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UNIDADE 1 Compreendendo como funciona o ensino das disciplinas de Arte e Literatura O ensino de literatura nas escolas, de acordo com os documentos que norteiam a educação nacional A língua portuguesa é uma das principais disciplinas da grade curricular da educação brasileira. O ensino de literatura é primordial para que os educandos possam compreender melhor outras áreas do conhecimento, pois é a partir do estudo de língua materna que o aluno passa a constituir conceitos e a desvendar significados. Sendo assim, é por meio da prática, da escrita e da oralidade, a comunicação vai sendo aprimorada, e é por meio do uso devido da comunicação que o aluno se torna um membro efetivo na sociedade. Dentro do ensino de língua portuguesa, encontra-se o ensino de Literatura. De forma que tal ensino de literatura compreende o ensino da literatura lusófona que é aquela produzida nos países que falam a língua a portuguesa, sendo eles: Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor Leste, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e claro, o Brasil. Figura 1: Países que falam a língua portuguesa no mundo (Comunidade dos países de língua portuguesa) A Educação brasileira passou por diversas fases até chegar onde se encontra agora. Podemos dividir essas fases em cinco: o Brasil Colônia, a Reforma Pombalina, o Advento da República até meados do século XX, as décadas de 1960 e 1970, e a década de 1980 até os dias de hoje. Sabe-se que é uma garantia de todos os cidadãos a igualdade perante as leis, segundo o Estado de Direito. O artigo 5º da Constituição Federal nos confirma isso: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (BRASIL, 1988). Nem sempre a Educação brasileira teve como seu ideal o que a Constituição Federal descreve em seu Artigo 5˚. Desde a expulsão dos Jesuítas do Brasil, existiram diversas irregularidades no que se refere à educação, que nem sempre foi acessível para todos os brasileiros. De forma que durante algum tempo, somente as classes privilegiadas tiveram acesso a uma educação completa, deixando à margem às classes menos favorecidas da sociedade e o gênero feminino. Dentro da literatura escrita em língua portuguesa, temos diversos autores, dentre eles podemos citar: Conceição Evaristo, Paulina Chiziane, Machado de Assis, José Saramago, José de Alencar, Domingos Pelegrini, dentre muitos outros. No entanto, o único escritor de literatura escrita em língua portuguesa, a receber o prêmio Nobel de literatura, foi José Saramago, em 1998. Figura 2: Escritor José Saramago José Saramago nasceu em 1922 e morreu no ano de 2010. O escritor também ganhou o Prêmio Camões, que é o mais importante prêmio literário da língua portuguesa. Desse modo, José Saramago foi reconhecido literariamente por suas obras e também é considerado o responsável pelo reconhecimento mundial da prosa escrita em língua portuguesa. A aprendizagem é um processo, e é durante este processo que o professor deve passar ao aluno os valores adquiridos pela sociedade ao longo dos anos. O ambiente escolar não deve se restringir somente aos conteúdos didáticos, mas deve transmitir aos alunos conceitos de ética, moralidade e cidadania. De acordo com as Diretrizes Curriculares de Ensino pode-se afirmar que: “[...] O processo de ensino deve transmitir aos alunos a lógica do conhecimento de referência. [...] é do saber especializado e acumulado pela humanidade que devem ser extraídos os conceitos e os princípios a serem ensinados aos alunos” (DCE - LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 17 apud LOPES, 2002, p. 151-152). O objetivo da escola é integrar o sujeito ao meio social em que ele vive, logo a instituição de ensino deve ser a mediadora entre o sujeito, as práticas de letramento e o meio social. Quando refletimos sobre o ensino da linguagem, tendo como base o ensino da Língua e da Literatura, deve-se levar em consideração também as contradições existentes, no quadro complexo da contemporaneidade. No ensino de língua portuguesa, além da tríade Oralidade, Leitura e Escrita, deve-se trabalhar também a Literatura e a Análise Linguística. Sobre a questão da oralidade, deve-se ter em mente que a escola é uma instituição democrática, e que o aluno, quando chega a esta instituição, já tem o domínio da oralidade, e muitas vezes a escola desconsidera esse domínio do discente, apresentando a hegemonia da norma culta. No que tange a leitura, pode-se afirmar de acordo com as Diretrizes Curriculares de Ensino que: [...] compreende-se a leitura como ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem (DCE - LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 56). No procedimento da leitura, um texto se interliga com outro e conduz para uma política de singularização do leitor que, requisitado pelo texto, participa da produção dos significados, confrontando-o com seu próprio conhecimento, sua experiência de vida. Sobre a escrita, é de suma importância que quando o professor propuser uma atividade prática de escrita, deixe claro que os alunos devem considerar para quem irão escrever, com qual finalidade irão escrever, para só assim passem a decidir sobre o que irão escrever, pois é necessário levar em conta que: “A escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas socialmente específicas e relevantes” (DCE - LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 56 apud ANTUNES, 2003, p. 47). Antonio Candido coloca que a literatura como arte assume o papel de humanizadora e transformadora do homem e da sociedade em que ele vive, pois ela exerce três funções, sendo elas: a psicológica, a social e a formadora. Psicológica porque permite que os seres humanos fujam da sua realidade e possam viajar para outros mundos fantásticos. Social, visto que a arte, ou seja, a literatura imita a realidade, retrata as diversas partes da sociedade. E por último, formadora, uma vez que ela é utilizada dentro da formação das pessoas, mostrando as outras realidades que a ideologia dominante esconde. Sendo assim: A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial. [...] ela age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela. [...] Dado que a literatura ensina na medida em que com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta. [...] É um dos meios porque o jovem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe. [...] Ela não corrompe nem edifica portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver (CANDIDO, 1972, p. 805-806). O docente de Língua Portuguesa deve propiciar aos alunos a prática da discussão, e precisa trazer para a sala de aula textos de diferentes esferas sociais. Desde textos jornalísticos a textos literários, bem como, publicitários e digitais. As práticas discursivas abrangem muito mais do que os textos falados e escritos, e do que a interação e a integração da linguagem verbal com as outras linguagens. O professor deve saber que o letramento vai muito além da alfabetização, pois esta é uma atividade denominada mecânica, que traz ao sujeito a garantia do conhecimento linguístico, que tange tanto a codificação quanto a decodificação. Portanto: Alguns gêneros são adaptados, transformados, renovados, multiplicados ou até mesmo criados a partir da necessidade que o homem tem de se comunicar com o outro, tendo em vista que “todos os diversos camposda atividade humana estão ligados ao uso da linguagem” (DCE - LÍNGUA PORTUGUESA, 2008, p. 52 apud BAKHTIN, 1992, p. 261). Assim, o docente de língua portuguesa deve utilizar os mais diversos gêneros literários durantes as aulas de literatura, para que os alunos possam compreender por meio dos mais diversos processos de linguagem, como se dá a organização da sociedade. De forma que, o uso de histórias em quadrinhos, a elucidação de romances, contos, novelas e crônicas, devem promover a formação dos alunos, confirmando a afirmação de Antonio Candido de que a literatura é formadora, humanizadora e emancipadora. A disciplina de Arte e os Parâmetros Curriculares Nacionais A disciplina de Arte é norteada pelos seguintes conteúdos, dentro de três eixos: produzir, apreciar e contextualizar. Dessa forma, o aluno por meio do ato de “produzir” pode se expressar, de modo a experimentar todas as linguagens artísticas, através da apreciação, o discente pode entrar em contato com a produção histórica e social da Arte. Logo, é por meio da contextualização que o aluno aprende a se relacionar com a arte produzida no passado e na atualidade. De acordo com Niskier: ”O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (NISKIER, 1998, p. 83). A concepção do ensino de arte deve abranger a arte contemporânea, as artes visuais, o teatro, a dança e a música. Logo, o ensino de arte na escola deve possibilitar ao discente a experiência de um trabalho de criação. “A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só suportá-la, como transformá-la aumentando-lhe a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade” (FISCHER, 2002, p. 57). A arte está presente em tudo o que nos cerca, pois ela foi criada pelo homem, e é por meio dela que podemos transmitir nossas ideias, crenças, e também é por meio da arte que se aprende a interpretar objetos e cenas. Para Alfredo Bosi são decisivos três momentos do processo artístico: o fazer, o conhecer e o exprimir. Pode-se afirmar que a literatura é arte, pois seus diversos gêneros possuem uma dimensão estética. Assim, para Alfredo Bosi (1999, p. 57): “neste sentido, qualquer atividade humana, desde que conduzida regularmente a um fim, pode chamar-se artística”. O professor exerce um papel de grande relevância no processo de ensino-aprendizagem das aulas de arte e de literatura. Desse modo, para o discente venha aprender de forma prazerosa, é ideal que o docente opte por trabalhar com temas, práticas e situação que lhes sejam interessantes, pois estudar a arte, a literatura e a sua relação com a vida como uma forma de representação da realidade, é uma forma muito fascinante de despertar o desejo de aprendizagem dos alunos. É por meio da arte que os seres humanos podem expressar suas emoções, sentimentos e ideias. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender (BRASIL, 1997, p. 19). O professor desempenha um papel muito relevante nas aulas de arte, pois cabe a ele mediar e atrair a vontade dos alunos pela pesquisa. Assim, o docente deve despertar a curiosidade dos alunos, instigando-os a descobrir novos mundos por meio das produções artísticas. De forma que tal curiosidade se torne objetiva e aprimorada, para que o aluno possa exprimir suas próprias manifestações, vindo a opinar de forma crítica e estruturada. De acordo com as Diretrizes Curriculares: O ensino de Arte deve basear-se num processo de reflexão sobre a finalidade da Educação, os objetivos específicos dessa disciplina e a coerência entre tais objetivos, os conteúdos programados (os aspectos teóricos) e a metodologia proposta. Pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos sobre a diversidade de pensamento e de criação artística para expandir sua capacidade de criação e desenvolver o pensamento crítico (DCE-ARTE, 2008, p. 52). Tanto o ensino de literatura, quanto o ensino de Arte, requerem que o professor realize o planejamento das aulas. Visto que este é um dos requisitos fundamentais que norteiam o sucesso do docente e que pode garantir de certo modo o aprendizado dos discentes. Assim, é por meio do planejamento de suas aulas que o professor pode perceber onde estão seus acertos, bem como seus erros, de forma que o planejamento possibilita adaptações às formas de ensinar, de acordo com o aproveitamento de cada turma. No entanto, é preciso que o professor compreenda as particularidades de cada indivíduo, pois cada aluno possui as suas próprias experiências de vida, de acordo com a sua própria bagagem. Logo, o processo de ensino-aprendizagem será diferente em cada turma e na interação com os mais diversos sujeitos da educação básica. Para uma melhor compreensão das experiências e necessidades dos sujeitos da Educação Básica, pode-se afirmar que: “Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar” (DCE- ARTE, 2008, p. 14). Os sujeitos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, possuem uma bagagem de vida que advém de suas famílias. Cada família possui uma cultura, uma crença e uma ideologia diferente, por isso, cabe ao professor respeitar essas divergências durante o processo de ensino-aprendizagem. Os conteúdos passados em sala de aula têm a obrigação de serem aplicados de maneira contextualizada, para que os alunos possam ter uma compreensão maior do que estão aprendendo, sem contar que o docente deve também utilizar situações concretas do mundo dos alunos, com o intuito de facilitar ainda mais o aprendizado dos discentes. Aplicando as técnicas de leitura e escrita nas aulas de Arte, Língua e Literatura, nos anos finais do Ensino Fundamental A leitura e a escrita nos anos finais do Ensino Fundamental Nas escolas poucos são os professores de literatura que destinam um tempo exclusivo para o exercício da atividade da leitura. No entanto, se os alunos não adquirem o a hábito da leitura na escola, quem garante que eles irão adquirir tal hábito em suas casas? Nas quais existem outras diversas distrações, e nas quais geralmente, a leitura é um hábito pouco comum. Existem diversas pesquisas que apontam que o brasileiro lê em média um livro, ou menos do que isso, por ano. Você já imaginou uma coisa nessas? E esses brasileiros são os pais dos alunos que estão todos os dias nas salas de aula das escolas, sendo que poucos deles possuem livros em casa, ou são instigados por sua própria família a lerem livros. Assim, verifica-se que o principal agente que pode transformar a realidade da leitura na sociedade brasileira, é a escola. Sabe-se que poucos brasileiros tiveram boas oportunidades de estudo, e uma grande massa da população brasileira pode ser considerada como um reflexo do que chamamos de analfabetismo funcional. Portanto, para que os discentes possam adquirir o hábito de ler livros e vir a desenvolver um pensamento crítico, instigá-los em sala de aula para que venham a ler livros, será algo fundamental para mudar este cenário. E então, por que não destinar uma ou duas aulas na semana, para que os alunos possam ler os livros que lhes despertarem o interesse? E por que não desenvolver práticas de escrita acerca desses mesmos livros, solicitando que os alunos venhama elaborar resumos e resenhas dos livros que tem lido durante as aulas de leitura? É indubitável que um professor de língua, arte e de literatura, que não possua o hábito da leitura, dificilmente terá êxito ao instigar seus alunos para desenvolvam esta prática. Sendo assim, é de suma importância que o professor leia, e que leia muito. A leitura pode transformar suas aulas, bem como elevar o padrão de sua didática. Quando os alunos forem a biblioteca da escola ou a biblioteca municipal, é muito importante que eles possam se sentir à vontade para escolher o livro que despertar seu interesse, sem censuras. Provas escritas e orais acerca da leitura de livros, tendem a desenvolver o pensamento crítico dos alunos. É claro que nem sempre todas as leituras poderão ser realizadas de forma individual, e é importante que sejam realizadas leituras de livros no conjunto da turma, pois assim você poderá desenvolver debates com os alunos acerca das obras lidas, complementando assim o processo de ensino-aprendizagem. A leitura de livros clássicos (aqueles compõe o cânone literário) serão de suma importância para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Todavia, muitas vezes esses livros não despertam o interesse das crianças e dos adolescentes, por isso, as adaptações e releituras dessas obras são uma boa alternativa. Assim, utilizar por exemplo uma HQ da obra Dom Casmurro de Machado de Assis, pode instigar muito mais a vontade dos alunos de aprenderem mais sobre a história, do que aquele livro clássico em capa vermelha com rosas desenhadas com o miolo repleto de folhas amareladas. Além disso, existem muitas adaptações cinematográficas de obras literárias, e apresentá-las para a turma, pode ser uma boa forma de fazer com o que os alunos sintam o desejo de ler o livro no qual o filme foi baseado. Figura 3: Capa da obra Dom Casmurro de Machado de Assis Outra alternativa é desenvolver leituras em conjunto com uma turma, com professores de outras disciplinas, por exemplo escolher uma obra que se encaixe para o ensino de português, arte e ciências, é um bom modo de fazer com os alunos leiam de forma efetiva a obra elencada, é que esta obra seja estudada dentro de seus mais diversos aspectos. É claro, que muitas vezes a biblioteca do colégio pode não possuir diversos exemplares da mesma obra literária. E é aí que o uso da tecnologia pode melhorar suas aulas. Existem diversas obras disponibilizadas de forma integral no site do domínio público, e que podem ser lidas pelos alunos em um arquivo em pdf, por meio de um celular, computador ou tablet. A leitura e a escrita nos anos finais do Ensino Fundamental de acordo com os PCN’s Meu caro aluno, de acordo com os PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 53) a leitura é: […] É um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a língua. Não se trata apenas de extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituído antes da leitura propriamente dita. Qualquer leitor que conseguir analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê. Sabe-se que atividades de leitura e escrita são requisitos para que um cidadão possa viver em sociedade. E é de suma importância que tais atividades sejam executadas de forma integral na escola, para que os alunos possam vir a enfrentar sem medo as mais diversas situações do cotidiano nas quais a linguagem se interpõe. Uma forma de desenvolver o hábito da leitura de seus alunos, é inseri-los em redes sociais de leitura. Você pode criar um clube de leitura na escola, ou pode levá-los a sala de informática e fomentar que os alunos participem da rede social Skoob, que é uma plataforma online para quem ama ler. Realizando um cadastro no Skoob, os alunos poderão registrar quais livros eles já leram, qual foi a