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0 Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Curso de Engenharia Automotiva BANCADA DE TAMBOREAMENTO ROTATIVO PARA REBARBAÇÃO EM PEÇAS USINADAS: ANÁLISE EXPERIMENTAL Autor: Diego Dias Macedo Orientador: Edison Gustavo Cueva Galárraga Brasília, DF 2016 1 DIEGO DIAS MACEDO BANCADA DE TAMBOREAMENTO ROTATIVO PARA REBARBAÇÃO EM PEÇAS DE METAL FUNDIDO: ANÁLISE EXPERIMENTAL Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia Automotiva da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Automotiva. Orientador: Prof. Dr. Edison Gustavo Cueva Galárraga Brasília, DF 2016 2 CIP – Catalogação Internacional da Publicação* Macedo, Diego Dias. Bancada de tamboreamento rotativo para rebarbação em peças de metal fundido: análise experimental / Diego Dias Macedo. Brasília: UnB, 2016. 50 p. : il. Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília Faculdade do Gama, Brasília, 2016. Orientação: Edson Gustavo Cueva Galarraga. 1. Rebarbação. 2. Tamboreamento rotativo. 3. Acabamento superficial I. Galarraga, Edson Gustavo Cueva. II. Bancada de tamboreamento rotativo para rebarbação em peças de metal fundido: análise experimental. CDU Classificação 3 BANCADA DE TAMBOREAMENTO ROTATIVO PARA REBARBAÇÃO EM PEÇAS DE METAL FUNDIDO: ANÁLISE EXPERIMENTAL Diego Dias Macedo Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Automotiva da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de Brasília, em 08/07/2016, apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Prof. Dr. Edson Gustavo Cueva Galarraga, UnB/ FGA Orientador Prof. Dr. Rodrigo Arbey Muñoz Meneses, UnB/ FGA Membro Convidado Prof. Dr. Rhander Viana, UnB/ FGA Membro Convidado Brasília, DF 2016 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me conceder a oportunidade de concluir este tão esperado trabalho final de graduação. Agredeço aos meus pais Eder e Alda pelo apoio incondicional nas minhas decisões pessoais ou profissionais. À meu irmão André por sempre estar presente nos meus dias, me fazendo companhia nos momentos difíceis e momentos de alegria. À minha namorada, Priscilla, que me acompanhou em todos os momentos de realizações e de dificuldades, sempre me incentivando à nunca desistir dos meus sonhos, especialmente nesse último ano, em que me deu o maior incentivo que um homem pode ter para crescer na vida, meu filho João Pedro. Ao professor Cueva, que além de ter sugerido o tema deste trabalho, sempre me incentivou a permanecer no curso, com suas excelentes aulas e conversas, onde aprendi muito. Aos técnicos do Galpão da FGA - UnB, Henrique e Danilo, sempre dispostos a me ajudar com seus conhecimentos em processos de fabricação mecânica. Ao meu amigo Mateus Almeida, que me gentilmente me ajudou muito com a fabricação da bancada. À equipe UnBaja, que se tornou minha válvula de escape na graduação, me fez crescer profissionalmente e pessoalmente, onde conheci pessoas especiais que serão amigos para a vida inteira. À todos os meus amigos de graduação, que sempre estiveram comigo e torceram para meu sucesso. 5 “Quando penso que cheguei ao meu limite descubro que tenho forças para ir além.” Ayrton Senna da Silva i RESUMO Na indústria, quanto mais otimizado os processos de fabricação de componentes em larga escala, menos tempo será gasto em cada etapa e mais peças serão produzidas, aumentando o lucro e a competitividade da empresa. O acabamento superficial é um dos processos que mais geram gargalos em uma linha de produção fabril, ou seja, torna o processo não otimizado. Devido à complexidade da geometria ou pelo tamanho reduzido de peças produzidas, o acabamento superficial é feito manualmente por um operário, que manipula ferramentas perigosas em um processo repetitivo e, muitas vezes, em ambientes sujeitos a riscos de saúde e acidentes. Visto este cenário, a automatização deste processo se torna imprescindível. Toda peça produzida seja na indústria da fundição, ou nos centros de usinagem, requerem acabamento superficial após a desmoldagem e retirada dos machos ou após serem usinadas em máquinas como a fresadora ou torno mecânico, devido à fomação de rebarbas em sua superfície. Uma das técnicas de rebarbação utilizadas pela indústria é o tamboreamento rotativo. Este trabalho propõe uma análise experimental de bancada de tamboreamento rotativo, com o objetivo de avaliar os parâmetros que mais interferem na rebarbação e acabamento superficial em corpos de prova usinados. Palavras-chave: Rebarbação. Tamboreamento rotativo. Acabamento superficial. Acabamento em massa. Rebarbas na usinagem. ii ABSTRACT In industry, the more optimal the component manufacturing processes in large-scale, less time will be spent at each stage and more pieces will be produced, increasing the profit and competitiveness of the company. The surface finish is most processes that generate bottleneck in a manufacturing production line, in other words, makes the process not optimized. Due to the complexity of the geometry, or the small size of parts produced, the surface finish is done manually by a worker who handles dangerous tools in an iterative process and often in environments subject to health risks and accidents. Since this scenario, the automation of this process is indispensable. Every piece produced in the foundry industry or in the machining centers requires surface finish after demolding and removal of the cores or after being machined in machines such as the milling machine or lathe due to the formation of burrs on its surface. One of the deburring techniques used by the industry is rotational tumbling. This paper proposes an experimental analysis of rotating tumbling bench, in order to evaluate the parameters that most influence the deburring and surface finishing in machined parts. Keywords: Deburring. Rotary Tumbling. Surface Finish. Mass finishing. Machining burrs. iii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Formação de rebarbas em roda automotiva (B.B. Oliveira, 2011)……..…12 Figura 2 - Rebarbação manual com uso de esmerilhadeira. (Fonte: Site WeldFlex).13 Figura 3 - Rebarbação feita por robô Fanuc. (Fonte: Air Turbine Tools)…………….13 Figura 4 - Fundição por injeção. (Fonte: Chiaverini, 1986)…………………………….16 Figura 5 - Injeção por centrifugação vertical. (Fonte: Chiaverini ,1986, adaptada)....17 Figura 6 - Crescimento dos cristais de solidificação. (Fonte: Chiaverini, 1986)…….17 Figura 7 - Lingoteira. (Fonte: Fundição Água Vermelha)………………………………17 Figura 8 - Rebarba devido à folga entre moldes e macho. (Fonte: II Worshop LABMAT na área de fundição....