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1 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS MÓDULO 12 2 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................. 3 Elementos de formação do preço venda ..................... 4 Regimes tributários e obrigações acessórias .............. 30 Apuração dos custos ..................................................... 46 Cálculo do preço de venda ........................................... 69 Preço de venda definido pelo mercado ....................... 80 Encerramento ................................................................ 90 3 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS APRESENTAÇÃO O projeto Contador Parceiro – Construindo o Sucesso é fruto da parceria entre o Sebrae e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Essas instituições percebem como o papel do contador é fundamental para o desenvolvimento das pequenas empresas, especialmente nos desafios da retomada econômica em um cenário de enfrentamento à Covid-19. Neste e-book, trouxemos para você em uma linguagem fácil e enriquecida, com exemplos práticos, a dinâmica da apuração dos custos e da formação do preço de venda dos produtos e serviços. Desejamos uma ótima leitura! 4 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS ELEMENTOS DE FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA 5 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Para apurar os custos e, consequentemente, formar os preços de venda, é necessário dominar conceitos e conhecer os elementos que compõem a estrutura de custos de um produto ou de um serviço. Na vida cotidiana, as pessoas confundem o conceito de custos. Ouve-se dizer, costumeiramente, que um produto custa muito caro, quando na verdade ele tem um preço de venda alto. Essa parte introdutória pretende apresentar e alinhar conceitos, a fim de desenvolver competências para que os participantes conheçam os principais métodos de custeio utilizados e os critérios de avaliação dos estoques e reconheçam a importância de classificar os gastos, os custos e as despesas. 6 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS GASTOS Todas as empresas, independentemente da sua área de atuação (comércio, indústria ou serviços), possuem gastos. O conhecimento e a análise desses gastos se fazem necessários para a apuração correta dos custos e de sua lucratividade, como também para um gerenciamento financeiro mais eficiente. 7 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS A definição da estrutura de gastos é uma parcela importante nesse processo, uma vez que possibilitará ao empresário saber exatamente quanto lucrou. Gasto, de uma maneira geral, é a aquisição de um bem ou serviço que vai originar um desembolso para a empresa. Normalmente, esse desembolso é representado pelo pagamento (compra de mercadoria, pagamento de salário). Poderá ocorrer também de maneira involuntária, na forma de uma perda ou de um desperdício. São tipos de gastos: custos, despesas, investimentos, perdas e desperdícios. Custos são gastos relativos a bens ou serviços utilizados (consumidos) na comercialização e na produção de outro bem ou na prestação de um serviço. Ex.: mercadoria vendida, matéria- 8 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS prima, pessoal da fábrica etc. Despesas, de forma distinta, são gastos consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Ou ainda, são gastos incorridos para manter a estrutura de funcionamento da empresa. As despesas são reconhecidas no momento do seu uso: aluguel, honorários do contador, salários do pessoal administrativo, conta de água e esgoto etc. 9 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Investimentos são gastos que acontecem na aquisição de bens que serão estocados pela empresa até o momento da sua utilização, como também na aquisição de bens patrimoniais (máquinas e equipamentos). Ex.: aquisição de matéria-prima, compra de máquina, aquisição de veículo etc. Perdas são gastos gerados quando um certo bem ou serviço é consumido de maneira anormal em relação às suas atividades. Ex.: incêndio nas dependências da empresa. Desperdícios são gastos decorrentes do não aproveitamento total dos seus recursos. Ex.: aparas de papel, produtividade inferior ao padrão. 10 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E DAS DESPESAS Recorremos à classificação dos custos para melhor entender as diversas finalidades para as quais são apurados. Quanto aos produtos fabricados, os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos. 11 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Os custos diretos são aqueles apropriados aos produtos, conforme o consumo. Ex.: matéria- prima, mão de obra direta (produção), parafuso consumido no serviço mecânico etc. Por sua vez, os custos indiretos dependem de cálculos, rateios ou estimativas para ser apropriados, porque não se identificam diretamente com o produto final ou o serviço prestado. Ex.: aluguel da fábrica, salário dos 12 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS supervisores de produção etc. Assim, em uma empresa que fabrica um único produto, sem variações de tamanho, ou presta um único serviço, todos os custos são diretos. Quanto ao volume de produção, os custos podem ser fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles cujos valores são os mesmos, independentemente do volume de produção da empresa. Decorrem da manutenção da estrutura produtiva da empresa. Correspondem aos custos indiretos de fabricação. Ex.: aluguel da fábrica, salário do gerente de produção (de mais