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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3
Cadernos PDE
I
UTILIZANDO A LITERATURA PARA ENSINAR MATEMÁTICA 
COMO METODOLOGIA DE ENSINO DE CONTEÚDOS DO 
SEXTO ANO 
Rejane Maria Savegnago1 
Sérgio Flávio Schmitz2 
 
RESUMO: Este artigo aborda o que consideramos uma nova metodologia, ou seja, aliar o 
ensino de Matemática com a Literatura, repensando práticas enraizadas na pedagogia 
tradicional. Neste sentido o presente artigo tem como objetivo analisar algumas possibilidades 
de utilização da Literatura para o ensino-aprendizagem da Matemática, esperando ainda 
despertar o hábito de leitura dos estudantes dos sextos anos do Ensino Fundamental. Partindo 
de um estudo bibliográfico, buscamos explorar a possibilidade de utilização da Literatura para o 
ensino da Matemática como uma metodologia que pode ser utilizada no dia a dia da sala de 
aula. Destacamos que se bem planejadas as aulas aplicadas durante o processo de 
implementação mostraram-se proveitosas e geraram grande interesse e participação dos 
alunos. Consideramos também que a Literatura é uma das ferramentas que podem 
proporcionar aos alunos a leitura e a compreensão de mundo tão necessária na atualidade. 
Palavras-chave: Matemática. Literatura. Leitura. 
 
1. INTRODUÇÃO 
No dia a dia de sala de aula percebemos a dificuldade em despertar o 
interesse dos alunos para com a disciplina de matemática, no entanto o 
desinteresse parece ser generalizado, atingindo não somente a disciplina de 
matemática, mas as outras disciplinas também. Torna-se então necessária a 
busca por novos encaminhamentos metodológicos para provocar no aluno 
esse interesse. 
Portanto, repensar as práticas pedagógicas enraizadas na nossa 
formação e tentar executar um diferente ensino da Matemática é uma das 
ações propostas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do 
Estado do Paraná, que proporciona aos professores da rede estadual a 
oportunidade de buscar subsídios teórico-metodológicos para fundamentar 
melhor suas práticas pedagógicas com o auxílio dos professores das 
Instituições de Ensino Superior – IES parceiras do programa. 
A Literatura Infanto-Juvenil aparece como um possível caminho para a 
apresentação das noções matemáticas presentes no dia-a-dia da criança de 
 
1
 Professora do Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho – Ensino Fundamental e Médio, 
rejanemariasavegnago@hotmail.com. 
 
2
 Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de 
Cascavel, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, profsergiof@gmail.com. 
mailto:rejanemariasavegnago@hotmail.com
mailto:profsergiof@gmail.com
uma forma contextualizada e principalmente diferente, pois, como destacam as 
autoras Smole, Candido e Stancanelli: 
Integrar literatura nas aulas de matemática representa uma 
substancial mudança no ensino tradicional da matemática, pois em 
atividades deste tipo, os alunos não aprendem primeiro a matemática 
para depois aplicar na história, mas exploram a matemática e a 
história ao mesmo tempo. (SMOLE et al., 1999, p. 12). 
Apesar de parecer estranha a utilização da Literatura como recurso nas 
aulas de matemática não é um tema novo. Encontramos além de livros que 
tratam diretamente da temática, outros em que ela faz parte das sugestões dos 
educadores/pesquisadores e ainda vários artigos publicados que estudam o 
tema de algum modo. 
A integração da Matemática com a Literatura pode tornar o processo de 
ensino aprendizagem mais atrativo e inovador para alunos e professores. 
Porém, é necessário estabelecer objetivos e propostas concisas que serão, 
quiçá, de total relevância para a obtenção dos resultados, pois: 
Diariamente convivemos com vários tipos de linguagens, tais como: 
corporal, de mímica, de barras, culta, inculta, artística, gráfica, cada 
uma com suas características e seus modos de expressão. A 
matemática também possui uma linguagem própria que se apresenta 
com seus termos, símbolos, tabelas, gráficos, entre outros. [...] Como 
toda linguagem, a linguagem matemática é um movimento na história 
das civilizações. Houve época em que ela era prolixa e ambígua, por 
exemplo: no Egito antigo, a variável (ou incógnita) era “ahá”, que 
significa montão (no sentido de muitos). Já os europeus e árabes 
escolheram a palavra “coisa” para designar quantidades 
desconhecidas. Euclides utilizava figuras (linguagem geométrica) 
para estudar questões de aritmética ou de álgebra; [...]. Até o século 
XVI, a linguagem matemática não utilizava vírgula (decimal), nem os 
sinais de vezes, maior, menor e igual. [...] Com o objetivo de tornar-se 
mais precisa a linguagem matemática evoluiu, pois tanto a figura 
como a palavra, muitas vezes são ambíguas. No entanto, a história 
da matemática mostra-nos que não foi sem dificuldades que os 
matemáticos conseguiram formas de traduzir questões de linguagem 
vulgar para linguagens matemática e vice-versa. (LORENZATO, 
2010, p. 43, destaques do autor). 