data dessas leituras, eles podem escrever e ler resenhas sobre o livro que estão lendo no momento. Podem classificar o livro de uma a cinco estrelas, criar uma lista de livros que eles pretendem ler o futuro e muito mais. Um livro é constituído por diversos elementos macrotextuais, tais como: prefácio, capa, contracapa, introduções, lombada, orelha, notas entre outros. De acordo com Gérard Genette (2009) os paratextos que acompanham um livro são de suma importância para uma compreensão mais eficaz da obra literária, nas palavras de Genette: [...] título, subtítulo, intertítulos, prefácios, posfácios, advertências, prólogos e etc; notas marginais, de rodapé, de fim de texto; epígrafes; ilustrações; errata, orelha, capa, e tantos outros tipos de sinais acessórios, autógrafos ou alógrafos, que fornecem ao texto um aparato (variável) e por vezes um comentário, oficial ou oficioso, do qual o leitor, o mais purista e o menos vocacionado à erudição externa, nem sempre pode dispor tão facilmente como desejaria e pretende (GENETTE, 2009, p. 9). Assim, analisando a capa, a contracapa, e os diversos elementos paratextuais de uma obra, podemos compreender a qual espécie de público uma obra literária se destina. Isso acontece muito com os best-sellers, que geralmente trazem em suas capas abordagens que refletem o seu público leitor, e também se a obra se trata de um livro de literatura adulta, infantil, infanto-juvenil, de cunho motivacional, entre outros. De tal modo, nas aulas de artes, as capas, as contracapas e as orelhas das obras literárias, podem ser trabalhadas em sala de aula. O professor pode pedir que o aluno realize a reprodução da capa de uma obra literária, e que analise qual foi o intuito da editora que a publicou inserindo as imagens que estão na capa, de forma que o aluno venha a desenvolver o seu senso crítico. Além disso, quando forem estudadas obras em histórias em quadrinhos, animações, ou outros tipos de adaptações, o professor pode desenvolver atividades acerca da representação dos personagens de forma física nos desenhos ilustrados. Durante as aulas de literatura, algo importante e que deve ser analisado tanto pelo professor, quanto pelos alunos, são as questões de tempo, espaço, os personagens, o enredo, a ação, o ponto de vista e os recursos narrativos. No que se refere ao tempo, ele pode ser cronológico, narrativo ou psicológico. O tempo cronológico é aquele que denominamos como tempo real, pois é igual para todos, e também pode ser chamado de tempo social ou coletivo. Assim, este é o tempo da natureza marcado pelo relógio, conhecido como tempo histórico. No qual temos as horas, os dias da semana, meses, anos, mas este tempo pode ser representado na obra literária como as estações, ou de acordo com os períodos do ano, tais como o natal e o carnaval, e também pelos períodos do dia, tais como: manhã, tarde e noite. O tempo cronológico é tido como tempo externo, pois está a parte do personagem, pois é externo a ele. O tempo psicológico é o tempo individual, ele é não igual para todos, pois na obra literária que possui o recurso do tempo psicológico, ele passa de forma diferente para o narrador ou para o personagem. Assim, o tempo psicológico é determinado pela influência das emoções, situações e sentimentos que permeiam uma história, e que determinam a passagem deste tempo, desse modo podemos considerar o tempo psicológico como o tempo interno. Já o tempo narrativo é o tempo que o narrador utilizar para narrar os fatos. O espaço é um elemento de grande relevância para as obras literárias, pois ele constrói as histórias. Assim, pode meio dele compreendemos o plano de fundo de cada história. O espaço podeser dividido na maioria das narrativas entre real e psicológico. O espaço real é onde os personagens vivem na história. No entanto, o espaço psicológico é aquele que se dá nas memórias dos personagens, nas lembranças de um local, período, ou de um fato do passado. Sobre a configurações das personagens na narrativa, Massaud Moisés afirma o seguinte: [...] é sabido que podem ser ordenadas em dois grupos, conforme suas características básicas: personagens redondas e personagens planas. Estas seriam bidimensionais, dotadas de altura e largura mas não de profundidade: um só defeito ou uma só qualidade. Quanto às personagens redondas, ostentariam a dimensão que falta às outras, e, por isso, possuiriam uma série complexa de qualidades ou/ e defeitos. As personagens planas geram os tipos e caricaturas, enquanto as outras envolvem os caracteres. Pensando nas fôrmas em prosa, teríamos que as primeiras comparecem as mais das vezes nos contos, nas novelas e nos romances lineares, ao passo que as redondas predominam nos romances psicológicos e introspectivos (2007, p. 106). Desse modo as personagens redondas são aquelas que possuem uma profundida psicológica desenvolvida ao longo da narrativa. Já as personagens planas são aquelas que não possuem um desenvolvimento de consciência. O enredo é o conteúdo do texto e é nele que se desenrolam as ações que forma o tecido da narrativa. Nele temos a apresentação, a complicação que é o que determina o nível de tensão da obra, o clímax e o desfecho. Consoante com Antonio Candido: O enredo existe através dos personagens; as personagens vivem do enredo. Enredo e personagem exprimem, ligados, os intuitos do romance, a visão da vida que decorre dele, os significados e valores que o animam. (CANDIDO, 1987. p. 534). Devem ser analisadas também as tipologias de narradores, que podem ser: narrador- personagem, narrador-observador, narrador-onisciente. A leitura está relacionada à escrita, portanto quem pouco lê, dificilmente conseguirá escrever bem. No entanto, sabe-se que a escrita é um processo de aperfeiçoamento, pois quanto mais se escreve, melhor se escreve. À vista disso, é importante que nas atividades de escrita na escola, o aluno tenha a oportunidade de escrever e reescrever seu texto, pois muitos teóricos não acreditam na escrita, mas sim em uma constante reescrita, pois quanto mais se reescreve um texto, mais ele é melhorado. Assim, cabe ao professor fazer as correções necessárias para que o aluno veja onde está errado, e possa desse modo, corrigir o seu erro, reescrevendo seu texto. A importância da contextualização da Literatura brasileira nas escolas A literatura brasileira é vasta, e possui diversos títulos, dentre os mais diversos gêneros literários: contos, crônicas, narrativas, romances, novelas, dentre outros. O capítulo intitulado: Literatura de Dois Gumes, escrito por Antônio Candido, contido no livro A Educação e a Noite aborda o tema da Literatura no Brasil, e de como ela é vista pelos historiadores. Candido afirma que a nossa literatura é primeiramente europeia em sua formação. Sobre a formação da Literatura Brasileira, Candido também cita que ela não foi somente o resultado de uma fusão folclórica, mas sim uma modificação do universo de uma literatura já existente; em suas palavras: A ideia enganadora de que a literatura foi aqui produto do encontro de três tradições culturais: a do português, a do índio e a do africano. Ora, as influências dos dois últimos grupos só se exerceram (e aí intensamente) no plano folclórico; na literatura escrita atuaram de maneira remota, na medida em que influíram na transformação da sensibilidade portuguesa, favorecendo um modo de ser que, por sua vez, foi influir na criação literária. Portanto, o que houve não foi fusão prévia para formar uma literatura, mas modificação do universo de uma literatura já existente, importada com a conquista e submetida ao processo geral de colonização e ajustamento ao Novo Mundo (CANDIDO, 2011, p. 164). Segundo Candido, de um ponto de vista histórico, pode-se dizer que no Brasil a literatura foi uma expressão da cultura do colonizador e de um ponto de vista político, ela foi uma peça eficiente do processo de colonização. Sendo assim, a literatura no Brasil, desempenhou um papel de suma importância no processo de colonização e de imposição cultural do colonizador. Desde a proibição da língua tupi-guarani, até a imposição do Cristianismo como religião principal de nossa nação. Por isso, é importante apresentar para os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental textos representativos deste período, e que são importantes para a literatura brasileira. Para os colonizadores: As letras deviam exprimir a religião imposta aos primitivos e as normas políticas encarnadas na Monarquia; mas mesmo quando desprovidas de aspecto ideológico ostensivo, seriam uma forma de disciplina mental da Europa, que deveria ser aplicada ao meio rústico a modo de instrução e defesa da civilização (CANDIDO, 2011, p. 165). No período da colonização, a literatura brasileira, não existia de forma concreta. Ou seja, os textos literários, só eram utilizados durante as datas comemorativas, datas quais que geralmente estavam ligadas a festas religiosas e de ordem política. Sendo assim, a literatura era uma ferramenta de colonização e de imposição de cultura, que tinha por objetivo moldar o pensamento do povo, de acordo com as normas do governo monárquico