Buscar

INTERVENÇÃO-ESCOLAR-FAMÍLIA-COMUNIDADE-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
INTERVENÇÃO ESCOLAR FAMÍLIA COMUNIDADE 
1 
 
 
 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
O PSICÓLOGO SOCIAL ESCOLAR: REFLEXÕES CRÍTICAS EM SUAS 
INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS .................................................................. 4 
FAMÍLIA E EDUCAÇÃO .......................................................................... 9 
AS RELAÇÕES DA FAMÍLIA COM A ESCOLA NO BRASIL ............. 12 
O ENVOLVIMENTO DOS PAIS NA ESCOLA: UMA CULTURA DE 
PARTICIPAÇÃO ....................................................................................... 17 
ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR ................. 19 
INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS .................................................. 20 
OS FOCOS DE INTERVENÇÃO: A ESCOLA, OS PROFESSORES, OS 
FUNCIONÁRIOS, A COMUNIDADE E OS ALUNOS ................................... 22 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 27 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A educação é vista como mediadora entre o gesto cultural e sua 
continuidade, ou seja, é na interação dos homens, em sua tradição, valores e 
cultura, que o sujeito constitui-se, transforma-se e modifica o meio no qual está 
inserido. 
 
A presença da família na educação dos filhos é imprescindível para o 
desenvolvimento psíquico, moral e intelectual. A família e a escola emergem 
como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos 
das pessoas, atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico, 
intelectual, emocional e social (DESSEN e POLONIA, 2007, p. 22). 
Considerando o meio sociocultural fundamental no desenvolvimento e na 
aprendizagem do indivíduo, Vygotsky (1996) descreve diferentes tipos de 
desenvolvimento ou domínios genéticos - o filogenético (desenvolvimento da 
espécie humana), o ontogenético (desenvolvimento do indivíduo), o 
sociogenético (história dos grupos sociais) e o microgenético (aspectos 
psicológicos do sujeito) – que possibilitam compreender como se dá o processo 
de construção do conhecimento evidenciando que a aprendizagem é uma via de 
mão dupla. 
Assim, falar da escola como espaço de propagação da cultura requer 
compreender os sujeitos que nela participam como atores de uma história, de 
uma cultura e de um modo de vida particular. 
4 
 
 
Neste aspecto, definir a educação como um processo social regido por 
valores e normas que constituem a sociedade, é pensar também na atuação da 
família e da escola neste processo educacional, pois, ainda hoje, a família é 
caracterizada como a primeira instância responsável por impor normas e valores 
sociais e culturais à criança e a escola por dar continuidade a esse processo, 
mas principalmente transmitir o conhecimento acadêmico. Este ensino tem 
enfatizado os resultados da aprendizagem, utilizando-se de propostas e 
estratégias homogêneas independente muitas vezes da idade, experiências, 
ritmos e origem social de seus sujeitos. 
 
O PSICÓLOGO SOCIAL ESCOLAR: REFLEXÕES 
CRÍTICAS EM SUAS INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS 
 
Uma das principais implicações educativas da denominada Psicologia 
Social Escolar refere-se à defesa intransigente de um modo de pensar que não 
se entrega diante das facilidades de um raciocínio condicionado a permanecer 
na superfície do dado imediato. Ao contrário, a Psicologia Social Escolar postula 
uma operação dialética do pensamento, que ensina a ler as entranhas de cada 
objeto analisado. Assim, o dado particular contém dentro de si não só suas 
idiossincrasias, mas também as relações sociais, materiais e históricas que são 
responsáveis, tanto por sua essência como por sua aparência. 
Os espaços educativos têm um caráter institucional permeável, tanto em 
sua aparência (estrutura física, modelos de professores, etc.), quanto em sua 
essência (ideologia, comportamentos, relações interpessoais, etc.), que permite 
ações conservadoras (no sentido de manter o status quo vigente do modelo 
neoliberal) e transformadoras (no sentido de buscar novas formas de combate 
às injustiças do sistema vigente), tal como alertam Bourdieu e Passeron segundo 
análise de Swartz (1981), assim como, Paulo Freire (1990), entre outros 
pensadores do movimento educativo. O espaço educativo, por si só, é 
contraditório, dialético, e nele se estrutura um modelo reprodutor e informativo 
do conhecimento e um modelo crítico, histórico, político e social que pode 
5 
 
 
permitir ao aprendiz ser mais criativo, capaz de transformar e ampliar o 
conhecimento atual. 
 
Posto isso, surge-nos a seguinte questão: como a Psicologia pode 
contribuir com ações inovadoras, transformadoras e significativas para o 
alunado? 
Segundo Bock (2001), as teorias psicológicas, ao conceberem a escola 
como instituição isolada da sociedade, criou um dos seus principais problemas. 
A escola deve fazer a mediação entre o indivíduo e a sociedade, e não se tornar 
uma instituição fechada, destinada a proteger a criança dessa mesma 
sociedade. O conhecimento psicossocial deve ser trabalhado de forma natural, 
não preconceituosa e como arcabouço intelectual que pode preparar a 
comunidade escolar a lidar com a realidade social de forma discernente. 
Com um olhar mais social, cabe ao psicólogo escolar desenvolver, junto 
às comunidades escolares, intervenções psicossociais que atentem aos 
aspectos sócio-históricos que fazem parte do universo humano e que contribuem 
para o desenvolvimento de um sujeito mais consciente, crítico, ético, sensível e 
autônomo. Essas intervenções devem ser fruto de uma relação dialética 
estabelecida entre o sujeito atendido e o sujeito que atende, o que implica formar 
um contexto que possibilita a transformação de ambos, colocando-os num 
6 
 
