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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III - Roteiro Aula 3 - Matheus Galdino

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – AULA 3: Parte Geral dos Recursos 
1. REVISÃO COM BASE NAS PERGUNTAS DA AULA ANTERIOR
1.1. Para o STF e o STJ o julgamento por órgão majoritariamente composto por juízes convocados, por si só, viola a garantia do juiz natural?
1.2. Segundo o STJ, o Ministério Público, quando atua como parte, também pode apresentar sustentação oral? 
1.3. Segundo a doutrina a melhor interpretação do art. 937 do CPC é a que admite a sustentação oral em agravo de instrumento interposto contra decisão parcial de mérito (art. 356, §5º do CPC)? 
1.4. Qual a distinção no cabimento e nos requisitos entre a sustentação oral e o esclarecimento de fato? 
1.5. O julgador que proferiu voto vencido acerca da admissibilidade de um recurso também deve votar no juízo de mérito?
1.6. Na ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC), se for possível prosseguir o julgamento por ter o órgão julgador 5 (cinco) membros, é possível dispensa nova sustentação oral?
1.7. Qual a distinção nas hipóteses de cabimento da ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) entre apelação e agravo de instrumento?
1.8. Cabe ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) em embargos de declaração?
1.9. Cabe ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) em agravo interno?
1.10. Cabe ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) em caso de divergência no juízo rescisório em ação rescisória?
1.11. Na ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) em ação rescisória é suficiente a convocação de novos julgadores?
1.12. Cabe ampliação de colegiado em caso de divergência (art. 942 do CPC) em recurso ordinário em Mandado de Segurança?
1.13. Qual a distinção entre os sistemas de continência e de média aritmética para solução dos casos de dispersão quantitativa de votos? 
1.14. Após a proclamação do resultado é possível a alteração de voto?
2. PERGUNTAS PARA A AULA DE HOJE
2.1. Qual a principal distinção entre um recurso e uma ação autônoma de impugnação?
2.2. A desistência do recurso depende do consentimento da parte recorrida?
2.3. Como se distingue o juízo de admissibilidade e o juízo de mérito dos recursos?
2.4. O que é necessário para admitir um recurso com base na fungibilidade dos recursos?
2.5. É possível ter interesse recursal apenas em modificar a fundamentação da decisão?
2.6. É obrigatória a comprovação de feriado local para um recurso julgado no próprio tribunal que expediu o ato?
2.7. A dobra de prazo para Fazenda Pública se aplica em ações sujeitas ao controle concentrado de constitucionalidade?
2.8. A presença da Defensoria Pública atuando em um feito implica dispensa de preparo?
2.9. Quando transita em julgado uma decisão cujo recurso é considerado intempestivo?
2.10. Distinga o error in judicando do error in procedendo.
2.11. Distinga julgamento rescindente de julgamento substitutivo
2.12. Distinga a extensão e a profundidade do efeito devolutivo dos recursos.
2.13. O que é necessário para o conhecimento de um recurso adesivo?
2.14. Para que serve o Recurso Extraordinário ou Especial Adesivo Cruzado?
2.15. Se aplica a sucumbência recursal em um recurso parcialmente acolhido?
2.16. Para o STJ a inversão de sucumbência deve ser expressa ou ocorre de modo automático?
3. AULA DE HOJE – PARTE GERAL DOS RECURSOS [footnoteRef:1] [1: Resumo teve como base DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil. 19ª. ed. Salvador, Juspodivm, v. 3; NEVES, Daniel Assumpção. Manual de direito processual civil. 15ª ed. Salvador: Juspodivm, 2023. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum. 6ª ed. São Paulo: RT, v.2, 2020. ASSIS, Araken de. Manual dos recursos.9. ed. São Paulo, RT, 2017; ] 
3.1. Conceito de recurso: instrumento de reexame da matéria, com ou sem impugnação da decisão, taxativamente previsto em lei, em que se pleiteia, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento, a integração de decisão judicial (ou de seus fundamentos).
3.1.1. Instrumento para reexame da matéria 
3.1.2. com ou sem impugnação da decisão x voluntariedade: discussão sobre o reexame necessário.
3.1.3. taxativamente previsto em lei: regimento interno ou negócios processuais não podem criar recursos. Apenas lei federal o pode.
3.1.4. no mesmo processo (exclui as ações autônomas de impugnação). O recurso prolonga a litispendência. 
3.1.5. a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão
3.1.6. “Ou de seus fundamentos”: como veremos, atualmente, há casos em que o recurso tem por objeto não impugnar a decisão (dispositivo) mas sim os seus fundamentos. 
3.2. Meios de impugnação de decisões judiciais
3.2.1. Recursos: dentro do mesmo processo (Apelação, Agravos, Embargos de declaração, etc)
3.2.2. Ações autônomas de impugnação: (querela nullitatis, embargos de terceiro, mandado de segurança contra ato judicial etc)
3.2.2.1. Parte da doutrina denominam as ações autônomas como sucedâneo recursal externo (nesse sentido Daniel Neves) 
3.2.3. Sucedâneos recursais: é residual (ex. pedido de reconsideração, correição parcial, suspensão de segurança etc.)
3.2.3.1. Para parte da doutrina esses seriam os sucedâneos recursais internos (nesse sentido Daniel Neves). Tal doutrina não inclui a suspensão de segurança na categoria de sucedâneo recursal e tão pouco na categoria de recursos. Possuiria natureza jurídica de contracautela fundada, sobretudo no perigo de dano e na probabilidade do direito.
3.3. Atos sujeitos a recursos e principais recursos em espécie (Visão panorâmica)
3.3.1. Decisões
3.3.1.1. Juízo singular
3.3.1.1.1. Decisões interlocutórias: não encerra o procedimento
3.3.1.1.1.1. Agravo de instrumento (art. 1.015, CPC)
3.3.1.1.1.2. Apelação (art. 1.009, §1º do CPC)
3.3.1.1.2. Sentenças: encerra o procedimento em primeira instância (conhecimento ou execução).
3.3.1.1.2.1. Apelação: é a regra
3.3.1.1.2.2. Embargos infringentes de alçada (art. 34 da Lei n. 6.830/80)
3.3.1.1.2.3. Agravo de instrumento – Sentença que decreta falência (art. 58-A e art. 100 da Lei 11.101/2005)
3.3.1.2. Em tribunal
3.3.1.2.1. Decisões unipessoais (monocráticas)
3.3.1.2.1.1. Do relator: Agravo Interno (art. 1.021, CPC)
3.3.1.2.1.2. Do Presidente: 
3.3.1.2.1.2.1. Agravo em Recurso Extraordinário ou em Recurso Especial (art. 1.042 do CPC)
3.3.1.2.1.2.2. Agravo interno (art. 1.030, §2º; art. 1.035, §7º e art. 1.036, §3º, todos do CPC)
3.3.1.2.2. Acórdãos (do colegiado)
3.3.1.2.2.1. Recurso Especial
3.3.1.2.2.2. Recurso Extraordinário
3.3.1.2.2.3. Recurso Ordinário Constitucional
3.3.1.2.2.4. Embargos de Divergência
3.3.2. Despachos (irrecorríveis)
3.4. Princípios Recursais: a utilização da palavra “princípio” está sendo mantida, no mais das vezes, pela consagração doutrinária. Tecnicamente, ao menos na concepção por mim adotada (concepção da Teoria dos Princípios de Humberto Ávila) boa parte do que abaixo é indicado como princípio é, quando muito, uma regra.