de um produto fabricado) etc. 13 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Os custos variáveis, diferentemente, são aqueles cujos valores variam em função do volume produzido. Ex.: matéria-prima, horas extras da produção. As despesas também se dividem em fixas e variáveis. entretanto em relação ao volume de vendas da empresa: 🔷 as despesas fixas são aquelas que permanecem constantes (com pouca ou sem variação), independentemente do volume de vendas. Representam o risco de qualquer empresa, porque existem em qualquer circunstância, isto é, se a empresa vende mais ou vende menos. Ex.: aluguel e IPTU do escritório, energia elétrica da administração, telefone, pró-labore dos diretores, material de escritório, folha de pessoal e encargos sociais sobre a folha administrativa; 14 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS 🔷 as despesas variáveis são aquelas que variam de forma proporcional ao volume de vendas da empresa. Quanto mais a empresa vende, mais as despesas variáveis crescem. De outro modo, quanto menor a venda, menor a despesa variável. Ex.: impostos/ contribuições diretos (ICMS, PIS, Cofins), comissão de vendedor, frete de entrega. 15 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS O QUADRO, A SEGUIR RESUME AS CLASSIFICAÇÕES: CUSTOS DESPESAS Quanto ao produto Quanto ao volume Fixas Variáveis Diretos Indiretos Fixos Variáveis Apropriados conforme o consumo Apropriados por rateio Constantes, independentemente do volume de produção Variam em função do volume produzido Constantes, independentemente do volume de vendas Variam na proporção do volume de vendas 16 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS MÉTODOS DE CUSTEIO Os métodos de custeio apresentam uma única finalidade: a determinação dos custos do produto. A sistemática adotada por cada critério difere de um para outro. Entre os métodos existentes, dois serão apresentados a seguir: absorção e direto. CUSTEIO POR ABSORÇÃO Também chamado de “custeio integral”, é o método contábil que se caracteriza por incorporar ao produto todos os custos (diretos e indiretos). Os custos diretos (matéria-prima e mão de obra direta) são apropriados conforme as medições de consumo neles efetuadas. Já os custos 17 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS indiretos, também chamados de “gastos gerais de fabricação”, são apropriados por meio de rateios. 18 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃODE PREÇOS Nesse método, todos os custos indiretos da empresa são rateados aos produtos, de modo que suas margens são oneradas por custos e despesas inerentes a todo o processo produtivo. Normalmente, o rateio leva em conta o número de unidades produzidas de cada item ou o custo da mão de obra direta sobre cada produto. Para apurar os custos por meio desse método: ELABORAR uma planilha de custos para cada artigo fabricado; DETERMINAR a quantidade de materiais diretos utilizados na fabricação de uma unidade do produto; 19 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS DETERMINAR a quantidade (número de horas) de mão de obra direta para fabricar uma unidade do produto; DETERMINAR o preço dos itens mencionados no segundo e no terceiro passo, ou seja, materiais diretos e mão de obra direta; PREPARAR uma planilha dos custos indiretos. Isto é, os custos que não podem ser diretamente apropriados ao produto e definir o critério a ser utilizado no rateio entre os produtos fabricados. 20 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Os custos indiretos (salários de supervisores, aluguel do galpão, manutenção, depreciação de máquinas, energia elétrica da fábrica etc.) podem ser rateados entre os produtos por diversos critérios, sendo os mais utilizados: 21 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CUSTEIO DIRETO Também conhecido como “custeio variável”, caracteriza-se pelo fato de que os custos fixos não são apropriados aos produtos. Aos produtos cabem apenas os elementos variáveis. É um método utilizado para fins gerenciais, uma vez que não é aceito pelo fisco. Por meio desse método, obtém-se a margem de contribuição de cada produto, além do ponto de equilíbrio operacional. 22 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Sem o rateio, é possível identificar os produtos mais ou menos lucrativos. Exemplo: por que alocar ao preço de um produto o aluguel da fábrica ou o honorário do eletricista contratado? Se isso for feito, os preços tendem a subir e comprometer a competitividade. Para utilizar o custeio direto: ELABORAR uma planilha de custos para cada artigo fabricado; DETERMINAR a quantidade de materiais diretos utilizados na fabricação de uma unidade do produto; DETERMINAR a quantidade (número de horas) de mão de obra direta para fabricar uma unidade do produto; 23 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS DETERMINAR o preço dos itens mencionados no segundo e no terceiro passo, ou seja, materiais diretos e mão de obra direta. A definição de um método de custeio deve ser analisada caso a caso. Os fatores que poderão influenciar na escolha são o tamanho da empresa, o grau de informatização, a quantidade de produtos, a legislação e o segmento de atuação (comércio, indústria ou serviços). No quadro, a seguir, podemos comparar os dois métodos (custeio por absorção e custeio direto) na apuração do preço de custo do Produto X: 24 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES A determinação dos custos das mercadorias, das matérias-primas e dos materiais pode ser permanente ou periódica. Na primeira, a movimentação física (entradas, modificações e saídas) é acompanhada pela escrituração contábil. CUSTEIO POR ABSORÇÃO R$/UNIDADE CUSTEIO DIRETO R$/UNIDADE Matéria-prima 10,00 Matéria-prima 10,00 Mão de obra direta 4,50 Mão de obra direta 4,50 Aluguel do galpão 0,20 - - Supervisores 0,20 - - Energia do galpão 0,10 - - Preço de custo 15,07 Preço de custo 14,50 25 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Na forma periódica, mediante o levantamento do inventário e pela aplicação da seguinte fórmula: CMV = estoque inicial + compras - estoque final. Para avaliar as entradas das mercadorias, matérias-primas ou materiais, deve-se levar em conta o preço de aquisição mais as adições (fretes, impostos) menos as subtrações (descontos, créditos de impostos). 