Essas traduções nem sempre ocorrem de maneira adequada, pois, em 
todos os dias nos deparamos com situações que necessitam leitura e 
interpretação de informações matemáticas ou não, por isso, buscamos 
contextualizar alguns conteúdos matemáticos de uma maneira diferente 
daquela proposta pelos livros didáticos, pois, de acordo com as Diretrizes 
Curriculares da Rede Pública de Educação Básica de Matemática (DCE): 
 
[...] no ensino dos conteúdos escolares, as relações interdisciplinares, 
evidenciam, por um lado, as limitações e as insuficiências das 
disciplinas em suas abordagens isoladas e individuais e, por outro, as 
especificidades próprias de cada disciplina para a compreensão de 
um objeto qualquer. (PARANÁ, 2008, p. 27). 
Deste modo, a utilização da Literatura nas aulas de Matemática pode ser 
um caminho adequado para que os alunos compreendam de fato os conteúdos 
matemáticos. Pressupõe-se que as obras de Literatura selecionadas como 
recurso didático e metodológico possam contribuir no processo de interação na 
sala de aula em um ambiente no qual os alunos dos 6º anos despertem gosto 
pela leitura; sejam participativos e questionadores; interessem-se pelo que 
acontece ao seu redor e sejam capazes de interpretar essas diferentes 
situações, pois, como já destaca Machado: 
Para enfrentar as dificuldades com o ensino de Matemática, mais do 
que despertar o interesse pelas suas aplicações práticas, é 
fundamental desvelar sua beleza intrínseca, sua vocação para a 
apreensão dos padrões e das regularidades na natureza, suas 
relações diretas com os ritmos, com a música, com as artes de modo 
geral. (MACHADO, 2012, p. 13). 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA 
 
2.1 Um pouco sobre leitura 
O professor e pesquisador Ezequiel Theodoro da Silva, enumera os 
seguintes aspectos significativos do fenômeno da leitura: 
1. O Homem, na inacabável busca de sua existência, deve situar-
se com outros seres humanos nos diferentes horizontes da cultura. 
2. O situar-se do Homem no mundo somente é possível de ser 
realizado através de linguagens específicas que fazem circular o 
sentido. 
3. Essas linguagens expressam significados, produtos culturais e 
históricos, gerando Comunicação. Então, para participar da História e 
da Cultura, o Homem deve compreender os significados através das 
linguagens presentes na cultura. 
4. O Ato de Ler é uma necessidade concreta para a aquisição de 
significados e, consequentemente, de experiência nas sociedades 
onde a escrita se faz presente. (SILVA, 2011, p. 109). 
Portanto, despertar o interesse pelo hábito da leitura, que há muito 
tempo vem sendo deixado em segundo plano, é, sem dúvida, primordial para o 
professor, pois: a leitura vem perdendo muito espaço para os meios de 
comunicação como a televisão, o cinema, a internet, o videogame, a música 
entre outros; as crianças estão preferindoas revistas aos livros; os pais não 
incentivam os filhos, comprando livros ou mesmo lendo na presença deles; 
alguns educadores não solicitam a leitura de obras literárias com a frequência 
ideal; outros relatam que não há interesse dos educandos nas obras literárias; 
os investimentos das escolas em livros literários não são satisfatórios, sendo 
estes, apenas alguns dos problemas enfrentados nesse processo. 
O professor Ricardo Azevedo, questiona: Mas o que é exatamente um 
leitor? Ele próprio elabora uma resposta, qual seja: 
De um certo ponto de vista, é possível dizer que leitores são 
simplesmente pessoas que sabem usufruir os diferentes tipos de 
livros, as diferentes “literaturas” – científicas, artísticas, didático-
informativas, religiosas, técnicas, entre outras – existentes por aí. 
Conseguem, portanto, diferenciar uma obra literária e artística de um 
texto científico; ou uma obra filosófica de uma informativa. Leitores 
podem ser descritos como pessoas aptas a utilizar textos em 
benefício próprio, seja por motivação estética, seja para receber 
informações, seja como instrumento para ampliar sua visão de 
mundo, seja por motivos religiosos, seja por puro e simples 
entretenimento. (AZEVEDO, 2004, p. 38, destaque do autor). 
Porém, na atualidade temos tantas outras formas de entretenimento 
proporcionadas pelos meios de comunicação de massas, que utilizam variados 
recursos, entre eles, e mais usado, o recurso visual (o das imagens prontas), 
tornando ainda mais árdua a tarefa que nós educadores temos, qual seja, 
resgatar o hábito de boas leituras, pois: 
A leitura se manifesta, então, como a experiência resultante do trajeto 
seguido pela consciência do sujeito em seu projeto de desvelamento 
do texto. É essa mesma experiência (ou vivência dos horizontes 
desvelados através do texto) que vai permitir a emergência do ser 
leitor. Por sua vez, os novos significados apreendidos na experiência 
do leitor fazem com que este se posicione em relação ao documento 
lido, o que pode gerar possibilidades de modificação do texto 
evidenciado através do documento, ou seja, a incrementação dos 
seus significados. (SILVA, 2011, p. 110, destaques do autor). 
