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Aula 1 - Noções básicas de Psicologia

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Aconselhamento
Aula 1: Noções básicas de Psicologia
Apresentação
Nesta aula, daremos os primeiros passos para que inicie sua preparação intelectual e teórica para
aconselhar. Será necessário aprender a ouvir com empatia, com alteridade e sobretudo dirigir uma palavra
de edi�cação ao próximo.
Devemos ressaltar que as ciências humanas são instrumentos para um aconselhamento pastoral libertador,
mas não podemos confundir atendimento psicológico ou psicoterapia com aconselhamento pastoral ou
cristão e aconselhamento bíblico.
Objetivos
Descrever os conhecimentos fundamentais de Psicologia;
Explicar a necessária inter-relação entre Psicologia-Teologia para um conhecimento verdadeiro da vida
interior da pessoa humana (essência, alma, mente, subjetividade, self, espírito);
Apontar os fundamentos bíblicos do aconselhamento cristão.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
História
A História é a ciência que nos faz mergulhar no oceano do verdadeiro conhecimento. Ela nos remete ao passado,
na busca da arké, como diziam os �lósofos pré-socráticos. Ela nos remete às origens, ao Big Bang inicial de todo
processo.
Portanto, na educação formal, sobretudo no nível superior, é primordial conhecer as origens das diversas formas
de conhecimentos cientí�cos. Daí a necessidade de estudarmos a origem da Psicologia como forma cientí�ca do
conhecimento humano.
Os historiadores da Psicologia dividem em três fases a história desta jovem-anciã ciência.
Nessas duas primeiras aulas, seguiremos essa divisão, para compreender melhor a Psicologia.
Saiba mais
Antes de iniciar a leitura do conteúdo, acesse o site do Conselho Federal de Psicologia, para se familiarizar com a
linguagem da ciência psicológica. Nele, você encontrará informações sobre a Psicologia e a vida psíquica da
população humana.
Primeira fase
A primeira fase é a chamada pré-cientí�ca, a fase �losó�ca da Psicologia. É na passagem do séc. VII a. C para o
séc VI a. C com os �lósofos pré-socráticos que encontramos as primeiras abordagens da interioridade humana,
ou seja, a suspeita que o ser humano não seja apenas um “animal qualquer”, como bem conceituará mais tarde o
mestre Aristóteles: “O homem é um animal racional”, ζῷον orἄνθρωπον λόγοϛ ἔχων (zoon or anthropon logon
echon).
Sabemos também pela história que a humanidade e a civilização surgiram na África. Para mais informações
sobre esse tema, basta consultar a história da Núbia e, sobretudo, do Egito Antigo. Você verá aí vestígios dos
primeiros seres humanos e da primeira civilização, tese defendida pelos afrocentristas.
A civilização ocidental ou eurocêntrica surgiu entre os mares Mediterrâneo, Jônico e Egeu, por volta do ano 2000
a.C., a partir de um intenso movimento migratório de povos nômades indo-europeus: Jônicos, eólios e dórios,
dando início as cidades –estados (polis) − Esparta, que politicamente era comandada pela oligarquia e
economicamente pela agricultura, e Atenas, democrática e comercial −, que movimentaram a vida grega a partir
do século VIII a. C. nas diversas áreas, com diversas inovações tecnológicas, sobretudo no campo do
conhecimento, “rompendo” com as cosmovisões míticas e religiosas.
Saiba mais
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Veja também: Afrocentricidade: uma abordagem inovadora.
 (Fonte: Raffaello Sanzio / wikipedia.)
Filósofos pré-socráticos
Os �lósofos pré-socráticos provocaram uma
revolução epistemológica, como um terremoto de
alta escala faz tremer e racha a terra, o despertar do
logos grego deslocou o eixo do epicentro da re�exão
humana.
Como Aristóteles os chamou, estes �siólogos ou
estudiosos da physis, da natureza e da cosmologia
passaram de uma concepção sobrenatural da
realidade para uma cosmovisão natural, ou seja,
buscaram nos elementos primordiais − água, terra,
fogo, ar, átomo, ápeiron a arké − a gênesis ou origem
de tudo.
O pensamento humano, a forma de conceber o real ganha características novas: Criticidade, concretude,
globalidade, sistematização. Ainda era uma Filoso�a oral, pois não havia se consolidado a cultura escrita.
