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ESPIRITO SANTO PSICOPATOLOGIAS E ARTETERAPIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 1 SUMÁRIO 1 PSICOPATOLOGIAS E ARTETERAPIA ..................................................... 3 1.1 Ações terapêuticas para pessoas com esquizofrenia acompanhadas num Centro de Atenção Psicossocial ...................................................................... 3 1.2 Oficinas Terapêuticas de Caráter Produtivo ......................................... 5 2 ARTETERAPIA, CAPS E PSICOLOGIA: RELAÇÕES E POSSIBILIDADES DE TRABALHO ........................................................................................................... 7 3 O uso da arteterapia no trabalho de inclusão ........................................... 11 3.1 Síndrome de Asperger ....................................................................... 11 3.2 ARTETERAPIA .................................................................................. 13 3.3 CARACTERÍSTICAS E DIAGNÓSTICO ............................................ 14 3.4 CAUSAS ............................................................................................. 15 3.5 EDUCAÇÃO ESPECIAL ADAPTADA AO AUTISTA .......................... 16 4 Transtorno dissociativo de identidade (Transtorno de Personalidade Múltipla) 16 4.1 Quem tem transtorno dissociativo de identidade? .............................. 17 4.2 Qual é o plano de tratamento para transtorno dissociativo de identidade? 17 5 Arteterapia para Transtorno Bipolar .......................................................... 18 5.1 Outras funções ................................................................................... 18 6 A arte no combate a depressão ................................................................ 19 7 Arteterapia: a arte em favor da saúde mental ........................................... 21 8 Transtorno de Ansiedade e Arteterapia .................................................... 22 9 Um olhar sobre a formação de um Arteterapeuta ..................................... 23 10 A Arteterapia no Tratamento da Adicção ............................................... 26 11 Arteterapia: do isolamento à construção de uma identidade ................. 29 2 12 A Linguagem artística e sua prática terapêutica no cotidiano do Psicólogo 31 12.1 Arteterapia pode ser aliada de tratamentos médicos ...................... 39 12.2 A arteterapia é para todos ............................................................... 41 13 A CRISE DA PSIQUIATRIA E A ARTETERAPIA .................................. 42 14 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 47 3 1 PSICOPATOLOGIAS E ARTETERAPIA 1.1 Ações terapêuticas para pessoas com esquizofrenia acompanhadas num Centro de Atenção Psicossocial O termo esquizofrenia inicialmente foi denominado demência precoce, pois iniciava na juventude e tinha um prognóstico variável, podendo evoluir para o predomínio de sintomas incapacitantes, tais como: embotamento afetivo, isolamento social e dificuldades cognitivas, alteração de atenção, compreensão e catatonia (Generoso, 2008). Fonte;www.google.com.br Bleuler e Kraepelin foram figuras importantes na evolução histórica da esquizofrenia. Contudo, constata-se certa dicotomia em seus estudos, uma vez que Bleuler privilegiava os sintomas e não o curso e o resultado. Nessa perspectiva, esse estudioso enfatizava a alteração da capacidade de associação do pensamento e não o processo de deterioração, o que originou o termo esquizofrenia. Já Kraepelin defendia a ideia de que todas as pessoas acometidas pela demência precoce sofreriam de um processo de deteriorização, além de não valorizar os sintomas (Câmara, 2007). 4 Posteriormente, surgiram outros estudiosos de relevância para este tema como o psiquiatra francês Benedict A. Morel que fez o uso do termo démense précoce em indivíduos com a associação do transtorno psicótico e quadros de deterioração com início na adolescência. Karl Ludwing Kahlbaum enfatizou os sintomas da catatonia e Ewold Hecker discorreu sobre o comportamento bizarro da hebefrenia (Sadock, Sadock, 2007). A partir desta trajetória histórica dos estudos relacionados à esquizofrenia e a sua evolução, surgiram diversas definições para o termo. Dentre essas definições, destacou-se a que esclarece que a esquizofrenia é uma alteração do pensamento considerada uma doença do cérebro grave e duradoura, gerando comportamentos psicóticos e diversas dificuldades das quais se destacam a de processar informações e de relacionamento interpessoal e com o mundo externo (Lobo, Mattiolli, Santos, 2008). Do mesmo modo, Araripe Neto, Bressan e Busatto Filho (2007) expõem que a esquizofrenia é uma desorganização entre o pensamento e a realidade que predispõe a anormalidades no convívio social. Na atualidade, a esquizofrenia vem se tornando um problema de saúde que ocasiona danos psicossociais na vida do indivíduo como: dificuldades no autocuidado e no processamento de informações, bem como nas relações interpessoais, o que favorece o isolamento social e consequentemente dificulta o processo de reabilitação desses sujeitos (Ferreira Junior, Barbosa, Barbosa, Hara, Rocha, 2010). Desse modo, é importante, ainda, citar que a esquizofrenia tende a desencadear um sofrimento familiar, pois este transtorno psicótico ocasiona mudanças na rotina da família por exigir cuidados contínuos. Ainda, a existência de estigmas sociais acerca dos transtornos mentais também dificulta a aceitação da família (Almeida, Schal, Martins, Modena, 2010). Sendo assim, o tema é relevante para a saúde, e estudos sobre ele são necessários para instrumentalizar as equipes multiprofissionais com informações técnicas e científicas que possibilitem a elaboração de estratégias que minimizem a evolução da referida patologia e ofereçam apoio aos familiares. A partir dessas considerações, esse estudo objetivou descrever as ações terapêuticas de um Centro de Atenção Psicossocial direcionadas para indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia. 5 De acordo com a Portaria 336/2002 do Ministério da Saúde, o CAPS deve ser composto por uma equipe multiprofissional composta por médico psiquiatra e profissionais de nível superior pertencentes as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. Nessa equipe devem existir, também, profissionais de nível médio como auxiliar ou técnico de enfermagem, técnico administrativo e artesão. Segundo Nascimento e Galvanese (2009), toda essa equipe deve oferecer uma assistência aos usuários de forma humanizada, proporcionando um cuidado integral em saúde mental que proporcione a reabilitação e reinserção psicossocial dos usuários desse serviço. Nesse contexto, ressalta-se a importância de os profissionais de saúde elaborarem estudos com este enfoque, uma vez que os profissionais que atuam nos CAPS têm maior proximidade junto ao portador desse transtorno psicótico e seus familiares durante as atividades recreativas, orientações, a administração de medicações, dentre outras ações compatíveis às propostas terapêuticas da atualidade. Essa realidade proporciona um estreitamento do vínculo entre a equipe multidisciplinar e o portador de esquizofrenia e seus familiares, o que favorece a essa equipe elaborar ações terapêuticas que possibilitem a adesão desses sujeitos ao tratamento. 1.2 Oficinas Terapêuticas de Caráter Produtivo No Centro de Atenção Psicossocial são desenvolvidas atividades que buscam inserir os usuários na comunidade e na produção de produtos que podem ser comercializados. Dentre essas oficinas destacaram-seas oficinas terapêuticas de caráter produtivo e a arteterapia. Nesse contexto, existe um destaque para as práticas de oficinas grupais com um enfoque na produção de bens para o consumo e desenvolvimento de novas habilidades. Dentre as atividades relatadas que seguem a proposta da economia solidária pode-se citar: oficina de sabão, sacola, boneca, mosaico, crochê, bordar blusas, chinelos e panos de prato. Também as oficinas de trabalho corporal, de hábitos de vida e higiene pessoal foram mencionadas pelos participantes: 6 - as atividades terapêuticas são realizadas nas oficinas, tendo as oficinas de arteterapias que são coordenadas pela arteterapeuta; - a gente tenta fazer com que eles participem das oficinas terapêuticas, tem também oficinas de música que é eu que faço, tem oficina de dança, oficina de boneca; - tem oficinas de economia solidária que a gente montou tem essa de boneca que nós fazemos e estamos começando a partir de semana que vem oficinas de flor de tecido; Dessa forma, percebe-se que as oficinas terapêuticas trazem a possibilidade de a comunidade atentar-se ao trabalho daqueles indivíduos com transtorno mental, valorizando-os e compreendendo a importância do convívio com as diferenças. De acordo com os entrevistados, o atendimento psicoterápico se destacou e consiste em atividades individuais ou em grupos que são realizados por meio de técnicas de psicoterapia, considerando-se a necessidade dos indivíduos assistidos. Para Santos, Duarte (2009), esta estratégia terapêutica possibilita que o profissional identifique os problemas individuais de cada usuário devido ao estreitamento das relações entre o psicólogo e o usuário, facilitando a elaboração de um plano terapêutico pertinente para atender as necessidades biopsicossociais de cada sujeito. Por meio do atendimento psicoterápico, o psicólogo identifica as necessidades biopsicossociais dos portadores de transtornos mentais, o que permite a elaboração de intervenções embasadas nas necessidades desse indivíduo e dos seus familiares, bem