Buscar

Aula 02 - Mata Atlântica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Mata Atlântica I
N esta aula estudaremos a Floresta Atlântica, um bio-ma que se estende por todo o Brasil. Demonstrare-mos suas características geográficas, destacando a 
distribuição de seu território pelo Brasil e sua importância 
na manutenção dos mananciais para o abastecimento de 
água das grandes cidades brasileiras. Identificaremos tam-
bém a riqueza de sua biodiversidade destacando a fauna e 
a flora.
Características geográficas
Este bioma é conhecido como Floresta Tropical Pluvial Costeira. A classificação se justifica 
devido às seguintes características:
 está distribuída ao longo do Trópico de Capricórnio;
 apresenta elevados índices de precipitações pluviométricas;
 localiza-se ao longo da costa brasileira e é extremamente influenciada pelo Oceano Atlântico.
Os primeiros registros da extensão da cobertura original da Floresta Atlântica datam da época 
do descobrimento e retratam que a mesma se estendia do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do 
Sul, sendo que sua maior densidade ocorria a partir do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. 
A Mata Atlântica está presente tanto na região litorânea como nos planaltos e serras do interior. 
Sua largura varia entre pequenas faixas e grandes extensões, atingindo em média 200 quilômetros de 
largura.
Curiosidades 
Sua área ocupava 12% do território Nacional – 1,3mm/km²
Floresta tropical pluvial costeira
Clima quente e úmido (tropical)
Características gerais
A Floresta Atlântica se destaca pela sua grande exuberância vegetal. Algumas pesquisas iden-
tificam que em 1 hectare de Mata Atlântica podemos encontrar 600 espécies de plantas com flor, 
enquanto em florestas de clima temperado apenas 30 espécies.
31
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Toda esta riqueza de vegetais se justifica pela característica de seu substrato, 
que é rico em nutrientes e com uma camada espessa de húmus1. Este solo garante 
fonte de nutrientes em abundância para os vegetais, permitindo assim um ganho 
em sua produtividade e uma maior densidade populacional.
Outra característica importante a ser ressaltada é a grande oferta de água 
existente na Mata Atlântica. Este fato torna-se relevante uma vez que seus manan-
ciais abastecem as grandes cidades brasileiras, principalmente da região sudeste 
(a região mais desenvolvida), permitindo a concentração de 70% da população 
brasileira.
A presença da Floresta Atlântica nas encostas representa um fator funda-
mental para o equilíbrio desse local, uma vez que suas raízes formam um ema-
ranhado no solo garantindo a sustentação do terreno destas encostas e evitando a 
erosão2.
Também é fundamental a cobertura de Mata Atlântica nas cabeceiras dos 
rios (Mata Ciliar ou Mata de Galeria), o que permite a manutenção do leito dos 
rios e garante o abastecimento de água. 
Estratificação da Floresta
Encontramos na Floresta Atlântica uma distribuição vertical muito carac-
terística, na qual as copas mais altas formam o dossel3 e chegam a atingir 30, 35 
e até 50 metros de altura. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica 
bem no alto. Neste dossel, as copas das árvores mais altas tocam-se umas nas ou-
tras, formando uma massa de folhas e galhos que barra a passagem do sol. 
Abaixo do dossel encontramos os arbustos e pequenas árvores, formando os 
chamados sub-bosques. Estes vegetais desenvolvem adaptações para captação de 
luz e fixação sobre outras plantas mais altas, característica de uma relação deno-
minada epifitismo4.
As regiões de maior densidade de mata se caracterizam pela presença de 
maciços rochosos: Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Geral. Este fato é facil-
mente explicado quando imaginamos a dificuldade de acesso a estas regiões, logo 
fica mais difícil a ocupação desordenada do ser humano.
Existe também uma diferenciação da cobertura vegetal quanto à altitude: 
uma determinada espécie de árvore nascida no nível do mar difere de uma árvore 
desta mesma espécie no topo da serra. Este efeito de variação também fica eviden-
te quando imaginamos a distribuição de outras espécies em nível continental, uma 
vez que a floresta se distribui por toda a costa do território brasileiro.
Existem próximo aos oceanos diversos ecossistemas associados ou varieda-
des de ecossistemas de Mata Atlântica: as planícies de restinga, dunas, mangues, 
lagunas e outros estuários de menor proporção. Os mangues estão presentes às 
margens das lagunas ou de rios de água salobra, variando conforme as marés. 
Eles são considerados os berçários de grande parte da vida marinha. 
1Este tipo de substrato se caracteriza pela gran-
de quantidade de nutrientes 
agregados. Normalmente é 
produzido pela atividade as-
sociada de bactérias e fungos 
decompositores, junto à ação 
das minhocas, que, ao ingeri-
rem esta matéria, a enrique-
cem com cálcio favorecendo 
o equilíbrio do pH do solo.
2Caracteriza o fenômeno de degradação do solo, 
pela remoção de partículas 
do mesmo, devido à ação das 
intempéries (vento, sol, chu-
va etc.) ocasionando a forma-
ção de cicatrizes e perda de 
nutrientes do mesmo.
3Representa o conjunto das copas de árvores de 
grande porte, característicos 
de florestas densas, que dão 
origem a uma camada con-
tínua e interligada que difi-
culta a passagem dos raios 
luminosos para as regiões 
inferiores e abriga uma fauna 
específica.
4Representa uma relação ecológica classificada 
como harmônica e interes-
pecífica. Nesta relação, algu-
mas plantas se fixam sobre os 
troncos de outras, sem retirar 
nenhum tipo de nutrientes de-
las. Esta fixação permite uma 
maior captação de luminosi-
dade e favorece a realização 
da fotossíntese.
Mata Atlântica I
32
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica I
Características biológicas
Alguns autores estimam que a Floresta Atlântica seria o ambiente mais di-
versificado do planeta e que, devido ao seu elevado grau de fragmentação, perdeu 
esta posição para a Floresta Amazônica. A Mata Atlântica representa uma grande 
riqueza de patrimônio genético e paisagístico, demonstrada por índices verdadei-
ramente impressionantes.