………………………………………………………….19 Figura 9 - Rebarba tipo veiamento. (Fonte: II Worshop LABMAT na área de fundição)……………………………………………………………………………………..19 Figura 10 - Rebarba devido à quebra de macho. (Fonte: II Worshop LABMAT na área de fundição)…………………………………………………………………………...19 Figura 11 - Porosidades. (Fonte: efoundry)……………………………………………..20 Figura 12 - Rechupe. (Fonte: II Worshop LABMAT na área de fundição)…………..20 Figura 13 - Trinca à frio. (Fonte: Mario Sônego Neto)………………………………….20 Figura 14 - Resistência à fadiga em função da rugosidade. (Fonte: Augostinho, 1943)…………………………………………………………………………………………21Figura 15 - Diferenças de forma. (Fonte: Augostinho ,1943. Adaptado pelo autor)..22 Figura 16 - Cálculo do desvio médio aritmético, Ra. (Fonte: Agostinho, 1943. Adaptado pelo autor)……………………………………………………………………….23 Figura 17 - Mecanismos de desgaste abrasivo. (Fonte: Stoeretal, 2014)……………24 Figura 18 - Máquina de tamboreamento rotativo de uso industrial. (Fonte: Lager Maschinen)………………………………………………………………………………….29 Figura 19 - Fluxo de materiais dentro do tambor. (Fonte: autor)……………………...30 Figura 20 - Chips abrasivos de cerâmica. (Fonte: Guia do Tamboreamento)……….31 Figura 21 - Tipos de formato de mídias/chips. (Fonte: Gillespie, 1999)……………...32 Figura 22 - Chips presos dentro da peça. (Fonte: Gillespie, 1999)…………………...34 Figura 23 - Como evitar fissuras de contração. (Fonte: Chiaverini, 1986)…………...35 Figura 24 - Peça projetada em software CAD. (Fonte: Autor)…………………………36 Figura 25 - Molde para a fabricação dos corpos de prova feito no software CATIA V5 R19. (Fonte: Autor)…………………………………………………………………………37 Figura 26 - Peças, massalote e canais de alimentação após a desmoldagem. feito no software CATIA V5 R19. (Fonte: Autor)………………………………………………….37 Figura 27 - Estrutura da bancada de tamboreamento. (Fonte: Autor)………………..38 Figura 28 - Projeto em CAD da bancada feito no software CATIA V5 R19. completa. (Fonte: Autor)……………………………………………………………………………….38 Figura 29. Motor de indução WEG C48. (Fonte: Autor)………………………………..39 Figura 30. Relação de transmissão feito no software CATIA V5 R19. (Fonte: Autor)…………………………………………………………………………………….....40 Figura 31. Segmentos de tubo cortados para serem rebarbados..............................41 Figura 32. Coletor de escapemento automotivo de aço inox................................... 41 Figura 33. Bancada para ensaio exploratóro. ...........................................................42 Figura 34. Corpos de provas após ensaio de rebarbação. .......................................43 Figura 35. Rebarbas dispersas na água....................................................................43 iv LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Contração de ligas metálicas. Chiaverini (1986). Adaptado pelo autor………………………………………………………………………………………….18 Tabela 2 - Comprimento de amostragem para medição de rugosidade. Agostinho (1943).........................................................................................................................23 Tabela 3 - Custos relativos ao tamboreamento rotativo (Schaeffer 2003)…………...28 v SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1. CONTEXTO ..................................................................................................... 1 1.2. OBJETIVO ......................................................................................................14 1.3. DIVISÃO DO TRABALHO .............................................................................. 15 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ............................................................................... 15 2.1. FUNDIÇÃO ..................................................................................................... 15 2.1.1. O que é? Tipos de fundição ........................................................................ 15 2.1.2. Problemas na solidicação ........................................................................... 17 2.1.3. Defeitos em fundidos .................................................................................. 19 2.2. ACABAMENTO SUPERFICIAL E RUGOSIDADE .......................................... 20 2.2.1. Medição de rugosidade ............................................................................... 22 2.3. DESGASTE ABRASIVO ................................................................................. 23 2.4. PROCESSO DE REBARBAÇÃO .................................................................. .25 2.4.1. Processo de rebarbação eletro-química……………………………………….25 2.4.2. Processo de rebarbação térmica……………………………………………….25 2.4.3. Processo de acabamento em massa…………………………………………..26 2.4.4. Custos associados……………………………………………………………….27 2.5. TAMBOREAMENTO ROTATIVO…………………………………………………28 2.5.1. Princípios operacionais………………………………………………………….29 2.5.2. Escolha da mídia…………………………………………………………………31 2.5.3. Variáveis do processo…………………………………………………………...33 2.5.4. Problemas enfrentados………………………………………………………….33 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 35 3.1. CONFECÇÃO DOS CORPOS DE PROVA .................................................... 35 3.1.1. Projeto do modelo ....................................................................................... 35 3.1.2. Confecção do molde ................................................................................... 36 3.2. PROJETO DE BANCADA DE TAMBOREAMENTO ...................................... 37 3.2.1. Projeto do tambor........................................................................................ 38 3.2.2. Projeto da transmissão do motor ................................................................ 39 3.3. ENSAIO DE TAMBOREAMENTO ROTATIVO ............................................... 41 3.3.1. Práticas para primeira operação ................................................................. 41 3.3.2. Roteiro de ensaio ........................................................................................ 41 3.3.3. Coleta de dados experimentais...................................................................43 4. RESULTADOS ESPERADOS .............................................................................. 43 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 44 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 45 7. ANEXOS ............................................................................................................... 46 7.1. Desenho técnico do molde de fundição………………………………………….46 7.2. Fotos e CAD da bancada…………………………………………………………..47 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTO Após a fundição, estampagem, usinagem, forjamento, retificação ou outras operações, muitas peças podem necessitar de acabamento superficial para alcançar as condições de superfície desejadas para uma eventual pintura, galvonoplastia ou outras formas de acabamento e montagem de componentes de precisão. A formação de rebarbas é um grande problema na indústria, que gera custos com o capital humano e tempo gasto com rebarbação. A rebarba afeta, de várias maneiras, a acurácia e a precisão das peças produzidas, o que causa problemas dimensionais ou geométricos, que dificultam a montagem da peça em um sistema de encaixe preciso ou simplesmente por não atender ao padrão de qualidade superficial requerido no projeto inicial. Na Figura (1) ilustra-se a formação de rebarbas nas extremidades dos dentes de uma engrenagem usinada. Figura 1. Formação de rebarbas em engrenagem. Kennametal1 Existem basicamente três formas de execução do acabamento superficial: acabamento manual, acabamento em massa e acabamento automático/robotizado. Segundo a Metal Finishing Suppliers Assosiation (1965), o emprego do processo de 1 Disponível em: <http://www.extrudehone.com.br/>. Acesso em Nov. 2016. 