26 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Quando as mercadorias ou as matérias-primas saem do estoque para a venda ou para a linha de produção, há de se definir qual o valor a ser considerado, uma vez que os preços de aquisição são diferentes. Entre os métodos de avaliação de estoque, vamos destacar: preço médio ponderado e PEPS/Fifo (Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai). O preço médio ponderado é assim chamado por ser mantido por empresa com controle permanente de seus estoques e que, desta forma, atualiza o preço médio após cada aquisição. Neste método, considera-se que o estoque inicial e as entradas do período são tratados como se fossem uma única aquisição. Quanto às saídas do período, estas são consideradas como se fossem uma única operação. 27 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS No PEPS/Fifo, há um pressuposto de que serão vendidas ou utilizadas as unidades mais antigas presentes no estoque. Neste critério, a saída das primeiras aquisições e o estoque final serão considerados pelo custo das compras mais recentes. MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS 28 PREÇO DE VENDA Um dos fatores de sucesso de uma empresa é a boa formação do preço de venda, pois é por intermédio dele que a empresa consegue alcançar seus objetivos. O grande desafio do empreendedor é ter para seus produtos um preço competitivo e que, ao mesmo tempo, gere resultado econômico. De outro lado, o cliente espera e exige bons produtos a preços justos e compatíveis com o mercado. O preço precisa cobrir todos os custos do produto, impostos, comissões etc. e ainda, ajudar a pagar as despesas fixas da empresa e sobrar dinheiro para investimentos e lucro. Tudo isso dentro de seu faturamento previsto. MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Definir uma política de preços é estratégico e ainda uma condição imperiosa para as empresas alcançarem seus lucros e crescimento em longo prazo, independentemente de seus portes e segmentos de atuação. 29 30 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS REGIMES TRIBUTÁRIOS E OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS 31 O empresário deverá optar pela forma de tributação mais adequada para a sua empresa. A escolha pressupõe o conhecimento dos regimes existentes – vantagens, desvantagens e impedimentos. O regime tributário adotado, qualquer que seja, impactará os custos dos produtos e serviços e, consequentemente, a formação do preço de venda. Além da obrigação principal de pagar o tributo, toda empresa é exigida a cumprir procedimentos e prestar informações aos fiscos (União, estados e municípios). Espera-se que, nesta parte do módulo 12, você desenvolva competências para conhecer as opções de regimes tributários existentes e se predisponha a se envolver na escolha do regime tributário mais adequado para a sua empresa e a de seus clientes. 32 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS A Constituição da República delegou a competência de tributar para os três entes da Federação: União, estados e municípios. São impostos e contribuições da União 🔷 Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR; 🔷 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 🔷 Imposto sobre Operações Financeiras – IOF; 🔷 Imposto de Importação – II; 🔷 Imposto Territorial Rural – ITR; 🔷 Imposto sobre Grandes Fortunas (autorizado pela Constituição, mas não 33 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS regulamentado pelo Congresso); 🔷 Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS; 🔷 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – Cofins; 🔷 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; 🔷 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – Cide; 🔷 Contribuição para a Seguridade Social (Previdência Social). 34 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS São impostos dos estados e do Distrito Federal: 🔷 Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações – ICMS; 🔷Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA; 🔷 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Qualquer Bem ou Direito – ICD. 🔷 e eles estejam em conformidade com a lei. 35 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS São impostos de competência municipal: 🔷 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS; 🔷 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU; 🔷 Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI. Cada imposto ou contribuição possui um fato gerador específico para sua cobrança, definido na legislação tributária. Os que afetam diretamente a atividade empresarial são os impostos ou contribuições cujo fato gerador é a venda de produtos ou mercadorias, a prestação de serviços ou o lucro auferido pelas empresas. 