3.4.1. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
3.4.1.1. É norma: Para parte da doutrina, trata-se de princípio constitucional não expresso em decorrência da previsão constitucional dos diversos Tribunais existentes, em larga medida com competências recursais (art. 92 à 125 da CF/1988) obrigatórias. Para outra parte tal princípio não é norma constitucional, nem mesmo implicitamente. A existência de tal norma é mais relevante que sua natureza constitucional ou legal, no particular.
3.4.1.2. Conceito: é o direito de provocar o reexame da matéria, em regra perante órgão jurisdicional distinto.
3.4.1.3. Não se trata de um direito absoluto: como ocorre com diversos outros direitos, admite limitações. Apenas não podem ser limitados para eliminar ou reduzir o que foi previsto pela CF/1988.
3.4.1.4. Exemplos de limitações ao duplo grau de jurisdição
3.4.1.4.1. Execuções fiscais até 50 Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN: cabe apenas embargos infringentese de declaração (art. 34 da Lei 6.830/1980)
3.4.1.4.2. Competência originária de tribunais em algumas causas: sem recurso com devolução plena. Ex. Mandado de Segurança no Tribunal que concede a segurança. Não cabe RO, mas apenas RE ou REsp que possuem fundamentação vinculada.
3.4.1.4.3. Técnicas de julgamento direto do mérito (art. 1.013, §3º do CPC) para além do que foi julgado no órgão inferior.
3.4.1.4.4. Possibilidade de dedução de novas questões no recurso (art. 1.014 do CPC): 
3.4.2. Princípio da Fungibilidade recursal: possibilita o recebimento de um recurso por outro, desde que: 
3.4.2.1. exista uma dúvida (objetiva) razoável – não pode ser erro grosseiro (ex. juiz profere uma espécie de decisão no lugar de outra[footnoteRef:2] ou doutrina e jurisprudência divergem acerca do recurso cabível.) [2: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA ENTRE AS TURMAS DA 2ª SEÇÃO EM CASOS IDÊNTICOS, INCLUSIVE ENVOLVENDO AS MESMAS PARTES E ÓRGÃOS JUDICIAIS DE 1ª E 2ª INSTÂNCIAS. EXCEPCIONALIDADE DO CASO CONCRETO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. EXCLUSÃO DE EXECUTADO DO POLO PASSIVO. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO AO INVÉS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. INEXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ. INDUÇÃO A ERRO PELO JUÍZO. RELATIVIZAÇÃO DA DÚVIDA OBJETIVA NA RESTRITA HIPÓTESE DOS AUTOS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. APLICABILIDADE. PRECEDENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (EAREsp n. 230.380/RN, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Segunda Seção, julgado em 13/9/2017, DJe de 11/10/2017.)] 
3.4.2.2. não exista má-fé: não pode por má-fé optar por um recurso que dê um benefício injustificável. No CPC-73 isso acontecia quando a parte optava pelo recurso com prazo maior. Como a unificação dos prazos no CPC-2015, essa situação deve se bastante reduzida.
3.4.2.3. Obs. O CPC possui ainda algumas normas expressas sobre a fungibilidade conforme previsão dos arts. 1.032 e 1.033 do CPC (RE e REsp) e o art. 1.024, §3º do CPC (EDcl e AInt).
3.4.3. Princípio da Unirrecorribilidade (unicidade ou singularidade): Em regra[footnoteRef:3], não são cabíveis mais de um recurso contra a mesma decisão. Caso seja interposto mais de um apenas o primeiro será admissível. Se relaciona assim com o que parte da doutrina denomina princípio da consumação, vez que tem por fundamento a preclusão consumativa. [3: Uma exceção, por exemplo, é o fato que de uma mesma decisão pode caber Recurso Extraordinário e Recurso Especial (art. 1.031 do CPC). Há outras exceções como por exemplo a apreciado pelo STJ “O juízo de admissibilidade negativo feito na origem, quando contiver capítulos decisórios fundados autonomamente no inciso I e II do art. 1.030 do CPC/2015 e também no inciso V do mesmo preceito legal, desafia a interposição concomitante de agravo interno e de agravo em recurso especial, hipótese em que admitida exceção à regra da unirrecorribilidade. (AgInt no AREsp n. 827.564/BA, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 12/12/2017, DJe de 18/12/2017)] 
3.4.3.1. É possível o contrário: é possível utilizar um único recurso para impugnar mais de uma decisão. (ex. um único Agravo de Instrumento ser utilizado para impugnar três decisões interlocutórias).
3.4.4. Princípio da Taxatividade: todos os recursos são taxativamente previstos em lei em rol numerus clausus.
3.4.5. Princípio da voluntariedade: A corrente doutrinária que afasta do reexame necessário a natureza recursal indica que a interposição de um recurso está subordinada à vontade da parte. Isso seria o princípio da voluntariedade. Não haveria obrigação da parte em recorrer e não haveria recurso de ofício pelo magistrado. O recurso, para tal corrente, dependeria da vontade da parte. Trata-se de princípio bastante controverso.
3.4.6. Princípio da dialeticidade: É a necessidade de o recorrente fundamentar seu recurso impugnando especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932, III do CPC e art. 1.021, §1º)
3.4.7. Princípio da complementaridade: É o direito da parte recorrente complementar as razões do recurso sempre que no julgamento dos embargos de declaração for criada uma sucumbência superveniente (art. 1.024, §4º do CPC). 
3.4.8. Princípio da primazia do julgamento do mérito recursal: Também em âmbito recursal é possível falar do princípio da primazia da decisão de mérito. Confirmam esse princípio o art. 932, par. ún. do CPC que determina o dever de saneamento do vício sanável e o art. 1.029, §3º segundo o qual “O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.”.
3.4.9. Princípio da proibição da reformatio in pejus: o julgamento do recurso não pode agravar a situação do recorrente, salvo no que diz respeito à eventual majoração dos honorários (art. 85, §11 do CPC).
3.4.9.1. Excepcionalmente se admite: a) na aplicação do efeito translativo dos recursos, nas matérias cognoscíveis de ofício pelo tribunal. Exemplo o autor possui uma parcial procedência e recorre para tentar uma total procedência. O réu não recorre. O tribunal, na análise do recurso do autor pode entender ser o caso de litispendência ou outro vício que se admita o conhecimento de ofícios e extinguir o processo; b) na aplicação da teoria da causa madura (art. 1.013, §3º do CPC): o tema será explicado no estudo da Apelação. Ex. o juiz indefere a inicial. O autor recorre e o tribunal entende que é caso de apreciar o mérito e assim julga prescrito o pedido. 
3.5. Classificação dos Recursos
3.5.1. Quanto à extensão/abrangência da matéria
3.5.1.1. Recurso parcial: apenas parte da matéria impugnável é objeto do recurso. São casos em que há mais de um capítulo na sentença/decisão que poderiam ser objeto de recurso, mas que apenas parte destes são, ocorrendo preclusão quanto aos demais. Ex. recorre da condenação por dano moral e não da condenação por dano material.
