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Lilian Pitta PROCESSO RECURSAL CIVIL Lilian Pitta Atenção!!! ✓ O presente material não esgota a totalidade do conteúdo programático, servindo apenas como orientação para que o estudante possa seguir um caminho especificado em seu estudo. ✓ A bibliografia indicada pela Universidade e pela professora da disciplina traz de forma clara todos os pontos do programa, sendo necessário o seu completo estudo para realização com êxito das avaliações e a consequente aprovação. ✓ O presente material deverá ainda ser complementado pelo estudante com: o as aulas ministradas, o os exemplos práticos citados em sala de aula, o os exercícios elaborados e corrigidos pela professora, o os preceitos legais correspondentes a cada assunto e o por todo material divulgado e/ou constante da pasta da disciplina. E lembre-se: o que definirá o seu sucesso acadêmico é o grau de comprometimento com a sua formação. Desta forma, seja na preparação para a atividade avaliativa, seja para concorrer a um concurso público ou exame da OAB, habitue-se a tirar suas dúvidas, busque realizar com excelência suas atividades às quais se propuser e vá além do conhecimento oferecido pelos materiais que tiver em mãos, aprofundando sempre mais os seus estudos em prol do seu objetivo. Afinal, seu conhecimento é a sua maior riqueza e isso ninguém conseguirá tirar de você. Bons estudos!!! Lilian Pitta UNIDADE 1 – PRESSUPOSTOS RECURSAIS ORDINÁRIOS E EXTRAORDINÁRIOS CONTEÚDOS: 1.1 Conceito de Recurso (elementos recursais, voluntariedade, mesma relação jurídica processual, reexame necessário e sucumbência recíproca). 1.2 Princípios Recursais (fungibilidade, proibição da reformatio in pejus, duplo grau de Jurisdição, taxatividade e unirrecorribilidade). 1.3 Pressupostos em espécie (tempestividade à luz do CPC, preparo, regularidade formal, cabimento, interesse recursal, legitimidade recursal, inexistência de fato extintivo do direito de recorrer). 1.4 Nova sistemática de sanabilidade dos vícios relacionados aos pressupostos. 1.5 Efeitos da admissibilidade recursal positiva e negativa e admissibilidade para os recursos extraordinários (prequestionamento; desvinculação ao sistema dos recursos repetitivos e repercussão geral). TEORIA GERAL DOS RECURSOS Recurso não é o único meio de impugnação às decisões judiciais. Existem os sucedâneos recursais, que também são utilizados como meios de impugnação. Entretanto, não é possível optar pela utilização de um recurso ou de um sucedâneo recursal para impugnar a mesma decisão1, sendo necessário identificar sua natureza jurídica para utilizar de forma adequada o meio apto para impugná-la. A doutrina indica como meios de impugnação às decisões judiciais os sucedâneos recursais externos (= ações autônomas de impugnação) e internos e os recursos. A Ação autônoma de impugnação2 (ou sucedâneo recursal externo) é uma demanda que gera um processo novo (processo A) que tem por objetivo impugnar uma decisão judicial proferida em outro processo (processo B). A Ação Rescisória (art. 966 do CPC) e o Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009) são exemplos de Ações Autônomas de Impugnação (ou sucedâneos recursais externos). 1 Excepcionalmente, é possível utilizar medidas distintas para atacar a mesma decisão. É o que acontece quando há decretação de prisão civil do devedor de alimentos. Tal decisão poderá ser atacada por Agravo de Instrumento (art. 1.015, CPC) ou por Habeas Corpus (ver http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=4144543&PageSeq=0 e http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=4128171&PageSeq=0). 2 As ações autônomas de impugnação, para parte da doutrina, são visualizadas como sucedâneos recursais externos, pois são utilizadas para impugnar decisões judiciais, mas formam uma nova relação jurídica. http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=4144543&PageSeq=0 http://www4.tjrj.jus.br/EJURIS/ImpressaoConsJuris.aspx?CodDoc=4128171&PageSeq=0 Lilian Pitta 0055836-89.2019.8.19.0000 - AÇÃO RESCISÓRIA Des(a). WERSON FRANCO PEREIRA RÊGO - Julgamento: 14/07/2020 - SEÇÃO CÍVEL AÇÃO RESCISÓRIA. ACÓRDÃO RESCINDENDO QUE JULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS, PARA DECLARAR A NULIDADE DA PENHORA INCIDENTE SOBRE IMÓVEL, POR SE TRATAR DE BEM DE FAMÍLIA. ALEGAÇÃO DE APLICAÇÃO EQUIVOCADA DA REGRA CONTIDA NO ARTIGO 1003, DO CÓDIGO CIVIL. 1. A ação rescisória é meio excepcional de impugnação das decisões judiciais, remédio processual extraordinário voltado para a desconstituição da coisa julgada obtida em desconformidade com as regras processuais que conduzam a um julgamento justo. 2. O ordenamento processual consigna, de forma taxativa, as hipóteses legais de rescindibilidade de sentença, elencadas no artigo 966 do Código de Processo Civil. Como consequência a mesma não pode ser utilizada para fins de reexame do julgado, como se fosse sucedâneo recursal. 3. Sustenta o Autor, em suma, que o órgão julgador teria aplicado a regra contida no artigo 1003, do Código Civil, quando deveria ter aplicado a regra do artigo 1032, do mesmo Codex. 4. No caso dos autos, o órgão julgador valorou as provas que foram apresentadas e efetivamente se pronunciou sobre os fatos alegados, segundo o seu livre convencimento. 5. Em sede de ação rescisória, não é possível o reexame de provas da ação originária, sob pena de transformar a medida excepcional em nova instância recursal, o que afrontaria a segurança jurídica. 6. Mero inconformismo com o deslinde da questão, o que, entretanto, não autoriza a desconstituição da coisa julgada com base no artigo 966, do Código de Processo Civil. Interpretação que prestigia o caráter excepcionalíssimo da ação rescisória e os valores constitucionais a que visa proteger (efetividade da prestação jurisdicional, segurança jurídica e estabilidade da coisa julgada - art. 5º, XXXVI, da Constituição da República). 7. Não demonstrada a ocorrência de quaisquer das hipóteses do art. 966 do CPC, pressupostos específicos para o ajuizamento da ação rescisória. Utilização da rescisória como sucedâneo recursal. Impossibilidade. Precedentes. 8. PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA, com consequente extinção do feito sem resolução do mérito (CPC, art. 485, I). Grifado. Lilian Pitta O Sucedâneo Recursal3 (interno) é aquilo que substituiu, faz às vezes de; é medida que não se identifica como sendo ação autônoma (ou sucedâneo recursal externo), porque não cria uma nova demanda, nem recurso, porque não está previsto no rol taxativo do art. 994 do CPC, mas é utilizado para impugnar decisões judiciais. A remessa necessária (art. 496 do CPC) e a correição parcial (medida administrativa contra juiz) são exemplos de sucedâneo recursal (interno). 0069499-08.2019.8.19.0000 - RECLAMAÇÃO Des(a). ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 30/06/2020 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL CORREIÇÃO PARCIAL MEDIANTE RECLAMAÇÃO. DECISÃO PROFERIDA PELO JUÍZO FAZENDÁRIO QUE DETERMINOU O SOBRESTAMENTO DO FEITO ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DA MACRO-LIDE MULTIDINÁRIA. PRETENSÃO DO RECLAMENTE DE CASSAR O PROVIMENTO JUDICIAL. ALEGAÇÃO DE INVERSÃO DA ORDEM LEGAL DO PROCESSO. ERRO DE OFÍCIO. DECISÃO QUE DIVERGIU DO ACÓRDÃO PROFERIDO EM SEDE DE RECURSO REPETIVO nº 1.110.549/RS. ERRO DE OFICIO E OMISSÃO. Despacho irrecorrível que manteve a suspensão da ação individual após o julgamento da ação coletiva. Argumentos apresentados pelo reclamante não analisados pelo juízo. De acordo com a orientação do firmada pela Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.110.059/RS, pela sistemática dos recursos repetitivos, a suspensão do feito dá-se até o julgamento da ação coletiva, inexistindo obrigatoriedade de suspensão de todas as demandas individuais até o trânsito em julgado da ação coletiva. No julgado também foi pacificada a faculdade da suspensãodas ações individuais até o julgamento da ação civil pública nos casos multidinários, cabendo ao juiz a valoração sobre o interesse público e a preservação da efetividade da Justiça. Despacho proferido pelo Juízo a quo divergiu do precedente do STJ (REsp nº 1.110.049/RS) no ponto que se omitiu quanto a análise dos argumentos apresentados pelo reclamante, deixando de valorar sobre o interesse público e a preservação da efetividade da Justiça na manutenção do sobrestamento do feito após o julgamento da Ação Civil Pública. Erro de oficio e omissão. Despacho cassado. Conhecimento e provimento da reclamação. Grifado Já o Recurso é o meio utilizado para impugnar decisão judicial no mesmo processo em que a decisão foi proferida, não gerando processo novo. Não se confunde com o sucedâneo recursal interno, pois tem cabimento específico, a depender da natureza jurídica da decisão que se visa impugnar. 0046722-92.2020.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA Des(a). WAGNER CINELLI DE PAULA FREITAS - Julgamento: 06/08/2020 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Mandado de segurança. Cumprimento de sentença. Penhora de verba do impetrante. Decisão que comporta recurso próprio. Impossibilidade de o mandado de segurança constituir-se em sucedâneo recursal. Jurisprudência sobre o tema. Indeferimento da inicial. Grifado. 1.1 Conceito de RECURSO “É o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se impugna”4. 3 Para parte da doutrina, os sucedâneos recursais podem ser classificados em internos e externos, dependendo da formação ou não de uma nova relação jurídica. 