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JUREMA SAGRADA: APONTAMENTOS A PARTIR DA MIGRAÇÃO NORDESTINA AO INTERIOR PAULISTA Resumo A Jurema, a princípio somente como árvore, chega às práticas indígenas como bebida e posteriormente se funde com práticas de matrizes africanas e do catolicismo popular, transformando-se em culto afro-ameríndio urbano, é o foco deste artigo. Praticada primeiramente nas regiões onde a caatinga se faz presente, foi e é uma religião constantemente perseguida por suas práticas e feitos, num primeiro momento pela invasão colonial, seguida pela repressão do Estado e suas forças de poder, chegou até São Paulo num processo de movimentação migratória motivado pelas crises climáticas e econômicas existentes no Nordeste. Mantendo viva suas práticas principais, com o contínuo uso do vinho da jurema e fumaçadas de cachimbos, unida ao culto de divindades encantadas, a Jurema Sagrada se faz resistência e mantém-se viva por toda a extensão do país e fora de suas fronteiras regionais. Palavras-chave: Jurema Sagrada; Migrações Internas; Religiosidade; Cultura Popular. Abstract The Jurema, at first only as a tree, reaches the indigenous practices as a drink and later merges with African matrix practices and popular Catholicism, becoming an urban Afro-American Indian cult, is the focus of this article. First practiced in the regions where the caatinga is present, it was and is a religion constantly persecuted for its practices, in a first moment by the colonial invasion, followed by the repression of the State and its power forces, arriving in São Paulo in a process of migratory movement motivated by the climatic and economic crises existing in the Northeast. Keeping its main practices alive, with the continuous use of Jurema wine and pipe smoking, together with the cult of enchanted deities, the Jurema Sagrada makes itself resistant and remains alive throughout the country and beyond its regional borders. Keywords: Jurema Sagrada; Internal Migrations; Brazilian religion; Popular culture. Resumen Jurema, al principio sólo como árbol, llega a prácticas indígenas como beber y luego fusionarse con prácticas de matrices africanas y el catolicismo popular, convirtiéndose en culto urbano afro-amerindio, es el foco de este artículo. Practicada principalmente en las regiones donde la caatinga está presente, fue y es una religión constantemente perseguida por sus prácticas y acciones, al principio por la invasión colonial, seguida por la represión del Estado y sus fuerzas de poder, llegó a São Paulo en un proceso de movimiento migratorio motivado por las crisis climáticas y económicas existentes en el Nordeste. Manteniendo vivas sus principales prácticas, con el uso continuo de vino jurema y pipas ahumadas, unidas al culto de las deidades encantadas, la Jurema Sagrada es resistencia y permanece viva a lo largo de todo el país y fuera de sus fronteras regionales. Palabras clave: Jurema Sagrada; migraciones internas; Religiosidad; Cultura popular. 1. Introdução A jurema, do tupi “Yu-r-ema” (ASSUNÇÃO, 2010) é uma árvore nativa da caatinga que obteve grande significado dentro dos ritos de feitiçaria e pajelança, que posteriormente trouxe a si um culto próprio. A Jurema Sagrada foi criminalizada até meados do século XIX (CASCUDO, 2002) resistiu e resiste diante da colonização europeia e a perseguições e racismos religiosos até os dias de hoje. Cantos e lírios, danças e pajelança, rezas e sincretismos, contos populares e lendas, compõem a estrutura da religião. Abrangendo diversos aspectos simbólicos, transforma-se num mundo vasto e distinto, ainda muito incompreendido. Em sua tradição, a Jurema Sagrada é trabalhada de forma oral e extremamente ligada à ancestralidade, não possui livros sagrados que contem suas histórias. Sua prática como religião une saberes indígenas, de matriz africana e do catolicismo popular, e se expande além de suas fronteiras regionais. A religião também é tratada por “catimbó” pela maioria de seus praticantes. Segundo Bastide (2011): “[...] podemos dizer que o catimbó não passa da antiga festa da jurema, que se modificou em contato com o catolicismo”, evidenciando que as influências são capazes de modificar o culto ao decorrer do tempo. “À medida que o processo de colonização se efetivou, os tapuias foram destruídos como nações social e culturalmente constituídas. Os tapuias1 guerrearam bravamente; morreram ou fugiram para o sertão adentro. Os