Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aconselhamento Aula 1: Noções básicas de Psicologia Apresentação Nesta aula, daremos os primeiros passos para que inicie sua preparação intelectual e teórica para aconselhar. Será necessário aprender a ouvir com empatia, com alteridade e sobretudo dirigir uma palavra de edi�cação ao próximo. Devemos ressaltar que as ciências humanas são instrumentos para um aconselhamento pastoral libertador, mas não podemos confundir atendimento psicológico ou psicoterapia com aconselhamento pastoral ou cristão e aconselhamento bíblico. Objetivos Descrever os conhecimentos fundamentais de Psicologia; Explicar a necessária inter-relação entre Psicologia-Teologia para um conhecimento verdadeiro da vida interior da pessoa humana (essência, alma, mente, subjetividade, self, espírito); Apontar os fundamentos bíblicos do aconselhamento cristão. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online História A História é a ciência que nos faz mergulhar no oceano do verdadeiro conhecimento. Ela nos remete ao passado, na busca da arké, como diziam os �lósofos pré-socráticos. Ela nos remete às origens, ao Big Bang inicial de todo processo. Portanto, na educação formal, sobretudo no nível superior, é primordial conhecer as origens das diversas formas de conhecimentos cientí�cos. Daí a necessidade de estudarmos a origem da Psicologia como forma cientí�ca do conhecimento humano. Os historiadores da Psicologia dividem em três fases a história desta jovem-anciã ciência. Nessas duas primeiras aulas, seguiremos essa divisão, para compreender melhor a Psicologia. Saiba mais Antes de iniciar a leitura do conteúdo, acesse o site do Conselho Federal de Psicologia, para se familiarizar com a linguagem da ciência psicológica. Nele, você encontrará informações sobre a Psicologia e a vida psíquica da população humana. Primeira fase A primeira fase é a chamada pré-cientí�ca, a fase �losó�ca da Psicologia. É na passagem do séc. VII a. C para o séc VI a. C com os �lósofos pré-socráticos que encontramos as primeiras abordagens da interioridade humana, ou seja, a suspeita que o ser humano não seja apenas um “animal qualquer”, como bem conceituará mais tarde o mestre Aristóteles: “O homem é um animal racional”, ζῷον orἄνθρωπον λόγοϛ ἔχων (zoon or anthropon logon echon). Sabemos também pela história que a humanidade e a civilização surgiram na África. Para mais informações sobre esse tema, basta consultar a história da Núbia e, sobretudo, do Egito Antigo. Você verá aí vestígios dos primeiros seres humanos e da primeira civilização, tese defendida pelos afrocentristas. A civilização ocidental ou eurocêntrica surgiu entre os mares Mediterrâneo, Jônico e Egeu, por volta do ano 2000 a.C., a partir de um intenso movimento migratório de povos nômades indo-europeus: Jônicos, eólios e dórios, dando início as cidades –estados (polis) − Esparta, que politicamente era comandada pela oligarquia e economicamente pela agricultura, e Atenas, democrática e comercial −, que movimentaram a vida grega a partir do século VIII a. C. nas diversas áreas, com diversas inovações tecnológicas, sobretudo no campo do conhecimento, “rompendo” com as cosmovisões míticas e religiosas. Saiba mais javascript:void(0); Veja também: Afrocentricidade: uma abordagem inovadora. (Fonte: Raffaello Sanzio / wikipedia.) Filósofos pré-socráticos Os �lósofos pré-socráticos provocaram uma revolução epistemológica, como um terremoto de alta escala faz tremer e racha a terra, o despertar do logos grego deslocou o eixo do epicentro da re�exão humana. Como Aristóteles os chamou, estes �siólogos ou estudiosos da physis, da natureza e da cosmologia passaram de uma concepção sobrenatural da realidade para uma cosmovisão natural, ou seja, buscaram nos elementos primordiais − água, terra, fogo, ar, átomo, ápeiron a arké − a gênesis ou origem de tudo. O pensamento humano, a forma de conceber o real ganha características novas: Criticidade, concretude, globalidade, sistematização. Ainda era uma Filoso�a oral, pois não havia se consolidado a cultura escrita. Somente a partir do século terceiro, com Platão, haverá a sistematização escrita. Os pré-socráticos pouco