Somente a partir do século terceiro, com Platão, haverá a sistematização escrita. Os pré-socráticos pouco
escreveram e pouco cuidado tiveram com seus escritos, tanto que a maioria se perdeu, restando apenas alguns
fragmentos.
Portanto, conceitos como arké, causalidade, physis (natureza), logos, cosmo e crítico são estruturantes da
Filoso�a pré-socrática e de toda abordagem cientí�ca ocidental que virá posteriormente.
Segundo o �lósofo brasileiro Danilo Marcondes (1998, p. 27):
"Um dos aspectos mais fundamentais do saber que se constitui nessas primeiras
escolas de pensamento, sobretudo na escola jônica, é seu caráter crítico. Isto é,
as teorias aí formuladas não o eram de forma dogmática, não eram apresentadas
como verdades absolutas e de�nitivas, mas como passíveis de serem discutidas,
de suscitarem divergências e discordâncias, de permitirem formulações e
propostas alternativas. Como se trata de construções do pensamento humano,
de ideias de um �lósofo – e não de verdades reveladas, de caráter divino ou
sobrenatural –, estão sempre abertas à discussão, à reformulação, a correções. O
que pode ser ilustrado pelo fato de que, na escola de Mileto, os dois principais
seguidores de Tales, Anaxímenes e Anaximandro, não aceitariam a ideia do
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mestre de que a água seria o elemento primordial, postulando outros elementos,
respectivamente o ar e o apeíron, como tendo esta função. Isso pode ser tomado
como sinal de que nessa escola �losó�ca o debate, a divergência e a formulação
de novas hipóteses eram estimulados. A única exigência era que as propostas
divergentes pudessem ser justi�cadas, explicadas e fundamentadas por seus
autores, e que pudessem, por sua vez, ser submetidas à crítica."
Sobre a arké desta nova forma de pensar e compreender a realidade a�rma o grande �lósofo da ciência Karl
Popper:
"O que é novo na Filoso�a grega, o que é acrescentado de novo a tudo isso,
parece-me consistir não tanto na substituição dos mitos por algo mais “cientí�co”,
mas sim em uma nova atitude em relação aos mitos. Parece-me ser meramente
uma consequência dessa nova atitude o fato de que seu caráter começa então a
mudar. A nova atitude que tenho em mente é a atitude crítica. Em lugar de uma
transmissão dogmática da doutrina (na qual todo o interesse consiste e preservar
a tradição autêntica) encontramos uma tradição crítica da doutrina. Algumas
pessoas começam a fazer perguntas a respeito da doutrina, duvidam de sua
veracidade, de sua verdade. A dúvida e a crítica existiriam certamente antes disso.
O que é novo, porém, é que a dúvida e a crítica tornam-se agora, por sua vez, parte
da tradição da escola"
POPPER, 1974, p. 22
Segunda fase
Como a própria Filoso�a é dinâmica, também sofrerá um abalo que alterará o epicentro de sua pesquisa e de sua
re�exão. No século quarto antes de Cristo, a Sofística deslocará o eixo da pesquisa e da re�exão �losó�ca da
physis, da natureza e do cosmo, para o antropológico. Protágoras a�rmará que “o homem é a medida de todas as
coisas”, caminho este que será trilhado por um dos mais brilhantes alunos desta escola e um dos gênios do
pensamento �losó�co ocidental: Sócrates.
Mas, antes de falarmos sobre este gênio que contribuiu para o nascimento da Psicologia é importante lembrar o
dramaturgo e poeta grego que muito contribuiu para a abordagem da alma humana: Sófocles.
Como Ésquilo e Eurípedes, ele escreveu tragédias, como Antígona, Eléctra e seu best-seller: Édipo Rei. Foi nesta
obra que Sigmund Freud, a partir de casos concretos de histeria e complexo de culpa, descobrirá no século XIX o
inconsciente humano. Sobre a história de Édipo Rei que você já conhece, o �lho mata o pai e casa com a mãe. No
entanto, convido você a relê-la antes de prosseguir nesta leitura: Rei Édipo.
Leitura
Sobre a história de Édipo Rei que você já conhece, o �lho mata o pai e casa com a mãe. No entanto, convidovocê a
relê-la antes de prosseguir nesta leitura: Rei Édipo.
Sócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates (470?-399 a. C.)
Um dos maiores gênios do pensamento �losó�co ocidental. Tido por seus contemporâneos como o maior sábio
da Grécia clássica, vai ao Templo de Delfos para saber a procedência desta tradição e lá recebe a informação
pela deusa do conhecimento que realmente é o mais sábio porque sabe que nada sabe: “Só sei que nada sei.”
Aproveitando desta visita ao templo de Delfos, adota a máxima que estava escrita no dentel deste templo:
“Conhece-te a Ti mesmo.”
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Sua grande contribuição para o conhecimento psicológico segundo Carpigiani foi:
"A alma, para Sócrates, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição
estão o caráter moral da razão. Por seu método, esses valores são sedimentados,
tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico, com
suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a
possibilidade de o Homem aproximar-se verdadeiramente de si mesmo. No
processo de descoberta desses valores contidos na alma, mediante a razão o
Homem adquire �rmeza moral, aproximando-se do bem. [...] Além de propiciar o
impulso do Homem em direção ao conhecimento de si mesmo, a “Psicologia
socrática” está ligada à introspecção e à ética que fundamentam o
comportamento humano, tornando-o conhecido e possível de revisão. É pelo
conhecimento do bem localizado em si como virtude conhecida que o homem
chegará à felicidade. O oposto, ou seja, o mal é fruto da ignorância.”
CARPIGIANI, 2001, p. 16
Platão (427- A. C.?-448 a. C.)
javascript:void(0);
"Assim como você não deveria tentar curar os olhos sem curar a cabeça, ou a
cabeça sem o corpo, da mesma forma você não deveria tentar curar o corpo sem
curar a alma [...] porque uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo
esteja bem. [...] Por isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve
começar curando a alma."
Samus auctor, diam in rutruim.
Antes de abordarmos a tese platônica sobre a psique humana, leia 1Cor
12,12-26 e veja a importância de uma compreensão holística da pessoa e
suas problemáticas, percepção tanto de Platão na epígrafe quanto de São
Paulo em Primeiro Coríntios.
Platão, �lósofo e matemático, estudou treze anos no Egito, foi aluno de Sócrates e professor de Aristóteles. É um
dos pilares da Filoso�a ocidental. Segundo Carpigiani (2001), sua contribuição para a compreensão psicológica
do ser humano é muito importante.
"Se pudéssemos pensar numa “Psicologia platônica”, poderíamos utilizar um
modelo que o próprio Platão nos oferece quando compara a alma a uma parelha
de cavalos conduzidos por um cocheiro. “O cocheiro simboliza a razão, um dos
cavalos simboliza a energia moral e o outro simboliza o desejo”. Tudo o que
Platão escreve sobre o funcionamento do organismo, sobre as perturbações
psíquicas, está de alguma forma ligado a essa ideia de alma tripartida; portanto, a
construção do conhecimento constitui, para ele, uma engrenagem perfeita entre
intelecto e emoção, razão e vontade, inteligência e amor"
CARPIGIANI, 2001, p. 20
Aristóteles (384 a.C-322
a.C)
Sem dúvida, um dos maiores pensadores do mundo
ocidental. Sua produção intelectual abrange várias
áreas, como: Lógica, ética, política, Teologia,
metafísica, poética, retórica, antropologia, Psicologia,
física e biologia. Foi discípulo de Platão.
Diferentemente de seu mestre, porém, concebe a
alma humana como mortal. Ela e o corpo são
indissociáveis, sendo a psyché o princípio ativo da
vida. “Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se
alimenta possui a sua psyché ou alma.” Ou seja, os
vegetais, os animais e o homem teriam alma.
Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se de�ne
pela função de alimentação e reprodução. Os animais
teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a
função de percepção e movimento. O homem teria os
dois níveis anteriores e a alma racional, cuja função
principal é o pensamento, ou seja, a re�exão.
 (Fonte: Gravura de Charles Laplante / wikipedia.)
 (Fonte: Fitzwilliam Museum, Cambridge / pinterest.)
Aurelius Augustinus
Hipponensis (354 d.C-
430d.C.)
