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Didática Aplicada a Pessoas com Deficiência Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Sueli Yngaunis Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva • O Professor e Sua Ação Como Docente sob a Perspectiva da Educação Inclusiva; • Revendo Conceitos Importantes do Processo de Ensino-Aprendizagem; • Ensino-Aprendizagem na Educação Inclusiva; • Mas Quem são os Alunos com Deficiência? • Conhecer as especifi cidades da ação docente na Educação Inclusiva; • Compreender os conceitos de Ensino-Aprendizagem sob a ótica da Educação Inclusiva; • Adquirir habilidades de pensar Práticas Pedagógicas alternativas que possam atender às necessidades específi cas de alunos com defi ciência. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva O Professor e Sua Ação Como Docente sob a Perspectiva da Educação Inclusiva Anteriormente, conversamos sobre deficiência e as implicações que a presença de alunos com deficiência traz para o espaço escolar, quando surgem situações em que os atores que compõem o cenário escolar são convidados a rever suas práticas para poder criar um ambiente de aprendizagem capaz de atender também às necessidades do aluno com deficiência. E como mencionamos na Unidade anterior, a pessoa com deficiência aprende a lidar com as questões do seu cotidiano, procurando alternativas que permitam a sua participação na Sociedade; por isso, é importante reconhecer a sua experiência anterior. Assim, é importante o professor fazer um levantamento prévio dos conhe- cimentos adquiridos fora do espaço da sala de aula, sobre o tema da aula. Engana-se quem pensa que o ensino em uma sala regular implica a transmissão de conteúdos diferentes para alunos diferentes, pelo contrário, é o professor que consegue transmitir esse conhecimento recorrendo a métodos e Didáticas diferen- tes de modo a contemplar as necessidades de um público diverso: O professor, na perspectiva da Educação Inclusiva, não é aquele que ministra um “ensino diversificado”, para alguns, mas aquele que prepara atividades diversas para seus alunos (com e sem Deficiência Mental/Inte- lectual e/ou Transtornos Funcionais Específicos) ao trabalhar um mesmo conteúdo curricular. (BREVILHERI, 2008, p. 4) Encontrar o Método ou a Didática ideal na Educação Inclusiva deve ser um exer- cício permanente de ação, e de reflexão sobre a ação, em busca de uma abordagem que respeite as diferenças, deixando de lado a padronização da prática, do ensino igual para todos. É preciso ter clareza sobre alguns pontos importantes: Onde o meu aluno deve chegar? Será que os recursos que estou utilizando são adequados para que o meu aluno consiga aprender? Estou só passando o conteúdo proposto para aquela hora- aula, ou o conteúdo é significativo para o aluno? Ou eu espero que ele apenas repita o que eu transmiti? (BREVILHERI, 2008). O professor detém a autonomia para escolher como irá trabalhar os conteúdos em sua aula e, no contexto da Educação Inclusiva, cabe a ele observar de que ma- neira esses conteúdos podem ser apreendidos pelo aluno com deficiência. Entretanto, o trabalho do professor precisa dispor de uma Rede de apoio para que a sua ação pedagógica seja efetiva. Estamos nos referindo ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), aos profissionais de Educação Especial, que são os intérpretes da Língua de Sinais, ao professor de braille, aos profissionais da saú- de e à família do aluno, que constituem um sistema de suporte permanente para o aluno com deficiência incluído no Sistema de Ensino Regular. 8 9 Diferente da Educação Especial concebida por muitos anos como sendo uma situação em que alunos com deficiência estudam em espaços separados, sob a ótica da Educação Inclusiva, a Educação Especial contempla um conjunto de recursos que as Escolas devem ter para poder atender à diversidade de seus alunos. ALUNO Família Pro�ssionaisda Saúde Professor Pro�ssionais da Educação Especial Atendimento Educacional Especializado Figura 1 Alguns pontos merecem atenção quando tratamos sobre o tema Educação In- clusiva, porém antes de mencionar esses pontos, vamos listar as responsabilidades inerentes a cada ator do cenário escolar: Tabela 1 PROFESSOR ESCOLA Organiza as atividades dos alunos durante o processo de aprendizagem O Projeto Pedagógico da Escola dire- ciona as ações do professor Ambos precisam ter compromisso com a diversidade, respeitando as diferenças de cada um, e desenvolver estratégias e ações que equiparem as oportunidades, promovam a cooperação e a colaboração. Dito isso, voltamos aos pontos que merecem a nossa atenção, principalmente, na Educação Inclusiva: • Respeito ao estilo de cada aluno; • Respeito ao ritmo de aprendizagem de cada aluno; • Respeito aos interesses de cada aluno. A adequação da Prática Pedagógica às diferentes formas de acompanhar, assimi- lar e processar a informação recebida em sala de aula, respeita as especificidades de cada um e valoriza mais o processo de aprendizagem em si, do que o resultado de uma avaliação pontual. 