escreveram e pouco cuidado tiveram com seus escritos, tanto que a maioria se perdeu, restando apenas alguns fragmentos. Portanto, conceitos como arké, causalidade, physis (natureza), logos, cosmo e crítico são estruturantes da Filoso�a pré-socrática e de toda abordagem cientí�ca ocidental que virá posteriormente. Segundo o �lósofo brasileiro Danilo Marcondes (1998, p. 27): "Um dos aspectos mais fundamentais do saber que se constitui nessas primeiras escolas de pensamento, sobretudo na escola jônica, é seu caráter crítico. Isto é, as teorias aí formuladas não o eram de forma dogmática, não eram apresentadas como verdades absolutas e de�nitivas, mas como passíveis de serem discutidas, de suscitarem divergências e discordâncias, de permitirem formulações e propostas alternativas. Como se trata de construções do pensamento humano, de ideias de um �lósofo – e não de verdades reveladas, de caráter divino ou sobrenatural –, estão sempre abertas à discussão, à reformulação, a correções. O que pode ser ilustrado pelo fato de que, na escola de Mileto, os dois principais seguidores de Tales, Anaxímenes e Anaximandro, não aceitariam a ideia do javascript:void(0); mestre de que a água seria o elemento primordial, postulando outros elementos, respectivamente o ar e o apeíron, como tendo esta função. Isso pode ser tomado como sinal de que nessa escola �losó�ca o debate, a divergência e a formulação de novas hipóteses eram estimulados. A única exigência era que as propostas divergentes pudessem ser justi�cadas, explicadas e fundamentadas por seus autores, e que pudessem, por sua vez, ser submetidas à crítica." Sobre a arké desta nova forma de pensar e compreender a realidade a�rma o grande �lósofo da ciência Karl Popper: "O que é novo na Filoso�a grega, o que é acrescentado de novo a tudo isso, parece-me consistir não tanto na substituição dos mitos por algo mais “cientí�co”, mas sim em uma nova atitude em relação aos mitos. Parece-me ser meramente uma consequência dessa nova atitude o fato de que seu caráter começa então a mudar. A nova atitude que tenho em mente é a atitude crítica. Em lugar de uma transmissão dogmática da doutrina (na qual todo o interesse consiste e preservar a tradição autêntica) encontramos uma tradição crítica da doutrina. Algumas pessoas começam a fazer perguntas a respeito da doutrina, duvidam de sua veracidade, de sua verdade. A dúvida e a crítica existiriam certamente antes disso. O que é novo, porém, é que a dúvida e a crítica tornam-se agora, por sua vez, parte da tradição da escola" POPPER, 1974, p. 22 Segunda fase Como a própria Filoso�a é dinâmica, também sofrerá um abalo que alterará o epicentro de sua pesquisa e de sua re�exão. No século quarto antes de Cristo, a Sofística deslocará o eixo da pesquisa e da re�exão �losó�ca da physis, da natureza e do cosmo, para o antropológico. Protágoras a�rmará que “o homem é a medida de todas as coisas”, caminho este que será trilhado por um dos mais brilhantes alunos desta escola e um dos gênios do pensamento �losó�co ocidental: Sócrates. Mas, antes de falarmos sobre este gênio que contribuiu para o nascimento da Psicologia é importante lembrar o dramaturgo e poeta grego que muito contribuiu para a abordagem da alma humana: Sófocles. Como Ésquilo e Eurípedes, ele escreveu tragédias, como Antígona, Eléctra e seu best-seller: Édipo Rei. Foi nesta obra que Sigmund Freud, a partir de casos concretos de histeria e complexo de culpa, descobrirá no século XIX o inconsciente humano. Sobre a história de Édipo Rei que você já conhece, o �lho mata o pai e casa com a mãe. No entanto, convido você a relê-la antes de prosseguir nesta leitura: Rei Édipo. Leitura Sobre a história de Édipo Rei que você já conhece, o �lho mata o pai e casa com a mãe. No entanto, convidovocê a relê-la antes de prosseguir nesta leitura: Rei Édipo. Sócrates, Platão e Aristóteles Sócrates (470?-399 a. C.) Um dos maiores gênios do pensamento �losó�co ocidental. Tido por seus contemporâneos como o maior sábio da Grécia clássica, vai ao Templo de Delfos para saber a procedência desta tradição e lá recebe a informação pela deusa do conhecimento que realmente é o mais sábio porque sabe que nada sabe: “Só sei que nada sei.” Aproveitando desta visita ao templo de Delfos, adota a máxima que estava escrita no dentel deste templo: “Conhece-te a Ti mesmo.” Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Sua grande contribuição para o conhecimento psicológico segundo Carpigiani foi: "A alma, para Sócrates, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição estão o caráter moral da razão. Por seu método, esses valores são sedimentados, tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico, com suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a possibilidade de o Homem aproximar-se verdadeiramente de si mesmo. No processo de descoberta desses valores contidos na alma, mediante a razão o Homem adquire �rmeza moral, aproximando-se do bem. [...] Além de propiciar o impulso do Homem em direção ao conhecimento de si mesmo, a “Psicologia socrática” está ligada à introspecção e à ética que fundamentam o comportamento humano, tornando-o conhecido e possível de revisão. É pelo conhecimento do bem localizado em si como virtude conhecida que o homem chegará à felicidade. O oposto, ou seja, o mal é fruto da ignorância.” CARPIGIANI, 2001, p. 16 Platão (427- A. C.?-448 a. C.) javascript:void(0); "Assim como você não deveria tentar curar os olhos sem curar a cabeça, ou a cabeça sem o corpo, da mesma forma você não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma [...] porque uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo esteja bem. [...] Por isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar curando a alma." Samus auctor, diam in rutruim. Antes de abordarmos a tese platônica sobre a psique humana, leia 1Cor 12,12-26 e veja a importância de uma compreensão holística da pessoa e suas problemáticas, percepção tanto de Platão na epígrafe quanto de São Paulo em Primeiro Coríntios. Platão, �lósofo e matemático, estudou treze anos no Egito, foi aluno de Sócrates e professor de Aristóteles. É um dos pilares da Filoso�a ocidental. Segundo Carpigiani (2001), sua contribuição para a compreensão psicológica do ser humano é muito importante. "Se pudéssemos pensar numa “Psicologia platônica”, poderíamos utilizar um modelo que o próprio Platão nos oferece quando compara a alma a uma parelha de cavalos conduzidos por um cocheiro. “O cocheiro simboliza a razão, um dos cavalos simboliza a energia moral e o outro simboliza o desejo”. Tudo o que Platão escreve sobre o funcionamento do organismo, sobre as perturbações psíquicas, está de alguma forma ligado a essa ideia de alma tripartida; portanto, a construção do conhecimento constitui, para ele, uma engrenagem perfeita entre intelecto e emoção, razão e vontade, inteligência e amor" CARPIGIANI, 2001, p. 20 Aristóteles (384 a.C-322 a.C) Sem dúvida, um dos maiores pensadores do mundo ocidental. Sua produção intelectual abrange várias áreas, como: Lógica, ética, política, Teologia, metafísica, poética, retórica, antropologia, Psicologia, física e biologia. Foi discípulo de Platão. Diferentemente de seu mestre, porém, concebe a alma humana como mortal. Ela e o corpo são indissociáveis, sendo a psyché o princípio ativo da vida. “Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma.” Ou seja, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se de�ne pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. O homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, cuja função principal é o pensamento, ou seja, a re�exão. (Fonte: Gravura de Charles Laplante / wikipedia.) (Fonte: Fitzwilliam Museum, Cambridge / pinterest.) Aurelius Augustinus Hipponensis (354 d.C- 430d.C.) Também conhecido como Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho, é um dos maiores gênios do pensamento �losó�co-teológico cristão. Sua trajetória epistêmica evolui do maniqueísmo para o platonismo cristianizado. Na sua abordagem da psique humana, defende a tese que a alma não é de natureza má, porque foi criada por Deus, que criou todos os seres bons (Gn 1,1-30). A questão está na unidade da alma com o corpo. Segundo Agostinho, a alma é imortal e já nasce com a pessoa. Seguindo Platão, concebe a alma tridimensionalmente: Alma vegetativa, sensitiva e intelectiva, que são articuladas