4 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro – Exposição sistemática do procedimento 29ª Edição. Forense,2012. Lilian Pitta O recurso é voluntário porque é necessário que a parte interessada recorra. Com esta afirmação, pode-se concluir que a remessa necessária, prevista no art. 496 do CPC, não tem natureza de recurso, mas sim de condição de eficácia das sentenças que a ele estão sujeitas. De acordo com o conceito, é possível identificar que o recurso tem como pedido (objeto) uma das quatro providências: a reforma, a invalidação, o esclarecimento e a integração. Quando o recurso tem por objeto a reforma da decisão judicial impugnada, estar-se-á diante de um error in iudicando, isto é, de um erro no julgamento. O erro de julgamento ocorre quando o magistrado atribui ao direito positivo uma vontade que não é a sua verdadeira, ou seja, quando o juiz profere uma declaração errônea da vontade concreta da lei, seja de norma de direito material ou processual. Toda vez que se interpuser recurso contra uma decisão sob o fundamento de que a mesma deu errônea solução à questão sobre a qual versa, o objeto de tal recurso será a reforma da referida decisão judicial e pedir a reforma significa pedir para que ela seja corrigida, revista, melhorada, aprimorada. Na reforma o discutido é o conteúdo do que foi decidido. 0158095-96.2018.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 04/02/2020 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÕES CÍVEIS. OBRIGAÇÃO DE FAZER. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. FORNECIMENTO DE ENERGIA. IMPUTAÇÃO DA PRÁTICA DE FRAUDE NO RELÓGIO MEDIDOR. LAVRATURA DE TERMO DE OCORRENCIA DE IRREGULARIDADE (TOI). RECUPERAÇÃO DO CONSUMO. DÉBITO AUFERIDO UNILATERALMENTE. NATUREZA ABUSIVA DA COBRANÇA NÃO ELIDIDA PELA CONCESSIONÁRIA. DANO MORAL CONFIGURADO. REPETIÇÃO EM DOBRO DO INDÉBITO. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. Consumo mínimo equivalente ao custo da distribuição que se manteve após o período de irregularidade. Imóvel vazio. O Termo de Ocorrência de Irregularidade, elaborado pela prestadora de serviço não é suficiente para provar a prática de fraude no relógio medidor de energia elétrica, porquanto produzido unilateralmente pelo fornecedor do serviço. Conduta ilegal da concessionária no procedimento de apuração de irregularidades e recuperação de receita impostos ao consumidor que configura o dever indenizatório. Fatos que suplantam os aborrecimentos comuns das relações cotidianas e que geraram relevante temor e perda de tempo útil. Danos morais que exsurgem do próprio fato. Cobrança injustificável que se subsome ao disposto no parágrafo único do art. 42 do CDC. Parcial reforma da sentença. Conhecimento e provimento do 1º recurso (consumidor) e desprovimento do 2º (concessionária). Grifado. Quando o recurso tem por objeto a invalidação da decisão judicial impugnada, estar-se-á diante de um error in procedendo, isto é, de um erro no procedimento. O error in procedendo está ligado ao descumprimento de uma norma de natureza processual e consiste em vício formal da decisão, que acarreta sua nulidade. Aqui, não se discute o conteúdo de uma decisão. Não se entra no exame do que foi decidido, examina-se apenas a forma. 0195305-21.2017.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA - Julgamento: 07/08/2020 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Direito Processual Civil. Trata-se de Ação de Execução na qual, após a apresentação de minuta de acordo assinada pelas partes, o feito foi julgado extinto na forma do art. 924, II do CPC. Sentença que julgou extinto o processo, sem julgamento do mérito. Ausência de intimação pessoal para dar andamento ao feito. Requisito essencial para a extinção do processo. Assim, impositiva a anulação da sentença de Lilian Pitta primeiro grau em razão da existência de error in procedendo, determinado o prosseguimento do feito. Sentença anulada. Recurso provido. Grifado. 280544-90.2017.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). MÔNICA DE FARIA SARDAS - Julgamento: 06/05/2020 - VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DIREITO PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO CITRA PETITA. ERROR IN PROCEDENDO. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. 1. O pedido é o que se pretende com a instauração da demanda e se extrai da interpretação lógico-sistemática da petição inicial, considerando-se os requerimentos feitos em seu corpo e não só aqueles constantes em capítulo especial ou sob a rubrica dos pedidos. 2. Omissão do julgado quanto ao pedido de reconhecimento das 5 (cinco) economias para o cálculo da tarifa com relação à progressividade. 3. Sentença citra petita, vício que acarreta a sua anulação, para que outra seja proferida. ANULAÇÃO DA SENTENÇA DE OFÍCIO. RECURSOS PREJUDICADOS. Grifado. Quando a decisão proferida pelo órgão judicial é obscura ou contraditória, é possível recorrer, tendo por fim o esclarecimento da decisão. Nesta hipótese, o recurso5 não é destinado a provocar uma nova decisão sobre a questão, mas sim a fazer com que o juízo reafirme, com outros termos, o que havia dito anteriormente. Des(a). WERSON FRANCO PEREIRA RÊGO - Julgamento: 22/07/2020 - VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE, OMISSÃO E/OU CONTRADIÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. 1) Os embargos de declaração são instrumento de integração do julgado, quer pela pouca inteligência de seu texto, quer pela contradição em seus fundamentos, quer, ainda, por omissão em ponto fundamental. Para admissão e provimento dos embargos de declaração é indispensável que a peça processual apresente os requisitos legalmente exigidos para a sua oposição, o que não ocorre no presente feito. 2) Não se prestam os embargos de declaração à rediscussão de matéria já apreciada e julgada, sendo certo que o julgador não está obrigado a dissertar sobre todos os dispositivos legais invocados pelas partes. 3) A contradição que enseja a oposição de embargos de declaração é aquela interna ao pronunciamento embargado, verificada entre a fundamentação da decisão e a sua conclusão. 4) RECURSO CONHECIDO E REJEITADO. Grifado. Quando a decisão proferida pelo órgão judicial é omissa, é possível recorrer tendo por fim a integração (atividade de suprir lacunas, torná-la completa). 0001641-51.2015.8.19.0209- APELAÇÃO Des(a). MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES - Julgamento: 19/02/2020 - VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Apelações cíveis. Direito do consumidor. Ação de rescisão contratual cumulada com obrigação de fazer e indenizatória. Contrato de compra e venda de produtos e prestação de serviços de móveis planejados. Pedido de rescisão por alegado erro da empresa fornecedora, com pedido de cancelamento do contrato e devolução de cheques entregues. Embargos declaratórios apresentados que, desprovidos, revelam omissões evidentes. Sentença citra petita que se anula ex ofício. 1. Da leitura do julgado recorrido em face do qual foram interpostos embargos de declaração pelo 2º réu (Banco Santander) e pela 1ª ré (CAFT Comércio de Móveis), reclama o 1º acerca de omissão no dispositivo final da r. sentença e a 2ª acerca de contradição e omissão em relação a assertiva de que a desistência do negócio firmado teria partido de ambas as partes, o que não contemplaria a verdade dos fatos, e quanto a especificação de qual ré teria a obrigação em relação aos cheques eventualmente descontados no tocante à sua conversão de seus valores em perdas e danos. 2. Rejeitados os embargos declaratórios citados sem que fossem 5 O recurso apto a esclarecer a decisão é o de Embargos de Declaração, previsto a partir do art. 1.022 do CPC. Lilian Pitta supridas as omissões e a contradição alegadas, incorre a r. sentença em ausência de fundamentação consoante o disposto no art. 489, § 1º, IV, do CPC e apreciação de todos os temas trazidos a debate. 4. Tratando-se de induvidosa sentença citra petita, incorre-se em nulidade que ora se reconhece e se declara. 5. Inaplicável a Teoria da causa madura in casu. A apreciação das matérias omitidas pela sentença em grau recursal ensejaria indesejável violação ao princípio que veda a supressão de Instância. 