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SÍFILIS Definição e etiologia da sífilis: A sífilis é uma infecção bacteriana sistêmica, de evolução crônica, causada pelo Treponema pallidum. O Treponema pallidum é uma bactéria Gram-negativa, do grupo das espiroquetas, de alta patogenicidade. O ser humano é o único reservatório. Pode ser sexual, vertical ou sanguíneo. A transmissão sexual é a predominante. O período de incubação é de 10 a 90 dias (2 a 12 semanas) – média de 21 dias –, a partir do contato sexual infectante, sendo esse o período de janela imunológica. Transmissão da sífilis: A transmissibilidade da sífilis adquirida requer a presença de lesões (cancro duro, condiloma plano, placas mucosas, lesões úmidas). Em decorrência da presença de treponemas nessas lesões, o contágio é maior nos estágios iniciais (sífilis primária e secundária). A transmissão vertical ocorre em qualquer fase gestacional. A suscetibilidade à infecção é universal e os anticorpos produzidos em infecções anteriores não são protetores. A pessoa pode adquirir sífilis sempre que se expuser ao T. pallidum. Classificação clínica da sífilis Sífilis primária: o tempo de incubação é de 10 a 90 dias (média de três semanas). A primeira manifestação é caracterizada por úlcera (denominada “cancro duro”) rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento). A lesão pode durar de três a oito semanas e desaparecer, independentemente de tratamento. Sífilis secundária: ocorre em média entre seis semanas e seis meses após a cicatrização do cancro. É marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo. A sintomatologia dura, em média, entre 4 e 12 semanas. Caracteriza-se principalmente por pápulas palmoplantares, placas e condilomas planos, acompanhados de micropoliadenopatia. Sífilis latente: período em que não se observam sinais ou sintomas. A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio. A sífilis latente é dividida em latente recente (menos de um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). Sífilis latente o diagnóstico faz-se exclusivamente pela reatividade dos testes treponêmicos e não treponêmicos. Sífilis terciária: ocorre aproximadamente em 15% a 25% das infecções não tratadas. É comum o acometimento dos sistemas nervoso e cardiovascular. Verifica-se também a formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência à liquefação) na pele, nas mucosas, nos ossos ou em qualquer tecido. As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até morte. Métodos diagnósticos de sífilis Testes não treponêmicos (veneral disease research laboratory – VDRL; rapid plasma reagin– RPR; unheated serum reagin – USR; e toluidine red unheated serum test – TRUST): detectam anticorpos IgM e IgG produzidos contra o material lipídico liberado pelas células danificadas em decorrência da sífilis, e também contra a cardiolipina liberada pelos próprios treponemas. São indicativos de sífilis ativa. Os testes não treponêmicos não têm um ponto de corte para definição de sífilis; consequentemente, qualquer valor de título deve ser investigado. esses testes são indicados também para seguimento terapêutico. Algumas pessoas podem apresentar testes não treponêmicos persistentemente reagentes, em baixas titulações, após o tratamento, o que se considera cicatriz sorológica, quando descartada nova exposição de risco durante o período analisado. O resultado sorológico é classificado como cicatriz sorológica quando tratamento anterior documentado apresenta queda da titulação em pelo menos duas diluições. Os anticorpos não treponêmicos podem surgir em outros agravos (exemplos: lúpus, artrite reumatoide, hanseníase), que também levam à destruição celular, podendo gerar resultados falso-reagentes em alguns casos. Testes treponêmicos (fluorescent treponemal antibody-absorption – FTA-abs; Treponema pallidum hemagglutination – TPHA; enzyme-linked immunosorbent assay – ELISA e suas variações; micro-hemoaglutinação indireta – MHTP; teste eletroquimioluminescente – EQL; e teste rápido): são testes que detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum. Em aproximadamente 85% dos casos, esses testes permanecem reagentes durante toda a vida (cicatriz sorológica), independentemente de tratamento. Assim, não são úteis para o monitoramento da resposta à terapia. Tratamento de sífilis: A benzilpenicilina benzatina é o medicamento de escolha para o tratamento da sífilis adquirida e em gestantes. Para os grupos de risco recomenda-se. Recomenda-se tratamento imediato após apenas um teste reagente para sífilis (teste treponêmico ou