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FUNDAMENTOS E PRÁTICA NO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: //shre.ink/1pE4 Os primórdios da educação física escolar são vinculados às práticas corporais realizadas nas escolas europeias no final do século XVIII. Enquanto disciplina pedagógica e cientifica ela surge de necessidades concretas destas sociedades. Cabe lembrar, que, nesse momento histórico, no contexto do continente europeu, desenvolviam-se os estados nacionais e a burguesia como classe social dominante, decorrente da Revolução Francesa e Revolução Industrial. Portanto, os primórdios da educação física na escola foram caracterizados por ideias nacionalistas, baseada em valores que buscavam fortalecer a ideia defesa dos estados nacionais; tinham ainda caráter higienista, voltando-se para à disciplina, limpeza e organização social e, consequentemente, à saúde das pessoas e comunidades (COLETIVO DE AUTORES, 2009). No final do século XIX, no Brasi, atividades ligadas ao esforço físico no âmbito da formação educacional era recebida com forte resistência, visto que, o trabalho corporal era associado aos escravos negros. Assim, apesar do apoio do governo imperial e de setores da elite intelectual, havia forte resistência da aristocracia brasileira em relação ao ensino da educação física. No entanto, em 1851, a Reforma Couto Ferraz tornou obrigatória a educação física nas escolas do município da Corte (SIMÕES et al, 2010). A educação física nesse período, além de possuir uma perspectiva higienista, de manutenção da saúde e de corpos fortes, suportava também influência do pensamento eugenista, de “pureza da raça branca”, orientado especialmente para a esterilização de deficientes, a realização de exames pré- nupciais e a proibição de casamentos consanguíneos e da “mistura” entre brancos e negros (BRASIL, 1997). Geralmente, os professores que desenvolviam as aulas de ginástica nas escolas eram militares, que traziam para o contexto escolar a disciplina e o respeito à hierarquia contidos nessa instituição. A primeira escola civil de formação de professores de educação física foi criada em 1939 (COLETIVO DE AUTORES, 2009). 1.1 Objeto de estudo da Educação Física – EF Existem três perspectivas que tomamos como objetos de estudo da EF: movimento humano; cultura corporal de movimento; cultura corporal. Foi elaborado por Sérgio (1987), a noção de disciplina científica da EF como Ciência da Motricidade Humana, indicando o movimento humano como objeto de estudo desta ciência, o autor confirma que a ciência das habilidades motoras apresenta um lugar entre as ciências do homem, tendo como objeto de estudo uma região da realidade bem específica: o movimento humano. Ao pensarmos que a EF traz como objeto o movimento humano, percebemos que ela estuda o corpo, ou até mesmo partes dele, que se deslocam no espaço (KUNZ, 1991). Entende-se, assim, que para estudar algum esporte, por exemplo, os gestos motores (movimentos do corpo) precisam ser isoladamente identificados e analisados, pois se privilegia aquilo que se movimenta no espaço, além de estimular dualidade mente e corpo. Na escola as crianças necessitam se adaptar as normas e regras ditadas pelo professor e/ou treinador. Está presente o caráter anti-dialético na medida em que não se tem um sujeito (ser humano) que interage com a realidade, que a transforma e é transformado, mas um corpo (ou parte dele) que se mexe. Exemplo: Baseado neste mesmo exemplo, “se pensarmos nos sentidos, representações e historicidade das diferentes práticas corporais envolvidas, podemos entender que são culturas seculares e que, para serem compreendidas, não podem ser reduzidas a análises biomecânicas e/ou fisiológicas” (FILIPPINI, 2010). Essa divisão (fragmentação em partes) mesmo que “juntado” não representa o todo, mas uma ideia de encaixar as partes que foram isoladas, como preconiza a perspectiva positivista de totalidade. A vinculação forçada de um espírito e de um corpo, resultaria na totalidade “Homem”, é uma visão positivista de totalidade, pois a explica como soma das partes. Esse princípio também é responsável pela ideia corriqueira na sala de aula de que é preciso estar atento às três entidades contidas no corpo dos nossos alunos: a afetiva, a cognitiva e a motora, pois, procedendo desse modo, estar-se-á abordando o Ao analisar um movimento de chute da capoeira na perspectiva do movimento humano, o gesto motor e a performance podem ser comparados, em mesmo nível, com o chute no jogo de futebol, como se o gesto da perna em ambas manifestações pudessem ser isolado do corpo ao qual pertence, como se o corpo pudesse ser isolado do ser humano que age e o ser humano pudesse ser isolado da história e da cultura em que está inserido. como totalidade e, portanto, dando conta de uma educação integral (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). Essa fragmentação pode ser também identificada quando pensamos na historicidade das manifestações que compõem o objeto de estudo da EF, onde na preparação do movimento humano o tempo é considerado somente um sistema de medições utilizado para sequenciar eventos e comparar suas durações. Sobre a conexão positivista dessa perspectiva, Bracht (2007), afirma que seus defensores “permitem ver o objeto não como uma construção social e histórica, mas como um elemento natural e universal, deste modo, não histórico, neutro política e ideologicamente, propriedades que marcam, também, a concepção de ciência onde irão sustentar suas propostas”. Manifestando-se sua característica histórica, porque para compreender o fenômeno enfatiza a categoria espaço (situando-o em seu meio ambiente, o cenário, o lugar e o contexto geográfico), e as categorias tempo (duração da existência das formações materiais e a relação de cada uma delas com as formações anteriores e posteriores) e historicidade (origem, evolução, transformação) são secundarizadas para explicar os fenômenos. Como oposição a esta perspectiva, surgem aquelas culturas corporais e cultura corporal de movimento que irão defender a existência de um corpo/ser humano que produz cultura, ou seja, que trata de uma especificidade da cultura referente ao corpo que quando se movimenta se reveste de significações e sentidos. Com certeza não basta tratar o movimento do corpo ou do ser humano como algo que produz cultura para ser considerada uma perspectiva progressista, pelo contrário, o recorte de classe está presente também na produção cultural. A naturalização do objeto da EF, por outro lado, seja alocando- o no plano do biológico ou do psicológico, retira dele o caráter histórico e com isso sua marca social. O significado da cultura corporal como objeto de estudo da EF, assume princípios científicos e filosóficos materialistas ondea atividade humana (e não o movimento) é o alicerce da produção dessa parte da cultura, suas manifestações são concebidas por meio de seus significados socialmente construídos e de seu sentido de momento histórico, embora isso não signifique “perder de vista os objetivos relacionados com a formação corporal, física, dos alunos, senão, recolocá-los no âmbito espaço-temporal da vida real de uma sociedade de classes” (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). A cultura do corpo parte da categoria do trabalho como atividade humana que produz suas condições objetivas e subjetivas de existência, aonde a cultura é produto da atividade do ser humano e das relações que estabelece com os demais. As manifestações culturais do corpo são, deste modo, sistematizações organizadas a partir desta atividade humana não material, pois seu produto é inseparável do ato de sua produção, em resposta a algumas condições historicamente estabelecidas cujos processos de transformações se materializam em uma sociedade dividida em classes, dotando estas manifestações de sentido objetivo em direção a determinadas necessidades de consolidação de um dado projeto histórico. Por exemplo, o significado predatório, competitivo e individualista da perspectiva hegemônica do esporte está sendo elaborado e desenvolvido hoje em um período da história da humanidade em que vivenciamos o sistema do capital como modo de produção da existência e que os seres humanos devem ser “disciplinados” para internalizar suas determinações de valorização do capital que, atualmente exacerba os valores competitivos e individualistas como medida de sobrevivência e de “sucesso”. Assim como a categoria atividade produz um conjunto de relações, conexões e determinações que se manifestam nas ações do ser humano. Esse agir humano não pode ser reduzido à percepção de linguagem, justamente porque na relação dialética entre sujeito e objeto não há primazia da subjetividade e das formas de comunicação sobre a atividade prática objetiva. A objetividade e a subjetividade estão unidas em resposta à algumas precisões existentes. Partindo destas necessidades, é que o ser humano se obrigou a atravessar um rio e a partir desta atividade prática evoluiu formas de fazê-lo que, posteriormente, foi sendo sistematizada em uma modalidade esportiva como a natação, um produto cultural não-material. Em outras palavras, o ser humano não nasceu saltando, arremessando ou jogando. Foram desenvolvidas essas atividades em certas épocas históricas específicas em