6. Anulação ex ofício da sentença com determinação para retorno dos autos ao primeiro grau de jurisdição. Recursos de apelação que restam prejudicados. Grifado. Além do conceito, importante compreender as classificações dos recursos indicadas pela doutrina, sendo as mais tradicionais as seguintes: a) Quanto a fundamentação o recurso pode ser de fundamentação livre ou vinculada. O recurso de fundamentação livre é aquele que pode trazer como argumento qualquer matéria, seja de direito material, seja de direito processual, como acontece com a Apelação, o Agravo de Instrumento e o Recurso Ordinário; em se tratando de recurso de fundamentação vinculada, somente poderá ter por argumento o que estiver previamente estabelecido pelo legislador, como acontece com o Recurso Especial e o Recurso Extraordinário, onde a Constituição da República delimita a matéria que poderá ser objeto do recurso (art. 105 e art. 102, respectivamente). b) Quanto á extensão da matéria o recurso pode ser total ou parcial. O recurso classificado como parcial é aquele que, em virtude de limitação voluntária (vontade do Recorrente), não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da decisão. Pense numa sentença que julgou procedente o pedido de dano material e o pedido de dano moral. O réu, ao interpor Apelação, impugna tão somente o pedido de dano moral. Neste caso, o recurso de Apelação será classificado como parcial, pois não impugna a totalidade do conteúdo que lhe seria impugnável. O recurso classificado como total é aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida. Seguindo o mesmo exemplo, seria classificado como total a Apelação se o réu impugnasse tanto o dano moral, quanto o dano material. c) Quanto a autonomia, o recurso pode ser classificado como principal, ou seja, o recurso interposto por qualquer das partes de maneira independente uma da outra (art. 997 do CPC); ou adesivo (acessório ou subordinado), aquele que se subordina ao recurso principal (da outra parte) e somente será julgado se o recurso principal for admitido ( art. 997, §§ 1º e 2º do CPC). d) Quanto a tutela pretendida, o recurso pode ser ordinário, que tem por finalidade imediata a tutela do direito subjetivo (matéria de fato e de direito), como o que acontece com a Apelação, Agravo de Instrumento, Recurso Ordinário Constitucional; ou excepcional, que tem por finalidade imediata a tutela do direito objetivo (matéria de direito), como no Recurso Especial e Recurso Extraordinário. Vistas as classificações, passa-se a compreensão de que somente as decisões (lato sensu) são recorríveis. Portanto, o despacho, que não tem conteúdo decisório, é irrecorrível (art. 203, parágrafo 3º c/c art. 1.001 do CPC). As decisões podem ser divididas em duas espécies: (i) as de juiz singular – decisão interlocutória (art. 203, parágrafo 2º) e sentença (art. 203, parágrafo 1º) e (ii) as de tribunal – Lilian Pitta decisão monocrática (decisão proferida por Relator, Presidente ou Vice-Presidente de Tribunal) e acórdão (art. 204 do CPC). É de extrema relevância identificar a natureza jurídica da decisão (se decisão interlocutória, sentença, decisão monocrática ou acórdão), pois a partir da identificação responde-se qual será o recurso cabível. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 - Em demanda que tramita perante a 3ª Vara de Família da Comarca da Capital, foi determinada a expedição de ofício para desconto em folha de pagamento dos alimentos fixados provisoriamente em decisão interlocutória. Inconformado com a determinação de expedição de ofício para desconto em folha o Réu poderá interpor recurso? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2 - “Um cidadão, ao ajuizar demanda pelo procedimento comum contra o estado de Rondônia, apresentou dois pedidos: (a) anulação de ato administrativo ilícito; (b) indenização, no valor de R$ 100 mil, em razão de prejuízos causados pelo referido ato. Após a apresentação de defesa pelo ente público, o magistrado emitiu pronunciamento com dois capítulos, em que: (i) examinou o mérito do primeiro pedido de forma definitiva, e declarou nulo o ato administrativo, por considerar que esse pedido estava apto a julgamento; (ii) determinou a produção de provas quanto ao pedido indenizatório”. Dessa decisão, o réu apresentou recurso de apelação. Agiu corretamente o Recorrente? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 3 - Contra decisão proferida pelo relator do recurso de apelação caberá agravo de instrumento para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. Certo ou errado? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Lilian Pitta ________________________________________________________________________________ 4 - Dos despachos cabe o recurso de correição parcial; das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento e das sentenças cabe apelação. Certo ou errado? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 1.2 Princípios Recursais Os princípios são a essência, a razão, os valores que inspiram o ordenamento jurídico; orientam e auxiliam o Poder Público na elaboração legislativa do direito processual. Os princípios influem tanto na formação do direito, quanto na sua aplicação. Ao se ferir uma norma, estar-se-á ferindo um princípio, que na sua essência estava embutido. Aos recursos, por serem visualizados em processos, aplicam-se os princípios processuais gerais previstos na Constituição da República e no Código de Processo Civil, como o devido processo legal, a isonomia, dentre outros. Mas alguns princípios são típicos da Teoria Geral dos Recursos, por serem visualizados nesse momento, como o Princípio da Fungibilidade Recursal, Princípio da Taxativa e demais Princípios que serão visualizados a seguir: ▪ Princípio da Correspondência: existem cinco espécies de pronunciamentos judiciais e para cada espécie de pronunciamento corresponde a interposição de um recurso, salvo de despacho: o Despacho não tem conteúdo decisório, motivo pelo qual não cabe recurso (art. 1.001, CPC). 0012403-98.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). FERNANDO FOCH DE LEMOS ARIGONY DA SILVA - Julgamento: 20/03/2020 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. DESPACHO QUE INTERCORRENTEMENTE MANDA INTIMAR O ALIMENTANTE A PAGAR, PROVAR QUE PAGOU OU JUSTIFICAR O NÃO PAGAMENTO, SOB PENA DE PRISÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INADMISSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Agravo de instrumento interposto de ato judicial que, em ação de execução de alimentos, manda intimar o devedor, por seus advogados, a, em três dias, pagar, provar que pagou, ou justificar o não pagamento das pensões, sob pena de prisão desde logo fixada em sessenta dias. Teses de que a intimação há de ser pessoal; de que a alimentanda não mais faz jus a alimentos, eis de há muito implementada condição resolutiva da obrigação; de que há excesso de execução; e de que o devedor não está em condições de pagar. 1. Na medida em que nada decidiu, o ato agravado não é decisão interlocutória, mas despacho, não sendo, portanto, passível de ser Lilian Pitta combatido por meio de agravo de instrumento, o que desnuda falta de interesse recursal e evidencia a inadmissibilidade do recurso dele interposto. 2. É bem verdade que o despacho que mobiliza o executado incorreu no equívoco de haver desde logo estabelecido o prazo prisional; mas o excesso não mais implica risco à liberdade de locomoção do alimentante porque foi afastado em habeas corpus impetrado em seu favor. 3. Recurso do qual não se conhece. Grifado. o Decisão interlocutória é a espécie de pronunciamento que resolve um incidente e não põe fim a um módulo processual ou ao processo como um todo. O recurso correspondente a decisão interlocutória é o Agravo de Instrumento6 (art. 1.015, CPC). o Sentença é o pronunciamento que põe fim ao processo ou módulo processual com ou sem resolução do mérito. O recurso correspondente no CPC é a Apelação (art. 1.009, CPC). o Acórdão é espécie de decisão emanada por um órgão coletivo/colegiado como a Câmara, Turma, Órgão Especial etc. Para acórdão, a depender da hipótese, corresponderá o recurso de Embargos de Divergência (art. 1.043, CPC) ou REsp (art. 105, III, CRFB) ou RE (art. 102, III, CRFB) ou Recurso Ordinário (art. 1.027, CPC). o Decisão monocrática é o pronunciamento judicial proferido pelo Relator, Presidente ou Vice-Presidente de Tribunal. Como recurso correspondente pode-se ter o Agravo Interno (art. 1.021, CPC) ou o Agravo em RE ou REsp (art. 1.042, CPC), a depender da hipótese. Quanto ao recurso de Embargos de Declaração (art. 1.022, CPC), poderá ser oposto contra todos os pronunciamentos, exceto dos despachos (*). ▪ Princípio da Taxatividade: por tal princípio só existem os recursos que a lei federal prevê ou vier a prever – art. 22, CRFB c/c art. 994, CPC. O Princípio da Taxatividade determina que as partes em comum acordo ou a doutrina não podem criar recursos ou fazer uma interpretação extensiva para tal finalidade7. 0028189-22.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). PAULO SÉRGIO PRESTES DOS SANTOS - Julgamento: 18/06/2019 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Agravo de Instrumento. Direito Processual Civil. Na nova ordem processual, o cabimento do agravo de instrumento é regido pelas hipóteses elencadas no art. 1.015 do CPC/15. Caso concreto que não se amolda ao previsto em qualquer dos incisos do dispositivo mencionado. Defeito insanável. Inviabilidade do conhecimento do recurso sob a ótica da mitigação da taxatividade das hipóteses de cabimento previstas no dispositivo legal de regência. Agravante que ao declinar as razões pelas quais entende que seu recurso haveria de ser conhecido, assim o fez de forma deficiente, sem fundamentar objetivamente seu pedido, valendo-se de alegação genérica. Em tema de juízo de admissibilidade, é dever do recorrente oferecer ao órgão julgador fundamentação que permita a exata compreensão da controvérsia posta - isto é, a pertinência ao caso concreto da mitigação do rol taxativo do art. 1.015 do Código de Processo Civil - assim o fazendo por meio da demonstração clara e precisa do modo pelo qual o precedente vinculante se amolda à situação em exame, à luz da decisão recorrida e das consequências 6 Nem todas as decisões interlocutórias serão recorríveis por Agravo de Instrumento (art. 1.015 do CPC). 