2 acabamento superficial em massa é feito pelas vantagens econômicas obtidas quando comparadas às técnicas de rebarbação manual e automática. Na rebarbação manual, o trabalho intensivo e repetitivo dos trabalhadores, a manipulação de peças e ferramentasque giram à altas velocidades e a falta de experiência de alguns funcionários, levam à queda do rendimento da linha de produção, gerando gargalos e comprometendo o acabamento superficial, que deve atender aos padrões de qualidades e normas de controle cada vez mais rigorosos, o que torna a rebarbação manual inviável em produções industriais de larga escala. Este tipo de rebarbação é feito com ferramentas de corte ou abrasivas, como máquinas esmerilhadeiras, como é mostrado na Fig. (2). Figura 2. Rebarbação manual com uso de esmerilhadeira. WeldFlex2 Um outro tipo de acabamento superficial, o acabamento automático/robotizado, requer grandes investimentos iniciais com o maquinário (robôs industriais), em programação robótica (que requer funcionários de alta qualificação profissional) e mudança de layout da linha produtiva para adequação ao maquinário. Com esse tipo de processo, consegue-se peças produzidas praticamente à prova de erros dimensionais e de qualidade superficial. Segundo B. B. Oliveira (2011), para a utilização de robôs no processo de rebarbação é necessário um mecanismo de reconhecimento das geometrias que possuem rebarbas e um controle da remoção de material. Em uma peça onde sua geometria não é previamente programada, ou seja, não conhecida pelo robô, a execução da 2 Disponível em: <http://weldflex.com.br/images/work/big06.jpg> Acesso em Jun. 2016. 3 trajetória da ferramenta de rebarbação do robô se torna inviável. Este tipo de acabamento superficial é mostrado na Fig. (3). Figura 3. Rebarbação feito por robô em roda automotiva. MCK Automoção Industrial3 Visto essa problemática, o acabamento em massa, ou mass finishing surge como uma alternativa aos processos de rebarbação ditos anteriormente. Segundo D. A. Davidson, (2006), com esse tipo de processo consegue-se produzir lotes de pequenas e médias peças em quandes quantidades com um mesmo padrão de superfície, a um custo de investimento inicial e de manutenção razoavelmente baixo. Atualmente, empresas do ramo da metalurgia e fábricas de componentes mecânicos buscam aplicar o conceito de Produção Enxuta para identificar desperdícios e implementar melhorias na linha de produção, promovendo um aumento na qualidade dos produtos, maior produtividade, redução de custos e, conseqüentemente, o aumento da margem de lucro. 1.2 OBJETIVO: Este trabalho visa avaliar o processo de rebarbação em peças metálicas na indústria , que traz grandes custos em termos de tempo, capital humano e rejeitos na linha de produção, propondo a metodologia de acabamento superficial em massa para pequenas peças ou do inglês “Mass Finishing”, por meio de uma bancada de tamboreamento rotativo. 3 Disponível em: <http://www.mckautomacao.com.br/celulas-robotizadas-solda-e-corte.php> Acesso em Jun. 2016. 4 1.3 DIVISÃO DO TRABALHO O trabalho foi dividido da seguinte forma: Capítulo 1: Introdução do tema abordado, exposição do contexto que está inserido e objetivos do trabalho. Capítulo 2: Destinado à expor o conteúdo teórico necessário para o entendimento deste trabalho. Capítulo 3: Destinado à descrição dos objetivos do trabalho. Capítulo 4: Expõe os materiais e métodos utilizados na preparação dos ensaios e coleta de dados experimentais Capítulo 5: Expõe e analisa os resultados dos ensaios de tamboreamento. Capítulo 6: Conclusões obtidas do trabalho Capítulo 7: Expõe as propostas de melhorias para trabalhos futuros Capítulo 8: Referências Bibliográfcas Anexos: fotos da bancada. 5 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1 FORMAÇÃO DE REBARBAS 2.1.1 Rebarbas na fundição. O processo de fundição requer cuidados essenciais para que se minimizem os possíveis defeitos em peças produzidas. Quando esses cuidados são negligenciados, os defeitos podem acontecer de várias modos, entre eles: rebarbas metálicas, cavidades, trincas, inclusões de areia ou escória, peças incompletas e superfícies defeituosas. As rebarbas são protuberâncias metálicas formadas devido à uma série de fatores, entre eles: 1. Folgas entre machos e moldes, ou entre as partes inferior e superior dos moldes de fundição. Vide Fig. (4); 2. Rachaduras na superfície dos moldes, formando rebarbas do tipo veiamento. (Fig. 5); 3. Levantamento do molde devido à pressão gerada pelo metal líquido dentro do molde. 4. Erosão de areia causada pelo metal líquido. 5. Macho quebrado. (Fig. 6). Figura 4. Rebarba devido à folga entre moldes e macho. Fonte: II Workshop LABMAT. BRAGA, A.F. 2011 6 Figura 5. Rebarba do tipo veiamento. Fonte: II Workshop LABMAT. BRAGA, A.F. 2011 Figura 6. Rebarba devido à quebra de macho. Fonte: II Workshop. BRAGA, A.F. 2011 2.1.2 Rebarbas em peças usinadas. Gillespie & Blotter (1976) estudaram o mecanismo de formação de rebarbas em peças usinadas e classificaram-nas em 4 grupos definidos: 1) Rebarba de Poisson: a rebarba de Poisson consiste na tendência do material em criar protuberâncias laterais quando um material dúctil é comprimido pelas forças de avanço da ferramenta de corte. 7 Figura 7. Rebarba de Poisson. Gillespie (1973) 2) Rebarba de encurvamento: é a rebarba formada quando a ferramenta sai da peça, ao final do corte. O cavaco não sofre cisalhamento e encurva na direção oposta de rotação da ferramenta, gerando a rebarba, como é mostrado na Fig. (8). Figura 8. Rebarba de encurvamento. Gillespie (1973) 3) Rebarbas de Estiramento: rebarba formada no corte pela ação da ferramenta, onde a rebarba é estirada da peça, rasgando-a. É muito freqüente no processo de puncionamento. Figura 9. Rebarba de estiramento. Gillespie (1973) 8 4) Rebarba de Interrupção de Corte (cut off): rebarba muito frequente no processo de serramento resultante da mal fixação da peça que é cortada e da parte que é extraída da peça. A peça a ser extraída cai por gravidade antes que o corte termine por completo. Figura 10. Rebarba de cut off. Fonte: Adaptado de Wonkee Donkee Tools.4 2.2 ACABAMENTO SUPERFICIAL E RUGOSIDADE Segundo Agostinho (1986), a importância do estudo do acabamento superficial aumenta à medida que cresce a precisão de ajuste entre peças a serem acopladas, onde somente a precisão de forma, dimensional e de posição não são sufientes para garantir a funcionalidade do conjunto acoplado. Para peças onde o atrito, desgaste, corrosão, resistência à fadiga (Fig. 11), escoamento de flúidos ou mesmo aparência se tornam importantes variáveis de projeto, é fundamental a especificação da superfície da peça por meio da rugosidade. 