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Alvenaria estrutural

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CONSTRUÇÕES 
ESPECIAIS 
Rebeca Schmitz
Alvenaria estrutural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Explicar o que é alvenaria estrutural.
 � Identificar os tipos de materiais utilizados em alvenaria estrutural.
 � Reconhecer as propriedades importantes desses materiais.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar um pouco mais sobre a alvenaria estru-
tural. Por meio dos conceitos básicos desse sistema, você vai perceber 
que é um sistema estrutural muito interessante, principalmente para 
edificações residenciais com até 20 pavimentos. Esse sistema estrutural 
visa à racionalização, portanto precisa de um projeto bem elaborado e 
de um processo construtivo controlado.
Primeiramente, você vai estudar sobre o que é a alvenaria estrutural, 
identificando as diferenças e semelhanças com a alvenaria comum, que 
serve apenas para vedação. Em seguida, você vai ver com maior deta-
lhamento os materiais comumente empregados, que chamaremos de 
componentes. A associação dos componentes vai levar ao conceito dos 
principais elementos presentes na estrutura. Fazendo uma abordagem 
mais detalhista, você vai poder identificar as propriedades desejadas para 
os componentes e elementos da estrutura.
Conhecendo o sistema em alvenaria estrutural
O sistema estrutural conhecido como alvenaria estrutural pode ser definido 
como aquele em que as paredes, formadas por um conjunto de peças justa-
postas e coladas, têm a função de resistir e transmitir os carregamentos até os 
elementos de fundação. Tauil e Nese (2010) destacam o uso de uma argamassa 
adequada para fazer a colagem das peças, em razão da necessidade de se ter 
elementos coesos.
Ramalho e Corrêa (2003) salientam que nesse sistema a transmissão de 
cargas se dá principalmente em razão de esforços de compressão, podendo 
existir esforços de tração, entretanto com valores reduzidos. A alvenaria não 
apresenta resistência significativa à tração, logo, é comum a necessidade de 
reforço dos elementos para que resistam às tensões de tração. Contudo, se 
em uma edificação as tensões de tração forem significativamente elevadas, 
o projeto, apesar de possível, se torna economicamente inviável.
O sistema estrutural em alvenaria é um dos sistemas mais antigos de se construir 
edificações e foi sofrendo alterações desde seu surgimento até os dias atuais. Ramalho 
e Corrêa (2003) fazem um histórico das construções mais relevantes, em que se pode 
identificar as pirâmides de Guizé (Quéfren, Quéops e Miquerinos) como edificações 
precursoras e de dimensões significativas (Figura 1). A mais alta das três, Quéops, tem 
147 m de altura e base quadrada com 230 m de lado.
Figura 1. Pirâmides de Guizé.
Fonte: sculpies/Shutterstock.com.
Segundo Ramalho e Corrêa (2003), um outro grande momento na evolução desse 
sistema foi quando se identificou o arco como alternativa para vencer vãos sem produzir 
esforços de tração significativos. O Coliseu é um importante exemplo de edificação 
que utilizou o sistema em arco para realização de seus 80 portais, que permitiam a 
rápida entrada e saída das pessoas, pois comportava até 50 mil espectadores (Figura 2).
Alvenaria estrutural2
Figura 2. Coliseu.
Fonte: Humpback_Whale/Shutterstock.com.
As funções da alvenaria dentro desse sistema são bem variadas e podem 
ser listadas como:
 � Resistir às cargas: peso dos elementos estruturais e não estruturais, 
vento, variação de temperatura e ações excepcionais como colisões.
 � Vedar espaços quanto à infiltração de água, vento, etc.
 � Fazer o isolamento acústico e térmico.
 � Resistir ao fogo.
 � Servir de base para revestimentos.
A primeira função, que é resistir aos carregamentos, é o que diferencia 
a alvenaria estrutural da alvenaria de vedação. É importante verificar que 
quando se trata de alvenaria de vedação, se faz o encunhamento das paredes 
para garantir que não receba carregamentos vindos de lajes ou vigas. Vedar 
os espaços se refere a garantir a impermeabilidade à chuva e ao vento. Já os 
isolamentos acústico e térmico estão relacionados ao conforto do usuário. 