em uma substância humana. O que leva alguns autores a a�rmarem que em Agostinho a inteligência é divina, ou seja, o intelecto intuitivo e a razão discursiva controlam a vontade, fazendo com que no homem esta seja o amor; no animal, o instinto; e nos seres inferiores cegos, o apetite. Tommaso d’Aquino (1225- 1274) Santo Tomás de Aquino é outro gênio cristão que contribuiu para o conhecimento psicológico da pessoa humana. Se Agostinho encontrou em Platão uma compreensão da psique humana, Tomás beberá em outra fonte grega, ou seja, é em Aristóteles que ele buscará a compreensão da pessoa humana, sobretudo a clássica distinção entre essência e existência. Para o estagirita, a pessoa humana na sua essência busca a perfeição ao longo de sua existência. Teologizando esta questão, Tomás de Aquino a�rmará que somente Deus é capaz de unir essência e existência perfeita. Assim, a busca de perfeição humana é a busca pelo sagrado, pelo transcendente, por Deus. A alma nos humanos é racional e incorruptível, enquanto nos animais ela é irracional e corruptível. (Fonte: wikimedia). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online (Fonte: wikimedia). René Descartes (1596- 1650) Este �lósofo e matemático francês, �lho de italianos, não só é o maior expoente do racionalismo, mas o fundador da Filoso�a moderna: “cogito ergo sum”. com esta fórmula matemática, “penso, logo existo”, escrito em francês “je pense, donc je suis”, às vezes traduzido também por “penso, logo sou”, revolucionou o pensamento ocidental. Considerado por muitos historiadores como o fundador da própria modernidade, sobretudo nas Meditações e no Discurso sobre o método, coloca as bases do fundamento do novo saber, do novo conhecimento cientí�co e �losó�co: a racionalidade. Descartes, buscando superar o dogmatismo que tudo sabe e o ceticismo que nada pode saber, estabelece a dúvida hiperbólica como critério para uma busca contínua do verdadeiro conhecimento. Segundo Severino, �lósofo brasileiro contemporâneo, professor emérito da USP (Universidade de São Paulo): "E a revolução que vai ocorrer é fundamentalmente uma revolução epistemológica. Tudo começa com a insatisfação de novos pensadores com as explicações trazidas pela metafísica, a essa altura ainda compromissada com a Teologia cristã! Começa a se questionar a tutela que a Teologia exercia sobre a Filoso�a e a ideia de que a razão natural dos homens �cava na dependência da graça divina e devia ser orientada e corrigida pela fé. É claro que tudo isso tinha a ver também com o ordenamento sócio-político da época, com as complicadas relações entre a Igreja e os Estados, que também então começavam a se constituir. Mas os con�itos se expressam ainda no plano �losó�co. E começa a haver então uma crítica cerrada à Filoso�a medieval, considerada pura metafísica. Os �lósofos modernos esforçam-se para encontrar novas formas de exercer a re�exão �losó�ca, estimulados pela nova postura de outro grupo de pensadores, os cientistas, que apresentavam uma nova forma de representação do mundo. Assim, ao mesmo tempo em que se assiste ao nascimento da ciência como uma nova formade conhecimento do mundo, ocorre também uma modi�cação na maneira de se conduzir a re�exão �losó�ca." SEVERINO, 1994, p. 72. Ainda segundo Antônio Joaquim Severino, para o progresso da Psicologia, o mais importante trabalho realizado por Descartes foi a tentativa de resolver o problema mente-corpo, res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa extensa), motivo de muitas controvérsia durante séculos, pois para ele a função da mente era pensar, enquanto os outros processos eram de responsabilidade do corpo: “[...] ele introduziu uma abordagem do problema corpo-mente que focalizava a atenção numa dualidade física/Psicologia. Ao fazê-lo, desviou a atenção do conceito abstrato da alma para o estudo da mente e suas operações. Como resultado, os métodos de pesquisa deixaram a análise metafísica e abraçaram a observação objetiva... A mente, contudo, é livre, não tem extensão nem substância. Mas a ideia revolucionária é a de que mente e corpo, embora distintos, são capazes de interagir dentro do organismo humano. A mente pode in�uenciar o corpo e o