de direito aos idosos precisam ser desenvolvidas e articuladas com as outras políticas para realizarem-se de maneira descentralizada. O objetivo geral deste trabalho são apresentar as políticas públicas para a terceira idade. Os objetivos específicos são analisar os direitos dos idosos no Brasil; apresentar a política nacional do idoso e apresentar a situação atual dos direitos dos idosos no Brasil. Este trabalho se justifica pela efetividade das legislações e de sua influência sobre as políticas públicas relacionadas aos direitos dos idosos, essencialmente com a política de cuidados, em primeiro lugar pela relevância comunitária e política do processo de envelhecimento da população, cuja compreensão precisa ser investigada cientificamente. O método utilizado para a confecção deste trabalho foi revisão bibliográfica de caráter exploratório realizados em consultas em acervos e artigos científicos. A revisão bibliográfica procura discutir e explicar a temática com base em referências teóricas publicadas em revistas, livros, periódicos e outros. Também busca conhecer e analisar os conteúdos científicos sobre o tema escolhido (MARTINS, 2001). Segundo Gil (2008, p.50), “estudo exploratório é desenvolvido diante de material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”. Foram utilizados artigos dos autores Alcântara, Antaq, Braga, Mendonça, Pinheiro, Queiroz, Resende, Zen e pesquisas sobre a Legislação do Brasil. Primeiro será feita uma abordagem sobre a evolução da legislação de proteção aos indivíduos idosos. No segundo capítulo abordaremos a Política Nacional do Idoso. O terceiro capítulo trata do Estatuto do Idoso e por fim, a situação atual dos direitos dos indivíduos idosos no Brasil. 2. DESENVOLVIMENTO Tomando como base os objetivos traçados neste trabalho, a presente pesquisa centrou-se em uma discussão acerca dos marcos legais de proteção aos idosos. Para isso, o trabalho se dividiu em duas seções: [i] a evolução da Legislação de proteção aos idosos, onde são apresentados os três marcos dos direitos dessa esfera da população; [ii] a velhice nos tempos atuais, por meio da qual há uma discussão mais ampla de como se encontra atualmente o cumprimento das Leis que garantem acesso, respeito e dignidade aos idosos. 1.1 A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS IDOSOS A chegada dos anos de 1960, trouxe uma nova percepção social: a população brasileira estava reproduzindo menos e envelhecendo mais (BRAGA et al., 2008). Segundo os autores o envelhecimento da população estimula cada vez mais o consumo; os impostos; as pensões; e o mercado de trabalho. Frente a isso, em 1988 o Brasil aprovou sua então Constituição Federal, por meio da qual foi introduzido o conceito de Seguridade Social, promovendo uma melhoria na rede de proteção que deixou de ser estritamente assistencialista para assumir uma conotação de cidadania (BRASIL, 1988). Segundo Alcântara (2016) ainda que a Constituição Federal seja um marco para as políticas públicas em prol dos idosos, as primeiras menções oficiais sobre a necessidade de se pensa no envelhecimento da população deram-se ainda no ano de 1982, durante o período de redemocratização do país, através da primeira Assembleia das Nações Unidades sobre o envelhecimento, cujo objetivo foi estabelecer uma influência nas Legislações de vários países, incluindo o Brasil. Neste evento e seus subsequentes até o ano de 2002, segundo Alcântara (2016) foram elaborados alguns planos de ação internacional para valorização e respeito à velhice, tendo as Nações envolvidas se comprometido com a criação de Leis que defendam esse segmento populacional. Ainda segundo o autor , foi a partir daí que se incluíram na Constituição Federal artigos que garantem os direitos dos idosos no Brasil. Em vista do discutido, portanto, a Constituição Federal de 1988, em se art. 230 incluiu, em caráter de exigência, a proteção aos idosos por parte do Estado, da sociedade e da família, conferindo à velhice, um caráter de dignidade humana e de direito à vida com dignidade: A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seuslares. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos (BRASIL, 1988, Art. 230, § 1º e § 2º). Contudo, embora a inclusão dos direitos do idoso tenham sido salvaguardados pela Constituição Federal, no Brasil, existe um descompasso muito grande entre o declarado e o cumprido é evidente (MENDONÇA, 2015). Nesse contexto, observa-se um hiato de quase dez anos para que realmente a população e os governos voltassem a pensar nos direitos dos idosos. Assim, em termos infraconstitucionais, duas políticas se destacam em proteção ao idoso: [i] a Política Nacional do Idoso (PNI); e [ii] o Estatuto do Idoso. Mendonça (2015) ressalta que a política vigente apresenta princípios e diretrizes abrangentes, com potencial de orientar modelos de atenção integral ao idoso, para além dos aspectos sanitários. O autor loc. cit. ainda menciona que o grande desafio está justamente na articulação dos esforços que visam a ampliação do acesso e o cuidado integral deste nicho da população. Frente a isso, o mesmo autor elenca uma série de cuidados que devem ser postos como essenciais à saúde do idoso (Figura 1): O desafio consiste em articular esforços para ampliar acesso, incluir e/ou potencializar o cuidado integral, ampliar ações intersetoriais nos territórios com foco nas especificidades e demandas de cuidado da população idosa, considerando suas peculiares quanto à apresentação, instalação e desfechos dos agravos em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado (BRASIL, 2015, p. 51). Figura 1: Características do envelhecimento do brasileiro Fonte: Brasil (2015) 3. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO – Lei nº 8.842 À luz das legislações internacionais, em 1994, o Brasil aprovou, por intermédio da Lei no 8.842, a Política Nacional dos Idosos (BRASIL, 1994) cuja regulamentação ocorreu dois anos depois, através do Decreto no 1.948 (BRASIL, 1996). Conforme descrito por Alcântara (2016), a Lei em questão teve como principais articuladores o a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e as entidades técnicas, como a Associação Nacional de Gerontologia (ANG) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Composta por vinte e dois artigos, a Lei aborda temas como finalidade; princípios e diretrizes; gestão; ações governamentais; conselho nacional; e disposições gerais. Confirme conta nos seus artigos primeiro e segundo, a Política Nacional dos Idosos tem por finalidade assegurar os direitos da população acima de sessenta anos: A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade (BRASIL, 1994, Art. 1º e Art. 2º) Reafirmando aquilo que fora preconizado pelo artigo 230 Constituição Federal (1988), já descrito neste trabalho, a Lei Nacional do idoso reforça a ideia de que o idoso não pode sofrer qualquer tipo de discriminação social por conta da sua idade e ainda reconhece as pessoas acima de sessenta anos como os responsáveis pela efetivação da Lei em questão: A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios: a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei (BRASIL, 1994, Art. 3o, incisos I à V). Dando continuidade à interpretação da Lei, em seu artigo 4º ao dispor sobre as diretrizes da Política Nacional dos Idosos, o país elenca nove diretrizes a serem observadas pelo Estado, pela sociedade e pelos familiares: Constituem diretrizes da política nacional do idoso: viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; descentralização político-administrativa; capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços; implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família; apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento. Parágrafo único. É vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social (BRASIL, 1994, Art. 4º, incisos I à IX). À luz dos acontecimentos pós Legislação, Braga et al. (2008) lembra que nos anos seguintes a 1994, o país buscou se adequar às orientações contidas na Política Nacional do Idoso (PNI), criando normativas que garantem a autonomia, a integração e a participação efetiva deste grupo na sociedade. Ainda que a referida Lei conferiu ao Ministério da Previdência e Assistência Social, a coordenação do proposto pela PNI, em 1996, com o Decreto no 1.948 que regulamentou a Lei, o país transferiu tal competência à Secretaria de Direitos Humanos (SDH). Em 2019, esse decreto foi revogado pelo então presidente Jair Messias Bolsonaro. Em discussão à mudança de competências, ao que parece a Secretaria de Desenvolvimento Humano apresentou uma incapacidade de exercer as atribuições que lhe foram dadas pelo Decreto no 1.948 de 1996. Em razão disso, em 2016 ainda se discutia a possibilidade de retornar a gestão do PNI para o Ministério já que pela ótica da legalidade parecia nunca ter saído (ALCÂNTARA, 2016). Ainda segundo Alcântara (2016), como o PNI não estabeleceu adequadamente as competências jurídicas, apenas sugeriu a criação do Sistema Jurídico de Garantias, passados dez anos da Lei, os direitos dos idosos ainda se mostravam longe de serem efetivados, culminando na elaboração do Estatuto do Idoso sobre o qual será discutido na seção posterior. Queiroz, Almeida e Pachú (2017) ressaltam que a referida Lei atribui competências aos órgãos públicos, confirme suas atribuições: A referida lei atribui competências a órgãos públicos, em