4 Disponível em: <https://www.wonkeedonkeetools.co.uk/de-burring-tools/what-is-a-burr/> Acesso em Nov. 2016 9 Figura 11. Resistência à fadiga em função da rugosidade. Fonte: Augostinho (1986) O acabamento superficial é medido pela sua rugosidade superficial, expressa em micrometros. De acordo com a norma Agostinho (1986), os desvios da superfície geométrica, são classificados em erros microgeométricos, ou rugosidade, e erros macrogeométricos, ou erros de forma. Os erros macrogeométricos são medidos atravéz de instrumentos de medição convecionais como paquímetros, relógios comparadores, etc. A rugosidade é medida atravéz de equipamentos chamados rugosímetros ou perfilógrafos. Para o estudo do acabamento superficial, as superfícies são classificadas em: 1) Superfície real: superfície que limita o corpo; 2) Superfície geométrica: superfície ideal prescrita no projeto; 3) Superfície efetiva: superfície obtida por instrumetos analisadores de superfície. As supefícies reais distinguem-se das superfíciesgeométricas atraves das suas diferenças de forma. Essas diferenças de forma são classificadas em 6 graus diferentes, de 1ª à 6ª ordem. As diferenças de 1ª ordem são diferenças macrogeométricas de forma, como ovalização, cilindricidade, que podem ser medidas com instrumentos de medição convecionais. As diferenças de forma de 2º grau são as ondulações contidas na superfície da peça, sendo a distancia entre picos consideravelmente maior que a 10 amplitude destes, como é mostrado na Fig. (12). As diferenças de forma de 3º grau são as ranhuras presentes na superfície da peça. As diferenças de forma de 4ª ordem são as escamas e estrias presentes na superfície, formadas pela deformação do material. As diferenças de 5º e 6º grau representam o nível estrutural e reticular do material, não podendo ser representadas graficamente. Figura 12. Diferenças de forma. Fonte: Augostinho (1986). Adaptado pelo autor 2.2.1 Medição de rugosidade Dois sistemas de medição são usados para medir rugosidade de superfícies: Sistema da linha média M e sitema da envolvente E. O Sistema M é o mais utilizado, sendo normalizado no Brasil pela ABNT. No sistema M a rugosidade é dinida a partir do conceito de linha média, ou seja, a linha é posicionada de forma que as áreas superiores e inferiores, compreendidas entre essa linha e o perfi efetivo, sejam iguais em um determinado comprimento de amostragem. Um dos métodos matemáticos para calcular a rugosidade é o desvio médio aritmético, Ra. Esse parâmetro calcula os valores absoutos das ordenadas do perfil efetivo em relação à linha média em um espaço de amostragem, como é mostrado na Fig (13). Segundo Agostinho (1986), o comprimento de amostragem é mostrado na Tab. (1). 11 Figura 13. Cálculo do desvio médio aritmético, Ra. Fonte: Agostinho (1986). Adaptado pelo autor. Tabela 1. Comprimento de amostragem para medição de rugosidade. Agostinho (1943). Rugosidade Ra (µm) Comprimento mínimo de amostragem (mm) 0 à 0.3 0,25 0,3 à 3 0,80 Maior que 3,0 2,50 2.3 DESGASTE ABRASIVO Um dos principais desgastes estudados na tribologia é o desgaste abrasivo. Quando duas superfícies se movimentarem, uma em relação à outra, acontece um fenômeno chamado desgaste. Este pode ser definido como uma perda de material progressivo. Em muitos casos, o desgaste é prejudicial, levando a um aumento contínuo da folga entre as duas superfícies que se movimentam, o que pode causar a completa falha de máquinas grandes e complexas. Entretanto, altas taxas de desgaste são algumas vezes desejáveis, como em operações de retificação, brunimento, jateamento, tamboreamento e demais tipos de acabamento superficial. Segundo Hutchings (1992), o desgaste abrasivo pode ser classificado em modos: desgaste abrasivo à dois corpos e desgaste abrasivo à três corpos, dependendo, respectivamente, se o abrasivo é fixo ou livre entre as duas 12 superfícies. O mecanismo de desgaste pode ser causado por deformaçao plástica ou por fratura frágil. Quando partículas duras concentram tensões maiores que o limite de resitência nas superfícies dos materiais, ocorre o trincamento e fragmentos de desgaste são destacados da superfície. Quando há deformação plástica, o mecanismo de desgaste pode ser dividido em três fenômenos: sulcamento, micro- corte e formação de proa. Durante o sulcamento, a partícula abrasiva desloca o material para os lados, formando sulcos na superfície. Quando várias partículas estão agindo nesse mesmo sulco, deslocando o material para vários lados, ocorre o destacamento desta lasca acumulada, devido à fratura por fatiga. O micro-corte está diretamente associado ao sulcamento e acontece quando o material é inteiramente removido em forma de cavaco. A proporção de material removido por sulcamento ou micro-corte depende do ângulo de ataque da partícula abrasiva, como é mostrado na Fig.(14). Quanto menor o ângulo entre a superfíe do abrasivo e do material agredido, haverá predominância de abrasão por sulcamento. Conforme o ângulo aumenta, predominará a abrasão por micro-corte. Figura 14. Mecanismos de desgaste abrasivo. Stoeretal (2014) Segundo Stoeretal (2014), para ser considerado um bom material usado como abrasivo, este deve apresentar característica para uma boa ação de corte, como dureza e agudeza. O critério de dureza exige que o abrasivo seja de material mais duro do que o material que será desgastado. A agudeza é requerida para que o material abrasivo possua pontos cortantes ou ângulos agudos, quando submetidos à 13 altas tensões contra o material à ser agredido. Devido à essas características, materiais cerâmicos são mais apropriados para uso como abrasivos, por possuírem dureza muito alta (acima de 2000kgf/mm²) e falharem por fratura frágil. Óxido de alumínio e carboneto de silício, são materiais preferidos para uso como abrasivos, pois combinam alta dureza, fragilidade e baixo preço. 2.4 PROCESSO DE REBARBAÇÃO O processo de rebarbação consiste na retirada dos canais de alimentação (no caso da fundição) e rebarbas que se formam na superfície da peça durante a usinagem. Segundo Gillespie (1999), a rebarbação pode ser feita de 4 formas: rebabarção química, rebarbação mecânica, rebarbação térmica e rebarbação em massa (do termo inglês mass finishing). 2.4.1 Processo de rebarbação eletro-química Segundo Gillespie (1999), este tipo de rebarbação remove o metal por ação eletroquímica sem contato. Este processo é rápido, seletivo, eficiente e seguro. Utilizando-se baixa voltagem, corrente contínua e eletrodos de sais não tóxicos, a rebarba é dissolvida e removida da superfície das peças pelo eletrodo. Este processo é bastante utilizado para rebarbação de furos internos e locais de difícil acesso. 