corpo in�uenciar a mente" SEVERINO, 1994, p. 41 John Locke (1632-1704) Para concluir esta fase pré-cientí�ca, é bom que você saiba também da contribuição da Filoso�a experimental ou empirismo inglês para a origem da Psicologia moderna. E John Locke pode ser considerado a porta de entrada nesta nova forma de �losofar, na qual a experiência é fundamental para estabelecer os fundamentos da Filoso�a moderna. Sua principal obra, que pode ser considerada um embrião da Psicologia moderna, é Ensaio sobre o entendimento humano, de 1690, que in�uenciou pensadores como George Berkeley e David Hume. Pelo título já dá para você perceber a importância desta obra para a compreensão da Psicologia humana. Ele aborda o aspecto antropológico que a Filoso�a antiga chamou de psique, a Filoso�a medieval chamou de alma e o pensamento moderno chamará de mente. Ele defende a tese que a experiência humana é fonte do conhecimento. A sua origem pode ser externa, nas sensações, e interna, na re�exão. Em sua principal obra, Locke parte de René Descartes, discordando deste sobre as ideias inatas. Para Locke, elas são simples ou compostas. A ideia de comprimento diz respeito à visão, portanto, é simples. A ideia de doença é fruto de uma associação de várias ideias, portanto, é composta. Atenção Como você sabe, o debate racionalismo e empirismo funda suas raízes na Grécia clássica. Platão, considerado idealista, pode ser também considerado o pai do racionalismo, no seu dualismo epistemológico divide o mundo em ideal e real. Segundo ele, a verdade está no mundo ideal, pois o mundo real é cópia, aparência, sombra. Você poderá saber mais sobre esta tese lendo A Alegoria da Caverna. Racionalismo Aristóteles, aluno de Platão, é o fundador do empirismo. É dele a célebre a�rmação: “Nada está no intelecto que não tenha antes passado pelos sentidos”. Portanto, na modernidade, este debate �losó�co ganhará as nomenclaturas empirismo e racionalismo. O racionalismo defende a tese segundo a qual a razão é a fonte de todo conhecimento humano. É ela que fornece a priori (ideias inatas) sobre o conteúdo sensorial ou empírico. As teses racionalistas colocam a ênfase na racionalidade, na razão como guia e condutora do conhecimento �losó�co e cientí�co. A matemática, sobretudo a geometria, é o paradigma epistemológico racionalista. O paradigma racionalismo a�rma que, independentemente da estimulação sensorial, a mente tem o poder de gerar ideias; portanto, todo conhecimento se fundamenta na razão e não nos sentidos. Para o paradigma racionalista, o problema central não é o que está na mente, mas no que ela faz. Pressupõe que o intelecto tenha habilidade e competência para realizar todo o processo gnosiológico, ou seja, de captar, memorizar, re�etir e desejar. Atividade 1. Utilize os números para correlacionar os grupos de verbos às suas categorias de domínio cognitivo: a) Os �lósofos pré-socráticos provocaram uma revolução epistemológica, como um terremoto de alta escala faz tremer e racha a terra, o despertar do logos grego deslocou o eixo do epicentro da re�exão humana. Como Aristóteles os chamou, estes �siólogos ou estudiosos da physis, da natureza e da cosmologia passaram de uma concepção sobrenatural da realidade para uma cosmovisão natural, ou seja, buscaram nos elementos primordiais: Água, terra, fogo, ar, átomo, apeiron a arké, a gênesis ou origem de tudo. javascript:void(0); b) Segundo o �lósofo Danilo Marcondes, “um dos aspectos mais fundamentais do saber que se constitui nessas primeiras escolas de pensamento, sobretudo na escola jônica, é seu caráter crítico. Isto é, as teorias aí formuladas não o eram de forma dogmática, não eram apresentadas como verdades absolutas e de�nitivas, mas como passíveis de serem discutidas, de suscitarem divergências e discordâncias, de permitirem formulações e propostas alternativas.” c) “A alma, para Sócrates, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição estão o caráter moral da razão. Por seu método, esses valores são sedimentados, tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico, com suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a possibilidade de o Homem aproximar-se verdadeiramente de si