 Mais de 15% dos primatas existentes no Brasil habitam a floresta, e a 
grande maioria dessas espécies são endêmicas.
 55% das espécies arbóreas e 40% das não arbóreas são endêmicas, 
ou seja, uma entre cada duas espécies ocorre exclusivamente naquele 
local.
 70% de espécies (como as bromélias e orquídeas) e 39% dos mamífe-
ros que vivem na floresta são endêmicos. 
Flora
Em sua vegetação predominam espécies que possuem folhas largas (lati-
foliadas) e perenes (perenifólias). A primeira característica permite aos vegetais 
uma intensa troca gasosa com o meio e, principalmente, uma grande liberação de 
água para a atmosfera.
O fato de serem perenifólias permite uma maior produtividade, uma vez que 
a taxa fotossintética se eleva em virtude das folhas permanecerem em atividade 
durante todo o ano.
Veja a seguir alguns exemplos.
 Jequitibá – árvore frondosa, com flores brancas e folhas permanentes, 
sempre se sobressai pelo tamanho e pela copa. Floresce em dezembro e 
janeiro. Árvores com 20 a 50 metros de altura. É muito usada para re-
florestamento, pois tem crescimento rápido. Pode atingir 3,5 metros em 
dois anos de plantio. Sua madeira é considerada de lei, moderadamente 
pesada, macia, bastante durável. Estende-se desde o sul da Bahia até o 
Rio Grande do Sul.
 Embaúba – são árvores de porte médio, com caule reto e ramificação ape-
nas na porção superior. Estão distribuídas por todo o país. Possui folhas 
largas, muito lobadas, verde-claras na parte superior e verde-prateadas na 
inferior. Dessa característica veio seu nome indígena (árvore que brilha). 
As flores pequenas reúnem-se em pseudo-espigas e os frutinhos, que ali 
se desenvolvem, são utilizados como alimento para vários animais. Seu 
caule é oco, o que permite uma associação entre de parasitismo com 
pulgões que se alimentamde sua seiva e elaboram uma secreção açuca-
rada, muito apreciada por algumas espécies de formigas. No interior dos 
33
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
troncos, elas vivem associadas a esses pulgões, aproveitando-se do ex-
cesso de secreção produzida. Esta relação é denominada esclavagismo. 
As embaúbas são frequentemente encontradas em matas ciliares e bordas 
de capões. Florescem em setembro/outubro e estão muito presentes em 
florestas secundárias, indicando um grau de sucessão ecológica e que 
aquela área já sofreu desmatamento e recomposição da mata primária.
 Pau-brasil – a árvore que deu o nome ao nosso país e que foi extrema-
mente explorada pelos colonizadores. Apresenta tamanhos variados, po-
dendo alcançar ate 30 metros de altura. Toda a superfície de seu caule é 
recoberta por acúleos5 e apresenta diversas ramificações e frutos. Sua ex-
ploração ocorreu devido a uma característica de sua casca que apresenta 
vasos secretores de pigmentos. Este tecido de secreção confere uma to-
nalidade rosa-pardacenta ou acinzentada à sua casca. Floresce entre os 
meses de dezembro e maio, e suas estruturas florais são de cor amarelada 
e com um perfume muito apreciado. A frutificação ocorre no mesmo 
período da floração e sua estrutura é do tipo legume. Outra característica 
interessante dessa árvore é sua madeira, que possui uma coloração laran-
ja, porém quando exposta ao ar torna-se avermelhada. Além disso, o seu 
cerne é duro e de peso elevado, sendo muito utilizada na construção civil 
e naval devido a sua grande resistência.
 Palmito-juçara – é uma espécie de palmeira que vive em ambiente de 
elevada umidade (higrófita). Árvore característica da Mata Atlântica e de 
grande valor comercial pela exploração da sua extremidade. O Palmito-
-juçara tem o nome científico de Euterpe edulis e pertence à família das 
Palmae. Sua maior incidência ocorre do sul da Bahia ao Rio Grande do 
Sul. Sua árvore atinge 15 metros de altura com estipe6 de 10 a 20 centí-
metros de diâmetro. Floresce nos meses de setembro a dezembro e seus 
frutos amadurecem de abril a agosto.
 Líquens – representam um grupo muito característico da Floresta Atlân-
tica. São organismos resultantes de uma associação de fungos (hifas) 
e algas (gonídias), numa relação harmônica denominada mutualismo7. 
Ocorrem sobre os troncos e rochas da Mata Atlântica, podendo ser foliá-
ceos, crustáceos ou filamentosos. 
Estão presentes sobre os troncos das árvores e nas rochas no interior da 
mata. Dependem de muita umidade e ocorrem nos sub-bosques devido a sua pou-
ca tolerância à luminosidade. São bioindicadores, ou seja, apresentam intolerância 
à poluição, o que evidencia locais sem impactos atmosféricos incidentes.
Fauna
A fauna da Mata Atlântica apresenta um elevado endemismo e uma grande 
biodiversidade. Entre os mamíferos, muitos se mostram como espécies vulnerá-
veis em virtude do extremo grau de comprometimento dos seus habitats. A seguir 
descrevemos alguns desses espécimes relevantes:
5Representam estruturas em forma de espinhos, 
presentes nos caules dos ve-
getais, com a função de pro-
teger a planta.
6Tipo de caule presente nesta variedade de árvo-
re, sendo caracterizado pela 
formação anelar e composto 
por uma madeira de grande 
resistência.
7Representa uma relação harmônica interespecífi-
ca, em que os dois indivíduos 
apresentam uma dependência 
física e fisiológica. No caso 
dos líquens (uma associação 
de fungos e algas) as células 
dos fungos (hifas) fornecem 
suporte, CO2 e água para a 
alga (gonidia), e ela fornece 
alimento para este mesmo 
fungo.