Para despertar o interesse para com as obras literárias, estas, precisam 
ser de certa forma, contemporâneas, mas o que define essa 
contemporaneidade? Nelly Novaes Coelho em obra revisada recentemente 
coloca-nos que: 
Enfim, o que hoje define a contemporaneidade de uma literatura é 
sua intenção de estimular a consciência crítica do leitor; leva-lo a 
desenvolver sua própria expressividade verbal ou sua criatividade 
latente; dinamizar sua capacidade de observação e reflexão em face 
do mundo que o rodeia; e torna-lo consciente da complexa realidade 
em transformação que é a sociedade, em que ele deve atuar quando 
chegar a sua vez de participar ativamente do processo em curso. 
(COELHO, 2000, p. 151, destaque do autor). 
Para que o aluno desenvolva a consciência crítica de leitor é necessário 
que domine a leitura, não bastando apenas saber ler e sim entender o que está 
lendo; que possa fazer as suas próprias interpretações dessa leitura, 
associando o que leu a algum fato ocorrido; que seja capaz de uma atitude ou 
um comportamento espelhado em uma obra literária, pois, como destaca a 
DCE da disciplina de Língua Portuguesa: 
Nestas Diretrizes, compreende-se a leitura como um ato dialógico, 
interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, 
econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao 
ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos 
prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias 
vozes que o constituem. (PARANÁ, 2008, p. 56). 
Logo, quanto mais o aluno lê, maior será o conhecimento adquirido, 
pois, em qualquer área do conhecimento, a leitura é aquela que deve conduzir 
à compreensão das mais diversas linguagens, possibilitando com isso: a 
conquista da sua autonomia no processo de ensino/aprendizagem. 
 
2.2 Um pouco sobre literatura 
O dicionário Aulete Digital, dá as seguintes definições para a palavra 
Literatura: 
(li.te.ra.tu.ra) 
1. Liter. Arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão; 
2. Teoria ou estudo da composição literária; 
3. Conjunto da produção literária de um país, de uma época etc. 
(literatura francesa); 
4. Conjunto das obras que tratam de determinado tema; 
BIBLIOGRAFIA: "É ao patriarca da literatura médica no Brasil, o Dr. 
João Ferreira da Rosa" (Gilberto Freyre, Casa grande e senzala); 
5. Fig. Os escritores, os poetas de uma sociedade, país etc.; 
6. O conjunto dos conhecimentos sobre obras e autores literários; 
disciplina, matéria, curso sobre esses conhecimentos: Passou com 
ótima nota em literatura; 
7. Fig. A carreira ou a profissão, o ofício das letras; 
8. Pop. Pej. Irrealidade, inverdade, ficção; 
9. As instruções, ger. em folheto, que acompanham certo produto 
[F.: Do lat. litteratura, ae.] (AULETE DIGITAL, 2014). 
Consideramos então que a Literatura exerce influência pedagógica ou 
educativa sobre a criança, quer pela contribuição na formação do seu 
pensamento, quer pelos modelos que apresenta. Na medida em que o contato 
com a Literatura molda a mente e o coração da criança vai influenciando-a e, 
de acordo com Calvino (1991), citado por Smole, Cândido e Stancanelli (1999, 
p. 11) tornando-a “capaz de desenvolver sua capacidade de imaginar, fantasiar 
e criar a partir das imagens visíveis no texto”. Contudo, o que levar em 
consideração quando se pensa em trabalhar com Literatura na escola? A 
professora Maria Amélia Dalvi apresenta os seguintes princípios: 
a) Tornar o texto literário “acessável” e acessível: é necessário 
que a literatura não apenas esteja disponível em todos os lugares da 
escola, mas que seja tornada compreensível, discutível, próxima. 
b) Promover o maior número pensável de eventos de leitura 
literária para que a memória (física, emocional, psíquica, linguística) 
de leitor de literatura efetivamente se constitua. 
c) Familiarizar os leitores em formação com todos os gêneros 
(poema lírico, poema narrativo, carta, bilhete, peça, enquete, piada, 
provérbio, tirinha, poema visual, narrativa curta, narrativa longa), 
suportes e modos de apresentação (visual, verbal, fílmica, musical, 
escrita, oral) do texto literário que forem possíveis – como parte 
inerente a esse trabalho, é necessário discutir tudo isso (a linguagem, 
o gênero, o suporte, o modo de apresentação, o estilo) com a equipe 
escolar e com os estudantes. 
d) Reconhecer que a mudança de suportes e de modos de 
apresentação implica alteração recepcional (portanto, não basta 
trazer o texto em “si mesmo”): é preciso trazer o livro, o tablet, a 
cópia, o outdoor, a gravação, a declamação, o cartaz etc. e conversar 
sobre os impactos que são perceptíveis. 
e) Valorizar o contexto da escrita e leitura – e, claro, de acesso – 
para a constituição de saberes sobre o literário. 
f) Instituir a pesquisa e o conhecimento como inerentes à 
atividade de leitura literária (para ler um texto é necessário saber 
sobre ele, seu autor, seu suporte, seus contextos, seus mecanismos, 
seus diálogos intertextuais, suas alusões à história). 
g) Permitir a experiência de ensaiar escrever/produzir literatura, 
como resposta amorosa ao ato de ler. 
h) Contra tudo e contra todos, jamais revogar o estatuto de arte e 
seu direito-dever de não respeitar todas as convenções instituídas: 
jamais permitir que a literatura seja tomada como mero meio para um 
fim (por mais “nobre” que seja), como “recurso”, “veículo” ou 
“ilustração” do que quer que seja. 