7 Tese Firmada pelo STJ – Tema 988: “O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação”. Lilian Pitta de a ela não se conferir recorribilidade imediata. A falta de demonstração objetiva da conformidade do recurso com o paradigma vinculante que autoriza seu excepcional cabimento à luz do requisito da urgência atrai a aplicação analógica dos termos da Súmula 284/STF, que assim dispõe: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.". Desconhecimento do recurso, nos termos do art. 932, III do Código de Processo Civil. Grifado. ▪ Princípio da Unicidade: (da singularidade ou da unirrecorribilidade): contra uma decisão o Recorrente somente poderá interpor um único recurso, sendo vedada a interposição simultânea ou cumulativa de mais de um recurso visando a impugnação do mesmo provimento jurisdicional, salvo em se tratando de REsp e RE e Agravo Interno e Agravo em REsp e RE. 0067350-73.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). JUAREZ FERNANDES FOLHES - Julgamento: 03/09/2019 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. PRETENDEM OS HERDEIROS, ORA AGRAVANTES, QUE A AVALIAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS QUE LHES FORAM DOADOS PELO INVENTARIADO SEJAM AVALIADAS PELO VALOR APURADO NA DATA DA LIBERALIDADE, E NÃO PELO VALOR DE MERCADO. NÃO PROVIMENTO. De acordo com o princípio da singularidade, também conhecido como princípio da unicidade ou unirrecorribilidade, o interessado apenas pode impugnar uma decisão em um único momento. Portanto, em regra, para cada decisão somente é possível a interposição de um recurso. No caso, vê-se que, em 01/06/2015, os herdeiros ora agravantes formularam o mesmo pedido em tela ao juízo a quo, isto é, requerendo que se procedesse as avaliações dos imóveis doados pelo inventariante considerando a data da doação. Na ocasião, o referido pleito foi indeferido pelo juízo a quo, que salientou que ¿a comprovação das alegadas doações deveria ser feita através de Escritura Pública (...)¿. Inconformados, os herdeiros interpuseram o Agravo de Instrumento nº 0071045-40.2015.8.19.0000. Tal recurso não foi conhecido peloRelator, por ausência de peças obrigatórias, restando, pois, preclusa a questão ali debatida. Assim, ainda que o Juízo a quo tenha novamente mencionado a questão referente à avaliação dos bens doados, sobretudo porque revisitada pelo ora agravante, descabe nova análise sobre a matéria, porquanto preclusa. DECISÃO MANTIDA. NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO. Grifado. ▪ Princípio da Fungibilidade: por tal princípio um recurso pode ser recebido por outro, desde que (i) o erro não seja grosseiro (recurso manifestamente incabível) e (ii) haja dúvida fundada a respeito do recurso cabível (a lei confunda a natureza da decisão; a doutrina e a jurisprudência divergem a respeito do recurso cabível; o juiz profere uma espécie de decisão em lugar de outra). O atual CPC prevê expressamente a possibilidade da fungibilidade recursal no art. 1.024, parágrafo 3º, e nos arts. 1.032 e 1.033, CPC. 0008919-75.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). SANDRA SANTARÉM CARDINALI - Julgamento: 19/02/2020 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. SENTENÇA QUE DECLAROU A INCOMPETÊNCIA DO JUIZO PARA PROSSEGUIMENTO DO FEITO E JULGOU EXTINTA A EXECUÇÃO. O ATO JUDICIAL QUE EXTINGUE A EXECUÇÃO DEVE SER IMPUGNADO POR MEIO DE RECURSO DE APELAÇÃO, POIS TEM NATUREZA DE SENTENÇA. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 203, §1º E 1.009 DO CPC/2015. ERRO GROSSEIRO, QUE CONTRARIA PREVISÃO EXPRESSA DE LEI, INEXISTINDO DIVERGÊNCIA ENTRE A DOUTRINA E/OU JURISPRUDÊNCIA, NÃO SENDO POSSÍVEL O RECEBIMENTO DO RECURSO COMO APELAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO. Grifado. Lilian Pitta ▪ Princípio da proibição da reformatio in peius: quando da interposição de recurso por apenas um dos sucumbentes, o recorrente, em tese, não corre o risco de ver piorada a sua situação em virtude do julgamento do seu próprio recurso. Mas o Princípio admite exceções, como no caso de matérias de ordem pública, teoria da causa madura (art. 1.013, parágrafo 3º.), além da possibilidade de piora nos casos dos artigos 331 e 332 do CPC. 0013838-07.2016.8.19.0014 - APELAÇÃO Des(a). ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME - Julgamento: 30/10/2019 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. POLICIAL MILITAR. AUXÍLIO- MORADIA. VERBA DE NATUREZA INDENIZATÓRIA, NÃO SUJEITA À TRIBUTAÇÃO. CÔMPUTO NOS CÁLCULOS DO IMPOSTO DE RENDA. IMPOSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO. CABIMENTO. INCONFORMISMO DO RÉU APENAS QUANTO AOS CONSECTÁRIOS LEGAIS DA SUCUMBÊNCIA. REGIME DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CARÁTER TRIBUTÁRIO DO INDÉBITO A SER DEVOLVIDO. REGRAS ESPECÍFICAS. JUROS DE MORA A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO. TAXA SELIC. LEI ESTADUAL Nº 6.127/2011. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CORRETAMENTE FIXADOS. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO E REFORMA DE PARTE DA SENTENÇA, DE OFÍCIO. 1. A quantia indevidamente retirada do patrimônio jurídico do autor mediante errônea tributação na fonte da verba indenizatória, ou seja, auxílio-moradia ostenta caráter tributário. 2. Em se tratando de restituição de indébito tributário, são devidos juros de mora a partir do trânsito em julgado, nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN e da Súmula 188 do STJ. 3. A correção monetária e os juros de mora são matéria de ordem pública, apreciáveis de ofício a qualquer tempo ou grau de jurisdição, não se sujeitando ao princípio da proibição da reformatio in pejus. 4. A correção monetária incide até 01/07/2012 segundo a variação da Ufir-RJ e, a partir desta data, quando entrou em vigor a Lei Estadual nº 6.127/2011, deve prevalecer a taxa Selic como índice único de correção, de forma a englobar juros de mora e correção monetária. 5. Juros moratórios conforme a taxa Selic, porquanto ainda não transitou em julgado a sentença, e, nos termos da Lei Estadual nº 6.127/2011, a aplicação da Selic não pode ser cumulada com qualquer outro método de atualização. 6. Honorários advocatícios corretamente fixados, em observância às regras previstas no caput e parágrafos 2º e 3º, I, do art. 85 do CPC. 7. Parcial provimento do recurso e, de ofício, reforma parcial da sentença. Grifado. ▪ Princípio do duplo grau de jurisdição: significa a possibilidade que o Recorrente tem de submeter a outro órgão do Poder Judiciário a revisão da solução da sua demanda. 0075377-11.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). MARGARET DE OLIVAES VALLE DOS SANTOS - Julgamento: 26/11/2019 - DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXTINÇÃO DE CONDOMINIO. RAZÕES RECURSAIS DIVORCIADAS DO FUNDAMENTO DA DECISÃO RECORRIDA. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DO PEDIDO RECURSAL SOB PENA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA E AFRONTA AO PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ART. 932, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL EM VIGOR. RECURSO INADMISSÍVEL A QUE SE NEGA CONHECIMENTO. Grifado. 0011813-53.2016.8.19.0068 - APELAÇÃO Des(a). FERNANDO FERNANDY FERNANDES - Julgamento: 12/02/2020 - DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL EXECUÇÃO FISCAL. APLICABILIDADE DO ART. 34 DA LEI Nº. 6.830/80 (LEF). VALOR INFERIOR A 50 ORTN. APELAÇÃO. AUSÊNCIA DE REQUISITO INTRÍNSECO DE ADMISSIBILIDADE. CABIMENTO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS. NÃO INCIDÊNCIA DO DUPLO GRAU OBRIGATÓRIO DE JURISDIÇÃO. Da sentença proferida em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN não cabe Lilian Pitta apelação. Inteligência do art. 34 da LEF. Não se conhece a apelação, haja vista que o valor da execução, corrigido até o dia de hoje pelos índices da Corregedoria de Justiça, não atinge o valor mínimo de alçada. Precedentes do STJ. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Grifado. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 - Em recurso de Apelação interposto apenas pela Ré Ampla Energia e Serviços S/A em face de sentença proferida pelo juiz de direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Maricá, que julgou procedente o pedido do Autor para condenar a Ré a pagar o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de indenização por dano moral, além de juros e correção monetária e a pagar custas e honorários advocatícios, vislumbrou o órgão julgador – 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, diante de várias circunstâncias observadas e contrárias à Apelante, que a condenação merecia reforma para majorar o valor do dano moral do Autor para R$ 6.000,00 (seis mil reais), quantia que se mostrava mais adequada ao postulado da razoabilidade (0012542- 25.2018.8.19.0031). Diante do caso apresentado e considerando os Princípios Recursais, responda: poderá a 2ª Câmara Cível reformar a sentença para majorar o valor da indenização por dano moral? Justifique? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2 - Analise a seguinte ementa de acórdão proferido pela Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, in verbis: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA SATISFATIVA JÁ IMPUGNADA POR MEIO DE PRIMITIVO AGRAVO DE INSTRUMENTO, ORA EM TRÂMITE. IMPOSSIBILIDADE DE SE QUESTIONAR A MESMA DECISÃO, NOVAMENTE, POR MEIO DE NOVO AGRAVO DE INSTRUMENTO. OFENSA AO PRINCÍPIO ______________________. PRECLUSÃO CONSUMATIVA CARACTERIZADA. (...) NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO”. Considerando que aos recursos aplicam-se princípios típicos, tratados em Teoria Geral dos Recursos, indique qual o princípio recursal aplicado no julgamento? Justifique. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Lilian Pitta 1.3 Pressupostos em espécie Ao examinar um recurso, o julgador deve, primeiramente, realizar o juízo de admissibilidade (= CONHECIMENTO) que é sempre preliminar ao juízo de mérito, e poderá ser positivo, quando presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, ou negativo, quando ausente um dos pressupostos de admissibilidade recursal. O atual Código de Processo Civil estabelece que a admissibilidade, em regra, seja realizada pelo mesmo órgão que julgará o mérito do recurso. É o que acontece na Apelação, onde é vedado ao juiz singular realizar a admissibilidade do recurso, sendo tal atividade verificada pelo Tribunal, assim como no Agravo de Instrumento. Entretanto, quanto ao RE e REsp, é realizado um juízo “provisório” (bipartido) de admissibilidade pelo Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal recorrido (art. 1.010, § 3º, art. 1.016 c/c 932, III e art. 1.030, do CPC). Nesse caso, se presentes os pressupostos de admissibilidade, o RE ou REsp serão encaminhados ao STF ou STJ, respectivamente, valendo ressaltar que será realizado um novo juízo de admissibilidade, já que o STF e o STJ não ficam vinculados ao juízo de admissibilidade realizado pelo Tribunal recorrido. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONHECIMENTO PELO STJ DE RESP EM PARTE INADMITIDO NA ORIGEM. O recurso especial que foi em parte admitido pelo Tribunal de origem pode ser conhecido pelo STJ na totalidade, ainda que à parte inadmitida tenha sido aplicado o art. 543-C, § 7º, I, do CPC e o recorrente não tenha interposto agravo regimental na origem para combater essa aplicação. Realmente, consoante iterativa jurisprudência do STJ, o agravo regimental é o recurso a ser interposto contra a decisão que nega trânsito ao recurso especial com base em aplicação de tese firmada em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva (QO no Ag 1.154.599-SP, Corte Especial, DJe 12/5/2011). De igual modo, observa- se que é dever da parte agravante atacar especificamente todos os fundamentos da decisão do Tribunal de origem que nega trânsito ao recurso especial, sob pena de não conhecimento da irresignação (art. 544, § 4º, I, do CPC). Nada obstante, o caso em análise é absolutamente diverso, pois, na origem, foi conferido trânsito ao recurso especial, ficando, desse modo, superado o exame da decisão de admissibilidade do Tribunal de origem, pois esta não vincula o relator no STJ, que promoverá novo exame do recurso especial. Cabe ressaltar que a Súmula 292 do STF, aplicável por analogia ao recurso especial, orienta que, interposto o recurso extraordinário por mais de um dos fundamentos, a admissão apenas por um deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer dos outros. A Súmula 528 do STF, por sua vez, também aplicável por analogia ao recurso especial, esclarece que, se a decisão de admissibilidade do recurso excepcional contiver partes autônomas, a admissão parcial não limitará a apreciação de todas as demais questões pelo Tribunal de superposição. De mais a mais, no novo exame de admissibilidade do recurso especial efetuado no âmbito do STJ, todos os pressupostos recursais são reexaminados. Assim, em vista da patente ausência do binômio necessidade-utilidade da interposição do agravo regimental na origem, não há cogitar em não ser conhecido o recurso especial por esse motivo. AgRg no REsp 1.472.853-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/8/2015, DJe 27/8/2015. Grifado. Atenção!!! Decisão proferida na vigência do CPC de 1973. Preliminarmente, o juízo de admissibilidade no Tribunal é realizado pelo Relator e, se negativa a decisão (monocrática), poderá ser interposto Agravo Interno (art. 1.021 do CPC) para provocar o julgamento pelo órgão colegiado (do qual faz parte o Relator). Na análise da admissibilidade recursal, ocasião em que se conhece ou não se conhece o recurso, serão verificados os requisitos (pressupostos) intrínsecos e extrínsecos dos recursos. Cada http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1472853 http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=REsp1472853 Lilian Pitta doutrinador aponta pressupostos/requisitos referentes a admissibilidade recursal, sendo os mais relevantes requisitos intrínsecos: (i) cabimento (= princípio da correspondência), (ii) legitimidade (art. 996, do CPC), (iii) interesse e (iv) inexistência de fatos impeditivos ou extintivos (arts. 998, 999 e 1.000, do CPC). Quanto aos requisitos extrínsecos mais relevantes tem-se: (i) tempestividade (art. 1.003, parágrafo 5º, CPC), (ii) regularidade formal (ex. art. 932 do CPC) e (iii) preparo (art. 1.007, CPC). ▪ Requisitos Intrínsecos o Cabimento: deve-se responder a duas perguntas: (i) a decisão é recorrível? Ou seja, verificar se a espécie de pronunciamento judicial é atacável por recurso; e (ii) o recurso é adequado? Ou seja, o recurso a ser interposto tem que corresponder a espécie de decisão a ser atacada. 0008963-94.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CEZAR AUGUSTO RODRIGUES COSTA - Julgamento: 18/02/2020 - OITAVA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. DECISÃO QUE INDEFERIU REALIZAÇÃO DE NOVA VISTORIA PELO PERITO DO JUÍZO. PRONUNCIAMENTO QUE NÃO É RECORRÍVEL POR AGRAVO DE INSTRUMENTO. HIPÓTESE QUE NÃO SE ENCONTRA NO ROL DO ARTIGO 1015 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DESCABIMENTO DO RECURSO. De acordo com a nova sistemática, a decisão interlocutória que indefere realização de nova vistoria pelo perito do juízo não pode ser atacada por agravo de instrumento, porque não se insere no rol do artigo 1.015 do atual Código de Processo Civil, faltando-lhe o requisito intrínseco de cabimento. Também não se enquadra na hipótese de taxatividade mitigada, estabelecida pelo precedente do Superior Tribunal de Justiça, pois não é questão em que se vislumbre inutilidade do julgamento da matéria em sede de apelação ou prejuízos para as partes. Frisa-se que as questões resolvidas na fase de conhecimento que não podem ser objeto de recurso de agravo de instrumento não são cobertas pela preclusão, podendo ser suscitadas preliminarmente quando da interposição do recurso de apelação contra os termos da sentença ou em contrarrazões, conforme artigo 1.009, §1°, do Código de Processo Civil. RECURSO NÃO CONHECIDO. Grifado. o Legitimidade: o art. 996 do CPC, ao tratar da legitimidade, acaba por confundir com interesse recursal, segundo NEVES (2018). Na análise da legitimidade, deve-se considerar vencida a parte quando a decisão não lhe tenha proporcionado, pelo prisma prático, tudo que ela poderia esperar, como pode acontecer com a Apelação (§ 1º do art. 1.009 do CPC). Quanto ao terceiro prejudicado, tem-se uma forma de intervenção de terceiro em grau de recurso ou uma assistência na fase recursal, vez que, jamais poderá pleitear decisão a seu favor. Por fim, o Ministério Público também terá legitimidade para interpor recurso. 0006074-70.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA - Julgamento: 06/02/2020 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. HASTA PÚBLICA. COMISSÃO DE LEILOEIRO. ARBITRAMENTO. RECURSO INTERPOSTO PELO MESMO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE RECURSAL. PRECEDENTES. RECURSO INADMISSÍVEL. 1. Pleito de reforma de decisão que, ao determinar a realização dos 1º e 2º leilões públicos do imóvel objeto da demanda, fixou em 1% (um por cento) a comissão sobre o valor da arrematação, na forma do art. 884, parágrafo único, do Lilian Pitta Código de ProcessoCivil. 2. O Leiloeiro Público não tem legitimidade para interpor o presente recurso, posto que não se enquadra no conceito de terceiro prejudicado previsto no art. 996, caput e parágrafo único, do Código de Processo Civil. 3. Interesse de fato ou meramente econômico que não se confunde com o interesse jurídico capaz de lhe conferir legitimidade para recorrer na presente demanda. 4. Ausência de requisito intrínseco de admissibilidade. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça, e deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Grifado. o Interesse recursal: o recurso tem de ser útil e necessário, ou seja, é necessário que o recorrente demonstre que aquele recurso pode lhe trazer alguma utilidade (melhora na situação fática do recorrente) e que aquele recurso é o meio necessário para isso. O recurso inútil é aquele que ataca apenas um dos fundamentos da decisão, sendo que ela se sustenta pelo outro (Sum. 126 do STJ). O recurso desnecessário é aquele em que tudo o que se pode obter pelo recurso, poderia ter obtido pela contestação. 0001097-56.2016.8.19.0006 - APELAÇÃO Des(a). JOSÉ ACIR LESSA GIORDANI - Julgamento: 19/02/2020 - DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO RENOVATÓRIA DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL NÃO RESIDENCIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. APELO DO AUTOR/LOCATÁRIO. DESOCUPAÇÃO VOLUNTÁRIA DO IMÓVEL. PERDA DE INTERESSE RECURSAL. DESISTÊNCIA MANIFESTADA PELO RECORRENTE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO, POR PREJUDICADO, EM RAZÃO DA MANIFESTA FALTA DE INTERESSE, NA FORMA DO ARTIGO 932, INCISO III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Grifado. o Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos: (i) desistência (fato impeditivo – art. 988, CPC) – independe de homologação judicial e de anuência da outra parte e pode ocorrer até o início da votação e pressupõe recurso já interposto; (ii) renúncia (fato extintivo) – é ato anterior a interposição do recurso, em que a parte abre mão do direito de recorrer; pressupõe que o recurso não tenha sido interposto; independe de homologação judicial e de anuência da outra parte (art. 999, CPC); (iii) aceitação da decisão (fato extintivo) que pode ser tácita ou expressa. A aceitação tácita é a prática incompatível com a vontade de recorrer (art. 1.000, CPC). 