elementos culturais formadores das experiências e do cotidiano dessas gentes não se perderam, mas foram sendo reelaborados, adquirindo novos sentidos, em diferentes épocas e contextos sociais.” (ASSUNÇÃO, 2010, p. 39) De suas cascas e raízes, juntamente com outras ervas e compostos alcoólicos, são preparados o chá e o vinho da jurema (MOTA, 2006) consumidos para fins ritualísticos e alteração de consciência, onde seus praticantes são capazes de contatar mundos invisíveis (SANGIRARDI, 1986), atingindo um estado de distanciamento do mundo físico e uma maior aproximação com o reino dos encantados, como são tratadas as divindades no culto. “A historiografia e os relatos dos viajantes e missionários que percorreram o sertão nordestino a partir do século XVII descrevem manifestações 1 Segundo Luiz Assunção (2010), Tapuia foi a denominação dada aos indígenas que falavam uma língua distinta ao tupi e que habitavam o território do sertão nordestino. mágico-religiosas entre populações indígenas, chamadas de “adjunto da jurema”. (ASSUNÇÃO, 2010, p. 20) 2. A estrutura religiosa A Jurema não está restrita somente a elementos do plano físico, ela também está extremamente ligada ao plano espiritual. Em reinos, primeiramente, é formada sua estrutura. São nos reinos em que se dividem os estados e cidades, habitados pelas divindades e entidades capazes de atuar no plano físico. Classificam-se diversos reinos, descritos principalmente em pontos cantados. Segundo Cascudo (2002): “Reino. Divisão do "mundo além" nos catimbós do Nordeste. Reinados ou reinos tem por unidade a aldeia. Cada aldeia tem três mestres. Doze aldeias fazem um estado, com trinta e seis mestres. No estado existem cidades, serras, florestas.” (CASCUDO, 2002, p. 773) E continua: “[...] Quantos são os reinos? Sete, segundo uns, ou cinco, noutras notícias. Os cinco reinos são Vajucá, Juremal, Tenema, Urubá e Josafá. Os sete reinos são Vajucá, Tigre, Canindé, Urubá, Juremal, Fundo do Mar e Josafá.” (CASCUDO, 2002, p. 773) Os habitantes dos reinos e cidades estão classificados entre caboclos e mestres encantados. Caboclos são representações de indígenas que trabalham, principalmente, com cura através de ervas, sendo considerados dentro do culto como os espíritos mais elevados na hierarquia (PINTO, 1995). Mestres (as) são espíritos denominados dessa forma por se tratar de “feiticeiros ou curandeiros” (ASSUNÇÃO, 2010) que de maneira geral, foram escravizados ou homens que trabalhavam em lavouras, engenhos, dentre outras localidades, não necessariamente em território brasileiro, mas que em sua maioria sim. Dentre os Mestres conhecidos no culto, podemos encontrar sujeitos que foram ligados ao cangaço, aos senhores de engenho e suas fazendas, os sertanejos tangedores de gado, as mulheres, principalmente ligadas à cozinha, costura, preparo de remédios a partir de ervas, dentre outros. Detentores de grande conhecimento, seguem abaixo dos caboclos na linha hierárquica. Afirma-se que após a morte, são encantados os mestres e esses são direcionados a habitar cidades especificas de suas ciências2. Nos ritos da jurema é possível encontrar, também, o culto a pretos-velhos, ciganos, 2 Ao falar-se de ciência, pode se entender como “o conhecimento que carrega”. A ciência tanto pode ser algo “natural”, quanto algo aprendido através do contato, do uso do cachimbo e do consumo da jurema. exus, que irá variar de acordo com a localidade e a escolha do dirigente do culto. Ainda, é possível encontrar uma forte presença de santos e rezas católicas, influência do catolicismo popular presenteno interior nordestino. Outra influência do catolicismo, é a constante utilização da “chave do sacrário” que são utilizadas para abrir os “portões” das cidades encantadas. “Nas toadas cantadas nas antigas mesas de catimbó, os encantos se faziam presentes através das referências às "sete chaves", aos "sete portões reais", que levam as "sete cidades", as "sete ciências." (SALLES, 2010, p. 93) Cascudo também trabalha: “Essa chave, chavinha, facilmente encontrada nas orações-fortes, é figuradamente a chave do Sacrário, onde se guarda a Hóstia.” (CASCUDO, 1978, p. 39) Em pontos cantados é possível observar a marcante presença das citações e referências aos portões e chaves, como exemplo: Com a chave do sacrário eu abro As sete cidades Sagradas da Jurema [...] (Ponto cantado de abertura) Também: Abre-te mesa dourada Onde Jesus baixou [...] Abra os portões, abra as janelas Abra a ciência e eu dentro dela (Ponto cantado de mesa) Há, ainda, referências aos guardiões: [...] Tertulino, meu menino Chaveiro do infinito Dai-me o vosso saber Pelo amor a Jesus Cristo [...] (Ponto de abertura) E: Portão de ferro, portão de ouro Corra, corra Malunguinho3 Traga a chave do tesouro [...] 