respostas a necessidades humanas (TAFFAREL; ESCOBAR, 2009). Essas afirmações pretendem traçar uma crítica às tendências idealistas da EF que se revigoram juntamente com a necessidade de revitalizar o modo de produção do capital para manter-se como forma hegemônica de produção e reprodução da vida. A defesa da cultura do corpo é, portanto, a síntese científica e filosófica da EF que se opõe a esse projeto de sociedade que esgotou suas possibilidades de humanização. Há três fundamentais esferas no que diz respeito ao desenvolvimento de aprendizagens e competências, que são as dimensões: procedimental, conceitual e atitudinal. A dimensão procedimental refere-se a saber fazer, o que envolve a tomada de decisões e a habilidade de realizar algum gesto ou por exemplo participar de algum jogo ou esporte. A esfera conceitual tende a conhecer conceitos, significados, símbolos, processos históricos, menciona aos aprendizados intelectuais que giram em torno de determinado conteúdo. E, finalmente, a dimensão atitudinal diz respeito a ações, valores e normas unidas às relações humanas. Esses três elementos são sintetizados na educação física escolar em competências que os alunos precisam desenvolver, tais como: Entender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual; Criar e aplicar estratégias para a resolução de desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo; Refletir, criticamente, as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, até mesmo no contexto das atividades laborais; Detectar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas; Identificar as maneiras de produção dos preconceitos, entender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes; Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados impostos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam; Distinguir as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos; Desfrutar das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer e ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde; Conhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, sugerindo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário; Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, apreciando o trabalho coletivo e o protagonismo. Essas aptidões estão alinhadas com a ideia de desenvolvimento pleno dos indivíduos, presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e na Constituição Federal (BRASIL, 1988; 1996). As práticas corporais são conexas a uma ampla gama de elementos, que apontam ao desenvolvimento de aspectos afetivos, sociais, psicológicos, culturais e biológicos dos educandos, para o pleno exercício da vida, da cidadania e do trabalho. O professor de educação física na organização do planejamento dessas atividades no desenvolvimento de suas aulas, precisa levar em consideração também a orientação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto a quais atividades realizar em cada ano do ensino fundamental. O Quadro 1 que veremos a seguir, apresenta uma síntese da organização proposta por esse documento nos anos iniciais do ensino fundamental. Quadro 1 - Brincadeiras e jogos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental Fonte: Adaptado de Brasil (2017). Perceba que possui uma sequência lógica na organização desses conteúdos, que vão de atividades mais básicas para as mais complexas, como no caso dos esportes. Começam com esportes de marca e precisão, como as provas de atletismo, e logo após incluem esportes como futebol, basquetebol ou tênis, que determinam maior habilidade e maturidade tática. Logicamente deve-se iniciar as atividades que estão mais próximas dos alunos, para depois introduzir as mais distantes. Como as brincadeiras e jogos que estão descritos no Quadro 1, eles partem da ideia de conhecer e compartilhar aquelas atividades que estão presentes no contexto da comunidade onde a criança convive e na região onde se encontra (estado), visto que, a partir do 3º ano, amplie-se o espectro para atividades do Brasil e do mundo. A seguir no quadro 2, veremos a sequência das atividades que precisar ser trabalhadas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Quadro 2 - Atividades do 6º ao 9º ano do ensino fundamental Fonte: Adaptado de Brasil (2017). A BNCC recomenda para o ensino médio, que os conteúdos inseridos no ensino fundamental, sejam aprofundados. Atualmente, existem variedades de publicações nessas temáticas, que podem ser empregadas como embasamento para o trabalho na escola, pelos professores de EF. 2 COMPREENDENDO À EDUCAÇÃO FÍSICA No campo de Educação Física, especialmente na Educação Física Escolar, houve no Brasil um grande progresso nos últimos vinteanos. No início, era considerada uma área de atuação necessariamente prática, sem fundamentação teórica. Os cursos de graduação eram limitados a reproduzir técnicas de movimento quase sempre esportivas. Em seguida, passou a ter suporte teórico de referenciais originais e criativos provindos de várias áreas do conhecimento e de diferentes autores. Possuí o importante aporte dos conhecimentos das Ciências Humanas, fato que permitiu a discussão da Educação Física na Escola como uma área de conhecimento ancorada na cultura e produtora de cultura. Outro elemento importante dos últimos anos foi a formação de mestres e doutores na área, que possibilitou que os cursos de graduação em Educação Física ganhas sem densidade acadêmica e os profissionais egressos dessas instituições pudessem basear-se em abordagens ou teorias para atuarem nas escolas (RANGEL, 2006). 2.1 Esporte e lazer O esporte e o lazer, na condição de temas envolvidos com políticas públicas, são vistos como áreas distintas nas administrações públicas. São várias possibilidades de atuação e áreas de conhecimento, que podem e necessitam ser exploradas com o intuito de promover ações eficientes e atingir resultados favoráveis a toda a população (UNGHERI; ISAYAMA, 2019). Na área esportiva e do lazer, a gestão responde por uma demanda de organizações públicas e privadas que buscam um melhor desenvolvimento por meio da utilização de processos e modelos eficientes de gestão. Percebe-se, deste modo, que o profissional da educação física precisa ter um conhecimento básico de administração e gestão, visto que suas atribuições, especialmente se envolvido na organização de eventos de esporte e lazer, exigem aptidões e habilidades de gerenciamento. Várias propostas teóricas foram apresentadas durante todo o século XX, visando sistematizar o conjunto teórico referente à administração, que acabou sendo denominado Teoria Geral da Administração (TGA). Existe, de fato, uma trajetória linear da TGA, principiando pelos antecedentes históricos da administração, desde a antiguidade, passando pela Idade Média, até os dias atuais, estabelecendo-se como uma ciência moderna e focando no processo administrativo, cujas funções estão ilustradas abaixo na Figura 1. Figura 1 – Funções do processo administrativo Fonte: Adaptado de Farias (2013, p.20). As variáveis envolvidas no processo administrativo causaram, no decorrer do tempo, o desenvolvimento de correntes distintas, que distinguiram o progresso da TGA, contemplando os processos organizacionais das empresas sob uma logística interativa e interdependente. Essas variáveis abrangem as tarefas, a estrutura, as pessoas, o ambiente, a tecnologia e a competitividade (CHIAVENATO, 2020). Realmente, elas representam os principais objetos de estudo da administração. Sua manipulação é muito complexa e sistematizada, visto que elas são influenciáveis e influenciadas. Assim sendo, se uma variável for manipulada, automaticamente vai induzir mudanças em outras, em maior ou menor nível. A TGA tem um efeito cumulativo e gradual. O fato é que cada umas das teorias administrativas surgiram em resposta às demandas de seus períodos respectivos, mas sem ignorar o que havia sido construído em termos de teoria, até então. Dessa maneira, todas conseguiram à sua maneira, atender de forma satisfatória os conflitos que as circunscreviam, e algumas correntes atualmente são aplicáveis, demonstrando sua atemporalidade (CHIAVENATO, 2003; 2020). O educador esportivo que atua como gestor em modalidades esportivas e de lazer, além de possuir conhecimentos básicos de gestão, deve entender em que consiste um planejamento estratégico e saber como implantá-lo, para organizar e planejar projetos e programas conforme com as restrições do Governo (no âmbito das políticas públicas) ou da organização, mas respondendo tanto quanto possível, às necessidades da população (CASEY, 2011). A origem da palavra “lazer” vem do latim licere, que significa “lícito”. Refere-se algo que é permitido, além de em um sentido mais amplo, sugere liberdade. Contudo, ao refletir sobre o significado de lazer, fazemos automaticamente referência ao tempo livre, ou seja, fora do horário de trabalho. Geralmente, o objetivo principal do lazer, é a procura pela satisfação e prazer, além do descanso, entretenimento, socialização ou, até mesmo, do desejo de aprimorar quaisquer conhecimentos. Conforme sua evolução, o significado de lazer tem sido foco de muita atenção, considerando a grande tendência da sua prática como uma dimensão social da vida. O lazer nas diferentes culturas Devido à diversidade humana, observam-se formas desordenadas de