Buscar

Legislação antibullying no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO CONTRA O BULLYING: UMA BUSCA PARA 
RESOLVER O PROBLEMA 
 
FRICK, Loriane Trombini1 - FCT / UNESP 
 
Grupo de Trabalho – Violências nas Escolas 
Agência Financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP 
 
Resumo 
 
Este texto tem por objetivo analisar as principais características das legislações 
governamentais brasileiras de ações antibullying, em nível federal e estadual. Constitui-se 
num estudo descritivo e exploratório de caráter qualitativo. Os dados foram coletados através 
da Internet em sites oficiais do governo brasileiro, tanto em nível federal como estadual, 
diretamente nos setores de legislação, usando o descritor “bullying”. Dos vinte e sete estados 
brasileiros, incluindo o Distrito Federal, dezenove possuem legislação antibullying aprovada. 
Em sete estados há projeto de lei em tramitação nas respectivas assembleias legislativas. Em 
nível federal, encontrou-se um projeto de lei antibullying. O referencial teórico utilizado para 
exposição do tema e análise das estratégias antibullying fundamenta-se, principalmente, nos 
estudos de Avilés (2006), Díaz-Aguado (2005), Ortega (2002) e nos estudos de Tognetta 
(2011) sob a luz da Psicologia do Desenvolvimento Moral. Pela descrição e análise das 
referidas leis evidencia-se que estas, em geral, responsabilizam as escolas pela identificação, 
prevenção, conscientização e combate do bullying em seu ambiente. Para alcançar os 
objetivos propostos, as leis sugerem determinadas ações a serem desenvolvidas dentro das 
medidas, programas ou políticas antibullying, as quais foram organizadas e descritas em 
categorias. Ao abordarem a formação de professores, também deixam sob a responsabilidade 
das instituições escolares, o que vai contra o que a literatura especializada tem sugerido. 
Verifica-se, no Brasil, um esforço maior, por parte do poder público, para a construção de leis 
do que para o desenvolvimento de programas de diagnóstico e prevenção do bullying e de 
capacitação docente. Disto ressalta-se a interpretação que os órgãos públicos têm sobre ações 
antibullying. Supõe-se que compreendem que o mesmo pode ser “combatido” por imposição 
de lei. 
 
Palavras-chave: Legislação. Violência escolar. Bullying. Estratégias antibullying. 
 
1 Doutoranda em Educação: Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP. E-mail: 
lorianetrombini@hotmail.com. 
28337 
 
 
Introdução 
Este estudo faz parte de uma tese de doutorado, intitulada “Estratégias de prevenção e 
contenção do bullying nas escolas – as propostas governamentais e de pesquisadores no Brasil 
e na Espanha”, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – 
FAPESP, a qual tem por objetivo investigar e analisar as estratégias de prevenção e contenção 
para o bullying na Espanha e no Brasil, pelas políticas governamentais e pesquisadores do 
tema. 
Assim como a indisciplina na escola, as situações de violência entre pares preocupam 
as autoridades escolares e a comunidade em geral. Falamos do bullying, fenômeno estudado 
mundialmente, conceituado como um conjunto de ações agressivas, intencionais e repetitivas, 
ao longo do tempo, praticado por um ou mais alunos, causando danos físicos ou morais, que 
ocorre entre pares numa relação desigual de poder (AVILÉS, 2006; OLWEUS, 2006). 
No Brasil, por volta dos anos 2000, pesquisadores começaram a desenvolver estudos 
sobre a temática (FANTE, 2003, 2005; LOPES NETO, 2005). A partir de então, têm sido 
divulgadas inúmeras pesquisas que comprovam a incidência do bullying, tanto em escolas 
particulares quanto públicas (FANTE, 2005; FISCHER, 2010; FRANCISCO; LIBÓRIO, 
2009; FRICK, 2011; LEME, 2006; MASCARENHAS, 2009; TOGNETTA; VINHA, 2010), 
bem como de estudos que denunciam que as escolas ou se sentem despreparadas para 
enfrentar o problema da violência entre pares (FISCHER, 2010), ou restringem suas ações às 
punições aos autores de bullying e/ou transferem para as famílias a responsabilidade de sua 
contenção e prevenção (FISHER, 2010; GONÇALVES; GONZAGA; ANDRADE, 2012; 
LOBATO; PLACCO, 2007), ou ainda, acabam naturalizando as práticas de bullying 
(TOGNETTA; VINHA, 2010). 
Diante deste cenário e das dificuldades encontradas em tratar da questão, os agentes 
educacionais, bem como a comunidade em geral, acabam cobrando providências das 
autoridades políticas e do sistema educacional. Em resposta, o governo federal e os governos 
estaduais têm criado leis antibullying na tentativa de solucionar o problema. Analisar as 
principais características destas legislações já aprovadas, à luz do que pesquisadores da 
temática têm indicado como ações preventivas e de contenção, é o objetivo central deste 
trabalho. 
28338 
 