conformidade com suas funções específicas, determinando que cada ministério elabore proposta orçamentária, visando o financiamento de programas compatíveis e integrados voltados à população idosa, e promova cursos de capacitação, estudos, levantamentos e pesquisas relacionados ao tema, em suas múltiplas dimensões (QUEIROZ; ALMEIDA; PACHÚ, 2017, p. 4). Vale ainda ressaltar que Ainda em seu artigo 10, a Política Nacional do Idoso institui modalidades de atendimento como Centros de Convivência e Centros de Cuidado Diurno (BRASIL, 1994): Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos órgãos e entidades públicos: I - na área de promoção e assistência social: a) prestar serviços e desenvolverações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais; b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; c) promover simpósios, seminários e encontros específicos; d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso; e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso (BRASIL, 1994, p. Art. 10, inciso I). 3.1 ESTATUTO DO IDOSO – Lei nº 10.741 A elaboração do Estatuto do Idoso se deu, de certa forma, pela falta de efetivação das medidas de proteção aos adultos com mais de sessenta anos, previstos na Lei no 8.842, de 1994, que instituiu a PNI (ALCÂNTARA, 2016). Segundo o autor loc. cit., nos anos de 1997 tramitaram no Congresso, dois projetos de Leis de Estatuto do Idoso, assim, em 2001, a Câmara dos Deputados formou uma comissão especial para examinar tais projetos, Ainda segundo o mesmo autor, rapidamente a população se comoveu com essa situação e se fez atuante ao ser convidada para participar dos debates que discutiam os direitos dos idosos. A solução encontrada pelo Governo, ainda segundo o mesmo autor, foi organizar um Seminário, no Distrito Federal, o qual contou com 500 pessoas, para que a população pudesse contribuir com aquilo que viria depois a ser o Estatuto do Idoso: Desse modo, somados todos esses esforços, o projeto foi aprovado, em outubro de 2003, após dois anos de tramitação no Congresso, com vigência a partir de 1o de janeiro de 2004. Vale lembrar que a Campanha da Fraternidade de 2003, realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve como lema o idoso (ALCÂNTARA, 2016, p. 365). Assim, seguindo esta direção de pensamento social, no primeiro dia de outubro de 2003 foi aprovada a Lei Federal no 10.741, intitulada Estatuto do Idoso, na qual são descritos 118 artigos e a qual passou a vigorar em território nacional no dia 1o de janeiro de 2004 (ALCÂNTARA, 2016). O documento é estruturado em sete títulos: Título I - Disposições Preliminares / Título II - Dos Direitos Fundamentais / Título III - Das Medidas de Proteção / Título IV - Da Política de Atendimento ao Idoso / Título V - Do Acesso à Justiça / Título VI - Dos Crimes / Título VII - Disposições Finais e Transitória (BRASIL, 2003, p. s/p). Das disposições gerais desta Lei fica determinado que a pessoa idosa goza dos direitos fundamentais da vida, sendo assegurado, a ela, oportunidades e facilidades que visem a preservação da sua saúde física e mental; e cabendo à família, à comunidade; à sociedade; e ao poder público assegurar tais direitos: É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003, p. Art. 1o, Art. 2o e Art. 3o). Ainda que este Estatuto seja alvo de algumas críticas decorrentes da sua ineficiência normatiza observada nos últimos anos, Alcântara (2016) destaca seu mérito ao criar o sistema de garantias de direitos da pessoa idosa que ainda que com percalços, objetivou efetivar os direitos sociais dos idosos brasileiros: O sistema de garantias previsto no Estatuto é composto pelas seguintes instituições/órgãos: Conselhos do Idoso; Sistema Único de Saúde (SUS); Sistema Único de Assistência Social (Suas); Vigilância em Saúde; Poder Judiciário; Defensoria Pública; Ministério Público; e Polícia Civil (ALCÂNTARA, 2016, p. 366). Destrinchando seus artigos, o artigo 4º da referida Lei proíbe a discriminação e a crueldade afronte os idosos, podendo o infrator ser punido como previsto em Lei: A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações (BRASIL, 2003, Art. 4º). Já nos artigos 8º e 9º é assegurado o direito à vida desta parte da população, atribuindo ao Estado a obrigatoriedade à proteção e à saúde dos idosos: É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei (BRASIL, 2003, Art. 8º e Art. 9º). Já no artigo 10, são assegurados os direitos civis dos idosos, como pessoas humanas, políticas, e sociais, tendo essa parte da população direito à liberdade; ao respeito; e à dignidade: É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação (BRASIL, 2003, Art. 10). Assim, entende-se que o Estatuto traz em seus artigos medidas de proteção ao idoso, com punições àqueles que violarem a Lei seja por ação ou por omissão (QUEIROZ; ALMEIDA; PACHÚ, 2017). 