sociedade no que diz respeito à cultura, levando em conta a origem e tendências. Em relação às inúmeras manifestações culturais, seja nas artes plásticas, no cinema, na música, na literatura ou no esporte, nem sempre os temas são acessíveis ou compreensíveis. Com base nesse pressuposto, é necessário no mínimo conhecer ou reconhecer o perfil da respectiva cultura antes de formar uma opinião (MELO, 2012). O lazer pode ser entendido de forma ampla como uma experiência prazerosa e uma prática despretensiosa. Nesse acontecimento, busca-se uma situação que traga satisfação. O tempo disponível também é um fator relevante, na decisão de se envolver por umas práticas contemplativas ou para nenhum outro propósito que não seja o entretenimento (MARCELLINO, 2013). Segundo Darido e Rangel (2019), um estudo realizado com professores de Educação Física de uma rede estadual e particular, foi abordado sobre a importância da inclusão de estudos a respeito do lazer na escola, foram relacionadas as seguintes opiniões e sugestões: debater com os alunos sobre as vivências pertinentes ao lazer, bem como as suas diversidades de raça, idade e características físicas; estimular as práticas de atividades físicas e esportes, de experiências fora da escola e que sejam relatadas ao professor pelos alunos; dar prioridade aos conteúdos próprios das aulas de Educação Física escolar, favorecendo as experiências prévias e potencializando melhores hábitos, nos momentos de lazer fora da escola; sugerir estudos e debates relacionado ao lazer físico, lazer no esporte e lazer conexo ao meio ambiente; enfatizar os elementos lúdicos, por intermédio de propostas referentes a temas culturais físicos e esportivos; Propõe-se uma formação mais crítica e autônoma dos alunos, sobre a cultura corporal, para que seja possível filtrarem as informações veiculadas pela mídia; Manifestar o quanto o lazer pode ser demonstrado e vivenciado pelas atitudes das pessoas e, não somente necessariamente por acesso a recursos de alto custo; impulsionar a solidariedade, o respeito e a inclusão em todas as vivências, sejam físicas ou no esporte; Mesmo que apresente respeito com o perfil do grupo que atende, o profissional que trabalha na área do lazer, precisa ser criterioso na oferta de opções de atividades físicas. Essas atividades necessitam garantir uma diversidade de opções de atividades físicas associadas, ainda que dentro de limites seguros. Refere-se a estimular a prática de atividades físicas alertando sobre a sua importância para a longevidade e a qualidade de vida (MELO, 2012). Esse profissional precisa contemplar a cultura artística no seu planejamento sob um aspecto amplo e dimensional. Essa atribuição diz respeito a uma prática educativa e de sensibilização do seu público, mediante uma proposta de múltiplas expressões, mas essencialmente oportunizando experiências novas. Quando o lazer se integra na vivência das pessoas, a verdadeira proposta não consiste somente em contribuir para o desenvolvimento do senso artístico delas, como através da formação de artistas plásticos, escritores, músicos, mas também em despertar a sensibilidadepara o prazer. Este pode ser percebido nas atividades que abrangem pintura, canto, tocar instrumentos musicais e escrita. Embora, as formas de diálogo com a história da arte são valorizadas na área profissional (MELO, 2012). O tempo livre relacionado ao lazer não deveria existir por estar associado ao trabalho, muito menos ser justificado por ele. O intuito do lazer deve estar diretamente relacionado ao prazer pelas atividades em si. Contudo, nada impede que todos encontrem seu próprio significado (MELO, 2012). Tanto as palestras quanto os cursos que fazem parte do entretenimento e, principalmente, das atividades de lazer, devem estar associados a interesses que não sejam de natureza profissional. São exemplos de interesses intelectuais: um médico que ama cinema e busca por informações a respeito desse tema; um engenheiro que admira ler sobre a história da música, na condição de hobby; um professor de matemática que está sempre atualizado sobre história da arte, por ir em exposições nos momentos livres. A pessoas mais idosas, possuem uma frequente busca por atividades de natureza intelectual. Depois da aposentadoria, a tendência é atingir o que não foi possível antes de se aposentar, devido às limitações do trabalho. Por isso, é muito comum encontrar em programas de lazer para idosos atividades como palestras e cursos. Em torno da cultura intelectual, há a mesma relatividade quanto à diferenciação com outras áreas de interesses culturais, cabendo ao profissional que atua nas horas vagas propor uma prática voltada para a socialização. Deve-se atentar para as expectativas específicas do grupo e para a centralização do objetivo principal que, neste caso, é o interesse intelectual (MELO, 2012). Lazer e práticas corporais Para entender como as práticas físicas corporais podem ser vistas como métodos de desenvolvimento do lazer, algumas considerações, precisam ser feitas. As atividades pertinentes ao lazer, apresentam consistemente dois parâmetros básicos: o prazer e a livre escolha. O prazer advindo das atividades de lazer está relacionado diretamente à escolha de quem as pratica, indicando um “sentir-se bem” na execução. As decisões não devem estar associadas a uma obrigação, ou seja, as práticas não devem depender da vontade de outras pessoas. Ressalta-se que a atividades de lazer não devem ser executadas em horários que coincidam com às atividades de caráter “formal” ou “obrigatória”, como o trabalho (ALVES, 2014; MARCELLINO, 2000). Analisando o livre arbítrio do lazer, ou a livre escolha, os ambientes artísticos, intelectuais, físicos, manuais, turísticos e sociais destacam-se como áreas de execução, indicados como cenários favoráveis. Sendo assim, os conceitos de lazer passivo e lazer ativo surgiram. O lazer passivo refere-se as atividades que não exigem ações motoras propriamente ditas, ou nas quais a pessoa participa ou interage como assistente, como em conversas informais, momentos de repouso, observação de movimento ou paisagem, e reflexão. O lazer ativo estabelece mais energia e, portanto, maior esforço físico, como andar, correr, caminhar, praticar esportes e brincar (ALVES, 2014; MACEDO, 1995). Surgem no lazer passivo algumas controvérsias e/ou limitações, em relação aos tipos de lazer que requerem consumo, como cinemas, teatros, shopping centers, televisão, jogos de videogame ou de tabuleiro e, ainda, atividades em determinados parques. O lazer ativo se refere àquele ligado sobretudo às atividades físicas, como as caminhadas, as práticas esportivas e as lúdicas, através de brincadeiras e jogos (ALVES, 2014; PEREIRA, 1998). Lazer e educação física escolar no Brasil A ligação entre a educação e o lazer existe desde que, a preocupação com o lazer foi reconhecida no Brasil. Os programas pioneiros, que priorizavam a atividade física, tiveram grande atuação norte-americana, visto que já existia uma correlação entre as duas áreas (lazer e educação). Naquela época, as aulas de educação física possuíam um perfil higienista, o que favorecia a proximidade das duas áreas, pois o tempo livre já contribuía para manter a saúde dos trabalhadores (CARVALHO, 2010). Com a criação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), a nível universitário, o lazer ganhou maior visibilidade nacionalmente, devido ao surgimento de polos de ensino abordando o tema “lazer” ligado à recreação. Sequencialmente dentro da ENEFD, no ano de 1945, o professor Antônio Pereira Lira fez a proposta de criar a cátedra de Recreação e Jogos, após visita à Argentina e ao Uruguai, onde pôde conhecer a educação física regional, em escolas de formação que já ministravam a educação física como disciplina. A partir desse momento, ampliou-se a oferta de componentes curriculares e de cursos incluindo o lazer nos cursos de educação física (CARVALHO, 2010). 2.2 Gestor esportivo: Aplicabilidade da teoria e das ferramentas gerenciais Dada a crescente demanda por gestores esportivos em decorrência da projeção do esporte na sociedade, é importante que a formação do profissional da educação física observe conteúdo sobre os conceitos básicos da administração e suas teorias. Além disso, é necessário que o profissional saiba aplicar este conhecimento em sua prática profissional, mesmo que não seja, propriamente, um gestor. Em 1971, estudos realizados já mostravam desenvolvimentos na indústria do esporte, de construções e de instalações destinadas à educação física, aos esportes e à recreação, mas não se mencionavam assuntos como administração esportiva ou gestão. Entretanto, segundo Bastos (2003), o campo profissional do gestor público esportivo brasileiro vem se desenhando desde 1941, com a normatização da estrutura esportiva no País, e nasceu para sistematizar o modo de administrar e de organizar um evento esportivo e/ou uma unidade esportiva sistematização que se tornou um fator chave para uma boa evolução do esporte e eventos esportivos em geral, principalmente para a realização dos megaeventos no País na década de 2010. Deste modo, o aparecimento da gestão esportiva no País foi um resultado inevitável da propagação do esporte, visto que a evolução do desporto, em todas suas manifestações, solicita a participação de pessoal competente para gerir as mais complexas circunstâncias. Dessa maneira, uma boa gestão esportiva é sinônimo de organização e coordenação apropriadas de atividades, de pessoas, de regras, de intenções e de continuidade. Exemplo: Nos eventos esportivos, o papel do gestor é supervisionar o planejamento, a coordenação e o controle do projeto, motivando todos os envolvidos a perseguir os mesmos objetivos. No ambiente escolar, habilidades gerenciais são essenciais para planejar e implementar aulas que respeitem o desenvolvimento físico e psicológico de crianças e adolescentes, associando as possibilidades curriculares com melhor desempenho esportivo. 