9 UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Assim sendo, a avaliação também deve ser um processo, que acompanha as dificuldades e a evolução dos alunos, e não apenas se todos conseguiram chegar no mesmo resultado. A avaliação processual durante as atividades propostas em sala de aula deman- dará um olhar atento do professor, que observará o desempenho do aluno durante as atividades, com o tempo de observação cotidiana de como o aluno se comporta mediante os diferentes estímulos que receber em sala de aula, o professor conse- guirá identificar as alternativas de Ações Pedagógicas que podem funcionar em um determinado contexto e, assim, fazer as adequações que se mostrarem necessárias, revendo o Planejamento da Aula. A figura a seguir mostra o que se espera de um professor de Educação Inclusiva: FLEXIBILIDADE NA ABORDAGEM DO CONTEÚDO PROMOÇÃO DE VÁRIAS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NAS ATIVIDADES RESPEITO DOS DIVERSOS MODOS DE EXPRESSÃO DOS ALUNOS Figura 2 Independentedas Técnicas ou dos Métodos de Ensino que o professor escolher, seu foco deve ser sempre as competências dos alunos com deficiência, e não em suas limitações, porque ao se preocupar apenas com o que o aluno não pode fazer, as suas possibilidades de atuação ficarão muito limitadas, pois só conseguirá ver as restrições. Ao identificar as competências desses alunos, é possível encontrar um leque de alter- nativas e criar condições favoráveis para que eles alunos possam participar das aulas. Um detalhe importante que o professor não deve esquecer é que, por mais que a Equipe de Apoio possa auxiliar com os recursos necessários para o atendimento especial, é ele, o professor que detém a prerrogativa de organizar as Práticas Do- centes com as quais ele irá conduzir suas aulas; é ele, como professor, que conhece o Processo de Ensino e Aprendizagem. Não poderíamos abordar sobre Didática, Técnicas e Metodologias sem antes re- fletir sobre a mudança de paradigma necessária para uma Ação Pedagógica eficaz, é 10 11 preciso se despir de pré-conceitos que desqualificam as pessoas com deficiência, só porque eles utilizam formas alternativas para aprender, estudar e fazer a devolutiva. Lembre-se de que o foco deve ser o objetivo de propiciar condições de aprendi- zagem a esses alunos, e não o de igualar aos demais da sala. Revendo Conceitos Importantes do Processo de Ensino-Aprendizagem A palavra Didática vem de uma palavra de origem grega didaktiké. A Didática foi instituída como Ciência reguladora do Ensino no século XVI, e definida por Commenius como a arte de ensinar. Importante! Comenius, mestre, cientista, escritor e integrante da classe eclesiástica, nasceu no dia 28 de março de 1592, no município de Nivnitz, na Morávia, região localizada na Europa central, atualmente território da República Checa. Ele foi educado em um núcleo familiar protestan- te, no interior da Igreja dos Irmãos Morávios, que adotava a linha de Jan Huss, dentro de um padrão de estrita humildade, singeleza e princípios inflexíveis e devotos. Leia mais sobre, disponível em: http://bit.ly/31mlT0d Figura 3 Fonte: Wikimedia Commons Você Sabia? A Didática é um campo de estudo que envolve as questões relacionadas ao Ensino, tendo como objeto de estudo os Processos de Ensino e Aprendizagem, e as relações que existem entre o ato de ensinar, exercida pelo professor, e o ato de aprender, que é o que se espera do aluno. A Didática aborda a relação entre professor e aluno, um trabalho de mediação, e de planejamento e desenvolvimento de ações que assegurem a construção do conhecimento, isto é, ela discute as questões referentes ao Processo de Ensino. 11 UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Assim, cabe à Didática propor: PRINCÍPIOS FORMAS DIRETRIZES Figura 4 Para que possa compreender a relação entre: ALUNO PROFESSOR MATÉRIA Figura 5 é preciso traçar uma rota, um caminho de como iremos conduzir essa relação, quais serão os percursos que iremos adotar. Originária do latim currere, o currículo significa rota, caminho. Assim, ao definir um currículo escolar, tanto a Escola quanto o professor estão definindo a trajetória que seus alunos irão percorrer. A trajetória de escolarização não contempla apenas os conteúdos que serão minis- trados, mas também as atividades propostas, as competências que serão desenvolvidas. Para muitos, o currículo é apenas uma lista de conteúdos que serão ministrados, mas esse documento, importante para a gestão escolar, deve contemplar, também, as formas de trabalho. 