 
movimento emancipatório, sendo capazes de lidar com os conflitos escolares 
que surgem. 
Desse modo, as ações desenvolvidas a partir da intersecção Psicologia 
Escolar versus Psicologia Social podem produzir, na comunidade escolar, a 
articulação das realidades objetiva e subjetiva que se processam dialeticamente, 
que consideram o sujeito e suas relações - subjetivas ou objetivas - com a 
coletividade. 
Sob essa perspectiva teórico-prática, a comunidade escolar passa a ser 
vista como dinâmica e pode, necessariamente, ser transformada em sua 
subjetividade, estabelecendo uma estrutura crítica na qual é capaz de visualizar 
os limites que são impostos pelo pensamento liberal à escola na sociedade pós-
moderna capitalista. 
O projeto de uma Psicologia Escolar Social deve ser mediado por ações 
transformadoras (pensamentos críticos ecriativos, relações igualitárias, 
convivências pacíficas) e interiorizado como projeto individual, tomado como 
forma de consciência e inconsciência das pessoas que convivem no espaço 
escolar, pois essas questões não são apenas incorporadas por interesses 
coletivos abstratos, mas por algo que resgata o prazer individual. Em suma, a 
Psicologia Social Escolar não dicotomiza o bem-estar coletivo e o prazer 
individual: ambos fazem parte do dia-a-dia das pessoas. 
Lugar incômodo cabe, portanto, ao psicólogo social escolar, sem 
prerrogativa de instituir uma ingerência sobre a comunidade escolar; sua função 
é capacitar a população para construir meios para estabelecer novas práxis na 
compreensão de suas lutas e problemas. 
O esforço na busca por um pensamento mais dialético, na tentativa de 
melhor compreender a comunidade escolar é, portanto, um dos objetivos do 
psicólogo escolar. A práxis estabelecida a partir disso possibilita à população 
escolar ser senhora de seus atos e deixa o psicólogo livre de impor intervenções 
prepotentes, dominadoras e individualizantes à comunidade escolar. 
Cabe a esse profissional, juntamente com a comunidade escolar, 
identificar as contradições, evidenciar a estrutura concreta e simbólica dos 
7 
 
 
conflitos escolares e viabilizar propostas de intervenções alternativas e realistas, 
que permitam a participação de todos os interessados na capacitação para lidar 
com os problemas surgidos. Harmonicamente, Bleger (1984) projeta a função do 
psicólogo que intervém em instituições como um educador que educa e é 
educado, concomitantemente, pelas experiências das pessoas. Sua intervenção 
e pesquisa se desenvolvem a partir da demanda da instituição. 
Dessa forma, o psicólogo, na comunidade escolar, deve rever suas 
posições profissionais em busca de práticas inovadoras, que contam com a 
participação da população escolar, são emprenhadas como práxis da atuação 
do psicólogo escolar. 
O projeto do psicólogo deve se constituir a partir da criação de espaços 
de reflexão para a comunidade escolar (professores alunos, pais, direção, 
funcionários) em centros educativos formais (escolas) e informais (Ongs, 
comunidades estruturadas, centros de atendimento a jovens, etc.). As ações 
desenvolvidas devem ter uma penetração social e afetiva mais profunda junto 
aos jovens. 
Nesses espaços de reflexão, a comunidade escolar capacita-se para 
tomar decisões e buscar soluções criativas para muito de seus problemas. 
Desafios como a perversão da sexualidade, as relações interpessoais, a 
violência urbana e doméstica, políticas escolares, preconceitos étnicos, falta de 
acesso à escola, à oportunidade de lazer, opção de vida, convívio familiar, 
relação com a comunidade, divisão de renda, educação diferenciada, ignorância, 
sociedade classista, drogadição facilitada, violência econômica (bens de 
consumo inacessíveis, mas desejáveis), abandono, etc., poderão ser temas de 
reflexões mais apuradas. Tais temas denunciam a falácia e a hipocrisia da 
sociedade que se diz encontrar-se às portas de uma nação desenvolvida, 
igualitária, fraterna e libertária e não repressiva, porém que se mostra moralista, 
preconceituosa e com um dos piores índices de pobreza, de analfabetismo e de 
divisão de renda. 
Tais desafios devem ser trabalhados através de técnicas psicológicas 
(intervenções grupais, orientações breves, exercícios de dinâmicas, etc.) em 
espaços físicos de reflexão grupal, permitindo à comunidade escolar 
8 
 
 
desenvolver visões mais apuradas e críticas das estratégias individuais e sociais 
para sobreviverem em sociedade. 
As estratégias, necessariamente, serão analisadas historicamente, macro 
e micropoliticamente (resgatando os aspectos objetivos e subjetivos que 
constroem o sujeito), e recriadas, no sentido de construir intervenções criativas 
e críticas para que essas mesmas estratégias contribuam na criação e recriação 
- num movimento dialético - de ações psicossociais condutoras de uma história 
projetada e desejada - uma história que tenham o homem como seu principal 
construtor. 
Desenvolver espaços de reflexão grupais, nos quais os problemas 
psicossociais serão discutidos com a comunidade escolar de forma crítica, 
ampla, depurados de preconceitos, servirão para reestruturar uma ética humana 
que respeita a subjetividade individual e social da população em geral e, 
concomitantemente, a faz conviver com as normas sociais ainda vigentes, mas 
não descartando o desejo de transformá-las no sentido de torná-las mais justas 
e comprometidas com uma sociedade mais igualitária. 
O projeto da Psicologia Social Escolar deve ser útil à população brasileira 
que, cada vez mais, insere-se no mundo da criminalidade, renega os estudos, é 
descartada no mundo do trabalho tecnológico, não é capaz de lidar com 
problemas da realidade social contemporânea (frustração, desemprego, 
opressão, cobrança, competição, etc.), não é capaz de desenvolver ou 
compreender uma ética social na qual o respeito pelo outro, a aceitabilidade das 
minorias e as lutas pelos direitos civis se desvencilham do cotidiano. 
Em suma, espera-se que a Psicologia Social Escolar contribua para o bem 
estar, para o desenvolvimento de uma consciência crítica, renovadora, racional 
e transformadora do homem. 
 
 
 
9 
 
 
FAMÍLIA E EDUCAÇÃO 
 
O meio familiar é considerado um dos primeiros ambientes de 
socialização do indivíduo. Segundo Dessen e Polonia (2007), é também a 
primeira instituição social que, em conjunto com outras, busca assegurar a 
continuidade e o bem estar dos seus membros e da coletividade, incluindo a 
proteção e o bem estar da criança. Independentemente do arranjo familiar, esta 
instituição é indispensável para a sobrevivência e evolução dos indivíduos, ou 
seja, é fundamental no desenvolvimento da pessoa, influenciando 
comportamentos, formas de viver e de se relacionar com o mundo. 
 