36 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS REGIMES TRIBUTÁRIOS Toda empresa, de qualquer segmento (comercial, industrial ou serviços), é contribuinte do Governo Federal. Caso não opte (ou não possa se enquadrar) pelo regime simplificado (Simples Nacional), deverá escolher entre os regimes do lucro real ou do lucro presumido para pagamento dos impostos e contribuições federais. Os estados e os municípios não mais possuem seus próprios regimes simplificados. Para os estados, as empresas dos segmentos comercial e industrial encaixam-se no Simples Nacional ou são enquadradas nos regimes de apuração normal (débito e crédito). Nos municípios, as empresas de prestação de serviços em geral aderem ao Simples Nacional ou aos regimes normais de apuração de cada cidade. 37 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Em resumo, os regimes tributários adotados pelos entes da federação: O lucro real é apurado a partir do lucro efetivo da pessoa jurídica. Ou seja, do resultado das receitas, ganhos e rendimentos auferidos, deduzidos dos custos, das despesas e das perdas, demonstrados por meio da escrita contábil. É um regime obrigado, atualmente, para empresas com receita bruta anual a partir de R$ 78.000.000,00. UNIÃO LUCRO REAL LUCRO PRESUMIDO SIMPLES NACIONAL Estados Regime normal Simples Nacional Municípios Regime normal Simples Nacional 38 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Os percentuais do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido – CSLL, em geral, são de 15% e 9%, respectivamente, sobre o lucro. Nesse regime, em particular, é permitida a utilização de créditos para o recolhimento das contribuições (PIS e Cofins). A expressão “lucro presumido” representa uma modalidade de apuração simplificada do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das empresas. É limitado, atualmente, para empresas de receita bruta até R$ 78.000.000,00 por ano. As alíquotas são aplicadas sobre um lucro que se presume e que constitui a base de cálculo desses tributos. Por exemplo, para as atividades de serviços, de um modo geral, a presunção é de um lucro de 32% sobre a receita bruta e uma alíquota de IRPJ de 15%. Logo, calcular 15% de 32% significa um percentual de 4,80% sobre 39 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS a receita bruta. A alíquota da CSLL é de 9%, o que significa um percentual de 2,88% para as empresas de serviços (9% de 32%). A opção do lucro presumido é vantajosa para as empresas de serviços cujo lucro é superior a 32% da receita bruta. Quando o percentual de lucro é inferior a 32%, é mais interessante a opção do pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro líquido com base na opção pelo lucro real. 40 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Quem opta pelo regime de lucro presumido, independentemente do segmento (comércio, indústria ou serviços), recolhe atualmente 0,65% de PIS e 3% de Cofins sobre a receita ou o faturamento. De outro modo, quem escolhe o regime de lucro real recolhe 1,65% de PIS e 7,60% de Cofins sobre a receita ou o faturamento, sendo neste regime permitida a utilização de créditos para o PIS e para a Cofins. O quadro a seguir demonstra, de maneira resumida, as diferenças entre os dois regimes: MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS 41 TRIBUTO LUCRO REAL LUCRO PRESUMIDO Imposto de Renda (IRPJ) 15,00% sobre o lucro líquido (total das receitas - total das despesas dedutíveis) 15,00% sobre o lucro presumido: - 8,00% para indústria e/ ou comércio; - 16,00% para transportes; - 32,00% para serviços. PIS 1,65% sobre o faturamento total (não cumulativo) 0,65% sobre o faturamento total Cofins 7,60% sobre o faturamento total (não cumulativo) 3,00% sobre o faturamento total Contribuição Social (CSLL) 9,00% sobre o lucro líquido (total das receitas - total das despesas dedutíveis) 1,08% sobre o faturamento do comércio e da indústria 2,88% sobre o faturamento da prestadora de serviços (regra geral) Imposto de Renda adicional 10,00% sobre a diferença quando o lucro líquido ultrapassar R$ 60 mil no trimestre 10,00% sobre a diferença quando o lucro presumido ultrapassar R$ 60 mil no trimestre 42 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS SIMPLES NACIONAL O Simples Nacional é um regime único de recolhimento de impostos instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, que abrange os tributos e contribuições no âmbito federal, estadual e municipal. Compreende: 🔷 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ; 🔷 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 🔷 Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS; 🔷 Contribuição para Financiamento de Seguridade Social – Cofins; 🔷 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; 43 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS 🔷 Contribuição para a Seguridade Social (Previdência Social empresa); 🔷 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; 🔷 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. 44 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS O cálculo para recolhimento dos impostos e contribuições do regime Simples Nacional deve ser feito mediante aplicação das alíquotas das tabelas (ou anexos) constantes na lei e de cálculos complementares para obtenção da alíquota efetiva a ser aplicada sobre a receita mensal. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS A obrigação acessória decorrente da legislação tributária significa o atendimento às exigências estipuladas, no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, que não significa a obrigação principal, que é o pagamento do tributo. 