12 13 Ao pensarmos em acessibilidade sob a ótica da Educação Inclusiva, a adequação das formas de trabalho pode representar fisicamente a função de uma rampa para o cadeirante, do intérprete de Libras para o surdo, ou mesmo o Braille para o cego. Estamos falando em tornar os conteúdos acessíveis, não só em termos de acesso à informação, mas também de respeito às formas como cada um consegue assimi- lar e processar as informações trabalhadas em sala de aula, como, por exemplo, como um aluno com deficiência intelectual consegue aprender. Ser professor na Educação Inclusiva implica permanentemente realizar uma análise crítico-reflexiva sobre a Didática e o Currículo, e reconhecer que a aula, enquanto objeto de estudo da Didática, não começa na sala, mas sim quando se reflete sobre seu planejamento e organização (ANTERO, 2016). Figura 6 Fonte: Getty Images A aula como objeto de estudo da Didática não pode ser restrita a uma sala de aula. Se aula é um ato pedagógico em si, ela sempre acontece onde houver aprendizagem. São inúmeros os espaços de convivência nos quais o aluno recebe estímulos e é convidado a assimilar uma informação nova, ocorrendo uma aprendizagem informal. Já a aula em um espaço formal consiste em um conjunto de meios e condi- ções, incluindo não só métodos e técnicas, mas as condições socioafetivas de alunos e professores. Pensar em uma aula mais humana significa entender e respeitar as habilidades e as limitações dos alunos, contribuindo, assim, para o desenvolvimento integral do ser humano. A aula, como um Ato Pedagógico, precisa ser planejada e pensada para que o Processo de Ensino-Aprendizagem aconteça, levando os alunos a aprender não só dentro de uma sala de aula, mas também fora dela, nos diversos espaços sociais em que vivem. 13 UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Isso acontece a partir do momento que acontece a aprendizagem significativa, as relações de Ensino Aprendizagem geram vínculos pessoais e de conhecimento, não contempla apenas objetivos instrucionais, mas incluem também outras dimensões presentes nas relações de ensino aprendizagem, como, por exemplo, a satisfação e o prazer que consolida o processo de aprendizagem. Sem essas dimensões, a aula fica sem vitalidade, sem aprendizagem significativa, desestimulando a reflexão por alunos e professores (ROBSON; INFORSATO, 2011). Uma aula que leve em conta os aspectos humanos do ser reaproxima o professor de sua dimensão humana de sonhos, frustrações, dificuldades e múltiplas habilidades, dan- do-lhe condições de também atuar como ser entre seres (ROBSON; INFORSATO, 2011). Estamos estudando sobre Educação Inclusiva, o que inclui alunos com deficiência que, certamente, apresentarão algum grau de dificuldade em algumas atividades, sejam elas motoras, sejam auditivas, visuais, ou mesmo, aqueles que terão ritmos diferentes de aprendizagem. O professor deve ver as habilidades que esses alunos podem desenvolver, e não apenas as suas limitações. Agindo assim, esses alunos aprenderão a ver a si próprios como pessoas capa- zes de atuar como ser entre seres, de se desenvolver e viver em Sociedade com a autonomia possível propiciada pelos recursos de acessibilidade necessários. É o olhar do professor que será fundamental para que essa relação de Ensino- Aprendizagem se consolide, e se construa uma ponte entre ele e o seu aluno, conduzindo-o ao “crescimento não apenas cognitivo, mas, principalmente ,humano” (ROBSON; INFORSATO, 2011, p.84). Ensino-Aprendizagem na Educação Inclusiva Diretrizes e Documentos Oficiais Nacionais da Educação, no Brasil e no mun- do, colocam a EDUCAÇÃO de alunos com deficiência na perspectiva da Educa- ção Inclusiva como uma realidade que deve ser implementada nas Escolas, o que vem trazendo não só inúmeros desafios, mas também inúmeras oportunidades de aprendizado para todos os envolvidos na Educação Inclusiva. As práticas de Ensino devem ser repensadas, novos Códigos e Linguagens de- vem ser incorporados para situações específicas da aprendizagem: o conceito de Educação Inclusiva propõe um jeito diferente de pensar sobre as origens da apren- dizagem e as dificuldades de comportamento. O paradigma da inclusão escolar propõe a ressignificação de práticas e conceitos: professores precisam considerar a deficiência como parte da diversidade humana. 