3.2 A SITUAÇÃO ATUAL DOS DIREITOS DOS IDOSOS NO BRASIL O ano de 2019 foi marcadopor alguns decréscimos nas políticas de direitos dos idosos: O Decreto nº 9.921 vai ao encontro da Resolução nº 260-ANTAQ, de 27 de julho de 2004. O art. 3º da Resolução diz que: “Em cada embarcação do serviço convencional de transporte aquaviário interestadual de passageiros serão reservadas duas vagas gratuitas para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos”. O art 4º ressalta: “Além das vagas gratuitas previstas no art. 3º, o idoso com renda igual ou inferior a dois salários mínimos terá direito a desconto mínimo de cinquenta por cento do valor da passagem para os demais lugares da embarcação do serviço convencional de transporte aquaviário interestadual de passageiros (ANTAQ, 2019, p. s/p). Resende (2019) destaca que medidas tomadas pelo então Presidente Jair Bolsonaro marcaram o primeiro recuo na assistência do idoso, na história do Brasil contemporâneo. Segundo o autor loc. cit., menos idosos carentes estão recebendo o benefício assistencial, criado em 1996, pelo Decreto nº 9.921 e que garantia o pagamento de um salário mínimo a deficientes e idosos, com mais de 65 anos, na linha da pobreza (BRASIL, 1996). Zen et al. (2018) destacam a inexistência de políticas públicas efetivas para os idosos, ressaltando que boa parte dos seus direitos permanecem no papel. Para Pinheiro e Areosa (2018), os direitos dos idosos só serão respeitados no país quando for incluído nos programas educacionais voltados para pessoas mais jovens, a importância de se valorizar e integrar o idoso à sociedade. 4. CONCLUSÃO O envelhecimento dos indivíduos é uma realidade atual que causa mudanças e desafios que o Estado brasileiro terá de concorrer. Os desafios são múltiplos e se encontram em vários setores da estrutura comunitária brasileira como: seguridade comunitária e diligência, saúde, educação, moradia, trabalho e renda. Esse trabalho buscou detalhar as políticas públicas e as questões referentes aos direitos dos idosos, frente aos confrontos provocados pelo processamento do envelhecimento populacional brasileiro. O Estado Brasileiro está perante indivíduos com um transitivo crescente de idosos. Todo o processamento segue uma determinada sequência coerência. Como os idosos aumentaram em termos quantitativos, passaram a aglutinar atitudes que visavam melhorar suas condições de vida e a reivindicar pelos seus direitos. E com certeza, envolvendo vários outros indivíduos, professores, profissionais das áreas de geriatria, juristas e entidades representativas desse segmento como associações não-governamentais. O feito é que tanto o Estado quanto a população precisam garantir aos idosos as condições de apreciar uma vida mais longa com distinção. Reparar aos desafios consecutivos das mudanças na estrutura etária do país, que envolve o desenvolvimento da quantidade de indivíduos idosos, implica em certificar-se a equidade na subdivisão de recursos e das vagas sociais. Neste trecho, trata-se de identificar quais são as complicações prioritárias para o indivíduo idoso brasileiro. Por fim, pode-se confirmar que o Estado brasileiro está perante de um grande desacato a concorrer, em conseqüência das transformações provocadas pelo ampliamento do tempo de vida dos indivíduos, tendo em idéia que também apresenta complicações típicas dos países periféricos, ao mesmo tempo terá de lidar com questões de serviços médicos e sociais outrora restrita aos países desenvolvidos. REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, A. DE O. Da Política Nacional do idoso ao Estatuto do Idoso: a difícil construção de um sistema de garantias de direitos da pessoa idosa. In: ALCÂNTARA, A. DE O. CAMARANO, A. A. GIACOMIN, K. C. (Eds.). Política Nacional do Idoso: velhas e novas questões. 1. ed. Rio de Janeiro: Gráfs, 2016. p. 359-377. ANTAQ. Governo Federal publica decreto com capítulo sobre acesso preferencial ao transporte coletivo pela pessoa idosa. Disponível em: <http://portal.antaq.gov.br/>. Acesso em: 30 de maio de 2021. BRAGA, S. F. M. et al. Políticas públicas para os idosos no Brasil: a cidadania no envelhecimento. Encontro de Administração Pública e Governança. Anais...Salvador: ANPAD, 2008Disponível em: <https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/171/338>. Acesso em: 30 de maio de 2021. BRASIL, C. C. Lei no 8.842Brasil, 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. Acesso em: 30 de maio de 2021. BRASIL, C. C. Lei no 10.741Brasil, 2003. 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