 
Desenvolvimento 
Para analisar as ações de prevenção e contenção ao bullying, faz-se necessário 
compreender o fenômeno. O bullying tem sido confundido com situações de violência 
esporádicas entre alunos, ou com formas de desrespeito entre professores e alunos, por 
exemplo. A superexposição de casos na mídia e a pulverização de informações errôneas ou 
inconsistentes têm provocado a banalização e a generalização do termo, prejudicando a 
prevenção e a intervenção. 
Com dito, Olweus (2006) diferencia o bullying de outras formas de violência ou 
incidências pontuais, definindo-o como um conjunto de ações agressivas, intencionais e 
repetitivas, ao longo do tempo, praticado por um ou mais alunos, causando danos físicos ou 
morais. Ressalta a existência de uma relação desigual de poder (assimetria de forças), um 
desequilíbrio de força física ou psicológica, já que “[...] el alumno expuesto a las acciones 
negativas tiene dificultad en defenderse, y em cierta medida se encuentra inerme ante el 
alumno o lós alumnos que le acosan” (OLWEUS, 2006, p. 26). Tognetta e Vinha (2010) 
explicam que não há desnível de poder ou de autoridade instituída entre os envolvidos, 
diferenciando o bullying de outras formas de constrangimento, ou assédio de professores e 
pais sobre alunos, por exemplo. 
As agressões podem ser diretas (físicas, verbais, psicológicas ou sociais) ao alvo, ou 
indiretas (formas ocultas e menos visíveis). As formas indiretas podem ser diferenciadas em 
dois tipos (AVILÉS, 2006): bullying relacional, que ataca o alvo usando as relações sociais 
para isolar ou excluir; e o bullying social, que visa a atacar a autoestima e o status social de 
alguém em um grupo, difamando ou espalhando rumores falsos, por exemplo. 
Outra forma de cometer o bullying é por meio do uso das tecnologias de informação, o 
chamado cyberbullying. Neste caso, a repetição ocorre pelo acesso à informação 
compartilhada ou repassada. 
Alguns autores conceituam o bullying como uma violência velada (FANTE, 2005). 
Pode ser velada aos olhos dos adultos, pois geralmente acontece longe destes. No entanto, 
isso não procede entre os pares, visto que alguém sempre vê ou fica sabendo, ou seja, nas 
ações de bullying há sempre um público, também chamados de espectadores, ou testemunhas 
(ALMEIDA, 2008; AVILÉS, 2006; MORITA, 2002; TOGNETTA; VINHA, 2010). 
Para pensar a prevenção além de saber identificar o problema é preciso compreender 
suas causas. Pesquisadores têm se dedicado a identificar os fatores causais de tal fenômeno, 
28339 
 
 
passando a compreendê-lo numa perspectiva sistêmica e advertindo que já não se pode dizer 
que os motivos se limitam a fatores de comportamento ou de indisciplina (ALMEIDA, 2008). 
Avilés (2006) indica que o bullying é um fenômeno com múltiplas causas e variáveis 
(AVILÉS, 2006), como: a) culturais: meios de comunicação social e modelos que reproduzem 
e estimulam a violência; uso da força; ideais de determinados grupos identificados ou 
constituídos por comportamentos violentos ou destrutivos, como, por exemplo, os 
neonazistas; cultura das armas; b) sociais: violência estrutural; valores socialmente aceitos; 
crenças e costumessociais face ao bullying - naturalização; machismo e exaltação da 
masculinidade; exclusão social de determinados grupos por preconceitos/estereótipos sociais; 
c) familiares: estilos educativos autoritários, permissivos ou negligentes; atitudes coercitivas e 
violentas; qualidade nas relações - existência de muitos conflitos, pouca ou escassa 
comunicação e afeto ou excesso de controle e exigências; condições socioculturais da família; 
vínculos de apego estabelecidos; a tolerância da violência; d) escolares: metodologias não 
cooperativas; atitudes disciplinares autoritárias, punitivas e inconsistentes; falta de normas 
estabelecidas de forma democrática; pouca comunicação; clima de sala de aula perturbador ou 
caótico; falta de respeito e confiança nas relações entre professores e alunos; ausência ou não 
de programas antibullying; presença de adultos acompanhando os recreios; e) grupais: 
popularidade dos grupos; busca por status/posição/reconhecimento no grupo; sentimento de 
pertença; dinâmicas grupais - proteção, aumento da força; desejo de infringir normas; 
formação de grupos e exclusão de outros; f) pessoais: temperamento; aprendizagem de 
condutas submissas ou violentas; experiências prévias de maus-tratos; falta de autocontrole; 
incapacidade social - dificuldade de relacionar-se; traços físicos - cor da pele, etnia, 
características físicas, as crianças com necessidades especiais que são fortes alvos de bullying; 
ou a orientação sexual. 
Tognetta e Vinha (2010) têm afirmado que o bullying é um problema que se evidencia 
nas relações interpessoais, mas teria causas intrapessoais. Para as autoras, é na constituição da 
identidade que os fatores mais amplos (culturais, sociais, biológicos, familiares, escolares...) 
seriam equacionados. Ou seja, seria um problema ligado ao conceito de si, das imagens que se 
tem de si. Para Tognetta (2005), a cultura e o meio em que vivemos (como, por exemplo, os 
ídolos, os estilos educativos, os valores) vão influenciar na constituição da identidade do 
sujeito, que pode se dar maior ou menor valor, favorecendo a formação de alvos e autores de 
bullying. As imagens de menor valor podem conduzir ao conformismo e as de maior valor 
28340 
 
 
podem levar o sujeito a menosprezar o outro, para, assim, comprovar a si próprio que é 
melhor. 
Tognetta e Vinha (2010, p. 451-452) exploram a afirmação de que os alvos, ou vítimas 
de bullying, são aqueles que de certa forma parecem concordar com a imagem que seus 
agressores fazem de si: “[...] as vítimas sentem-se diferentes pelas roupas que vestem, 
maneiras como se relacionam, pelas diferenças físicas ou psicológicas, trejeitos e, 
principalmente, por sentirem-se pouco seguros com relação ao respeito que nutrem por si 
mesmos [...]”. Talvez por isso, nem todos os que são escolhidos como alvos permaneçam 
assim. Algumas pessoas conseguem sustentar sua diferença, não demonstrando medo dos 
autores de bullying e, consequentemente, não permitindo que a intimidação perdure. 
Pesquisadores ressaltam como fator causal a falta de empatia do autor e do público, a 
qual impede o compartilhamento dos estados afetivos e o interessar-se e compreender os 
sentimentos dos outros (ORTEGA, 2002; TOGNETTA, 2010). Faltaria, também, 
sensibilidade moral aos espectadores, aos autores de bullying e a todos os alunos em geral, 
isto é, um conjunto de capacidades necessárias a uma ação moral: distinguir entre o certo e 
errado partindo de uma hierarquia de valores que a pessoa tem; atribuir valor a outra pessoa 
como alguém que merece ser tratado bem (TOGNETTA, 2010). 
Ainda do ponto de vista afetivo, Tognetta e Vinha (2008) sugerem como fator causal o 
sentimento de pertencimento, dito de outra forma, a necessidade de nos adequarmos e 
respondermos às expectativas do grupo ao qual pertencemos. Isso explicaria o fato de muitas 
crianças, ao serem alvos de bullying, aceitarem, por medo de serem excluídas do grupo, ou de 
se tornarem agressoras, com vistas a buscar uma boa imagem de valentão ou líder, por 
exemplo. 
Haveria ainda outro fator causal, na opinião de Tognetta (2005), situado no campo da 
razão. As crianças, ao se comportarem com autoras de bullying, nessas situações precisas, não 
conseguiriam um “pensamento reversível”, ou seja, elas não conseguiriam ir e vir no plano 
mental, se colocar no lugar do outro, não teriam consciência do resultado de suas ações e dos 
sentimentos do outro. Essa característica seria normal em crianças de 3 ou 4 anos de idade, 
que ainda não construíram essa capacidade mental, mas não o é mais em crianças maiores, 
adolescentes ou adultos. No ponto de vista moral, o autor de bullying não conseguiria 
contrapor as necessidades, suas e dos outros, bem como não seria capaz de antecipar as 
28341 
 