3 Malunguinho é uma das principais divindades cultuadas. Segundo sua história, fora um bando que habitou um quilombo dentro das matas do Catucá – sendo hoje, o local, uma mata de preservação ambiental e histórica da população pernambucana. Lutavam contra os processos de escravidão e pela libertação dos negros e indígenas escravizados. (Ponto do Mestre Malunguinho) 2.1. Elementos simbólicos O termo catimbó não se resume somente a uma prática de magia4, ele dá nome ao instrumento mais utilizado nos rituais, o cachimbo (GRÜNEWALD, 2020) é feito de maneira artesanal, a partir de árvores, como o pau ferro, o angico, jurema, dentre outras, muito presentes na região nordestina. “Um elemento caracteristicamente ameríndio é o uso do cachimbo, da "marca", com o tabaco, fumo, provocador do transe." (CASCUDO, 1954, p. 37) O tabaco, por sua vez, também muito utilizado, se faz presente para complementar o uso de outros elementos, como o álcool ou o vinho da jurema, em seus respectivos trabalhos mágicos (BASTIDE, 2011). “No fumo obtinha-se o transe, com inalações profundas. [...] A fumaça [do cachimbo] atirada como benção, esconjuro poderoso, uma "permanente" do Catimbó, articula-se com a liturgia indígena, observada nos séculos XVI e XVII." (CASCUDO, p. 37) Outros elementos cruciais são os instrumentos musicais. Sem ritmo e musicalidade, nada se faz na jurema. O primeiro deles, chamado de ilu. Ilus são tambores grandes (CASCUDO, 1952) utilizados para dar ritmo e trazer o contato com os ancestrais dentro dos rituais religiosos. O segundo, maracá, marca a influência indígena sobre a ritualística da jurema: "Maracá. O primeiro dos instrumentos indígenas no Brasil. É o ritmados dos cantos e das danças ameríndias. É uma cabaça na extremidade de um pequeno bastão. No interior há sementes secas ou pedrinhas, fazendo rumor pelo atrito das paredes internas. [...] A função precípua e fundamental era a mágica. E o poder mágico do som que é essencial, o ritmo, a ornamentação, as culturas, os paus com guizos, as madeiras sagradas, o canto e suas palavras, a dança com seus movimentos sugestivos de corpo, tudo isto mágico em si mesmo.” (CASCUDO, p. 552) No mundo físico, o mundo invisível se representa através de altares, mais um elemento importante dentro dos ritos. Conhecidos dentro do culto como assentamentos, são nesses altares onde habitam as entidades cultuadas. Assentamentos geralmente são compostos por bacias de barro ou vidro, contendo simbolismos representando as entidades em questão, que irão variar de mestre para mestre. Os elementos contidos dentro das bacias, vão desde facas, pedras – ou 4 Segundo Mauss (1974) o contexto das relações sociais dentro de uma religião permite a produção de objetos simbólicos, contextualizando o rito e o mito, organizando-o. Logo, pensar o catimbó como prática mágica cabe tanto na sua construção mitológica ritual, quanto aos seus objetos simbólicos usuais. otás5– cachimbos, perfumes, e o principal deles, os troncos6. Além disso, possuem príncipes e princesas, que são copos ou taças de vidro contendo água, representando as cidades que são dispostas ao redor dos altares. "[...] talvez pela falta de espaço7 nos locais de culto, troncos da planta são assentados em recipientes de barro e simbolizam as cidades dos principais mestres das casas. Estes troncos, juntamente com as princesas e príncipes, com imagens de santos católicos e de espíritos afro-ameríndios, maracás e cachimbos, constituirão as Mesas de Jurema. Chama-se Mesa o altar junto ao qual são consultados os espíritos e onde são oferecidas as obrigações que a eles se deva.” (BRANDÃO, p. 74, 1998) Além dos elementos simbólicos e divindades, também são realizados rituais diversificados dentro da religião. Entre eles estão os sacrifícios de animais, oferta de alimentos e bebidas, e elementos dedicados a cada espírito encantado, realizada geralmente, quando são assentadas as respectivas entidades e ligados a ritos de passagem. O sacrifício animal, especificamente, marca uma forte presença das influências africanas ao culto. Além do ritmo e ofertas destinadas as suas divindades, a Jurema também bebe do sentido de busca