O papel da família no processo educativo vai além da responsabilidade 
de inserir o indivíduo em uma determinada instituição escolar. Segundo Soares 
(2010, p.4), 
 
Considerando que os pais são os primeiros mediadores entre a criança e 
o mundo, eles influenciam diretamente nas relações desta com a escola e, 
portanto, na sua aquisição de conhecimentos, competências e habilidades. O 
diálogo entre pais e filhos, o ensinamento de valores e a cumplicidade diante das 
dificuldades são elementos que fortalecem ainda mais as relações familiares. 
Além disso, a participação na tomada de decisões da escola e nas atividades 
voluntárias são outras formas de parceria entre as duas instituições que 
contribuem para o desenvolvimento do aluno. A esse respeito, uma campanha 
realizada em 2015 pela Companhia Bic no Colégio Santo Amaro – Rio de 
Janeiro, intitulada “Escrevendo e estudando junto com você” demonstrou que o 
10 
 
 
rendimento dos alunos que contam com a ajuda dos pais no processo de 
aprendizagem é mais elevado que o rendimento dos alunos em que a família 
não auxilia, o que evidencia a importância dos responsáveis na vida escolar dos 
filhos. 
Conforme explicitado, a presença da família e da comunidade no contexto 
escolar garante melhorias ao desempenho do indivíduo. No entanto, alguns 
fatores levam os pais a se ausentarem deste processo provocando 
consequências que são sentidas por alunos e profissionais da educação, como 
por exemplo, a reafirmação da ideia de fracasso escolar enquanto um fracasso 
do aluno e da escola, isentando os pais da responsabilidade pela educação dos 
filhos, a transformação no comportamento e nas relações interpessoais dos 
educandos e a crescente medicalização de crianças e adolescentes diante de 
diagnósticos descuidados e deterministas. 
 
A falta de tempo para ouvir e falar, o estresse do dia a dia, o acúmulo de 
responsabilidades e até mesmo a falta de assunto são os motivos que levam os 
pais a se ausentarem do processo educativodos filhos. Muitas vezes eles se 
esquecem que os filhos precisam da presença, do contato e do diálogo, não só 
para o desempenho escolar, mas para a vida. Dessa forma, a família passa para 
a escola a responsabilidade de instruir e educar seus filhos e espera que os 
11 
 
 
professores transmitam valores morais, princípios éticos e padrões de 
comportamento, desde boas maneiras até hábitos de higiene pessoal (LOPES, 
2009, p.2). 
A escola, enquanto instituição de ensino socialmente consolidada, tem a 
função de desenvolver atividades, articular conhecimentos culturalmente 
organizados, possibilitar a apropriação de experiências acumuladas e fomentar 
o pensamento, a ação e a interação com o mundo. Além disso, deve oferecer 
condições necessárias para que o educando e o educador recebam 
constantemente qualificação diária em seu exercício de atuação, proporcionando 
mudanças na qualidade de vida dos agentes envolvidos. 
Para Paulo Freire (1987, p. 68), ninguém educa ninguém, ninguém educa 
a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Partindo 
da compreensão de que o homem é um constructo sócio histórico capaz de 
influenciar e ser influenciado pelo mundo, tem-se que a família e a escola 
constituem os principais ambientes de influência das pessoas. Quando a 
parceria entre a família e a escola é falha o desenvolvimento do indivíduo tende 
a ser pouco eficiente. Segundo Oliveira (2010, p. 17), 
 
Além das consequências anteriormente citadas é frequente a 
patologização do aluno que foge as normas escolares. Crianças e adolescentes 
que não correspondem a expectativa escolar e/ou familiar são alvos de 
diagnósticos deterministas que visam a normatização dos indivíduos. 
Consequentemente, tem-se que os comportamentos humanos são entendidos 
no abstrato, como se sempre tivessem se apresentado da mesma forma, 
desconsiderando a relação dialética de produção da sociedade e do próprio 
homem (EIDT e TULESKI, 2007, p. 243). Entre as principais diagnoses 
encontradas no contexto escolar está o TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção 
e Hiperatividade, responsável pelo aumento significativo da medicalização de 
crianças e adolescentes. Segundo Eidt e Tuleski (2007, p.225) este transtorno é 
um fenômeno complexo que envolve fatores macroestruturais e não apenas 
12 
 
 
psicodinâmicos, genéticos ou individuais, sendo assim, não deve-se analisar 
somente o comportamento do indivíduo em determinado contexto, mas 
sobretudo, o próprio contexto. Medicar maciçamente estas crianças é uma 
maneira de transferir o fracasso do coletivo para o individual 
É preciso considerar que a ausência da família na escola também decorre 
de questões inerentes à dinâmica e a estrutura pedagógica da escola. A falta de 
um projeto político pedagógico bem estruturado, claro e condizente com a 
realidade da comunidade contribui para essa dissociação. Além disso, ao 
convocar os pais para o ambiente escolar, muitas vezes, o que se pretende é 
apenas informar, ficando a escuta para segundo plano, confrontando o caráter 
democrático que a escola, enquanto local de transmissão de conhecimentos e 
valores, deve possuir. Frente a essa dificuldade de comunicação entre a escola 
e a família é que a presença do psicólogo se faz importante. 
 
AS RELAÇÕES DA FAMÍLIA COM A ESCOLA NO BRASIL 
 
Tanto a família, como a escola são instituições que passaram por 
mudanças em nossa sociedade, nos últimos tempos. Não é apenas a família que 
deve ser posta em análise; a escola, que representa o segundo momento de 
socialização da criança, também vem sofrendo mudanças, ainda que seja 
possível pensar que a escola não mudou na mesma proporção que a família. 
A perspectiva histórica da família atual destaca que as responsabilidades 
educacionais dos pais frente à escola estão ligadas às transformações culturais 
ocorridas na sociedade. A escola parece estar substituindo práticas educativas 
da família, não porque assim deseja, mas porque a família parece não cumprir 
sua função. A família atual, para Chechia (2002), pode estar incorporando 
diferentes significados sobre a escola, os quais parecem indicar a possibilidade 
de um novo perfil para a relação família-escola. 
Os significados históricos e socialmente produzidos nesta relação são 
subsídios apropriados na construção do universo escolar da criança. Contudo, é 
fundamental considerar que a cultura da família estabelece um sistema de 
13 
 