Também conhecido como Agostinho de Hipona ou
Santo Agostinho, é um dos maiores gênios do
pensamento �losó�co-teológico cristão. Sua
trajetória epistêmica evolui do maniqueísmo para o
platonismo cristianizado. Na sua abordagem da
psique humana, defende a tese que a alma não é de
natureza má, porque foi criada por Deus, que criou
todos os seres bons (Gn 1,1-30). A questão está na
unidade da alma com o corpo.
Segundo Agostinho, a alma é imortal e já nasce com
a pessoa. Seguindo Platão, concebe a alma
tridimensionalmente: Alma vegetativa, sensitiva e
intelectiva, que são articuladas em uma substância
humana. O que leva alguns autores a a�rmarem que
em Agostinho a inteligência é divina, ou seja, o
intelecto intuitivo e a razão discursiva controlam a
vontade, fazendo com que no homem esta seja o
amor; no animal, o instinto; e nos seres inferiores
cegos, o apetite.
Tommaso d’Aquino (1225-
1274)
Santo Tomás de Aquino é outro gênio cristão que
contribuiu para o conhecimento psicológico da
pessoa humana. Se Agostinho encontrou em Platão
uma compreensão da psique humana, Tomás beberá
em outra fonte grega, ou seja, é em Aristóteles que
ele buscará a compreensão da pessoa humana,
sobretudo a clássica distinção entre essência e
existência.
Para o estagirita, a pessoa humana na sua essência
busca a perfeição ao longo de sua existência.
Teologizando esta questão, Tomás de Aquino
a�rmará que somente Deus é capaz de unir essência
e existência perfeita. Assim, a busca de perfeição
humana é a busca pelo sagrado, pelo transcendente,
por Deus. A alma nos humanos é racional e
incorruptível, enquanto nos animais ela é irracional e
corruptível.
 (Fonte: wikimedia).
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
 (Fonte: wikimedia).
René Descartes (1596-
1650)
Este �lósofo e matemático francês, �lho de italianos,
não só é o maior expoente do racionalismo, mas o
fundador da Filoso�a moderna: “cogito ergo sum”.
com esta fórmula matemática, “penso, logo existo”,
escrito em francês “je pense, donc je suis”, às vezes
traduzido também por “penso, logo sou”, revolucionou
o pensamento ocidental.
Considerado por muitos historiadores como o
fundador da própria modernidade, sobretudo nas
Meditações e no Discurso sobre o método, coloca as
bases do fundamento do novo saber, do novo
conhecimento cientí�co e �losó�co: a racionalidade.
Descartes, buscando superar o dogmatismo que tudo
sabe e o ceticismo que nada pode saber, estabelece a
dúvida hiperbólica como critério para uma busca
contínua do verdadeiro conhecimento.
Segundo Severino, �lósofo brasileiro contemporâneo, professor emérito da USP (Universidade de São Paulo):
"E a revolução que vai ocorrer é fundamentalmente uma revolução
epistemológica. Tudo começa com a insatisfação de novos pensadores com as
explicações trazidas pela metafísica, a essa altura ainda compromissada com a
Teologia cristã! Começa a se questionar a tutela que a Teologia exercia sobre a
Filoso�a e a ideia de que a razão natural dos homens �cava na dependência da
graça divina e devia ser orientada e corrigida pela fé. É claro que tudo isso tinha a
ver também com o ordenamento sócio-político da época, com as complicadas
relações entre a Igreja e os Estados, que também então começavam a se
constituir. Mas os con�itos se expressam ainda no plano �losó�co. E começa a
haver então uma crítica cerrada à Filoso�a medieval, considerada pura metafísica.
Os �lósofos modernos esforçam-se para encontrar novas formas de exercer a
re�exão �losó�ca, estimulados pela nova postura de outro grupo de pensadores,
os cientistas, que apresentavam uma nova forma de representação do mundo.
Assim, ao mesmo tempo em que se assiste ao nascimento da ciência como uma
nova formade conhecimento do mundo, ocorre também uma modi�cação na
maneira de se conduzir a re�exão �losó�ca."
SEVERINO, 1994, p. 72.