pelas limpezas espirituais. Segundo sua estrutura, a limpeza do corpo torna-se um elemento crucial na construção de seu contexto e sentido. Tais limpezas podem ser realizadas de diversas formas. Uma delas é a utilização do cachimbo, já citado anteriormente. Usa-se sua fumaça no sentido de tirar-se mau agouros dos praticantes e seguidores. Ainda, outro objeto que se utiliza da fumaça e nos atos de limpeza são os defumadores. Defumações consistem em incensários com preparos e misturas de ervas secas, que são postas sobre brasas de carvão e passeadas por todos os ambientes do terreiro. As ervas, em seu estado fresco, também são utilizadas para banhos e preparos de chás. Todos os elementos citados, geralmente são utilizados em forma conjunta, principalmente em ritos de passagem e outros processos ritualísticos realizados dentro do culto, sempre comandados segundo as ordens da madrinha ou padrinho, 7 A falta de espaço para se realizar os ritos está relacionada a perseguição ao culto. A perseguição dessas práticas fez com que seus atos fizessem uma transição das matas, onde anteriormente eram realizados os atos, até locais escondidos dentro das cidades. A mudança nas práticas faz ponte entre o culto aos encantados nas árvores plantadas nas matas e o início do processo de “plantar” as entidades em assentamentos, na busca pela liberdade dessas práticas oprimidas. Verificar tópico sobre rituais para compreender melhor a transição do culto. 6 No tópico sobre rituais, o simbolismo do tronco fica mais evidente. 5 Herança africana dos candomblés. Otás são pedras que representam a morada dos orixás. Na Jurema, elas abrigam os encantados. que conduzem seus rituais. A respeito das iniciações, serão mais bem trabalhadas no próximo tópico. 2.2. Ritualística Nos cultos, são praticados diversos rituais simbólicos e de passagem. O principal deles são os rituais de iniciação para tornar-se juremeiro. Segue-se uma sequência de rituais realizados a cada determinado período. Primeiramente, a necessidade de iniciação irá variar de praticante para praticante e de entidade para entidade. Geralmente, os pedidos de iniciação partem de uma decisão do mestre que o médium possui em sua “corrente espiritual”8. Tomada a decisão, primeiramente é realizado o tombo. No tombo são assentados os caboclos, que sempre estarão no topo hierárquico, e em seguida o mestre. Nesse ritual são ofertados sacrifícios animais, os alimentos aos mestres, dispostos em seus assentamentos, além de curas e o processo de ensementação, onde são realizados cortes na pele do discípulo e “planta-se” uma semente de jurema em seu corpo.Após determinado período de meses, é realizado o ato de consagração. Na consagração assentam-se mestras e outras possíveis entidades necessárias, repetindo o processo de ofertas e curas na pele, finalizando-o com mesas onde bebe-se a jurema e louvam as entidades ali dispostas. Todos esses rituais de iniciação sempre são finalizados com grandes festas decoradas com muitas flores, comidas oferecidas aos convidados e é o momento em que os encantados tomam poder frente aos ilus e aos sons dos maracás, contando suas histórias em pontos cantados. Em nota, L’odò (2011) afirma: "O "Tombo" da Jurema é um dos rituais de consagração na religião, realizado em especial para o mestre ou o caboclo de um discipulo (a). Alguns juremeiros e juremeiras afirmam que este ritual é a iniciação na Jurema. Seus rituais são complexos e objetivam em suma, elevar o discipulo ou discipula as Cidades da Jurema para conhecerem os encantos de sua Ciência.” (L’ODÒ, 2011, p. 178) Tais rituais, são em si processos recentes na religião. Antes, eram realizados diretamente dentro das matas, justamente para esconder-se das autoridades que proibiam a prática. Por fim, transacionaram às áreas urbanas, deixando de assentar os mestres aos pés de árvores e trazendo seus troncos para dentro dos assentamentos, como até hoje ainda se realiza. 