Mata Atlântica I
34
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica I
 Mono-carvoeiro (Brachyteles	arachnoides) – é um primata endêmico da 
Mata Atlântica. É o maior macaco das Américas, podendo atingir até 
15 quilos. Existe uma grande preocupação com a redução da densidade 
populacional deste animal, devido ao atual estado de fragmentação da 
Mata Atlântica, essa espécie está ameaçada de extinção. Sua área de vida 
original se configurava nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas 
Gerais, Rio de Janeiro e no sul da Bahia. Hoje, predominam nas matas 
ombrófilas densas da região costeira e também florestas semidecíduas 
do interior, principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e, 
algumas famílias no Rio de Janeiro. 
 Mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus	 chrysomelas) – também é 
uma espécie endêmica da Mata Atlântica, especialmente encontrada no 
sul da Bahia. Apresenta como características fundamentais a cara aver-
melhada e as mãos pretas. Seus hábitos alimentares o classificam como 
frugívoro-insetívoro e uma característica importante e comum às espé-
cies de micos-leões é o uso de buracos nos troncos das árvores como 
abrigo, especialmente para dormitório. Ainda encontram-se com uma 
densidade populacional aceitável para espécies em equilíbrio e progra-
mas recentemente estabelecidos para manter-se uma população viável 
em cativeiro têm sido muito bem sucedidos. Com financiamento inter-
nacional da WWF (World Wildlife Fund) foi implementada a Reserva 
Biológica de Uma (Bahia), única área protegida na qual a espécie pode 
ser encontrada.
 Bicho-preguiça (Bradypus	variegatus) – recebe esse nome devido aos 
seus hábitos de movimentos lentos e silenciosos, permanecendo quase 
todo o tempo nas árvores e dormindo 14 horas por dia. Alimentam-se 
de brotos das folhas e podem ser encontrados no solo quando estão mi-
grando de uma árvore para outra. Sua pelagem o camufla nas árvores, 
permitindo assim uma proteção contra seus predadores. É encontrado 
nas florestas tropicais da Mata Atlântica e da Amazônia, em diversos 
países da América do Sul e da América Central. Existem alguns grupos 
ameaçados de extinção, entre eles estão o bicho-preguiça comum e o de 
coleira, encontrados no sul da Bahia. A extinção foi desencadeada pelo 
intenso desmatamento promovido na Mata Atlântica. Animais de hábitos 
solitários, os machos e as fêmeas só se encontram para acasalar. A gesta-
ção dura de seis a oito meses, nascendo apenas um filhote, entre os meses 
de agosto e setembro. Quando adulto, um bicho-preguiça pode pesar até 
cinco quilos e medir 59 centímetros da ponta do nariz a ponta da cauda. 
O filhote mama durante um mês, permanecendo com a mãe até os cinco 
meses, para aprender a se locomover e se alimentar sozinho. Atualmente, 
o homem é seu principal predador, já que os predadores naturais, aves de 
rapina e grandes felinos, estão em extinção também.
 Gato-do-mato (Felis tigrina) – representa o menor gato selvagem da 
América do Sul, sendo que sua estrutura corporal se assemelha bastante 
à do gato doméstico. Sua pelagem é semelhante à da jaguatirica, com 
35
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
presença de estrias transversais escuras na cauda e rosetas com manchas 
escuras circulares na porção lateral do corpo. Caracteriza-se pela extre-
ma agilidade e pela capacidade de caçar pequenos animais. Está amea-
çado devido à perda de habitat e à captura ilegal para a comercialização 
de peles. É encontrado na América do Sul e Central, e no Brasil está 
presente na maioria dos ecossistemas, inclusive na Mata Atlântica.
 Tiê-sangue (Ramphocelus	bresilius) – espécie endêmica do Brasil, mui-
to característica da região de restinga. Alimenta-se de frutos e insetos 
e, em especial, das espigas de embaúba. Ainda é comum nas áreas nas 
quais há vegetação de restinga, podendo aparecer em loteamentos bem 
arborizados. Infelizmente, a ocupação descaracteriza o ambiente natural, 
prejudicando a sobrevivência dessa espécie, principalmente na região li-
torânea.
 Cobras – o Brasil abriga cerca de 10% das espécies de cobras do mun-
do (2 500), cerca de 10% delas têm a capacidade de produzir veneno 
(peçonhentas)8.
 Como representante destes animais temos a jararacaBothrops jararaca. 
Essa cobra está distribuída por todo o Brasil. Por causa dessa amplitude 
de ambiente, as jararacas são as campeãs em acidentes com os seres hu-
manos. Podem chegar até 1,6 metro de comprimento e alimentam-se, 
principalmente, de roedores. Elas têm mais de 60 filhotes, que já nascem 
desenvolvidos e que são capazes de dar uma picada venenosa 20 minutos 
depois de terem nascido.
Conclusões
Nesta aula apresentamos parte do ecossistema da Mata Atlântica. Destacamos 
a sua localização e enfatizamos suas características gerais, tais como: sua impor-
tância no abastecimento de água para a população das grandes cidades brasileiras. 
Entendemos as diversas formas de classificá-la, quanto à formação vegetal. 
Identificamos as características mais importantes na formação desse bioma, 
tais como as adaptações dos seres vivos e as condições variáveis que ele oferece. 
Ainda caracterizamos sua diversidade biológica por meio da exemplificação de 
exemplares da fauna e da flora, bem como a importância de sua preservação.
8 Animais peçonhentos são aqueles que, além de terem 
o veneno, possuem um órgão 
para injetá-lo. O veneno é uma 
secreção que funciona para a 
captura e digestão do alimen-
to e, também, como defesa do 
animal contra os seus agres-
sores.