 
hábitos instituídos e generalizados em relação à escola, e também é verdade 
que cada família, de acordo com seus conhecimentos e hábitos, gera diferentes 
hábitos e conhecimentos aos filhos e estes compartilham originalmente dos 
valores e atitudes dos pais, valores e atitudes que serão mais tarde substituídos 
pelos da escola ou com ela compartilhados. 
 De um modo geral, a família pode ser considerada uma instituição com 
um espaço pelo qual os filhos atingem as expectativas de papel, os valores e as 
atitudes sociais e educacionais, por meio das relações interpessoais com os 
pais. Dentro da família se estabelece uma rede de comportamentos, atitudes e 
valores, e isso permite tanto aos filhos como aos pais, formarem relações 
positivas ou negativas com a escola. 
Dessa forma, a escola pode estabelecer uma relação também positiva ou 
negativa, conforme vivencia as experiências com a família de seus alunos, já 
que seguramente ela é a segunda instituição mais importante no que tange às 
relações sociais. Decorrente disso, a escola pode ainda formar conceitos 
positivos ou negativos da família, ou até mesmo prejulgar as atitudes desta por 
desconhecer que a família pode parecer igual na composição, mas distinta na 
ação com a escola. Esse aspecto pode gerar uma crença de que a família não 
respeita a educação escolar, o que não é fato generalizado, já que em muitas 
famílias existe o respeito pela escola. 
Autores como Fraiman (1997) e Nogueira & Nogueira (2002) comentam 
que a crença de que a família não esteja cumprindo suas metas educacionais 
parece justificar a preocupação da escola em expandir serviços de bem-estar 
social. E, como observa Carvalho (2000), é importante chamar a atenção para o 
alcance da política escolar sobre a família, e especialmente sobre as mães, 
explicitando de que forma ela, a política, articula implicitamente escola e família 
como instâncias educativas. 
Um dos pontos fundamentais da relação família-escola é a origem de uma 
"nova história social" da família, a qual revela uma nova concepção de infância 
e de educação, que colabora para o surgimento de uma nova família. Por 
exemplo, o filho, no contexto familiar atual, deixa de ser considerado um pequeno 
adulto, e passa a ser uma pessoa com novos atributos, com necessidade de 
14 
 
 
brincar, ser amado e compreendido. Essas mudanças de significado na 
educação familiar também trazem mudanças no significado da educação 
escolar, uma vez que esta busca resposta para soluções de problemas não-
vividos antigamente, de acordo com Ariès (1978); Lasch (1991), Dias (1992) e 
Cunha (1996). 
Neste momento histórico atual da família, observa-se ainda que a mesma 
parece alegar despreparo e falta de informação para se envolver nos assuntos 
escolares. Por um lado, a escola persiste em buscar o envolvimento dos pais; 
por outro, os pais, de maneira independente das intenções, manifestam, de 
acordo com suas experiências, formas próprias de lidar com os filhos e 
respectivas obrigações para com a escola. Na verdade, conforme Perez (2000), 
família e escola ainda parecem inquietas e perplexas diante dos problemas 
escolares. Como cita a autora, o modelo de parceria família-escola pressupõe a 
típica família de classe média, cuja mãe se dedica exclusivamente aos filhos e 
ao lar. Porém, o fato mais grave é que este modelo de família já não é mais 
predominante. 
Decorrente disso, podemos entender que a relação família-escola é um 
processocomplexo e, de acordo com Lareau (1987) o modelo atual de família 
desenvolve de uma forma intensa a responsabilidade dos pais em relação aos 
filhos. Para a autora, “estes últimos funcionam como um espelho onde os pais 
veem refletidos os acertos e erros de suas concepções e práticas educativas, os 
quais costumam se fazer acompanhar de sentimentos de orgulho ou, ao 
contrário, de culpabilidade” (p.7). Dessa forma, se a família vem adentrando no 
espaço escolar, a escola também, por sua vez, se introduziu consideravelmente 
na zona de interação com a instituição familiar. 
Por conseguinte, os pais assumem muitas responsabilidades em relação 
à vida escolar do filho. Ainda conforme Lareau (1987) os pais são responsáveis 
pelos sucessos e insucessos (escolares, profissionais) dos filhos, assumindo a 
tarefa de instalá-los da melhor forma possível na sociedade. Descreve a autora 
que, para isso, mobilizam um conjunto de estratégias visando a elevar ao 
máximo a competitividade e as chances de sucesso do filho, sobretudo face ao 
sistema escolar, o qual, por sua vez, ganha importância crescente como 
instância de legitimação individual e de definição dos destinos ocupacionais. 
15 
 
 
Tornando quase impossível a transmissão direta dos ofícios dos pais aos filhos, 
a atividade profissional passa cada vez mais por agências específicas, dentre as 
quais a mais importante é, sem dúvida, a escola. 
Portanto, questionamos até que ponto as atitudes da família com a escola 
constituem uma parte central na relação família-escola atual? Chechia (2002) e 
Perez (2007) sugerem que elas estão intimamente ligadas com os valores 
subjacentes da época, pelos quais valorizam a escola mediante as experiências 
vividas. Recomendam as autoras que qualquer esforço para mudar a relação 
família-escola deve levar em conta os valores da família. Além disso, enfatizam 
uma relação direta entre as atitudes desta e o comportamento que ela realmente 
adota em determinadas situações escolares. 
Valores, atitudes e mudança de comportamento da família com a escola 
pertencem ao modelo atual de vida familiar. O que unifica essa nova relação é o 
modo que a família trata a vida escolar do filho. Além disso, como relatado 
anteriormente, tal relação atualmente está intimamente ligada à cultura social da 
época. Por exemplo, a cultura da família em geral e sua experiência, ensinaram-
lhe as maneiras de se relacionar com a escola. Logo, as atitudes, valores e 
comportamentos familiares com a escola são adquiridos ou aprendidos na 
sociedade. 
Então, o que na atualidade realmente define tal relação? Garcia e Souza 
(2004) definiram-na como uma união entre as duas instituições, em que ambas 
podem receber experiências, avaliar e atuar com base em informação 
claramente definidas tanto para a família, quanto para a escola. Desse modo, 
observamos que, na relação família-escola definida pelas autoras, não há 
interesse pela criança. E ainda relatam que as famílias precisam aprender a 
linguagem da escola, principalmente a burocrática. A escola precisa entender e 
aceitar a linguagem da família, na maioria das vezes inculta e rudimentar. 
Concluem que, no momento em que a família e a escola puderem se perceber e 
se aceitar, provavelmente, o relacionamento entre elas será bem-sucedido. 
Pensando como uma construção histórica e social, a relação família-
escola no Brasil se traduz, conforme Bertan (2005), na necessidade de se 
estabelecer as conexões de tais instituições com o contexto histórico, social, 
16 
 