Por fim, resistir ao fogo também é um quesito relacionado com a sua função 
estrutural, pois, sendo a alvenaria a estrutura, é necessária certa resistência ao 
fogo, que permita a evacuação das pessoas em tempo hábil, quando em con-
dições de incêndio, antes que haja danos na estrutura que possam fazê-la ruir.
3Alvenaria estrutural
Tipos de alvenaria estrutural
Tauil e Nese (2003) sugerem que a alvenaria estrutural pode ser aplicada sob 
três subsistemas, relacionados à presença de armadura:
 � Alvenaria não armada.
 � Alvenaria armada ou parcialmente armada.
 � Alvenaria protendida.
Na alvenaria não armada, não são necessários reforços nos elementos 
estruturais em razão de esforços de tração, que, por serem muito reduzidos, 
podem ser absorvidos pela própria alvenaria. É importante verificar que 
na alvenaria não armada existem armaduras construtivas que ocorrem em 
cintas de amarração, vergas, contravergas, reforços em torno de aberturas e 
encontros de paredes.
Na alvenaria armada, ou parcialmente armada, é necessário armadura em 
razão de tensões de tração superiores àquelas resistidas pela alvenaria. Nos 
pontos em que ocorrem essas tensões, são feitos reforços com a colocação de 
armadura passiva (fios, barras e telas) e posterior grauteamento, gerando um 
elemento monolítico. A tendência é que quanto maior o número de andares, 
maior seja o carregamento vertical em razão do peso de todos os elementos, 
estruturais e não estruturais. Ocorre também o aumento no valor de car-
regamentos horizontais, como vento e desaprumo, que provocam flexão e 
cisalhamento nas paredes. A flexão provoca tensões de compressão e tração. 
Estas últimas irão demandar as armaduras de reforços nos elementos de 
alvenaria citadas anteriormente.
Por fim, a alvenaria protendida utiliza armadura ativa, que é protendida 
durante as fases de construção, de forma a submeter as paredes a esforços de 
compressão, buscando aumentar sua resistência. Essa opção é muito raramente 
adotada, pois encarece a edificação, além de necessitar de mão de obra mais 
qualificada.
Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural
Conforme Ramalho e Corrêa (2003), a opção pela alvenaria estrutural deve 
englobar três parâmetros: altura da edificação, arranjo arquitetônico e tipo de 
uso. Sobre o tópico altura da edificação, Tamaki (2010) sugere que o sistema 
é interessante economicamente para edifícios até 25 pavimentos. A referida 
Alvenaria estrutural4
autora sugere que a economia em um edifício de quatro andares, em relação 
ao sistema de vigas/lajes/pilares em concreto armado, seja de 30%. Para um 
edifício de 20 andares, essa economia diminui para 10%.
Diversos autores apontam o Hotel Excalibur, em Las Vegas, como a edifi-
cação mais alta em alvenaria estrutural. O hotel se trata, na verdade, de quatro 
torres de 28 andares, sendo utilizados blocos de concreto com resistência de 
28 MPa (AMRHEIN, 1998 apud RAMALHO; CORRÊA, 2003).
A questão do arranjo estrutural considera que se a disposição de paredes 
for muito diferenciada, o sistema em alvenaria estrutural pode não ser interes-
sante. Ramalho e Corrêa (2003) apontam como valor interessante que haja em 
torno de 0,5 a 0,7 m de parede para cada m² do pavimento. A necessidade de 
distribuição de cargas para as paredes da edificação faz com que a existência 
de poucos metros de paredes em uma grande área sobrecarregue esses elemen-
tos, necessitando reforços que podem ser economicamente desinteressantes.
O terceiro tópico está de certa forma relacionado com o anterior. O tipo 
de uso destinado à edificação muitas vezes impõe requisitos para a distri-
buição de paredes. Porém, além disso, o uso da edificação indicará padrões 
construtivos, por exemplo, em edificações de alto padrão, é comum a busca 
por vãos maiores e espaços mais amplos, o que culmina em dificuldades 
para o sistema de alvenaria. Sob outro pontode vista, Ramalho e Corrêa 
(2003) citam as edificações comerciais em que é comum a necessidade de 
redistribuição dos ambientes, alterando divisões internas, por isso a adoção 
de paredes estruturais não é conveniente, pois, nesse sistema, a retirada das 
paredes envolve verificações e possível reforço na estrutura.