3 EDUCAÇÃO FÍSICA: CONTEXTO ATUAL E FINALIDADES https://shre.ink/1DB0 A cultura física possui o propósito de ser socialmente compartilhada, como uma prática pela sociedade ativa e valorizada; assim, é vista como um objeto de estudo e apreciação. A produção do conhecimento humano passa obrigatoriamente pela integração de conteúdos sociais e culturais que foram historicamente construídos (PEREZ, 2020). Segundo Bento (2004), é na cultura que se constituem as construções e reconstruções dos sentidos da vida humana, transformando sua forma de expressão em concordância com o contexto histórico-social. A cultura física pode ser compreendida como um amplo espectro de informação, como ginástica, condicionamento físico para a saúde, motricidade, esporte e manifestações corporais tradicionais. A abordagem na educação física (EF) dessa cultura, precisa fazer frente às questões que estãopor trás do aspecto motor. Deste modo, a abordagem da cultura física na escola, caracteriza-se pelo exercício da cidadania, que é a prática dos nossos direitos e deveres diante o Estado, o outro e si mesmo. Esse exercício está ligado ao processo de formação de um cidadão crítico, consciente da realidade social em que vive e que está informado de ideais e valores, para poder intervir na defesa das suas preferências (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Na escola brasileira, a prática de exercícios físicos foi influenciada pela área médica, enfatizando os pronunciamentos de higiene, saúde e eugenia, os interesses militares e, no final dos anos 1960, também os grupos políticos dominantes que a viam como um esporte artefato complementar da ação. Nesse sentido, iniciou-se a função de escolher o mais adequado para representar o país em diversas competições. Com o objetivo de formar um exército de jovens fortes e saudáveis e desmobilizar as forças da oposição, as aulas na escola obteve apoio do governo militar. Fortalecendo assim os vínculos entre esporte e nacionalismo (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Os desígnios e as propostas educacionais de EF, foram se modificando ao longo dos últimos anos, e todas as tendências, atualmente influenciam na criação do profissional e suas práticas pedagógicas. Assim como em diversos artefatos curriculares, não existe uma única forma de pensar e implementar a disciplina na escola. Após decênio de 1980, esse modelo de esporte de alto rendimento para as escolas foi fortemente criticado e como alternativas surgiram novas maneiras de pensar na Educação Física na escola. Essas reflexões levaram a um tempo de crise que culminou na publicação de diversos livros e artigos que, além de criticar as características predominantes nesse campo, buscaram desenvolver propostas e pressupostos que aproximassem da realidade e da função escolar. É importante citar que mesmo com as alterações discursivas, nomeadamente acadêmicas, as características deste modelo ainda influenciam muitos professores e a sua prática (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Não tão somente instruir-se de habilidades motoras desenvolvendo aptidões físicas, é necessário aprender, porém não é suficiente. Quando o estudante estuda os princípios táticos e técnicos de um desporto comunitário, ele também necessita se instruir a estabelecer para realiza-lo socialmente, deve entender as normas como elemento que possibilita o jogo (logo também deve aprender a explanar e as regras se aplicam a você), aprenda a admirar o competidor como parceiro e não como rival, porque se o mesmo não existisse não haveria competição esportiva. É primordial que as vivências da cultura física, sejam contextualizadas com os conteúdos de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. Na Figura 1, poderemos realizar uma reflexão sobre como o esporte se transformou desde os jogos olímpicos da antiguidade até seu os dias atuais, analisando seus elementos estéticos ou discutindo a sua espetacularização e mercantilização. Figura 1 - Estátua grega do Discóbolo de Mirón (produzida em torno de 455 a.C.) (a) e Gerd Kanter, da Estônia: o “discóbolo” da Era Moderna tem a melhor marca de 2008 (b) Fonte: Adaptado de Globo Esporte (2008, documento on-line). É possível também refletir sobre as manifestações físicas tradicionais, como a capoeira (Figura 2), e como elas transmitem a importância de uma identidade cultural histórica refletida no conteúdo das aulas de EF, esporte, dança, luta ou o jogo. Isso possibilita a aproximação e o resgate de manifestações culturais de uma população e permite fazer elos com a linguagem utilizada, a comida e as situações de interpretação do folclore africano. Figura 2 - A capoeira como manifestação cultural (a) e Conteúdo das aulas de educação física (b) Fonte: Adaptado de São Paulo (2018, documento on-line) (figura a); Soares e Vichessi (2013, documento on-line) (figura b). Devem ser elaborados programas em que os cidadãos participem, tais como: ginástica, aeróbica, natação e musculação. Classificar a qualidade de serviço em instituições públicas e privadas e distinguir práticas que fornece melhor saúde e bem-estar. A instrução da educação física exige um processo a longo prazo, conduzindo o aluno a descoberta de razões e significados nas práticas físicas que instigam ao avanço de comportamentos positivos, acarretando na obtenção de condutas adequadas à sua prática, administra os dados científicos e filosóficos relativos à cultura do corpo em movimento, captação e análise de seu intelecto orientando seu anseio e emoções para a prática e destaque do corpo em movimento (BETTI, 1992). A Educação Física como os diversos dados do currículo, fornece aos alunos conhecimentos específicos. No entanto não é uma compreensão que possa ser assimilada à parte da experiência concreta. Pode tornar-se um argumento sobre a cultura física do movimento, para despojá-la dos recursos de sua especificidade, deve constituir um trabalho pedagógico com essa cultura. Essa atuação pedagógica, constituirá sempre uma experiência penetrada da corporeidade do vivenciar e do associar-se. A dimensão cognitiva sucessivamente se torna esse substrato físico. O professor de Educação Física deve ajudar o aluno ao entendimento dos seus sentimentos e conexão na esfera da cultura física do movimento. A modalidade e intensidade de prática corporal foram apropriadas para mim? Faz me sentir bem? Houve significativas para mim? Me para mim alguma satisfação? Exagerei-me? Quais são os sinais de fadiga para mim? Quais práticas que devo relacionar ao meu bem-estar ou fadiga? Quais condições a sociedade em que vivo oferece para se praticar esta atividade? Os grupos sociais interessados nesta prática, quais são? O estudante através da EF será conduzido progressiva e cuidadosamente a uma concentração crítica que o encaminhe a possuir autonomia para desfrutar da cultura física de movimento (BETTI, 1994a, 1994b). Prevenir problemas posturais possíveis necessita ser sempre uma intenção, através de exercícios e dados exclusivos sobre o assunto. A segunda fase inicia-se também com a sistematização de conceitos teóricos sobre a cultura física do movimento, onde se procura a ligação entre experiência e compreensão, bem como o entrelaçamento com outras disciplinas (especialmente ciências naturais, históricas e sociais). 