i) Compreender e explicar que nem todas as leituras são válidas 
– e explicitar os critérios que, caso a caso, legitimam umas leituras e 
invalidam outras. 
j) Evitar mutilar os textos e as obras: procurar sempre trabalhar 
com textos integrais e, se possível, em seus diferentes modos de 
publicação (a parte de uma obra guarda relação – e, portanto, exigeatenção – com o todo de onde foi retirada etc.). 
k) Tomar como critério principal de escolha a diversidade de (de 
gêneros, suportes, modos, escritas, sensibilidades, recursos, 
estéticas, períodos históricos, modos de ilustração, etc.) e o “perigo” e 
a “potência” que o texto oferece. 
l) Jamais lançar um leitor à leitura sem considerar os riscos 
envolvidos (e tentar, tanto quanto possível, equacionar idade, 
adequação vocabular e temática, grau de inovação, questionamento 
à doxa etc.): o professor de literatura sabe e reconhece que existem 
horizontes (e se esforça arduamente para identifica-los), mas entende 
que deve expandi-los, e não confirmá-los (o humor, o respeito pelo 
leitor e o apelo à curiosidade são excelentes antídotos às obras ruins 
que o mercado oferece). 
m) Avaliar sem punir, avaliar para promover a aprendizagem e 
principalmente a aproximação e o respeito, avaliar com rigor, mas 
sem desprezar a “rugosidade” inerente ao próprio processo de 
avaliação, avaliar com critérios claros e enunciáveis, avaliar a partir 
do diálogo, avaliar avaliando a própria avaliação: a efetividade e a 
qualidade da leitura são as únicas coisas realmente importantes. 
n) Pautar que os textos pressupõem certos leitores (idade, 
contexto, repertório etc.): desejar que nossos alunos sejam os 
“leitores certos” para o maior número possível de obras – em 
quantidade e em qualidade. 
o) Inserir os estudantes em circuitos ou sistemas mais e mais 
amplos: bibliotecas, salas de leitura, feiras culturais e literárias, 
lançamentos, frequência a sebos, rodas de leitura, mesas de debates, 
encontros com escritores, ilustradores e tradutores, leitura de críticas 
e resenhas jornalísticas, pesquisa na internet, criação de adaptações, 
paródias, homenagens, recriações, traduções. 
p) Fazer da leitura literária uma sedução, um desafio, um prazer, 
uma conquista, um hábito: para isso, incorporá-la ao cotidiano escolar 
(e extraescolar) de todos (e talvez principalmente do próprio 
professor, como leitor em evidência). (DALVI, 2013, p. 81, destaques 
do autor). 
Portanto, a criança deve ser iniciada na Literatura desde bebê, pois, ela 
vive uma realidade só sua, por meio das histórias contadas, poesias, músicas, 
parlendas, gibis, livros de literatura infantil, manuseio de livros e álbuns de 
fotografias dentre outros materiais. No contato com os livros, particularmente 
com o livro infantil, é que se pode influenciar na vida da criança. O livro traz o 
conhecimento do mundo, do homem, das coisas da natureza, dos animais, 
dentre tantas outras possibilidades. 
A narrativa oral inicia a criança na palavra, nos sons, no ritmo, nos 
símbolos, na memória; despertando a sensibilidade, levando a criança ao 
mundo da imaginação. Quando a criança começar de fato a aprender a ler, 
reconhecendo os signos da língua materna, inicia-se o processo de 
socialização e de racionalização da realidade, despertando-a para os desafios 
e questionamentos de qualquer natureza. 
Nelly Novaes Coelho, pesquisadora e autora de livros sobre Literatura 
Infanto-Juvenil afirma: 
[...] para que o convívio do leitor com a literatura resulte efetivo, nessa 
aventura espiritual que é a leitura, muitos são os fatores em jogo. 
Entre os mais importantes está a necessária adequação dos textos às 
diversas etapas do desenvolvimento infantil/juvenil. (COELHO, 2000, 
p. 32). 
Esta mesma autora, separa essas etapas em estágios, quais sejam: pré-
leitor, separado em duas fases: (primeira infância – de 15/17 meses até 3 anos, 
e segunda infância de 2/3 anos até 6/7anos); leitor iniciante (6/7 anos até 8/9 
anos); leitor em processo 8/9 anos até 10/11 anos); leitor fluente (10/11 anos 
até 12/13 anos) e leitor crítico (a partir de 12/13 anos). A partir deste último 
ponto, conhecido também como pré-adolescência, o leitor “vive” a experiência 
narrada, aprofundando seu conhecimento de mundo, abstraindo, confrontando 
ideias, despertando a consciência crítica e reflexiva do mundo que o rodeia, 
pois como já destaca a DCE da disciplina de Língua Portuguesa: 
A literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à 
vida social. O entendimento do que seja o produto literário está 
sujeito a modificações históricas, portanto, não pode ser apreensível 
somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com 
outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de 
produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a 
economia, entre outros. (PARANÁ, 2008, p. 57). 