como a sua inserção nos planos terapêuticos existentes nos Centros de Atenção Psicossocial (intensivo, semi-intensivo e não intensivo). Outro aspecto benéfico que resulta do atendimento psicoterápico nos Centros de Atenção Psicossocial é o estreitamento do vínculo entre o usuário e o profissional de saúde. Além disso, o sucesso da terapia medicamentosa permite o acompanhamento clínico e a reinserção social destes indivíduos na sociedade, como exemplo, acesso ao trabalho, atividades de lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários (Santos, Duarte, 2009). Observa-se que a inserção ou reinserção de pessoas que apresentam transtornos mentais em atividades de trabalho, mesmo que informalmente, tem ocorrido pela oficina geradora de renda. Porém, apesar de algumas iniciativas de estruturação de cooperativas no âmbito da saúde mental, estas ainda não se tornaram 7 uma realidade (Lussi, Pereira, 2011). A dificuldade em consolidar cooperativas que absorvam as produções advindas das referidas oficinas foi evidenciada nesta investigação, pois os usuários geralmente a utilizam apenas para aprendizado. Há, também, um destaque para a arteterapia que agrega conhecimentos de diversas áreas, o que a caracteriza como uma atividade transdisciplinar que objetiva conhecer o indivíduo de forma integral, por meio de atividades de autoconhecimento e transformação. Desse modo, pode-se definir a arteterapia como uma atividade que trabalha com a criatividade e a utiliza como uma maneira de comunicação (Coqueiro, Vieira, Freitas, 2010). Nessa perspectiva, muitos usuários que têm dificuldades de se comunicar verbalmente, conseguem expor seus pensamentos por meio das artes, o que permite aos profissionais de saúde mental avaliá-los quanto a aspectos culturais, afetivos, cognitivos, motores e sociais, dentre outros. Para Coqueiro et al. (2010), a arte é vista como um instrumento que permite revelar a potencialidade do sujeito. São vários os tipos de arteterapias, sendo que dentro de uma instituição fica a critério do arteterapeuta definir o cronograma das atividades a serem realizadas, de acordo com as necessidades da clientela assistida (Coqueiro et al., 2010). Gigante (2011) afirma que as experiências trocadas durante as oficinas geradoras de renda (tal como a arteterapia e oficina de sabão, entre outras) agregam valores de cooperação, capacidade de autonomia, igualdade, solidariedade, autoestima e responsabilidade para contribuir no resgate da cidadania destes indivíduos.1 2 ARTETERAPIA, CAPS E PSICOLOGIA: RELAÇÕES E POSSIBILIDADES DE TRABALHO A fim de, dar conta de analisar a atuação do Psicólogo no CAPS, percebe-se a pertinência de lançar mão da teoria a respeito das psicoterapias psicodinâmicas e breves. O objetivo aqui não é estabelecer analogias entre o trabalho realizado no CAPS e este tipo de intervenção psicoterapêutica mas, encontrar pontos de ligação que possibilitem construir um espaço de avaliação das atuações dos psicólogos nos 1 Extraído do link: www.scielo.mec.pt 8 CAPS e, ao mesmo tempo, da prática da arteterapia nesses ambientes. Parte-se do princípio de que, boa parte do trabalho com arteterapia mantém relações estreitas com aquilo que se postula a partir da teoria sobre as psicoterapias breves. Conforme evidenciado anteriormente, a pretensão nesse ponto não é afirmar que o trabalho do CAPS seja psicoterapia breve, mas, pontuar algumas questões por perceber semelhanças entre as temáticas. Freud, na obra Terapia Psicanalítica (1946) questiona a terapia como finalidade de readaptação emocional e, bem como, o princípio da flexibilidade do terapeuta. Segundo Yoshida, a crítica do Pai da Psicanálise se dava por constatar que, muitos psicoterapeutas da sua época, “considerando a doença mental como decorrência do fracasso do ego em sua tarefa de assegurar a gratificação das necessidades do indivíduo, entendiam a finalidade terapêutica como readaptação emocional. ”(YOSHIDA,1990, p.16). A partir daí outra teoria, postulada por Alexander, refere-se à experiência emocional corretiva e se apresentará como de grande valor para as psicoterapias. “Esta consistia em „reexpor o paciente, em circunstâncias mais favoráveis, a situações emocionais que não pôde resolver no passado. ” (Idem) mas, será com Habib Davanloo, a partir dos vídeos-tapes produzidos nas sessões de terapia, que se dará a construção da ideia dos triângulos de conflito e de pessoa, naquilo que se chamou psicoterapia dinâmica breve. Assim, para o autor da teoria, “o paciente gentil, mas implacavelmente confrontado com seus sentimentos na sua vida atual, na relação transferencial e no passado e, sempre que possível, vínculos são estabelecidos entre estas três áreas. ” (DAVANLOO, apud,YOSHIDA,1990, p.24) E, finalmente, com Knobel, vemos os objetivos das psicoterapias breves (YOSHIDA,1990) Para conseguir atingir as metas propostas, os profissionais do CAPS devem estar atentos ao processo de construção do psicodiagnóstico dos usuários. Nesse sentido, Knobel aponta sobre a importância da análise da história do sujeito. É justamente nesse ponto que se percebe a congruência com a arteterapia, no momento em que se pensa construir uma atmosfera de compreensão da subjetividade que dê conta de, a partir da constatação da história individual do paciente, estabelecer vínculos com os conteúdos latentes que, somente a partir da terapia, podem ser descobertos, assimilados e trabalhados. 9 Nesse sentido, a arteterapia se demonstra muito eficaz ao abordar aspectos subjetivos de modo simples, mas, profundamente diretiva. “Arteterapia é um termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos; pressupõeque o processo do fazer artístico tem o potencial de cura e crescimento” (GEHRINGER,2005, p.3) devendo-se entender cura como um processo de enfrentamento das dificuldades rumo a novos padrões emocionais de reação diante das realidades da vida. De modo mais simples, a arteterapia se apresenta como propostas simples que, por meio de atividades artísticas como pintura, desenho, teatro, dentre outras, se propõem a um efeito psicoterápico. Tais atividades partem do pressuposto de que “a criatividade e a saúde são instâncias correlacionadas na existência humana, e que processos de criação artística, por sua qualidade inovadora e transformadora, têm um potencial terapêutico e curativo intrínseco.”(idem, p.8) Nas oficinas de arteterapia nenhuma atividade é desprovida de significado, elas seguem uma objetividade definida e perseguem um caminho que vai do autoconhecimento até a resolução de conflitos internos por meio do contato com suas dores emocionais que ficam latentes por meio das atividades vivenciadas, contudo, os teóricos que postulam sobre esta forma de terapia, são unânimes ao afirmar que, o bom resultado das oficinas depende da experiência do terapeuta e da empatia que consegue construir com o paciente. A cada atividade que o sujeito vai desenvolvendo, abrem-se possibilidades de diálogo com os seus conflitos internos, com suas habilidades escondidas e assim, podem emergir novas forças de direcionamento da própria experiência de construção humana. Dentro do CAPS, diante de todas as realidades que constituem os indivíduos, tais técnicas podem ancorar em novas possibilidades de reconstrução do ser psíquico, gerando capacidades novas de enfrentamento das questões e ressignificando experiências que podem ajudar no processo de controle dos sinais e sintomas e melhoria da qualidade de vida dos usuários. A essência da arteterapia seria a criação estética e a produção artística em prol da saúde por isso, mesmo havendo a possibilidade de ser feita por qualquer profissional. As oficinas arteterapêuticas só se tornam, de fato, psicoterapêuticas quando são feitas por profissionais habilitados e aqui, entra o papel do psicólogo no contexto do CAPS. Não bastam haver oficinas, é preciso, conforme o CREMESP, que as atividades desenvolvidas no CAPS estejam totalmente prenhes de fundamentos 10 científicos para não incorrer em reducionismos prejudiciais e, ao mesmo tempo inúteis. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo, em obra citada anteriormente, alerta para o risco de fazer do CAPS um lugar onde se faz qualquer coisa para evitar o manicômio, mas que, na verdade, não consegue ajudar os indivíduos que dele necessitam de apoio. Fonte:todollegatodopasaytodocambia.wordpress.com Conforme evidenciado anteriormente, o papel do profissional habilitado é o de conduzir todo o processo para não desperdiçar nenhuma das possibilidades terapêuticas que os trabalhos com arte proporcionam. No dizer de alguns, faz-se necessário dar o salto qualitativo que vai do trabalho terapêutico para o psicoterapêutico. Nesse sentido, entende-se que terapia pode ser feita por qualquer profissional, de áreas distintas, mas, cabe ao profissional psicólogo, a tarefa ímpar de proporcionar oportunidades psicoterápicas para os indivíduos. Na arteterapia, esse profissional é indispensável quando se quer transformar as atividades propostas em algo mais rentável do ponto de vista psicológico, pois, conforme evidencia Coqueiro et.al. “Na arteterapia, várias modalidades expressivas com propriedades terapêuticas inerentes e específicas são trabalhadas”, o que já foi explicitado anteriormente, sendo que, “fica a cargo do arteterapeuta criar um repertório de informações relativo a cada 11 modalidade, adequando-as às necessidades do usuário a ser atendido”. (2010, p.860). O trabalho no CAPS dentro de um contexto de reforma psiquiátrica e luta antimanicomial, é a resposta profícua que a sociedade oferece a dilemas propostos pela necessidade de inserir grupos