português. Certamente, isso foi algo que influenciou os textos literários escritos naquele período. O século XVIII representa uma fase de amadurecimento no processo de adaptação da cultura e da literatura. Observam-se nele a ocorrência de temas novos e novas maneiras de tratar velhos temas, inclusive a preferência muito significativa por certas formas de composição em prosa e verso, que permitiam exprimir de maneira mais adequada uma realidade física e social diferente; esta, nascida da dinâmica interna da colonização (CANDIDO, 2011, p. 167). Sem este passado, não poderíamos afirmar qual teria sido o futuro da literatura no Brasil, portanto, não existe literatura brasileira sem século XVIII, nem século XVIII no Brasil, sem a literatura. Verifica-se que contextualizar a literatura brasileira em sala de aula, é algo muito importante para que os alunos compreendam os percursos da nossa literatura. Sendo assim, é importante também destacar o papel de cada escola literária na literatura brasileira. Tanto a arte quanto a literatura brasileira, andam de mãos dadas, por isso é importante que as obras artísticas e literárias sejam ensinadas em sala de aula. Aplicando técnicas de leitura e escrita nas aulas de Arte, Literatura e Língua nos anos finais do Ensino Médio O professor que ministrará as disciplinas do âmbito da área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, deve estar ciente de que a linguagem é um processo social que se define por meio das relações humanas. → Diferença entre língua x linguagem. A língua pode ser compreendida como um agrupamento de elementos (gestos e sons) que possibilitam a comunicação. Já a linguagem é a capacidade que os indivíduos possuem de compreender a língua, bem como de produzi-la e de desenvolvê-la dentro de suas manifestações, que incluem a dança, a pintura e a música. Algo que deve ser ensinado aos estudantes é que devemos respeitar as variações linguísticas, portanto o preconceito linguístico deve ser um tema abordado em suas aulas. De forma que devem ser apresentados aos alunos os mais diversos tipos de comunicação. Porquanto, os educandos devem compreender que existem diferenças nos tipos de comunicação, que podemos se distinguir pelo uso da linguagem formal e informal. Logo, essa diferença se dá no contexto em elas são utilizadas, bem como nas palavras e expressões escolhidasdurante o ato da comunicação. Assim, a linguagem formal remete ao uso das normas da gramática, já a linguagem informal contempla as situações do cotidiano, nas quais a escolha das palavras e das expressões pode ocorrer com uma liberdade maior. Norma padrão x Norma culta: sabe-se que a norma padrão é a norma gramatical da língua portuguesa, a qual tem suas bases na gramática tradicional e normativa. Já a norma culta é a variação que mais se aproxima desse padrão. A disciplina de Língua Portuguesa deve ensinar o aluno a utilizar de forma adequada a norma culta, mas isso não significa que somente essa forma deve ser utilizada em sala de aula, pois, o aluno chega ao ambiente escolar desconhecendo a norma culta e irá entrar em contato com ela somente durante o processo de letramento. O ensino de Língua Materna nunca pode desconsiderar as variações linguísticas, muito pelo contrário, o professor precisa abordar as variedades linguísticas em sala de aula, para os discentes compreendam o espaço de uso de cada uma delas, evitando desta forma todo e qualquer preconceito linguístico. Segundo os PCNEM: No estudo da linguagem verbal, a abordagem da norma padrão deve considerar sua representatividade, como variante linguística de determinado grupo social, e o valor atribuído a ela, no contexto das legitimações sociais. Aprende-se a valorizar determinada manifestação, porque socialmente ela representa o poder econômico e simbólico de certos grupos sociais que autorizam sua legitimidade (PCNEM, 2000, p.7). Podemos dizer que as aulas ministradas na disciplina de língua portuguesa no Ensino Médio, precisam propiciar aos alunos o refinamento das habilidades de leitura e de escrita, de fala e audição. Desta forma, os cidadãos do ensino médio desenvolverão a capacidade de reflexão acerca da língua e da linguagem. Visto que, o objetivo da escola é integrar o sujeito ao meio social em que ele vive, a instituição de ensino deve ser a mediadora entre o sujeito, as práticas de letramento e o meio social. É fato que vivemos na denominada “era da informática”, que nos possibilita acesso rápido à leitura de variadas informações. Porém, em contraste a esse fato, sabemos que vivemos em uma época que possui um índice crescente do chamado “analfabetismo funcional” e, podemos ver os reflexos nos resultados das avaliações educacionais, que revelam claramente, o baixo desempenho dos discentes em relação à compreensão dos textos lidos, e é aí que entra o ensino da língua no que concerne a interpretação textual. Primeiramente, deve-se afirmar que os conteúdos passados em sala de aula têm a obrigação de serem aplicados de maneira contextualizada, para que os alunos possam ter uma compreensão maior do que estão aprendendo, sem contar que também devemos utilizar situações concretas do mundo dos alunos para facilitar ainda mais o aprendizado dos discentes. É imprescindível salientarmos em sala de aula que um signo linguístico só se define em sua relação com outro signo, portanto uma palavra isolada não possui significado, seu significado só passa a existir quando outro signo (palavra) é adicionado ao seu contexto. Logo, ao lermos e ao escrevermos um texto, a questão contextual deve ser sempre considerada, de acordo com os PCNEM: É importante ressaltar a diferença entre signo linguístico e símbolo: de um lado, o signo, aquilo que significa, o componente da trama textual, a palavra; de outro, o sentido simbólico que o signo gera ao remeter a elementos extraverbais (PCNEM, 2000, p. 59). Além disso, o ensino de língua portuguesa no Ensino Médio deve abordar o ensino da gramática de forma contextualizada, bem como os textos literários. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM): Pressupondo que os estatutos básicos relativos ao funcionamento da língua portuguesa foram aprendidos ao longo do ensino fundamental, cabe ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada dos mecanismos que regulam nossa língua, tendo como ponto de apoio alguns dos produtos mais caros às culturas letradas: textos escritos, especialmente os literários. As competências e habilidades propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) permitem inferir que o ensino de Língua Portuguesa, hoje, busca desenvolver no aluno seu potencial crítico, sua percepção das múltiplas possibilidades de expressão linguística, sua capacitação como leitor efetivo dos mais diversos textos representativos de nossa cultura. Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara, na família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho (2000, p. 55). Desse modo, durante as aulas de língua, os alunos devem aprender a articular os conhecimentos que envolvem as competências linguísticas da língua portuguesa. O ensino médio segundo a Lei de Diretrizes e Bases de 9394/96 pode ser considerado como um período de consolidação e aprofundamento dos conhecimentos construídos ao longo do ensino fundamental. Portanto, espera-se que os alunos ao saírem do ensino médio possam atuar de forma ética e responsável na sociedade; por isso o ensino médio deve garantir aos cidadãos a preparação básica para o prosseguimento dos estudos, e deve garantir também uma formação sólida para que tais sujeitos possam viver no mundo de forma a exercitar a cidadania e também deve preparar os cidadãos para a sua inserção no mundo do trabalho. Durante as aulas de língua e de literatura devem ser destacadas as atividades de escrita e de leitura, sendo assim, o tempo de leitura que abordamos no capítulo anterior, também se encaixa nas aulas do ensino médio. Bem como, as atividades de análise literária. As atividades de escrita no Ensino Médio, devem ter seu objetivo voltado de maior forma a construção do pensamento crítico, que deve transparecer nas redações dos alunos, pois os indivíduos do Ensino Médio estão sendo preparados para viver em sociedade como cidadãos, para o mercado de trabalho e para o ingresso em cursos técnicos e nos cursos de graduação das universidades. Acerca da elaboração e interpretação de textos, de acordo com os PCNEM: os textos são a concretização dos discursos proferidos nas mais variadas situações cotidianas. O ensino e a aprendizagem de uma língua não podem abrir mão dos textos pois estes, ao revelarem usos da língua e levarem a reflexões, contribuem para a criação de competências e habilidades específicas (2000, p. 59). As aulas de língua, literatura e de arte no Ensino Médio devem abordar questões concernentes a leitura e interpretação de textos. No que tange à leitura, podemos dizer que: [...] compreende-se a leitura como ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem (DCE, 2008, p. 56). Durante o processo de ensino-aprendizagem, o docente deve saber claramente que quanto maior for o