Contudo, o que significa ler nessa nossa era voltada ao consumo? A 
ensaísta e tradutora Ligia Cademartori, aponta que: 
A maior parte da vida social foi mediatizada, de tal modo que, para 
um número significativo de estudantes, o contato interpessoal ocorre 
por via de computador e celular. Aqueles que não dispõem desses 
meios vivem forma cruel de exclusão, porque o cruzamento das 
vozes, em grande medida, por aí é que se dá. O livro em geral e a 
literatura de modo especial emitem vozes mais sutis e menos 
ressonantes em meio à barafunda dos discursos. Essa percepção do 
lugar da literatura na sociedade não costuma ser confortante a 
nenhum professor. No entanto, manter a consciência ingênua em 
relação ao fato ajuda muito pouco. Para promover a leitura, mais 
efetivo é atuar com algum conhecimento da forma de sociedade em 
que vivemos e onde, persistentes, divulgamos a literatura. 
(CADEMARTORI, 2012, p. 121). 
Essas questões atuais requerem que o ensino efetive um movimento 
contínuo de leitura, “que parta do conhecido para o desconhecido, do simples 
para o complexo, do semelhante para o diferente, com o objetivo de consolidar 
o repertório cultural do aluno” como muito bem coloca Cosson (2014, p. 47). 
 
2.3 Um pouco sobre Matemática e Literatura 
A matemática, muitas vezes é ensinada de maneira distante da 
realidade, utilizando uma linguagem com a qual os alunos não estão 
habituados, diferentemente da linguagem materna, com a qual esses alunos 
mantem contato desde muito cedo; a princípio, na oralidade, e após, com a 
entrada dessa criança na educação infantil inicia-se o processo de 
alfabetização, onde ela passa a conhecer melhor os símbolos dessa língua 
materna. Porém, é somente muito mais tarde que essa criança é apresentada 
aos símbolos matemáticos mais elaborados, o que torna a linguagem 
matemática formal e abstrata. Sobre isso, Lorenzato diz que: 
Nos dias atuais, a linguagem matemática caracteriza-se por ser 
resumida e precisa, além de possuir expressões, regras vocábulos e 
símbolos próprios. Exemplos disso são as fórmulas matemáticas que 
se tornam estigmas para muitos; elas são resultado de processos 
históricos e o significado de cada um de seus símbolos precisa ser 
conhecido para que possam ser compreendidas e empregadas 
corretamente. Cada fórmula representa uma síntese final de um 
processo e, por isso mesmo, pode ser enigmática para aqueles que 
tentam começar seus estudos por ela, tornando-se um convite à 
memorização sem nexo. (LORENZATO, 2010, p. 44). 
São muitas as obras atualmente acessíveis que permitem a integração 
da Matemática com a Literatura, pois como já escreveram Smole, Candido e 
Stancanelli: 
A literatura infantil tem sido apresentada como uma prática 
pedagógica aberta, atual, que permite à criança conviver com uma 
relação não passiva entre linguagem escrita e falada. De algum modo 
a literatura aparece à criança como um jogo, uma fantasia muito 
próxima ao real, uma manifestação do sentir e do saber, o que 
permite a ela inventar, renovar e discordar. (SMOLE et al., 1999, p. 
12). 
Em publicação mais recente, Hahn, Hollas e Andreis, destacam que: 
As relações entre Literatura e a Matemática, se corretamente 
articuladas, podem ser compreendidas como possibilidades para 
vincular o contexto cultural e social às aulas, fazendo uma ponte 
entre o concreto e o abstrato, aspecto fundamental para a 
contextualização de conteúdos matemáticos, podendo, inclusive,proporcionar ao estudante a capacidade de análise crítica sobre o 
mundo que o cerca, além de desenvolver a capacidade de 
argumentação, expressão e sistematização. (HAHN et al., 2012, p. 
19). 
Portanto, esperamos apresentar uma forma diferenciada de ensino da 
Matemática, buscando um aprendizado significativo, uma ampliação do 
conhecimento dos conceitos matemáticos e, o desenvolvimento das 
capacidades necessárias para uma boa interpretação, (de)codificação dos 
vários símbolos, matemáticos ou não. 
 
3. IMPLEMENTAÇÃO: DISCUSSÕES E ANÁLISES 
A Matemática está presente no nosso cotidiano, dela se “usa” e “abusa”, 
os meios de comunicação estão constantemente divulgando pesquisas e 
reportagens que se utilizam diretamente da Matemática (muitas vezes de forma 
errônea, deturpando resultados, transmitindo uma falsa ideia como verdadeira), 
disto decorre a importância de saber lidar e operar bem com os símbolos e 
conteúdos matemáticos, pois como já destacavam os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCNs): 
A compreensão e a tomada de decisões diante de questões políticas 
e sociais também dependem da leitura e interpretação de 
informações complexas, muitas vezes contraditórias, que incluem 
dados estatísticos e índices divulgados pelos meios de comunicação. 
Ou seja, para exercer a cidadania, é necessário saber calcular, medir, 
racionar, argumentar, tratar informações estatisticamente, etc. 
(BRASIL, 1997, p. 30). 