3.5.1.2. Recurso total: São casos em que o objeto do recurso abrange todo o conteúdo impugnável.
3.5.2. Quanto à fundamentação
3.5.2.1. Fundamentação livre: o recorrente tem liberdade para fundamentar seu recurso. Não há um rol prevendo limites às matérias alegáveis. (ex. Apelação, Recurso Ordinário Constitucional, Agravo de Instrumento etc)
3.5.2.2. Fundamentação vinculada: a lei prevê as matérias alegáveis no recurso. (ex. Embargos de Declaração, Recurso Extraordinário e Recurso Especial)
3.5.3. Quanto a finalidade:
3.5.3.1. Ordinários: são destinados a possibilitar a justiça da decisão mediante a aplicação do Direito ao caso concreto. Busca-se proteger, primordialmente, o direito subjetivo, e, apenas indiretamente, o direito objetivo. São os casos da Apelação e do Agravo de Instrumento.
3.5.3.2. Extraordinários: a finalidade imediata a preservação da boa aplicação e unidade do Direito à partir do caso concreto. Busca-se proteger, primordialmente, o direito objetivo (federal e/ou constitucional) e, apenas indiretamente, o direito subjetivo do recorrente. São os casos do Recurso Extraordinário, do Recurso Especial e dos Embargos de Divergência. 
3.5.4. Quanto à autonomia:
3.5.4.1. Independentes/autônomo/principal: É o recurso oferecido pela parte dentro do prazo previsto independentemente da postura da parte contrária.
3.5.4.2. Subordinados/adesivo: É o recurso interposto o prazo das contrarrazões do recurso apresentado pela parte contrária e cujo conhecimento está subordinado ao conhecimento do recurso independente. O assunto será aprofundado ainda nesta aula.
3.6. Desistência do Recurso:
3.6.1. Conceito: o recorrente pode desistir do seu recurso
3.6.2. Observações:
3.6.2.1. Total ou parcial
3.6.2.2. A qualquer tempo, antes do julgamento: Em regra, salvo má-fé. Embora exista julgados do STJ que incluem como exceção o julgamento avançado para uniformização de jurisprudência[footnoteRef:4], a melhor interpretação do pár. ún. do art. 998 do CPC é a que prevê que a desistência é possível, mas o julgamento vai prosseguir para julgar a uniformização.[4: STJ. Afora os casos onde são identificadas razões de interesse público na uniformização da jurisprudência ou os casos onde se evidencia a má-fé processual em não ver fixada jurisprudência contrária aos interesses do recorrente quando o julgamento já está em estado avançado, a regra geral é pela possibilidade da desistência do recurso a qualquer tempo. (AgInt no AREsp n. 1.884.414/GO, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 16/5/2022, DJe de 19/5/2022.)] 
3.6.2.3. Não depende de consentimento da outra parte: independente de terem sido apresentadas ou não contrarrazões, ao contrário da desistência do processo.
3.6.2.4. Não depende de homologação: ao contrário da desistência do processo (art. 200, par. ún. do CPC) a desistência do recurso não depende de homologação.
3.6.2.5. É conduta determinante: somente produz efeito em relação ao recorrente. Em caso de litisconsórcio necessário, a desistência só é eficaz se todos desistirem.
3.6.2.6. Em regra, gera extinção do procedimento recursal
3.6.2.6.1. Pode não extinguir se houver outro recurso pendente de análise (ex. duas apelações contra uma sentença de procedência parcial e apenas um desiste da apelação.)
3.6.2.6.2. Pode não extinguir o processo (ex. se é um Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória).
3.6.2.7. Impede uma nova interposição de recurso, ainda que dentro do prazo: preclusão consumativa.
3.6.2.8. O poder de desistir do recurso é poder especial: deve constar expressamente da procuração (art. 105 do CPC);
3.6.2.9. Quem desiste arca com os honorários de sucumbência: se houver.
3.7. Renuncia ao direito de recorrer e aceitação da decisão
3.7.1. Renúncia ao direito de recorrer: é o ato de manifestar vontade de não interpor recurso
3.7.1.1. Características:
3.7.1.1.1. Não depende de concordância da outra parte
3.7.1.1.2. É fato extintivo do direito de recorrer: se interposto será considerado inadmissível.
3.7.1.1.3. Em caso de litisconsórcio necessário: a renúncia só é eficaz se todos renunciarem.
3.7.1.1.4. Gera preclusão lógica do direito de recorrer
3.7.2. Aceitação: manifestar tácita ou expressamente a vontade de aceitar a decisão.
3.7.2.1. Pode ser expressa ou tácita: a tácita é a prática de ato incompatível com o interesse em recorrer (art. 1.000, caput e par. ún. do CPC);
3.7.2.2. Gera preclusão lógica do direito de recorrer
3.8. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito do recurso
3.8.1. Distinção: No juízo de admissibilidade se decide sobre a aptidão (validade) do recurso ter seu mérito (objeto) examinado. O juízo de mérito é o que se analisa os fundamentos da postulação (reforma, a invalidação, o esclarecimento, a integração de decisão judicial, ou de seus fundamentos).
3.8.2. Introdução ao juízo de admissibilidade
3.8.2.1. Positivo ou negativo: é positivo quando se admite (conhece) do recurso e negativo quando não se admite (conhece) do recurso. Apenas o juízo positivo possibilita o prosseguimento do julgamento com a análise de mérito. 
3.8.2.2. Provisório ou definitivo: é provisório nos casos em que a legislação possibilita que o juízo recorrido (se distinto do competente para o julgamento do mérito) proceda com alguma análise de admissibilidade do recurso. Em qualquer caso, o juízo que competente para o julgamento do mérito do recurso é o único competente para o juízo definitivo do recurso.
3.8.2.3. Conhecimento de ofício: em regra[footnoteRef:5], questões relativas ao juízo de admissibilidade podem ser conhecidas de ofício. [5: A exceção fica por conta do art. 1.018, §3º do CPC, por exigir que seja “arguido e provado pelo agravado”.] 
3.8.3. Objeto do juízo de admissibilidade:
3.8.3.1. Requisitos intrínsecos (existência do direito de recorrer):
3.8.3.1.1. Cabimento: 
3.8.3.1.1.1. Recurso adequado contra uma decisão recorrível: a) a decisão é recorrível; b) o recurso foi o previsto pela legislação.
3.8.3.1.1.2. Normas que estrutural o estudo do cabimento
3.8.3.1.1.2.1. Fungibilidade recursal: possibilita o recebimento de um recurso por outro, desde que: a) não exista má-fé; b) exista uma dúvida (objetiva) razoável – não pode ser erro grosseiro; c) não tenha precluído o prazo para interposição. O CPC possui ainda algumas normas expressas sobre a fungibilidade conforme previsão dos arts. 1.032 e 1.033 do CPC (RE e REsp) e o art. 1.024, §3º do CPC (EDcl e AInt).
3.8.3.1.1.2.2. Unirrecorribilidade (unicidade ou singularidade): Em regra[footnoteRef:6], não são cabíveis mais de um recurso contra a mesma decisão. Caso seja interposto mais de um apenas o primeiro será admissível. [6: Exceção: de uma mesma decisão pode caber Recurso Extraordinário e Recurso Especial (art. 1.031 do CPC)] 
3.8.3.1.1.2.3. Taxatividade: todos os recursos são taxativamente previstos em lei em rol numerus clausus.
3.8.3.1.2. Legitimação (Art. 996 do CPC): Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
3.8.3.1.2.1. Parte vencida: 
3.8.3.1.2.1.1. O terceiro interveniente (com a intervenção se tornou parte). 
3.8.3.1.2.1.2. O assistente simples[footnoteRef:7]: mesmo em caso de revelia ou omissão do assistido. Apenas não terá legitimidade se o assistido renunciar ou desistir do recurso. [7: Terceiro que possui uma relação jurídica com o assistido que pode ser afetada pelo processo (ex. sublocatário no processo de despejo) e por isso tem interesse jurídico em auxiliar a parte assistida (vide art. 121 do CPC).] 