Ainda segundo Antônio Joaquim Severino, para o progresso da Psicologia, o mais importante trabalho realizado
por Descartes foi a tentativa de resolver o problema mente-corpo, res cogitans (coisa pensante) e res extensa
(coisa extensa), motivo de muitas controvérsia durante séculos, pois para ele a função da mente era pensar,
enquanto os outros processos eram de responsabilidade do corpo:
“[...] ele introduziu uma abordagem do problema corpo-mente que focalizava a
atenção numa dualidade física/Psicologia. Ao fazê-lo, desviou a atenção do
conceito abstrato da alma para o estudo da mente e suas operações. Como
resultado, os métodos de pesquisa deixaram a análise metafísica e abraçaram a
observação objetiva... A mente, contudo, é livre, não tem extensão nem
substância. Mas a ideia revolucionária é a de que mente e corpo, embora
distintos, são capazes de interagir dentro do organismo humano. A mente pode
in�uenciar o corpo e o corpo in�uenciar a mente"
SEVERINO, 1994, p. 41
John Locke (1632-1704)
Para concluir esta fase pré-cientí�ca, é bom que você saiba também da contribuição da Filoso�a experimental ou
empirismo inglês para a origem da Psicologia moderna. E John Locke pode ser considerado a porta de entrada
nesta nova forma de �losofar, na qual a experiência é fundamental para estabelecer os fundamentos da Filoso�a
moderna.
Sua principal obra, que pode ser considerada um embrião da Psicologia moderna, é Ensaio sobre o entendimento
humano, de 1690, que in�uenciou pensadores como George Berkeley e David Hume. Pelo título já dá para você
perceber a importância desta obra para a compreensão da Psicologia humana. Ele aborda o aspecto
antropológico que a Filoso�a antiga chamou de psique, a Filoso�a medieval chamou de alma e o pensamento
moderno chamará de mente.
Ele defende a tese que a experiência humana é fonte do conhecimento. A sua origem pode ser externa, nas
sensações, e interna, na re�exão. Em sua principal obra, Locke parte de René Descartes, discordando deste sobre
as ideias inatas. Para Locke, elas são simples ou compostas. A ideia de comprimento diz respeito à visão,
portanto, é simples. A ideia de doença é fruto de uma associação de várias ideias, portanto, é composta.
Atenção
Como você sabe, o debate racionalismo e empirismo funda suas raízes na Grécia clássica. Platão, considerado
idealista, pode ser também considerado o pai do racionalismo, no seu dualismo epistemológico divide o mundo em
ideal e real. Segundo ele, a verdade está no mundo ideal, pois o mundo real é cópia, aparência, sombra. Você poderá
saber mais sobre esta tese lendo A Alegoria da Caverna.
Racionalismo
Aristóteles, aluno de Platão, é o fundador do empirismo. É dele a célebre
a�rmação: “Nada está no intelecto que não tenha antes passado pelos
sentidos”. Portanto, na modernidade, este debate �losó�co ganhará as
nomenclaturas empirismo e racionalismo.
O racionalismo defende a tese segundo a qual a razão é a fonte de todo conhecimento humano. É ela que
fornece a priori (ideias inatas) sobre o conteúdo sensorial ou empírico. As teses racionalistas colocam a ênfase
na racionalidade, na razão como guia e condutora do conhecimento �losó�co e cientí�co. A matemática,
sobretudo a geometria, é o paradigma epistemológico racionalista.
O paradigma racionalismo a�rma que, independentemente da estimulação sensorial, a mente tem o poder de
gerar ideias; portanto, todo conhecimento se fundamenta na razão e não nos sentidos. Para o paradigma
racionalista, o problema central não é o que está na mente, mas no que ela faz. Pressupõe que o intelecto tenha
habilidade e competência para realizar todo o processo gnosiológico, ou seja, de captar, memorizar, re�etir e
desejar.
Atividade
1. Utilize os números para correlacionar os grupos de verbos às suas categorias de domínio cognitivo:
a) Os �lósofos pré-socráticos provocaram uma revolução epistemológica, como um terremoto de alta escala faz tremer e
racha a terra, o despertar do logos grego deslocou o eixo do epicentro da re�exão humana. Como Aristóteles os chamou, estes
�siólogos ou estudiosos da physis, da natureza e da cosmologia passaram de uma concepção sobrenatural da realidade para
uma cosmovisão natural, ou seja, buscaram nos elementos primordiais: Água, terra, fogo, ar, átomo, apeiron a arké, a gênesis
ou origem de tudo.