Então, a utilização da Literatura nas aulas de Matemática pode contribuir 
para desmistificar esses pré-conceitos que afetam o ensino e a aprendizagem 
de Matemática. Partindo dessas ideias, o professor Samuel afirma: 
A questão que se coloca aqui, a partir da discussão, é que de alguma 
maneira os significados matemáticos precisam ser trazidos, e 
precisamos remeter-nos a essa situação de construção do 
pensamento também a partir das palavras, particularmente na escola. 
Nós precisamos fazer um trabalho em que os diferentes significantes, 
no caso da “raiz” ou no caso dos “números primos”, por exemplo, 
sejam ampliados nas suas significações para produzirem os sentidos. 
(BELLO, 2012, p. 54, destaques do autor). 
Sabemos que a Literatura exprime através das palavras a história, a 
cultura, as descobertas científicas e os avanços tecnológicos (dentre outros), 
das mais diferentes épocas e dos mais variados povos. Muitos desses relatos, 
inicialmente, foram repassados oralmente, porém, com o advento da escrita 
temos uma forma de tornar esses relatos permanentes usando a Literatura. 
Esperamos apresentar uma forma diferenciada de ensino, buscando um 
aprendizado significativo, uma ampliação do conhecimento dos conceitos 
matemáticos, e, o desenvolvimento das capacidades necessárias para uma 
boa interpretação, (de)codificação dos vários símbolos (matemáticos ou não). 
Na implementação do projeto em sala de aula utilizamos as seguintes 
obras literárias: 
 O Pequeno Príncipe; 
 Aritmética da Emília; 
 Diálogo Lúdico da LITERATURA e a MATEMÁTICA; 
 Pra que serve o zero?; 
 Curvo ou reto olhar secreto; 
 As três partes. 
Além disso, foram utilizados também poemas e poesias que estão 
disponíveis na internet. 
Inicialmente, propomos a leitura das obras literárias e ou trechos 
selecionados; em seguida realizamos os questionamentos previamente 
elaborados sobre as histórias e identificamos os elementos matemáticos 
presentes nelas. Após, foi realizada a conceituação dos elementos 
matemáticos desconhecidos e a retomada dos já conhecidos; em seguida, 
foram disponibilizados vários exercícios de fixação dos conteúdos estudados. 
Os alunos puderam criar pequenas histórias, a partir da história lida, nos mais 
diferentes formatos literários e com os mais diferentes materiais, e, depois 
socializaram essas histórias na sala de aula por meio de uma roda de histórias. 
Durante esse processo pudemos perceber que: os alunos mostraram 
grande interesse pelas obras selecionadas; a maioria gosta de ler em voz alta; 
todos querem responder aos questionamentos; identificam palavras 
desconhecidas ao seu vocabulário; criam facilmente poemas, poesias e 
histórias; gostam das aulas diferenciadas; empenham-se na confecção dos 
seus “livros” e, realizam pesquisas, sempre que solicitado. 
Quanto ao conteúdo matemático trabalhado, percebemos alguma 
dificuldade no entendimento dos números maiores do sistema de numeração 
decimal principalmente na leitura e na escrita, na noção de antecessor e 
sucessor de alguns números e na composição e decomposição dos mesmos. 
Das operações básicas retomadas no sexto ano, percebemos que a subtração 
e a divisão são as operações em que eles apresentam maior dificuldade, 
porém, se contextualizados à moeda corrente (real) as questões eram 
resolvidas sem dificuldades, especialmente na operação de divisão tentamos 
associar a divisão com a multiplicação, que eles dominam, obtendo resultados 
positivos. Também, retomamos alguns conceitos de geometria e apresentamos 
outros novos, usando o Tangram como material complementar as obras 
selecionadas. 
 
3.1 Discussões das contribuições do GTR à implementação 
O grupo de Trabalho em Rede – GTR é uma das atividades obrigatórias 
do PDE, que é caracterizado pela interação virtual entre os professores PDEs e 
os demais professores da rede estadual de educação, visando discutir sobre o 
projeto de intervenção pedagógica na escola de atuação do professor e a sua 
respectiva produção didática, que é aquela que pretende dar sustentação ao 
projeto de intervenção e quiçá atingir aos objetivos inicialmente propostos. 
A questão norteadora do projeto de intervenção foi: É a Literatura 
Infanto-Juvenil uma possibilidade de despertar o interesse pela Matemática, 
desenvolvendo nos alunos as capacidades de raciocínio, de interpretação, e, 
de conduzi-los ao Letramento? Para dar conta dessa questão, na produção 
didática, procuramos desenvolver uma proposta de ensino e aprendizagem 
relacionando a Literatura Infanto-Juvenil e a Matemática, partindo de algumas 
obras (livros, poemas, poesias, entre outras) como recurso didático-
metodológico para o ensino de alguns conteúdos de Matemática para os 
alunos dos 6º anos do ensino fundamental. 