Mata Atlântica I
36
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica I
Pau-brasil
(MORETTI apud LOPES, 2002)
O pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma leguminosa nativa da Mata Atlântica. Trata-se de 
uma planta que já atingiu até 30 metros de altura. Floresce desde o final do mês de setembro até 
meados de outubro. Entre os meses de novembro e janeiro ocorre a maturação dos frutos.
Os índios chamavam essa árvore de ibirapitanga, que significa pau-vermelho. Eles utiliza-
vam-na na pintura de enfeites e na confecção de arcos e flechas. Com os índios, os colonizadores 
conheceram o corante vermelho extraído do cerne da árvore: a brasileina, que era largamente usa-
da como tinta para escrever e na coloração de roupas da nobreza. A madeira do pau-brasil servia 
de matéria-prima nas indústrias civil e naval.
O comércio e a exploração do pau-brasil tiveram início em 1503, e, por um período de apro-
ximadamente 30 anos, a árvore foi mantida como único recurso explorado pelos colonizadores, 
gerando bastante riqueza à coroa. Estima-se que, no século XVI, cerca de 2 milhões de árvores 
tenham sido derrubadas. Foram 375 anos de exploração indiscriminada. Diante disso, após a in-
dependência do Brasil, a árvore já era considerada rara.
Além da exploração abusiva para o comércio, o pau-brasil foi e tem sido ameaçado pelo in-
tenso desmatamento da Mata Atlântica. Atualmente, é muito difícil encontrá-lo em estado natural, 
a não ser em áreas de preservação. Apesar de ameaçado de extinção, sua exploração ainda ocorre 
em locais em que há pouca vigilância.
Hoje, o pau-brasil é cultivado para ornamentação e exportação. Graças à sua textura e resis-
tência, sua madeira é muito indicada para a fabricação de violinos, tendo sido por isso exportado 
para a Europa.
Em 7 de dezembro de 1978, com a promulgação da Lei 6.607, o pau-brasil tornou-se a Árvore 
Nacional e o dia 3 de maio tornou-se sua data comemorativa.
1. Faça um levantamento das adaptações da vegetação da Mata Atlântica em decorrência da 
água.
37
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
2. Identifique os tipos de solo encontrados na Floresta Atlântica.
3. Faça uma pesquisa da classificação dos líquens como bioindicadores.
BANKS, Martin. Preserve as Florestas Tropicais. São Paulo: Scipione, 1997.
DEAN, Warren. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1996. 
FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Boletim Informativo, Ago./Set. n. 9, 1999.
Mata Atlântica I
38
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica II 
N esta aula estudaremos a Floresta Atlântica, destacando o seu processo de exploração pelos co-lonizadores e a ocupação pela sociedade brasileira, ressaltando os momentos históricos após a colonização com uma postura espoliativa evidenciada pelos ciclos do pau-brasil, do açúcar e 
do café. Também entenderemos a relação desse manejo com os impactos ambientais mais significativos 
na mata.
Aspectos socioeconômicos
A Floresta Atlântica representa a porta de entrada do Brasil, uma vez que se encontra distribuída 
por toda a costa brasileira. Foi nesse ecossistema que os portugueses aportaram no ano de 1500, em 
especial na região de Porto Seguro, no sul da Bahia. 
Cerca de três anos após o descobrimento, os portugueses perceberam a imensa riqueza dessa 
mata e, utilizando-se do conhecimento dos povos indígenas, os colonizadores iniciaram o ciclo do 
pau-brasil.
O objetivo central era o desbravamento do território da colônia Terra Brasilis e na realidade o 
tipo de colonização, denominado pelos historiadores como Colonização de Exploração, era calcado 
numa postura de transferência das riquezas para o país colonizador, promovendo o enriquecimento 
da metrópole. 
Estima-se que a mata ocupava aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados e que se 
estendia por todo o Brasil. Os portugueses utilizaram a mão de obra indígena e, posteriormente, a 
dos negros africanos para viabilizar este ciclo de exploração.
Durante três séculos houve uma intensa exploração do pau-brasil, utilizado na fabricação de 
corantes para tingimento e produção de caixotes, até que os portugueses perceberam que havia mais 
contrabando do que produção oficial. Também houve a produção de novos corantes a partir de poços 
de alcatrão, o que desvalorizou a exploração do pau-brasil (1859).
Com o desmatamento, principalmente no Nordeste, onde havia florestas de pau-brasil, abriu-se 
espaço para a instalação de outras lavouras, e, aproveitando as terras férteis do local, foi sendo culti-
vado o açúcar. A madeira derrubada alimentava os fornos das usinas e os canaviais foram avançando 
sobre a floresta.
Ainda neste período, o homem buscava novas alternativas para sua expansão e depois do século 
XVII veio o momento de maior devastação com o ciclo	do	café, que perdurou até meados do século 
XIX, principalmente na região sudeste.
Outra forma de exploração da floresta foi pela mineração. Motivados pela descoberta de ouro 
em Minas Gerais, os colonizadores desmataram grandes áreas para o desenvolvimento da atividade.
Um aspecto significativo a ser destacado foi a exploração da fauna da Mata Atlântica, fato este 
que agravou o impacto ambiental sobre as espécies animais, uma vez que os mesmos já se encon-
travam ameaçados pela fragmentação do seu ambiente e passaram a ser caçados para exportação 
de seu couro, peles, penas, carapaças ou simplesmente pela sua exuberância. Hoje, muitas espécies 
encontram-se ameaçadas de extinção ou já desapareceram.
39
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Com o desenvolvimento tecnológico e da sociedade humana há uma expan-
são e a Mata Atlântica apresenta-se como um bioma com grandes atrativos, entre 
eles podemos destacar:
 localizada próximo ao mar, o que facilita a chegada de matéria-prima e 
escoamento da produção;
 solo muito fértil, o que permite uma agricultura forte;
 abundância de água, sendo fundamental para atender a população e 
suprir os processos industriais;
 suas belezas naturais atraem a população para moradia.