contato do discente com a linguagem nas diferentes esferas sociais, maiores serão as possibilidades de se compreender o texto, seus sentidos, e sua visão de mundo. Então, no que tange à linguagem, é preciso pautar-se na interlocução, e também execução de atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura, a produção oral e escrita e que o levem a refletir sobre o uso da linguagem em variadas situações. Desta forma, surgirá um trabalho pedagógico que prioriza as práticas sociais. Pois:Quando se assume a língua como interação, em sua dimensão linguístico-discursiva, o mais importante é criar oportunidades para o aluno refletir, construir, considerar hipóteses a partir da leitura e da escrita de diferentes textos, instância em que pode chegar à compreensão de como a língua funciona e à decorrente competência textual. O ensino da nomenclatura gramatical, de definições ou regras a serem construídas, com a mediação do professor, deve ocorrer somente após o aluno ter realizado a experiência de interação com o texto (DCE, 2008, p.60-61). As Orientações Curriculares para o Ensino Médio trazem diversas concepções acerca do ensino de língua portuguesa e abordam a questão da construção de uma escola que proporcione a convivência de diferentes etnias na produção e socialização de conhecimentos. Relatando assim, que os conteúdos devem ser pensados e desenvolvidos de acordo com a capacidade de ação de linguagem dos sujeitos. E ainda afirmam que: Saliente-se, assim, que cabe à escola, junto com os professores, precisar os conteúdos a serem transformados em objetos de ensino e de aprendizagem bem como os procedimentos por meio dos quais se efetivará sua operacionalização. A assunção desse expediente pela escola é algo de fundamental importância na organização de seu projeto pedagógico, uma vez que a proposição de conteúdos a serem ensinados em qualquer modalidade de ensino assim como a abordagem metodológica que lhes deve ser conferida são uma ação que traz à cena, de uma maneira ou de outra, a concepção que a escola possui dos papéis de aluno e professor e do que vêm a ser ensinar e aprender; o conteúdo ou o objeto de conhecimento; a produção e socialização de conhecimentos; os eventos/práticas de nossa sociedade em relação a uma compreensão pelo aluno acerca do mundo, sintonizada (ou não) com o seu tempo (OCNEM, p. 35). Nas diretrizes, as disciplinas escolares são compreendidas como áreas de conhecimento, que são identificadas por seus conteúdos. Podemos dizer que as disciplinas são o pressuposto para a interdisciplinaridade. Entendemos por interdisciplinaridade a transferência de métodos de diferentes disciplinas, por meio da ação didático-pedagógica mediada pelos docentes. Portanto: A valorização e o aprofundamento dos conhecimentos organizados nas diferentes disciplinas escolares são condição para se estabelecerem as relações interdisciplinares, entendidas como necessárias para a compreensão da totalidade (DCE, 2008, p. 20). É fato que as relações do processo de integração recíproca entre várias disciplinas e campos de conhecimento se estabelecem quando algumas teorias, conceitos ou práticas de uma determinada matéria escolar são chamados ao diálogo, auxiliando a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra disciplina. Dessa forma, estabelecemos uma perspectiva de que constituir relações entre as disciplinas não é uma tarefa que se restringe simplesmente a readequar uma metodologia curricular. A avaliação pode ser considerada um ato natural e preciso para que os professores fiquem a par dos conteúdos que foram atingidos pelos alunos, como também ter uma resposta se as metodologias que foram adotadas por eles estão tendo o resultado esperado. Portanto, o professor deve levar em conta, os tipos de inteligência dos sujeitos pertencentes àquela turma, pois sabemos que existem alunos que são mais visuais outros mais auditivos e alguns alunos aprendem melhor quando exercitam a escrita. Então se sugere que os professores trabalhem com diferentes tipos de avaliação, e que avaliação seja feita para medir o crescimento dos alunos e verificar suas dificuldades, e não para que os alunos se sintam testados e frustrados, a avaliação deve reforçar positivamente o ensino e não criar aversão ao estudo. Existem muitos documentos que podem auxiliar o docente em sala de aula, para que este conduza seus educandos a uma formação consolidada no que se refere à língua, capacitando-os para utilizá-la nas mais diversas situações de comunicação do cotidiano. A escola e o governo devem fornecer ao professor uma formação continuada para que seu conhecimento venha a ser aprimorado a cada dia e desta forma o docente possa fornecer aos seus alunos os conhecimentos necessários para a compreensão da língua portuguesa. Critérios para a correção de textos Uma forma de correção de textos muito utilizada é a correção por meio das cinco competências, sendo que cada uma delas vale o total de (2,0) pontos, totalizando 10 pontos na soma de todas, assim se o aluno errar algo dentro de alguma dessas competências o desconto deverá ser proporcional a competência na qual ele cometeu o erro. Esses critérios se aplicam a correção de textos dissertativos-argumentativos e deverão ser adaptados caso sejam utilizados para a correção de outras tipologias textuais dentro da produção de textos. 1. Domínio da norma culta (vale 2,0 pontos): O aluno pode ser considerado nesta etapa como (precário, razoável, com um bom domínio ou com muito bom domínio da norma culta): O aluno poderá ser considerado precário no que se refere ao uso da norma culta (pontuando apenas 0,5 nesta competência), devido à graves e frequentes desvios gramaticais. Razoável (pontuando 1,0 nesta competência) caso o discente apresente um uso razoável da norma culta, tendo alguns desvios gramaticais, no que se refere a escolha de registro e das convenções de escrita. Sendo assim, o aluno obterá essa pontuação caso o seu texto contenha um uso pouco aceitável da norma culta de acordo com a sua fase de escolaridade. O aluno será considerado como tendo um Bom Domínio da norma culta (pontuando 1,5 nesta competência) caso apresente alguns desvios pontuais de escrita e alguns erros gramaticais. E por fim, o aluno poderá ser considerado com um Muito Bom Domínio da norma culta, (pontuando 2,0 nesta competência) caso apresente raros desvios gramaticais e de convenções de escrita. 2. Compreensão da proposta de redação, uso do conhecimento adquirido para o desenvolvimento do tema, respeito aos limites estruturais do texto (vale 2,0 pontos): O aluno irá pontuar (0,5) nesta competência caso apresente um desenvolvimento razoável do texto e um domínio razoável desta tipologia textual, com argumentos comuns ao senso comum. Caso o aluno apresente a fuga do tema proposta, a pontuação sugerida nesta competência é zero, no entanto alguns professores optam por zerar a redação inteira, caso o texto do aluno apresente a fuga do tema, mas acreditamos que essa escolha fica a critério de cada professor dentro do contexto de cada sala de aula, bem como na sua relação com os discentes. A pontuação de (1,0) será atribuída para aqueles alunos que apresentarem um domínio mediano desta tipologia textual, e que apresentarem uma compreensão mediana no desenvolvimento do tema. O aluno irá pontuar (1,5) caso apresente um desenvolvimento satisfatório do tema e um domínio satisfatório desta tipologia textual, que é um texto dissertativoargumentativo. O aluno irá pontuar (2,0) nesta competência caso apresente um desenvolvimento mais que satisfatório do tema da produção textual, bem como se apresentar um domínio mais que satisfatório desta tipologia textual, tendo argumentos que não são baseados no senso comum, revelando um bom repertório cultural de informações. É importante que os alunos aprendam em sala de aula como se dá o uso do senso comum em uma redação, para que eles não o reproduzam em suas produções textuais. 