 
político, econômico e ideológico da realidade, porque as maiorias dos recursos 
humanos, atuantes na rede pública, não se conscientizaram da dimensão 
abrangente do social. 
Ainda de acordo com o autor acima, atualmente se processam muitas 
discussões a respeito de uma gestão democrática da escola pública, da 
educação, da cidadania e das formas participativas no cotidiano escolar. Bertan 
(2005, p. 3) relata que “o espaço físico e político passou a ser considerado como 
local privilegiado para os encontros e os debates desse processo”. Contudo, 
explica o autor, “a escola ainda não abriu espaços necessários à participação da 
família, mesmo para aqueles que convivem diariamente no seu interior” (p.3). 
Conclui o autor que, de certa forma, parece que a escola busca empregar uma 
estrutura de exclusão do aluno e da família. 
 Quando os pais são chamados à escola, ou quando a buscam 
voluntariamente, às vezes, são tratados de modo orgulhoso ou com 
paternalismo, impedindo qualquer possibilidade reivindicatória considerada 
como algo natural. 
Sendo assim, como podemos determinar o que é mais importante para a 
relação família-escola, se ao produzimos alguns sentidos para a família, estamos 
deixando de lado os da escola? Tais indagações causam-lhes, ao mesmo tempo, 
alívio e tensão, pois é essa a incógnita que permeia a educação escolar dos 
filhos. Dizemos que nos causa alívio, pelo fato de ser importante refletir e sentir 
aquilo que provavelmente a escola sente ao receber os pais, mesmo que não 
compreenda os pressupostos da família; tensão, pelo fato de olharmos a família 
como um analista que tenta desvendar seus comportamentos e interpretá-la sob 
um único ponto de vista. 
Isso significa que a relação família-escola, na atualidade, deve pressupor 
um novo diálogo. Assim, não se pode mais pensar em uma instituição separada 
da outra, mas considerar que ambas são distintas em seus valores e atitudes. 
Dando prosseguimento ao que estamos dizendo, de acordo com Garcia e 
Souza (2004), as famílias divergem umas das outras quanto a modelos 
educativos. As autoras narram que “os professores parecem esquecer-se disso 
quando culpam os pais e a desestruturação familiar pelo fracasso escolar da 
17 
 
 
criança” (p.69). Entre os aspectos mais significativos para a escola está o fato 
de a mesma considerar a família burguesa o paradigma de família “bem-
estruturada”. Entretanto, esse modelo está longe da realidade, principalmente na 
quase totalidade das famílias de crianças de escola pública. 
Considerando ainda essa questão do conceito que a escola forma sobre 
a família, Chechia (2002) relata que a “família parece ser vista como uma 
instituição importante, mas complexa, por muitas escolas” (p.86). Como relata a 
autora, atualmente a escola vem julgando a família, por exemplo, pela falta de 
envolvimento, dentre outros aspectos, sem procurar entendê-la no seu contexto. 
Outro aspecto importante relatado por Chechia (2002) é o fato de muitos 
professores acharem mais fácil culpar a família por aquilo que ela não faz, do 
que refletir sobre qual é a família do seu aluno, qual o contexto em que vivem os 
seus membros e como percebem a escola de seus filhos. 
O que é preciso considerar, nessas observações é, se de fato poderíamos 
dizer se, no discurso da família, a mesma está ou não preocupada com a escola. 
Ela pode não estar produzindo o valor que a escola espera, mas, ao seu modo, 
a família considera a escola no âmbito das suas preocupações. A relação família-
escola, segundo Perez (2007), tem em si uma carga avaliativa, conforme a 
atuação de ambas. Por exemplo, é comum observar-se o julgamento da escola 
sobre uma relação frágil, quando o aluno apresenta insucesso. Já não é tão 
comum esse julgamento com famílias de alunos com sucesso escolar 
O ENVOLVIMENTO DOS PAIS NA ESCOLA: UMA CULTURA DE PARTICIPAÇÃO 
 
Partindo da possibilidade do envolvimento dos pais com a escola, 
Schargel (2002) faz uma importante observação com relação ao apoio da escola 
para o envolvimento, descrevendo estratégias que possibilitam o 
desenvolvimento de uma cultura de envolvimento com a aproximação dos pais, 
tais como: superação de barreiras - o treinamento da convivência com a 
diversidade propicia também um ambiente de acolhimento aos diferentes níveis 
de competência e estilos de aprendizagem dos alunos; respeito aos perfiseducacionais dos membros da família, em geral, os pais e responsáveis sentem-
se distantes da escola por causa das próprias experiências negativas; incentivo 
18 
 
 
à participação ativa com flexibilidade de horário, as escolas podem incentivar a 
participação dos pais, investigando quando podem participar de reuniões, em 
vez de somente divulgar os horários que convêm à escola; visitas domiciliares 
às famílias e aumento e ampliação da comunicação com o uso da tecnologia, as 
escolas que preenchem a lacuna digital de forma criativa têm condições de 
prestar maior apoio às famílias. 
 
Torna-se assim importante oferecer um serviço por meio do qual as 
famílias possam ter fácil acesso à escola. Algumas pessoas não sabem ler, daí 
a importância da comunicação por áudio e vídeo; desenvolvimento de sólida 
base Lar-Escola- Comunidade. Conclui o autor que é necessário para o 
desenvolvimento de uma cultura de envolvimento abranger, além dos pais e das 
famílias, também as comunidades, a partir de projetos de aprendizado de 
serviço. 
O envolvimento dos pais com a escola não é um ritual que se reserva 
apenas para tratar de assuntos escolares relacionados ao desempenho 
acadêmico, nas reuniões de pais. Ele vai além e, de acordo com Hughes (1999), 
é um modo de participação que inclui vários elementos acerca dos assuntos da 
escola, os quais permitem desenvolver uma cultura de participação que deve ser 
vista como um processo permanente de equilíbrio da relação família-escola. 
Comenta o autor que, quanto mais cedo os pais se envolverem com a escola e 
com processo educativo do filho, o seu efeito parece ser mais poderoso. Para o 
autor, o apoio e a participação dos pais são as formas mais importantes para 
melhorar a escola e o desempenho escolar do filho. Conforme os dados da 
19 
 
 
pesquisa de Hughes (1999), o envolvimento dos pais melhora a freqüência às 
aulas, a motivação da aprendizagem, a auto-estima e diminui a agressividade do 
filho. Quanto mais os pais participarem nos assuntos escolares, de uma forma 
sustentada, em todos os níveis, tais como: administração, tomada de decisões 
e de supervisões de atividades, levantamento de fundos e assessoramento às 
tarefas escolares, melhor será o desempenho e adaptação escolar do filho. 
 
ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO 
ESCOLAR 
 
Para Martinez (2009), os compromissos que os psicólogos que trabalham 
nos contextos educativos têm com a educação brasileira podem evidenciar-se 
de diferentes formas, como por exemplo, o engajamento com a transformação 
dos processos educativos e com a efetivação das mudanças necessárias que 
demanda a melhoria da qualidade da educação no país. Ou seja, assim como a 
Pedagogia, a Psicologia atua como um mecanismo de transformação da 
realidade social. 
 
Para realizar um trabalho junto a pais, professores e alunos, o psicólogo 
pode atuar através de diversas perspectivas, seja na elaboração e coordenação 
20 
 
 
de projetos educativos, na análise e intervenção a nível institucional no que diz 
respeito à subjetividade social da escola, seja na contribuição para a coesão da 
equipe pedagógica e para a sua formação técnica, bem como para a 
caracterização da população escolar. Além disso, compete a esse profissional 
realizar pesquisas diversas com a finalidade de aprimorar o processo educativo 
e facilitar de forma crítica, reflexiva e criativa a implementação de políticas 
públicas. No que concerne a orientação dos pais, essa intervenção implica ações 
de aconselhamento em função das necessidades específicas do 
desenvolvimento do educando. 
Portanto, ao psicólogo em contexto escolar cabe atuar em parceria com 
os profissionais da instituição a fim de analisar as necessidades dos alunos e da 
comunidade, procurando construir um projeto político-pedagógico coeso com a 
especificidades do meio no qual a instituição se encontra. Além disso, deve-se 
realizar avaliações psicopedagógicas para possibilitar a resolução das principais 
queixas escolares, unindo ainda mais escola e família em prol do 
desenvolvimento pleno da criança e do adolescente. 
 
INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS 
 
O psicólogo deve proporcionar um espaço de escuta e diálogo entre 
professores, alunos, pais e coordenadores, em que se possa criar o vínculo 
escola-família, e que neste “lócus” participem todos que formam a totalidade da 
escola através da democratização de medidas e intervenções a serem 
realizadas. Destaco a importância do alunado, visto que estes normalmente não 
participam das reuniões, sendo “segregados” de um contexto em que estão 
diretamente implicados. Obviamente que o aluno não participará de todas as 
reuniões, mas acredito que é interessante também criar um espaço de escuta 
para que estes se sintam envolvidos, motivados e responsabilizados. 
Promover um trabalho de conscientização junto aos professores sobre a 
necessidade da criação de um vínculo mais significativo entre pais e mestres, 
facilitando a criação de estratégias de orientação aos pais e elucidando a 
dinâmica do trabalho com os alunos em sala de aula, de modo a proporcionar a 
21 
 
 
extensão deste trabalho em casa. O objetivo crucial desta proposta é quebrar o 
paradigma de que pais somente devem manter contato com a escola apenas 
nas reuniões escolares, ou, quando o aluno/filho apresenta rendimento escolar 
insatisfatório, ou, ainda, quando existe a queixa de “comportamento 
inadequado”. Neste ínterim, sensibilizar quanto a tarefa dos pais e sua 
participação na construção dos valores morais, princípios éticos e imposição de 
limites aos seus filhos, promovendo e facilitando a desconstrução de que a tarefa 
de educar é função exclusiva da escola. 
 
Favorecer o cultivo de uma gestão democrática e flexível na pratica de 
habilidades de interesse social, pois sendo a escola um ambiente sociocultural, 
tem o dever de promover não somente a formação científica, mas também prover 
a formação do cidadão consciente, questionador, promovedor de mudanças e 
de valores imprescindíveis para a preparação moral na vida integrada em 
sociedade. 
Trabalhar de maneira preventiva todas as questões a partir de um olhar 
investigador e empático, através de trabalho de campo que envolvem os 
problemas daquela instituição. Deste modo, a atuação do psicólogo escolar deve 
proceder preferencialmente antes que o problema se deflagre; 
O psicólogo escolar não faz psicoterapia, nem realiza psicodiagnósticos 
dentro da escola. No tocante ao atendimento no âmbito escolar, este identifica 
dificuldades e encaminha para os profissionais competentes. Além disto, 
mantém contato com os profissionais envolvidos em tratamento extraescolar, 
realizando a troca de relatórios para melhor intervenção com o aluno. Este 
22 
 
 
procedimento é importante, pois em casos específicos, facilita o processo de 
inclusão, fomentando o respeito e aceitação às diferenças na comunidade 
escolar. 
 
 
OS FOCOS DE INTERVENÇÃO: A ESCOLA, OS 
PROFESSORES, OS FUNCIONÁRIOS, A COMUNIDADE E OS 
ALUNOS 
 
A fim de compreender todo esse arcabouço técnico e prático que implica 
as ações do psicólogo na escola, podemos partir da ideia que Novaes (2010) 
apresenta sobre a identidade do psicólogo ser entendida como algo em 
construção, cujo objetivo é contribuir efetivamente para melhorar a qualidade das 
relações na escola, na família e na comunidade, abrangendo sempre o 
intercâmbio interdisciplinar 
De acordo com Colomina e Onrubia (2004), a aprendizagem escolar é um 
processo construtivo de caráter intrinsecamente social, comunicativo e 
interpessoal; já o ensino é um processo complexo de estruturação e orientação, 
por meio de apoio e suporte diversos. Diante disso, a aprendizagem do aluno se 
23 
 
 
constrói na relação em sala de aula, onde colegas e professor são figuras 
essenciais ao resultado final de aprender. 
 