A entrevista intitulada Construção, dada pela autora Lu-
ciana Tamaki para a revista Téchne, em maio de 2010, traz 
esclarecimentos sobre mitos do sistema em alvenaria 
estrutural. Essa entrevista está disponível no link: 
https://goo.gl/BrZ2iM
5Alvenaria estrutural
Com base em algumas indicações de Ramalho e Corrêa (2003), pôde-se 
construir o Quadro 1 a seguir, que apresenta uma lista de vantagens e des-
vantagens do sistema estrutural em alvenaria.
Vantagens Desvantagens
 � Economia de formas; redução 
no desperdício de material; 
diminuição de mão de obra 
(ferreiros e carpinteiros); 
diminuição de estoque de 
materiais no canteiro; flexibilidade 
do ritmo de execução; quando 
utilizados blocos de concreto: 
redução nos revestimentos; e 
diminuição de telas de proteção na 
obra e riscos de acidentes.
 � Interferência entre projetos 
arquitetura/estruturas/instalações.
 � Necessidade de mais materiais 
certificados.
 � Necessidade de mão de obra 
qualificada; necessidade de maior 
controle durante a execução; e 
dificuldades para futuras reformas.
Quadro 1. Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural
Dentre os aspectos listados no Quadro 1, é importante enfatizar a questão 
de que a alvenaria estrutural em sua concepção busca ser um processo em que 
existe correspondência e compatibilidade entre todos os projetos (arquitetônico, 
estrutural, elétrico, hidrossanitário e de proteção contra incêndio). Esse tópico 
será melhor abordado a seguir.
Além disso, visa a uma execução que prima por não desperdiçar mate-
riais, como os blocos, que têm maior valor agregado, sendo que devem ser 
seguidas as boas práticas construtivas pela equipe, logo, todos devem estar 
conscientizados que o sistema busca a racionalização. Considerando o que 
foi exposto, se não for possível garantir esses quesitos na obra, a opção pela 
alvenaria estrutural acabará por resultar em desperdícios de material e mão 
de obra, gerando maiores custos e, ainda, possíveis necessidades de reformas 
em razão da falta de comprometimento com o sistema.
Em se tratando de reformas em sistemas de alvenaria estrutural, como bem 
apontado por Ramalho e Corrêa (2003), se torna impossível fazer modifica-
ções significativas na disposição das paredes. Sendo as paredes a estrutura, 
Alvenaria estrutural6
mudanças levam a redistribuição de cargas e isso requer estudo e análise 
antes. Uma modificação normalmente desejada é a abertura de paredes, por 
exemplo, fazendo a ligação da sala e da cozinha (“cozinha americana”). Para 
as pessoas leigas parece algo muito simples, mas a questão é mais complexa, 
pois se trata da retirada de uma parcela resistente da estrutura, sendo que essa 
carga deve ser absorvida por outras paredes. A questão é que toda vez que 
retirado um elemento estrutural, deve-se analisar a necessidade de reforço, 
como a colocação de vigas.
Componentes e elementos empregados
Para iniciarmos a discussão nesse item, é importante verificarmos a definição 
de componente e elemento. As normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) definem componente como 
a menor parte constituinte da estrutura, podendo-se citar, blocos, argamassa, 
graute e armadura. Já se tratando de elementos, pode-se definir como a união 
de dois ou mais componentes, sendo os exemplos de elementos: paredes, vergas, 
contravergas, cintas de amarração, entre outros. Conforme Ramalho e Corrêa 
(2003), os diversos elementos comporão a estrutura. A seguir, vamos tratar 
mais especificamente dos componentes e dos elementos mais comumente 
empregados.
Componentes
Ramalho e Corrêa (2003) definem que o componente básico da alvenaria 
estrutural é a unidade, sendo que esta pode ser bloco ou tijolo, e também pode 
ser de materiais variados. A diferença em relação a blocos e tijolos é o índice 
de vazios, referente aos furos, sendo que um bloco é um elemento em que o 
índice de vazios é superior a 25% da área total. Quanto ao tipo de material, os 
referidos autores listam: concreto, cerâmica e sílico-calcário. Neste capítulo, 
vamos nos ater aos casos mais comuns, em que se utilizam elementos em 
concreto ou cerâmicos. Na Figura 3, estão apresentados os blocos mais comuns, 
que, apesar de serem cerâmicos, também podem ser encontrados em concreto. 