Impactos ambientais
A Floresta Atlântica apresenta um grau de impactação elevado. Isto reflete 
um histórico de exploração econômica inadequada e a falta de planejamento na 
utilização dos recursos naturais oferecidos pelo ecossistema.
Outro fator significativo foi a densidade populacional. Desde o descobri-
mento, a população se instalou nesse local e alguns dados de pesquisa do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística– IBGE – indicam que 70% da população 
brasileira vive em áreas da Floresta Atlântica, o que representa aproximadamente 
130 milhões de pessoas. 
Nesse bioma estão localizadas as maiores e mais produtivas cidades brasile-
iras, respondendo por 80% do Produto Interno Bruto (PIB). Fica evidente que a Flo-
resta Atlântica sofre uma pressão antrópica muito grande, desde o descobrimento 
do Brasil e, principalmente, pelo modelo econômico desenvolvido atualmente.
Como consequência desses fatores, houve uma redução significativa da 
cobertura da mata, estima-se que 93% da cobertura original já desapareceu.
O desmatamento não ficou restrito ao pau-brasil. Madeiras consideradas 
nobres como canela, jacarandá, canjerana, hoje só são encontradas em áreas de 
unidades de conservação ou em florestas secundárias1.
Outro impacto ambiental evidente é a exploração do palmito Euterpe 
edulis. Essa espécie de vegetal produz no topo de seu caule (estipe) um talo sa-
boroso e muito apreciado pelo homem, o que resulta numa exploração excessiva 
dessa palmeira. 
O impacto sobre essa espécie é ainda maior devido à maneira como é explo-
rada, ou seja, as árvores são retiradas da mata antes de seu período de frutificação, 
o que impede a produção de novas sementes e a continuidade dos indivíduos. 
Quando jovem, a árvore produz um palmito menor e para alcançar uma produ-
tividade comercial o catador tem que derrubar uma maior quantidade delas, o que 
causa um impacto ainda mais significativo.
Um grave problema quanto à extração clandestina de palmito e o seu pro-
cessamento, segundo dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, é que a indústria 
1Esta classificação é utili-zada para caracterizar re-
giões de mata que já sofreram 
um processo de desmatamen-
to e posterior reflorestamen-
to. Algumas espécies são tí-
picas dessas matas, tais como 
a embaúba.
Mata Atlântica II
40
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica II
de palmito representa o maior risco epidemiológico, esse fato se deve à forma de 
produção e conservação inadequadas e sem fiscalização. 
Os consumidores do palmito correm o risco de adquirirem a bactéria 
Clostridium	botulinum, agente causador do botulismo2.
O desmatamento da Floresta Atlântica também desencadeou dois graves 
problemas, sendo o primeiro a ocupação desordenada das encostas (2/3 da po-
pulação ocupa essa área com a finalidade de moradia), porém, essa prática resul-
ta na exposição do solo aos efeitos das intempéries naturais3, que somando-se à 
retirada das raízes que sustentam o solo resulta em deslizamentos e acidentes com 
mortes, principalmente nos períodos de chuvas. O segundo foi a retirada da mata 
ciliar4, promovendo o assoreamento com diminuição dos leitos dos rios e aumento 
das inundações.
Identificamos ainda o impacto do desmatamento com o objetivo de produção 
de energia através dos recursos da Floresta Atlântica. A Mata Atlântica foi muito 
utilizada como fornecedora de lenha para as indústrias, principalmente nas dé-
cadas de 1940 a 1960, no século XX. Ainda hoje, a madeira para produção de 
energia representa 22% do funcionamento das indústrias.
Conclusões
Nesta aula estudamos a evolução histórica da ocupação da Floresta Atlân-
tica, destacando a exploração predatória do pau-brasil, os ciclos do açúcar e do 
café como extremamente impactantes à mata. Identificamos o desenvolvimento 
da sociedade brasileira ocupando principalmente esta região e concentrando 80% 
do PIB do país neste bioma. Ainda evidenciamos o desmatamento como o prin-
cipal impacto ambiental da mata e sinalizamos que sua redução chegou a 7% da 
sua cobertura original.
2Doença causada pela to-xina da bactéria Clostri-
dium	botulinum que se desen-
volve na ausência de oxigênio 
(anaeróbias estritas), sendo 
encontrada em conservas. 
Sua toxina ataca o sistema 
nervoso central, provocan-
do a paralisia dos músculos 
respiratórios e do coração, 
acarretando morte rápida da 
pessoa contaminada.
3São fenômenos da natu-reza, tais como incidência 
de sol, ventos, chuvas, calor, 
reações com gases da atmos-
fera, que provocam a desagre-
gação das rochas e permitem 
a formação do solo.
4Representa a mata que ocupa as margens dos 
cursos de água, inclusive os 
rios, sendo fundamental para 
o escoamento das águas da 
chuva, diminuição do pico de 
cheia, estabilidade das mar-
gens e ciclo dos nutrientes 
nos corpos hídricos.
500 anos de desmatamento
(SILVEIRA, 2000, p. 12)
Os 500 anos do Brasil na área ambiental foram marcados pela destruição. A área desmatada 
dos três maiores biomas – Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Cerrado – totaliza 2,7 milhões 
de quilômetros quadrados ou 31,7% do território nacional e 62 vezes a superfície do estado do Rio 
de Janeiro.
As principais vítimas do desmatamento foram a Mata Atlântica e a Mata de Araucária. Do 
período colonial até hoje, a Mata Atlântica perdeu 93% de sua área, que originalmente cobria 
1,3 milhão de quilômetro quadrado ao longo do litoral. A Mata de Araucária, no Sul do país, 
está reduzida a apenas 2% da cobertura original. O cerrado perdeu 50%, ou 1 milhão de quilô-
metros quadrados da cobertura original desde o início de sua ocupação, na década de 1950. Já a 
41
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Amazônia, nos últimos 25 anos, teve destruída cerca de 15% da floresta ou 551 mil quilômetros 
quadrados.