inteiros de indivíduos que, anteriormente, eram segregados pelo simples fato de apresentarem algumas patologias. Eles são fundados a partir de uma percepção da identidade comunitária que tais indivíduos apresentam e pretendem, desse modo, agir no sentido de favorecer a inserção social desse contingente populacional. Contudo, segundo a bibliografia visitada, não bastam ter técnicas a serem aplicadas. A efetividade dos CAPS depende basicamente da capacidade de olhar a população usuária e buscar atender suas demandas. Nesse contexto, a arteterapia é de grande valia uma vez que, oferece instrumentais possíveis de adentrar na subjetividade humana e ajudar na reconstrução de áreas que estavam em dificuldade, porém, as técnicas mais adequadas não podem substituir a presença do profissional da psicologia a fim de que seja feito o caminho entre a terapia pura e a psicoterapia que é capaz de modelar novas realidades e transformar situações. A relação entre Psicologia e CAPS deve ser diretiva. O Psicólogo é aquele que, em nome da comunidade científica, soma-se aos demais profissionais a fim de, possibilitar um novo tratamento às demandas situacionais dos usuários do CAPS e assim, possibilitar a inserção e transformação das realidades. Conclui-se afirmando que, não bastam técnicas aplicadas nos Centros de Apoio Psicossocial, é importante e mesmo, indispensável, empreender o esforço para ampliar a atuação do Psicólogo em tais espaços a fim de que, os objetivos desses mesmos espaços sejam alcançados.2 3 O USO DA ARTETERAPIA NO TRABALHO DE INCLUSÃO 3.1 Síndrome de Asperger O presente estudo está baseado na pesquisa relativa à área educacional abordando o tema Síndrome de Asperger. Assim sendo, tem como objetivo fazer uma relação da utilização da prática de arte na aprendizagem e interação do mesmo a fim 2 Texto adaptado Edilamara Peixoto de Andrade e colaboradores 12 de demonstrar a aplicabilidade da inserção do aluno com autista no âmbito escolar e social. Em 1944, Hans Asperger identificou algumas crianças com características até então não descobertas, caracterizando essa condição de Psicopatologia Autística; desconhecendo o trabalho de Kanner estudado há um ano atrás e quando soube chamou a atenção para algumas semelhanças entre as crianças por ele estudado e as descritas por Kanner, mas deixava claro que na sua opinião tratavam de condições diversas. A Síndrome de Asperger (F84.5) segundo a CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão) está caracterizado como "Transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, semelhante à observada no autismo, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que não se acompanha de retardo ou deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Os sujeitos que apresentam estes transtornos são em geral muito desajeitados. As anomalias persistem frequentemente na adolescência e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episódios psicóticos no início da idade adulta." Nesses casos, podemos observar um atraso na aquisição da linguagem, limitações e irregularidades no uso de gestos, grande interesse em determinada coisa de forma repetitiva, rituais, inteligência normal ou superior à média, porém com sérias dificuldades formais, apresenta também habilidades especificas em áreas restritas, desinteresse na interação com outros, olhar peculiar e rígido e inabilidade motora. Daremos ênfase ao artifício da utilização de arteterapia e outras técnicas relacionadas à arte, não só no processo de inserção, como também na possibilidade de socializaçãoque esta técnica proporciona ao aluno com a síndrome. A criança com o espectro autista apresenta características próprias da patologia, tais como introspecção, dificuldade de contato físico, sendo para uma convivência escolar um entrave para sua adaptação. Buscaremos respostas aos nossos questionamentos no próprio campo de atuação do arteterapeuta e através de literatura específica na área, na tentativa de confluir a teoria com a prática. 13 3.2 ARTETERAPIA A arteterapia é um processo terapêutico que utiliza qualquer expressão artística (pintura, música, dança, teatro, etc.) a fim de fazer com que o indivíduo entre em contato com seus conteúdos internos e muitas vezes inconscientes. Para ser arte terapeuta não é necessário que o sujeito tenha nenhum domínio ou formação artística ou no caso do paciente não é necessário que tenha algum dom especifico. Quando o termo arte é usado, não necessariamente significa que tenha que seguir um padrão ideal referente a beleza, até por que o ideal artístico vai se modificando com o passar dos tempos. Segundo Païn, desde o século XIX psiquiatras já tinham interesse nas produções plásticas feitas pelos pacientes psiquiátricos e mais tarde pedagogos inovadores encorajaram a expressão criadora na criança, aplicando métodos de pedagogia ativa. Entre eles citamos Freinet e Montessori (2001 p.13). Normalmente em arte terapia com o objetivo terapêutico, o mais usado é a expressão plástica que visa despertar a comunicação verbal ou mesmo estabelecer um tipo de comunicação do paciente/cliente com o trabalho executado. Num trabalho terapêutico com pacientes patológicos, é importante sabermos que existem dois planos de representação; pode haver dificuldades experimentadas pelo sujeito no processo de construção de uma obra plástica seja no nível de concepção, organização ou execução ou a representação do problema mental, onde através das expressões artísticas o terapeuta observa uma relação de sofrimento. Para um início, o trabalho terapêutico deve ser bem primário e livre, isso para que o paciente vá tomando consciência de ser autor da produção. Uma das dificuldades observadas é a anulação que o paciente faz do terapeuta, então é necessário trabalhar de forma a provocar sua falta, ou seja, tornar-se necessário, ajudando-o na simbolização. No trabalho com esse tipo de paciente, primeiramente o terapeuta é conduzido pela doença, para que depois possa entrar com o verdadeiro tratamento. Necessário entender que a arteterapia deve ser trabalhada junto com outras técnicas, ou seja existe a importância da transdisciplinaridade, pois não é fácil tratar do SA, é preciso haver por parte do terapeuta tolerância, paciência, amor pelo que faz e animo, pois, muitas vezes o trabalho pode ser frustrante. 14 3.3 CARACTERÍSTICAS E DIAGNÓSTICO Existe muita dificuldade em fazer o diagnóstico da síndrome de Asperger (SA), pois o mesmo geralmente é enviado para avaliação com queixas do tipo: hiperatividade, desordem de atenção, problemas comportamentais, distúrbios específicos de aprendizado e até mesmo confundido com altas habilidades, por isso, um bom diagnóstico deve ser feito por um profissional qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observações clínicas. Em vários casos foi observado que havia um interesse por áreas que não coincidiam com idade, mas o que preocupava a família não era o interesse por determinados assuntos do tipo (calendários, lista telefônica, determinados insetos, etc.), e sim pela intensidade que se tinha pelo assunto escolhido. Observou-se também que algumas crianças aprenderam a ler sozinhas por volta dos três, quatro e seis anos de idade. O conceito de Espectro Autista admite que algumas condições são variações quantitativas de um mesmo conjunto de sinais e sintomas do Autista clássico. Sendo assim, fala-se numa tríade, como cita Wing, onde fala que a SA é uma continuação do Autismo Infantil, tendo diferença somente nos sinais e sintomas presentes (1983 p170). Essa tríade é formada por: distúrbios de atenção, motricidade e percepção. Essas características já podem ser percebidas em idade precoce, mas pela dificuldade só acabam se evidenciando na idade escolar. Seu diagnóstico é realizado através da avaliação do quadro clínico. Normalmente, o médico pede exames para investigar condições (possíveis doenças) que têm causas identificáveis e podem apresentar um quadro de SA, como a síndrome X-frágil, fenilcetonúria, ou esclerose tuberosa. É válido ressaltar, entretanto, que nenhuma das condições apresenta os sintomas de SA em todas as suas ocorrências. Segundo Gillberg & Gillberg, os critérios para o diagnóstico da síndrome de Asperger são: prejuízo severo na interação social, sendo que o grau de isolamento não chega a ser tão severo quanto aos autistas clássicos, esse isolamento se dá mais da dificuldade em estabelecer uma relação do que vontade, em alguns casos chega a ser satisfatório, tornando o indivíduo independente a até se destacando em algum aspecto; interesse circunscrito muito limitado, imposição de rotinas ou interesses; problemas de linguagem a despeito de aparente habilidade no aspecto expressivo, mas sendo trabalhado, pode ser desenvolvido, adquirindo um bom vocabulário; fala 15 de forma pedante, utiliza palavras difíceis e frases rebuscadas, utilizando palavras pouco usuais para a idade (esse desempenho é aparente, pois utilizam as palavras e frases de forma estereotipada e repetitiva), pode haver ecolalia, mas não é frequente sua forma de falar é peculiar com alteração no ritmo, altura e timbre; problemas na comunicação não verbal e desajeitamento motor, sendo que o contato visual é utilizado, mas existe dificuldade em se comunicar pelo olhar. A compreensão fica comprometida e é o que chama a atenção do observador, mesmo assim em alguns casos é observado bom rendimento escolar. Durante a adolescência períodos de depressão também foram observados com tentativas de suicídio. Até então, pensava-se ser uma síndrome que só ocorria com meninos, mas já foi diagnosticado em proporção pequena em algumas meninas. Igual ao autista clássico, os indivíduos com SA apresentam também movimentos estereotipados enquanto pequenos. 