 
consequências de seus atos com os danos causados. Faltaria a eles “[...] um conteúdo ético, 
portanto, o valor de si agregado ao valor do outro” (TOGNETTA; VINHA, 2008, p. 214). 
Pelo exposto, evidencia-se que o bullying é uma forma de violência complexa e que 
para minimizá-lo e preveni-lo precisam ser realizadas ações amplas, visto que suas causas 
assim o são. 
Método 
A pesquisa configura-se como um estudo descritivo e exploratório de caráter 
qualitativo e tem por objetivo analisar as principais características das legislações 
governamentais brasileiras de ações antibullying, em nível federal e estadual. Os dados foram 
coletados através da Internet em sites oficiais do governo brasileiro, diretamente nos setores 
de legislação, usando o descritor “bullying”. Para análise dos objetivos das propostas foram 
criadas categorias. 
Resultados e discussão 
Dos vinte e sete estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, dezenove possuem 
legislação antibullying aprovada. Em sete estados há projeto de lei em tramitação nas 
respectivas assembleias legislativas. Em nível federal, encontrou-se um projeto de lei 
antibullying, também em tramitação. 
Quanto às disposições das leis encontram-se algumas diferenças. No Distrito Federal 
(Lei 4.837, 2012) e nos Estados do Mato Grosso (Lei 9.724, 2012), Maranhão (Lei 9.297, 
2010), Pernambuco (Lei 13.995, 2009) e Goiás (Lei 17.151, 2010) as leis indicam que se 
constituam medidas de prevenção, conscientização e enfrentamento do bullying escolar em 
seus respectivos sistemas de ensino. As leis dos Estados do Amapá (Lei 1.527, 2010), Paraná 
(Lei 17.335, 2012), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009), Mato Grosso do Sul (Lei 3.887, 2010), 
Ceará (Lei 14.754, 2010) e Rondônia (Lei 2621, 2011) referem-se à criação de programa de 
prevenção e combate ao bullying nas escolas. Os Estados do Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 
2010), Sergipe (Lei 7.055, 2010) e Piauí (Lei 6.076, 2011) determinam a elaboração de 
políticas antibullying. Em quatro estados, Rondônia (Lei 2590, 2011), Amazonas (Lei 110, 
2011), Alagoas (Lei 7.269, 2011) e Espírito Santo (Lei 9.653, 2011), há leis que decretam um 
dia ou semana para a prevenção e combate ao bullying. No Ceará, a Lei 14.943 (2011) institui 
28342 
 
 
o sistema de disk-denúncia para casos de bullying. A Lei 9.858 (2012) do Estado da Paraíba 
trata da penalização às escolas públicas e privadas quando verificada a prática de bullying. No 
Estado do Rio de Janeiro, a Lei 5.824 (2010) aponta para notificação compulsória de 
violência contra crianças quando atendidas nos serviços de educação e saúde públicos do 
estado. 
Em sua maioria, as leis buscam ações de prevenção, minimização, enfrentamento, 
combate e de coibição do bullying no ambiente escolar. Disto ressalta-se a interpretação que 
os órgãos públicos têm sobre ações antibullying. Supõe-se que compreendem que o mesmo 
pode ser “combatido” por imposição de lei. 
Para alcançar os objetivos propostos, as leis sugerem determinadas ações a serem 
desenvolvidas dentro das medidas, programas ou políticas antibullying. Para melhor 
compreensão e análise, as iniciativas apontadaspelas leis foram organizadas em categorias 
conforme seguem descritas: 
 
a) Ações que incidem nas relações interpessoais, na promoção de valores e 
sentimentos morais e na estima dos alunos. 
 
As leis antibullying dos estados do Piauí (Lei 6.076, 2011), Sergipe (Lei 7.055, 2010), 
Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010), Maranhão (Lei 9.297, 2010), apontam que as 
atividades a serem desenvolvidas devem promover a cidadania, a capacidade empática e o 
respeito ao outro, ressaltando que se deve evitar, tanto quanto possível, as punições, primando 
pelo uso de mecanismos alternativos, como os “círculos restaurativos”, para promover a 
responsabilização e a mudança de comportamento. As leis antibullying dos Estados do Ceará 
(Lei 14.754, 2010), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009), Paraná (Lei 17.335, 2012), indicam 
ações que valorizem as individualidades, canalizando as diferenças para a melhoria da 
autoestima dos estudantes, a convivência harmônica, a promoção de um ambiente seguro e 
sadio, incentivando a tolerância, o respeito mútuo, a amizade, a solidariedade e a cooperação. 
Sugerem o uso de dinâmicas de integração entre alunos e professores. A Lei 17.151 (2010) do 
Estado de Goiás sugere a mediação de conflitos no meio escolar com a participação de alunos 
que se destaquem como líderes, e nas quais sejam resolvidas disputas que interfiram no clima 
da escola e nos processos educacionais. 
 
28343 
 
 
b) Ações destinadas aos envolvidos em bullying. 
 