3.8.3.1.2.1.3. parte em determinado incidente (ex. o juiz na arguição de suspeição/impedimento – art. 146, §5º, CPC).
3.8.3.1.2.1.4. Amicus curiae: tem legitimidade para poucos recursos. Embargos de Declaração (art. 138, §1º, CPC) e IRDR (art. 138, §3º, CPC). 
3.8.3.1.2.2. Terceiro: a) terceiro que poderia ter sido assistente simples e não foi (ex. sublocatário); b) o substituído[footnoteRef:8] que poderia ter feito parte do processo conduzido por seu substituto processual (art. 18 do CPC); c) Terceiro que se afirma legitimado extraordinário (ex. colegitimado à tutela coletiva - Associação recorre de decisão do que homologa TAC celebrado pelo MP com o réu). [8: Outro legitimado, por autorização do ordenamento jurídico, conduz o processo independente de sua participação. É o caso do condômino na ação reivindicatória do bem (art. 1.314 do CC) ] 
3.8.3.1.2.3. Ministério Público: 
3.8.3.1.2.3.1. como parte ou fiscal da ordem jurídica.
3.8.3.1.2.3.2. mesmo no STJ ou no STF se a parte é o MP estadual é este quem atua e não o MPF.
3.8.3.1.3. Interesse:
3.8.3.1.3.1. Utilidade e necessidade
3.8.3.1.3.1.1. Utilidade: o recurso deve possibilitar uma situação mais vantajosa que a decisão recorrida. Ex. se há 2 fundamentos (constitucional e legal) mas apenas se recorre de 1 não haverá interesse recursal.
3.8.3.1.3.1.2. Necessidade: deve ser necessário um recurso para alcançar o objetivo. Se de outro modo se alcançar o recurso não é necessário e, assim, falta interesse. Ex. decisão determina a expedição de mandado monitório. Não é necessário recurso, sendo suficiente a apresentação de defesa. Havendo recurso para esse fim será o caso de não conhecimento por falta de interesse recursal.
3.8.3.1.3.2. Interesse recursal eventual: há casos em que o interesse recursal não surge de imediato, mas após uma atuação de outro sujeito processual. São os casos da a) apelação do vencedor para impugnar as decisões interlocutórias (art. 1.009, §1º, CPC); b) recurso extraordinário ou especial adesivo cruzado (será visto mais a frente ainda neste resumo).
3.8.3.1.3.3. Interesse recursal e fundamentação da decisão: 
3.8.3.1.3.3.1. Embargos de declaração: obscuridade ou contradição podem ser aspectos que se encontram na fundamentação. Há interesse em alterar a fundamentação nestes casos.
3.8.3.1.3.3.2. Coisa julgada secundum eventum probationis: há determinadas ações (Mandado de Segurança e Ação popular são exemplos) em que não há coisa julgada se o juízo de improcedência se fundar em falta de prova. Há interesse em alterar o fundamentopara com base nas provas dos autos se declarar a inexistência do direito.
3.8.3.1.3.3.3. Extensão da coisa julgada à resolução da questão prejudicial incidental (art. 503, §1º do CPC): são casos em que a coisa julgada, atendidos alguns pressupostos, se estende a questão prejudicial, portanto, resolvida na fundamentação. Não impugnada por recurso restará preclusa a questão prejudicial.
3.8.3.1.3.3.4. Formação de precedente obrigatório: é a possibilidade de se tutelar interesse recursal na formação (ou não) de precedente obrigatório (que se encontra na fundamentação). Ex. caso da Embraer[footnoteRef:9]. [9: A Embraer recorreu mesmo vencendo na conclusão do TST. Ocorre que o TST indicou um overruling prospectivo, no qual indicava que, para o futuro, o que a Embraer fez não seria mais admitido. O STF admitiu o recurso da Embraer. Só por curiosidade o RE foi julgado no mérito em 2022 sendo fixada a seguinte tese “A intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em massa de trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte da entidade sindical, ou celebração de convenção o acordo coletivo”. (RE 999435, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2022, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-184 DIVULG 14-09-2022 PUBLIC 15-09-2022)] 
3.8.3.1.4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: são fatos cuja ocorrência impede a admissibilidade do recurso. Em regra decorrem da vedação à comportamento contraditório (proibição do venire contra factum proprium).
3.8.3.1.4.1. Impeditivo: recurso contra decisão diretamente decorrente de ato do recorrente. Ex. A desiste e depois recorre da sentença que homologa desistência.
3.8.3.1.4.2. Extintivo: a renúncia e aceitação da decisão. 
3.8.3.2. Requisitos extrínsecos (modo do exercício do direito de recorrer):
3.8.3.2.1. Tempestividade:
3.8.3.2.1.1. Recurso deve ser interposto dentro do prazo: em regra[footnoteRef:10], de 15 dias úteis (os Embargos de Declaração cujo prazo é de 05 dias úteis) a contar da intimação da decisão (art. 1.003 do CPC) com seu conteúdo. [10: Há outras exceções na legislação especial: Na Lei n. 11.101/2005 (art. 189, §1º) os prazos são contados em dias corridos. Na Lei n. 13.300/2016 (Lei que regulamenta o Mandado de Injunção) o prazo para interposição do agravo interno é de 5 dias (art. 6º). Nas causas do ECA, ressalvados os embargos de declaração, os recursos possuem prazo de 10 dias.] 
3.8.3.2.1.2. Data de aferição: É aferida da data do protocolo do recurso. Em autos eletrônicos deve-se considerar a hora local do tribunal.