2.4.2 Processo de rebarbação térmica Segundo Benedict (1987), a rebarbação térmica é um processo de rebarbação usada para remover as rebarbas de difícil alcance ou rebarbas de várias superfícies ao mesmo tempo. O processo utiliza uma mistura explosiva de gás para fornecer energia térmica para queimar as rebarbas. É o processo mais rápido de remoção de rebarbas, exigindo apenas 20 milissegundos para removê-las de uma peça. O processo se dá colocando a peça de trabalho dentro de uma câmara à prova de explosão. A câmara é preenchida com oxigênio puro pressurizado e um dispositivo de ignição elétrico inflama o gás entre 2500ºC e 3500ºC, fazendo que todos os cantos afiados e rebarbas se queimem. 14 2.4.3 Processo de rebarbação mecânica Os processos de rebarbação mecânica incluem a rebarbação manual, robotizada e o acabamento em massa. A rebarbação manual é feita com uso de ferramentas de cortes, de esmerilhamento e de jatos abrasivos. Este processo além de ser fator de risco à integridade física do operário, causam grandes gargalos nas linhas de produção, devido à complexidade das operações e grande necessidade de mão de obra envolvida no processo. Segundo D. A. Davidson (1989), o acabamento em massa ou Mass finishing processes é um termo utilizado para descrever um grupo de processos abrasivos industriais nos quais grandes lotes de peças ou componentes fabricados a partir de metal ou de outros materiais, podem ser processados economicamente em grandes quantidades para conseguir uma variedade de efeitos de superfície. Estes incluem rebarbação, descalcificação, alisamento da superfície, edge-break e remoção de contaminantes da superfície após tratamento térmico e outros processos. Embora cada um dos tipos de processo de acabamento em massa traz consigo um conjunto único de processos, todos eles são versáteis para serem capazes de processar uma grande variedade de peças com êxito. Uma grande variedade de abrasivos, tipos de mídia, tamanhos e formas tornam possível alcançar resultadosmuito diferentes dentro do mesmo equipamento, desde a rebarbação pesada ao acabamento fino. Componentes de quase todos os tipos de materiais podem ser tratados usando técnicas de acabamento em massa, incluindo metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, materiais compósitos, cerâmicas e até mesmo madeira. Devido à característica do processo, algumas ressalvas devem ser consideradas: 1) Pode ser difícil de tratar determinadas áreas sem afetar outras regiões que podem ter requisitos críticos tolerância dimensional. 2) Todas as áreas exteriores da peça serão afetadas em maior ou menor grau, com efeitos sobre os cantos e bordas sendo mais pronunciados do que em faces planas ou em orifícios internos. 15 3) Devem ser cuidados o tamanho do material abrasivo, para que não entrem em canais da peça de difícil remoção. 4) Algumas peças possuem tamanhos e pesos incompatíveis com o processo, devido ao risco de choque peça-peça ser prejudicial à sua integridade. 5) A maioria dos processos de acabamento em massa utilizam mistura de água e abrasivos, que devem ser descartados em local apropriado do ponto de vista ecológico. 6) Em sua maioria, os processos de acabamento em massa causam tensões superficiais na peça tratada. 2.4.4 Custos associados Gillespie (1999) estimou uma forma de prever custos do processo de rebarbação utilizando-se o processo de acabamento em massa, baseado na Eq. (1): 𝐶0 = [𝐶𝐷+ 𝐶𝑀+𝑊𝐶𝑝𝑡+ 𝐶𝐿(1+𝐷0)+𝐶𝐴] 𝑁 + 𝐶𝑡 𝑁𝑃 (1) Onde: 𝐶0 é o custo de rebarbação por peça trabalhada; 𝐶𝐷 é custo de operação por hora da máquina; 𝐶𝑀 é custo de manutenção por hora da máquina; 𝑊 é potencia usada em kilowatts (1 hp = 0,75 kW); 𝐶𝑝 é o custo do kilowatt/hora ($/kW.h); t é o tempo (h/ciclo); 𝐶𝐿 é o custo do trabalho/hora para executar a máquina; 𝐷0 é a sobrecarga como porcentagem da frequência de trabalho; 𝐶𝐴 é o custo da limpeza/hora (trabalho e material); 𝐶𝑡 é o custo total de ferramentas; 𝑁𝑃 é número total de peças trabalhadas; 𝑁 é o númeto de peças/hora. Ressalta-se que a Eq. (1) é uma estimativa que não leva em consideração as frequentes variações que ocorrem durante o processo de rebarbação em massa para se obter melhores resultados. Generaliza-se o tempo de rebarbação para cada 16 lote de peças e é desprezado o custo relativos ao espaço ocupado em chão de fábrica. 2.5 TAMBOREAMENTO ROTATIVO Segundo D. D. Davidson (1989), o tamboreamento rotativo é a técnica de acabamento em massa mais antiga que se tem notícia, sendo usada pelos antigos artesãos chineses e egípcios para dar acabamento superficial em suas espadas e jóias. É notório que esse processo se tornou obsoleto com o avanço das técnicas de tratamento superficiais existentes atualmente, principalmente no que diz respeito ao demorado tempo de operação. No entanto o tamboreamento é um processo simples de ser operado, requer pouco investimento inicial em maquinário, baixo custo de manutenção e pouco espaço em chão de fábrica. Os custos estimados para o processo, realizados por uma empresa Norte Americana, são mostrados na Tab. (2). Tabela 2. Custos relativos ao tamboreamento rotativo (Schaeffer 2003). Custo do elemento Custo ($/hora) % do custo Depreciação do equi- Pamento 8,40 26 Custo de mão de obra 15,00 48 Reposição de insumos 3,50 11 Água residual 4,50 14 Energia 0,35 1 TOTAL 31,75 100 As máquinas de tamboreamento são disponíveis em várias configurações. Na Fig. (15) é mostrado a configuração mais utilizada na indústria para rebarbação, limpeza e polimento de peças metálicas, que são os barris horizontais com a câmara em formato hexagonal ou octogonal. Esse tipo de construção facetado, permite uma elevação mais eficiente das peças e abrasivos no interior do barril quando comparado às câmaras simplesmente cilíndricas, otimizando o fluxo dentro da máquina e consequentemente, diminuindo o tempo de operação do processo de tamboreamento. 17 Figura 15. Maquina de tamboreamento rotativo de uso industrial. Fonte: Lager Maschinen5 2.5.1 Princípios operacionais O tamboreamento rotativo consiste em um barril sextavado ou oitavado, que possui movimento de rotação em relação ao próprio eixo. Em seu interior são colocados as peças que serão trabalhadas, estas provenientes de processo de fundição ou usinagem, material abrasivo na forma de pó ou pasta, água e chips abrasivos. Com o movimento de rotação do tambor, as peças tendem a atritarem entre si e em relação à parede do tambor, ganhando altura até que a ação da gravidade “puxe” a peça para o fundo do tambor, causando um fluxo de materiais abrasivos e peças no interior do tambor, como é mostrado na Fig. (16). Este fluxo provoca choques entre as peças, chips e as paredes do tambor, promovendo a rebarbação das peças até o acabamento superficial requerido. Dependendo da aplicação e tipo de chips abrasivos, o tamboreamento pode promover o polimento das peças. A seleção dos insumos (chips abrasivos de matriz cerâmicas, inox, plástico etc) para tamboreamento são baseados em fatores como materiais, formato, tamanho e resultado almejado para a superfície das peças. Compostos químicos (detergentes, pastas e pós) devem ser usados para auxiliar e/ou acelerar o processo, garantindo o acabamento desejado além de manter os insumos limpos e/ou com maior poder de corte. 