As leis do Piauí (Lei 6.076, 2011), de Sergipe (Lei 7.055, 2010), do Rio Grande do Sul 
(Lei 13.474, 2010) e do Maranhão (Lei 9.297, 2010) ressaltam que as instituições escolares 
devem orientar agressores e familiares sobre os valores, condições e experiências prévias 
correlacionadas à prática de bullying de modo a conscientizá-los a respeito das consequências 
de seus atos e a garantir o compromisso dos agressores, com um convívio respeitoso e 
solidário com seus pares. Os Estados de Rondônia (Lei 2.621, 2011) e Mato Grosso do Sul 
(Lei 3.887, 2010) apontam para a orientação e advertência acerca das consequências e 
punições legais, como a aplicação de medidas sócio-educativas, liberdade assistida e até 
mesmo a prisão. 
Aos alvos de bullying as leis do Piauí (Lei 6.076, 2011), Sergipe (Lei 7.055, 2010), 
Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010), Maranhão (Lei 9.297, 2010), Mato Grosso do Sul (Lei 
3.887, 2010), e Rondônia (Lei 2621, 2011) ressaltam que as escolas devem orientá-los e a 
seus familiares, a fim de que recuperem sua autoestima e minimizem eventuais prejuízos em 
seu desenvolvimento escolar e social. 
As leis dos estados do Paraná (Lei 17.335, 2012), Ceará (Lei 14.754, 2010), Santa 
Catarina (Lei 14.651, 2009) apenas afirmam que “vítimas” e “agressores” devem ser 
auxiliados. O Distrito Federal (Lei 4.837, 2012) adverte para os “envolvidos” em bullying 
sejam orientados e advertidos sobre as consequências do bullying e sobre as sanções 
administrativas e disciplinares. As legislações dos Estados do Paraná (Lei 17.335, 2012), 
Rondônia, Ceará (Lei 14.754, 2010), Mato Grosso do Sul (Lei 3.887, 2010) e Santa Catarina 
(Lei 14.651, 2009) indicam que “agressores” e “vítimas” devem ser encaminhados, sempre 
que necessário, aos serviços de assistência médica, social, psicológica e jurídica. 
Nota-se que as legislações encontradas falam apenas de autores e alvos. Diversos 
pesquisadores, como Almeida (2008), Avilés (2006), Díaz-Aguado (2005), Morita (2002) e 
Tognetta (2011), ressaltam que uma das características do bullying é a presença de um 
público, também chamado de espectadores ou testemunhas, alguém que direta ou 
indiretamente fica sabendo da agressão. São eles que correspondem aos apelos dos autores, 
venerando suas proezas. Mesmo que não interfiram por medo de serem os próximos alvos ou 
por pura indiferença, ao agirem dessa forma estão, de certo modo, reforçando a ação 
intimidadora, como que a legitimando. Segundo Tognetta & Vinha (2010), em locais onde há 
28344 
 
 
quem não se indigne com situações injustas vivenciadas por outros, as chances de se propagar 
o bullying é bem maior. Por isso, as ações antibullying devem incidir sobre todos os 
envolvidos, incluindo-se o público. Afinal, se as ações forem canalizadas apenas para alvos e 
autores, estes não passarão por nenhum processo de reflexão. 
Outro aspecto a ser ressaltado é o uso das expressões “agressores” e “vítimas”. 
Tognetta e Vinha (2008, p. 3) aconselham a seguir a literatura atual que usa os termos “alvos 
de bullying” e “autores de bullying”, “na tentativa de evitar preconceitos por parte dos agentes 
que trabalham com situações problemas em que haja essa forma de violência”. Segundo as 
autoras, pensar em “vítimas” talvez faça acreditar-se que sejam fracas e que só elas precisam 
de ajuda, e pensar em “agressores” talvez faça acreditar-se que esses são “maus” e que, 
portanto, merecem castigo - o que não significa dizer que suas ações sejam corretas e não 
precisem de correções. 
Tal sensibilização maior com os alvos é evidenciada na lei antibullying do Mato 
Grosso (Lei 9.724, 2012), a qual indica que durante a semana de prevenção e combate ao 
bullying devem-se sensibilizar todos os setores para que compreendam e apoiem as “vítimas” 
de bullying e assim auxiliem-nas na busca para melhores soluções para o problema, na escola 
e na sociedade. 
 
c) Ações de informação. 
 
Em sua maioria, as legislações apontam para a necessidade de disseminação de 
informações sobre o que é bullying, suas causas e consequências. As legislações dos Estados 
do Piauí (Lei 6.076, 2011), Sergipe (Lei 7.055, 2010), Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010) e 
Maranhão (Lei 9.297, 2010) destacam que isso deve ser feito com responsáveis legais pelas 
crianças e adolescentes. Já os Estados de Goiás (Lei 17.151, 2010), Pernambuco (Lei 13.995, 
2009) e Mato Grosso (Lei 9.724, 2012) ressaltam que é preciso conscientizar a comunidade 
escolar sobre o bullying e a necessidade de prevenção, diagnose e combate. Os Estados de 
Rondônia (Lei 2621, 2011), Ceará (Lei 14.754, 2010), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e 
Paraná (Lei 17.335, 2012) advertem que é preciso discernir claramente o que é bullying e o 
que é brincadeira. 
Como ações, são indicadas campanhas educativas, informativas e de conscientização 
através da utilização de cartazes, folders, cartilhas, e recursos de áudio e audiovisuais, nas 
28345 
 
 
legislações dos Estados de Rondônia (Lei 2621, 2011), Distrito Federal (Lei 4.837, 2012) e 
Mato Grosso (Lei 9.724, 2012). Os Estados do Ceará (Lei 14.754, 2010), Santa Catarina (Lei 
14.651, 2009) e Paraná (Lei 17.335, 2012) apresentam as mesmas ações e destacam que o 
processo de informação e reflexão deve visar à convivência harmônica nas escolas. 
Evidencia-se que as ações indicadas são mais de caráter externo, ou seja, não incidem 
sobre as relações sociais. Tratam a superfície do problema e não a causa. 
 
d) Ações de identificação. 
 
Dos dezenove estados que possuem legislação, apenas um – o Distrito Federal (Lei 
4.837, 2012), aponta para a realização de pesquisas sobre a ocorrência do bullying, e 
identificação de fatores que fomentam tais práticas, para assim implantarem ações preventivas 
e repressivas. Dos outros estados, onze apontam a identificação, mas deixam em aberto o 
modo para que seja realizado. A legislação dos Estados do Piauí (Lei 6.076, 2011), Sergipe 
(Lei 7.055, 2010), Goiás (Lei 17.151, 2010), Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010), 
Pernambuco (Lei 13.995, 2009), Maranhão (Lei 9.297, 2010) e Mato Grosso (Lei 9.724, 
2012) dizem que é preciso identificar concretamente a incidência e a natureza das práticas de 
bullying. Já as leis dos Estados de Rondônia (Lei 2621, 2011), Ceará (Lei 14.754, 2010), 
Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e Paraná (Lei 17.335, 2012) afirmam que é necessário 
observar, analisar e identificar eventuais “agressores” e alvosde bullying. 
Para Tognetta e Vinha (2008), as estratégias de intervenção precisam incidir sobre as 
especificidades dos problemas de cada centro escolar, por isso a necessidade da investigação 
da realidade, a qual abre espaço para a reflexão. 
 
e) Ações envolvendo a família e a comunidade. 
 