O professor é aquele que está diretamente em contatocom o aluno, o que 
“move” a educação, profissional de suma importância ao desenvolvimento 
integral do aluno. Acima do professor, encontra-se a gestão da escola com 
membros responsáveis em nortear, orientar e acompanhar os processos de 
ensino e aprendizagem, fornecer apoio e suporte aos profissionais da escola em 
suas dificuldades, favorecer a parceria família-escola, dentre outras funções. A 
gestão é um recurso para o desenvolvimento das ações que perpassam a escola 
(CHAGAS, 2010; DUGNANI, 2016). 
De acordo com Polonia e Dessen (2005), quando a família e a escola 
apresentam boas relações, o aprendizado e o desenvolvimento do aluno tornam-
se maximizados; uma vez que o aluno percebe por parte de seus familiares 
confiança e valorização àquele contexto de aprendizado. Diante disso, 
responsáveis e professores devem ser estimulados a buscarem estratégias 
conjuntas ao seu papel. “A escola deve reconhecer a importância da colaboração 
dos pais na história e no projeto escolar dos alunos e auxiliar as famílias a 
exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos 
filhos e, concomitantemente, a transformação da sociedade” (POLONIA; 
DESSEN, 2005, p. 304). 
A fim de trazer a família para a escola, faz-se necessário a escola 
reconhecer que a família é contexto efetivo de desenvolvimento e que, muitas 
24 
 
 
vezes, não é por desconhecimento dos responsáveis; a família deve ser 
valorizada e compreendida na sua essência (POLONIA; DESSEN, 2005). 
Ainda com foco nas relações presentes no ambiente escolar, encontram-
se as relações família, escola e comunidade. São grandes os desafios de se 
estabelecer e/ou fortalecer a parceria entre a família e a escola. Muitas vezes, a 
família é vista como a culpada das dificuldades apresentadas pelos alunos em 
sala de aula, o que dificulta ainda mais a parceria necessária (DUGNANI, 2016). 
Diante disso, a parceria proposta em uma linguagem clara, simples e 
compreensível aos responsáveis, considerando o contexto cultural e social, 
favorece o seu apoio ao desenvolvimento afetivo, social e cognitivo do aluno 
(POLONIA; DESSEN, 2005). São inúmeras as relações presentes no ambiente 
escolar, cada uma delas em sua particularidade configura a desafiadora 
realidade educacional. 
O psicólogo escolar, juntamente com os membros da gestão da escola, 
em uma perspectiva de atuação crítica e sistêmica, pode contribuir 
significativamente para o aprimoramento das referidas relações, favorecendo 
assim a eficiência e qualidade dos processos educacionais. 
A relação professor-aluno deve ser efetiva e promotora de 
desenvolvimento ao aluno, compreendida, portanto, como interatividade, cujas 
ações de alunos e professoras são conjuntas no processo de aprender. Além 
disso, o professor deve ser incentivado a favorecer a autonomia dos alunos e 
motivá-los no engajamento das atividades, implementar atividades cooperativas 
e auxiliá-los no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo. Além disso, ele deve 
se comprometer com a qualidade da educação e sua proposta de transformação 
social. Portanto, o psicólogo escolar pode contribuir com reflexões e orientações 
para o aprimoramento das relações e mudanças gerais na instituição. 
De maneira geral, tais pressupostos teóricos são desenvolvidos através 
de atividades direcionadas aos alunos, professores e funcionários, trabalhando 
sempre em parceria com a coordenação da escola, familiares e profissionais que 
acompanham os alunos também fora do ambiente escolar. Vamos conhecer as 
possibilidades de atuação com a escola? 
25 
 
 
Atuando com os professores/equipe escolar: 
- Promover reflexões e conscientizar papéis representados por toda a 
equipe escolar (ANDALÓ, 1984). 
- Promover e/ou coordenar atividades de desenvolvimento profissional: 
treinamentos especializados, grupos vivenciais e de troca de experiência e 
valorização profissional (CRP-PR, 2007). 
- Identificar contradições, evidenciar conflitos escolares e viabilizar 
propostas de intervenções que permitam participação de todos os interessados 
na capacitação para lidar com os problemas surgidos (ALVES; SILVA, 2006). 
Atuando com os alunos: 
- Planejar e criar espaços de reflexão para trabalhar suas relações a partir 
da escuta do que pensam, sentem e percebem sobre a escola e as pessoas 
(ANDRADA, 2005b). 
- Elaborar, desenvolver e acompanhar projetos de apoio à construção da 
identidade do aluno (autoestima, socialização, disciplina) e participação social 
(conscientizar sobre os papéis sociais e cidadania) (CRP-PR, 2007). 
Atuando com a comunidade escolar: 
- Capacitá-la para tomar decisões e buscar soluções criativas para seus 
problemas (sexualidade, relações interpessoais, violência, preconceitos, entre 
outros). Tais desafios podem ser trabalhados através de técnicas psicológicas 
(intervenções grupais, orientações breves, dinâmicas etc.), possibilitando o 
desenvolvimento de visões mais críticas e de estratégias individuais e sociais 
para sobreviverem em sociedade (ALVES; SILVA, 2006). 
- Desenvolver palestras e atividades de educação e prevenção 
(desenvolvimento acadêmico e biopsicossocial, limites, relacionamentos, 
estimular a relação família e escola, prevenção ao uso de álcool e outras drogas, 
educação sexual etc.) (CRP-PR, 2007). 
- Participar de atividades que auxiliem a escola na busca pelo 
fortalecimento do vínculo família-escola (CRP-PR, 2007). 
26 
 