3.1 Cultura corporal de movimento A favor do ensino de qualidade, além de diversificação de conteúdos na escola, é necessário para aprofundar o conhecimento, ou seja, tratá-lo e abordá- lo tridimensionalmente os vários aspectos que fazem sua importância. Isto é, quando se trata de futebol, é preciso ir mais além do lazer (técnicas e táticas), a sua presença na cultura, suas mudanças ao longo da história, dificuldades do desenvolvimento do futebol feminino (causas e efeitos), a mitificação dos atletas de futebol, os grandes nomes do passado, a violência nos campos de futebol etc. Isto significa, que é necessário ir além do jogo normal. Nesse contexto, o papel da educação física, constituirá muito mais que ensinar esportes, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas eloquente, e transmitir conhecimento sobre o próprio corpo em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas cobre também os valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter em relação às atividades corporais (dimensão atitudinal) e, finalmente, tentar garantir o direito do aluno de saber por que está fazendo este ou aquele movimento, que dizer, quais são os conceitos que estão conectados a tais procedimentos ( dimensão conceitual). Em sala de aula, a prática concreta possui o significado de que o aluno necessita treinar a jogar queimada, futebol de casais ou basquetebol, mas junto com esse conhecimento, ele necessitainstruir-se de quais os são as benfeitorias de tais práticas, visto que, tais manifestações de cultura física, atualmente são relacionadas às atividades da mídia televisiva, da imprensa, entre outras. Dessa maneira, além de ensinar a realizar, sua finalidade é que os estudantes obtenham uma contextualização das informações e também que aprendam a se relacionar com os colegas, distinguir quais valores estão por trás de tais práticas (DARIDO, JÚNIOR, 2015). Conforme Kunz (1994), o esporte como conteúdo hegemônico bloqueia o avanço das finalidades mais amplas na educação física, como o sentido expressivo, criativo e comunicativo. Para facilitar a adesão dos alunos às práticas de movimentos corporais seria importante diferençar-se vividas em sala de aula além dos esportes tradicionais (futebol, voleibol, basquetebol). Na verdade, a inclusão e possibilidade da ginástica, experiências de lazer, entretenimento, danças podem facilitar a adesão do aluno na medida em que aumentam as chances de uma possível identificação. Ressalta-se que a educação física escolar deve incluir o máximo possível que os alunos em geral incorporem o conteúdo proposto e desenvolvam estratégias adequadas para ele. A exceção que caracterizou historicamente a educação física nas escolas não é mais aceitável. Os alunos em geral possuem o direito de adquirir do conhecimento gerados pela cultura corporal (DARIDO, JÚNIOR, 2015). As práticas dessa cultura são capazes de constituir objetos e pesquisas sobre os povos e sua produção cultural. Além de ensinar fertilidade física, as aulas de educação física podem possibilitar a reflexão relacionada com o corpo, sociedade, ética, estética, relações interpessoais e intrapessoais. Assim, a vivência com as práticas físicas permite uma ampliação para incluir o conhecimento do que está sendo praticado e buscar respostas mais complexas para questões específicas. Exemplo: Recentemente somos prováveis consumidores de entretenimento esportivo, Tradicionalmente, os alunos jogam futebol na escola. Mas o futebol também pode fornecer percepções mais profundas sobre o desenvolvimento técnico, tático e estratégico por meio do treinamento sistematizado de fundamentos e conceitos. Por outro lado, estudar a história de futebol no Brasil, também permite uma reflexão sócio-política, a evolução do esporte-espetáculo, as relações trabalhistas, o ufanismo, o fanatismo, a violência das torcidas organizadas, a ascensão do futebol feminino etc. como espectadores ou torcedores nos estádios e nas quadras. O avanço das escolas de ginástica e esportes acolhe as classes medianas e altas. Os centros públicos de esporte e lazer oferecem programas de treinamento físico para o público em geral, mesmo que de forma insatisfatória. Distintivamente a cultura do corpo em movimento é compartilhada socialmente, seja como um exercício ativo ou simplesmente como informação. Essa valorização social legitimou a manifestação de pesquisas científicas e filosóficas sobre movimento, atividade física, habilidades motoras ou o indivíduo em movimento. Uma perspectiva mais crítica, foi desenvolvida pelos adolescentes e não dão tanto crédito à EF. A atividade física é primordial na vida do ser humano de 12 à 13 anos, também é preciso dar lugar a outras áreas que demonstram interessados como: trabalho, sexualidade, vestibular, etc... Exibir atributos únicos e inovadores no ensino médio que levam em consideração as novas fases cognitivas e socioemocionais enfrentadas pelos adolescentes. Este dever não implica um objetivo de integração dos alunos em uma cultura de movimento físico. Por outra perspectiva, o desenvolvimento do pensamento abstrato e coerente, das habilidades analíticas e críticas já que existem nessa faixa etária, consentem uma abordagem dos aspectos teóricos: socioculturais e biológicos, mais complexas. Uma cultura de desfrutar do exercício físico de forma autónoma. Aprender sobre isso em grupos deve vir da experiência com atividade física para fins recreativos, de saúde/bem-estar e de competição atlética. 4 O ensino da Educação Física Fonte: https://shre.ink/1zFa Refletir sobre a prática física é perseguir a visão de longo prazo em aliar a educação física à uma perspectiva artística, voltada para o desenvolvimento das capacidades físicas, que historicamente tem priorizado em pensar a prática física pela simples realização do exercício físico corporal. Não nascemos já sabendo pular, saltar ou mesmo manipular objetos, mas nos adaptamos às exigências impostas pelo nosso ambiente. É impossível para um recém-nascido andar, porque sua constituição não permite que ele execute esses movimentos. Uma criança só dará os primeiros passos quando seu corpo estiver fisicamente preparado, impulsionado pela necessidade proporcionada pelos meios, seja para alcançar um objetivo que não pode alcançar, seja para algum lugar de interesse (SEED-PR, 2006). A capacidade de vivenciar situações sociais e desfrutar de atividades recreativas, sem ser utilitária, é essencial para a saúde e contribui para o bem- estar coletivo. Por exemplo, sabe-se que a mortalidade por doenças cardiovasculares está aumentando, e entre os fatores de risco mais importantes estão o sedentarismo e o estresse. O tempo livre e a disponibilidade de recursos para o lazer e o esporte são necessidades básicas e, portanto, direitos civis. O corpo e a mente constituem o ser humano. De acordo com Sampaio (2006), a saúde é um fator fundamental no processo do desenvolvimento físico- corporal do ser humano: A saúde encontra-se como uma das possibilidades de sentido dos corpos em sua construção cultural. Falar de saúde é dar expressão ao corpo. É escutá-lo como corpo expressivo, sensível, vulnerável, transcendente, marcado por experiências pessoais singulares e coletivas que podem ser de inclusão ou de exclusão ao defrontar-se no cotidiano (SAMPAIO, 2006 p. 80). No ser humano, há uma tendência à automatização do controle ao realizar ações, das mais simples às mais complexas. Este processo depende da quantidade e qualidade do exercício para os diferentes estilos de movimento do e da atenção dada a estes exercícios. Quanto maior a probabilidade de uma criança pular, girar ou dançar, mais automaticamente essas ações serão executadas. Menos atenção é necessária para controlar sua execução, e essa necessidade pode ser usada para dominar os mesmos movimentos e assumir outros desafios. Essa tendência à automação favorece o processo de aprendizado em práticas de cultura física, desde que seja compreendida como uma função dinâmica e evolutiva como parte integrante do processo de aprendizagem e não como um objetivo (MEC/SEF, 1997). Os humanos são criaturas de movimento, explorando como e por que os humanos se movem, os efeitos do movimento sobre si mesmos e o mundo ao seu redor, compreendemos sobre a beleza e o significado do movimento e suas inter-relações com outros domínios. Domínios esses que incluem percepções e emoções. Poucos, se houver, têm um escopo de estudo tão amplo. Em conclusão, o esporte visa desenvolver o bem-estar geral de cada indivíduo por meio do exercício. Os resultados educacionais da experiência de exercício não se limitam aos benefícios físicos. O conceito de educação física deve ser visto em um nível mais amplo e aberto, incluindo a mente e o corpo. O homem é entendido aqui como social, histórico, incompleto e, portanto, em constante mudança. Essa compreensão requer uma abordagem teórica da educação física que contextualize as práticas físicas e as relacione com os interesses políticos, econômicos, sociais e culturais que as moldam (SEED-PR, 2006). Zunino (2008) relatou que o exercício é uma das formas mais eficazes de interagir com as pessoas e uma ferramenta relacionada para adquirir e melhorar novas habilidadesmotoras e psicológicas, uma prática educativa que não só potencializa capacidades físicas como a consciência e compreensão da realidade de forma democrática, humana e diversa, pois nesta etapa educativa o movimento deve ser considerado uma mensagem e um meio de exercício. 