As legislações dos Estados do Distrito Federal (Lei 4.837, 2012) e de Sergipe (Lei 
7.055, 2010) mencionam a criação de mecanismos para envolver as famílias no processo de 
conscientização, prevenção e contenção do bullying. Já os Estados do Maranhão (Lei 9.297, 
2010), Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010) e Mato Grosso do Sul (Lei 3.887, 2010) citam 
que as ações devem envolver as famílias no processo de percepção, acompanhamento e 
formulação de soluções concretas. As leis dos Estados de Rondônia (Lei 2621, 2011), Goiás 
28346 
 
 
(Lei 17.151, 2010), Pernambuco (Lei 13.995, 2009) e Mato Grosso (Lei 9.724, 2012) dizem 
para integrar as famílias num processo de construção da cultura da paz nas unidades escolares. 
As leis dos Estados do Ceará (Lei 14.943, 2011), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e Paraná 
(Lei 17.335, 2012) indicam que pais e familiares devem ser orientados sobre como agir 
perante o bullying – a Lei 7.055 (2010) de Sergipe também apresenta essa indicação e sugere 
o uso de cartilhas. A participação da comunidade, da sociedade civil e de especialistas aparece 
nas legislações dos Estados do Ceará (Lei 14.754, 2010), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e 
Sergipe (Lei 7.055, 2010), a fim de auxiliar nas ações multidisciplinares, como seminários, 
palestras e debates. 
A participação das famílias e da comunidade escolar é de suma importância para o 
desenvolvimento de ações antibullying integradas. No entanto, não pode ficar restrita à 
notificação de casos. Como nas legislações aparecem muitas indicações de que casos de 
bullying precisam ser notificados para os pais ou encaminhados para especialistas é preciso 
atentar para não reduzir as ações antibullying a isto, diminuindo assim, a grande parcela de 
responsabilidade que a escola tem no enfrentamento do bullying. 
 
f) Indicação de registro de casos de bullying e de ações tomadas pela escola. 
 
Um fator aliado à preocupação em diminuir a participação das famílias nas escolas à 
responsabilização destas é a criação de registros de casos e de ações tomadas pelas escolas em 
casos de bullying – caso das legislações do Distrito Federal (Lei 4.837, 2012), Piauí (Lei 
6.076, 2011), Ceará (Lei 14.754, 2010), Sergipe (Lei 7.055, 2010), Rio Grande do Sul (Lei 
13.474, 2010), Maranhão (Lei 9.297, 2010), Rondônia (Lei 2621, 2011) e Mato Grosso do Sul 
(Lei 3.887, 2010). Os Estados do Ceará e do Mato Grosso do Sul ressaltam que esse registro 
servirá para a adoção de medidas e/ou penalidades cabíveis. 
Registrar para acompanhar, desenvolver pesquisa para conhecer a realidade e assim 
buscar ações mais eficazes é diferente de registrar apenas para punir. Em oito estados com 
legislação antibullying consta a inclusão de normativas no regimento das escolas contra o 
bullying, são elas as leis do Distrito Federal (Lei 4.837, 2012), Ceará (Lei 14.943, 2011), 
Sergipe (Lei 7.055, 2010), Rio Grande do Sul (Lei 13.474, 2010), Maranhão (Lei 9.297, 
2010), Mato Grosso de Sul (Lei 3.887, 2010), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e Paraná (Lei 
17.335, 2012). 
28347 
 
 
Avilés (2006) adverte que precisamos diferenciar propostas antibullying embasadas 
exclusivamente em punições e castigos para quem exerce o bullying, das que tendem mais “a 
manejar el contexto y las vivencias de todos los que intervienen en el problema con la 
finalidad de restituir las relaciones” (p. 246). O que, segundo o autor, não significa ter que 
optar por um em detrimento ao outro, ao contrário, “se trata de aprovechar lo positivo de 
todas en la medida en que eso sea posible y no contradictorio, y lo que cada una pueda aportar 
para entender y solucionar el problema del maltrato” (ibid., p. 247). 
 
g) Ações de capacitação. 
 
A capacitação docente está prevista na legislação do Distrito Federal (Lei 4.837, 
2012). As legislações dos Estados do Piauí (Lei 6.076, 2011), Sergipe (Lei 7.055, 2010), Rio 
Grande do Sul (Lei 13.474, 2010), Rondônia (Lei 2621, 2011), Mato Grosso do Sul (Lei 
3.887, 2010), Ceará (Lei 14.943, 2011), Santa Catarina (Lei 14.651, 2009) e Paraná (Lei 
17.335, 2012) incluem a capacitação docente e das equipes pedagógicas. As legislações dos 
Estados do Maranhão (Lei 9.297, 2010), Goiás (Lei 17.151, 2010) e Pernambuco (Lei 13.995, 
2009) mencionam a capacitação docente, de equipes pedagógicas e de servidores. De modo 
geral, essa capacitação serve para diagnóstico, orientação, desenvolvimento de ações 
preventivas e interventivas. Destaca-se que as leis do Ceará, Santa Catarina, Paraná, Goiás, 
Pernambuco e Mato Grosso incluem como objetivos para a capacitação, o desenvolvimento 
de ações de solução para o bullying. 
A responsabilidade pela capacitação indicada nas legislações, em sua maioria, fica a 
cargo das instituições escolares, também responsáveis diretas pela implementação das 
ações/programas/políticas indicadas. Os Estados do Ceará (Lei 14.943, 2011) e Rondônia (Lei 
2621, 2011) sugerem que sejam criadas equipes multidisciplinares, com pais, alunos, 
professores e demais representantes da comunidade escolar. Apenas o Estado do Piauí (Lei 
6.076, 2011) indica a participação da Secretaria de Educação e Cultura do Estado para o 
desenvolvimento do programa e da capacitação. Os demais indicam que as instituições podem 
buscar parcerias, inclusive com especialistas. 
Conforme Fante (2005) e Tognetta (2011), a prevenção do bullying deve começar pela 
capacitação dos profissionais de educação, para que saibam identificá-lo, diferenciá-lo e 
diagnosticá-lo, para que desta forma encontrem caminhos para superá-lo. Tognetta (2011, p. 
28348 
 