45 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS São informadas e publicadas em decretos, portarias e instruções normativas dos fiscos. O não cumprimento acarreta a aplicação de multas regulamentares. São exemplos de algumas obrigações acessórias: 46 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS APURAÇÃO DOS CUSTOS 47 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Como visto na primeira parte, os custos são os gastos relativos a bens e serviços consumidos na comercialização ou na prestação de um serviço. Representam o valor monetário de recursos utilizados diretamente na obtenção de uma mercadoria, produto ou serviço. Conhecer com precisão o custo da mercadoria, do produto e do serviço prestado é a base para a execução de uma boa política comercial, ao mesmo tempo em que é condição essencial para a formação do preço de venda e para o cálculo da margem de contribuição. Espera-se que, nesta parte 3 do módulo, você desenvolva competências para compreender a importância da apuração dos custos, busque se envolver na apuração dos custos – de sua empresa e dos seus clientes – e calcule os custos das mercadorias, dos produtos e dos serviços prestados.determinadas empresas 48 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS atuam. Assim, tem-se como principais componentes da contabilidade ambiental: 49 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CUSTOS DAS MERCADORIAS O custo da mercadoria deve ser calculado no momento da venda para o cliente. Enquantonão houver essa venda, a mercadoria estará no estoque da empresa. Portanto, é um bem que é fruto de um investimento no ativo. O preço de compra nem sempre é igual ao preço de custo. Sobre o preço de compra recaem as adições e subtrações da legislação tributária. Dessa maneira, o custo de uma mercadoria em uma empresa comercial optante pelo regime normal do ICMS é encontrado pela seguinte fórmula: 50 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Retira-se do preço de compra o valor do ICMS porque ele será deduzido do valor que a empresa terá de pagar ao estado, quando da venda da mercadoria. Por outro lado, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI é adicionado ao custo das mercadorias das empresas comerciais pelo fato delas não poderem destacar esse imposto na venda para seus clientes. O percentual do IPI varia de produto para produto, de acordo com a legislação federal. 51 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Do mesmo modo da mercadoria, o frete (quando de fora do estado) também gera crédito para a empresa nos mesmos percentuais da mercadoria adquirida. Quando a empresa comercial é optante do Simples Nacional, não tem direito ao crédito do ICMS e do frete. Se comprar a mercadoria fora do estado, recolherá um percentual a título de diferença de alíquota de ICMS. Portanto, aplica-se a seguinte fórmula: 52 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Se a empresa comercializa produtos sujeitos ao regime de substituição tributária, o ICMS é recolhido no momento da compra e desonerado na saída (venda). Logo, o custo da mercadoria é encontrado na fórmula seguinte: O cálculo do ICMS ST (Substituição Tributária) é: preço de compra + valor do IPI adicionado do percentual de valor agregado (definido em norma legal) vezes o percentual de ICMS na venda e menos o ICMS da compra. CUSTOS DOS PRODUTOS Para os produtos industriais, devemos, respeitando-se a legislação fiscal, escolher um método de custeio. 53 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS De modo geral, a maioria dos sistemas de custos é trabalhosa. Tais sistemas impossibilitam que a maioria das empresas de pequeno porte tenha condições de fazer uma apuração e um controle permanente dos seus custos. No entanto, a empresa não pode desprezar esse valioso instrumento gerencial para a tomada de decisões. Utilizando o método de custeio por absorção, aceito contabilmente, vamos detalhar cada um dos passos para a apuração do custo de um produto. 54 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Passo 1: custos de materiais diretos Os materiais diretos constituem-se das matérias-primas, embalagens entre outros utilizados no processo de fabricação de um produto. Integram o custo de aquisição desses materiais os gastos com transporte, seguros, armazenagem, impostos de importação e gastos alfandegários, impostos não recuperáveis etc. 55 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Vale ressaltar, no entanto, que o IPI incidente sobre o produto, de forma geral, não constitui um item de custo, visto que é um imposto por fora do preço e é repassado, também, por fora do preço para o cliente. Exemplo: a Malharia Alfa adquiriu, na Bahia, 500 kg de malha viscose ao preço à vista de R$ 19,80 por kg. Pagou frete à Transportadora Leva Rápido no valor de R$ 250,00. ICMS na compra = 12,00%. IPI e descontos comerciais não foram destacados na nota fiscal. Apuração do custo do produto - custo de materiais diretos 56 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Passo 2: custos da mão de obra direta São os custos com salários e encargos sociais relativos ao pessoal diretamente empregado na fabricação do produto. Podem ser obtidos por ELEMENTOS DE CUSTO NA COMPRA R$ Valor total da mercadoria (dados na nota fiscal) 9.900,00 Fretes pagos 250,00 ICMS (valor destacado na nota fiscal) 1.188,00 ICMS (recuperado no frete) 30,00 Custo total dos materiais 8.932,00 Quantidade de material (kg) 500,00 Custo unitário (kg) 17,86 57 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS meio do seguinte cálculo: A título de exemplo, podemos calcular o custo da mão de obra direta da Malharia Alfa: Salários dos empregados diretos R$ 6.220,00 Encargos sociais decorrentes dos salários R$ 3.732,00 Quantidade de empregados 10 funcionários Número de horas disponíveis no mês 220 horas 58 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Observações: Os encargos sociais poderão apresentar custos diferentes entre as empresas, em função de diversos fatores: 🔷direitos garantidos em convenções coletivas; 🔷 benefícios sociais; 🔷 rotatividade de pessoal etc. Por causa dessas variações, cada empresa deverá apurar seus encargos sociais. No caso das empresas que aderiram ao Simples Nacional por não recolherem o INSS patronal, o impacto dos encargos nos custos de pessoal será menor. 