8 As correntes são formadas por um conjunto ou grupo de entidades que cada médium possui. Além dos processos de iniciação, existem outros rituais, como as práticas de mesas de cura, as toadas de mestres, os torés de caboclo, as festas realizadas em datas comemorativas – como exemplo, no início de cada ano com o corte da romã, buscando abundância e prosperidade - as festas a exus, ciganos e pretos velhos, dentre muitas outras que variam dentro de cada culto realizado, em suas respectivas regiões. “O ritual está dividido em duas categorias: A Jurema indígena, de "caboclo", praticada aos moldes de cada povo, com suas variantes próprias étnicas, e a "Jurema de Mestre", "Jurema de Mesa", ou "Jurema Urbana" que é praticada nos terreiros. Embora ambas se cruzem completamente no tocante ao imaginário e concepção cosmológica." (L’ODÓ, 2011, p. 26) 3. Nordeste e migração Antes de partir para a chegada ao culto no Sudeste, foram necessários alguns apontamentos a respeito dos movimentos migratórios inter-regionais. Primeiramente, uma análise do conceito do termo que nomeia a região onde originou-se a Jurema, o Nordeste. Gilberto Freyre (1937) sugere que nordeste seja uma palavra desfigurada pela expressão “obras do Nordeste” que quer dizer “obras contra as secas”. E seguindo o pensamento do autor, o termo foi estabelecido de maneira institucionalizada pela IFOCS (Inspetoria Federal de Obras contra as Secas9). O historiador Albuquerque Jr. (2009), trabalha o conceito de nordeste como imaginado e inventado através de uma divisão regional. Somos sempre apresentados aos seus aspectos sociais e culturais de maneira geral, como se a região se definisse através de um único corpo. “O estereótipo nasce de uma caracterização grosseira e indiscriminada do grupo estranho, em que as multiplicidades e as diferenças individuais são apagadas, em nome das semelhanças superficiais do grupo.” (ALBUQUERQUE JR., 2009, p. 30) Ainda, segundo Albuquerque Jr. (2009): “O Nordeste é filho da ruína da antiga geografia do país, segmentada entre "Norte" e "Sul [...] O espaço "natural" do antigo Norte cedera lugar a um espaço artificial, a uma nova região, o Nordeste, já prenunciada nos engenhos mecânicos ciclópicos usados nas obras contas as secas." (ALBUQUERQUE JR., 2009, p. 51) 9 Muito se fala nas secas, principalmente ao referenciar-se à região.Apesar de recorrente, vale ressaltar que as crises não ocorreram somente pela estiagem. Retomando ao processo histórico no Brasil, é possível notar o uso recorrente da força da população nos trabalhos nos grandes engenhos que produziam e exportavam açúcar e que sofreu com diversas crises de exportação e relações externas para a comercialização do que era plantado. “As secas de 1951, 1953 e 1958 agravaram ainda mais a situação da economia nordestina. Pois, se a agricultura de exportação estava em crise, estas secas reduziram a produtividade da agricultura de subsistência a níveis insuportáveis.” (SOUZA, 1980, p. 69) Além disso, é possível pensar na identidade nordestina formando-se no desenvolvimento da criação de gado nos interiores do território, na formação da figura do sertanejo nos interiores da região; na criação da imagem dos homens em miséria; na disseminação da ideia de democracia racial, tão trabalhada por Gilberto Freyre. Por outro lado, há um movimento de afirmação de identidade, onde os processos se invertem: ser nordestino não mais como uma ótica pejorativa, mas sim como autoafirmação. Não somente da região generalizada, mas das identidades e culturas presentes em cada estado desta região brasileira: a representação do cotidiano e da cultura popular na literatura de cordel, na música, no cinema, por exemplo. Para que seja possível compreendê-la em São Paulo, antes é preciso entender como ocorre sua chegada na região paulista. Primeiramente busco entender no que consiste o processo de deslocamento de grupos e indivíduos de uma região a outra. Sendo assim, falemos sobre migração. Segundo Itamar de Souza (1980) esse processo não se estabelece de maneira mecânica, como um imã expulsando e atraindo corpos, mas sim de acordo com um contexto social historicamente determinado. Além disso, o historiador afirma que a migração de um indivíduo não pode ser definir como um fato, apesar disso, quando um grupo de indivíduos tende a deslocar-se com foco em uma direção, temos então um fato social, que resulta em mudanças nas estruturas e por fim, gera um processo migratório. Quando falamos do contexto migratório da população nordestina, é preciso traçar uma análise a partir do conceito de classe. Neste caso, aqui podem ser observada duas classes: aquela que possui conhecimentos e recursos voltados para a sua educação e conhecimento, a classe média; e aqueles que somente exerceram trabalhos em lavouras, criação de animais e construção, que em São Paulo junta-se a classe operária nas fábricas e aos canteiros de obras. “O processo de desenvolvimento suscita uma grande quantidade de