Os colegas cursistas empenharam-se nas leituras solicitadas e 
pesquisaram novas publicações para debater com propriedade sobre o 
assunto. Uma das questões colocadas no GTR é se eles consideravam 
possível a relação das disciplinas de Matemática e Literatura, destaco aqui 
algumas dessas contribuições: 
 A linguagem matemática é única, mas se juntarmos a linguagem 
materna, o entendimento em torno das situações matemáticas se 
torna mais fácil; 
 A linguagem matemática só se torna realmente significativa se puder 
ser usada para resolução de alguma situação ou problema. Mas para 
que isso seja possível é necessário que a situação a ser resolvida 
seja primeiro compreendida, ou seja, interpretada. Nesse aspecto 
está a importância da leitura como rotina, ou seja, saber interpretar 
fatos, analisar dados e responder adequadamente o que se precisa; 
 Com certeza. De acordo com pesquisas, através da conexão 
estabelecida entre literatura e matemática é possível criar situações 
que encorajam os alunos a compreenderem e se familiarizarem com 
a linguagem matemática, promovendo ligações cognitivas entre o 
raciocínio lógico-matemático e a linguagem; 
 Claro que é possível e vejo como fundamental para que o 
aprendizado “compartimentado” em disciplinas específicas passem a 
fazer mais sentido para o aluno. A partir do momento que o aluno 
percebe que conceitos vistos em uma disciplina complementam ou 
são complementados em outras, esse conhecimento pode vir a 
tornar-se significativo; 
 A linguagem matemática é uma realidade e existe, muitos de nossos 
alunos ficam surpresos quando falamos que a matemática não é só 
números e existem letras e interpretações. Quando iniciamos a parte 
algébricaparece que estamos falando de um bicho de sete cabeças e 
essa resistência dificulta o aprendizado e quando usamos e 
articulamos a interdisciplinaridade vemos que o resultado é maior. 
Percebo que alunos acostumados a leitura diária são mais confiantes 
e tem mais facilidade em ler e interpretar problemas que envolvam 
maior grau de dificuldade. 
 Certamente essa relação entre as disciplinas é de suma importância 
e promoverá o envolvimento e o interesse do aluno que resultará na 
aprendizagem que é a meta principal. E é importante que haja a 
articulação entre as disciplinas, mas para isso o professor precisa 
estar em frequente sintonia com os demais professores da turma, e 
que haja o maior número de professores possível conhecedores da 
proposta, a partir do momento que o aluno perceba que as disciplinas 
se inter-relacionam, ficarão mais atentos e terão mais interesse; 
 É possível sim essa relação, pois no Colégio onde trabalho, 
executamos um projeto de leitura onde cada professor dentro de sua 
disciplina faz a interdisciplinaridade acontecer, pois em conformidade 
com a LDB o educando deverá desenvolver a compreensão do 
significado das letras e das artes, por meio do processo histórico de 
transformação da sociedade e da cultura. Sendo assim sabemos que 
a literatura torna o aluno mais compreensivo e receptivo à sociedade 
e ao seu semelhante, pois a linguagem é responsável pela expressão 
que a própria sociedade produz e demanda; 
 Com certeza essa relação é possível. Segundo estudos, os livros 
infantis servem de material suplementar. Através deles, o professor 
providencia um contexto onde a matemática está presente de 
maneira mais natural. Integrar literatura nas aulas de matemática, 
provoca pensamentos matemáticos através dos questionamentos ao 
longo da leitura, a fim de proporcionar aos alunos um momento de 
interação de duas disciplinas e a construção do conhecimento, na 
realização de atividades que explorarão a matemática a partir de um 
texto literário. Nesse tipo de metodologia os alunos trabalham com a 
história e a matemática ao mesmo tempo e são capazes de 
interpretar o texto apresentado em diferentes maneiras, utilizando-se 
de diversas linguagens. 
Portanto, através da conexão entre Literatura e Matemática, podemos 
criar situações em sala de aula que encorajem os alunos a compreenderem e a 
se familiarizarem mais com a linguagem matemática, estabelecendo ligações 
cognitivas entre a linguagem materna, os conceitos da vida real e a linguagem 
matemática formal. 
Outra questão colocada aos cursistas foi: Qual a relação do projeto de 
intervenção pedagógica com os desafios identificados pelo professor PDE em 
sua escola? Destaca seguir, algumas das contribuições dos colegas 
professores e cursistas: 
 Estamos vivendo uma época de grandes transformações em nossa 
sociedade e, estas mudanças podem ser percebidas visivelmente na 
escola, estamos na era da comunicação, tudo esta interligado, não 
existem mais barreiras, tudo é muito amplo. E, diante deste contexto 
não podemos limitar nossa prática, mas ampliá-la e uma metodologia 
que pode favorecer esse propósito é o uso da literatura em sala de 
aula, haja visto que a literatura amplia nosso conhecimento, traz o 
lúdico, desenvolve a expressividade e a criatividade; 
 A utilização da literatura nas aulas de matemática possibilita 
despertar o gosto pela leitura, interpretando diferentes situações ao 
seu redor. Despertar o interesse pelo hábito de ler é um desafio para 
o professor, pois a leitura vem perdendo espaço para os meios de 
comunicação visual, a maioria dos pais também não incentivam a 
leitura. O ato de ler é uma necessidade para a aquisição de 
significados, sem isso, a visão de mundo fica comprometida. Para o 
aluno desenvolver a consciência crítica, ele precisa dominar a leitura, 
assimilar o conhecimento transmitido nas diversas linguagens 
conquistando sua autonomia no processo ensino aprendizagem; 
 Sem dúvida, é importante explorar metodologias que inserem a leitura 
de diferentes textos no processo de ensino aprendizagem da 
matemática, pois possibilita uma compreensão mais global dos 
conteúdos e a interpretação de sua linguagem, com seus códigos e 
símbolos. Nessa perspectiva, o aluno poderá desenvolver habilidades 
necessárias para que possam interpretar, descrever e analisar os 
fenômenos que ocorrem na realidade social. 