59 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Passo 3: rateio dos custos indiretos (gastos gerais de fabricação) Trata-se da apropriação a cada unidade do produto dos custos indiretos, aqueles que não são empregados diretamente na produção do item ou não podem ser rateados facilmente para cada unidade, tais como energia elétrica da fábrica, salário dos supervisores etc. 60 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS A título de exemplo, vamos ratear os gastos gerais de fabricação da Malharia Alfa, descritos abaixo, com dois critérios: I – quantidade de mão de obra direta empregada; II – volume produzido de cada item: Aluguel do galpão 3.500,00 Seguro da fábrica 1.700,00 Energia elétrica da fábrica 2.500,00 Salários e encargos dos supervisores 5.000,00 TOTAL 12.700,00 61 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Critério I – quantidade de mão de obra direta empregada A fábrica da Malharia Alfa está dividida do seguinte modo: a linha de produção do lençol A, com 5 funcionários produzindo 4.500 unidades, e a linha de produção do lençol B, com 3 funcionários produzindo 1.500 unidades. Considerando a utilização de mão de obra direta na fabricação dos produtos, os gastos gerais poderiam ser assim rateados: Total: 8 funcionários = 100,00% Lençol A: 5 funcionários = 62,50% x R$ 12.700,00 = R$ 7.937,50 ÷ 4.500 = R$ 1,76/unidade Lençol B: 3 funcionários = 37,50% x R$ 12.700,00 = R$ 4.762,50 ÷ 1.500 = R$ 3,18/unidade 62 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Por privilegiar a quantidade de mão de obra direta empregada na fabricação de cada item, o critério de rateio é o mais adequado para empresas com produtos variados e diferentes graus de dificuldade de produção. Critério II – volume produzido de cada item Sabendo que a Malharia Alfa produz mensalmente 4.500 unidades do lençol A e 1.500 unidades do lençol B, os gastos gerais de fabricação seriam assim rateados: Total fábrica: 6.000 unidades = 100,0% Lençol A: 4.500 unidades = 75,00% x R$ 12.700,00 = R$ 9.525,00 ÷ 4.500 = R$ 2,12/unidade 63 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Lençol B: 1.500 unidades = 25,00% x R$ 12.700,00 = R$ 3.175,00 ÷ 1.500 = R$ 2,12/unidade Esse critério rateia os custos igualmente para cada unidade produzida, por isso é mais apropriado para empresas que fabricam produtos similares, com o mesmo grau de dificuldade de produção. Passo 4: apuração do custo de produção Após determinarmos e quantificarmos os custos diretos (mão de obra e materiais), apurarmos e ratearmos os gastos gerais de fabricação dos diversos produtos, é necessário consolidar essas informações em uma planilha para obter o custo unitário de produção de cada 64 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS item. A seguir, temos um exemplo dos dados consolidados para a apuração do custo unitário: UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA Item Unidade Qtd. Preço unit. (R$) Total (R$) Malha kg 0,60 17,86 10,72 Elástico Metro 6,00 0,25 1,50 Embalagem Unidade 12,00 0,25 3,00 Etiquetas Unidade 12,00 0,05 0,60 Linha/fio Estimado - - 0,40 A) Custo de Matéria-prima/Unidade 16,22 65 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS UTILIZAÇÃODE MÃO DE OBRA DIRETA Função Qtd. horas Valor/hora (R$) Total (R$) Corte 0,20 4,80 0,96 Costura 0,30 5,50 1,65 Acabamento 0,20 4,20 0,84 B) Custo de Mão de Obra Direta/Unidade 3,45 TOTAL DO CUSTO DIRETO (A + B) 19,67 C) Gastos Gerais de Fabricação/Unidade 2,12 CUSTO UNITÁRIO DE PRODUÇÃO (A + B + C) 21,79 66 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CUSTOS DOS SERVIÇOS Os custos de um serviço são os valores gastos especificamente na realização daquele serviço. São os gastos com a mão de obra utilizada e o material (peças, materiais, componentes) aplicado diretamente no serviço. No segmento de serviços, as dificuldades são maiores em relação à apuração do custo da mercadoria, porque a cada atividade impõe-se a necessidade do conhecimento específico da operação. A mão de obra efetivamente utilizada em cada serviço é fundamental no cálculo. Para o cálculo da mão de obra, deve-se apurar o valor do custo da hora, que é representado na seguinte fórmula: 67 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Exemplo: imagine uma folha mensal de pessoal técnico de R$ 4.800,00 e os encargos sociais calculados na ordem de 60,00% da folha. A empresa possui seis pessoas atuando na atividade de prestação de serviço e o total de horas disponíveis no mês é 220. É correto afirmar que o custo da hora, nesse exemplo, corresponde a R$ 5,82. O custo do material é o valor de compra do bem (com as adições tributárias e comerciais), aplicado ao consumo (quantidade) efetivo do material no serviço. 