3.4 CAUSAS As causas da SA são desconhecidas. Acreditava-se que a origem estivesse em anormalidades no cérebro, sendo provavelmente de origem genética. Admite-se também que possa ser causado por problemas relacionados a fatos ocorridos na gestação ou no parto. A ideia de estar relacionada à frieza ou rejeição materna já foi descartada, relegada à categoria de mito há décadas. Recomenda-se, para prevenção do autismo, cuidados gerais durante a gravidez principalmente na ingestão de produtos químicos. Segundo Chistopher Gillberg, professor de Psiquiatria da Infância na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, atualmente membro do Conselho Sueco de Saúde e Consultor da Associação de Amigos do Autista (AMA), em São Paulo, em sua entrevista à revista Época "alguns casos são atribuídos a drogas teratogênicas (como a talidomida) consumidas pela mulher grávida ou ao excesso de bebida alcoólica na gestação. Metais pesados como chumbo, mercúrio, e outros materiais também parecem danificar o cérebro e levar ao autismo. Mas fatores genéticos determinam a maioria dos casos. Um dos pais carrega dois genes envolvidos numa maior susceptibilidade ao distúrbio. O outro conjugue carrega outros três. O autismo 16 pode ser fruto da combinação infeliz desses genes". "Hoje sabemos que o autismo é geralmente genético. Não tem nada a ver com o ambiente psicossocial. Antes, a culpa recaía sobre os pais. Acreditava-se que as crianças se tornavam autistas porque não eram amadas. Essa visão tornou-se ultrapassada quando surgiram os estudos genéticos". 3.5 EDUCAÇÃO ESPECIAL ADAPTADA AO AUTISTA O portador da SA temuma forma cognitiva qualitativamente diferente e incapacidade em funções que normalmente usamos para atingir o aprendizado escolar, isto é a interpretação social, comunicação verbal e não verbal e imaginação, ou seja, eles precisam ser ensinados de um modo completamente diferente, isto é, a informação deve ser dada visualmente, uma vez que eles a compreendem melhor e tem que ser explicitamente ensinados sobre exatamente o que é esperado deles, já que eles não podem adivinhar nossas intenções. Vale ressaltar que o nível de desenvolvimento e incapacidade não é igual para todos, portanto por isso a avaliação educacional individual é muito importante para os portadores de SA. Eles têm dificuldades que outras crianças não têm, nas questões de habilidades sociais, o jogo/brincar e a comunicação, por isso precisam de um currículo adaptado e ampliado.3 4 TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE (TRANSTORNO DE PERSONALIDADE MÚLTIPLA) Transtorno dissociativo de identidade (anteriormente conhecido como distúrbio de personalidade múltipla ou transtorno de múltiplas personalidades) é uma condição psicológica complexa que é provavelmente causada por muitos fatores, incluindo trauma grave durante a primeira infância (abuso físico, sexual ou emocional geralmente extremo, repetitivo). A maioria de nós já experimentou dissociação leve, que é como sonhar acordado ou se perder no momento, enquanto fazia alguma coisa. No entanto, 3 Extraído do link: www.zemoleza.com.br 17 transtorno dissociativo de identidade é uma forma grave de dissociação, um processo mental que produz uma falta de conexão de uma pessoa em pensamentos, memórias, sentimentos, ações, ou senso de identidade. O aspecto dissociativo é visto como um mecanismo de enfrentamento – a pessoa literalmente dissocia-se de uma situação ou experiência que é muito violenta, traumática ou dolorosa para assimilar com a sua mente consciente. 4.1 Quem tem transtorno dissociativo de identidade? Embora as causas do transtorno dissociativo de identidade ainda sejam vagas, a pesquisa indica que é provável uma resposta psicológica às tensões interpessoais e ambientais, particularmente durante primeiros anos da infância, quando negligência emocional ou abuso pode interferir com o desenvolvimento da personalidade. Dissociação também pode acontecer quando houve negligência persistente ou abuso emocional, mesmo quando não houve abuso físico ou sexual evidente. Os resultados mostram que em famílias onde os pais são assustadores e imprevisíveis, as crianças podem tornar-se dissociativas. 4.2 Qual é o plano de tratamento para transtorno dissociativo de identidade? Enquanto não há nenhuma “cura” para transtorno dissociativo de identidade, o tratamento a longo prazo pode ser útil, se o paciente fica comprometido. O tratamento eficaz inclui a psicoterapia, hipnoterapia e terapias farmacológicas, como a arteterapia. Não há estabelecidos remédios para tratamentos de transtorno dissociativo de identidade. Tratamento de doenças concomitantes, como a depressão ou vício em substâncias, é fundamental para a melhoria global. Uma vez que os sintomas de transtornos dissociativos muitas vezes ocorrem com outros distúrbios, tais como ansiedade e depressão, os medicamentos para tratar os problemas concomitantes, caso estejam presentes, são por vezes usados em adição à psicoterapia.4 4 Extraído do link: psicoativo.com 18 5 ARTETERAPIA PARA TRANSTORNO BIPOLAR O transtorno bipolar é um transtorno mental cujos sintomas principais são mudanças de humor entre "alta " e "baixa" humores. Bipolar é também referida como desordem maníaco-depressiva, devido às mudanças de humor. Os pacientes do transtorno bipolar podem se tornar potencialmente suicida se as mudanças de humor são graves o suficiente. Existem vários meios de tratamento para o transtorno bipolar. De acordo com o livro de doença maníaco-depressiva, as fases de mania do transtorno bipolar podem servir como um catalisador para a alta criatividade; portanto, a terapia da arte ganhou popularidade como um método de tratamento durante estas fases. Significado terapia ganhou popularidade por transtornos mentais, porque é uma crença comum de que a obra de arte de uma pessoa dá uma visão sobre seus processos de pensamento subconsciente. Por extensão, ela pode olhar para as questões que não podem ser conscientes. Se todas as questões reprimidas são trazidas para a superfície, é mais fácil enfrentá-los com o uso de terapia cognitivo- comportamental ou um método similar. Arte terapia é apenas uma abordagem e só deve ser usado como um complemento, a menos que se mostra mais eficaz. 5.1 Outras funções Embora algumas das causas do transtorno bipolar são devidos a distúrbios neurológicos, alguns são devido a memórias reprimidas ou eventos de vida estressantes. Na terapia cognitivo-comportamental, os sentimentos são muitas vezes demasiado complexos para ser facilmente resolvidos. Arte terapia permite uma expressão contínua de sentimentos, e fora das sessões oficiais de terapia, ele fornece um meio saudável de auto expressão. Este é um dos principais objetivos da terapia, pois o transtorno bipolar pode ser uma condição ao longo da vida, e uma falta de saídas emocionais saudáveis é prejudicial para a recuperação ou de enfrentamento. Arte terapia para o transtorno bipolar não é sobre as imagens produzidas, mas sim as emoções que refletem a partir do paciente em qualquer atitude que ele tem no momento. Arte terapia pode, por vezes, envolvem a aprendizagem de técnicas de arte específicas a fim de explorar melhor as ideias e pensamentos, mas na maioria das vezes os aspectos técnicos do trabalho são secundários em relação aos aspectos 19 emocionais. De acordo com o Manual de Arteterapia por Cathy Malchiodi, um exercício muito utilizado para os pacientes é chegar com uma história para ir com suas obras de arte. A fim de determinar as necessidades de arte-terapia bipolares, um terapeuta pode administrar várias avaliações, tais como a série de desenho diagnóstico. Neste teste, os pacientes desenhar três imagens separadas cor pastel: uma casa, uma árvore e uma pessoa. O uso de cor, mistura e colocação das diferentes imagens na página são três dos fatores usados para fornecer uma interpretação inicial do estado emocional subconsciente do paciente. O terapeuta também pode fazer perguntas gerais sobre o desenho para elaborar mais sobre o significado por trás dele. Arteterapia surgiu pela primeira vez na década de 1940, quando o psicólogo e mental trabalhadores da saúde viu pela primeira vez os efeitos curativos do art. Eles entenderam que as crianças, por exemplo, tinham um tempo muito mais fácil expressar trauma através de obras de arte que através de conversa. Art foi pensado para ser intrinsecamente ligada às emoções. A American Art Therapy Association foi fundada em 1969 a fim de trazer um padrão profissão para a indústria. Desde aquela época, a terapia da arte para bipolar e outros transtornos mentais atingiu consciência comum.5 6 A ARTE NO COMBATE A DEPRESSÃO Sabemos que a depressão é uma doença, embora muitas pessoas não aceitem isso como uma verdade. E também pode afetar a qualquer um. Sabemos que tem várias causas e que normalmente o indivíduo se fecha em seu mundo, por não ter vontade, por se sentir abandonado, excluído, por baixa autoestima, pensamentos de morte, triste e muitas vezes não tendo forças para sair dessa bolha. Pois aqui está uma dica que pode muito bem ajudar uma pessoa em um estado de depressão, até em estágios mais graves. Temos a Arte e podemos usar como terapia em prol de uma vida melhor, com ajuda de profissionais que com certeza vão orientá-los e mostrar um caminho onde tudo é possível, até mesmo uma vida melhor,com mais alegria, mais entusiasmo e mostrar uma nova visão de vida. 5 Extraído do link: www.365saude.com.br 20 Por exemplo: quando uma pessoa que tem depressão pinta um quadro, ela expressa todo seu sentimento na tela, no desenho, na pintura. É uma das formas mais expressivas onde não há barreiras, um momento de estar em contato consigo mesmo. Suas dúvidas, suas angústias e mesmo com aquilo que não consegue expor para o outro de uma forma verbal. A pessoa passa a se conhecer através de uma pintura ou de qualquer arte. Fonte:www.google.com.br A Arteterapia é um tipo de psicoterapia que utiliza a expressão artística como instrumento terapêutico: cantar, dançar, esculpir, desenhar, escrever, representar e recitar, são formas de expressões humanas primordiais e todos nós somos capazes de realizá-las. Recorrer à Arte possibilita e permite a uma pessoa que tem dificuldades de se expressar verbalmente, a mostrar seus sentimentos de uma maneira alternativa e de certa forma divertida, leve, desprovido de ideias pré-concebidas, proporcionando que a pessoa se sinta livre. Por essa razão a Arteterapia também é usada como forma de distração, uma ferramenta que pode ser usada individualmente ou em grupo. Ela faz com que a pessoa depressiva esqueça por um tempo os seus problemas, se conectando com uma energia maior e com a espiritualidade. 