4.1 Desenvolvimento do ensino da Educação Física A maioria dos esportes hoje é baseada no modelo de desenvolvimento. Segundo o modelo de desenvolvimento de Gallahue e Ozmun (2005), o desenvolvimento motor ocorre durante a idade em que a criança está inserida no ambiente escolar, assim as aulas de Educação Física devem auxiliar esse desenvolvimento através de suas atividades. O desenvolvimento motor está dividido em quatro fases: Motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. Os mesmos são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente. Motora rudimentar: vai do nascimento até 2 anos de idade. Esta etapa inicia assim que o córtex motor se estabelece no controle de movimentos, mesmo que alguns movimentos reflexivos ainda estejam presentes. Motora fundamental: envolve a criança que se encontra no período entre 4 e 7 anos de idade, onde é desenvolvida a coordenação motora, o controle motor e habilidades de cada fase da criança. Tendo assim uma base para seu desenvolvimento nas outras fases durante os processos de ensino e aprendizagem ao longo da vida Motora especializada: é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes O modelo de desenvolvimento se sustenta na ideia de que a atividade física contribui para o desenvolvimento geral por meio do uso de atividade física bem planejada. Isso inclui a aquisição e melhoria de habilidades motoras, o desenvolvimento e manutenção da forma física para a saúde e o bem-estar, a aquisição de conhecimento sobre atividade física e a promoção de atitudes positivas em relação ao aprendizado ao longo da vida e participação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD) 9.394, trouxe alguns avanços para a área da educação física. Inseriu-a como disciplina obrigatória nas grades curriculares das escolas brasileiras, reconhecendo-a como componente curricular e também como área de estudo relevante na formação global dos indivíduos (BRASIL, 1996). A relação entre a formação dos profissionais da Educação Física e a pesquisa científica é tratada por Prado (2015), quando explica que: O professor de Educação Física no processo de sua formação adquire conhecimentos generalizados, humanísticos e críticos. Tais conhecimentos irão qualificá-lo para uma atuação profissional fundamentada sob os parâmetros do rigor científico, em reflexões filosóficas e na conduta ética. Sob estas perspectivas o profissional de Educação Física no decorrer de sua formação adquire conhecimentos buscados nas raízes epistemológicas das diversas correntes que compõem a cultura do movimento, a Educação Física escolar e os esportes nos seus diversos níveis de expressão e rendimento, desenvolvendo seu senso crítico com relação a seu campo de atuação profissional (PRADO, 2015, p. 7) 4.2 O gênero no ensino da Educação Física As muitas diferenças comportamentais entre meninos e meninas não podem ser negadas. É dever de qualquer professor reconhecer isso e tentar não o prejudicar. Reconhecer as questões de gênero em uma aula de educação física é uma forma de ajudar os jovens a construir relações de igualdade e respeito às diferenças que complementam e suplementam o melhor de homens e mulheres a entender e aprender uns com os outros para serem mais abertos e equilibrados (DARIDO, 2012). A discriminação de gênero nas escolas é uma grande dificuldade para os pedagogos, pois se trata de valores e normas culturais que mudam muito lentamente, e principalmente nas aulas de educação física essa diferença (meninos/meninas) é reforçada (SOUSA, 2007). Há habilidades que as meninas e meninos eventualmente desenvolvem por meio de uma maior experiência; mas é importante que haja uma diferença de estilo entre tais e entre diferentes pessoas engajadas na mesma atividade lúdica ou expressiva. São modos diferentes de ser e fazer as coisas que devem se complementar e enriquecer, ao invés de entrar em conflitos baseados em estereótipos e preconceitos. Uma particular atenção deve ser dada às diferenças de habilidades entre meninos e meninas. Muitas dessas diferenças são social e culturalmente determinadas e resultam não apenas das experiências passadas de cada aluno, mas também de preconceitos e comportamentos estereotipados. As habilidades com a bola, por exemplo, um dos objetos centrais da cultura lúdica, criam uma oportunidade de praticar e experimentar esse material. Socialmente, esse exercício é mais proporcional para os meninos, que, portanto, se desenvolvem mais que as meninas (RODRIGUES, 2012). Um dos pilares da realidade entre meninos e meninas nas as aulas de educação física estão relacionadas as habilidade e resistência em relação ao gênero dos participantes, o fator dominante na incompatibilidade de gênero nas aulas mistas é esta diferenciação ((ABREU, 1990). 4.3 Aspectos sociais Falando do aspecto social do esporte, Bracht (1997) também menciona o esporte como fator de conflito ao analisar sua função. Na busca de "performances", prevalece a abordagem técnica, com ênfase exagerada nos gestos artísticos. Essa abordagem, além de não favorecer o desenvolvimento psicomotor do aluno, resultaria na reprodução das características da sociedade atual. O movimento corporificado, neste fio, só reforça o atual nível de opressão da classe trabalhadora pelo capitalismo ao se alienar, não promove a visão crítica, mas sim a ideia de conformismo e submissão à injustiça social impondo sua própria regras e truques. Surge a necessidade de realizar uma pedagogia desportiva que permita aos sujeitos oprimidos, o acesso a uma cultura esportiva desmistificada. Possibilitar, por meio desta pedagogia, que os mesmos sujeitos possam avaliar criticamente o esporte, situá-lo e relacioná-lo com todo o contexto sócio-econômico-político e cultural (BRACHT, 1997). A importância da avaliação de aprendizagem não se limita à necessidade de verificar se o aluno domina o conteúdo; vai além porque é parte integrante do sistema educacional em todos os níveis decisórios do ensino-aprendizagem. Segundo Luckesi (2005), o ponto de partida da avaliação deve ser a busca dos melhores resultados possíveis e, essencialmente, trata-se de aceitar a realidade como ela realmente é. Em outras palavras, lidar com os fatos como eles se apresentam, seja com sucesso ou não. Aceitar a realidade dos fatos é o primeiro passo para agir. Sem aceitar a realidade do indivíduo, não é possível uma intervenção pedagógica bem-sucedida. Ao professor de educação física orienta-se a ir além dos muros da escola, adquirir os contornos e a linhagem da sociedade, aderir ao movimento popular e lutar pelos direitos sociais com quem realmente precisa. Tem que lidar com a classe trabalhadora e lutar por ela. Ele também deve ter uma consciência politizada, sempre lutando para lutar pelos direitos dos que estão sob sua responsabilidade. Educação física escolar ensina a criança a vivenciar a vitória e a derrota, a respeitar o próximo e tratar a todos com igualdade. Assim, o aluno aprende a ser disciplinado e a vencer nos jogos e na vida porque encontrará muita competição. Frequentemente, eles precisam cooperar com os outros para atingir seus objetivos, um comportamento que os professores de educação física chamam de camaradagem. As possibilidades de mudança ocorreram se o professor de educação físicaatuar como educador, assumindo um papel de liderança em benefício daqueles que mais precisam, sob pena de suas conquistas não agregarem valor relevante. O professor não é responsável apenas pelo conteúdo da matéria que ensina, mas também por preparar seus alunos para uma vida social, que lhes permita compreender plenamente a realidade e buscar o consequente aperfeiçoamento individual e coletivo (GOMES; VASCONCELOS, 2015). Os alunos entendem que esportes e outras atividades físicas não devem ser somente de domínio de atletas ou pagantes de academias e clubes. Valorizar essas atividades e exigir o acesso de todos é uma atitude a ser adotada com base nos conhecimentos adquiridos nas aulas de educação física. Além de: Informações sobre o corpo, seus processos de crescimento e desenvolvimento; Desenvolvimento de bons hábitos alimentares; Higiene e função corporal; Desenvolvimento do corpo, função e potencial físico do indivíduo; Entendimento como a atividade física como um dos direitos humanos básicos; Formação de hábitos de autocuidado e criação de relacionamentos humanos que trabalham juntos para integrar a dimensão da sexualidade de forma prazerosa e segura (MEC/SEF, 1997). 4.4 Educação Física e os PCNs A importância da educação física escolar é realmente indiscutível, pois seu projeto pedagógico tem como foco a interação e inclusão dos participantes no âmbito social, e com a formulação e reformulação dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), ganhou importância ao dar maior ênfase ao as suas diferentes dimensões. É importante para as crianças serem movidas conhecer os valores que incluem o movimento, estabelecendo hábitos saudáveis e adquirindo outros conhecimentos relacionados com as diferentes áreas da educação (SÁNCHES, 2011). Trazer abordagens psicomotoras, construtivistas, desenvolvimentistas e críticas para o discurso da educação física nas escolas ampliou essa visão. Nesse sentido, os parâmetros curriculares nacionais oferecem participação nesse processo pedagógico, subsidiando a discussão e implementação de propostas curriculares aplicáveis à realidade dos alunos de cada escola (PRADO, 2015). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas às abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar (BRASIL, 2001). Se um dos objetivos da educação é ajudar as crianças a viverem em grupo de forma produtiva e cooperativa, é necessário criar situações em que aprendam a falar, ouvir os outros, ajudar, pedir ajuda, trocar ideias e experiências eles se beneficiam de críticas e conselhos, uma situação que pode ser praticada. Quando se considera que a experiência e a capacidade física variam amplamente, não pode esperar que uma equipe inteira faça a mesma tarefa ou atividade para produzir os mesmos resultados de aprendizagem para todos. Portanto, favorecer a troca de repertórios e os procedimentos de resolução de problemas de movimento, fazendo uso de variadas formas de organização das atividades (MEC/SEF, 1997). Aprender educação física, fisicamente envolve certos riscos relacionados ao movimento, por exemplo, em situações em que o equilíbrio corporal é necessário, existe inevitavelmente a possibilidade de desequilíbrio. Portanto, mesmo considerando que escorregões, pequenas colisões, quedas, bolas e golpes com uma corda não podem ser completamente evitados, cabe ao próprio professor organizar o trabalho de ensino e situações de aprendizagem, para que esses pequenos incidentes sejam tão possível menor (MEC/SEF, 1997). Segundo Darido (2012), a dinâmica criada por atividades relacionadas ao conteúdo de jogos, esportes, dança, luta livre e ginástica nas aulas de educação física potencializa conflitos e questões relacionadas a atitudes e valores. Quando se trata de um problema de disciplina, o mais importante é que o professor defina as regras de convivência com os alunos, e também as sanções por descumprir as regras. E, tão importante quanto definir as regras, é fornecer as razões para o estabelecimento das regras, ou seja, revelar os princípios das regras. Por exemplo, ao desenvolver o jogo, o professor percebe que alguns participantes estão fugindo das regras em benefício de sua equipe. O grupo o desrespeita ao assumir uma postura que limita as atividades. É hora de fechar e fazer todo mundo se perguntar o que está acontecendo, o professore podem fazer algumas perguntas básicas: As regras colocadas não estão de acordo com o que vocês querem? Alguém está se sentido prejudicado com as regras colocadas? Se as regras estão de acordo por que devemos obedecê-las e/ou cumpri-las? Que relação existe em obedecer e/ou desrespeitar as regras em nosso cotidiano? E o respeito ao professor? O que significa um professor para a sociedade? O que o esporte nos ensina para nossas vidas? O medo ou confusão de um aluno sobre um risco de segurança física é motivo suficiente para se recusar a participar de uma atividade e, sob nenhuma circunstância, um aluno pode ser coagido ou obrigado a participar de uma atividade. As propostas devem desafiar e não ameaçar o aluno, e como essa medida varia de pessoa para pessoa, a organização da atividade deve considerar esse aspecto da segurança física individualmente. Outra característica da maioria das situações de exercício físico é a grande tensão somática que o próprio movimento cria no corpo, principalmente nas danças, lutas, jogos e brincadeiras. A elevação do coração e dos tendões, a antecipação de prazer e satisfação e a oportunidade de gritar e celebrar criam o contexto em que é experimentado, raiva, medo, vergonha, alegria e tristeza e intensamente expressos (MEC/SEF, 1997). Os delicados limites entre o controle e o descontrole dessas emoções são submetidos ao teste, vivenciado fisicamente e com tal intensidade que pode ser inédito para o aluno. A expressão desses sentimentos por meio de expressões verbais, risos, choro ou agressões deve ser reconhecida como objeto de ensino e aprendizagem, de modo que seja pautada no respeito a si e ao próximo (MEC/SEF, 1997). Por desconhecimento, medo ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas com deficiência física foram (e são) excluídas das aulas de educação física. A participação nesta aula pode trazer muitos benefícios para estas crianças principalmente em termos de habilidades afetivas e integração social. A maioria das pessoas com deficiência apresenta características faciais, alterações morfológicas ou problemas de coordenação que as distinguem das demais. A atitude dos alunos face a estas diferenças é construída na comunidade e depende muito da atitude que o professor adota. É possível integrar esta criança no grupo, respeitando os seus limites e ao mesmo tempo dando-lhe a oportunidade de desenvolver o seu potencial. Uma aula de educação física pode promover o desenvolvimento de uma atitude valiosa e de respeito próprio para pessoas com deficiência, e a convivência com elas possibilita a formação de solidariedade, respeito, aceitação, sem preconceitos (MEC/SEF, 1997). Os PCNs visam contextualizar o conteúdo da educação física com a sociedade da qual fazemos parte, e a educação física deve trabalhar questões interdisciplinares, transdisciplinares e de vanguarda, promovendo o desenvolvimento da ética e da cidadania e autonomia. Em suma, afirma-se que aabrangência da educação física no ambiente escolar foi fruto de mudanças consideráveis no nível político e social e que hoje é considerada um elemento importante na formação do cidadão brasileiro. Fato este reforçado pela Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 2003). Na disciplina de Educação Física, o crescimento e aquisição dos alunos ocorre de forma lúdica e dinâmica, pouco a pouco, quando os resultados escolares melhoram, é um meio de mudar positivamente o comportamento, inclusive, muitos outros aspectos: aprender através das aulas de educação física melhora significativamente o comportamento social dos alunos, porque por exemplo a transversalidade pessoas, além de desenvolver aspectos cognitivos e motores, tornaram-se cidadãos críticos, formadores de opinião e ideais conscientes da realidade caótica que nos atormenta, éticos, flexíveis, tolerantes e respeitosos diante de tanta diferença. Percebemos que a educação física na escola é essencial porque promove o desenvolvimento psicomotor e é o maior iniciador da comunicação entre os alunos, não apenas por meio do conhecimento físico, mas também ensinando e aprimorando seus valores éticos, morais, sociais, políticos e culturais, e devido a essas características, devemos dar à educação física a mesma importância no currículo que as outras disciplinas, percebendo que somente a educação física pode alcançar e despertar no aluno uma sensação até então acidental de liberdade e leveza de espírito, porque trata do desenvolvimento e aprimoramento do corpo e da mente. 5 Esporte e educação Fonte: https://shre.ink/1wSw Para a maioria dos que frequentaram a escola, a lembrança das aulas de Educação Física é significativa: para alguns, uma experiência agradável, sucesso, muitas vitórias; uma lembrança amarga para os outros, de um sentimento de incompetência, falta de jeito, medo de errar. O documento de exercício apresenta uma proposta que visa democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da região, com o objetivo de ampliar, a partir de um ponto de vista puramente biológico, um trabalho que combina a dimensão afetiva, cognitiva e sociocultural dos alunos. Contém as questões básicas que o professor considerara ao desenvolver seu trabalho, discussões, planejamentos e avaliações que subsidiam a prática escolar (MEC/SEF, 1997). A educação e o esporte são temas que têm grande importância no universo acadêmico, e o trabalho já realizado tem demonstrado que o desporto é um componente fundamental para envolver crianças, adolescentes e jovens no ambiente de aprendizagem. O desafio é construir uma educação precedida por princípios e valores sociais, morais e éticos. E usando esportes nesse intensão fica muito mais acessível e lucrativo construir seus chamados valores (SANTOS, 2018). Por muitos anos, o esporte foi considerado totalmente atlético e a atividade física pouco contextualizada ao ambiente escolar, o que significava que havia uma grande distância entre esporte e educação. No entanto, com tantas pesquisas e estudos nas áreas de educação e saúde, percebe-se que há uma grande necessidade de incluir a prática esportiva no contexto escolar (SANTOS, 2018). Betti (1998) enfatiza a tarefa da Educação Física para preparar alunos para serem praticante lúdico e ativos, introduzindo-os e integrando-os em uma cultura corporal do movimento, formando um cidadão que produz, reproduz e faz mudanças. Para que os alunos desfrutem de jogos, esportes, dança e ginástica para sua qualidade de vida, o professor de Educação Física deve ajudá-los a entender seus sentimentos em relação à cultura física do movimento. É importante trazer para a escola a discussão sobre a metodologia utilizada nestes esportes, hoje, várias delas adotam a Educação Física como o principal conteúdo, para que o aluno compreenda o propósito de aprender sobre práticas esportivas no ambiente escolar. Outra forma de aprender, é especificar o esporte de rendimento nas aulas de Educação Física, separando-o do esporte de lazer para que o aluno compreenda a prática de cada manifestação representada na sociedade. Os educadores físicos podem utilizar diversos métodos, tanto práticos quanto teóricos, para lidar com essas manifestações (MOURA, 2012). O esporte pode ser ensinado ao aluno de forma atrativa para que leve essa atividade consigo para o resto da vida. Nesta abordagem, Kunz (2004) acredita que o objetivo principal do esporte na escola é, que todos tenham condições de vivenciar e entrar no mundo do esporte, de forma holística, ou seja, pratique-o, critique-o, com a oportunidade de recriá-lo, modificá-lo e muito mais. Resumindo, faça do desporto uma parte da sua vida. Essa seria a transformação didático-pedagógica de esportes em disciplina escolar. A Educação Física escolar como parte do currículo da educação básica sempre esteve sob muitos pontos de interrogação. São analisadas as questões discutidas por Fensterseifer e González (2010, p. 11) sobre o tema da cultura física do exercício: Não teríamos atividade física sem Educação Física na escola? Não nos exercitaríamos sem Educação Física na escola? Não nos socializaríamos sem Educação Física na escola? Não haveria lazer sem Educação Física na escola? Não teríamos aptidão física sem Educação Física na escola? Não teríamos esporte, ginástica, dança, lutas, jogos... sem Educação Física na escola? Não teríamos saúde sem Educação Física na escola? Sabemos que todas as respostas para essas perguntas são “sim”. Mas o que emerge agora da justificativa para fazer uma Educação Física adequada é entender como ela lida com os conteúdos e disciplinas já presentes na escola. Durante o recreio, os alunos praticam jogos, desporto, atividade física, e quando vão para a escola ou para casa, praticam atividade física e comunicam com os colegas. Então, qual a importância da Educação Física na escola? Algumas respostas carecem de uma teorização mais ampla sobre os fundamentos da Educação Física escolar, como por exemplo: a) Educação Física é educação por meio das atividades corporais; b) Educação Física é educação pelo movimento; c) Educação Física é esporte de rendimento; d) Educação Física é educação do movimento; e) Educação Física é educação sobre o movimento [...] a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 50). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) entende a Educação Física como a parte responsável pelo desenvolvimento das práticas físicas em suas diferentes formas de codificação e significado social. Somando-a junto com português, artes e línguas estrangeiras: Em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimento devem ser atendidos, tais como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos (BRASIL, 2018, p.217). Assim, a tarefa do professor é descobrir como trabalhar a prática do esporte nas atividades pedagógicas, para ser uma ferramenta na luta contra a competitividade, a individualidade e descobrir também como pode ser referenciado esses exercícios, torná-los visíveis em nossa sociedade. Compartilhamos essa filosofia de Educação Física porque, ao sair para o mundo com um propósito, você se move e, ao fazê-lo, cria e recria cultura. O esporte pode, portanto, ser considerado fora do fenômeno olímpico com valores como ludicidade, conhecimento de si e do mundo, forma de sociabilidade,prática colaborativa, vetor existencial, mudança individual e coletiva, embora alguns ainda tenham uma visão distorcida e outros não vejam o ponto educacional nas aulas de Educação Física (SANTOS, 2021). 6 O ESPORTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA Fonte: https://shre.ink/1wSi A principal tarefa da Educação Física é incentivar e estimular as crianças a praticar esportes, dançar, exercitar-se para melhorar a qualidade de vida. A disciplina ajuda a desenvolver habilidades cognitivas e comportamentais e a combater doenças associadas ao sedentarismo, fortalece músculos e articulações. Mas a atividade não se resume apenas à área física em si, o movimento também é importante para o desenvolvimento social das crianças, pois além de aumentar a autoconfiança, os alunos podem interagir e se comunicar uns com os outros por meio de jogos e atividades. As crianças que brincam, correm e se movimentam tendem a ser mais saudáveis, terem melhor rendimento escolar, humor, concentração, controle de peso e pode ajudar no desenvolvimento da coordenação motora. Observe na tabela o que a Educação Física promoverá aos alunos de acordo com o ano escolar que se encontram: Educação infantil (1º ao 3º ano) Ciclo de Organização da Identificação da Realidade. Devem conter possibilidades de autoconhecimento e ações próprias. Devem também evocar o reconhecimento dos espaços exteriores, sejam eles naturais (campo de futebol no meio da rua) ou artificiais (campo fechado). Devem estimular a identificação de possibilidades de ação com objetos em contexto e também em relação à sua natureza. A relação entre pensamento e ação também deve ser promovida por meio da explicação clara do objeto, podendo ser por meio de uma imagem. Os fundamentos e práticas da Educação Física devem continuar a promover a comunicação com outras áreas da educação, por exemplo nas relações sociais: criança-família, criança-criança, criança-professor, criança-adulto. Além disso, deve incluir as realidades da vida adulta, como trabalho, comunidade e religião. Por fim, devem incluir auto-organização, convivência com grupos sociais, auto avaliação e avaliação coletiva de atividades: por exemplo, no desenvolvimento de brinquedos de uso individual ou coletivo. 4º ao 6º ano Ciclo de Iniciação à Sistematização do Conhecimento. Devem ter conteúdos que proponha jogar de forma mais técnica e usar o pensamento tático, com o objetivo de provocar a reflexão sobre o jogo e como ele pode ser melhor executado. Deve oferecer o desenvolvimento da capacidade de organizar jogos, decidir sobre sua forma, regras, compreendê-los e aceitar a vontade do coletivo. 7º ao 9º ano Ciclo de Ampliação da Sistematização do Conhecimento. Nesta fase, o objetivo é focar principalmente na ordem técnico- tática. Os exercícios individuais e em grupo devem ser praticados e avaliados tanto técnica quanto tática. O conteúdo dos jogos também deve incluir uma decisão sobre os níveis de resultados alcançados, não especialmente o placar que determina o vencedor e o perdedor do jogo, mas principalmente sua melhor execução. Fonte: https://shre.ink/1XLu Nos Parâmetros Curriculares Nacionais o esporte na Educação Física deve ser baseado em três princípios: Princípio da inclusão A sistematização de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação e reflexão concretas e efetivas. Busca- -se reverter o quadro histórico da área de seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultantes da valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. Princípio da diversidade O princípio da diversidade aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais dos alunos. Categorias de conteúdos Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais mantêm uma grande proximidade, na medida em que o objeto central da cultura corporal de movimento gira em torno do fazer, do compreender e do sentir com o corpo. Gestão Escolar: desafios e possibilidades 130 Incluem-se nessas categorias os próprios processos de aprendizagem, organização e avaliação. Os conteúdos atitudinais apresentam-se como objetos de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade de o aluno vivencia-los de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do currículo oculto (BRASIL, 1998, p. 19). Segundo Oliveira (1985), dentre as visões da Educação Física escolar, a visão humanista deveria ser a mais compatível com os cargos educacionais atuais. O professor de Educação Física como representante desse processo, deve possuir qualidades que enfatizem seu compromisso humanístico. O professor de Educação Física, humanista, integra-se efetivamente no ambiente escolar em que atua, formando um verdadeiro agente educacional, utiliza jogos, esportes, dança e ginástica - além de técnicas próprias - como meios para atingir seus objetivos educacionais, vê o aluno como um ser humano, se preocupa com a transparência do aprendizado do aluno ao longo de sua vida, muito mais do que o desempenho esportivo. A pedagogia centrada na cidadania só pode acontecer se a escola for um espaço democrático. Ao escolher a cultura do movimento físico como referência para a Educação Física na escola, com o acesso a essa cultura para todos pode- se criar condições para que os alunos a sintam, repitam, reconstruam e modifiquem. É necessário assegurar uma abordagem pedagógica adequada, pois a tarefa do profissional é descobrir e partilhar com os alunos várias possibilidades de aplicação. Precisamos definitivamente excluir da Educação Física escolar a simples reprodução de gestos esportivos, passando a ter o esporte como um forte instrumento pedagógico, formando cidadãos que reflitam sobre os valores e atitudes (BARROSO; DARIDO, 2006). É importante que um profissional do esporte, trabalhando com conteúdos esportivos, dê condições para que os alunos vivenciem, ao invés de descartar a importância de aprender a realizar movimentos e gestos específicos do esporte, mas isso não deve ser limitado em apenas que saibam como fazê-lo, é importante que o esporte também receba atenção especial de acordo com seus procedimentos conceituais, que incluem origens, desenvolvimento, mudanças. Da mesma forma, o professor não pode deixar de utilizar os fenômenos esportivos para se referir aos procedimentos de atitude, procurando sensibilizar os alunos por meio de reflexões e discussões para que adotem determinados padrões de comportamento perante a sociedade, como participação, cooperação, comprometimento e responsabilidade, respeito, honestidade, etc (BARROSO; DARIDO, 2006). Procuramos enfatizar o fato de que o esporte possui um conjunto muito rico de características que os especialistas em Educação Física escolar podem explorar. Não podemos mais limitar-nos a apenas dar aos alunos a capacidade de realizar determinados movimentos e ainda privilegiar pessoas com determinados meios, mas criar condições para que todos, independentemente das diferenças, possam aprender os conteúdos esportivos da Educação Física (BARROSO; DARIDO, 2006). Quando observamos uma criança brincando, imediatamente imaginamos que ela está se divertindo, se comunicando com seus colegas. No entanto, o aspecto pode ir além do simples entretenimento. A brincadeira
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