5 Disponível em <http://en.lagermaschinen.de/machinedocs/1082/1082-08203-30102012114625997.jpg> Acesso Jun. 2016. 18 A área em que esse insumos, compostos químicos e partes deslizam, é chamada de área efetiva de deslizamento. Segundo a MFSA (1965), 90% da rebarbação e acabamento superficial é feito nessa superfície. O barril, geralmente é carregado com 50 à 60% da sua capacidade, sendo considerada ideal para promover maior área efetiva de deslizamento. Para peças maiores e mais pesadas, utiliza-se acima de 80% da capacidade do barril, para reduzir o contato de uma peça com a outra e reduzir a força de contato entre ambas, porém o risco de quebras de peças volumosas é alto. Geralmente, usa-se revestimento interno nas faces do barril com borrachas ou materiais similares com capacidade de absorção de impactos, vibração e ruídos. Figura 16. Fluxo de materiais dentro do tambor. Fonte: Autor. O volume do barril em litros, pode ser calculado de acordo com a Eq. (2). 𝑉 = 250 × 𝑛 × 𝑎2× 𝐿 tan( 180 𝑛 ) (2) Onde: 𝑉 é o volume do barril em litros; 𝑛 é o número de lados do barril; 𝑎 é comprimento da aresta do barril em metros; 𝐿 é o comprimento do barril em metros. 19 2.5.2 Escolha dos abrasivos Os chips abrasivos, ou mídia abrasiva, são materiais utilizados nos processos de tamboreamento ou vibroacabamento, que agem como abrasivos nas diferentes superfícies que terão que ser tratadas. O uso destes chips são determinados pelo tipo de acabamento superficial requerido, pelo tamanho e material das peças a serem trabalhadas. A composição da mídia, ou seja, o material do qual é feita, depende da demanda do processo em termos de capacidade de corte/rebarbação ou capacidade de polimento. Chips com alto poder de corte contém grandes quantidades de abrasivos de alta granulometria (80 à 280 mesh)em sua composição (óxido de aluminio, carboneto de silício, etc), sendo indicados para rebarbação mais grossa. Chips para acabamento fino, como polimento, contêm abrasivos de granulometrias baixas (320 à 1200 mesh), sendo indicadas para peças que requerem rugosidades menores. Comercialmente, as mídias estão disponíveis em vários materiais diferentes: cerâmica, plástico, aço de alta porcentagem de carbono e aço inoxidável, orgânicos (madeira, sementes),sendo as mais utilizadas (80 à 90% do total), as mídias cerâmicas e plásticas. Os chips cerâmicos (Fig. 17), são indicados para operações de rebarbação severa em aços carbono e aços inoxidáveis. Sua limitação é o alto custo e a possibilidade de quebras e prendimento dentro de furos de peças. Os chips plásticos (Fig. 19), são largamente utilizados devido à sua versatilidade e poder abrasivo. Estes, são disponíveis em diferentes graus de abrasividade, podendo ser utilizados tanto para rebarbação, quanto para polimento de superfícies, de acordo com a granulometria do abrasivo. Os chips metálicos (Fig. 18), são utilizados para rebarbação e polimento de peças de aço. Possuem alto custo e vida útil praticamente infinita. A sua alta densidade é vantajosa em termos de abrasividade, causando maior pressão sobre as peças de trabalho e aumentando sua eficiência abrasiva, porém o alto peso da carga no interior dos equipamentos, requer que estes sejam mais resistentes aos esforços mecânicos gerados pela sua movimentação. A mídia orgânica (raspas de madeira, sementes, sabugos de milho, etc) é utilizada para polimento, limpeza e absorção de umidade ou fluidos em geral. 20 Figura 17. Chips abrasivos de cerâmica. Fonte: Vibrochips6 Figura 18. Chips metálicos. Fonte: Otocarva7 Figura 19. Chips plásticos. Fonte: Vibrochips8 6 Disponível em <http://www.vibrochips.com.br/v3/vst_produto.aspx?cd_ordem=1/ > Acesso em Jun. 2016. 7 Disponível em: <http://www.otocarva.com.br.> Acesso em Nov. 2016 8 Disponível em: <http://www.vibrochips.com.br/v3/vst_produto.aspx?cd_ordem=1/>. Acesso em Nov. 2016 21 Figura 20. Mídia orgânica. Fonte: Vibrochips8 Segundo Gillespie (1999), o tamanho da mídia abrasiva é importante por várias razões. Uma das funções relacionadas ao tamanho da mídia é manter as peças a serem trabalhadas distantes umas das outras. Mídias pequenas ajudam a manter pequenas peças separadas, enquanto mídias maiores possuem maior poder de corte, o que, diminui o tempo de operação, porém produz superfícies mais rugosas. Outro fator relacionado ao tamanho da mídia é que mídias muito pequenas podem ficar presas no interior de furos ou cavidades das peças. O formato dos chips é um fator a ser considerado, pois de acordo com o acabamento desejado ou pela geometria da peça, um tipo de formato é mais eficiente que outro. Comercialmente os chips estão disponíveis em diferentes formatos, como é mostrado na Fig. (21). Figura 21. Tipos de formato de mídias/chips. Gillespie (1999) 22 1. Formato triangular: eficiente em peças com ranhuras ou pequenos furos. 2. Formato cilíndrico: são eficientes em peças com regiões vazadas. 3. Formato tetraédrico: possui pontas finas que podem entrar em ranhuras, quinas sem o problema de ficar preso dentro das peças. 4. Formato cônico: formato bastante versátil, podendo entrar em furos de diferentes diâmetros. 5. Formato esférico: útil para superfícies uniformes, possuindo um boa capacidade de fluxo dentro do tambor, sendo mais utilizado para polimento devido ao seu baixo poder de corte. 6. Formato elíptico: variação do formato cilíndrico, possuindo propriedades semelhantes à este. 2.5.3 Variáveis do processo Segundo Gillespie (1999), as variáveis do processo de tamboreamento devem ser selecionadas de forma a otimizar o acabamento superfial das peças de trabalho. O formato e o tamanho do barril, o tipo e tamanho de mídia, a proporção da mistura mídia/peças, os compostos químicos (pastas, pó abrasivo, detergentes), o nível de água no tambor, a velocidade de rotação do tambor e o tempo de operação são as principais variáveis a serem definidas previamente. Os tambores são projetados para trabalharem com uma grande variedade de peças, desde pequenas peças usinadas ou estampadas até grandes peças fundidas e conformadas. Para peças frágeis deve-se evitar o contato peça-peça. Para peças finas e longas, o tamboreamento não é indicado pela possibilidade de quebra ou distorção. A velocidade de rotação do tambor varia de 4 rpm em tambores de grandes dimensões à 60 rpm em tambores de pequenas dimenções, com a velocidade da superfície variando de 6 à 61 m/mim. Quanto mais rápida a rotação mais rápido é o tempo de operação, no entanto, operações de polimento requerem baixa velocidade e operações de rebarbação requerem altas velocidades. (Gillespie, 1999). O tempo de operação varia de alguns minutos à até oito horas, dependendo principalmente do acabamento superficial requerido e da quantidade de peças e da 23 mídia utilizada. A separação das peças e mídias é feita geralmente em mesas vibratórias ou a carga é tranferida por correias transportadoras para máquinas específicas de separação. 