serviços, especializados ou não, que exigem mão-de-obra dotada de habilidades técnicas e/ou educacionais. [...] O processo de desenvolvimento mobiliza todos os fatores de produção: capital, técnica, recursos naturais e recursos humanos.” (SOUZA, 1980, p. 120-121) E o autor continua: “[...] consequência do desequilíbrio entre a oferta e a demanda de emprego no polo dinâmico da economia, é, sem dúvida, a marginalidade social de grande parte dos migrantes operários. [...] Os indicadores mais evidentes da marginalidade destes migrantes são as favelas, os cortiços, o subemprego, o desemprego, tão numerosos nos grandes centros urbanos.” (SOUZA, 1980, p. 121) É importante, ainda, tomar consciência de que a generalização das identidades, pode ser analisada também a partir de um recorte no discurso sobre hegemonia cultural, conceitualizado por Gramsci, relacionado estritamente ao domínio de classes sobre as outras classes. No caso do Nordeste, é importante destacar que sugiro o deslocamento dos grupos analisados como diáspora, principalmente ao realizar um recorte dos povos em movimento, onde é possível se deparar com um processo motivado por forças maiores, seja pela falta de mão-de-obra em determinada região do país e a busca pela mesma, como ocorrido em São Paulo, em plantações de café, cana-de-açúcar, algodão, e também na construção dos grandes centros urbanos, dos operários frente as máquinas em muitas cidades do Estado, que infelizmente serviram, num primeiro momento, para suprir as necessidades daqueles que possuíam poder e não uma busca efetiva contra as crises que assolavam as populações. Vejamos então, como se situam os processos de movimentopopulacional. “Evidentemente, pensar essa região deve partir da ideia de que se trata de uma noção – tanto do ponto de vista espacial quanto no que se refere às imagens sociais – construída historicamente. Pensá-la nessa perspectiva é inseri-la, e também a sua construção, na dinâmica dos embates entre diferentes propostas sociais, na luta dos interesses de classe, enfim, na própria História.” (PAIVA, 2009, p. 116 Com a movimentação dos europeus saindo de São Paulo direcionados ao Paraná, é que focamos a análise da marcha nordestina até a região paulista. Na década de 30, o Nordeste perdeu em torno de 650 mil pessoas para outras áreas do país e, no decorrer da década seguinte, o número de emigrantes chegou a mais de 900 mil (PAIVA, 2009). “Antes dos anos 1930, a forte migração internacional já dava as primeiras contribuições para alterações mais profundas no mercado de trabalho e nas relações sociais que se darão durante o Estado Novo. Neste momento as migrações internas começam a protagonizar os movimentos populacionais mais importantes do país, refletindo uma integração maior do mercado de trabalho nacional, pela oferta de oportunidades de trabalho nos crescentes centros urbanos.” (PEREIRA; FILHO, 2012, p. 281) A partir da década de 50 que os fluxos aumentam consideravelmente, onde estratégias econômicas do Governo Federal na justificativa em solucionar as crises, acabou por trazer grupos do Nordeste ao Sudeste, utilizando-se do contexto econômico, para que fossem inseridos no Estado como mão de obra, principalmente na construção e desenvolvimento do Estado de São Paulo. “[...] encontramos duas questões presentes na política migratória oficial no período. A primeira refere-se à construção de uma representação sobre a falta crônica de mão de obra para a lavoura paulista durante todo o transcurso dos anos 1930 até 1950. Essa falta de braços justificava, para a sociedade, o esforço do governo paulista na reestruturação da política de subsídios, orientada, a partir desse momento, para a vinda de trabalhadores nacionais para o estado de São Paulo. (PAIVA, 2011, p. 115) 4. Conclusão A Jurema Sagrada é uma religião que emergiu onde hoje está localizada a região Nordeste, como já visto anteriormente, e que se estendeu a outras regiões entre o Nordeste e o Norte conforme a história do Brasil formava-se. A presença dos cultos da Jurema Sagrada aos arredores paulistas é um fenômeno recente. Supõe-se que a tradição ritual tenha chegado em São Paulo com a manifestação dos movimentos migratórios. Diante da população que chega à região, é possível encontrar sujeitos de diversos Estados da composição regional Nordestina. Penso que, justamente por ser trabalhada através da oralidade, temos então um ponto de partida. É possível compreender o culto em São Paulo de