Nas discussões, identificamos que os cursistas em sua totalidade já 
desenvolvem algo relacionado ao tema discutido, talvez por esse motivo 
tenham escolhido participar do GTR em questão, foram várias as contribuições 
com sugestões de atividades que puderam acrescentar muito ao trabalho 
inicialmente proposto. Alguns professores trabalham também com a História da 
Matemática como ponto de partida dos conteúdos a serem abordados, 
apresentando resultados satisfatórios, outros trabalham com a 
problematização, instigando os alunos a (re)formularem conceitos acerca dos 
conteúdos estudados, buscando com isso retirá-los da sua inércia intelectual. 
Também surgiram observações quanto à importância de discutir e 
abordar novas metodologias para que o ensino da Matemática torne-se cada 
vez melhor, para que isto de fato ocorra foi mencionado que é necessário que a 
formação inicial e também a continuada dos profissionais sejam revistas, com 
vistas a aprimorar as práticas e os procedimentos didático-metodológicos 
desses profissionais. Porém, para que isso de fato se efetive são necessárias 
políticas públicas que auxiliem nessa formação; que as IES sejam parceiras 
nesse aprimoramento (o PDE é um exemplo bom disso); e, que o professor em 
questão esteja aberto a novas formas de ensinar e de aprender. 
Outra consideração levantada foi quanto ao uso das novas tecnologias: 
Como usá-las a nosso favor? È possível formar leitores que usem a internet? 
Pois, para sermos leitores é necessário um certo nível de comprometimento, 
porém, comprometer-se nem sempre está nos planos dos nossos alunos. 
Dentre outros fatores que poderiam ser revistos nas escolas os 
professores destacaram: 
 Poucos momentos de discussão no coletivo da escola; 
 Aluno que está dentro da sala não atrapalha a escola; 
 Falta de hábito de estudos pelos alunos; 
 Alfabetização no tempo certo; 
 Experimentar novas metodologias não traz danos ao conteúdo a ser 
trabalhado; 
 È necessário um planejamento rigoroso para as aulas diferenciadas; 
 Que o conhecimento não é fragmentado e sim o que envolve o todo. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Desenvolvendo este trabalho, iniciado com o Projeto de Intervenção 
Pedagógica na Escola, continuado com a Produção Didático-pedagógica e 
finalizado com a Implementação na escola de lotação - Colégio Estadual Olinda 
Truffa de Carvalho (Cascavel-PR), nas turmas de sextos anos (A, B e C) do 
turno vespertino, e, posteriormente com o Grupo de Trabalho em Rede. 
Trabalho que teve o intuito de desenvolver uma proposta de ensino e 
aprendizagem relacionando a Literatura e a Matemática, partindo de algumas 
obras (livros, poemas, poesias, entre outras) como recurso didático-
metodológico para o ensino de alguns conteúdos de Matemática, pudemos 
perceber que: 
 A Literatura pode sim ser usada como ferramenta para o ensino-
aprendizagem de alguns conceitos matemáticos, pois, amplia a possibilidade 
de integração das diferentes dimensões do conhecimento, rompe com a 
monotonia, desperta a curiosidade, melhora a oralidade e a capacidade de 
argumentação e de estruturação do pensamento, e, sem dúvida aumenta 
enormemente a capacidade de interpretação das mais variadas situações, 
sejam elas matemáticas ou não; 
 O uso de textos literários variados (narrativas, poesias, textos 
informativos entre outros) com conteúdos matemáticos, despertaram o 
interesse dos alunos por outras obras sugeridas; 
 A leitura dos textos de várias maneiras (em grupo, individual,meninos/meninas, pela professora, entre outras) propiciou a participação de 
todos, além disso, os alunos percebem as palavras diferentes e gostam de 
saber seu significado, por isso, o dicionário foi muito utilizado em todas as 
aulas. 
 As aulas diferenciadas chamaram a atenção dos alunos e propiciaram 
uma grande participação em todas as atividades; 
 Comparando com turmas de anos anteriores notamos que os alunos 
obtiveram melhor resultado nas avaliações, para os mesmos conteúdos. Isto, 
porém, pode ser devido à base adquirida durante o ensino fundamental fase I; 
 Quando solicitada a criação de poesias, poemas e histórias mais 
elaboradas, todos os alunos empenharam-se em realizar a atividade proposta 
da melhor forma, surgindo até certa competição de quem ia criar a poesia mais 
criativa, o poema mais legal ou a história mais bonita; 
Enfim, concluímos que a Literatura e a Matemática podem sim formar 
um “par perfeito”, pois a Literatura é uma das ferramentas que pode 
proporcionar ao aluno a leitura e a compreensão dos elementos matemáticos 
ou não, presentes nos diferentes tipos de textos, e, quanto mais diferentes 
esses textos forem, maior será o aproveitamento dos alunos. 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
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