2.5.4 Problemas enfrentados Algumas práticas foram sugeridas por Gillespie (1999), para resolver possíveis problemas inerentes ao processo de tamboreamento rotativo, entre eles: 1) Para reduzir o tempo de operação: a. Aumentar a velocidade do barril (velocidades muito altas são prejudiciais); b. Acrescentar compostos abrasivos (sílica, pastas abrasivas, etc); c. Aumentar o tamanho e poder de corte da mídia/chips; d. Acrecentar soluçoes ácidas para acelerar a ação abrasiva (atente-se à liberação de gases tóxicos). 2) Aumentar o número de peças trabalhadas por ciclo: a. Utilizar múltiplos tambores, ou múltiplos compartimentos; b. Acrescentar mais peças por carga. 3) Se as peças oxidarem durante ou após a operação: a. Adicinar inibidores de corrosão; b. Lavar as peças imediatamente após a operação; 4) Chips presos dentro de furos ou cavidades das peças (Fig. 22): a. Aumente o tamanho da mídia b. Utilize soluções de polimento para lubrificar a mídia. 5) Peças danificadas: a. Diminuir a rotação do tambor; b. Diminuir tamanho da mídia e aumentar sua proporção; c. Utilizar tambores com compartimentos separados; 24 6) Caso as rebarbas juntem-se à peça logo após a remoção (Fig. 23): a. Reduzir a rotação do barril; b. Utilizar chips plásticos; c. Aumentar a quantidade e agressividade dos compostos abrasivos Figura 22. Chips presos dentro da peça. Fonte: Gillespie (1999) Figura 23. Rebarba aderida à peça. Fonte: autor 25 3. OBJETIVOS Neste trabalho foi realizado um ensaio de tamboreamento rotativo para rebabarbação em peças usinadas, com os seguintes objetivos: 1. Propor uma bancada para ensaio de tamboreamento rotativo. 2. Definir parâmetros de ensaio com base na literatura. 3. Avaliar os parâmetros que mais interferem no acabamento superficial de peças após tamboreamento, por meio de planejamento fatorial de experimentos. 4. Propor novas soluções para trabalhos futuros, visando obter melhores resultados. 26 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 PROJETO DA BANCADA DE TAMBOREAMENTO Para o ensaio de tamboremento rotativo, será utilizado uma estrutura metálica em formato de bancada. Na parte superior da estrutura da bancada, estão fixados quatro mancais de rolamento, código P204, por onde passam dois eixos de aço com revestimento emborrachado, o eixo primário e o eixo secundário. Acima desses dois eixo emborrachados, estará apoiado o tambor que projetado, como é mostrado na Fig. (24) e Fig. (25). Figura 24. Estrutura da bancada Figura 25. Projeto em CAD da bancada feito no software CATIA V5 R19 4.3 PROJETO DO TAMBOR Para realização do ensaio projetou-se um tambor com seis faces internas e com extremidades em formato circular, de forma que fique apoiado e gire entre os eixos primários e secundário. Este tipo de geometria do tipo sextavada, segundoGillespie(1999) e A. A. Davidson (1989), mostrou ser mais eficiente por tornar o tempo de operação reduzido, quando comparado à tambores simplesmente cilíndricos. O tambor projetado possui um diâmetro máximo das extremidades circulares, que fica em contato com os eixos de transmissão, de 320 mm. Em uma dessas extremidades é feito uma porta com sistema de vedação por rosquemento, por onde serão introduzidos os corpos de prova, os chips abrasivos e água. 27 Aplicando-se a Eq. 2, descrita anteriormente no capítulo 2 deste trabalho para o tambor projetado, com 𝑛 = 6 lados, a = 0,14 m e 𝐿 = 0,20 m, têm-se que a capacidade volumétrica é de 10,18 litros.: 𝑉 = 250 × 6 × 0,14 × 0,20 tan( 180 6 ) (3) Os materiais utilizados para a fabricação do tambor são: Chapa de aço SAE 1020 de 1.5 mm de espessura para o miolo sextavado e 4,76 mm de espessura para as extremidades circulares; Chapa de alumínio xadrez de 2,7 mm de espessura para a tampa; Borracha de 5 mm para vedação; Canaleta de borracha para revestimento das extremidades circulares; 4 Prisioneiros de ½ in; 4 Porcas de 19 mm. O tambor fabricado é mostrado na Fig. (26) e seus desenhos técnicos com as respectivas dimensões são mostrados no Anexo 1. Figura 26. Tambor sextavado fabricado. 28 4.4 PROJETO DE TRANSMISSÃO DO MOTOR O motor utilizado para movimentar o tambor, é um motor de indução monofásico, modelo WEG C48 (Fig. 27), com potência de 0,25 HP, e velocidade de rotação de 1745 rpm. Este motor possuim regime de serviço classe S1, o que indica que este deve trabalhar em regime contínio, ou seja, com carga constante durante sua operação. Figura 27. Motor de indução WEG C48. Para o tamboreamento rotativo, para fins de rebarbação ou polimento, a velocidade do tambor é um fator que influencia no processo. Segundo Gillespie (1999), para rebarbação são utilizadas velocidades de superfície em torno de 50 m/min. Visto que o comprimento de cada aresta do tambor projetato é de 140 mm, em uma rotação completa, têm-se que 840 mm de superfície são pecorridos. Para atingir a velocidade de superfície de 50 m/min têm se que a rotação do Tambor é dado pela Eq. (4): 𝑁 = 50 [𝑚] [𝑚𝑖𝑛] 0,840 [𝑚] [𝑟𝑒𝑣] = 59,52 𝑟𝑝𝑚 (4) Calculado a rotação ideal do tambor, é necessário adaptar um modelo de transmissão que melhor atenda à esse requisito. O modelo de transmissão utilizado será por polias e correia, sendo uma polia motora fixado ao eixo do motor, uma polia movida fixada ao eixo primário da estrutura, o próprio tambor e uma correia em V, código A40, como é mostrado na Fig. (28). 29 Figura 28. Relação de transmissão. Fonte: Autor A relação de trasmissão é dada pela Eq. (5). 𝐷1 × 𝑤1 = 𝐷2 × 𝑤2 (5) Onde: 𝐷1 é o maior diâmetro do tambor (320 mm); 𝑤1 é a rotação angular do tambor (59,52 rpm); 𝐷2 é o diâmetro do eixo primário (48 mm); 𝑤2 é a rotaçãodo eixo primário. Calculando-se a equação para os valores citados, tem-se que a rotação do eixo primário é de 396,8 rpm. Como a rotação do eixo do motor é de 1745 rpm, uma relação de redução de 1:4,39 entre a polia motora e polia movida é requerida, para manter as condições ideais de ensaio. Para obter essa relação será utilizadas polias de 50 e 220mm de diâmetro para a polia motora e movida, respectivamente, tornando assim uma relação de 1:4,4, atendendo à especificação do projeto. 4.5 PRATICAS PARA PRIMEIRA OPERAÇÃO Gillespie (1999) sugere em seu texto, boas práticas a serem adotadas na primeira operação de tamboreamento, entre elas: 1. Mensurar e registrar as rebarbas, o acabamento da superfície e presença de defeitos; 30 2. Determinar qual chip abrasivo ou qual combinação de chips será melhor; 3. Determinar quais serão as operações requeridas (rebarbação, polimento ou limpeza); 4. Determinar se as peças serão cobertas com inibidor de corrosão; 5. Estimar a proporção chips/peças ideal para o procedimento; 6. Especificar quais compostos abrasivo serão utilizados; 7. Estimar o tempo de operção; 8. Para primeira operação utilizar rotações baixas, entre 30 e 40 rpm e verificar frequentemente se atingiu-se o resultado esperado ou se houve dano às peças; 9. Ao final da operação documentar resultados e possíveis melhorias. 