Trataremos da aplicabilidade de cada tipo de bloco a seguir.
7Alvenaria estrutural
Figura 3. Tipos de blocos mais correntes.
Fonte: Adaptada de Cerâmica Matieli ([2018?]).
19
19
19
2914 14 14 14
141414
19
19
29
29
29
7
7
44
Bloco inteiro Meio bloco Um bloco e meio
Bloco canaleta Bloco J Bloco compensador para
cinta de amarração
Na linguagem corriqueira de técnicos relacionados à Engenharia, é comum se fazer 
distinção entre alvenaria estrutural e alvenaria portante, sendo que alvenaria estrutural 
estaria relacionada ao uso de bloco cerâmicos ou de concreto e a alvenaria portante 
utilizaria os próprios tijolos como unidades do sistema. Se você verificar as bibliografias, 
verá que, na verdade, não é feita uma distinção desses dois sistemas. As paredes que 
formam o sistema em alvenaria estrutural são elementos portantes, pois “portam 
cargas”, não se fazendo diferenciação do tipo de unidade utilizada.
A argamassa, aqui se tratando da argamassa de assentamento, é o com-
ponente que terá função de solidarizar as unidades. Dessa forma, as juntas 
de argamassa devem garantir que as cargas sejam absorvidas e transmitidas 
pelas paredes como um elemento monolítico. Ramalho e Corrêa (2003) ainda 
indicam outras funções, como: absorver pequenas deformações e prevenir 
entrada de vento e água da chuva para o interior da edificação.
A argamassa é formada por cimento, cal, areia e água, sendo que o traço 
desta deve ser definido a fim de garantir resistência e certa trabalhabilidade. 
Conforme as normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-
Alvenaria estrutural8
MAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
NORMAS TÉCNICAS, 2011a), a resistência deve ser no mínimo 1,5 MPa e 
no máximo 70% da resistência do bloco, considerando a área líquida, ou seja, 
desprezando os vazios. As mesmas normas também atentam que a resistência 
da argamassa deve ser verificada segundo testes com corpos de prova.
Além disso, as normas 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR-
MAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
NORMAS TÉCNICAS, 2011b) indicam que a espessura da junta de argamassa 
deve ser de 10 mm, com tolerância de +/- 3 mm. Ramalho e Corrêa (2003) 
explicam que juntas menores poderiam fazer com que arestas dos blocos se 
encostassem, o que geraria concentração de tensões. Por outro lado, espessuras 
maiores diminuem o confinamento da argamassa, o que acarreta a diminuição 
da sua resistência. Ainda sobre a junta de argamassa, a Figura 4 apresenta a 
forma mais usual de se fazer a junta em blocos estruturais e em blocos de ve-
dação. Sugere-se que todas as paredes do bloco estrutural recebam argamassa, 
entretanto, as normas de projeto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2010a; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 
2011a) permitem que não sejam utilizadas juntas sobre as paredes transversais, 
se, mesmo penalizando a resistência por um fato especificado nas normas, a 
parede ainda tenha resistência maior que a tensão de compressão solicitante.
Figura 4. Juntas de argamassa em blocos de vedação e estrutural.
Fonte: Adaptada de Tauil e Nese (2010).
Argamassa
Bloco de vedação
Argamassa nas paredes
Longitudinais
Bloco estrutural
Argamassa nas paredes
Longitudinais e transversais
9Alvenaria estrutural
Outro componente é o graute, que, conforme a definiçãode Tauil e Nese 
(2010), é um concreto com agregados miúdos utilizados para o preenchimento dos 
vazios dos blocos. A NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2011a) define que o graute deve ter resistência mínima de 15 MPa, 
sendo que a norma NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2010a) não traz nenhuma definição de resistência mínima. De qual-
quer forma, a resistência especificada em projeto deve ser verificada em obras, 
por meio da moldagem de corpos de prova e posterior rompimento.