3.8.3.2.1.3. Feriado local: a) Cabe ao recorrente comprovar o feriado local mediante o ato respectivo do tribunal (não é suficiente a remissão a link do site[footnoteRef:11]); b) se o feriado local ocorre no tribunal em que se julgará o recurso não é necessária a comprovação[footnoteRef:12]. [11: “2. A necessidade de comprovação do feriado local - ou mesmo da suspensão do expediente, no âmbito do Tribunal a quo -, no ato da interposição do recurso, por meio de documento idôneo, foi reafirmada pela Corte Especial, em 2/10/2019, no julgamento do REsp 1.813.684/SP, modulando-se, todavia, os efeitos da decisão, em razão dos princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança, da isonomia e da primazia da decisão de mérito, de modo que o entendimento por ela firmado fosse aplicado tão somente aos recursos interpostos após a publicação do acórdão daquele apelo nobre, o que ocorrera em 18/11/2019 (STJ, REsp 1.813.684/SP, Rel. p/ acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, DJe de 18/11/2019). 3. Em Questão de Ordem, de relatoria da Ministra NANCY ANDRIGHI, julgada em 3/2/2020 (DJe de 28/2/2020), a Corte Especial do STJ reconheceu que a tese firmada por ocasião do julgamento do referido REsp 1.813.684/SP, no que relativo à modulação de efeitos, é restrita ao feriado de segunda-feira de carnaval, não se aplicando aos demais feriados locais. 4. A jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que a mera remissão a link de site do Tribunal de origem nas razões recursais é insuficiente para comprovar a tempestividade do recurso.” (STJ - AgInt nos EDcl no REsp: 1893371 RJ 2020/0225352-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 26/10/2021, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/11/2021)] [12: “Interpretando a norma do art. 1003, § 6º, do CPC/2015, a Corte Especial do STJ decidiu que, "seja em função de previsão expressa do atual Código de Processo Civil, seja em atenção à nova orientação do STF, a jurisprudência construída pelo STJ à luz do CPC/73 não subsiste ao CPC/15: ou se comprova o feriado local no ato da interposição do respectivo recurso, ou se considera intempestivo o recurso, operando-se, em consequência, a coisa julgada" ( AgInt no AREsp 957.821/MS, Corte Especial, Relator o Ministro Raul Araújo, Relator para acórdão a Ministra Nancy Andrighi, DJe de 19/12/2017). 4. Esse entendimento, contudo, não se aplica quando o feriado ocorrer no âmbito do próprio Tribunal em que será julgado o respectivo recurso, como no presente caso, sobretudo por se tratar, evidentemente, de fato notório, o qual dispensa comprovação, a teor do que dispõe o art. 374, inciso I, do CPC/2015. 5. Com efeito, a razão de ser da regra prevista no art. 1.003, § 6º, do CPC/2015 consiste no fato de que os Tribunais de alcance nacional, como os Tribunais Superiores e o STF, não estão obrigados a conhecer todos os feriados ocorridos nos Estados e Municípios do país. Aliás, por essa razão, é que todos os precedentes citados no acórdão recorrido são oriundos do Superior Tribunal de Justiça. 6. Logo, a interpretação dada no acórdão recorrido de que a parte deve fazer prova de feriado estadual do Ceará no próprio TJCE, além de violar o princípio da razoabilidade, nega vigência aos arts. 374, inciso I, e 1.003, § 6º, do CPC/2015, impondo-se, assim, a reforma do decisum, a fim de que os autos retornem ao Tribunal de Justiça para o julgamento de mérito do agravo de instrumento, como entender de direito. 7. Recurso especial provido.(STJ - REsp: 1939182 CE 2021/0153230-0, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 23/11/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/11/2021)] 
3.8.3.2.1.4. Recursos interposto antes do prazo: É conhecido na praxe forense como recurso prematuro. É recurso tempestivo (art. 218, §4º do CPC).
3.8.3.2.1.5. Prazo em dobro para recorrer: MP (art. 180, CPC), Fazenda Pública (art. 183, CPC), partes patrocinadas pela DP ou núcleo de prática jurídica ou entidade conveniada com a DP (art. 186, caput e §3º, CPC) e, em autos físicos, litisconsortes com advogados diferentes e de escritórios diferentes (art. 229 do CPC) 
3.8.3.2.1.5.1. Não se aplica a dobra:
3.8.3.2.1.5.1.1. Prazos específicos para MP e FP (ex. 30 dias para a FP impugnar o cumprimento de sentença, art. 535 do CPC).
3.8.3.2.1.5.1.2. Juizados Especiais[footnoteRef:13] [13: É intempestivo o recurso extraordinário, tendo em vista que o prazo em dobro para recorrer não tem aplicação, na hipótese, por se tratar de processo oriundo de Juizado Especial. (ARE 1379129 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 22/11/2022)] 
3.8.3.2.1.5.1.3. Suspensão de Limitar (tutela antecipada)[footnoteRef:14] [14: AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. INTEMPESTIVIDADE. INAPLICABILIDADE DE CONTAGEM EM DOBRO DO PRAZO RECURSAL. ART. 15 DA LEI N. 12.016/2009: CINCO DIAS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (SS 4390 AgR-quinto, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2018)] 
3.8.3.2.1.5.1.4. Controle concentrado de constitucionalidade[footnoteRef:15] [15: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. ENTIDADE PÚBLICA. PRAZO PARA RECORRER. CONTAGEM EM DOBRO: INAPLICABILIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTEMPESTIVO. 1. Não se aplica o privilégio do prazo recursalem dobro no processo de controle concentrado de constitucionalidade. Precedentes. 2. Agravo regimental ao qual se nega provimento.(ARE 830727 AgR, Relator(a): DIAS TOFFOLI (Presidente), Relator(a) p/ Acórdão: CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-138 DIVULG 25-06-2019 PUBLIC 26-06-2019)] 
3.8.3.2.2. Regularidade formal: são os requisitos formais exigidos pela legislação. São exemplos: a) ser subscrito por quem tem capacidade postulatória (art. 103 do CPC); b) impugnar especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932 do CPC) – é o que se denomina norma da dialeticidade dos recursos; c) juntar as peças obrigatórias no Agravo de Instrumento, se em autos de papel (art. 1.017, §1º do CPC), etc.; d) prova da divergência no Recurso Especial fundado em divergência (art. 1.029, §1º do CPC).
3.8.3.2.3. Preparo: É o adiantamento das despesas com o processamento do recurso, inclusive as despesas postais, se houver.
3.8.3.2.3.1. Sanção (para a não realização do preparo): é a inadmissibilidade do recurso – denomina-se deserção.
3.8.3.2.3.2. Prazo e modo: momento da interposição do recurso, podendo ser formulado no próprio recurso caso já não tenha sido deferido.
3.8.3.2.3.2.1. Justo impedimento: Ex. greve dos bancos e ausência de sinal de internet. O relator pode relevar a pena de deserção e intimar para recolher em 5 dias (art. 1.007, §6º do CPC)
3.8.3.2.3.3. Equívoco no preenchimento, Insuficiência, ausência ou não comprovação: sempre é necessário intimação do recorrente (art. 932, par. ún. do CPC).
3.8.3.2.3.3.1. Equívoco no preenchimento: o relator intima para sanar dúvida sobre a efetivação do recolhimento (§7º do art. 1.007 do CPC).
3.8.3.2.3.3.2. Insuficiência de preparo: se feito a menor pode complementar quando intimado para fazê-lo no prazo de 5 dias (§2º do art. 1.007 do CPC).
3.8.3.2.3.3.3. Ausência de preparo ou sua comprovação: será intimado para recolher em dobro (§4º do art. 1.007 do CPC).
3.8.3.2.3.4. Sujeitos dispensadas do preparo: 
3.8.3.2.3.4.1. Ministério Público
3.8.3.2.3.4.2. Fazenda Pública (não estendido tal dispensa para os conselhos de fiscalização profissional[footnoteRef:16]) [16: Referida gratuidade não se aplica aos conselhos de fiscalização profissional, nesse sentido: “Segundo a firme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os conselhos de fiscalização profissional não gozam de isenção de preparo.”(ARE 1206512 ED-AgR, Relator(a): DIAS TOFFOLI (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2019)] 