duas maneiras: a vinda de juremeiros(as), praticantes e adeptos às práticas do culto a São Paulo, em conjunto aos grupos em marcha; e a vinda dos Pankararu, com rituais semelhantes às práticas religiosas do Catimbó. Pankararu é uma etnia indígena nordestina, que a princípio habitava às margens do Rio São Francisco, na região do Estado de Pernambuco. “Os Pankararu habitam diferentes localidades do território brasileiro. Em Pernambuco, eles estão localizados entre as cidades circunvizinhas de Jatobá, Tacaratu e Petrolândia [...] geograficamente, neste local, estão situados na depressão sertaneja que acompanha o planalto da Borborema, próximos às margens do rio São Francisco, numa região cujas terras são úmidas e férteis, apesar do clima seco e árido característico da região do sertão pernambucano. (LOVO, 2017, p. 25) Dentro de seus rituais, é possível encontrar o toré, dança que é realizada entre muitas etnias indígenas, mas principalmente entre os Pankararu, sendo não somente uma prática ritual, mas um símbolo de resistência entre os povos. É passado de maneira oral entre as gerações e permanece, inclusive, nos ritos praticados em São Paulo. “Elemento presente em quase todos os povos indígenas no Nordeste, o toré atua como movimento cultural e político, plural e unificador, dessas comunidades e é o símbolo, por excelência, do movimento indígena dessa região. Mais contemporaneamente, o toré desdobrou-se também para os indígenas oriundos do Nordeste, que vivem hoje em outras cidades e regiões do Brasil, como é o caso dos Pankararu em São Paulo.” (NAKASHIMA; ALBUQUERQUE, 2011, p. 186) Ainda: Sabemos que a música é objeto de muita relevância nos rituais entre os Pankararu e está dividida entre Toantes e Torés, e tem relação direta com os Encantados. Além disso, a influência deles não se restringe apenas à religiosidade e, sim, a todo o contexto social e político — afinal, a família que possui um maior número de Encantados ou é a dona do Terreiro, tem mais direitos políticos. Os rituais de maior relevância para esse povo são: a corrida do Imbu, o Toré, o Menino do Rancho e a Mesa de Cura (NAKASHIMA; ALBUQUERQUE, 2011, p. 10) Como observado acima, além de suas práticas relacionadas à dança, há o culto aos encantados, assim como visto nos ritos de jurema, no sentido de “encantar-se” no processo de morte, incluindo o ritual de consumo da bebida a partir das raízes de jurema preta, a constituição de rituais de mesa composto por maracás, ervas e trabalhos realizados a partir do contato com a natureza e ancestralidade. Apesar das influências sobre as tradições juremeiras, em São Paulo o culto se transformou. Diferentemente de sua região de origem, em terras paulistas a ritualística da jurema precisa se reinventar na tentativa de se manter aproximada ao culto “original”. A Jurema paulista mistura-se aos candomblés e umbandas. Permite a entrada das entidades que nem sempre são cultuadas, já citadas anteriormente, trazendo ao culto datas festivas comumente marcadas em homenagens a eles. É possível observar, além dos ilús, a presença de atabaques – que geralmente são utilizados somente em xirês de candomblé para a chamada de orixás. Outro detalhe importante, é a presença de elementos rituais que se misturam, dependendo da casa que cultiva o culto, como por exemplo, a presença marcante do ritual ao candomblé e feituras de santo, alterando e modificando as estruturas físicas dos barracões que abrigam as religiões, trazendo mudanças nas hierarquias espirituais que de antemão eram dominadas pelos caboclos, cedem espaços aos santos orixás que determinarão as regras e sentidos a serem seguidos nos rituais. Diferentemente das entidades encantadas, que a princípio são espíritos que se encantam com o processo de morte, o culto candomblecista é marcado principalmente por cultuar orixás – extremamente ligados aos elementos da natureza, como rios, cachoeiras, matas, florestas, entre outros. De origem africana, chegaram ao Brasil através da diáspora e se estabeleceram com sincretismos a santos católicos. No candomblé são utilizados jogos de búzios e adivinhação, que permitem o contato e a comunicação com os orixás. Na Jurema em São Paulo, especificamente na casa analisada, jogos de adivinhação são incorporados ao culto para, além de outros meios comunicativos, como o cachimbo ou a própria fala do mestre sob posse do corpo do médium, seja utilizado também para que o dirigente da casa busque respostas destes