O nível de destruição ambiental a que chegamos nos primeiros cinco séculos de história do 
Brasil é alarmante, e as próximas gerações estarão condenadas a um futuro sombrio, se não apren-
dermos a valorizar e usar de forma racional os recursos naturais.
Os ciclos econômicos do Brasil Colônia são exemplos da exploração predatória dos recursos 
naturais. Grandes extensões de Mata Atlântica foram destruídas para abrir espaço para os cana-
viais. Calcula-se que para cada quilo de açúcar produzido queimaram-se cerca de 15 quilos de 
lenha.
A atividade econômica do século XVIII foi dominada de forma	predatória pela mineração 
do ouro e dos diamantes. Encostas foram desmatadas, rios foram dragados e tiveram o curso 
desviado. Pelo menos 100 toneladas de mercúrio foram utilizadas na extração do ouro em Minas 
Gerais.
No século XIX, o ciclo do café também destruiu o meio ambiente. O plantio foi feito no Brasil 
em áreas desmatadas da Mata Atlântica. Para cada hectare que se pretendia abrir para a lavoura, 
destruíam-se de 5 a 10 hectares pelo fogo descontrolado. 
Já no século XX, começaram a ser destruídos o cerrado e a Floresta Amazônica.
Desde os anos 1950, o mercúrio vem sendo usado nos garimpos. A fronteira agrícola conti-
nua em expansão. Ocorrem 30 mil focos de queimadas por mês no país durante a época da seca e 
os desmatamentos nas encostas provocam erosão e enchentes.
Apesar da destruição, ao longo destes cinco séculos, o Brasil ainda possui 10% das florestas 
do mundo, 13% de toda a água doce e cerca de 20% de todas as espécies.
1. Faça um levantamento dos aspectos históricos dos ciclos do pau-brasil, do açúcar e do café 
no Brasil.
Mata Atlântica II
42
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica II
2. Identifique os tipos de impactos ambientais característicos da Mata Atlântica.
3. Demonstre as consequências do desmatamento como principal impacto ambiental da Flo-
resta Atlântica.
43
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
<www.sosmataatlantica.org.br>
<www.ibama.gov.br>
<www.educacional.com.br>
Mata Atlântica II
44
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica III 
N esta aula identificaremos os principais mecanismos e estratégias de con-servação da Mata Atlântica. Apresentaremos os programas de pesquisa relacionados a este ecossistema, e ainda as práticas de Educação Am-biental que utilizam a Mata Atlântica como tema gerador. Destacaremos as ONGs 
que têm como objetivo a preservação e a conservação dos remanescentes deste 
ecossistema e alguns aspectos técnicos destes trabalhos.
Situação atual
A Floresta Atlântica, hoje, possui apenas cerca de 100 mil quilômetros qua-
drados, o que representa 7% de sua cobertura original. Os estados brasileiros em 
que a floresta possui a maior densidade de mata estão localizados nas regiões sul e 
sudeste (RJ, SP, MG, ES, PR). Este fato é justificado pelo tipo de formação de re-
levo nestes estados, que são caracteristicamente acidentados e consequentemente 
dificultam, em muito, o processo de ocupação humana.
Esta área está distribuída em 456 manchas verdes e, mesmo sendo um res-
quício da cobertura original da floresta, ainda apresenta uma extensão maior que 
a Espanha e França juntos.
O principal agente de pressão sobre a mata é o desmatamento e esta prática 
ocorre continuamente em grandes cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São 
Paulo. Alguns pesquisadores destacam e sinalizam que num prazo de 50 anos a 
mata só restará em unidades de conservação.
O que nos causa espanto e apreensão é que a Mata Atlântica abriga 100 mi-
lhões de pessoas e concentra 80% do produto interno bruto. Este fato é relevante 
para o equilíbrio socioeconômico do país.
Muitas empresas e pessoas utilizam os mananciais alimentados por essas 
matas para os seus processos produtivos e para sua sobrevivência. Além desse 
papel em regular o fluxo dos recursos hídricos, a mata mantém o equilíbrio das 
encostas e escarpas garantindo a manutenção das mesmas. Também fica evidente 
a preocupação com a manutenção da maior biodiversidade de árvores do planeta.
Hotspots – “zonas quentes” 
A Mata Atlântica e o cerrado foram os dois biomas brasileiros classificados 
pela Conservação Internacional (CI) como hotspots1 e figuram agora numa lista 
de 34 ambientes no planeta. Esta classificação é preocupante, pois significa que 
esses ambientes apresentam um elevado grau de impactação, também apresenta 
o lado positivo, que implica em medidas de conservação e preservação, além de 
financiamentos de instituições nacionais e internacionais.
1São ambientes que apre-sentam mais de 50% de 
sua vegetação original perdi-
da e que possuem intenso en-
demismo. Esta classificação 
implica em soma de esforços 
para que haja mecanismos de 
controle e tentativa de recu-
peração do ambiente.
45
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Medidas para reversão do quadro
Criação de unidades de conservação
A Mata Atlântica apresenta 3% de sua área atual incluída em unidades de 
conservação, existem discussões polêmicas quanto a esta alternativa ser a mais 
viável para a solução dos problemas em áreas degradadas. Alguns cientistas de-
fendem que a criação de mais unidades de conservação favorece a exploração 
exacerbada das áreas que não estão inclusas nestes locais.
A ciência que se ocupa em estudar e discutir as melhores formas de delimi-
tar essas áreas é a Biologia da Conservação, que estabelece alguns critérios, tais 
como:
 distribuição das espécies;
 diversidade das espécies;
 endemismo;
 ameaça.