3.8.3.2.3.4.3. Os que gozam de isenção legal (ex. beneficiário de justiça gratuita - art. 98, §1º, VIII do CPC).
3.8.3.2.3.4.4. Defensoria Pública: na condição de curadora especial[footnoteRef:17]. Cuidado, salvo na condição de curadora especial, o simples fato de a Defensoria atuar no caso não afasta, automaticamente, a necessidade de preparo[footnoteRef:18]. É preciso requerer e ter deferido o benefício da gratuidade. [17: A Corte Especial, apreciando Embargos de Divergência, de relatoria da Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (EAREsp. 978.895/SP, DJe 4.2.2019), pacificou o entendimento de que o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de preparo. (EAREsp 983.839/RJ, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/5/2020, DJe de 4/6/2020)] [18: Esta Corte Superior entende que, ressalvados os casos de curadoria especial, a atuação da Defensoria Pública, por si só, não afasta a necessidade de recolhimento do preparo recursal, o que somente seria possível com o deferimento da Justiça gratuita. (AgInt no AREsp 1.144.827/SP, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, PRIMEIRA TURMA, julgado em 9/12/2019, DJe de 12/12/2019)] 
3.8.3.2.3.5. Recursos que dispensam o preparo:
3.8.3.2.3.5.1. Embargos infringentes de alçada: art. 34 da Lei n. 6.830/80;
3.8.3.2.3.5.2. Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário: (art. 1.042, §2º do CPC)
3.8.3.2.3.5.3. Recursos do ECA: apenas em favor das crianças e adolescentes[footnoteRef:19] (art. 198, I da Lei n. 8.069/1990) [19: O acórdão recorrido encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior, que consolidou o entendimento de que a isenção de custas e emolumentos prevista na Lei 8.069/1990 somente é deferida às crianças e aos adolescentes quando partes, autores ou réus, em ações movidas perante a Justiça da Infância e da Juventude, não alcançando outras pessoas que eventualmente participem dessas demandas. (STJ - AgRg no AREsp: 66306 GO 2011/0173767-6, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 28/03/2017, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/04/2017)] 
3.8.3.2.3.5.4. Agravo interno: há entendimento jurisprudencial[footnoteRef:20] no sentido de que na ausência de lei local que o determine o preparo é dispensado. Assim, lei local pode estabelecer a necessidade de preparo em caso de recurso no Tribunal Local[footnoteRef:21] [20: Recolhidas as custas da apelação, o recurso deve ser julgado pelo respectivo tribunal, por meio dos seus órgãos fracionários; decidido monocraticamente pelo relator, o recorrente pode provocar a manifestação do órgão colegiado, mediante o agravo previsto no art. 557, § 1º do Código de Processo Civil, sem novo preparo. Recurso especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 1468267 RJ 2014/0100626-7, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 19/08/2014, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/08/2014)] [21: A jurisprudência do STJ firmou o entendimento no sentido de que "A lei local poderá estabelecer a cobrança de preparo para a interposição de agravo regimental na Corte de origem, ante a natureza eminentemente recursal do agravo do art. 557, § 1º, do CPC/1973"(STJ - AgInt no AgInt no AREsp: 1130249 RJ 2017/0162530-2, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 18/02/2020)] 
3.8.3.2.3.5.5. Embargo de Declaração: art. 1.023 do CPC
3.8.4. Natureza e Eficácia temporal do juízo de admissibilidade: é relevante para definir quando a decisão transita em julgado, com grande impacto sobre o prazo para a ação rescisória, por exemplo. Há 3 correntes.
3.8.4.1. 1ª Corrente (Fredie): Se positivo o juízo de admissibilidade a eficácia é declaratória - com eficácia ex tunc (retroativa). Se negativo é constitutivo - com ex nunc (prospectiva). Assim, aqui a decisão transitaria em julgado, pois apenas aqui o recurso foi considerado não admitido. Daqui se contaria o prazo para a ação rescisória.
3.8.4.2. 2º Corrente (Barbosa Moreira): Sendo positivo ou negativo a eficácia é declaratório com eficácia retroativa - ex tunc. O problema dessa corrente é que caso se demore mais que 2 anos para o julgamento da admissibilidade do recurso, se sua inadmissibilidade possuir efeitos retroativos, já terá se passado, inclusive, o prazo da ação rescisória.
3.8.4.3. 3º Corrente (CPC): É uma corrente intermediária. Adotada por alguns tribunais e, em parte, pelo CPC-2015. A decisão é declaratória mas não possui efeitos retroativos – ex tunc, salvo a intempestividade (art. 1.029, §3º e art. 1.026 §4º do CPC) e o manifesto não cabimento do recurso (inciso III da Sumula 100 do TST) .
3.8.5. Juízo de mérito:
3.8.5.1. Pedido recursal: 
3.8.5.1.1. Conceito: a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial (ou de seus fundamentos).
3.8.5.1.2. Ao julgar - “expressões”: acolhe o pedido (dá provimento) ou nega o pedido (nega provimento).
3.8.5.1.3. Quem aprecia: em regra, apenas do órgão ad quem. As exceções são os recursos que admitem juízo de retratação (efeito regressivo) e os casos onde o próprio decisões julga o recurso (ex. embargos de declaração e os embargos infringentes de alçada).
3.8.5.1.4. Mérito do recurso x mérito da causa: é possível que uma questão de admissibilidade da causa seja mérito do recurso (ex. o mérito de um recurso pode ser a competência do juízo o quo – admissibilidade para causa)
3.8.5.2. Causa de pedir recursal:
3.8.5.2.1. Da reforma - Error in judicando: É o erro de julgamentoé o erro na má apreciação do direito, seja ele material ou processual. Se o juízo de origem aprecia equivocadamente uma questão de direito processual como litispendência, prevenção, competência etc. é erro de julgamento. O erro está no conteúdo da decisão recorrida que por isso se pede seja reformada. 
3.8.5.2.2. Da invalidação - Error in procedendo: É erro na condução do procedimento. Desrespeito a prazos, a intimações necessárias, pronuncia-se sobre questões precluas ou que não pode ser trazida de ofício. O defeito é formal, independente do acerto na matéria de direito. A decisão deve ser invalidada, por um vício de forma na decisão ou no procedimento que levou a ela.
3.8.5.2.3. Do esclarecimento – obscuridade (será visto no estudo dos Embargos de Declaração).
3.8.5.2.4. Da integração – omissão (será visto no estudo dos Embargos de Declaração).
3.8.5.3. Cumulação de pedidos: É possível cumular pedidos em recursos.
3.8.5.3.1. Cumulação própria: há vários pedidos e todos podem ser acolhidos. 
3.8.5.3.1.1. Cumulação própria simples: os pedidos são autônomos sem relação de sequência lógica. Ex. condenação em dano moral e dano material, o recurso pede reforma por dano moral e reforma por dano material.
3.8.5.3.1.2. Cumulação própria sucessiva: o segundo pedido depende da análise do primeiro. Ex. a decisão entendeu pela inexistência de relação de paternidade e, portanto, negou direito a alimentos. No recurso a parte pede o reconhecimento da relação de paternidade e, posteriormente, pela concessão de alimentos.
3.8.5.3.2. Cumulação imprópria: é o caso em que acolhido um pedido não será possível acolher o segundo.
3.8.5.3.2.1. Cumulação imprópria subsidiária/eventual: recorre pedindo extinção do processo (por exemplo, em efeito translativo em Agravo de Instrumento), se não entender ser o caso, a invalidação da decisão (error improcedendo) e, se não entender ser o caso, a reforma da decisão (error in judicando). Em regra, a sequência de pedidos é inicialmente o error improcedendo e, posteriormente, o error in judicando. Esse caso foi exceção, vez que a extinção implicou em error in judicando.
3.8.5.3.2.2. Cumulação imprópria alternativa: recorre pedindo a nulidade da decisão por litispendência ou por incompetência.