 
149) relembra que “precisamos inicialmente formar os educadores, ajudá-los a pensar e a lidar 
com quaisquer situações rotineiras, para depois intervir em casos específicos de bullying”. 
Gonçalves (2011) ressalta que 
Enquanto a capacitação dos profissionais da educação não for encarada como 
prioridade em qualquer política de gestão educacional, a escola continuará seguindo 
o mesmo caminho torto e ineficaz de enfrentamento do bullying, fazendo uso de 
ações pontuais e/ou negando a necessidade de realização de qualquer trabalho 
(GONÇALVES, 2011, p. 59-60). 
Estudos de Tognetta e Vinha (2010, p. 461) relatam a dificuldade que alguns 
professores apresentam em reconhecer que as metodologias empregadas em sala de aula, 
estão longe de ser “formas mais evoluídas de intervir moralmente”. Supõe-se que a maioria 
dos professores, diretores, coordenadores pedagógicos, promotores de Justiça, vereadores 
municipais, governadores de Estado, jornalistas etc. espera por soluções externas, com vistas 
a diminuir práticas violentas e indisciplinares nas escolas, assim como nos casos de bullying. 
Considerações Finais 
Verifica-se que as leis citadas pouco auxiliam as instituições escolares na construção 
de estratégias antibullying. Elas responsabilizam a escola, mas ao citar exemplos de como 
intervir acabam por indicar ações pontuais, mais externas à melhoria da qualidade das 
relações interpessoais. Como afirma Gonçalves (2011), ao invés de encontrarmos escolas e 
professores agindo para desconstruir a violência, o que se encontra é 
[...] o poder público sancionando leis que obrigam docentes a trabalharem com o 
bullying na escola sem que saibam reconhecer o fenômeno, sem que tenham sido 
convencidos da necessidade desse trabalho ou tenham desenvolvido habilidades 
necessárias para o manejo dessas manifestações violentas (GONÇALVES, 2011, p. 
59). 
Perante a realidade apresentada consideramos urgente pensar a formação de 
professores. Não há dúvidas de que as escolas estão despreparadas. Países como Espanha 
(AVILÉS,2006; DEL REY; ORTEGA, 2001; DÍAZ-AGUADO, 2005; ORTEGA, 2002), 
Portugal (ALMEIDA; LISBOA; CAURCEL, 2007; PEREIRA, 2002), Noruega e Suécia 
(OLWEUS, 2006), Reino Unido (COWIE; SMITH, 2002), entre outros, têm investido há 
vários anos em pesquisas e projetos de intervenção antibullying em nível nacional e regional. 
28349 
 
 
No Brasil, há poucos meses, o Ministério da Educação (MEC) anunciou a parceria 
com o Conselho Federal de Psicologia (CFP) para realização de uma ampla pesquisa sobre a 
violência em todas as redes escolares do país, a fim de obter informações que permitam 
formular políticas públicas de prevenção ao tema, elaborar material didático e pedagógico e 
capacitar professores para lidar com diversas formas de violência, incluindo o bullying 
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 20 de setembro de 2012). 
Verifica-se, no Brasil, um esforço maior, por parte do poder público, para a construção 
de leis do que para o desenvolvimento de programas de diagnóstico e prevenção do bullying e 
de capacitação docente. No Brasil, o caminho das políticas públicas parece ser inverso: 
primeiro sancionam-se leis para depois se pensar no desenvolvimento de programas de 
diagnóstico e prevenção do problema e de capacitação docente. Tal caminho pode prejudicar 
a efetivação de ações de prevenção e diminuição de ações violentas dentro da escola. Como 
dito, a escola precisa conscientizar-se da sua responsabilidade, conhecer sua realidade, para 
então promover ações eficazes. Nesse sentido, faz-se urgente a criação de políticas públicas 
que primem pela capacitação dos profissionais da educação. 
REFERÊNCIAS 
ALAGOAS. Lei n. 7.269, de 26 de abril de 2011. Institui o dia 7 de abril como o dia de 
combate ao bullying nas escolas públicas estaduais de Alagoas. Assembleia Legislativa de 
Alagoas. Disponível em: http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacao/leis/leis-
ordinarias/2011/lei-ordinaria-7.269. Acesso em: 20 jan. 2013. 
ALMEIDA, A. A vitimização entre pares em contexto escolar. In: MACHADO, C.; 
GONÇALVES, R. A. (Coord.). Violência e vítimas de crimes: crianças. v. 2, 3. ed. 
Coimbra: Quarteto, 2008. 
ALMEIDA, A.; LISBOA, C.; CAURCEL, M. J. ¿Por qué Ocurrem los Malos Tratos entre 
Iguales? Explicaciones Causales de Adolescentes Portugueses e Brasileños. Revista 
Interamericana de Psicologia, v. 41, n. 2, p. 107-118, 2007. 
AMAPÁ. Lei n. 1.527, de 29 de dezembro de 2010. Institui o Programa de Combate ao 
"bullying" nas escolas públicas e privadas do Estado do Amapá. Assembleia Legislativa do 
Amapá. Disponível em: http://www.al.ap.gov.br/ver_texto_lei.php?iddocumento=27806. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
AMAZONAS. Lei n. 110, de 14 de dezembro de 2011. Institui no Calendário Oficial do 
Estado do Amazonas o dia 07 de abril, "Dia de Combate ao Bullying nas escolas públicas e 
privadas". Diário Oficial do Amazonas. Disponível em: 
http://www.aleam.gov.br/DOL/Diarios/Edicao07514122011.pdf. Acesso em: 20 jan. 2013. 
28350 
 