14 15 A intervenção pedagógica deve atender às necessidadesindividuais de cada alu- no, respeitando a sua forma de lidar com o conhecimento, uma forma diferente de executar as tarefas e manusear os materiais. Os alunos com deficiência tiveram de aprender a lidar com as situações, encon- trando maneiras alternativas para lidar com as restrições causadas pela deficiência, o que revela um potencial criativo que o professor pode explorar no Processo de Ensino-Aprendizagem. Além dos fatores sociais, pessoais e culturais, é importante que o professor também fique atento suas características pessoais, motoras, sensoriais e psíquicas do aluno, de modo a não só identificar os recursos e adaptações necessárias, mas também a atender suas necessidades em sala de aula, criando um ambiente propí- cio para que o Processo de Ensino-Aprendizagem seja efetivo, de modo a atender as necessidades de aprendizagem, tanto quanto aos instrumentos importantes para a aprendizagem, como a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo e a solução de problemas, quanto aos conteúdos básicos, de modo que possa, assim, desenvolver suas potencialidades e viver em Sociedade. Tabela 2 Instrumentos de aprendizagem Conteúdos básicos de aprendizagem • A leitura; • A escrita; • A expressão oral; • O cálculo; • A solução de problemas. • Conhecimentos; • Habilidades; • Valores; • Atitudes. Os alunos com deficiência precisam ser estimulados, e a afetividade, a socialização e a ludicidade são fatores importantes que devem ser considerados para criar um ambiente propício para que o Processo de Ensino-Aprendizagem seja bem-sucedido. A ludicidade é muito importante nos primeiros anos de Escola, pois é natural a criança aprender brincando. É por meio do lúdico que as crianças aprendem conteúdos, coordenação motora e a se socializar. Por isso, é muito importante que crianças com deficiência, estudem e brinquem junto a outras crianças, em todas as atividades, sejam elas de esportes, sejam brincadeiras, sejam de Artes e Música. Essa convivência potencializa o processo de Ensino-Aprendizagem de todas as crianças. Mas fica a pergunta: quem são elas? Como elas aprendem? Como elas proces- sam o conhecimento transmitido em sala de aula? Eis uma sugestão para outra pergunta: como elas convivem com o ambiente, com os outros e lidam com as restrições que a deficiência impôs para elas? Talvez, se compreendermos como esses alunos agem em diversas situações em suas vidas, possamos identificar muito mais possibilidades do que só ver as limitações. 15 UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Mas Quem são os Alunos com Deficiência? Vamos terminar esta Unidade conversando sobre quem são esses indivíduos que, em algum momento de suas vidas, seja no nascimento, seja em casos de de- ficiência adquirida, viram-se diante da constatação de que tinham uma deficiência. Há alguns anos diríamos “portadores de deficiência”. Lembramos que essa de- nominação não deve ser mais usada, pois as pessoas com deficiência não “portam” nada, elas são assim, elas aprenderam a ser o que são, com a deficiência. Por isso, é importante que a deficiência ocupe espaço em sala de aula e seja considerada no Planejamento do professor. Mas lembre-se: deve ser um espaço que abra novas possibilidades e maneiras alternativas do “agir docente”, e do “agir discente”. Figura 7 Fonte: Adaptado de Getty Images Observem que não iremos conversar sobre a deficiência, mas sobre o aluno que tem alguma deficiência. A pessoa deve vir antes, pois ela se constituiu como ser vivendo com a deficiência, que faz parte de sua vida. Apesar de reconhecermos que somos todos diferentes, a história contribuiu para que as diferenças de uma pessoa com deficiência sejam vistas de forma singular, muitas vezes, carregadas de significados que as desqualificam, interpretações e pré- -conceitos decorrentes do desconhecimento acerca dessas pessoas. O processo histórico de exclusão das pessoas com deficiência da Sociedade contribuiu para que as pessoas construíssem imagens negativas sobre a deficiência. Isso é possível perceber lendo as seguintes denominações, que foram largamente utilizadas ao longo da História da Humanidade: 16 17 Conotação de não ter validade para a sociedadeExcepcional Inválido Conotação de de não ser e ciente Di ciente Débil mental Conotação de incapacidade Paralítico Incapaz Figura 8 A primeira vez que uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação mencionou alu- nos com deficiência, foi em 1961, a LDB 4.024, que, em seu Artigo 88, refere-se a esses alunos como