3.8.5.4. Julgamento rescindente e julgamento substitutivo: possui impacto, por exemplo, na decisão que deverá ser rescindida em caso de Ação Rescisória. Caso o recurso não seja conhecido não há que se falar em julgamento rescindente ou substitutivo.
3.8.5.4.1. Julgamento rescindente: é o caso em que o recurso é conhecido e provido para invalidar (error in procedendo) a decisão. Outra decisão precisará ser proferida, agora, sem os vícios constatados. O acordão que rescinde uma decisão não o substitui, mas o anula, excluindo-o do mundo jurídico. Não ocorre o efeito substitutivo constante do art. 1.008 do CPC.
3.8.5.4.2. Julgamento substitutivo: caso o recurso seja conhecido, mas não seja provido para invalidar a decisão, ou, após conhecido, seja provido ou não provido para reformar a decisão haverá efeito substitutivo do recurso. 
3.9. Efeitos dos Recursos
3.9.1. Efeito Obstativo/Impedimento do trânsito em julgado: como vimos, segundo a concepção que parece ter sido adotada pelo CPC tal efeito não se aplica ao recurso intempestivo e ao manifestamente incabível. Para Barbosa Moreira qualquer causa de inadmissibilidade afastaria tal efeito. Para Fredie nenhuma causa de inadmissibilidade afastaria tal efeito.
3.9.2. Efeitos suspensivo: há recursos com efeito suspensivo automático. Nesses casos, a mera previsão legal de um recurso com efeito suspensivo automático (ex. Apelação, art. 1.012 do CPC) prolonga a ineficácia de uma decisão até seu prazo. Interposto o recurso tal estado de ineficácia se prolonga, em regra, até seu julgamento. Nos casos em que não há efeito suspensivo automático é possível requerer sua concessão ao relator do recurso. Nos casos em que há efeito suspensivo automático e possível requerer a suspensão de tal efeito ao relator.
3.9.3. Efeito devolutivo: é o reexame da decisão. É “devolver”[footnoteRef:22] ao órgão competente ao recurso a apreciação do objeto recursal julgado na decisão recorrida. [22: Historicamente o poder de julgar era delegado pelo imperado aos juízes. O recurso era uma forma de devolver ao imperador o poder que ele havia delegado.] 
3.9.3.1. Extensão (dimensão horizonta): o tribunal apenas pode apreciar a matéria que foi impugnada (recorrida) – tantum devolutum quantum appellatum (art. 1.013 do CPC). Ex. a decisão condena em dano moral e dano material. Se a parte apenas apela para questionar o dano moral o tribunal não pode reformar o deno material.
3.9.3.2. Profundidade/translativo(dimensão vertical): são as questões que podem ser examinadas pelo julgador do recurso acerca da matéria impugnada. A profundidade é amplíssima. 
3.9.3.2.1. todas as questões suscitadas e discutidas no processo: Na forma do §1º do art. 1.013 do CPC “Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.” E mais, na forma do §2º do art. 1.013 do CPC “Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.” (ex. questões preliminares afastadas na sentença devem ser enfrentadas no julgamento do recurso, independente de apelação)
3.9.4. Efeito regressivo ou de retratação: em alguns recursos, antes de enviar o recurso para o órgão ad quem (julgador do recurso), o julgador prolator da decisão recorrida pode se retratar da decisão. São exemplos a apelação que indefere a petição inicial (art. 331 do CPC) e o agravo interno contra decisão do relator (art. 1.021, §2º do CPC).
3.9.5. Efeito expansivo subjetivo: São exceções a regra segundo a qual o recurso apenas produz efeitos ao recorrente:
3.9.5.1. Recurso do assistente simples (art. 121, par. ún do CPC): é eficaz para o assistido. Ex. Sublocatário, aproveita locatário.
3.9.5.2. Recurso de um dos litisconsortes unitários (art. 1.005, CPC): aproveita aos demais, salvo se distintos os interesses. Ex. Dois condôminos para proteger a coisa comum.
3.9.5.3. Recurso do devedor solidário (art. 1.005, par. ún do CPC): quando as defesas opostas ao credor forem comuns. Ex. recurso do avalista em relação ao avalizado.
3.9.5.4. Embargos de declaração: opostos por uma das partes interrompem o prazo para interposição de outros recursos para ambas (art. 1.026 do CPC);
3.9.5.5. Embargos de divergência no STJ: interrompem o prazo para interposição do Recurso Extraordinário (art. 1.044, §1º, CPC);
3.9.6. Efeito expansivo objetivo: Casos em que a decisão ensejar decisão mais abrangente que a matéria impugnada.
3.9.6.1. Interno: são os casos em que capítulos não impugnados são atingidos pelo julgamento. É exceção à extensão da devolução. Ocorre nos casos em que, de algum modo, os capítulos não impugnados dependam dos capítulos impugnados. Ex. condenado a pagar 10 mil por um acidente de veículo, acrescido de honorários e custas. Apenas recorre para dizer que não foi responsável, nada diz sobre o valor ou sobre os honorários. Acolhida ausência de responsabilidade prejudicada estarão a condenação e as verbas de sucumbência.
3.9.6.2. Externo: Ocorre quando o julgamento do recurso atinge outros atos processuais para além dos impugnados pela decisão recorrida. São casos que ocorrem, por exemplo, nos recursos sem efeito suspensivo. Por exemplo, A tem negado seu pedido de inversão do ônus da prova e interpõem agravo de instrumento contra tal decisão. Com base em tal decisão B prefere não produzir prova. Sobrevém a sentença que julga o processo e favor de B, por entendendo pela improcedência ante a falta de provas. O Agravo de Instrumento é provido para determina a inversão do ônus da prova. Com a prova a cargo de “B” agora a sentença acaba sendo também atingida, vez que na ausência de provas é “A” quem sairia vitorioso. E, obviamente,caso “B” decida produzir prova, outra sentença também precisará ser prolatada. O Recurso contra a decisão interlocutória, após julgado, impactou também na sentença. 
3.10. Recursos Subordinados:
3.10.1. Introdução: São recursos em que a parte apenas interpõe porque a outra parte interpôs um outro recurso. São casos em que a parte ou foi vitoriosa ou se satisfaz com a medida de sua derrota. 
3.10.2. Recurso Adesivo:
3.10.2.1. Em casos de sucumbência recíproca: todas as partes perderam um pouco. Alguma(s) estão até satisfeitas e não pretendem recorrer. Mas caso a(s) parte(s) contrárias recorram sua condição pode piorar e, nesse caso, pretende recorrer.
3.10.2.2. Não é espécie de recurso, mas forma de interposição
3.10.2.3. Deve obedecer a todos os requisitos de admissibilidade: tudo que seria exigido caso fosse interposto como recurso principal.
3.10.2.4. Prazo: é o prazo para apresentação das contrarrazões ao recurso independente (art. 997, §2º, I do CPC).
3.10.2.5. Cabimento
3.10.2.5.1. Vale apenas para alguns recursos: Apelação, Recurso Extraordinário e Recurso Especial (art. 997, §2º, II do CPC).