21 E também devemos lembrar que a Arte nos liga à espiritualidade, facilitando a conexão com os espíritos desencarnados, que sempre nos auxilia nesses momentos tão difíceis de depressão. Eles sempre encontram uma maneira de nos motivar a sair do estado depressivo, na forma de uma intuição ou mesmo por uma inspiração artística seja ela qual for.6 7 ARTETERAPIA: A ARTE EM FAVOR DA SAÚDE MENTAL A Arteterapia é um método terapêutico utilizado em diversas organizações na área da Saúde, Educação e Comunidade. A Associação Brasileira de Arteterapia a define como “um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua essência é a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde”. Para isso, utiliza as linguagens plástica, sonora, dramática, corporal e literária, envolvendo as técnicas de desenho, pintura, modelagem, construções, sonorização, música, dança, drama e poesia. A terapia através da arte tem sido utilizada em diferentes especialidades, como treinamento empresarial; psico-profilaxia e reabilitação psicopedagógico; arte- reabilitação física e mental; reabilitação psicossocial; projetos comunitários de educação para saúde e em consultório e clínicas especializadas com doenças degenerativas; deficiências físicas e mentais; psicoterapias individuais e de grupo, entre outras especialidades. As vantagens da Arteterapia são muitas. Entre elas estão a redução do tempo de trabalho terapêutico; motivação do sujeito para tornar-se ativo, mais criativo e mais independente; utilização da comunicação verbal aumentando a comunicação plena; desenvolvimento maior de adaptação, flexibilidade e originalidade, além relacionar harmonia e senso estético com maneiras equilibradas de viver. Como campo específico do conhecimento, a Arteterapia firma-se nos Estados Unidos, em 1940, com o trabalho de Margareth Nauberg, que estabeleceu as fundamentações teóricas para seu desenvolvimento, além de demarcá-la como área do saber. A Arteterapia recebeu influência de áreas do conhecimento como a 6 Extraído do link: tvmundomaior.com.br 22 psicanálise freudiana, que, no início do século XX, interessa-se pela arte como meio de manifestação do inconsciente através de imagens. A Reforma Psiquiátrica vem permitindo práticas humanizadas no tratamento de portadores de transtorno mental. A Arteterapia é uma dessas práticas, que pode ser coadjuvante no tratamento, servindo como instrumento de intervenção voltada ao enfrentamento e à diminuição do sofrimento psíquico. Um caminho para o sujeito perceber as possibilidades de expressão, construção e reconstrução de suas dificuldades de se relacionar com o mundo e consigo mesmo. Podem atuar como Arteterapeutas profissionais com graduação na área de saúde como Medicina, Psicologia, Enfermagem, Fisioterapia etc., e que tenham curso de formação em Arteterapia. A Associação Brasileira de Arteterapia está trabalhando para legalizar a profissão segundo um código de ética voltado e aprovado junto às autoridades competentes e também introduzir a cadeira de arteterapia nas universidades brasileiras.7 8 TRANSTORNO DE ANSIEDADE E ARTETERAPIA O medo, pânico, estresse e preocupação trazer ansiedade e, se não tratada, pode evoluir para uma doença que afeta todas as áreas da vida. Pessoas que procuram respostas para por que eles reagem de maneiras saudáveis para situações indesejadas e circunstâncias podem encontrar alívio em uma técnica que tem sido em torno desde a década de 1940 e começou com o renomado psicoterapeuta Carl Jung. Arte terapia permite que os indivíduos se expressam através de diferentes meios de arte que ajudam a estabelecer e fortalecer habilidades de enfrentamento saudáveis. Transtornos de Ansiedade acordo com o " Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais " (DSM -IV- TR ) , transtornos de ansiedade incluem: Transtorno de Estresse Agudo , Agorafobia Sem História de Transtorno de Pânico , Transtorno de Ansiedade devido a Condição Médica Geral , Transtorno de Ansiedade Generalizada , Transtorno Obsessivo-Compulsivo , Transtorno de Pânico com Agorafobia , Transtorno de Pânico sem Agorafobia , Transtorno de Estresse Pós- 7 Extraído do link: ulbra-to.br 23 Traumático , Fobia Específica , Fobia social e Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância . Estes problemas são diferentes das lutas gerais as pessoas se deparam durante o fluxo e refluxo da vida, porque essas dificuldades paralisar as pessoas e mantê-los de funcionar bem. Estes distúrbios são diagnosticados clinicamente e devem ser tratados com a ajuda profissional se o doente quer ser definido no caminho para a recuperação e bem-estar. Segundo a American Art Therapy Association, " Arte-terapia é uma saúde mental profissão que utiliza o processo criativo de fazer arte para melhorar e aumentar o bem-estar físico, mental e emocional dos indivíduos de todas as idades " . Arte terapia se concentra em ajudar o cliente estabelecer habilidades de enfrentamento saudáveis, como a prática de resolução de conflitos, possuir emoções pessoais e comportamentos, definindo responsabilidades entre si e outra pessoa, o desenvolvimento da auto -consciência e descobrir a alegria da arte e do prazer que ele traz.8 9 UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DE UM ARTETERAPEUTA A Arteterapia enquanto ocupação profissional é recente no Brasil, ainda que a expressão das questões humanas já fosse presente desde os primórdios da humanidade. Mas nas décadas de 40 e 50, a pioneira Nise da Silveira trouxera para o ambiente psiquiátrico hospitalar, a partir da iniciativa do Dr. Fábio Sodré, a terapia ocupacional como possibilidade de tratamento para os doentes mentais crônicos e alguns casos agudos. A partir dessa inserção e dos primeiros resultados obtidos – sempre alvos de descrédito pela categoria médica – o trabalho foi ganhando cada vez mais corpo e aqueles que participavam do projeto começaram a receber aprimoramento técnico-teórico sobre o manejo do trabalho. Para Nise era muito importante a capacitação do monitor que estava ao lado do doente e por isso era oferecido cursos intensivos no Hospital Pedro II para a formação de monitores, e as seguintes disciplinas eram ministradas: Noções de Psicopatologia, Noções de 8 Extraído do link: www.365saude.com.br24 Psiquiatria e Noções de Teoria da Terapêutica Ocupacional. Sobre a formação Nise disse: “Tínhamos a convicção de que se o monitor de uma oficina, hábil no seu ofício, não adquirisse alguns conhecimentos de psiquiatria e de teoria da terapêutica ocupacional, teria sempre muito maior interesse pelos trabalhos realizados do que pelos doentes. Entusiasmar-se-ia pelo ‘doente bom’, isto é, aquele capaz de uma produção quase normal e acharia absurdo ‘perder tempo e material’ com pacientes em estado de profunda regressão, que mal poderiam fazer coisas inúteis”. Reconheço essa crítica quando ouço profissionais valorizarem a estética da obra mais que o seu processo de criação. É a cultura do “como ficou bonito”! Penso que não importa se é belo ou não, mas é no impacto que ela exerce sob quem a fez durante e depois de fazê-la que habita a beleza da Arteterapia. Voltando a Nise, um profissional poderia me questionar dizendo que não trabalharia com doentes mentais e por isso tais conhecimentos seriam desnecessários diante de sua prática. De fato, esta é uma opção de trabalho, ainda que pudéssemos discorrer por um longo tempo o conceito de doença mental, mas ainda que um profissional, hoje chamado de Arteterapeuta, não se debruce sobre as patologias psiquiátricas, estará diante de um indivíduo que tratará sua mente e suas emoções, e a partir desses elementos e através deles que qualquer terapêutica se dedicará. Por conseguinte, Jung em Psicogênese das Doenças Mentais, nos diz que a estranheza dos conteúdos do inconsciente não define um indivíduo como esquizofrênico, já que todos nós possuímos tais conteúdos. A diferença está na habilidade de lidar com eles, logo, o não louco transita pelo mesmo território que o louco, apenas não se aproxima do núcleo psicótico, já o louco o ultrapassa. Ele também fala sobre a psicose latente, explicando que esta, se esconde por trás de uma neurose. Por isso, aquele profissional, que escolheu não atender psicóticos, pode receber em seu consultório/ateliê um neurótico nosso de cada dia que pode na verdade encobrir uma psicose latente. E se ela, durante o “lindo” processo criativo irromper? Como proceder? Então chegamos à questão da formação do profissional de