É muito importante que o graute consiga se espalhar por todo o vazio 
dos blocos, sem que haja falhas nesse preenchimento, pois é um concreto 
autoadensável (não vibrado). Considerando isso, as normas NBR 15812-2 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 
15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011b) 
indicam que a altura máxima de lançamento deve ser a uma altura não maior 
que 1,60 m. Somente para os casos de uso de aditivo se permite lançamento de 
altura máxima de 2,80 m. A fluidez do graute deve ser especificada em projeto 
e antes de seu lançamento deve-se verificar seu valor por meio do ensaio de 
abatimento de cone (slumptest). A foto da Figura 5 mostra um ensaio realizado, 
deflagrando a alta fluidez do material, adequada para seu lançamento.
Figura 5. Teste de abatimento de cone realizado com graute.
Fonte: Acervo pessoal.
Alvenaria estrutural10
Por fim, as amaduras estarão presentes em razão de reforços construtivos ou 
de solicitações de tração elevadas. Esse componente segue as mesmas prescrições 
indicadas em estruturas de concreto armado, não sendo indicados pelas normas 
NBR 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 
2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI-
CAS, 2011b) procedimentos específicos para verificação de suas propriedades.
Elementos
Os elementos apresentados neste item são os mais comumente encontrados 
nas estruturas em alvenaria: parede, verga, contraverga e cinta de amarração. 
Primeiramente, a parede, mesmo no sistema de alvenaria estrutural, poderá 
ou não ser estrutural. Em um projeto, o calculista estrutural definirá quais 
paredes devem fazer parte da estrutura e quais não são necessárias. Entretanto, 
nosso foco será naquelas que fazem parte da estrutura.
As paredes são definidas pelas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASI-
LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) como elementos laminares 
que suportam cargas de compressão, cujo comprimento excede em cinco vezes 
sua espessura. Uma parede é formada essencialmente por blocos/tijolos e 
argamassa. Na alvenaria estrutural, deve ser feito um estudo prévio sobre o 
posicionamento dos blocos, que se trata da modulação, feita tanto no sentido 
do comprimento da parede (modulação horizontal) como ao longo de sua 
altura (modulação vertical). Adiante, abordaremos, primeiro, a modulação 
horizontal e, em seguida, a modulação vertical.
Já avaliando as paredes sob o ponto de vista do processo executivo, deve-
-se garantir que elas tenham a resistência especificada no projeto. Para isso, 
devem ser realizados ensaios durante o processo executivo, conforme as 
especificações das normas NBR 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA 
DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASI-
LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011b). O ensaio pode ser considerando 
três tamanhos de protótipos: prisma (apenas dois blocos unidos por uma 
junta de argamassa), pequena parede (cinco fiadas e dois blocos ao longo do 
comprimento) e parede (altura de 2,60 m e comprimento de 1,20 m).
As vergas são elementos que ficam sobre vãos de portas e janelas, como 
pode ser visto na Figura 6, por isso estão sujeitas a momento fletor, como 
bem definido por Kalil ([200-?]). Além disso, as vergas também previnem a 
formação de fissuras nos cantos superiores de portas e janelas. Elas podem 
11Alvenaria estrutural
ser construídas com elementos pré-fabricados, ou moldada no local com uso 
de bloco canaleta, que é preenchido com graute, considerando o avanço dessa 
verga após a abertura por pelo menos 19 cm no caso de portas e 39 cm vezes 
essa medida para janelas.
As contravergas são elementos que ficam sob o vão de janelas, como pode 
ser visto na Figura 6. Nesse caso não ocorre momento fletor, entretanto, ela 
tem a função de auxiliar na distribuição de cargas, pois cantos vivos como 
os de janelas são pontos concentradores de tensões que podem culminar na 
formação de fissuras na alvenaria. A adoção de um elemento com maior rigidez 
nessa região busca garantir que não ocorra a formação dessas fissuras. Assim 
como a verga, a contraverga deve ser prolongada após a abertura.
A cinta de amarração, que também pode ser chamada de cinta de respaldo, 
é um elemento contínuo sobre as paredes que desempenha a função de fazer 
a distribuição das cargas nas paredes. Em se tratando das cargas verticais, ela 
distribui de forma mais homogênea a carga proveniente das lajes. Considerando 
carregamentos horizontais, como o vento, a cinta auxilia no contraventamento 
e também na distribuição das cargas nas paredes. As cintas podem ser exe-
cutadas com blocos canaletas, ou blocos J, conforme a disponibilidade do 
fabricante de blocos.