 
AVILÉS, J. M. Bullying: el maltrato entre iguales. Agressores, víctimas y testigos en la 
escuela. Salamanca: Amarú Ediciones, 2006. 
CEARÁ. Lei n. 14.754, de 30 de julho de 2010. Autoriza o poder executivo a instituir 
programa de prevenção e combate ao preconceito, intimidação, ameaça, violência física e/ou 
psicológica originária do ambiente escolar “bullying” de ação interdisciplinar e de 
participação comunitária, nas escolas públicas do Estado do Ceará. Assembleia Legislativa do 
Ceará. Disponível em: http://www.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2010/14754.htm. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
CEARÁ. Lei n. 14.943, de 22 de junho de 2011. Institui o serviço disque denúncia de 
combate ao bullying no Estado do Ceará e dá outras providências. Diário Oficial do Ceará. 
Disponível em: http://imagens.seplag.ce.gov.br/PDF/20110705/do20110705p01.pdf#page=3. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
COWIE, H.; SMITH, P. K. Violência nas escolas: uma perspectiva do Reino Unido. In: 
DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Org.). Violência nas escolas: dez abordagens européias. 
Brasília: UNESCO, 2002. 
DEL REY, R.; ORTEGA, R. Programas para la prevención de la violencia escolar en España: 
la respuesta de las comunidades autónomas. Revista Interuniversitaria de Formación de 
Profesorado, Zaragoza, n. 41, pp. 133-145, 2001. 
DÍAZ-AGUADO, M. J. La violencia entre iguales en la adolescencia y su prevención desde la 
escuela. Psicothema. v. 17, n. 4, pp. 549-558, 2005. 
DISTRITO FEDERAL. Lei n. 4.837, de 22 de maio de 2012. Dispõe sobre a instituição da 
política de conscientização, prevenção e combate ao bullying nos estabelecimentos da rede 
pública e privada de ensino do Distrito Federal e dá outras providências. Assembleia 
Legislativa do Distrito Federal. Disponível em: http://www.se.df.gov.br/?page_id=5544. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
ESPÍRITO SANTO. Lei n. 9.653, de 28 de abril de 2011. Institui o Dia da Conscientização 
contra o “Bullying” e dá outras providências. Assembleia Legislativa do Espírito Santo. 
Disponível em: http://www.incaper.es.gov.br/concurso/leis_decretos/LEI%209.652%20-
%20does.pdf. Acesso em: 20 jan. 2013. 
FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência e educar para a paz. 2. ed. 
Campinas: Verus, 2005. 
FISCHER, R. M. (Coord.) Pesquisa: Bullying Escolar no Brasil. Relatório Final. São Paulo: 
CEATS/FIA, 2010. Disponível em: 
http://www.aprendersemmedo.org.br/docs/pesquisa_plan_relatorio_final.pdf. Acesso em: 20 
abr. 2011. 
FRANCISO, Marcos Vinicius; LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra. Um estudo sobre bullying 
entre escolares do Ensino Fundamental. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 22, n. 2, p. 200-
207, 2009. 
28351 
 
 
FRICK, L. T. As relações entre os conflitos interpessoais e o bullying: um estudo nos anos 
iniciais do Ensino Fundamental de duas escolas públicas. 2011, 195f. Dissertação (Mestrado 
em Educação). Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, Presidente Prudente, 2011. 
GOIÁS. Lei n. 17.151, de 16 de setembro de 2010. Dispõe sobre a inclusão de medidas de 
conscientização, prevenção, diagnose e combate ao “bullying” escolar no projeto pedagógico 
elaborado pelas escolas públicas e privadas de Educação Básica do Estado de Goiás, e dá 
outras providências. Assembleia Legislativa de Goiás. Disponível em: 
http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_leis.php?id=9789. Acesso em: 20 jan. 2013. 
GONÇALVES, C. G. Concepção e julgamento moral de docentes sobre bullying na 
escola. 2011. 146f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação, Universidade 
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2011. 
GONÇALVES, C. G.; GONZAGA, K. R.; ANDRADE, F. C. B. de. Bullying na escola: a 
influência do discurso midiático nos saberes docentes. In: ENCONTRO NACIONAL DE 
FORMAÇÃO DE PROFESSORES, XXV, 2012, Águas de Lindóia. Anais eletrônicos... 
Campinas: FE/UNICAMP, 2012. CD-ROM. 
LOBATO, V. da S.; PLACCO, V. M. N. de. Concepções de professores sobre questões 
relacionadas à violência na escola. Psicologia da Educação. São Paulo, 24, p. 73-90, 2007. 
MARANHÃO. Lei n. 9.297, de 17 de novembro de 2010. Dispõe sobre a inclusão de medidas 
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao bullying escolar no projeto pedagógico 
elaborado pelas instituições de ensino públicas e particulares no Estado do Maranhão, e dá 
outras providências. Diário Oficial do Maranhão. Disponível em: 
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/23269487/doema-executivo-18-11-2010-pg-2/pdfView. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
MASCARENHAS, S. Bullying e moralidade escolar: um estudo com estudantes do Brasil 
(Amazônia) e da Espanha (Valladolid). In: CONGRESSO DE PESQUISAS EM 
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO MORAL: CRISE DE VALORES OU VALORES EM 
CRISE?, I., 2009, Campinas. Anais eletrônicos... Campinas: Faculdade de Educação – 
Universidade Estadual de Campinas, 2009. CD-ROM. 
MATO GROSSO. Lei n. 9.724, de 19 de abril de 2012. Dispõe sobre a inclusão de medidas 
de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying escolar no projetopedagógico 
elaborado pelas escolas públicas e privadas em todo o território mato-grossense, e dá outras 
providências. Diário Oficial do Mato Grosso. Disponível em: 
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/36297393/doemt-19-04-2012-pg-1 Acesso em: 20 jan. 
2013. 
MATO GROSSO DO SUL. Lei n. 3.887, de 06 de maio de 2010. Dispõe sobre o Programa 
de inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar no 
projeto pedagógico elaborado pelas Instituições de Ensino e dá outras providências. Diário 
Oficial do Mato Grosso do Sul. Disponível em: 
http://ww1.imprensaoficial.ms.gov.br/pdf/DO7700_07_05_2010.pdf. Acesso em: 20 jan. 
2013. 
28352 
 