3. Coesão dos argumentos: Relacionar, selecionar, interpretar e organizar informações, opiniões e argumentos para a defesa de um determinado ponto de vista (vale 2,0 pontos), sendo assim: o aluno irá pontuar (0,5) nesta competência caso selecione de forma precária as informações abordadas ao longo de sua produção textual, refletindo em umaargumentação precária no texto dissertativo-argumentativo. O aluno irá pontuar (1,0) nesta competência caso se limite a somente reproduzir opiniões que estão presentes nos textos de apoio, sem explanar informações de sua própria bagagem cultural, reproduzindo meramente os argumentos da proposta de redação, sem inserir uma opinião diversificada que contribua com a sua argumentação. O aluno irá pontuar (1,5) nesta competência caso selecione opiniões e fatos pertinentes ao tema proposto, argumentando de forma consistente, bem como caso utilize informações de forma articulada com o texto dissertativo-argumentativo. O aluno irá pontuar (2,0) nesta competência caso selecione de forma consistente fatos e opiniões acerca do tema de redação proposto. Bem como, caso realize uma argumentação pertinente ao tema proposto de acordo com o seu projeto de texto. Os conceitos de coesão e coerência devem ser trabalhados em sala de aula. 4. Demonstrar conhecimento das estruturas linguísticas concernentes a construção da argumentação, vale (2,0 pontos). O aluno irá pontuar (0,5) nesta competência caso apresente em sua redação a desarticulação das partes do texto. A ligação dos parágrafos da redação deve ser trabalhada em sala de aula. A pontuação (1,0) será obtida caso transpareça uma forma de articulação precária, devido a problemas concernentes ao uso de recursos coesivos. O aluno irá pontuar (1,5) nesta competência caso apresente uma articulação razoável das partes que compõe o texto, tendo alguns problemas na utilização de recursos de coesão. O aluno irá pontuar (2,0) nesta competência caso apresente uma boa articulação das partes do texto, sem problemas graves no que se refere a utilização dos recursos de coesão. A próxima competência se refere a proposta de solução ao problema do tema da redação. Assim, na prova do Enem está é uma competência muito cobrada, na qual os alunos devem elaborar uma proposta de intervenção social. Por isso, é importante que a elaboração de solução de problemas dos textos dissertativos-argumentativos deve ser trabalhada em sala. 5. Elaborar uma proposta de solução para o problema abordado, vale (2,0) pontos. O aluno irá pontuar (0,5) nesta competência caso não elabora de forma explicita uma proposta de solução. O aluno irá pontuar (1,0) nesta competência caso faço um esboço do núcleo de uma proposta de solução. O aluno irá pontuar (1,5) nesta competência caso elabora uma proposta genérica de forma a solucionar o tema da redação. Por fim, o aluno irá pontuar (2,0) nesta competência caso elabore uma proposta coerente de solução para o tema apresentado. Executando os procedimentos de diferentes abordagens nas disciplinas de Arte, Língua e Literatura Técnicas de refacção de textos: Uma abordagem de aperfeiçoamento Sabe-se que não existe escrita perfeita, mas sim uma constante reescrita que pode levar um texto a perfeição. Ensinar aos alunos que o aprimoramento da escrita é um fator importante, é papel do professor de Língua. Sendo assim, durante as aulas de redação é importante que os discentes tenham a oportunidade de escrever um texto, e após a correção reescrevê-lo, corrigindo assim eventuais falhas. Algumas teorias sugerem que a correção das redações dos alunos deve ser desenvolvida à lápis e não à caneta. A técnica de reescrita, pode ser utiliza também nas aulas de literatura, a partir de obras já existentes. Sendo assim, o professor pode sugerir que o aluno reescreva um conto, ou uma crônica, ou parte de algum desses textos, não sendo necessário muitas vezes que o aluno reescreva o texto inteiro. Sobre a reescrita nas aulas de língua, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa afirmam o seguinte: A constatação das dificuldades inerentes ao ato de escrever textos – dificuldades decorrentes da exigência de coordenar muitos aspectos ao mesmo tempo - requer a apresentação de propostas para os alunos iniciantes que possam ‘eliminar’ algumas delas para que se concentrem em outras. É importante que essas situações sejam planejadas de tal forma que os alunos apenas se preocupem com as variáveis que o professor priorizou por se relacionarem com o desenvolvimento do conteúdo em questão. Por exemplo: Reescrever ou parafrasear bons textos já repertoriados mediante leitura; (...) Dar o começo de um texto para os alunos continuarem (ou o fim ou o começo); Planejar coletivamente o texto para que depois cada aluno escreva sua versão (ou que o façam em pares ou trios) (1997, p. 74-75). Sendo assim, o procedimento de reescrita não garantem por si só o aperfeiçoamento dos alunos. Desse modo, o professor exerce um papel fundamental neste processo de aperfeiçoamento do conhecimento, visto que as intervenções realizas pelo docente durante as atividades de correção, que podem ser realizadas de forma individual ou em grupo, é um elemento chave no reconhecimento de erros textuais dos alunos. Assim, quando aluno tem seu texto revisado e o passa a limpo, não repetindo mais o mesmo erro, tal procedimento reflete uma melhora continua deste processo de aprendizagem. O professor pode também revisar uma redação juntamente com os alunos, sem identificar quem foi o discente responsável pela redação que está sendo corrigida, evitando deste modo o desconforto do aluno. Logo, durante o processo de correção coletiva, os educandos podem desenvolver um olhar crítico sobre o ato da escrita, o que poderá aperfeiçoar o desenvolvimento da turma durante as produções textuais. O processo de reescrita é um agente formador de escritores competentes e autônomos. Durante as aulas de literatura, pode-se trabalhar a técnica de refacção de textos literários, por exemplo, o professor pode trabalhar um conto com a turma, e sugerir que os alunos reescrevam um final para a história. De acordo com o Guia de Orientações do Programa Ler e Escrever, utilizado na rede pública estadual de São Paulo: “A reescrita de histórias conhecidas é um importante procedimento didático para que os alunos aprendam a escrever narrativas: como conhecem o enredo e podem se apoiar no texto-fonte, o desafio refere-se à linguagem. Sua preocupação enquanto escrevem será buscar a melhor forma de contar aquela história, utilizando seu vocabulário, mesmo que algumas palavras sejam “emprestadas” da história ouvida”. Fonte: São Paulo, Secretaria da Educação. Ler e escrever: guia de planejamento e orientações didáticas; professor – 3º ano/ SEE, FDE; adaptação do material original. Claudia Rosenberg Aratangy, Ivânia Paula Almeida, Rosalinda Soares Ribeiro de Vasconcelos – 3 ed. São Paulo: FDE, 2010. Ao propor uma atividade de reescrita de uma obra literária, o professor deve escolher um texto que desperte o interesse dos alunos. Contos que possuem elementos da literatura gótica, são boa opção, tanto para as turmas dos anos finais do Ensino Fundamental, quando para os alunos do Ensino Médio. Alguns contos que podem ser utilizados para essa finalidade, e que possuem uma boa recepção nas salas de aula são: O Chamado Cthulhu de Howard Philiphs Lovecraft, Petúnia de Murilo Rubião, A queda da Casa de Usher – Edgar Allan Poe, Segundas Núpcias de Coelho Neto, O Jovem Goodman Brown de E.T.A Hoffmann, entre outros. Leia o conto O Chamado Cthulhu de Howard Philiphs Lovecraft acessando o link: A literatura e a arte: unindo abordagens ao trabalhar no âmbito de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias A pintura e a poesia possuem uma relação desde a época de Platão, assim o efeito sinestésico e o foco na imagem visual advém dos séculos passados. Desse modo, a relação entre o aspecto verbal e visual fornecem aos alunos uma proposta interdisciplinar, intertextual e que concerne a tradução intersemiótica. Mas afinal, o que é a tradução intersemiótica? Como o próprio nome já nos revela, a traduçãointersemiótica surgiu como conceito a partir de estudos na área da tradução. Podemos afirmar, que os Estudos Descritivos da Tradução, sofreram diversas modificações ao longo dos séculos, de forma que a tradução significa nos dias de hoje, um processo de interpretação e transposição. Roman Jakobson, cunhou o termo “tradução intersemiótica” no ano de 1959. Em seu ensaio “Aspectos Linguísticos da Tradução”. Jakobson define a tradução intersemiótica como aquela que ocorre de um sistema de signos a outro. É importante ressaltarmos que a tradução intersemiótica pode consistir na transposição de uma pintura para um poema, bem como na adaptação de um musical em um poema. Na transposição de um texto literário para uma dança, na adaptação cinematográfica de um romance ou na transformação de uma série de TV em um jogo de vídeo game, entre outros exemplos. Haroldo de Campos (apud PLAZA, 2010, p. 28) afirmou que a: “tradução será sempre ‘recriação ou criação paralela, autônoma, porém recíproca”. Sendo assim, podemos entender a tradução intersemiótica como a extensão da atividade crítica que é parte de todo processo tradutório. Desse modo, podemos inferir que existe aproximação dos conceitos de tradução e adaptação. As comparações entre poesia e pintura existem desde a antiguidade. Desta forma, enquanto a pintura utiliza elementos como: ambiente, tonalidade, linha e forma que remetem a questões visuais, a poesia se ocupa da imagem pela exploração da palavra. Neste sentido, A pintura Pau-Brasil (1924-1925) de Tarsila do Amaral é irmã da poesia Manifesto Pau Brasil, de Oswald de Andrade, tal relação se deu no período em que Tarsila e Oswald formavam um par romântico. Figura 4: Quadro Pau Brasil de Tarsila do Amaral (1924-1925) Oswald de Andrade escreveu um poema intitulado Manifesto Pau Brasil em 1924, que tem relação com esse quadro. Manifesto Pau Brasil de Oswald de Andrade Manifesto Pau-Brasil A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos. O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança. Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil. O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho. A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária. Mas houve um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como borrachas sopradas. Rebentaram. A volta à especialização. Filósofos fazendo filosofia, críticos, critica, donas de casa tratando de cozinha. A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem. Tinha havido a inversão de tudo, a invasão de tudo : o teatro de tese e a luta no palco entre morais e imorais. A tese deve ser decidida em guerra de sociólogos, de homens de lei, gordos e dourados como Corpus Juris. Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Agil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia. A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança. Uma sugestão de Blaise Cendrars : – Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino. Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias. A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos. Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os futuristas e os outros. Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Pau-Brasil, de exportação. Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava. A interpretação no dicionário oral das Escolas de Belas Artes queria dizer reproduzir igualzinho… Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado – o artista fotógrafo. Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu o piano de manivela, o piano de patas. A pleyela. E a ironia eslava compôs para a pleyela. Stravinski. A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas. Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano. Ora, a revolução indicou apenas que a arte voltava para as elites. E as elites começaram desmanchando. Duas fases: 10) a deformação através do impressionismo, a fragmentação, o caos voluntário. De Cézanne e Malarmé, Rodin e Debussy até agora. 20) o lirismo, a apresentação no templo, os materiais, a inocência construtiva. O Brasil profiteur. O Brasil doutor. E a coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil. Como a época é miraculosa, as leis nasceram do próprio rotamento dinâmico dos fatores destrutivos. A síntese O equilíbrio O acabamento de carrosserie A invenção A surpresa Uma nova perspectiva Uma nova escala. Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. Uma nova perspectiva. A outra, a de Paolo Ucello criou o naturalismo de apogeu. Era uma ilusão ética. Os objetos distantes não diminuíam. Era uma lei de aparência. Ora, o momento é de reação à aparência. Reação à cópia. Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma perspectiva de outra ordem: sentimental, intelectual, irônica, ingênua. Uma nova escala: A outra, a de um mundo proporcionado e catalogado com letras nos livros, crianças nos colos. O redame produzindo letras maiores que torres. E as novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte. A reação contra o assunto invasor, diverso da finalidade. A peça de tese era um arranjo monstruoso. O romance de idéias, uma mistura. O quadro histórico, uma aberração. A escultura eloquente, um pavor sem sentido. Nossa época anuncia a volta ao sentido puro. Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz. A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente. Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres. Temos a base dupla e presente – a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a geometria, a algebra e a química logo depois da mamadeira e do chá de erva-doce. Ummisto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações. Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil. Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil. O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional. Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época. O estado de inocência substituindo o estada de graça que pode ser uma atitude do espírito. O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica. A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna. Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia. Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil. Correio da Manhã, 18 de março de 1924 (Fonte: https://bit.ly/36icPMV) O movimento Pau-Brasil é um poema de Oswald de Andrade, que se destacou dentre os movimentos modernistas, na Primeira Fase do Modernismo no Brasil, o qual tinha cunho patriótico. Tal movimento se iniciou com a publicação do livro intitulado Pau Brasil de Oswald de Andrade, bem com a pintura de mesmo título de Tarsila do Amaral, que na época era esposa de Oswald. Assim, verifica-se que a pintura de Tarsila do Amaral, se trata de uma tradução intersemiótica do poema de Oswald de Andrade. De modo que literatura e arte se correlacionam nestas duas obras do Modernismo brasileiro, as quais podem ser utilizadas tanto nas aulas de arte, quanto nas aulas de Literatura, pois correspondem a um aspecto importante da competência de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, na qual a disciplina de Língua Portuguesa e de Arte estão presentes. UNIDADE 2 Compreendendo como funciona o uso dos livros paradidáticos e didáticos nas escolas A diferença entre livro didático x livro paradidático. Os livros didáticos têm objetivos e funções diferenciadas das dos livros paradidáticos. O livro didático trabalha diversos conteúdos oriundos de uma disciplina, enquanto o paradidático é aquele que possui o aprofundamento de um conteúdo específico. https://bit.ly/36icPMV Os livros didáticos de Língua Portuguesa e Literatura Desde antes da invenção dos livros impressos, o ensino das mais diversas disciplinas nas escolas passou já estava ligado aos livros didáticos. Posto que no Brasil, a definição de “livro didático” deu-se pela primeira vez no Decreto de Lei nº 1.006, de 30 de dezembro de 1938 – Art. 2, que afirma o seguinte: Compêndios são os livros que expõem total ou parcialmente a matéria das disciplinas constantes dos programas escolares [...] livros de leitura de classe são os livros usados para leitura dos alunos em aula; tais livros também são chamados de livro-texto, compêndio escolar, livro escolar, livro de classe, manual, livro didático. (OLIVEIRA, 1980, p. 12 apud OLIVEIRA et al., 1984, p. 22). Neste sentido, os livros didáticos vêm sofrendo diversas transformações ao longo dos anos. Desse modo, cada disciplina passou a ter seus livros específicos, sendo que estes são um instrumento de trabalho dos docentes. No entanto, a questão do uso do livro didático nas escolas é alvo de muitas polêmicas. Alguns professores acreditam na eficácia do livro didático, enquanto outros educadores avaliam este material como o resultado de uma reforma educacional fracassada. Desta forma, existem algumas teorias que afirmam que as possibilidades de ensino com o livro didático, ainda não foram completamente exploradas. Desse modo, alguns planos educacionais não fornecem a devida importância para a preparação destas obras didáticas. Sendo assim, quando docente não é totalmente qualificado, ele passa a utilizar o livro didático como a única fonte de conhecimento, e como o único recurso didático de suas aulas, diminuindo, portanto, a receptividade de suas aulas por parte dos alunos. De acordo com Tardelli: O livro didático é presença constante em sala de aula; geralmente, ele assume o estatuto de autoridade, pois sua programação, na maioria das vezes, é seguida fielmente pelo professor. Em geral parece não ser o mestre que ensina, orienta, pensa e reflete com os alunos, mas o livro didático que fala, impõe, determina a todos e as suas falas (2002, p. 37). No entanto, outras teorias afirmam que em tempos nos quais a qualificação dos docentes não tem sido priorizada pelos sistemas educacionais, a presença dos livros didáticos nas escolas se torna essencial, pois os livros são uma garantia de que mesmo que a didática do docente não seja a melhor, o livro didático assegurará aos alunos o fornecimento dos conteúdos que eles devem aprender. O livro didático é um instrumento que reflete o currículo escolar. Deste modo, seu conteúdo deve contemplar as questões básicas que se encontram no planejamento de ensino. Foi criado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) o PNLD, que é o Programa Nacional do Livro e do Material Didático. Sendo assim, o PNLD é responsável por avaliar obras didáticas, pedagógicas e literárias. Bem como, outros materiais educacionais, de forma gratuita para as instituições públicas de ensino. É comum que sejam fornecidos aos professores das mais variadas disciplinas da grade escolar da educação pública, a oportunidade de escolha dos livros didáticos que estes desejam utilizar em sala de aula, no entanto, para que um livro seja colocado à disposição do professor para sua escolha, esta obra precisa ser aprovada pelo PNLD. O livro didático possui duas funções a cultural e a instrumental. Sendo assim, a função instrumental do livro didático se dá por meio de seu armazenamento de informações, de modo ordenado, o que facilita o processo ensino-aprendizagem. Já a função cultural se dá por meio do registro de passagens da tradição oral, que se manifesta nestas obras por meio de lendas, anedotas, histórias, adivinhações, pelos