Corredores ecológicos
Outra medida adotada é a criação de corredores ecológicos. Esse tipo de 
técnica consiste em unir, através de reflorestamento, áreas de mata impactadas 
pelo desmatamento. Esta forma de recuperação da Mata Atlântica permite que 
populações que se encontravam isoladas voltem a se encontrar. Isto favorece a 
dispersão de vegetais e o fluxo gênico entre as populações de animais. Também 
favorece o equilíbrio climático e a recuperação da paisagem, além de manter e 
estimular a revitalização do solo. 
Esses corredores podem integrar áreas de unidades de conservação de 
diversos tipos (parques, reservas, Apas etc.) tanto públicas quanto privadas. 
Entre os benefícios dos corredores ecológicos, podemos evidenciar:
 aumento do fluxo de genes;
 movimentação da biota;
 maior possibilidade de dispersão das espécies;
 favorecimento de populações que necessitam de grandes áreas de vida;
 possibilidade de repovoamento de áreas degradadas.
Regeneração espontânea
Seguindo os princípios da sucessão ecológica2, é uma técnica muito inte-
ressante, uma vez que apresenta um baixo custo e utiliza mecanismos da própria 
natureza do local. Com essa forma de atuar deixamos a natureza se recuperar 
sozinha, interrompendo os fatores de impactos e pressão antrópica no local. 
2Conceito é caracteriza-do pelo aparecimento de 
um novo ambiente em uma 
área que se formou (em ilha 
oceânica) ou ainda pela trans-
formação de um ambiente já 
existente (ex.: lago que vira 
um campo).
Mata Atlântica III
46
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica III
Este tipo de estratégia depende de fatores, tais como:
 presença de bancos de sementes nativas ao redor;
 isolamento da área;
 restrição às espécies exóticas;
 grande intervalo de tempo.
Podemos destacar algumas desvantagens desse tipo de manejo, entre elas a 
menor diversidade da mata resultante; a competição com espécies pioneiras, que 
tendem a colonizar mais intensamente o local; e a demora na recuperação.
Reflorestamento
Esta técnica de manejo consiste em ajudar a floresta a se recuperar através 
do plantio de mudas de espécies nativas. Nesse caso existem ganhos significativos 
quanto à economia de tempo e à manutenção da diversidade biológica das espécies 
de vegetais, porém é um tipo de atividade que demanda um investimento maior. 
Estudos demonstram que uma área de Floresta Atlântica, que promove sua 
regeneração espontaneamente, demora 40 anos para se recuperar e a mesma área 
com reflorestamento promove sua recuperação em 10 anos. 
Neste manejo alguns cuidados são fundamentais:
 replantar uma grande variedade de espécies;
 plantar as espécies respeitando seu tempo de crescimento;
 garantir uma sucessão;
 controlar o desenvolvimento das mudas.
Fiscalização
O papel dos governos nas três esferas (municipal, estadual e federal) é fun-
damental. Eles devem trabalhar em conjunto na defesa dos remanescentes flores-
tais da Mata Atlântica. Alguns municípios/estados já criaram seus conselhos de 
meio ambiente e suas polícias florestais, o que os torna ativos no combate à ação 
dos homens sobre esse bioma, por meio de programas de conscientização e de 
manutenção de áreas de preservação permanente nos locais.
Programas para a Mata Atlântica
Neste item apresentamos alguns programas de manejo sustentável e de re-
cuperação da Floresta Atlântica. Esses programas são implementados a partir de 
iniciativas do poder público, da sociedade civil organizada e de instituições do 
terceiro setor. 
47
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Subprograma Mata Atlântica
(Fonte: Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e Amazônia Legal – MMA)
Teve seu início a partir da aprovação, na Reunião dos Participantes em ou-
tubro de 1999, do Plano de Ação da Mata Atlântica.
As diretrizes do subprograma foram definidas como:
proteção da biodiversidade; 1. 
representatividade das diferentes fisionomias e unidades biogeográficas 2. 
que compõem o bioma; 
desenvolvimento das pesquisas necessárias à implementação dos proje-3. 
tos e ações desenvolvidos no âmbito do subprograma; 
livre acesso e divulgação dirigida dos resultados obtidos; 4. 
fortalecimento institucional das organizações públicas, comunitárias e 5. 
privadas responsáveis pela implementação de projetos e atividades de-
senvolvidas no âmbito do subprograma; 
compatibilização de políticas setoriais; 6. 
financiamento de projetos e atividades relacionadas à utilização econô-7. 
mica de recursos florestais restrita à exploração de produtos não madei-
reiros. 
 Objetivos
contribuir para a redução do processo de empobrecimento biológico e – 
cultural daMata Atlântica; 
contribuir para a redução do desmatamento e queimadas;– 
contribuir para a recuperação, regeneração, proteção, conservação, – 
valorização e uso apropriado dos recursos da Mata Atlântica;
aumentar a quantidade de hectares de áreas protegidas na Mata Atlân-– 
tica;
ações de capacitação, proteção e regularização fundiária das terras – 
das populações tradicionais e indígenas da região;
apoiar a integração do manejo com a ocupação urbana nas áreas de – 
influência, entorno, tampão ou amortecimento de unidades de conser-
vação.
Projeto Manejo Regenerativo de 
Ecossistemas Associados à Mata Atlântica
(<www.apremavi.org.br>)
Responsáveis pelo projeto: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura 
Alternativa (AS-PTA), nos municípios de São Mateus do Sul e Bituruna, no Es-
tado do Paraná.
Mata Atlântica III
48
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica III
O objetivo é alcançar o desenvolvimento sustentado em pequenas proprie-
dades rurais.
 O projeto
Sistemas produtivos de erva-mate (– Ilex paraguariensis) integrados ao 
manejo regenerativo das Florestas de Araucária.
Rompimento do ciclo de degradação ambiental através da conserva-– 
ção dos recursos naturais e da promoção da melhoria de qualidade de 
vida das populações locais.