As vergas, contravergas e cintas de amarração, quando executadas com 
blocos canaleta (ou blocos J), são feitas da seguinte maneira: assentamento 
desses blocos na fiada dos elementos correspondentes, colocação de armadura 
para reforço e colocação de graute dentro desses blocos (grauteamento).
Observe a Figura 7 a seguir.
Figura 7. Elevação de parede típica.
Vista - parede
Cinta de amarração da alvenaria
Verga
Contra verga
Verga
220 Porta
90
280
100 Janela
120
14° Fiada
13° Fiada
12° Fiada
11° Fiada
10° Fiada
9° Fiada
8° Fiada
7° Fiada
6° Fiada
5° Fiada
4° Fiada
3° Fiada
2° Fiada
1° Fiada
Piso cru
Alvenaria estrutural12
As normas NBR 1591-1 e NBR 15961-2 apresentam os requisitos de projeto e execução 
da alvenaria estrutural voltada para blocos de concreto. Já as normas NBR 15812-1 e 
NBR 15812-2 apresentam os requisitos de projeto de execução de alvenaria estrutural 
em blocos cerâmicos.
Um pouco mais sobre modulação
Conforme ressaltado por Ramalho e Corrêa (2003), a modulação é um pro-
cesso essencial do projeto para que se tenha um empreendimento econômico 
e uma execução racional. A primeira etapa para o início da modulação é a 
escolha da família de blocos a serem utilizados. Uma família é um conjunto 
de blocos com medidas variadas, sendo que essas medidas partem de valores 
múltiplos do bloco que dá nome à família. As famílias mais usuais são 29 e 39. 
O bloco referência tem 29 cm, pois se considera 1 cm de junta de argamassa, 
totalizando 30 cm para o módulo (múltiplo de 15). Semelhante se dá com a 
família 39, gerando um módulo de 40 cm (múltiplo de 20).
Pode-se dizer que um dos principais parâmetros a ser considerado na 
escolha da família de blocos é a espessura das paredes. É interessante que a 
espessura do bloco seja múltipla da espessura da parede. Dessa forma, para 
uma parede com espessura de 15 cm, a família 29 atende melhor que a família 
39, em razão da necessidade de blocos com medidas especiais na interseção 
de paredes, se adotada a segunda família.
Conforme Ramalho e Corrêa (2003), outra questão muito relevante é a 
dimensão dos cômodos, ou dimensão das paredes, de forma que quando os 
comprimentos das paredes forem múltiplos de 15, a família 29 é mais adequada. 
Já quando as paredes tiverem comprimentos múltiplos de 20, a família 29 tem 
suas vantagens.
Quando feita a modulação horizontal, verifica-se que as portas e janelas 
não obedecem às proporções dos módulos, e dificilmente em paredes com 
aberturas a distribuição dos blocos ficará adequada sem a presença de blocos 
compensadores. Esses blocos têm comprimentos usuais de 4 cm e 9 cm e 
servem justamente para evitar a necessidade de corte de blocos.
Outro ponto crítico da modulação é a interseção de paredes,pois as paredes 
estruturais devem ser amarradas, sendo possível as amarrações direta ou 
indireta apresentadas na Figura 8. A amarração direta é preferida, sendo que, 
13Alvenaria estrutural
nela, a ligação das paredes se dá pela interpenetração de 50% do bloco, como 
bem definido pelas normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA 
DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a). Já na amarração indireta, as juntas são a 
prumo e a amarração é feita por meio de armadura.
Figura 8. Amarração entre paredes.
Fonte: Adaptada de Tauil e Nese (2010).
