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Trabalho da Disciplina [AVA 2] – Variação e ensino de língua portuguesa Francielle Santos de Albuquerque1 Segundo Luana Signorelli2, o termo Sociolinguística estuda um conjunto e pessoas que interagem verbalmente segundo as mesmas regras. Desta forma, tem-se a Sociolinguística como o estudo da língua no seu uso real e não ideal. Com base neste pensamento, na análise dos textos, exemplos dados para reflexão e considerando os conteúdos estudados nas unidades 1, 2, 3 e 4, devemos levar em conta que a linguagem foi feita para a comunicação. É importante termos em mente que nós, como sociedade, temos experiências (culturais, sociais, históricas e políticas) diferentes e que se refletem no nosso comportamento linguístico. O que resulta em variações linguísticas no tempo, no espaço social, geográfico, e de acordo com a situação que o falante se encontra, por exemplo, uma arquiteta que tem que apresentar seu projeto a um engenheiro, usará uma linguagem formal com termos voltados a profissão. Para fazer está mesma apresentação a um cliente ou a qualquer outra pessoa leiga no assunto, ela teria que usar uma linguagem menos formal, utilizando termos populares para um melhor entendimento do assunto. Uma língua oferece a seus usuários diferentes formas de falar e escrever, desta forma adaptamos a nossa fala e escrita para que a troca de informação aconteça sem falhas. Analisando a primeira situação, as estruturas destacadas pela professora pertencem à variedade não-padrão da língua, (que não se encaixa na norma culta), como as palavras : “fessora”, “castiga”, “pur”, e “arguama”, voltada a variação regional, explicita na forma de comunicação do personagem, 1 Discente do Centro Universitário Jorge Amado, graduanda em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Estudo de caso confeccionado para a disciplina “Linguagem Sociedade e Educação” – Avaliação 2. 2 Mestra em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e Doutoranda em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). https://blog.estrategiavestibulares.com.br/author/luanasignorelli/ https://unijorge.instructure.com/files/folder/groups_461/ https://unijorge.instructure.com/files/folder/groups_461/ ressaltando a bagagem (rural) do personagem em seu uso falado não comprometendo o entendimento, nem a qualidade do texto na tirinha. Podemos notar que o uso dessa linguagem no lugar da variedade padrão da língua dá mais realidade ao quadrinho, tornando-a perfeitamente adequada para o contexto, já que a intenção do autor era replicar a linguagem comum e corrente do espaço rural. No Brasil, a utilização diferenciada do português é ocasionada, principalmente, pela vasta extensão territorial, gerando as diferenças regionais, e pela desigualdade social, relacionada com a distinção entre variedade não-padrão e a norma culta (BAGNO, 2007). Cagliari (1999), sugere que a definição de erro e acerto é apenas uma forma de facilitar o preconceito social e a construção de prestígio. Com base nisso, a ação da professora em trabalhar está análise em sala de aula é adequada, principalmente para evitar este tipo de preconceito. Ao trabalhar essas variantes em sala de aula a professora deve ter em mente que todas as línguas apresentam um certo grau de versatilidade na fala e na escrita que é provocada por vários fatores socioculturais. Toda língua é múltipla, flexível, rica em suas muitas formas, ou seja, toda língua possui variantes linguísticas, como diz Vinícius Ferreira, em “O que é variação linguística”. Neste caso da tirinha, a professora deve trabalhar adequadamente levando em consideração que os alunos agregam características marcantes da sua cultura, principalmente quando se trata da língua falada, e que isso não resulta em julgá-la como incorreta, sustentando que uma variedade seja mais exata que a outra. Outro exemplo desta variedade pode ser visto na imagem abaixo, onde os fatores geográficos e culturais determinam os usos linguísticos. Imagem 01 – Variedade linguística Fonte: Google imagens, 2020. Para Signorelli (levando em consideração que Linguística é a língua falada no contexto social, isto é, no seu uso real), uma gramática, por exemplo, prevê situações ideais para a língua, mas – como sabemos – quando abrimos a boca para falar nem sempre tudo o que sai dali segue padrões gramaticais rígidos. Na segunda situação o professor corrige o aluno considerando apenas a variação padrão da língua priorizando o uso determinado pela gramática normativa, sustentando e fortificando apenas o conceito de “certo’ e “errado”, desconsiderando a compacidade do aluno em se expressar fazendo uso da língua materna. A