encantados da jurema. Quando se fala em elementos simbólicos, os alinhamentos com as tradições vão se restringindo. Primeiramente, o preparo do vinho da jurema que no Nordeste é realizado com princípios psicoativos, para alteração de consciência, em São Paulo é utilizado somente com sentido usual simbólico, sem alteração de consciência alguma. O ritual paulista utiliza mais a cachaça combinada com o cachimbo para que haja essa alteração. Um dos principais motivos é a dificuldade de cultivo da espécie jurema preta, que é a mais utilizada nos preparos. Aqui é possível encontrar mais facilmente o nascimento da espécie jurema branca, beirando matas, rios e cachoeiras, cidades e periferias. Detalhe dissoé a mudança climática e de bioma. Além das mudanças no preparo da bebida utilizada, as espécies de árvores restringem a confecção de cachimbos, que geralmente são trazidos aqui serem utilizados através da compra com artesãos fabricantes da região nordeste. Como dito anteriormente, muitas das espécies usadas na fabricação desse importante elemento, estão mais presentes nos sertões nordestinos, devido também ao clima. As ervas, muitas vezes também, acabam por ser substituídas devido à dificuldade de acesso, percorrendo o mesmo caminho de busca na região de origem do culto. Todos esses elementos, ao serem alterados ou buscados, acabam por, por consequência, modificar o meio de fazer seus rituais de passagem e iniciação. A conexão e a ancestralidade também sofrem alterações. Como já citado, a oralidade transmite os conhecimentos através da ancestralidade e gerações. Com a musicalidade dentro da religião não é diferente. Aprende a cantar seus lírios e pontos através do contato. Porém, principalmente após o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, o contato tornou-se virtual. Muitos juremeiros nordestinos fizeram da internet seu espaço para compartilhar experiências e saberes, incluindo pontos cantados. Dentro disso, a busca pela ciência, deixa de lado, muitas vezes, o contato ancestral e torna-se virtual. Contudo, a diferença crucial se dá nas lutas políticas. Emergida neste contexto, no Nordeste ser juremeiro é reafirmar-se politicamente contra o preconceito racial e religioso, principalmente ligado aos sujeitos minoritários transformados em divindades, como Malunguinho, de origem quilombola e indígena, assim como a afirmação do poder feminino dentro do culto. Em São Paulo, apesar de manter a presença de tais divindades e de sujeitos, em sua maioria, negros e indígena, falta, ainda, muito caminho até a relação religiosa e política, ainda é preciso resgatar e acender a chama da resistência que permitiu a chegada do ritual até o Sudeste. Precisamos constantemente perguntar, não somente seu sentido, mas quais forças ainda mantém as estruturas que se modificam e alteram, mantendo-se de pé, mesmo distante de sua região originária, forças essas que não se ligam só aos mundos invisíveis contatados, mas principalmente ao mundo físico dos conflitos, das resistências, religiosas e sociais, que são ações dos humanos que a cultuam. A Jurema Sagrada é uma religião muito fluida que se estende em diversas regiões e adapta-se de acordo com as condições de cada uma. Entende-se, nesse culto, que as transformações além do tempo são um elemento crucial neste ritual e permitem que seu segredo, mantenha-se guardado. Afinal, a jurema está disposta e de braços abertos a todos, porém, nem todos estão para a jurema. Destaco e ressalto que, as diferenças analisadas aqui se dão a partir da vivência ritual e pessoal com culto em uma casa localizada no interior paulista, em Campinas-SP. Tais vivências são analisadas nas revisões e leituras das respectivas bibliografias que descrevem os cultos nordestinos e comparadas a partir de pesquisa sobre os cultos originários e os que em transição no caso, para a região Sudeste, em São Paulo. Referências ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. 4ª ed. Recife: FJN; Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 2009. 340 p. ASSUNÇÃO, Luiz. O reino dos mestres: a tradição da jurema na umbanda nordestina. 1. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2006. 285 p. ISBN 9788534703871. BASTIDE, Roger. Catimbó. In: PRANDI, Reginaldo (org.). Encantaria brasileira: o livro dos Mestres, Caboclos e Encantados. 1. ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2011. cap. 5, p. 146-159. 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