3.10.2.5.2. Não cabe em remessa necessária: neste caso não houve recurso voluntário.
3.10.2.5.3. Cabe recurso adesivo de terceiro: ex. terceiro que poderia ter sido assistente litisconsorcial, mas não foi.
3.10.2.6. Mérito Prejudicado:
3.10.2.6.1. em caso de desistência ou inadmissibilidade do recurso independente (art. 997, §2º, III do CPC)
3.10.2.6.2. inadmissibilidade do próprio recurso adesivo (art. 997, §2º do CPC)
3.10.2.7. Recurso Extraordinário ou Especial Adesivo Cruzado (recurso adesivo condicionado): é o que a doutrina denomina hipótese de recurso adesivo condicionado. O recurso é interposto, sob a condição de o recurso independente ser acolhido. 
3.10.2.7.1. Exemplo: Imagine o caso em que a parte ALFA fundamenta seu pedido em uma lei federal e na Constituição Federal. O TJBA em Recurso de Apelação julga procedente o recurso com base no fundamento legal (lei federal), mas expressamente indica que a Constituição Federal não se aplica ao caso ou não é fundamento para a procedência. Como o pedido da parte ALFA foi atendido lhe falta interesse recursal. Mas imagine que a parte derrotada (BETA) decida interpor o Recurso Especial (para reformar a decisão do TJBA) e pedir que o STJ afirme que a lei federal foi mal aplicada pelo TJBA e não deva conceder o pedido de ALFA. Nesse caso, se ALFA não interpor um Recurso Extraordinário ao STF seu fundamento constitucional ficará precluso. A solução é possibilitar que ALFA interponha o Recurso Extraordinário mas sua admissão é condicionada à acolhida (o provimento -não o mero conhecimento) do Recurso Especial, pois apenas assim seu interesse surge.
3.10.3. Apelação do vencedor contra decisão interlocutória: estudaremos ao tratar do recurso de apelação.
3.11. Sucumbência recursal: os honorários de sucumbência decorrem da causalidade. Quem deu causa a demanda deve arcar com os honorários do advogado da parte adversa. Em grau recursal, se uma parte der causa a uma demanda recursal deve arcar com majoração de honorários (art. 85, §11 do CPC).
3.11.1. O percentual total: não deve superar 20%, em cada fase do processo. Até 20% na fase de conhecimento e até 20% na fase de execução.
3.11.2. Não depende de pedido: Independe de pedido da parte contrária
3.11.3. Embargos de Divergência em REsp.: Se aplica
3.11.4. Não se aplica
3.11.4.1. recurso parcialmente acolhido: STJ (AgInt nos EREsp 1539725 / DF, REsp 1727396-PE, EDcl no REsp 1746789-RS, AgInt no AREsp 1140219-SP).
3.11.4.2. recursos sem condenação em honorários: ex. Agravo de Instrumento contra tutela provisória, recursos em Mandado de Segurança, embargos de declaração etc. Mesmo nos casos em que seria possível a condenação, se esta não ocorreu, como entende o STJ (AgInt nos EREsp 1539725[footnoteRef:23] / DF, REsp 1727396-PE, EDcl no REsp 1746789-RS, AgInt no AREsp 1140219-SP). [23: (...) 5. É devida a majoração da verba honorária sucumbencial, na forma do art. 85, § 11, do CPC/2015, quando estiverem presentes os seguintes requisitos, simultaneamente: a) decisão recorrida publicada a partir de 18.3.2016, quando entrou em vigor o novo Código de Processo Civil; b) recurso não conhecido integralmente ou desprovido, monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente; e c) condenação em honorários advocatícios desde a origem no feito em que interposto o recurso. 6. Não haverá honorários recursais no julgamento de agravo interno e de embargos de declaração apresentados pela parte que, na decisão que não conheceu integralmente de seu recurso ou negou-lhe provimento, teve imposta contra si a majoração prevista no § 11 do art. 85 do CPC/2015. 7. Com a interposição de embargos de divergência em recurso especial tem início novo grau recursal, sujeitando-se o embargante, ao questionar decisão publicada na vigência do CPC/2015, à majoração dos honorários sucumbenciais, na forma do § 11 do art. 85, quando indeferidos liminarmente pelo relator ou se o colegiado deles não conhecer ou negar-lhes provimento. 8. Quando devida a verba honorária recursal, mas, por omissão, o Relator deixar de aplicá-la em decisão monocrática, poderá o colegiado, ao não conhecer ou desprover o respectivo agravo interno, arbitrá-la ex officio, por se tratar de matéria de ordem pública, que independe de provocação da parte, não se verificando reformatio in pejus. 9. Da majoração dos honorários sucumbenciais promovida com base no § 11 do art. 85 do CPC/2015 não poderá resultar extrapolação dos limites previstos nos §§ 2º e 3º do referido artigo. 10. É dispensada a configuração do trabalho adicional do advogado para a majoração dos honorários na instância recursal, que será considerado, no entanto, para quantificação de tal verba. 11. Agravo interno a que se nega provimento. Honorários recursais arbitrados ex officio, sanada omissão na decisão ora agravada. (AgInt nos EREsp n. 1.539.725/DF, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, julgado em 9/8/2017, DJe de 19/10/2017.)] 
3.11.4.3. recurso rejeitado liminarmente: se o recurso for rejeitado sem intimação para contrarrazões.
3.11.4.4. no agravo interno: se o relator ao inadmitir ou negar provimento e já havia procedido com a majoração
3.11.4.5. remessa necessária: não há causalidade.
3.11.5. Inversão de sucumbência: em caso de o recurso ser conhecido e provido o tribunal deve inverter a condenação. Ex. se o juiz condena em “A” em 10% de honorários, após julgar a demanda procedente contra “B”. Na apelação, se o provimento integral do recurso implicar na improcedente da ação, será o caso de inverter a sucumbência. Nesse caso “B” será condenado em 10% de honorários em favor de dos advogados de “A”.
3.11.5.1. Inversão que se dá de modo automático: para o STJ[footnoteRef:24], ainda que no Recurso a decisão seja omissa acerca da inversão da sucumbência ela é automática, possibilitando a execução. 	 [24: PROCESSUAL CIVIL . AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. INVERSÃO AUTOMÁTICA. CABIMENTO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AGRAVO INTERNO DO ENTE FEDERATIVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Trata-se na origem de agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, em face de decisão que julgou procedente a impugnação para determinar a extinção do cumprimento de sentença, no que tange à obrigação de pagar, condenando o exequente em honorários de advogado, fixados em 5% sobre o valor do débito, mantendo a continuidade do cumprimento de sentença quanto à obrigação de fazer. 2. Compulsando-se os autos, verifica-se, na fase de conhecimento, que a sentença julgou o pedido improcedente e condenou o autor, ora agravado, ao pagamento de honorários advocatícios na ordem de 10% do valor da causa. Entretanto, o Tribunal de origem deu provimento ao recurso de apelação da parte agravada para reformar a sentença, porém não houve a inversão dos honorários advocatícios, na ocasião, ficando omisso com relação à sucumbência. 3. A jurisprudência destaCorte Superior firmou entendimento segundo o qual, uma vez fixados os honorários advocatícios pelo juízo singular, na ação de conhecimento, e havendo o provimento integral do recurso, a inversão dos ônus sucumbenciais é implícita e automática, não se configurando, assim, qualquer óbice à execução dos honorários advocatícios pleiteada no caso concreto. 4. Agravo interno do ente federativo que se nega provimento. (AgInt no REsp n. 1.947.269/PE, relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5), Primeira Turma, julgado em 14/2/2022, DJe de 16/2/2022.)]

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