 
E para finalizar: 
- Vale ainda destacar que o psicólogo escolar, de maneira abrangente, 
exerce os papéis de consultor, orientador, professor e pesquisador ao planejar 
programas educacionais que tenham com finalidade o desenvolvimento e a 
qualidade do processo ensino-aprendizagem. 
É importante também propor o desenvolvimento de intervenções 
psicossociais com a comunidade escolar, criando um espaço de convivência 
(relações interpessoais e violência) através de intervenções grupais/dinâmicas, 
cujo objetivo seja capacitar para a tomada de decisões e busca de soluções 
acerca dos conflitos escolares. Enquanto agente de mudança dentro da escola, 
o psicólogo escolar promoverá reflexões e conscientizará os papéis de cada 
pessoa da equipe escolar. 
27 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALVES, C. P.; SILVA, A. C. B. Psicologia Escolar e Psicologia Social: 
articulações que encontram o sujeito histórico no contexto escolar. Psicologia da 
Educação, n. 23, p. 189-200, 2006. 
ANDALÓ, Carmem Silvia de Arruda. O papel do psicólogo escolar. 
Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 4, n. 1, p. 43-46, 1984. 
ANDRADA, E. G. C. Focos de intervenção em psicologia escolar. 
Psicologia Escolar e Educacional (Impr.), Campinas, v. 9, n. 1, p. 163-165, 
2005b. 
CHAGAS, J. C. Psicologia escolar e gestão democrática: uma proposta 
de atuação em escolas públicas de educação infantil. 2010. 236f. Dissertação 
(Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde) – Universidade 
de Brasília, Brasília. 2010. 
COLOMINA, R.; ONRUBIA, J. Interação educacional e aprendizagem 
escolar: a interação entre alunos. In: COLL, C.; MARQUESI, A.; PALACIOS, J. 
(Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia na educação 
escolar, v. 2. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 280-293. 
COLOMINA, R.; ONRUBIA, J.; ROCHERA, M. Interatividade, 
mecanismos de influência educacional e construção do conhecimento na sala de 
aula. In: COLL, C.; MARQUESI, A.; PALACIOS, J. (Orgs.). Desenvolvimento 
psicológico e educação: psicologia na educação escolar, v. 2. Porto Alegre: 
Artmed, 2004. p. 294-308. 
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO PARANÁ. Manual de 
Psicologia Escolar - Educacional/Ana Maria Cassins [et al.]. Curitiba: Gráfica e 
Editora Unificado, 2007. 45 p 
DUGNANI, L. A. C. Psicologia Escolar e as práticas de gestão na escola: 
um estudo sobre os processos de mudanças mediados pela vontade. 2016. 199f. 
Tese (Doutorado em Psicologia) – PUC – Campinas, Campinas,2016. 
NOVAES, M. H. Repensando a formação e o exercício profissional do 
psicólogo escolar na sociedade pós-moderna. In: ALMEIDA, S. F. (Org.). 
Psicologia Escolar: ética e competências na formação e atuação profissional. 
Campinas: Alínea, 2010, p. 127-134. 
POLONIA, A. C.; DESSEN, M. A. Em busca de uma compreensão das 
relações entre família e escola. Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 2, p. 
303-312, 2005. 
DESSEN, M. A.; POLONIA A. C. A família e a escola como contexto de 
desenvolvimento humano. Paidéia, 2007, 17(36), 21-32; 
EIDT, N. M.; TULESKI, S. C. Discutindo a medicalização brutal em uma 
sociedade hiperativa. In: MEIRA, M. E. M.; FACCI, M. G. D. Psicologia histórico-
cultural: contribuições para o encontro entre a subjetividade e a educação. São 
Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. p. 221-243; 
28 
 
 
LOPES, R. C. A. A importância da participação dos pais na vida escolar 
dos filhos. Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica 
Programa Escola de Gestores, 2009; 
SOARES, J. M. Família e Escola: Parceiras no Processo Educacional Da 
Criança. IESAP. Amapá, 2010; 
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins 
Fontes, 1996. 
BLEGER, J. (1984). Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre, 
Artes Médicas. 
BOCK, A M. B.; Gonçalves, M. G. M e Furtado, O. (orgs.) (2001). 
Psicologia Sócio-Histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo, 
Cortez. 
FREIRE, P. (1990). "Criando Métodos de pesquisa alternativa: 
aprendendo a fazê-la melhor através da ação". In: Brandão, C. R. Pesquisa 
Participante. São Paulo, Brasiliense. 
SWARTZ, D. (1981). Pierre Bourdieu: a transmissão cultural da 
desigualdade social. São Paulo, T. A. Queiroz. 
ARIÈS, P. A história social da criança e da família. Rio de Janeiro, RJ.: 
LTC, 1978. 196 p. 
BERTAN L. A relação escola – família: um espaço negado aos pais? 
Colloquium Humanarum, v. 3, n.2, Dez. 2005, p. 01-11. 
BRASIL, Congresso. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
Estabelece as Diretrizes e Bases da educação nacional. Legislação. Brasília: 
1996. Disponível em: 
<http://www.mec.gov.br/sef/fundef/Ftp/leg/lein9394.doc>. 
CARVALHO, L. R. de et al. A parceria entre a escola, a família e a 
comunidade: estratégias de envolvimento parental. Lisboa: Europress, 2000. 188 
p. 
CHECHIA, V. A. Pais de alunos com sucesso e insucesso escolar: 
percepções da escola, do desempenho escolar e do envolvimento com o 
cotidiano escolar. Ribeirão Preto, 2002. 284 p. Dissertação (Mestrado em 
Psicologia) – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. 
CUNHA, M. V. A escola renovada e a família desqualificada: do discurso 
histórico- sociológico ao psicologismo na educação. Revista Brasileira de 
Estudos Pedagógicos. Brasília, v. 77, n.186, p. 318-345, 1996. 
DIAS, M. L. Vivendo em família: relações de afeto e conflito. São Paulo: 
Moderna, 1992. 69 p. 
FRAIMAN, L. P. e. A importância da participação dos pais na educação 
escolar. São Paulo, 1997. 134 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Instituto 
de Psicologia, Universidade de São Paulo, 1997. 
GARCIA, C. A. A. e SOUZA, F. C. de. A relação família escola através dos 
tempos. Temas em Saúde e Educação. Araraquara, v. 4, p. 59-74, 2004. 
29 
 
 
HUGHES, R. L. Traditions of Change: Expectations of Students for further 
education Annual Meeting of the American Educational Research Association. 
Montreal, Quebec, Canadá, 19-23, april, 1999. 
LAREAU, A. (1987). Social class differences in family-school relationships: 
The importance of cultural capital. Sociology of Education, 60, 73-85. 
LASCH, C. Refúgio num mundo sem coração – a família: santuário ou 
instituição sitiada? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. 252 p. 
NOGUEIRA, C. M. M. e NOGUEIRA, M. A. A sociologia da educação de 
Pierre Bourdieu: limites e contribuições. Educação e Sociedade. Campinas, v. 
23, n. 78, p. 15-36, 2002. 
PEREZ, M. C. A. Infância, família e escola: práticas educativas e seus 
efeitos no desempenho escolar das crianças das camadas populares. São 
Carlos: Suprema, 2007. 181 p. 
PEREZ, M.C.A. Família e Escola na educação da criança: análise das 
representações presentes em relatos de alunos, pais e professores de uma 
escola pública de ensino fundamental. Dissertação (Mestrado) – USP, 2000. 
SCHARGEL, F. Estratégias para auxiliar o problema de evasão escolar. 
Trad. Luiz Frazão Filho, Rio de Janeiro: Dunya, 2002. 
TULESKI, S. C. et al. Voltando o olhar para o professor: a psicologia e 
pedagogia caminhando juntas. Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 
17 - nº 1, p. 129-137, Jan./Jun. 2005. Nova

Outros materiais