Amarração direta das paredes
Amarração
indireta das
paredes
Ainda tratando de modulação, mas agora falando da distribuição vertical dos 
blocos, neste caso, irá trabalhar sempre com módulos de 20, já que os blocos 
têm 19 cm de altura em todas as famílias. Como apresentado por Ramalho e 
Corrêa (2003), esta pode ser feita considerando a distância de piso a teto ou 
de piso a piso. Na primeira situação, não é necessário compensadores, pois 
normalmente adota-se pé-direito com medidas múltiplas de 20. Na segunda, 
se faz necessário bloco compensador com a altura diferente de 19 cm, pois 
normalmente a altura da laje não segue a medida modular. Em ambos os casos, 
pode-se utilizar na última fiada das paredes externas blocos J, de forma que 
a parede a parede mais alta do bloco serve como forma para laje.
Um aspecto importante que deve ser observado é sobre a passagem dos 
eletrodutos e tubulações hidrossanitárias nas paredes. É importante desta-
car que o processo utilizado na alvenaria de vedação comum de “rasgar” 
as paredes para embutir as instalações não é aceito na alvenaria estrutural, 
pois prejudica a resistência desta. Uma alternativa interessante é a utilização 
de blocos especiais, que já têm dimensões adaptadas para recebimento das 
Alvenaria estrutural14
tubulações (blocos hidráulicos) e também já são recortados com as dimensões 
das caixas elétricas.
Por fim, é importante verificar que mesmo num sistema de alvenaria 
estrutural continuarão existindo elementos em concreto armado como as fun-
dações, as lajes e as escadas. Esses elementos seguem as mesmas prescrições 
indicadas para as estruturas que seguem o sistema convencional de concreto 
armado. Para escadas e lajes, é comum a adoção de elementos pré-fabricados 
para que se tenha um processo construtivo mais produtivo, reduzindo ainda 
mais a necessidade de concretagem e estocagem de material em obra. Exem-
plificando, em obras com ritmo acelerado, é possível a finalização da estrutura 
de um pavimento (paredes e laje) em 7 a 10 dias.
Em relação aos acabamentos, existe a possibilidade de deixar a alvenaria 
aparente. Entretanto, é comum a realização de revestimento com camada 
única ou então executando as três camadas (salpique, emboço e reboco). Como 
destacado por Ramalho e Corrêa (2003), ainda é possível a aplicação somente 
de gesso nas paredes internas e, no caso de revestimento cerâmico, é possível 
a aplicação direta das peças.
1. Assinale a alternativa INCORRETA. 
a) A alvenaria estrutural é utilizada 
para a fabricação de lajes.
b) A alvenaria estrutural gera 
segurança estrutural.
c) A alvenaria estrutural tem 
durabilidade compatível 
com seus usos.
d) A alvenaria estrutural deve 
ser verificada quanto à 
segurança ao fogo.
e) Apresenta conforto térmico 
e acústico compatível 
com as necessidades.
2. Qual item não está presente em um 
projeto de alvenaria estrutural?
a) Planta de primeira e 
segunda fiada.
b) Detalhes das vergas 
e contravergas.
c) Posicionamento das 
colunas de groute.
d) Posicionamento de 
peças especiais.
e) Planta de formas das 
vigas de concreto.
3. Qual dos itens abaixo não pode 
ser considerado um benefício 
da alvenaria estrutural?
a) Otimização das tarefas em obra.
b) Técnicas executivas simplificadas.
c) Controle da etapa de produção.
d) Aumento do vão livre 
comparando-se com o 
concreto armado.
e) Eliminação de interferências.
15Alvenaria estrutural
4. Não se pode construir 
alvenaria estrutural com:
a) Mão de obra acostumada com 
construção convencional.
b) Nivelamento e prumo.
c) Blocos de concreto.
d) Mesma espessura de juntas.
e) Compatibilidade ao 
projeto arquitetônico.
5. Qual dos componentes abaixo 
não é utilizado na execução 
da alvenaria estrutural?
a) Blocos sílico calcário.
b) Concreto armado.
c) Argamassas industrializadas.
d) Grautes.
e) Reforços com aço.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-1: alvenaria estrutural: 
blocos cerâmicos: parte 1: projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-2: alvenaria estrutural: 
blocos cerâmicos: parte 2: execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2010b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-1: alvenaria estrutural: 
blocos de concreto: parte 1: projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-2: alvenaria estrutural: 
blocos de concreto: parte 2: execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2011b.
CERÂMICA MATIELI. [2018?]. Disponível em: <http://www.ceramicamatieli.com.br/>. 
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Alvenaria estrutural16

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