0018850-69.2011.8.19.0210 - APELAÇÃO Des(a). PETERSON BARROSO SIMÃO - Julgamento: 25/11/2019 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. Relação de Consumo. Cartão de Crédito. Sentença de procedência determina o recálculo da dívida pela metade da taxa de juros aplicada. Interposição de recurso pelo banco réu. Posterior cumprimento espontâneo da obrigação imposta. Fato extintivo do direito de recorrer (aceitação da sentença). Inclusive, o réu informa que cancelou o cartão de crédito e que inexiste qualquer dívida a ser cobrada da autora. Preclusão lógica. Ato incompatível com a vontade de recorrer. Precedentes desta Câmara e do STJ. RECURSO NÃO CONHECIDO. Grifado. ▪ Atenção!!! o É assegurado à parte, mesmo após a desistência/renúncia, o direito de interpor recurso adesivo. Lilian Pitta o Na aceitação, a parte que a praticou, não poderá recorrer, nem adesivamente. o Desistência dos recursos em tramitação no STJ e STF: parágrafo único do art. 998 – interesse maior que afeta a coletividade. Assim, haverá julgamento, mesmo após a desistência, no caso previsto no art. 1.035 e § 1º do art. 1.036. ▪ Requisitos Extrínsecos o Tempestividade: (o prazo para interpor recurso é peremptório, não cabendo dilação (art. 223), embora admita renúncia, nos termos do art. 999; a suspensão e a interrupção do prazo para recorrer pode acontecer na forma prevista em lei (arts. 220, 221, 313 e 1.004); em regra, o prazo para interpor recurso será de quinze dias (art. 1.003, § 5º, ressalvado o prazo para oposição dos Embargos de Declaração (1.023); prazo em dobro – arts. 180, 183, 186 e 229* § 2º PJE). Recurso extemporâneo: § 4º do art. 218, CPC; recurso interposto antes do julgamento dos embargos de declaração pendentes (art. 1.024, §§ 4º e 5º). 0012580-25.2017.8.19.0208 - APELAÇÃO Des(a). PAULO SÉRGIO PRESTES DOS SANTOS - Julgamento: 19/02/2020 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZATÓRIA. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO PELO AUTOR DE FORMA INTEMPESTIVA, CONFORME CERTIDÃO DE FLS. 168. OPORTUNIZADA ÀS PARTES A MANIFESTAÇÃO ACERCA DA CERTIDÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO AR.T. 10 DO CPC/15. INÉRCIA DA PARTE APELANTE. EXERCÍCIO DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. FALTA DO REQUISITO EXTRÍNSECO DE TEMPESTIVIDADE. RECURSO INADMISSÍVEL. DECISÃO MONOCRÁTICA, NOS TERMOS DO DISPOSTO NO CAPUT DO ART. 932, INCISO III, DO CPC/15. Grifado. o Regularidade Formal: presença de fundamentação e pedido; em regra deve ser interposto por escrito; capacidade postulatória (vide Sum. 115 do STJ). Sanação na forma do art. 76 do CPC. 0016235-41.2017.8.19.0002 - APELAÇÃO Des(a). ALCIDES DA FONSECA NETO - Julgamento: 19/02/2020 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. SERVIÇOS EDUCACIONAIS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DAS CONSUMIDORAS. RAZÕES DISSOCIADAS DA SENTENÇA. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. Sentença que julgou improcedentes os pedidos deduzidos no sentido de que o recorrido fosse condenado a indenizar as apelantes em razão de serviços educacionais prestados de modo alegadamente defeituoso. A fundamentação da sentença recorrida perlustrou de modo preciso e assaz detido as nuances da lide e, por isso, afastou a falha do serviço e, consequentemente, também os pleitos de pagamento de auxílio alimentação, lucros cessantes, atraso na expedição do diploma e, por fim, os danos morais. As razões recursais, no entanto, não fizeram qualquer menção às teses que lastrearam o julgado o que, a toda vista, impede a regular apreciação do julgado. Não preenchimento, pois, do requisito da regularidade formal do recurso, uma vez que este deve conter os fundamentos de fato e de direito que consubstanciam o inconformismo com a sentença impugnada. Não basta, neste sentido, o suficiente e genérico requerimento de revisão da matéria. Precedentes. Recurso manifestamente inadmissível. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Grifado. Lilian Pitta o Preparo: é o pagamento das despesas relacionadas ao processamento do recurso (custas + porte de remessa e retorno – art. 1.007). Há previsão legal quanto a possibilidade de sanar o vício quanto ao preparo, seja em razão da não comprovação, quando da interposição (§ 4º do art. 1.007 do CPC), seja em razão do recolhimento insuficiente (§ 2º do art. 1.007 do CPC). Recursos que independem de preparo: embargos de declaração (art. 1.023, CPC), Agravo em RE/REsp (art. 1.042, parágrafo 2º, CPC), além das hipóteses previstas no § 1º do art. 1.007. 0494179-28.2015.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME - Julgamento: 05/02/2018 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO. INDENIZATÓRIA. AUSÊNCIA DE PREPARO. INTIMAÇÃO PARA REGULARIZAÇÃO. INÉRCIA. REQUISITO OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL. DESERÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.007, §4º, DO CPC. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. 1. O preparo do recurso constitui requisito objetivo de admissibilidade recursal e deve ser comprovado no ato da interposição, a teor do disposto no art. 1.007, caput, do CPC. 2. Interposto o recurso sem a devida comprovação de recolhimento do preparo, o recurso é manifestamente deserto. 3. Apelante que deixou de recolher o valor em dobro referente ao preparo, embora regularmente intimada na pessoa de seu advogado, como determina o art. 1.007, § 4º do CPC. 4. Inexistindo comprovação de justo impedimento (§ 6º do art. 1.007 do CPC), impõe-se a aplicação da pena de deserção do apelo. 5. Recurso não conhecido. Grifado. Ultrapassado o Juízo de Admissibilidade e, em sendo positivo, passa-se ao Juízo de Mérito, que poderá ser realizado pelo Relator,monocraticamente (art. 932, CPC), ou pelo órgão colegiado, que examinará mérito recursal, ocasião em que se dará ou negará provimento ao recurso. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 - Em Ação de Rescisão Contratual proposta por Izabel Cristina em face de Isaias Carneiro, distribuída para a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital, o feito foi extinto sem resolução do mérito. Inconformada com a sentença, a Autora interpôs recurso de Apelação, sem, contudo, comprovar no ato de interposição o recolhimento das custas pertinentes ao preparo. Os autos foram à conclusão do magistrado da 2ª Vara Cível que, ao receber a Apelação, inadmitiu o recurso por deserção. Diante do caso hipotético, responda: (i)Agiu corretamente o magistrado da 2ª Vara Cível ao realizar o Juízo de admissibilidade da apelação? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ (ii) Em se tratando de ausência de comprovação de recolhimento de custas, como deve proceder o recorrente para sanar o vício? Lilian Pitta ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2 - Quando da análise dos pressupostos recursais, deve ser observada a inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer. Dentre os fatos extintivos do direito de recorrer tem-se a renúncia e a aceitação. Indaga-se: qual a diferença entre renúncia ao direito de recorrer e aceitação ao direito de recorrer? É possível, ainda que a parte tenha renunciado ao direito de recorrer, interpor recurso? Justifique fundamente as respostas. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 1.4 Nova sistemática de sanabilidade dos vícios relacionados aos pressupostos O atual CPC, com a ideia de desformalizar o processo, prevê em seu art. 932, parágrafo único, a possibilidade de sanabilidade dos vícios dos recursos, criando uma cláusula geral de sanabilidade. O referido dispositivo prevê que cabe ao Relator, antes de decidir pela inadmissibilidade do recurso, conceder ao recorrente o prazo de cinco dias para sanar o vício ou complementar a documentação exigível. Para a doutrina, apenas os requisitos extrínsecos podem ser sanados, pois dizem respeito ao modo de recorrer e não ao poder de recorrer. A título de exemplo, o próprio CPC aponta a possibilidade de sanar vício relacionado ao preparo, previsto no art. 1.007; em contrapartida, não há como sanar vício de legitimidade recursal. O CPC também prevê outras hipóteses de sanabilidade, como a do art. 76, que trata sobre a regularização da representação processual, o art. 1.017, parágrafo 3º, que trata da instrução do Agravo de Instrumento, assim como os artigos 1.029, parágrafos 1º e 3º e 1.020, parágrafo 2º, do CPC. 1.5 Efeitos de admissibilidade recursal positiva e negativa e admissibilidade para os recursos extraordinários A admissibilidade do Recurso Extraordinário pressupõe, além do preenchimento dos requisitos genéricos de admissibilidade (intrínsecos e extrínsecos), a existência dos pressupostos específicos, quais sejam: Lilian Pitta ▪ Julgamento da causa em única ou última instância8. ▪ Existência de questão federal constitucional (controvérsia em torno da aplicação da Constituição da República) – art. 102, III, a, b, c e d, CRFB. ▪ Demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 1.035, CPC). ▪ Existência de prequestionamento, que significa a exigência de que a decisão recorrida tenha ventilado a questão constitucional que será objeto de apreciação no recurso extraordinário, ou seja, não se admite que se ventile questão inédita, a qual não tenha sido apreciada pelo órgão a quo. Omissa a decisão contra a qual se queira opor o recurso excepcional, faz-se necessária a interposição de embargos de declaração, com o fim de prequestionar a questão constitucional – ver art. 1.025 do CPC e Sumulas 282 e 356 do STF. UNIDADE 2 – MATÉRIA PROCESSUAL AFEITA AOS RECURSOS CONTEÚDOS: 2.1 Efeitos Clássicos. 