68 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Exemplo: uma oficina mecânica vai aplicar 2,0 litros de tinta e 10 lixas na realização do serviço de pintura de um veículo. Sabe-se que o galão de tinta (5 litros) corresponde a R$ 85,00 e a unidade da lixa custa R$ 0,70. Podemos afirmar que o custo unitário deste serviço, referente ao material utilizado, corresponde a R$ 41,00 (R$ 34,00 de tinta e R$ 7,00 de lixa). 69 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA 70 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Sabemos que os preços de venda sofrem influência de diversos aspectos: características do segmento, perfil dos clientes, localização, qualidade e garantia dos produtos e serviços, marca da empresa, relacionamento com os consumidores e estrutura de funcionamento da empresa (seus custos e suas despesas). Portanto, a determinação do preço de venda é uma tarefa complexa, que envolve elementos externos e internos da empresa. 71 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Os aspectos externos são de difícil mensuração e não dependem necessariamente da ação da empresa. Todavia, os fatores internos são possíveis de apurar e são utilizados para a formação dos preços de venda. Vocês conhecerão, nesta parte, o método do markup para a determinação do preço de venda dos produtos e serviços. MARKUP O markup é um termo usado em economia para indicar quanto do preço de venda de um bem está acima dos custos. No mundo empresarial, é também chamado de “taxa de marcação”. É um multiplicador aplicado sobre o custo de um produto ou de um serviço para determinação do preço de venda. 72 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Esse multiplicador é obtido por meio de uma fórmula que utiliza os percentuais dos impostos, das despesas variáveis, das despesas fixas e da margem de lucro desejada, todos calculados sobre o preço de venda. Aplica-se um multiplicador de tal forma que os demais elementos formadores do preço de venda sejam adicionados ao custo da mercadoria ou do serviço. 73 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Para tanto, é necessário utilizar algumas bases percentuais. Todos os custos e as despesas em relação ao preço de venda deverão ser computados, além da margem de lucro desejada. É necessário manter as informações da empresa organizadas para a obtenção de números precisos. 74 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA A fórmula para calcular o preço de venda é a seguinte: O resultado da operação (100% - o somatório dos percentuais) no denominador chama-se markup. Fazem parte do markup: 75 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS % Impostos – quanto, percentualmente, os impostos sobre as vendas representam para a empresa. Exemplo: 18,00% de ICMS + 0,65% de PIS + 3,00% de Cofins + 1,20% de IRPJ + 1,08% de CSLL = 23,93%. % despesas variáveis – quanto, percentualmente, as despesas variáveis correspondem das vendas. São exemplos de despesas variáveis: comissões de vendedores, taxa de administração de cartões de crédito, inadimplência etc. % despesas fixas – quanto, percentualmente, o total das despesas fixas da empresa representa sobre o volume de vendas. Somar os gastos com pessoal, aluguel, contador, luz, água e telefone, por exemplo, e dividir pelo total das vendas. % margem de lucro desejada – quanto, 76 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS percentualmente, os investidores desejam obter de lucro sobre as vendas. Exemplo: O custo unitário de um produto é R$ 12,00. A alíquota do Simples Nacional é 8,00%, a empresa paga 5,00% de comissão sobre as vendas, as despesas fixas representam 30,00% das vendas e os sócios pretendem alcançar 15,00% de lucro. 77 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Vendendo a unidade do produto por R$ 28,57, a empresa alcançará 15,00% de lucro: Para calcular, de forma direta, o preço de venda dos produtos, basta dividir 1 por 42,00% (markup) e multiplicar o preço de custo. Nesse caso, R$ 12,00 x 2,38. 78 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Chama-se também de markup divisor o percentual de 42,00% e de markup multiplicador o índice de 2,38. Para produtos novos (sem similar ou concorrência), é possível determinar o preço de venda com base nos custos, nas despesas e na margem de lucro desejada. Quando não, deve-se comparar o preço sugerido pelo método com o preço do mercado e rever os percentuais, caso o preço de venda sugerido esteja fora (acima) do mercado. Devem ser revistos: > o regime tributário utilizado; > as despesas variáveis; > a estrutura de despesas fixas da 79 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS empresa; > a margem de lucro desejada. 80 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS PREÇO DE VENDA DEFINIDO PELO MERCADO 81 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Conhecemos na parte anterior um método para determinar o preço de venda, considerando o custo da mercadoria ou do serviço, as despesas variáveis, as despesas fixas e a margem de lucro pretendida. Todavia, a globalização, a concorrência, os direitos dos consumidores, o acesso à informação e a conscientização das pessoas têm levado cada vez mais à impossibilidade, por parte das empresas, de colocação dos produtos e serviços no mercado pelo preço desejado. Ou seja, determinar os preços de venda está cada vez mais difícil. É necessário, para a sobrevivência do negócio, praticar preços equivalentes ao mercado e ainda oferecer outros diferenciais em relação à concorrência. 82 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Portanto, apresentaremos instrumentos importantes para a prática dos preços de venda, levando em conta a força do mercado. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Podemos definir a Margem de Contribuição como o valor ou o percentual que sobra das vendas, retirando os custos e as despesas variáveis. 83 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS “Margem” porque é a diferença entre o valor da venda e os valores dos custos e despesas variáveis e “contribuição” porque significa quanto o valor das vendas contribui para o pagamento das despesas fixas e para gerar lucro. É a partir da margem de contribuição que a empresa identifica, no portfólio de produtos e serviços, aqueles que devem ser preservados, ajustados e eliminados. Assim, esse cálculo auxilia a empresa a decidir quais mercadorias ou serviços merecem mais esforço de vendas e qual será o preço mínimo para promoções. Podeser utilizado, também, para avaliar alternativas de reduzir preços e aumentar o volume de vendas. Por fim, é utilizado para determinação do ponto de equilíbrio da empresa. 84 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Cada produto ou serviço vendido contribui com um valor para as despesas fixas e para a geração de lucro. Exemplo: o preço de venda de um produto praticado pelo mercado é R$ 24,00. O custo desse produto é R$ 15,00. Para vender esse produto, a empresa paga 3% de comissão ao vendedor e os impostos que incidem na venda representam 19,28%. Logo, a margem de contribuição desse produto é R$ 3,65. Ou seja, para cada unidade vendida, a contribuição para as despesas fixas e a geração de lucro é R$ 3,65 ou 15% do preço de venda (R$ 3,65 dividido por R$ 24,00). Margem de contribuição = R$ 24,00 - (R$ 15,00 + R$ 0,72 + R$ 4,63) Margem de contribuição = R$ 3,65 (15,00%) 85 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Para cada unidade vendida dessa mercadoria, ficaram R$ 3,65 para cobrir as despesas fixas e gerar lucro. Quando existem vários produtos ou serviços com margens diferentes, o correto é estabelecer o peso de cada um nas vendas totais e encontrar a margem de contribuição média ponderada. Para isso, é necessário calcular a margem de contribuição individual, além de aplicar o peso de cada um em relação às vendas (faturamento total). Exemplo: 86 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS As Nesse caso, a margem de contribuição média é de 26% e será utilizada para calcular o ponto de equilíbrio operacional da empresa, por meio do demonstrativo de resultado. PRODUTO A PRODUTO B Valor das vendas 20,00 100% 30,00 100% Custo da mercadoria 10,00 50% 21,00 70% Despesas variáveis 2,00 10% 3,00 10% Margem de contribuição 8,00 40% 6,00 20% Participação nas vendas 30% 70% Margem ponderada 12% 14% Margem de contribuição média 26% 87 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS PONTO DE EQUILÍBRIO Quanto eu preciso vender para pagar minhas contas? Essa pergunta é comum de se ouvir no mundo dos empresários. O que as pessoas estão querendo saber, na verdade, é o ponto de equilíbrio da empresa, ou seja, quanto precisa vender para pagar todos os compromissos (custos e despesas – fixas e variáveis). O ponto de equilíbrio indica o volume de vendas que se iguala aos custos e às despesas totais, ou seja, o mesmo que lucro zero. 88 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS O cálculo do ponto de equilíbrio se faz aplicando a técnica de equação por porcentagem de margem, no qual constituem fatores básicos o montante das despesas fixas e a porcentagem da margem de contribuição dos produtos ou serviços. Ao dividir o valor das despesas fixas mensais pelo percentual da margem de contribuição média, obtém-se o valor do faturamento onde não haverá lucro nem prejuízo. Exemplo: um produto cujo preço de venda é R$ 45; o custo variável unitário é R$ 35; a margem de contribuição é 22,22% e as despesas fixas mensais da empresa somam R$ 12.000,00. Nesse caso, o ponto de equilíbrio é R$ 54.005,00, obtido pela aplicação da fórmula: 89 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Ponto de equilíbrio = R$ 12.000,00 / 22,22%. O ponto de equilíbrio é obtido, também, em número de unidades de venda. Quantas unidades de um produto ou de um serviço é preciso vender? Para isso, basta dividir o ponto de equilíbrio em reais pelo preço de venda praticado. Seguindo o mesmo exemplo, teremos: R$ 54.005,00 / 45,00 = 1.200 unidades. Ou seja, faz-se necessário comercializar 1.200 unidades desse período no mês para não causar prejuízo. Ou ainda, dividir as despesas fixas pela margem de contribuição unitária, alcançando o mesmo resultado: R$ 12.000,00 / R$ 10,00 = 1.200 unidades. 90 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS ENCERRAMENTO 91 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Aprendemos aqui sobre os instrumentos para a apuração dos custos dos produtos e serviços e para a formação do preço de venda, estimulando a análise dos números encontrados e suas repercussões no negócio da empresa. O ponto de partida desta jornada foram os conceitos iniciais de gastos - especialmente os custos e as despesas, os métodos de custeio para os produtos e a avaliação dos estoques. Foram vistos, em seguida, os aspectos tributários, a apuração dos custos e o modelo de markup. 92 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS Concluindo, foram vistos os conceitos e suas respectivas aplicações de margem de contribuição e do ponto de equilíbrio, no contexto do preço de venda Desejamos sucesso em sua jornada como consultor! 93 MÓDULO 12 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS _gjdgxs
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