 
MENIN, Maria Suzana de Stefano. Valores na escola. Educação e Pesquisa, v. 28, n. 1, p. 
91-100, 2002. 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Violência na escola: pesquisa vai balizar políticas de 
prevenção e combate. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=18104:pesquisa-
vai-balizar-politicas-de-prevencao-e-combate&catid=222&Itemid=86. Acesso em: 05 out. 
2012. 
MORITA, Y. Violência na escola: uma abordagem japonesa. In: DEBARBIEUX, H.; 
BLAYA, C. (Orgs.) Violência nas escolas e políticas públicas. Brasília: UNESCO, 2002. 
OLWEUS, D. Conductas de acoso y amenaza entre escolares. 3. ed. Madrid: Morata, 2006. 
ORTEGA, R. R. O projeto de Sevilha contra a violência nas escolas: um modelo de 
intervenção educacional de natureza ecológica. In: DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Orgs.). 
Violência nas escolas: dez abordagens européias. Brasília: UNESCO, 2002. 
PARAÍBA. Lei n. 9.858, de 13 de julho de 2012. Dispõe sobre penalidades às escolas 
públicas e privadas do Estado da Paraíba quando verificada a prática do bullying, e dá outras 
providências. Diário Oficial da Paraíba. Disponível em: 
http://static.paraiba.pb.gov.br/2012/07/diariooficial17072012.pdf. Acesso em: 20 jan. 2013. 
PARANÁ. Lei n. 17.335, de 10 de outubro de 2012. Institui o Programa de Combate ao 
Bullying, de ação interdisciplinar e de participação comunitária, nas Escolas Públicas e 
Privadas do Estado do Paraná. Assembleia Legislativa do Paraná. Disponível em: 
http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=77838&i
ndice=1&totalRegistros=1. Acesso em: 20 jan. 2013. 
PEREIRA, B. O. Para uma escola sem violência: estudo e prevenção das práticas agressivas 
entre crianças. Porto: Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. 
PERNAMBUCO. Lei n. 13.995, de 22 de dezembro de 2009. Dispõe sobre a inclusão de 
medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying escolar no projeto 
pedagógico elaborado pelas escolas públicas e privadas de educação básica do Estado de 
Pernambuco, e dá outras providências. Assembleia Legislativa de Pernambuco. Disponível 
em: http://legis.alepe.pe.gov.br/legis_inferior_norma.aspx?cod=LE13995. Acesso em: 20 jan. 
2013. 
PIAUÍ. Lei n. 6.076, de 31 de maio de 2011. Dispõe sobre o enfrentamento da prática de 
bullying por instituições de ensino fundamental e médio, públicas ou privadas no Estado do 
Piauí. Diário Oficial do Piauí. Disponível em: 
http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario.php?dia=20110531. Acesso em: 20 jan. 2013. 
RIO DE JANEIRO (Estado). Lei n. 5.824, de 20 de setembro de 2010. Autoriza o Poder 
Executivo a criar a obrigação de notificação compulsória, nos casos de violência contra 
criança e adolescente, quando atendidos nos serviços de saúde e educação públicos e privados 
do Estado do Rio de Janeiro. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Disponível 
em: http://www.alerj.rj.gov.br/processo2.htm. Acesso em: 20 jan. 2013. 
28353 
 
 
RIO GRANDE DO SUL. Lei n. 13.474, de 8 de junho de 2010. Dispõe sobre o combate da 
prática de “bullying” por instituições de ensino e de educação infantil, públicas ou privadas, 
com ou sem fins lucrativos. Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Disponível em: 
http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas
=54438&hTexto=&Hid_IDNorma=54438. Acesso em: 20 jan. 2013. 
RONDÔNIA. Lei n. 2590, de 28 de outubro de 2011. Dispõe sobre a criação do Dia de 
Combate ao Bullying no âmbito do Estado de Rondônia Assembleia Legislativa de Rondônia. 
Disponível em: 
http://200.140.171.30:8080/sapl/sapl_documentos/norma_juridica/5509_texto_integral. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
RONDÔNIA. Lei n. 2621, de 04 de novembro de 2011. Assembleia Legislativa de Rondônia. 
Autoriza o Poder Executivo a instituir o programa de combate ao bullying, de ação 
interdisciplinar e de participação comunitária, nas escolas da rede de ensino público e 
particular do Estado de Rondônia. Disponível em: 
http://200.140.171.30:8080/sapl/sapl_documentos/norma_juridica/5536_texto_integral. 
Acesso em: 20 jan. 2013. 
SANTA CATARINA. Lei n. 14.651, de 12 de janeiro de 2009. Fica o Poder Executivo 
autorizado a instituir o Programa de Combate ao Bullying, de ação interdisciplinar e de 
participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado de Santa Catarina. 
Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Disponível em: 
http://200.192.66.20/ALESC/PesquisaDocumentos.asp. Acesso em: 20 jan. 2013. 
SERGIPE. Lei n. 7.055, de 16 de dezembro de 2010. Dispõe sobre o combate da prática de 
"bullying" por instituições de ensino e de educação, públicas ou privadas, com ou sem fins 
lucrativos e dá providências correlatas. Assembleia Legislativa de Sergipe. Disponível em: 
http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei.asp?Numerolei=7605. Acesso em: 20 jan. 2013. 
TOGNETTA, L. R. P. Violência na escola: os sinais de bullying e o olhar necessário aos 
sentimentos. In: PONTES, A.; LIMA, V. S. de (Org.). Construindo saberes em educação. 
Porto Alegre: Zouk, 2005. 
______. A história da menina e do medo da menina. 1. ed. Americana: Adonis, 2010. 
______. Um olhar sobre o bullying escolar e sua superação: contribuições da Psicologia 
Moral. In: TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. P. (Org.) Conflitos na instituição educativa: 
perigo ou oportunidade? Contribuições da Psicologia. Campinas: Mercado de Letras, 2011. 
TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. P. Estamos em conflito: eu comigo mesmo e com você. 
In: CUNHA, J. L. da; DANI, L. S. C. (Org.) Escolas, conflitos e violências. Santa Maria: 
UFSM, 2008. 
______. Até quando? Bullying na escola que prega a inclusão social. Educação. Revista do 
Centro de Educação. v. 35, p. 449-463, 2010.

Continue navegando