2.1.1 Efeito Suspensivo. 2.1.2 Efeito Devolutivo. 2.1.3 Efeito Obstativo. 2.2 Efeitos secundários ou possíveis. 2.2.1 Efeito translativo. 2.2.2 Efeito expansivo. 2.2.3 Efeito substitutivo. 2.2.4 Efeito regressivo. 2.3 Recurso Adesivo. 2.3.1 Conceito. 2.3.2 Importância para o sistema recursal. 2.3.3 Cabimento. MATÉRIA PROCESSUAL AFEITA AOS RECURSOS Aos recursos são atribuídos efeitos que, de acordo com a doutrina, podem ser classificados como efeitos de interposição (produzidos em razão da interposição do recurso) ou efeitos do julgamento do mérito do recurso. 2.1 Efeitos Clássicos (efeitos de interposição): 8 Verificar a Súmula 735 do STF, assim como a possibilidade de interposição do RE de acórdão proferido por Turma Recursal de Juizado Especial (Lei nº 9.099/95) e de decisão proferida na Execução Fiscal (art. 34 da Lei nº 6.830/80). Lilian Pitta São efeitos de interposição: ▪ Impeditivo (ou obstativo): a interposição tempestiva do recurso faz obstar a formação da coisa julgada e da ocorrência da preclusão (art. 505 do CPC). ▪ Suspensivo: obsta a produção de efeitos da decisão recorrida. O efeito suspensivo pode ser ope legis ou ope iudicis. O efeito suspensivo será considerado ope legis quando a interposição do recurso suspender automaticamente os efeitos da decisão recorrida, sem a necessidade de preenchimento de requisitos para que seja concedido, ou seja, basta a previsão legal. Na apelação, por exemplo, o a regra é de atribuição do efeito suspensivo ope legis e devolutivo (art. 1.012 do CPC). No agravo de instrumento, entretanto, a regra é a atribuição do efeito devolutivo, sendo possível a atribuição do efeito suspensivo, desde que seja verificado pelo julgador o preenchimento dos requisitos previstos em lei, motivo pelo qual, nesse caso, o efeito suspensivo será ope iudicis (art. 995 c/c art. 1.012 do CPC; art. 987, § 1º do CPC). 0071009-27.2017.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). JOSÉ CARLOS MALDONADO DE CARVALHO - Julgamento: 02/04/2019 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL ACÓRDÃO AGRAVO INTERNO CONTRA ATO DO RELATOR QUE INDEFERIU O EFEITO SUSPENSIVO ATIVO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO SACADO CONTRA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU QUE, AÇÃO DE OFERECIMENTO DE ALIMENTOS, DEFERE O REQUERIMENTO DE PENHORA ON LINE. DECISÃO CORRETA, NA FORMA E NO CONTEÚDO, QUE INTEGRALMENTE SE MANTÉM. DESPROVIMENTO DO RECURSO. ▪ Devolutivo: com a interposição do recurso, transfere-se para outro órgão do Poder Judiciário hierarquicamente superior o conhecimento da matéria impugnada. Para alguns doutrinadores, o recurso de Embargos de declaração e embargos infringentes da Lei de Execução Fiscal não possuem efeito devolutivo, pois os Embargos serão julgados pelo mesmo órgão que proferiu a decisão recorrida. 0036847-35.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO Des(a). ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CÂMARA - Julgamento: 27/01/2020 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Direito ProcessualCivil. Decisão do juízo de origem que afastou a prescrição para o cumprimento de sentença com base em dois fundamentos: i) considerou ilíquida a obrigação fixada na sentença e ii) aplicou o prazo prescricional de 10 anos. Agravo de instrumento que afirma ser de 5 anos o prazo prescricional para o início do cumprimento de sentença, que já transcorreu integralmente, devendo ser extinta a fase de cumprimento de sentença. Decisões monocráticas deste relator, nas quais não se conheceu do agravo de instrumento, por falta de impugnação especificada dos fundamentos da decisão de primeiro grau (arts. 932, III, e 1.016, III, do CPC), pois não se manifestou sobre questões prévias e necessárias à análise da prescrição: i) a iliquidez da obrigação ou ii) qual o prazo prescricional para cobrança de dívidas ilíquidas. Impossibilidade de se analisar a prescrição, tendo em vista que o efeito devolutivo somente se produz em relação a recursos admissíveis. Agravo interno que insiste na discussão da prescrição, com os mesmos fundamentos iniciais, sendo manifestamente protelatório (art. 1.021, § 4º, do CPC). Agravo interno a que se nega provimento, fixando-se multa de 5% sobre o valor da causa. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Lilian Pitta 1 - A interposição de recurso poderá gerar efeito obstativo (ou impeditivo), devolutivo e/ou suspensivo. Assim, considerando os efeitos de interposição, assinale a alternativa correta: (a) A apelação, em regra, será recebida apenas no efeito devolutivo. (b) A atribuição do efeito suspensivo não é a regra, mas o relator poderá atribuir o efeito, desde que atendidos os requisitos previstos em lei. (c) O Agravo de Instrumento será recebido, em regra, no duplo efeito. (d) O efeito devolutivo suspende os efeitos da decisão recorrida, enquanto o efeito obstativo impede o trânsito em julgado da decisão recorrida. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2.2 Efeitos Secundários ou possíveis São efeitos do julgamento do mérito do recurso: ▪ Anulação: ocorre quando a decisão do recurso deve ser anulada (error in procedendo). ▪ Substituição: ocorre quando a decisão do recurso substitui a decisão recorrida (art. 1.008 do CPC). Outros efeitos: ➢ Regressivo ou retratação: é o efeito que alguns recursos têm de permitir o juízo de retratação (art. 331, 332, 485, 1.021, 1.041 e 1.042 do CPC). ➢ Translativo: relaciona-se com a possibilidade do tribunal conhecer as questões de ordem pública, de ofício no julgamento do recurso. Caso tais questões sejam ventiladas pelo recorrente, elas serão conhecidas por força do efeito devolutivo; caso silente, as questões de ordem pública serão conhecidas por força do efeito translativo (art. 485, § 3º e art. 1.013, I a IV do CPC). 0015167-24.2018.8.19.0066 - APELAÇÃO Des(a). EDSON AGUIAR DE VASCONCELOS - Julgamento: 04/08/2020 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE PARCELAS DE CONTRATO DE CRÉDITO BANCÁRIO - FALECIMENTO DO FINANCIADO - DEMANDA PROPOSTA PELA VIÚVA - AUSÊNCIA DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA - LEGITIMIDADE DO ESPÓLIO E NÃO DA VIÚVA MEEIRA -- RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DA ILEGITIMIDADE ATIVA. Extinção do feito sem resolução do mérito, tendo em vista a ilegitimidade da autora que postula em nome próprio direito alheio. Efeito translativo do recurso que autoriza o exame de matéria de ordem pública. Ninguém pode Lilian Pitta pleitear em nome próprio direito alheio sem autorização legal para tanto, a teor do disposto no art. 18 do CPC/2015. Ilegitimidade da demandante que se reconhece. Extinção do processo na forma do artigo 485, VI do CPC/2015. Prejudicado o exame do recurso. ➢ Expansivo: ocorre sempre que o julgamento do recurso alcançar matéria não impugnada ou quando atingir sujeito que não foi parte no recurso, apesar de ser parte no processo (art. 1.013, § 2º). 0026635-89.1995.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). MARCIA FERREIRA ALVARENGA - Julgamento: 23/10/2019 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE QUANTIA CERTA. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO, AMPARADA POR SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTES OS PEDIDOS CONTIDOS NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. AFASTADA. MÉRITO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. MATÉRIA AINDA NÃO ANALISADA SOBRE O CRIVO DO CONTRADITÓRIO. REFORMA PARCIAL. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. EFEITO TRANSLATIVO DOS RECURSOS. CONTRA A SENTENÇA EXARADA NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FOI INTERPOSTO RECURSO DE APELAÇÃO, JULGADO PARCIALMENTE PROVIDO POR ESTA COLENDA CÂMARA CÍVEL. EFEITO EXPANSIVO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, APENAS EM RELAÇÃO À PARTE APELANTE (BANCO BRADESCO S/A), EIS QUE PARTE ILEGÍTIMA (ART. 485, VI, DO CPC), PROSSEGUINDO-SE A EXECUÇÃO COM RELAÇÃO ÀS PARTES LEGÍTIMAS (BANCO BOAVISTA INTERATLÂNTICO S/A E MENDES JÚNIOR ENGENHARIA S/A). APELAÇÃO QUE SE CONHECE E SE NEGA PROVIMENTO, REFORMANDO-SE, CONTUDO, A SENTENÇA RECORRIDA. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1 - Em Ação de Obrigação de Fazer proposta por Vera Braga em face de Jane da Silva, pleiteou a Autora que a Ré fosse compelida ao imediato fechamento do terraço construído à margem de sua residência e de duas janelas abertas sobre aquela, irregularidades constatadas após a saída dos locatários do imóvel, em abril de 2013. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido da Autora para determinar que a Ré desfaça a obra que realizou, no prazo de dois meses, a contar da publicação da sentença, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais), deixando de condenar a Ré ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, diante da gratuidade concedida. Irresignada, a Ré interpôs recurso de Apelação, alegando, em síntese, ilegitimidade da Autora para propor a demanda, vez que o imóvel objeto da ação não é de sua propriedade, bem como afirma que as básculas são regulares e em nada afetam o direito de vizinhança da Autora, pugnando pela improcedência total da demanda. A Apelação foi distribuída para a 16ª Câmara Cível que, através de acórdão, decidiu conhecer da decadência do direito autoral, pois a ausência de oposição à abertura de janelas pelo vizinho, a menos de metro e meio, no prazo de ano e dia após a conclusão da obra, resulta na decadência do direito de exigir seu fechamento. Considerando o caso hipotético apresentado, responda: agiu corretamente o órgão colegiado ao reconhecer a decadência sem expressa manifestação da Ré em sua apelação? Justifique e fundamente. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Lilian Pitta ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2.3 Recurso Adesivo O Recurso Adesivo não é espécie de recurso, mas forma de interposição de recurso (Apelação, Recurso Especial e Recurso Extraordinário – art. 997, parágrafo 2º, II, CPC) que permite a parte sucumbente que não recorreu no devido tempo da decisão aderir ao recurso da outra parte – art. 997, parágrafo 1º do CPC. O prazo de interposição do recurso adesivo é o mesmo que a parte sucumbente tem para oferecer as contrarrazões (art. 997, parágrafo 2º, I, CPC). Ao recurso adesivo são aplicadas as mesmas regras do recurso principal (Apelação, Recurso Especial ou Recurso Extraordinário) quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal (art.997, parágrafo 2º, CPC), ficando subordinado, portanto, ao recurso principal – art. 997, parágrafo 2º, III, CPC. O processamento do recurso adesivo é o mesmo do principal; tanto adesivo quanto principal são julgados na mesma sessão. 0027918-38.2014.8.19.0210 - APELAÇÃO Des(a). ALCIDES DA FONSECA NETO - Julgamento: 10/08/2020 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CONCESSIONÁRIA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. TRANSPORTE COLETIVO. COLISÃO COM CAMINHÃO. DEMANDA OBJETIVANDO À REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS. DESISTÊNCIA DO RECURSO PRINCIPAL. HOMOLOGAÇÃO. DESNECESSIDADE DE ANUÊNCIA DA PARTE Lilian Pitta CONTRÁRIA. SUBORDINAÇÃO DO APELO ADESIVO. NÃO CONHECIMENTO DOS RECURSOS INTERPOSTOS, NA FORMA DO ARTIGO 932, III, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Mas quanto ao mérito do recurso, a decisão é autônoma e independente, podendo, por exemplo, negar provimento ao recurso principal e dar provimento ao recurso adesivo. 0006788-27.2016.8.19.0208 - APELAÇÃO Des(a). ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 18/08/2020 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÕES CÍVEIS. RECURSO ADESIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. CONSUMIDORA POR EQUIPARAÇÃO. CONTRATO DE EMPRESTIMO CONSIGNADO. DESCONHECIMENTO DO NEGÓCIO JURÍDICO PELA SUPOSTA MUTUÁRIA. AÇÃO DE TERCEIRO. FRAUDE. PROVA PERICIAL GRAFOTÉCNICA. FALSIDADE DA ASSINATURA APOSTA NO CONTRATO. DEVER DO BANCO DE PROMOVER A SEGURANÇA QUE SE ESPERA DO SERVIÇO PRESTADO. DESCONTO INDEVIDO NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL QUE DECORRE DO PRÓPRIO FATO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS. MAJORAÇÃO DO VALOR DA COMPENSAÇÃO DO DANO MORAL. Aplicação do CDC. Responsabilidade objetiva do fornecedor pela reparação dos danos causados aos consumidores no desenvolvimento de sua atividade econômica. O fornecedor tem o dever de prover o serviço com a segurança que dele se espera, assumindo a responsabilidade pelos danos que causar. Configura falha na prestação do serviço bancário permitir a utilização dos dados de uma pessoa por terceiro fraudador para a contratação de empréstimo consignado em folha de pagamento. Dever de indenizar os danos decorrentes do ilícito e devolver em dobro os valores indevidamente descontados. Provimento do recurso adesivo para majoração do valor da compensação do dano moral. Incidência de honorários recursais. Conhecimento dos recursos, desprovimento do recurso principal (Banco) e provimento do recurso adesivo (Angela). 0189208-69.2012.8.19.0004 - APELAÇÃO Des(a). MARIO GUIMARÃES NETO - Julgamento: 08/10/2019 - DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPELAMENTO DA AUTORA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA CONDENANDO A RÉ AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NO VALOR DE R$5.000,00 (CINCO MIL REAIS). INSURGÊNCIA DO RÉU SUSCITANDO EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RECURSO ADESIVO DA AUTORA OBJETIVANDO A MAJORAÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA. POSTERIOR DESISTÊNCIA DO RECURSO DA RÉ, PREJUDICANDO A ANÁLISE DO RECURSO ADESIVO. ARTIGOS 997, §2º, III, E 998 DO CPC/2015. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA NA FORMA PREVISTA NO ART.85, §1º, DO CPC POR FORÇA DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. RÉU-APELANTE QUE CAUSOU O TRABALHO ADICIONAL CONSISTENTE NA APRESENTAÇÃO DE CONTRARRAZÕES NESTA INSTÂNCIA. HOMOLOGAÇÃO DA DESISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DOS RECURSOS. ART.932, III, DO CPC. 0011984-07.2018.8.19.0014 - APELACAO / REMESSA NECESSARIA Des(a). JDS RENATO LIMA CHARNAUX SERTA - Julgamento: 04/03/2020 - VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO. POLICIAL MILITAR. DESCONTOS A TÍTULO DE FUNDO DE SAÚDE. PLEITO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES E MANUTENÇÃO DOS ATENDIMENTOS. SENTENÇA QUE SE LIMITOU A DETERMINAR A RESTIUIÇÃO DAS QUANTIAS DESCONTADAS. INSURGÊNCIA DO ESTADO QUANTO A UTILIZAÇÃO DO IPCA-E COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. APELAÇÃO ADESIVA DO AUTOR ALMEJANDO SEJA GARANTIDA A MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA CORRETAMENTE APLICADO, NOS TERMOS DO JULGAMENTO DO RE Nº 870.947. APLICAÇÃO DA SÚMULA 344 DO TJ/RJ QUANTO A MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE. RECURSO DE APELAÇÃO DESPROVIDO, MANTENDO-SE O IPCA-E COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO ADESIVO PARCIALMENTE PROVIDO APENAS PARA GARANTIR AO AUTOR Lilian Pitta E AOS SEUS DEPENDENTES A UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS GRATUITOS ABRANGIDOS PELOS ARTIGOS 46 E 79, DA LEI ESTADUAL Nº 279/79. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1 - Tendo sido ajuizada demanda em que se pedia a condenação do réu ao pagamento de obrigação contratual no montante de cem mil reais, o juiz da causa, depois de concluída a instrução, acolheu em parte o pedido do autor, condenando o demandado a lhe pagar a importância de oitenta mil reais. Inconformado, o réu interpôs apelação, pugnando pela reforma integral do julgado, ao passo que o demandante não recorreu. Todavia, ao ser intimado para ofertar contrarrazões recursais, o autor, no prazo de que dispunha para tanto, optou por também aviar a apelação, na modalidade adesiva, em que requeria ao tribunal o acolhimento integral de seu pleito, isto é, a condenação do réu ao pagamento do débito de cem mil reais. Levando-se em conta que, após a interposição do recurso adesivo pela parte autora, o réu desistiu de seu apelo, e que os elementos de prova carreados aos autos demonstravam que o débito do devedor era mesmo de cem mil reais, como deverá decidir o Relator: negar provimento a ambos os recursos, inadmitir ambos os recursos ou inadmitir o recurso do réu e dar provimento ao recurso adesivo? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ UNIDADE 3 – RECURSOS EM ESPÉCIE CONTEÚDOS: 3.1 - Apelação 3.1.1 – Impugnação parcial e a formação gradual da coisa julgada. 3.1.2 – Nova Sistemática da Teoria da Causa Madura. 3.2 - Agravo 3.3 - Embargos de Declaração. 3.4 - Recurso Extraordinário e Especial. 3.5 - Recurso Ordinário Constitucional. Lilian Pitta APELAÇÃO - Previsão legal: Arts. 1.009 / 1.014, do CPC. - Cabimento: a apelação é o recurso cabível contra a sentença, nos termos do art. 1.009. Sentença, por sua vez, é o ato pelo qual o juiz põe fim a um módulo processual (processo sincrético) do procedimento de primeiro grau, com ou sem resolução do mérito (arts. 485 e 487), ou a execução (art. 924), valendo observar que não importa a espécie de processo (se conhecimento ou execução) ou procedimento (comum ou especial), em se tratando de sentença o recurso cabível será a apelação, ressalvadas as seguintes exceções: • Art. 41 da Lei nº. 9.099/95 (recurso inominado) • Art. 34 da Lei nº. 6.830/80 (embargos infringentes de alçada) • Art. 109, II da CRFB (recurso ordinário constitucional em causas internacionais – art. 37 da Lei nº. 8.038/90) c/c art. 1.027, II, b, do CPC. OBS.: há ainda a possibilidade de se atacar decisões interlocutórias em sede de apelação. Explica- se: o CPC de 2015 prevê um rol taxativo para a interposição de Agravo de Instrumento, logo, algumas decisões interlocutórias não são atacáveis por Agravo de Instrumento e, consequentemente, conforme preceitua o § 1º do art. 1.009, contra as decisões interlocutórias não agraváveis caberá a interposição da apelação, ainda que não se tenha por objetivo atacar a sentença, mas apenas a decisão interlocutória não agravável. Essas decisões poderão ser impugnadas também através das contrarrazões à apelação, conforme § 2º do art. 1.009, cujo ato terá natureza recursal. 0182214-34.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). MARCIA FERREIRA
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