Arteterapia hoje, 60 anos depois dos primeiros passos da Dr. Nise da Silveira. Sara Paín, argentina Psicóloga e Doutora em Filosofia, nos dá um grande acréscimo teórico em sua publicação Fundamentos da Arteterapia, publicado pela 25 Vozes em 2009, onde ela apresenta todo um pensamento sobre o que constitui a Arteterapia e seu corpo prático e teórico. E assim como Nise, porém dentro do conceito atual de Arteterapia, ela nos traz a seguinte questão a respeito da formação do profissional da área: “Visto que hoje em dia a Arteterapia é mais uma atividade que uma disciplina institucionalizada, convém definir quais são os conhecimentos e cultura necessários para organizar um ateliê com fins terapêuticos. Eles pertencem basicamente a três campos: o da técnica das atividades plásticas, o da psicologia da representação e da psicanálise, e, por último, o domínio da arte, de sua significação e de sua história. Para não assustar os potenciais candidatos, é preciso assinalar que a cultura assinalada não implica numa especialização em cada uma dessas disciplinas, mas exige tratamento contínuo bem determinados, de conhecimento teórico e prático”. Essas citações vieram ao encontro com algumas reflexões que venho fazendo à partir da observação de textos, oficinas, aulas, conversas e outros encontros onde fui sentindo cada vez mais a necessidade de encorpar tudo o que me fora transmitido, pois fui percebendo que a prática a qual me dedicava estava se tornando uma prescrição de receitas deixando pouco, ou quase nenhum espaço para a criatividade espontânea, para a produção livre que desencadeia de fato o processo criativo, único e individual à partir da relação do indivíduo com os materiais e o espaço oferecido. O discurso sobre o uso de materiais estruturantes para pessoas desorganizadas e materiais mais fluidos para os mais obsessivos foi ficando cada vez mais raso diante da imensidão que se revelava para mim a cada descoberta em livros, vídeos e novas discussões. Os materiais possuem sim sua linguagem, mas será muito mais eficaz se forem descobertos pelo próprio paciente, sendo o arteterapeuta aquele que vai apontar os obstáculos ao longo do processo e sua “oferta” de material é para pontuar uma resistência, provocar uma reflexão ou ainda facilitar a expressão em alguns casos específicos. Claro que essa apresentação acerca do papel do arteterapeuta está incompleta, e infelizmente assim ficará neste resumo, pois o objetivo dessa explanação é concluir que a replicação de técnicas acabara por revelar a minha própria limitação criativa dentro do encontro terapêutico, pois até então minha formação de base, a psicologia, abarcava as noções de psicopatologia e relação terapêutica, mas durante os estudos em Arteterapia pouco do âmbito das artes fora introduzido. 26 “A arte, através de sua história e suas variações, apresenta diversos códigos de significação, nos quais as produções individuais podem encontrar sentido. Quanto maior for o domínio da multiplicidade de códigos, mais facilmente o arteterapeuta descobrirá os valores (luz, cor, contraste, etc.) com os quais o sujeito trabalha, e poderá ajudá-lo a enriquecer sua linguagem plástica e sua capacidade de simbolização. É necessário, portanto que o profissional seja um visitante assíduo de museus e exposições para acumular as diversas formas de ‘dizer’ das imagens. Requer tanto uma cultura artística como um saber técnico, além da capacidade de compreensão psicológica”. Conclui com todas as minhas críticas e reflexões que ser um arteterapeuta é mais difícil que se pensa, seu alcance é mais profundo do que se pratica e por isso, a responsabilidade para uma boa formação deve abarcar tanto o estudo da arte quanto o estudo da psicologia como fundamentação teórica da profissão. Percebo, cada vez mais, a importância do estudo continuado em psicologia, técnicas e materiais, teoria e história da arte, como fundamental na formação de um bom profissional de arteterapia, seja para sua atuação clínica, educacional ou institucional, pois em qualquer uma delas estaremos sempre lidando com indivíduos, suas mentes conscientes e inconscientes, em seus processos criativos no caminho da individuação.9 10 A ARTETERAPIA NO TRATAMENTO DA ADICÇÃO Uma tarefa que poderia ser complicada torna-se simples, a partir da inserção da metodologia arteterapêutica no quadro de ocupações oficializadas no Brasil (CBO – cód. 2263-10): apresentar a ARTETERAPIA como método suficiente e único para o tratamento de transtornos e comorbidades. Especialmente quando aplicada ao tratamento de transtornos mentais relacionados a substâncias (drogadicção) e as comorbidades que possam vir juntas a estes transtornos. A ideia “suficiente” não exclui a parceria com outros profissionais. O que mais vale ressaltar aqui é a capacidade que a arteterapia tem de alcançar e ocupar espaços na recuperação e na vida do drogadicto que dificilmente encontraremos em outra dinâmica terapêutica. Porque o fazer arteterapêutico não se limita a abordagem psicológica nem somente a uma ocupação que dê conta do cognitivo e ocupacional do paciente. A arteterapia transforma o sujeito a partir do momento que o 9 Extraído do link: nao-palavra.blogspot.com.br 27 arteterapeuta a escuta, devolve, acolhe, reconhece, confronta e acata suas demandas. E, em seguida, na medida e ocasião certas, propõe produções, criações, escolhas, desafios e crescimento pessoal. “O fazer arte é terapêutico, porque proporciona integração de uma personalidade, mediante a aplicação de técnicas e práticas expressivas,que tanto facilitam a materialização de formas, doadas por conteúdos projetados, bem como permitem a identificação funcional das mesmas, já que possibilitam a sua integração. ” (“A transformação pessoal pelas imagens”, URRUTIGARAY, 2003, p.50) Não se trata nunca de valores estéticos ou beleza poética na análise de trabalhos produzidos por pacientes de qualquer natureza. Não há avaliação alguma de grau de habilidade ou talento artístico potencializado. O que entra em questão é o fazer espontâneo e a entrega livre para cada produção, sob qualquer manifestação artística, envolvendo e convidando as sete artes conhecidas. E para tal, nem o paciente nem o terapeuta precisa ser artista. Tendo como condição sine qua non nesta relação terapêutica a formação do profissional na matéria da ARTETERAPIA. O que exige deste (arteterapeuta) conhecimento dirigido às artes, às técnicas artísticas, materiais para produções artísticas e, necessariamente, domínio das teorias de psicologia analítica de Carl Jung, seus estudos, pesquisas e trabalhos reconhecidos e aplicados por grandes autores, como Nise da Silveira, Luigi Zoja, Ângela Philippini, dentre outros. “A possibilidade da vivência de experiências sensoriais, dadas pela percepção de formas, texturas, cores, volumes gerados pela materialização ou à concretização de si mesmo, torna possível a ação de plasmar a si mesmo… dada à atenção focada na sua própria ação. ” (“A transformação pessoal pelas imagens”, URRUTIGARAY, 2003, p.52). O paciente passa pelo crivo dos critérios diagnósticos previstos no CID 10 e/ou DSM-IV e, naturalmente, ambos, paciente e arteterapeuta, passam pelo estágio de vínculo paciente/terapeuta, como de praxe. Conforme o avanço das sessões, nos tempos e condições respeitados, as propostas de produção de imagens acontecem gradativamente e em sequências. Começam a surgir imagens do consciente e do inconsciente, de locais de difícil acesso da psique, com significados arquetípicos e mitológicos, como também podem aparecer figuras e formas da imaginação ativa, 28 inspiradas por tendências artísticas e culturais, influenciada pelo mundo contemporâneo ou por um conhecimento qualquer do intelecto daquele cliente. “Acentuemos que a imagem interna não é um simples conglomerado de conteúdo do inconsciente. Constitui uma unidade e contém um sentido particular: expressão da situação do consciente e do inconsciente, constelados por experiências vividas pelo indivíduo” (“O Mundo das Imagens”, SILVEIRA, 2001, p.82). E mesmo assim precisa ser amplificada, desdobrada, revisitada, refeita utilizando-se variados materiais e técnicas artísticas. Muitas vezes, desconstruída, reconstruída e, na grande maioria (evidentemente há casos excepcionais), somente após uma sequência de produção de imagens pode-se avaliar a situação ou a fase ou a experiência que se encontrou (ou encontra) o cliente. Alguns profissionais podem cair na esparrela de tirarem conclusões acerca do paciente com base apenas em uma ou duas produções, o que pode prejudicar o tratamento. A percepção do terapeuta tem que estar focada no que se apresenta plasmado nas imagens produzidas pelo paciente, em consonância com as suas palavras, colocando também foco nas expressões do seu corpo, gestual e postura, que o acompanham. Toda manifestação do ser, até mesmo seus sonhos, podem servir de objeto de apreciação e investigação. “A palavra fracassa. Mas a necessidade de expressão, necessidade imperiosa inerente à psique, leva o indivíduo a configurar suas visões, o drama de que se tornou personagem, seja em formas toscas ou belas, não importa” (“O Mundo das Imagens”, SILVEIRA, 2003, p.83). O que importa é a ação do que quer e precisa ser comunicado consciente ou inconscientemente. E esta ação é o fazer artístico, que não precisa ser classificado como arte. Mas sempre incentivado e acatado, podendo ser pintura, modelagem, dança, poema, foto, cena e/ou música, para posterior análise e cuidado permanente.10 10 Extraído do link: www.nucleointegrado.med.br 29 11 ARTETERAPIA: DO ISOLAMENTO À CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE Uma punição por discordar dos métodos adotados nas enfermarias e a doutora Nise da Silveira inaugura no Brasil, em 1946, uma das terapias mais crescentes no país: a arteterapia. Ela se recusava a aplicar eletrochoques em seus pacientes e por isso foi transferida para o departamento de terapia ocupacional, o que seria uma punição, pois essa vertente era menosprezada pelos médicos na época. Mas Nise fez disso uma oportunidade de seus pacientes se expressarem e interagirem com o mundo por meio das artes. No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela criou ateliês de pintura e modelagem e, com isso, revolucionou a Psiquiatria então praticada no país. A intenção da doutora era possibilitar aos doentes um contato com a realidade por meio da criatividade. A produção nestes ateliês foi tão intensa que despertou grande interesse científico e mostrou a utilidade de técnicas artísticas no tratamento psiquiátrico. O legado que a doutora Nise da Silveira deixou para a medicina foi de tamanha importância, que o espaço onde estava instalado o Centro Psiquiátrico Pedro II foi transformado no Museu de Imagens do Inconsciente para expor as obras dos pacientes. Inicialmente o museu serviu para, por meio do estudo de imagens e símbolos, acompanhar o quadro clínico dos doentes. Inspirados no trabalho de Nise da Silveira, inúmeros profissionais passaram a se utilizar destas técnicas no tratamento de transtornos mentais. Mas, ao contrário do que possa parecer, a arterapia não é uma terapia alternativa, como explica a psicóloga e arterapeuta Angela Philippini. “Fora do Brasil este processo já existe há 55 anos, foi criado por Jung e é um campo de conhecimento muito específico”. O trabalho de Nise da Silveira foi contemporâneo aos primeiros pesquisadores dos outros países. Nise foi aluna de Jung. O psicólogo Sidney Dantas, que também é musicoterapeuta do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, conta que esses dispositivos no tratamento, seriam inimagináveis nas décadas passadas, antes da Reforma Psiquiátrica, que teve início em 1970. “A partir desta data o que acontecia nos ‘porões’ dos sanatórios começou a vir à tona. Era uma falta de humanidade da própria classe médica, tratamentos 30 violentos, que quando foram expostos, obrigaram as autoridades a reformar o sistema”, conta. O tratamento dos portadores de transtornos mentais era baseado no isolamento. A rotina não permitia que o paciente tivesse uma vida normal. A lei antimanicomial trouxe um desafio para a classe médica: tirar o paciente deste isolamento e inseri-lo na comunidade. Com a arte, vista inicialmente como um complemento, isso mudou. Segundo Dantas, o isolamento não permitia a melhora no quadro clínico. O psicólogo afirma que este processo artístico atende a esta necessidade. “Desta maneira o paciente pode se expressar, interagir com o mundo, se sentir útil e aceito. Há algo que ele sabe fazer bem. Então escolhe as atividades com as quais tem mais afinidade, descobre e mostra seus talentos”. Já Angela não pôde empregar as técnicas aprendidas no mestrado em Criatividade na instituição em que trabalhava, então decidiu fundar o Instituto Pomar, em 1982. “A vida das pessoas que são tratadas com arte muda substancialmente. São mudanças muito fortes, muito positivas de autoimagem, de fortalecimento de identidade, na coragem de se comunicar de maneira mais clara e objetiva. Isso a arte pode fazer pelas pessoas, fazer com que se expressem de um jeito mais diversificado”. Ela diz também que há alguns anos os profissionais de saúde se tornaram mais dispostos a implementar a arte nos processos terapêuticos.“Esta metodologia aqui no Brasil ainda é considerada inovadora”, diz. Além de transtornos mentias a arteterapia ajuda no controle de problemas neurológicos. “Na realidade a arteterapia tem uma ampla elegibilidade, o que significa que ela pode atender a vários tipos de processos de adoecimento, deste os transtornos mais graves a problemas de ordem neurótica”. Isso significa que as pessoas que sofrem com problemas da vida cotidiana, como stress, podem ser beneficiadas por este processo terapêutico. Em arteterapia existem vários campos de especialização, com a psicopedagogia. Esta vertente trata das dificuldades de aprendizagem, das de ordem psicomotoras, etc. Além do controle, e, em alguns casos, a cura, a arte traz a inclusão do doente. O trabalho de arteterapia parte do pressuposto de que a criatividade é inerente ao ser humano. “Todas as pessoas podem se expressar através das artes, podem criar, todas as pessoas têm uma potencialidade, uma habilidade, um talento. Esse processo vai despertar essa consciência, o que beneficia várias áreas da vida do indivíduo. Na 31 minha opinião, essa é a revolução da arteterapia. O fortalecimento do indivíduo por meio da sua própria criatividade”.11 12 A LINGUAGEM ARTÍSTICA E SUA PRÁTICA TERAPÊUTICA NO COTIDIANO DO PSICÓLOGO Há tempos, nos meios científicos se estuda o papel das artes como ferramenta das mais diversas áreas científicas. Esses estudos, primeiros vieram principalmente com os primeiros, movimentos de humanização da assistência em saúde Mental com Pinel na França, Johann Christian Reil que elaborou um método clínico em Praxiterapia baseada em três etapas; A primeira etapa, a primeira etapa implicava em trabalhos físicos, realizado ao ar livre, em um segundo momento, estimulava-se o paciente a nível sensorial, por meio de objetos específicos com esse objetivo; Na terceira etapa aí que segundo Maíra Bonafé é que entra o recurso artístico expressivo, na estratégia terapêutica proposta, nesta época ainda , se via a linguagem artística apenas como ferramenta terapêutica para uma assistência a portadores de transtorno mental, apenas o que veio a mudar bastante com a própria evolução científica. Já nesta época se tinha como estratégia principal um pensar em como incluir esse indivíduo na sociedade, através da estabilidade pela terapêutica pela arte. Vejam meus amigos, que o que conhecemos hoje como o papel terapêutico da linguagem artística não é algo tão novo assim, nós da Arteterapia que vem já no século xx só vem a sistematizar o que já se vinha estudando ao longo da história principalmente dentro da saúde mental. Já em 1888 Lombroso, um advogado criminalista desenvolve análises psicopatológicas dos desenhos realizados por doentes mentais para classificar doenças( segundo a arteterapeuta Carla v). Dentro deste contexto o grande psiquiatra, Osório Cesar lança a obra a expressão artística dos alienados, vale ressaltar que ainda nesta época a arte enquanto recurso terapêutico era usada exclusivamente em portadores de transtornos Mentais. No hospital Juquerí, em São Paulo, é criada nosso país a escola, Escola Livre de Artes Plásticas – ELAP – é criada oficialmente em 1949, resultado direto do trabalho que o psiquiatra e crítico de arte Osório César (1896 – 1980), desenvolve no hospital a partir de 1923. O propósito 11 Extraído do link: opiniaoenoticia.com.br 32 básico da escola é a recuperação e a reintegração dos pacientes na sociedade por meio do desenvolvimento de suas aptidões artísticas vale ressaltar que o mesmo não descartava o que aquela ferramenta terapêutica comunicava porém o seu objetivo, terapêutico principal era outro, pois como crítico de arte e preso a uma concepção de arte no qual vigorava na época, Osório César tinha como objetivo principal incluir esses pacientes a sociedade, os em quadrando a um determinado padrão de arte, acadêmica no qual vigorava na época, quero deixar claro que como psicólogo que trabalha com arteterapia, que a metodologia de trabalho desse grande personagem da história , não é que esteja certa ou errada ela só é diferente da forma no qual eu trabalho hoje, pois não só eu mas tudo que se pensa, quando se fala em arteterapia hoje, não dar importância apesar de ter o termo “arte” a enquadrar um dado paciente a um padrão estético formal, bem dentro de uma concepção no qual a doutora Nise acreditava apesar de não gostar que chamassem o seu trabalho de arteterapia pois, ela vivia em um contexto onde a ideia do que se entendia pelo, termo arte era algo bem tradicional e acadêmico, Segundo Maíra Bonafé . Já em si falando, do processo de construção da arteterapia de forma sistemática e como um novo campo de conhecimento que tem muito que amadurecer, o mesmo se constituí segundo A arteterapeuta Irene Gaeta arcuri, (…) ” como um campo, de interfaces, por natureza (…) ” sendo influenciada, pela antropologia, arte, psicologia, neurologia, psiquiatria onde praticamente os primeiros estudos começaram por aí, assim como a sociologia e várias outras. A nossa arteterapia, por possuir essa característica de ser multifacetada por natureza e de não possuir um conjunto , de conhecimento exclusivamente, seu como a biologia por exemplo, a mesma possuí em sua característica , maior enquanto terapêutica complementar de trabalho, o de ser o que se chama hoje de transdisciplinar por natureza pois só bebendo de várias outras ciências é que se pode efetivamente pôr em prática essa ideia de se usar a arte como terapia, dentro de um contexto de ludicidade tendo como objetivo maior dar uma leveza ao tratamento e esse portador alcançar a sua estabilidade em seu quadro clinico e o incluir em sociedade não o mantendo a margem. Com o tempo o uso das mais diversas linhas terapêuticas, que se utilizavam da linguagem expressiva foram ampliando o seu leque, para além da saúde mental em si falando mais especificamente em arteterapia, conforme a psicóloga Patrícia (crp-15/1659) e arteterapeuta diz; “Seu uso tem fundamentos na visão artística, médica, psicológica