não treponêmico). O esquema terapêutico alternativo é com doxiciclina. Deve ser feito o teste não treponêmico de 3 em 3 meses até o 12° mês (em gestantes, o controle deve ser mensal). Monitoramento pós-tratamento de sífilis HIV/AIDS Infecção aguda pelo HIV: Na ausência de terapia antirretroviral (TARV), a história natural da infecção pelo HIV apresenta-se por um conjunto de manifestaçõs clínicas, denominado Síndrome Retroviral Aguda (SRA). • Os principais achados clínicos de SRA incluem: febre, cefaleia, astenia (fraqueza e falta de energia), adenopatia (aumento do volume dos gânglios linfáticos), faringite (inflamação da faringe), exantema (erupção avermelhada na pele) e mialgia (dor muscular). • A SRA pode cursar com: sudorese e linfadomegalia (aumento dos lifonodos). • Também podem estar presentes: náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e úlceras orais. SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. Latência clínica e fase sintomática: Caracterizada pela estabilização da viremia; duração média 9 meses - 7 anos; contagem de linfócitos T CD-4 podem está estável ou em declínio. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: Enquanto a contagem de LT- CD4+ permanece acima de 350 céls/mm³, os episódios infecciosos mais frequentes são geralmente bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo TB. À medida que a infecção progride, sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasia oral pilosa, tornam- se mais frequentes, além do herpes-zoster. Nesse período, já é possível encontrar diminuição na contagem de LT-CD4+, situada entre 200 e 300 céls/mm³. O aparecimento de IO e neoplasias é definidor da aids. Entre as infecções oportunistas, destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens. Nessas situações, a contagem de LT- CD4+ situa-se abaixo de 200 céls/mm³, na maioria das vezes. Anamnese: Deve-se obter informações específicas sobre a infecção pelo HIV, história médica atual e passada, riscos e vulnerabilidades; história psicossocial, saúde reprodutiva e história familiar. Exame físico: O exame da pele e oroscopia são também relevantes, uma vez que diversos sinais e sintomas presentes podem estar associados à infecção pelo HIV. Quanto mais baixa a contagem de LT-CD4+, mais frequentemente os pacientes devem ser examinados. PrEP: É feita com tenofovir e entricitabina em um comprimido de uso diário. Começa a fazer efeito a partir dos 20 dias de tomada do medicamento. Caso esteja tomando PEP, terminar a PEP e depois iniciar a PrEP. É indicado para grupos de risco. Consiste no tratamento por meio de antirretrovirais para redução, em populações de risco, de adquirir infecção pelo HIV. TARV: O início da TARV está recomendado para todas as PVHIV, independentementedo seu estágio clínico e/ou imunológico. As categorias dos ARV são: 1. Inibidores de Entrada; 2. Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa; 3. Inibidores da Integrase; 4. Inibidores de protease; 5. Inibidores de fusão; 6. Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa. O esquema básico de medicamentos é: 1 comprimido de tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) + 1 comprimido de dolutegravir (DTG). PEP: A PEP não é indicada para todos e nem deve ser usada a qualquer momento. Não deve ser utilizada em exposições sucessivas, pois seus efeitos colaterais pelo uso repetitivo são desconhecidos em pessoas HIV negativas. Para dar início à PEP deve-se considerar o material biológico, o tipo de exposição, o tempo transcorrido e se a pessoa exposta é não reagente para o HIV no momento. A PEP deve ser iniciada o mais precocemente possível, tendo como limite as 72 horas subsequentes à exposição. Deve ser tomada durante 28 dias seguidos, sem interrupção, sob acompanhamento da equipe de saúde. A posologia da PEP é: 1 comprimido de tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) + 1 comprimido de dolutegravir (DTG) ao dia. Exames complementares iniciais/ Periodicidade de consultas: Para o início da terapia são necessários exames complementares para uma avaliação geral. A periodicidade das consultas médicas deve adequar-se às condições clínicas da PVHIV e à fase do tratamento. Após a introdução ou alteração da TARV, recomenda-se retorno entre 7 e 15 dias para avaliar eventos adversos e dificuldades relacionadas à adesão. Em seguida, podem ainda ser necessários retornos mensais até a adaptação à TARV. Mensal/bimestral até a adaptação à TARV. Até 6 meses em casos de PVHIV em TARV com supressão viral e assintomática.
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