mesmo.” d)“Se pudéssemos pensar numa “Psicologia platônica”, poderíamos utilizar um modelo que o próprio Platão nos oferece quando compara a alma a uma parelha de cavalos conduzidos por um cocheiro. “O cocheiro simboliza a razão, um dos cavalos simboliza a energia moral e o outro simboliza o desejo”. Tudo o que Platão escreve sobre o funcionamento do organismo, sobre as perturbações psíquicas, está de alguma forma ligado a essa ideia de alma tripartida.” e) Segundo Antônio Joaquim Severino, para o progresso da Psicologia, o mais importante trabalho realizado por Descartes foi a tentativa de resolver o problema mente-corpo, res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa extensa), motivo de muitas controvérsia durante séculos, pois para ele a função da mente era pensar, enquanto os outros processos eram de responsabilidade do corpo. “Ele introduziu uma abordagem do problema corpo-mente que focalizava a atenção numa dualidade física/Psicologia. Ao fazê-lo, desviou a atenção do conceito abstrato da alma para o estudo da mente e suas operações. Como resultado, os métodos de pesquisa deixaram a análise metafísica e abraçaram a observação objetiva.” 2. Segundo nossos estudos nesta aula, este pensador foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência. Como o �lósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência. Mas, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, a�rma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. Ele encontra argumentos racionais para justi�car os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo: a) Santo Agostinho b) Martinho Lutero c) Tomás de Aquino d) Karl Marx e) Sigmund Freud 3. Sobre o empirismo, assinale a alternativa verdadeira: a) Posição filosófica caracterizada pela afirmação de que a razão é, de alguma forma, a fonte do conhecimento. A ênfase é na justificação sistemática da razão e do conhecimento nela baseado, e a matemática, especialmente a geometria, é frequentemente apontada como o modelo da epistemologia. b) A experiência é a fonte do conhecimento. Esse paradigma defende que a experiência pode ter tanto origem externa, nas sensações, quanto interna, na reflexão. c) A alma, para esta tese, é o ponto de partida da vida e na base de sua contribuição estão o caráter moral da razão. Por seu método, esses valores são sedimentados, tornando-a soberana ao corpo que anima. Para além do sujeito psicológico, com suas potencialidades de percepção e memória, é pelo método que acontece a possibilidadede o Homem aproximar- se verdadeiramente de si mesmo. d) “Assim como você não deveria tentar curar os olhos sem curar a cabeça, ou a cabeça sem o corpo, da mesma forma você não deveria tentar curar o corpo sem curar a alma (...) porque uma parte nunca pode estar bem a menos que o todo esteja bem. (...) Por isso, se quiser que a cabeça e o corpo estejam bem, você deve começar curando a alma.” Notas Referências BÍBLIA ONLINE. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/acf. Acesso em: 06 jan. 2020. BOCK, A. M. B., et al. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002. CARPIGIANI, B. Psicologia: Das raízes aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Pioneira, 2001. CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral: Modelo centrado em libertação e crescimento. São Paulo: Sinodal, 1987; Paulinas e Sinodal, 2000. COLLINS, G.R. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 2011. DAVIDOFF, L.L. Introdução à Psicologia. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001. INTERSABERES (Org.). Práticas pastorais. Curitiba: InterSaberes, 2015. MARCONDES, D. Iniciação à história da �loso�a. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. PEZZINI, Lucineyde Amaral Picelli. Contribuições da Psicologia para o trabalho pastoral. Curitiba: InterSaberes, 2017. POPPER, P. O balde e o holofote (apêndice). In: POPPER, P. Conhecimento objetivo. São Paulo: Itatiaia-Edusp, 1974. Próxima aula Relação Teologia e Psicologia; Psicologia da religião; l d l javascript:void(0); Teologia da religião. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Leia o livro: Questões disputadas sobre a alma, de Santo Tomás de Aquino.
Compartilhar