Capacitação de 40 técnicos e 1 003 agricultores da região.– 
Preservar e recuperar a Mata Atlântica e ao mesmo tempo melhorar a – 
renda e a qualidade de vida do agricultor.
Projetos de Sequestro de Carbono 
Desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, os países deveriam 
reduzir e controlar até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estu-
fa, reduzindo-os em aproximadamente 5% em relação aos níveis registrados em 
1990.
Baseando-se nesta proposta foram criados os projetos de Sequestro de 
Carbono:
São projetos que vêm sendo implantados pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem 
(SPVS) na região de Guaraqueçaba no litoral do estado do Paraná. Os projetos têm como 
meta a fixação de 2,5 milhões de toneladas de carbono, em 40 anos. É premissa da SPVS 
e exigência dos parceiros financiadores, que os projetos também ofereçam outros resulta-
dos, como a recuperação florestal, ações de conservação do meio ambiente e alternativas 
de geração de renda para as comunidades que vivem próximas às suas áreas de influência 
e a preservação da biodiversidade da Mata Atlântica da região.
A SPVS adquiriu e transformou em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) 
uma área de 20 mil hectares, nesta área está sendo promovida a conservação da biodiver-
sidade, a restauração florestal em áreas degradadas, o enriquecimento de florestas secun-
dárias e o desenvolvimento rural sustentável junto às comunidades do entorno.
Os projetos fazem parte da ação contra o aquecimento global e pretendem contribuir para 
combater o fenômeno negativo das mudanças climáticas, provocado pelo efeito estufa. 
O último relatório divulgado do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da 
ONU, divulgado em 12 de julho 2001, afirma que as temperaturas globais vão aumentar 
de 1,4 a 5,8ºC até o fim do século. Tal aumento é quase duas vezes maior que o previsto 
há cinco anos.
Projeto Mico-leão-dourado
Este programa é realizado pelo Ibama em parceria com oito municípios do 
estado do Rio de Janeiro, em especial os de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, 
principal área de ocorrência da espécie.
 Objetivo – Preservar o mico-leão-dourado ameaçado de extinção.
 Projeto – Análise de viabilidade de população e de habitat (informações 
sobre os animais e seu habitat).
49
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
 Ações 
pesquisa genética;– 
estudo de comportamento;– 
ecologia dos animais;– 
reprodução;– 
aumento da área de reserva (Poço das Antas).– 
Para considerar o mico-leão-dourado salvo da ameaça de extinção, será 
necessário alcançar até o ano 2025, uma população de 2 mil micos vivendo li-
vremente em seu ambiente natural. Para isso, são necessários 25 mil hectares de 
florestas protegidas. 
Conclusões
Nesta aula estudamos a situação atual do bioma Mata Atlântica. Identifi-
camos a grave situação de seus remanescentes (apenas 7%). Apresentamos as al-
ternativas adequadas ao manejo sustentável para recuperação da floresta, entre 
as alternativas destacamos a sucessão espontânea e o reflorestamento. Também 
identificamos algumas ações e instituições responsáveis pela recuperação da fau-
na e da flora, e como pontos relevantes o programa do Governo Federal para recu-
peração da mata e o Projeto Mico-leão-dourado.
Protocolo de Kyoto e o sequestro de carbono
(WWF, 2005)
O Protocolo de Kyoto é um instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas 
sobre mudanças climáticas. Seu objetivo é que os países industrializados (com a exceção dos EUA 
que se recusam a participar do acordo) reduzam (e controlem) até 2008-2012 as emissões de gases 
que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% os níveis registrados em 1990. Importante 
ressaltar, no entanto, que os países assumiram diferentes metas percentuais dentro da meta global 
combinada. As partes do Protocolo de Kyoto poderão reduzir as suas emissões em nível doméstico 
e/ou terão a possibilidade de aproveitar os chamados “mecanismos flexíveis” (Comércio de Emis-
sões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a Implementação Conjunta). Esses mecanismos 
servirão também para abater as metas de carbono absorvidas nos chamados “sorvedouros”, tais 
como florestas e terras agrícolas. Os países que não conseguirem cumprir as suas metas estarão 
sujeitos a penalidades.
Os países terão de mostrar “progresso evidente” no cumprimento de suas metas até 2005. 
Considerando o tempo preciso para que a legislação seja implementada, é importante que os 
governos atuem de forma rápida para que o Protocolo entre em vigor. O Protocolo de Kyoto não 
possui novos compromissos para os países em desenvolvimento além daqueles estabelecidos na 
Mata Atlântica III
50
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Mata Atlântica III
Convenção sobre o Clima das Nações Unidas de 1992. Isto está de acordo com a Convenção, para 
a qual os países industrializados – os principais responsáveis pelas emissões que causam o aque-
cimento global – devem ser os primeiros a tomar medidas para controlar suas emissões.
Critérios para a entrada em vigor
O Protocolo possui dois critérios para que entre em vigor. Primeiro, pelo menos 55 países 
membros da Convenção sobre o Clima devem ratificar, aceitar, aprovar e aderir ao Protocolo. Em 
segundo lugar, esse número deve incluir os países membros listados no Anexo 1 do Protocolo 
(os países industrializados), os quais são responsáveis por 55% das emissões totais de dióxido de 
carbono no planeta. O Protocolo entrará em vigor após um prazo de 90 dias do cumprimento dos 
critérios estipulados. 83 países membros firmaram e 46 países membros ratificaram o Protocolo 
em 11 de dezembro de 2001, sendo quase todos países em desenvolvimento. A barreira principal 
à entrada em vigor do Protocolo encontra-se em conseguir um número suficiente de ratificações 
dos principais emissores de CO2 visando o comprometimento dos responsáveis por pelo menos 
55% das emissões globais.
1. Faça uma análise comparativa entre sucessão espontânea e reflorestamento, destacando os pon-
tos positivos e negativos de cada um.
2. Identifique os benefícios decorrentes da implantação de corredores ecológicos.
51
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br

Outros materiais