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b) Segundo o �lósofo Danilo Marcondes, “um dos aspectos mais fundamentais do saber que se constitui nessas primeiras
escolas de pensamento, sobretudo na escola jônica, é seu caráter crítico. Isto é, as teorias aí formuladas não o eram de forma
dogmática, não eram apresentadas como verdades absolutas e de�nitivas, mas como passíveis de serem discutidas, de
suscitarem divergências e discordâncias, de permitirem formulações e propostas alternativas.”
c) “A alma, para Sócrates, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição estão o caráter moral da razão. Por seu
método, esses valores são sedimentados, tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico, com
suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a possibilidade de o Homem aproximar-se
verdadeiramente de si mesmo.”
d)“Se pudéssemos pensar numa “Psicologia platônica”, poderíamos utilizar um modelo que o próprio Platão nos oferece
quando compara a alma a uma parelha de cavalos conduzidos por um cocheiro. “O cocheiro simboliza a razão, um dos cavalos
simboliza a energia moral e o outro simboliza o desejo”. Tudo o que Platão escreve sobre o funcionamento do organismo, sobre
as perturbações psíquicas, está de alguma forma ligado a essa ideia de alma tripartida.”
e) Segundo Antônio Joaquim Severino, para o progresso da Psicologia, o mais importante trabalho realizado por Descartes foi
a tentativa de resolver o problema mente-corpo, res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa extensa), motivo de muitas
controvérsia durante séculos, pois para ele a função da mente era pensar, enquanto os outros processos eram de
responsabilidade do corpo. “Ele introduziu uma abordagem do problema corpo-mente que focalizava a atenção numa
dualidade física/Psicologia. Ao fazê-lo, desviou a atenção do conceito abstrato da alma para o estudo da mente e suas
operações. Como resultado, os métodos de pesquisa deixaram a análise metafísica e abraçaram a observação objetiva.”
2. Segundo nossos estudos nesta aula, este pensador foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e
existência. Como o �lósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua
existência. Mas, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, a�rma que somente Deus seria
capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca de perfeição pelo homem
seria a busca de Deus. Ele encontra argumentos racionais para justi�car os dogmas da Igreja e continua garantindo
para ela o monopólio do estudo do psiquismo:
a) Santo Agostinho
b) Martinho Lutero
c) Tomás de Aquino
d) Karl Marx
e) Sigmund Freud
3. Sobre o empirismo, assinale a alternativa verdadeira:
a) Posição filosófica caracterizada pela afirmação de que a razão é, de alguma forma, a fonte do conhecimento. A ênfase é
na justificação sistemática da razão e do conhecimento nela baseado, e a matemática, especialmente a geometria, é
frequentemente apontada como o modelo da epistemologia.
b) A experiência é a fonte do conhecimento. Esse paradigma defende que a experiência pode ter tanto origem externa,
nas sensações, quanto interna, na reflexão.
c) A alma, para esta tese, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição estão o caráter moral da razão. Por
seu método, esses valores são sedimentados, tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico,
com suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a possibilidadede o Homem aproximar-
se verdadeiramente de si mesmo.
d) “Assim como você não deveria tentar curar os olhos sem curar a cabeça, ou a cabeça sem o corpo, da mesma forma
você não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma (...) porque uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo
esteja bem. (...) Por isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar curando a alma.”
Notas
Referências
BÍBLIA ONLINE. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/acf. Acesso em: 06 jan. 2020.
BOCK, A. M. B., et al. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
CARPIGIANI, B. Psicologia: Das raízes aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Pioneira, 2001.
CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral: Modelo centrado em libertação e crescimento. São Paulo:
Sinodal, 1987; Paulinas e Sinodal, 2000.
COLLINS, G.R. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 2011.
DAVIDOFF, L.L. Introdução à Psicologia. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001.
INTERSABERES (Org.). Práticas pastorais. Curitiba: InterSaberes, 2015.
MARCONDES, D. Iniciação à história da �loso�a. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
PEZZINI, Lucineyde Amaral Picelli. Contribuições da Psicologia para o trabalho pastoral. Curitiba: InterSaberes,
2017.
POPPER, P. O balde e o holofote (apêndice). In: POPPER, P. Conhecimento objetivo. São Paulo: Itatiaia-Edusp,
1974.
Próxima aula
Relação Teologia e Psicologia;
Psicologia da religião;
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Teologia da religião.
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