excepcionais: TÍTULO X Da Educação de Excepcionais Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar- se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade. Fonte: http://bit.ly/2BkllgF O modelo de que é preciso ser perfeito, bonito e forte para ter sucesso na vida, ainda é muito presente na Sociedade atual ainda é resquício da Idade Antiga, quan- do as pessoas com deficiência eram eliminadas, pois se esperava que o homem fosse belo, forte e perfeito para ser um bom soldado. Essa forma de pensar é muitas vezes incorporada pelas pessoas com deficiência, que se sentem inferiores em relação a outras pessoas. Deise é cega e se dedicou a ler textos que abordassem sobre a imagem da pessoas com deficiência e sobre a autoimagem delas, mas ela, em algum momento do texto, desabafa: Para escrever essas reflexões, li e reli inúmeros textos, de diversos autores, sensíveis, interes- sados na questão da pessoa com deficiência. Apesar de reconhecer a riqueza de informações e a dedicação e esforço desses autores em definir e conceituar o que é ser pessoa com defici- ência e o que é incluí-las na sociedade, devo confessar que pouquíssimas vezes me senti re- presentada, e raramente reconheci minha vida e meu jeito de ver as coisas nos relatos que li. Leia mais sobre em: http://bit.ly/2BklP6t Ex pl or 17 UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva A saga do aluno com deficiência começava nas Escolas que, muitas vezes, não aceitavam que ele fosse matriculado. Hoje, muitos instrumentos legais proibirem a recusa de Matrícula. Ainda assim, as dificuldades persistem, porque existe o desconhecimento de como agir com um aluno com deficiência em sala de aula. As Práticas Pedagógicas padronizadas deverão ser adaptadas, e professores e coordenadores deveram repensar essas práticas, e repensá-las deve passar pela revisão de ideias construídas sobre as restrições impostas pela deficiência, e ceder espaço para as possibilidades de intervenção. Terminamos esta Unidade com um Quadro que faz uma reflexão sobre as res- trições e possibilidades de cada aluno, conforme a sua deficiência. Foram citados alguns exemplos de situações em que podem ocorrer: Tabela 3 ALUNO COM RESTRIÇÃO POSSIBILIDADE DEFICIÊNCIA FÍSICA Não tem coordenação motora para escrever Aparelhos usados para prender o lápis: o professor, junto ao educando, verifica qual a melhor posição para posicionar o lápis de escrever DEFICÊNCIA VISUAL Ele não pode ver o mapa do Brasil Ele pode tatear com as mãos o mapa do Brasil em relevo DEFICIÊNCIA AUDITIVA Ele não pode apresentar Seminários, porque não fala Ele pode apresentar o Seminário usando a Língua de Sinais, e o in- térprete faz a tradução para voz DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Parece que ele não entende as minhas aulas Utilize Recursos Visuais de forma lúdica e chamativa, o que facili- tará a compreensão do conteúdo e a memorização Veja que esse é um exercício interessante, que pode ser feito pelo professor: lis- tar de um lado quais são as restrições, e pesquisar as possibilidades de intervenção. Até a próxima Unidade! 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Educação inclusiva: desafios da formação e da atuação em sala de aula http://bit.ly/2VNpy5U Jan Amos Comenius http://bit.ly/2VOZMyh Didática http://bit.ly/2pyTNRZ A aula: o ato pedagógico em si http://bit.ly/2Mq2Cqy 19UNIDADE Didática na Perspectiva da Educação Inclusiva Referências ANTERO, K. F. A Didática e Currículo Escolar: relações e reflexão sobre a práti- ca docente. In: II CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLU- SIVA, 2016, Campina Grande, Paraná. Disponível em: <http://docplayer.com. br/52169214-A-didatica-e-curriculo-Escolar-relacoes-e-reflexao-sobre-a-pratica-do- cente-katia-farias-antero.html>. Acesso em: 18 ago. 2019. BREVILHERI, I. de O. C.; STEINLE, M. C. B. Uma Didática inclusiva: alternati- vas diversificadas de apoio à aprendizagem do aluno da Sala de Recursos. Univer- sidade Estadual do Norte do Paraná, Campus de Cornélio Procópio, Programa de Desenvolvimento Educacional, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeduca- cao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2347-6.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2019. ROBSON, A. S.; INFORSATO, E. C. Aula: o ato pedagógico em si. Universidade Estadual Paulista. Prograd. Caderno de Formação: formação de professores Didá- tica geral. Cultura Acadêmica, São Paulo: v. 9, p. 80-85, 2011. Disponível em: <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/584/1/01d15t05.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2019. 20