e 33 terapêutica, onde o paciente é concebido como um agente de sua própria história e transformação”. (Fonte: site cantinho de criança). Fonte:pontodeluz.com O objetivo maior da arteterapia, entretanto é se colocar, como uma ferramenta terapêutica menos sofrida, e sempre respeitando o tempo interno daquele a quem nos procura, respeitando com isso aquele indivíduo a quem nos procura, onde trabalhamos em cima de promover uma qualidade, da relação terapêutica focando naquilo que o nosso cliente, paciente, ou Artstant usando um termo mais arteterapêutico visando uma qualidade na relação dialógica. A arteterapia neste contexto se coloca como a ferramenta que nos dias atuais quando bem usada mais respeita aquele quem solicita nossos serviços, o profissional pode dentro de qualquer linha de trabalho se utilizar dessa terapêutica, contudo se faz necessário muita seriedade e objetivo ao se aplicar uma técnica. Essa linguagem contudo se utiliza das mais diversas formas , de expressão tais como desenho, pintura, modelagem, colagem e trabalhos com música muito parecido com o que se conhece, como musicoterapia, sendo esta uma das interfaces da arteterapia assim como trabalhos expressivos corporais semelhantes ao que se conhece como psicodrama, por exemplo existe uma técnica psicodramática que se utiliza do desenho, como estratégia expressiva, lúdica pedindo para após , o desenho feito se criar uma história contendo os itens deste desenho, sendo contado em formado de dramatização, seguindo algo que tanto Moreno, pai do psicodrama assim como os estudos tanto de 34 Sigmund Freud, assim como um dos cientistas que hoje é considerado um dos pais da nossa, arteterapia Carl G. Jung que ao dramatizar e ao se expressar, artisticamenteseja incorporando um personagem, ou pintando um quadro por exemplo, o artista coloca conteúdos psíquicos emocionais dele naquele trabalho, pois como vem como algo que vem sem mesmo ele se dá conta, dentro de seu racional e nível de censura, interna pois a ludicidade proporciona isso gera uma catarse onde em muitos casos esse conteúdo proporcionando uma tomada de consciência desse indivíduo, através do mecanismo da sublimação vindo através da expressão artística conteúdos inconscientes muitas vezes insuportáveis, se fosse, trabalhado em uma psicoterapia, ou analise 100% verbal e como não é o conteúdo, evocado começa, a ser terapêutico já no processo de se tirar daquele canto obscuro , de no psiquismo inconsciente e vindo de forma lúdica e não sofrida e com isso sem precisam de se acionar , mecanismos de defesa como , o da resistência por exemplo, vale ressaltar que entendemos como lúdico, em termos de linguagem, aquilo que a princípio não tem um objetivo de ser terapêutico, mais que no final termina virando as nossas crianças tem muito a nos ensinar neste sentido, é só estudarmos, a função do brincar na formação deste psiquismo da criança e sua importância neste contexto para que a nível de personalidade em formação, a mesma cresça saudável mentalmente, e principalmente afim de que se desenvolva o seu potencial criativo, no qual é importante inclusive, quando chegar a fase adulta, pois um ser humano criativo, consegue ter, mais flexibilidade para superar e resignificar os obstáculos da vida, na verdade desenvolver o potencial criativo nada mais é que usar aquilo, que já trazemos conosco sendo o próprio pai da Psicologia centrada na pessoa o psicólogo americano Carl Rogers, quando coloca que o ser humano traz desde que nasce um poder de auto superação e nós psicólogos, precisamos independente da abordagem teórica, acreditar , nisso e ser um facilitador para quem buscar os nossos serviços, a gente buscar dentro dele o seu poder de auto superação, sempre dentro de uma ótica, de uma terapia sobre medida, pois cada indivíduo é único por sermos uma terapia, que visa principalmente, aquilo que no nosso cliente paciente, nos comunica, a nível terapêutico como ferramenta terapêutica complementar, assim como de forma a ter uma qualidade dessa relação através, do lado bom dessa criança interior no qual ficou esquecida lá trás, nós buscamos resgatar esses aspectos que possam por exemplo 35 contribuir para esse indivíduo no hoje, um exercício de resignificar, e virada de página, deixando o processo psicoterápico, e analítico o menos sofrido possível. Segundo a arteterapeuta Maitê Provezano luz (…) ” Utilizando-se do conceito de “complexos” e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se dedicar profundamente aos meios, pelos quais se expressa o inconsciente. Em sua teoria, onde ele divide inconsciente individual (o mesmo inconsciente freudiano) assim como o inconsciente coletivo, conceito criado por Jung que deu uma ampliada, onde dizia que lá nesta estrutura continham, conteúdos símbolos( arquétipos, o nosso lado feminino e masculino(anima e animus, assim como nossa memória ancestral) que constelam sentimentos profundos que iam além dos traumas e conteúdos reprimidos do inconsciente freudiano de apelo universal, os arquétipos”(…)Acreditando na forma de expressão tanto desse inconsciente individual quanto do coletivo, Jung foi o primeiro cientista a perceber a limitação de um processo psicoterápico exclusivamente verbal em sua teoria da imaginação ativa, usando da linguagem expressiva da arte, para se ampliar a ideia de associação livre enquanto estratégia clínica do psicanalista. A arteterapia pode ser trabalhada, nas três faixas etárias(criança, adolescente, adulto e idoso), sendo importante destacar que ao aplicar uma técnica como essa se faz importante adaptar a faixa de idade, ou do grupo ou do seu cliente, paciente no qual você está aplicando a técnica dentro da ideia da terapia sob medida, seguindo a ideia de adaptar a proposta terapêutica, a cada indivíduo enquanto ser único a sua faixa etária, limitação, personalidade e realidade sócio cultural no qual está inserido. Nas linhas mais ligadas a escola psicodinâmicas como a psicanálise, e a escola Lacaniana e Neo-freudianas que trabalham com interpretação por parte do Analista, ou psicanalista a importância, neste contexto de quando for se utilizar desta ferramenta artística expressiva(arte) dentro de um contexto terapêutico, se faz necessário contextualizar sempre no sentido de se relacionar, a quilo que a obra do dado autor está comunicando em relação aos conteúdos, inconscientes daquele indivíduo, supostamente colocando na relação pedindo para que aquela pessoa no material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é processo terapêutico fale sempre respeitando o tempo interno do mesmo daquilo que fez, pois a relação terapêutica, deve ser calcada no respeito, mútuo o que não impede se for o caso trazer aquele, trabalho em um outro momento. Em contexto do que se chama de arte-educação, uma das interfaces da arteterapia , exercícios teatrais muito ligado a outra abordagem que 36 se assemelha com a nossa arteterapia que é o psicodrama, sem necessariamente está ligado diretamente, com a teoria de Moreniana, onde nada mais é que o que se chama de atividade no qual trabalha, de forma lúdica, dentro de uma proposta cênica como desenvolvimento do potencial criativo da criança trabalhos onde a criança representa, papeis sociais, referentes ao mundo que a cerca, representando e trabalhando de forma leve e divertida as representações do mundo no qual ela faz parte. Essa linguagem , entretanto como toda, com uma intenção educativa, no seu sentido mais amplo, segundo Lorena Verli1, só irá fazer sentido se o seu objetivo principal for do através dessa linguagem dramática do teatro aflorar na criança, o seu potencial criativo que irá criar nela, sendo um ser que está, em processo de formação de sua personalidade, um padrão de personalidade mais flexível, tão essencial para dar encarar de forma mas Resiliente, nesse mundo de hoje, que exige cada vez mais nós como também cada vez mais uma postura flexível diante dos obstáculos. Portanto vale ressaltar que a ideia, da realização de um trabalho ou técnica sob medida, tanto para a faixa etária das crianças como a série se faz necessária assim como, se estipular o tempo, já que como todo projeto e proposta de trabalho se tem um tempo limitado. No exercício como esse é importante destacar que, é importante que as crianças se sintam participantes de todo o processo desde a montagem, cenário tudo, pois a criança se sentido capaz de produzir algo legal, se trabalha algo, no qual se tem como estratégia como também em relação a nossa proposta como psicólogos que trabalhamos com essa apaixonante ferramenta terapêutica de trabalho a arteterapia , que é trabalhar naquela pessoa que nos procura o seu amor próprio, algo essencial a ser pensado não só por nós linguagem plástica como meio de expressão, dos artistas rotulados como “brutos”, eram tidos como uma espécie de marginal no sentido de ser considerado, pelos intelectuais marcadamente academicista , da época como algo que não podia chamais se chegar ao patamar elitista daquilo que era considerado arte naquele contexto. Segundo os libertários da expressividade no qual, a Dr: Nise fazia parte pensava que essa forma de expressão tinha seu valor por ser simplesmente algo, brotado do inconsciente, e por se originar, de algo estritamente da natureza humana possuía seu valor artístico pelo simples fato de se caracterizar como algo excencialmente humano! Psicólogos, assim como professores educadores tem o papel de inclusivo e libertador de defender não só a expressão artística dentro deste caráter libertário, mas no sentido de defender a livre expressão
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