textos da tradição literária, entre outros. No que concerne ao livro didático da disciplina de língua portuguesa, este passou por diversas transformações. Visto que antes dos anos 40 não existiam gramáticas, ou manuais de língua portuguesa, tal como existem hoje. Já nos anos 60, existia uma coletânea de textos sem indicações de metodologia, sem nenhum exercício. E a gramática, que continha exercícios que poderiam ser resolvidos pelos alunos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de nº 4.024, promulgada em 10 de dezembro de 1961, deu um novo rumo ao ensino de língua portuguesa, trazendo as instruções de amplitude e desenvolvimento do programa de português, as quais continham recomendações para o Ensino de Língua Portuguesa. A partir da década de 70, os livros didáticos passaram a trazer além dos textos, diversos exercícios, que conquistaram os alunos e os professores, no entanto essas melhorias dos livros foram fortemente encorajas pelo governo, pois durante a época da ditadura militar no Brasil, que compreende o ano de 1964 a 1985, o governo apoiou fortemente o desenvolvimento de aulas nas quais os professores seguissem à risca o livro didático, para que os docentes não precisassem falar muito em sala de aula, evitando assim o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos.De tal modo, o governo via o ato de o professor instruir o aluno a abrir o livro em uma determinada página como uma maravilha destas obras didáticas inovadoras, que na visão deles impossibilitavam a criação do pensamento crítico. Figura 1: Manifestação Estudantil contra a ditadura militar no Brasil A partir de 1980 surgiram diversos avanços nas pesquisas do âmbito da linguística, as quais colaboraram muito para o ensino da língua portuguesa. Desse modo, o ensino dogmático da gramática tradicional de forma descontextualizada e fragmentada passou a ser rejeitado, e assim surgiram as análises da linguagem, considerando a sua inserção em contextos sociais. Figura 2; Manifestação estudantil contra a Ditadura Militar no Brasil Dessa forma, verifica-se que um bom livro de Língua e Literatura, é aquele que contempla o ensino da gramática e da literatura de forma contextualizada, respeitando as variações linguísticas, e as diferenças culturais de nosso país. Os livros didáticos de Arte nas escolas Pode-se dizer que as mais diversas aparições de cultura e arte, são de certo modo, um fenômeno coletivo. Visto que abrangem um produtor, ou mais produtores, sendo que estes possuem diferentes conhecimentos, ofícios e talentos. Além disso, há a presença dos admiradores da arte, sendo que estes desenvolvem a arte da recepção. As manifestações artísticas são compostas por uma soma de métodos e procedimentos que refletem as formas de pensamento e ação de uma sociedade. Assim, cada comunidade possui uma cultura diferente, que se reflete em suas manifestações artísticas, sejam elas massivas ou eruditas. Por isso, tais práticas devem ser apresentadas nas escolas, estimulando o debate entre os alunos, para que os educandos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio possam vir a fazer suas próprias escolhas, deixando de somente reproduzir os padrões culturais que lhes foram impostos pelos mecanismos das culturas hegemônicas, por isso é importante que o professor de arte escolha livros didáticos e paradidáticos que abordem também as manifestações culturais das culturas não hegemônicas, para que estas sejam trabalhadas em sala de aula. De acordo com Lima, a apresentação das manifestações de arte somente da cultura hegemônica nas escolas, é resultante de uma tentativa de alienação dos sujeitos, em suas palavras: Uma vez que o verdadeiro conhecimento sempre resulta de transformação entre o homem e o mundo, isso implica tanto reflexão como ação. Assim, a comunicação é a práxis da epistemologia dialética de Freire. Essas práxis compreende uma dimensão política específica fundada na igualdade básica entre os seres humanos e num compromisso radical com a justiça social. Por conseguinte, como não pode haver conhecimento sem comunicação entre Sujeitos, esta não ocorre a menos que os Sujeitos sejam igualmente livres. (LIMA, 2015, p. 140) Diferença entre cultura hegemônica e não hegemônica: O conceito de Hegemonia cultural foi cunhado por Antonio Gramsci com o intuito de descrever o tipo de dominação ideológica de uma camada social sobre outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado. A cultura não hegemônica é aquela que não é exibida nos meios de comunicação em massa, a qual geralmente pertence a uma determinada comunidade ou povo, sendo que na maioria das vezes esta comunidade não possui o desejo de dominar outras comunidades. É muito comum que os produtores de culturas não hegemônicas, advenham de classes sociais mais baixas. Então, a Arte é uma disciplina nova na grade curricular brasileira, pois foi inserida nas escolas há poucos anos, se comparada a outras disciplinas. Muito importante este detalhe. Os livros didáticos do ensino da Arte nas escolas brasileiras, geralmente são bem parecidos no que se refere ao seu conteúdo. Boa parte deles contém o registro de manifestações culturais de diferentes períodos da história, e também da atualidade. No que se refere a história da arte no Brasil, este é o conteúdo que possui a maior quantidade de páginas na maioria dos livros didáticos da disciplina de Arte no Brasil. No entanto, sobre as manifestações culturais artísticas que ocorreram ao redor do mundo, a maioria dos registros destes livros são acerca das artes no continente Europeu, sendo que muitas vezes a arte dos outros continentes é pouco relatada, ou nem sequer é mencionada nos livros didáticos brasileiros. Figura 3: Manifestação Artística Algo muito comum é que estes livros sejam repletos de poluições visuais, de forma a apresentarem uma grande quantidade de imagens, sem desenvolver um enfoque nas questões do desenvolvimento de informações, que poderiam contribuir com a formação do pensamento crítico dos alunos. Além disso, é muito comum que os livros didáticos da disciplina de arte das escolas brasileiras possuam imagens pouco atrativas, reduzidas e impressas em papel de baixa qualidade. Sendo que tal economia, resulta na não captação da atenção dos alunos, que tendem a ver esses livros como pouco atrativos. Aplicando as técnicas de leitura e interpretação de textos A leitura e a interpretação de textos nos anos finais do Ensino Fundamental A leitura é uma prática fundamental para a vida em sociedade, de forma que ela acontece com todas as pessoas, sendo assim entrar em contato com a leitura e a escrita nos mais diversos espaços de circulação de um texto, é uma prática social do que chamamos de letramento. O letramento é um conceito que se dá às práticas da língua escrita, que vão além da escola. Verifica-se que a escrita está presente em todos os lugares, pois quando um indivíduo saí de casa ele se depara com jornais, revistas, outdoor, placas entre outros. Desta forma, a leitura é um componente praticamente indispensável para que o indivíduo compreenda o meio em que ele vive. Dessa forma, as pessoas veem a vida de acordo com a língua que elas conhecem, e a leitura é uma prática que engloba o contexto social e individual de cada pessoa, pois a leitura de um texto parte de um conjunto de crenças que reflete o nicho no qual cada pessoa se insere na sociedade. Desse modo, uma prática interessante para que seja desenvolvida nas escolas, é a de conduzir os alunos a visitarem a biblioteca, seja ela municipal, ou da própria escola. Assim, os discentes podem estabelecer uma relação com os livros, pois muitas vezes o estímulo ao ato da leitura ocorre somente no ambiente escolar. Sendo assim, por meio do contato com os livros, os alunos podem iniciar o seu processo de leitura, fomentando a interpretação de textos, visto que desenvolver a capacidade de ler e de interpretar textos, é fundamental para os sujeitos dos anos finais do Ensino Fundamental, para que estes possam desenvolver-se na vida em sociedade, posto que de acordo com a avaliação do PISA: A situação é crítica para o país na avaliação da leitura: o Brasil se encontra no grupo de países que têm mais de 50% dos estudantes com dificuldades para usar a leitura como ferramenta para obter conhecimento em outras áreas (JARDON, 2008, p. 1). JARDON, Carolina. Alunos da região Sul têm melhor desempenho no Pisa. É importante que o professor, bem como, os alunos compreendam que a leitura vai muito além de simplesmente desvendar códigos linguísticos. O ato de ler consiste em compreender a linguagem, entender a mensagem, interpretar, debater, e sentir o que o autor tenta transmitir através de sua escrita. A leitura analítica A leitura analítica consiste na capacidade de ler e interpretar textos, sendo assim, as estratégias de leitura são um meio para que os leitores possam vir a compreender um texto. Uma leitura chama o uso de outras fontes de informação, de outras leituras, possibilitando a articulação de todas as áreas da escola. Uma leitura remete a diferentes fontes
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