relação entre fala e escrita neste caso, se torna um pouco complexa se levarmos em consideração as diferenças entre a linguagem coloquial, gírias e pontuação, por exemplo. Entretanto, isso não impede que o autor da tirinha utilize esse tipo de linguagem limitando a variedade em seu uso falado, cabe ao professor apontar essa informação aos seus alunos. Na situação 1, em relação a questão USO – REFLEXÃO – USO, podemos afirmar que o trabalho da professora pauta-se nas diretrizes estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, porque considera a escola como um espaço importante para o combate à discriminação linguística. O professor deve trabalhar juntamente ao aluno, enfatizando que esta é uma variante da língua que não se adequa ao contexto formal da situação em sala de aula, porém, deve deixar claro que não é errada, uma vez que é possível e presente a comunicação. Vale ressaltar, que em ambas as situações podemos perceber que há uma interação do aluno com o professor(a) e apesar do contexto geográfico ser o mesmo, na segunda situação a fala do aluno ainda é cabível dentro da intenção comunicativa entre aluno e professor. É importante é que haja conhecimento das variantes, para saber de que forma se comunicar em determinado meio, assim como na escrita. Cabe aos professores e à escola, como um todo, fazer com que o aluno seja capaz de interagir com os outros apesar de suas diferenças linguísticas, cuidando para que não se possa existir, muito menos se produzir o preconceito linguístico. Bagno (1999) ressalta que os educadores devem ter em mente que o português não padrão é diferente do português padrão, mas igualmente lógico, bem-estruturado e acompanha as tendências naturais da língua, quando não refreada pela educação formal. Acrescenta que o português não padrão não é pobre, carente e nem errado. Na tirinha, por exemplo, da primeira situação a professora poderia ter corrigido Chico Bento, como aconteceu no segundo exemplo, já que uma das posturas dos profissionais da área é se afastar de julgamento de valores em relação à língua falada e suas variações e ter em mente que, a linguagem muda conforme a cultura de cada grupo inserido em determinadas classes sociais. Segundo Hugo Neto, no site Brasil Escola, a língua padrão é apenas um alicerce para o aluno entender e compreender essa formalidade, pois, ela faz jus à comunidade estudantil. A escola e os professores têm o direito e o dever de ensinar a variação padrão, mas não de menosprezar o aluno que se utiliza de um a variação menos valorizada pela sociedade. Isso seria como afirma Possenti (2008), um crime contra os discentes e sua cultura. REFERÊNCIAS BECKER, L; MÉA, Célia. A língua portuguesa nos parâmetros curriculares nacionais - um caso de inclusão ou exclusão da linguagem coloquial? Disponívelem<https://www.periodicos.unifra.br/index.php/disciplinarumALC/article/view /729>. Acesso em: 03 set. 2020. FERREIRA, V. O que é variação linguística. 2013. Disponível em: <https://decifrandoalingua.wordpress.com/2013/02/27/o-que-e-variacao linguistica2/>.Acesso em: 06 set. 2020. MANINI, D. Eixo da reflexão, conhecimentos linguísticos, análise linguística ou ensino de gramática: o que propõem os PCNS, o que trazem os LDPS. Disponível em: <https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/e00013.htm.>Acesso em: 05 set. 2020. NETO, H. O preconceito linguístico: relação alunos e ensino. Disponível em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao- alunos-ensino.htm/>. Acesso em: 09 set. 2020. SANTOS, Leonor W Werneck Dos. O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS PCN’S. Disponível em < https://www.filologia.org.br/viisenefil/06.htm >. Acesso em: 03 set. 2020. SANTOS, L. O ensino de língua portuguesa e os PCN’S. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viisenefil/06.htm>. Acesso em: 05 set. 2020. SIGNORELLI, L. Variação Linguística: conceito, classificação e como ela surge. 2020. Disponível em: <https://blog.estrategiavestibulares.com.br/variacao-linguistica/>. Acesso em: 04 set. 2020. https://blog.estrategiavestibulares.com.br/author/luanasignorelli/ https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/e00013.htm https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao-alunos-ensino.htm/ https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao-alunos-ensino.htm/ https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-preconceito-linguistico-relacao-alunos-ensino.htm/ http://www.filologia.org.br/viisenefil/06.htm https://blog.estrategiavestibulares.com.br/author/luanasignorelli/ https://blog.estrategiavestibulares.com.br/variacao-linguistica/
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