4.6 ENSAIO DE TAMBOREAMENTO ROTATIVO 4.6.1 Confecção dos corpos de prova Devido ao tamboreamento ser um processo de acabamento em massa eficiente para grandes lotes de peças de tamanho reduzidos, para o experimento em bancada, foram utilizadas seções de tubo circulares feitos de aço carbono SAE 1020 e de aço inoxidável AISI 304, cortados em máquina serra-fita horizontal. Neste tipo de máquina, a peça é fixada em uma morsa e um sistema hidráulico realiza o avanço da serra contra o material. Durante o corte das seções de tubo, utilizou-se fluido de corte para lubrificação (redução do atrito e da área de contato ferramenta/cavaco), refrigeração (transferência de calor da região de corte), remoção dos cavacos da zona de corte e proteção da máquina ferramenta e da peça contra oxidação. As propriedades mecânicas dos materiais dos tubos são mostradas na Tab. 3. 31 Tabela 3. Propriedades mecânicas dos materiais. Fonte: Manual de aços Gerdal9 Material Aço inox AISI 304 Aço carbono SAE 1020 Tensão de escoamento 300 Mpa 330 MPa Limite de resistência 620 MPa 450 Mpa Dureza Brinell 190 HB 143 HB Elongação de ruptura 58% 36% Segundo ASM (2005), o aço AISI 304 é uma liga de aço inoxidável austenítica de alta ductilidade, não sendo endurecidos por têmpera, porém endurecível por trabalho à frio (encruamento). O procediemnto de corte em serra fita é um processo que produz quantidade elevada de rebarbas no plano de corte das peças. Os anéis produzidos são mostrados na Fig. (29). Para cada ensaio de tamboreamento foram selecionados aleatoriamente 5 anéis para marcação e numeração, fazendo-se pequenos furos de 1 mm, como é mostrado na Fig. (30). Figura 29. Corpos de prova de aço SAE 1020 e AISI 304. Figura 30. Corpos de prova marcados e numerados. 9 Disponível em: <http://www.feis.unesp.br/home/departamentos/engenhariamecanica/maprotec//catalogo_acos_gerdal.pdf> Acesso em: Nov. 2016 32 As seções de tubo de aço inoxidável são utilizados na fabricação de coletores de escamento automotivo de alto desempenho, com os anéis unidos por soldagem, formando tubos curvados em diversos ângulos, como é mostrado na Fig. (31). O aço inoxidável é empregado nesse tipo de escapamento devido à sua alta resistência mecânica, excelente soldabilidade, resistência à altas temperaturas e resistência à oxidação do material. Figura 31. Coletor de escapamento automotivo de alto desempenho. Rennlist.com10 4.6.2 Escolha dos abrasivos. Visto que os corpos de prova são feitos de ligas metálicas com resistência mecânica elevada, principalmente ligas alta dureza como o AISI 304, e baseando- se na literatura, os chips abrasivos de matriz cerâmica e de matriz uréica foram escolhidos para o ensaio de tamboreamento. Os chips abrasivos de matriz cerâmica são construídos em formato elípto, com dimensões de 25 x 12 x 27 mm, como é mostrado na Fig. (32). Este tipo de geometria, segundo Gillespie (1999) , facilita a entrada do chip no interior dos corpos de prova, melhorando a eficiência na rebarbação. A matriz cerâmica é mais densa quando comparada às outras matrizes, o que permite maior pressão dos abrasivos contra a superfície das peças. Este chip possui como elemento abrasivo, o óxido de alumínio com granulometria de 80 à 100 mesh, ou seja, partículas entre 0,125 mm e 0,177mm de tamanho de grão. Oschips abrasivos de matriz uréica são construídos em formato cônico, com dimensões de 30 mm x 25 mm, como é mostrado na Fig. (32). Este tipo de geometria, segundo Gillespie (1999), permite que o chip entre em furos de diferentes 10 Disponível em: http://rennlist.com/forums/997-turbo-forum/908907-armytrix-997-1-twin-turbo-valvetronic- exhaust-armynator-cel-delete-3.html/. Acesso em Nov. 2016. 33 diâmetros, promovendo a rebarbação. A matriz uréica possui um baixo custo, alta eficiência para operações de rebarbação e é biodegradável. Este chip possui como elemento abrasivo, o óxido de alumínio com granulometria de 100 à 120 mesh, ou seja, partículas entre 0,125 mm e 0,149 mm de tamanho de grão. Figura 32. Dimensões dos chips abrasivos. 4.6.3 Procedimentos de ensaio Procedimentos pré-ensaio: 1. Ao final do processo de corte dos anéis, estes são separados em cinco lotes com volumes aproximadamente iguais, sendo dois lotes de anéis de aço inox AISI 304 e três lotes de anéis de aço SAE 1020. Cada lote será destinado à um ensaio. 2. Para caracterização e diferenciação dos corpos de prova de cada ensaio, foram feitos pequenos furos de 1mm em cinco unidades aleatórias, numerando-as. 3. Limpeza dos cincos corpos de prova com solvente, para eliminar sujeiras e óleos 4. Os corpos de prova marcados foram caracterizados por meio de medições de massa em balança OHAUS Adventurer de 0,0001g de precisão. 34 5. Foi medido a rugosidade supeficial inicial Ra dos tubos de aço AISI 304 e SAE 1020, com utilização de rugosímetro portátil Mitutoyo SJ- 210 com comprimento de cut-off de 0,8 mm e avanço de 0,5 mm/s, realizando-se três medições para cada tubo. A rugosidade Ra inicial medida para o aço SAE 1020 e aço inox AISI 304, são mostradas na Tab (4). Tabela 4. Rugosidade Ra inicial. Material AISI 304 SAE 1020 Ra [𝝁𝒎] 0,748 1,106 Figura 33. Medição de rugosidade com Rugosímetro Mitutoyo SJ-210 Procedimentos de ensaio: Foram realizados cinco ensaios de tamboreamento, variando-se os tipos de chip abrasivo e tipo de material à ser rebarbado, ou seja, cada tipo de material (SAE 1020 ou AISI 304) foi rebarbado com dois tipos de chips abrasivos diferentes (Chip Cerâmico e Chip Uréico). Para os ensaios de rebarbação, o tempo de operação de 4 horas foi escolhido baseando-se em resultados de ensaio exploratório previamente realizado. Por se tratar de rebarbação, a proporção de volume da mistura chips/corpos de prova escolhido foi de 1/1. Para os ensaios molhados, utilizou-se o nível de água de modo que cobrisse todas as peças e abrasivos. A carga total deve ocupar 50 à 60% de volume total do tambor, para otimizar o fluxo dentro do tambor. Ensaio Exploratório: rebarbação realizado anéis de aço carbono SAE 1020 utilizando-se chips de matriz cerâmica em formato elíptico como abrasivos. As peças e os chips são utilizados à seco, ocupando cerca de 50% da capacidade de carga do tambor. Tempo total de ensaio de 4 horas. 35 Ensaio 1: rebarbação em anéis de aço inox AISI 304, utilizado-se chips abrasivos de matriz cerâmica em formato elíptico como abrasivos. As peças e os chips são imersos em água, utilizando-se cerca de 60% da capacidade de carga do tambor. Tempo total de ensaio de 4 horas. Ensaio 2: rebarbação em anéis de aço inox AISI 304 utilizando-se chips de plástico feitos com resina à base de uréia em formato cônico como abrasivos. As peças e os chips são imersos em água, utilizando-se cerca de 60% da capacidade de carga do tambor. Tempo total de ensaio de 4 horas. Ensaio 3: rebarbação em anéis de aço carbono SAE 1020 utilizando-se chips abrasivos de matriz cerâmica em formato elíptico como abrasivos. As peças e os chips são imersos em água, utilizando-se cerca de 60% da capacidade de carga do tambor. Tempo total de ensaio de 4 horas. Ensaio 4: rebarbação em anéis de aço carbono SAE 1020 utilizando-se chips de plástico feitos com resina à base de uréia em formato cônico como abrasivos. As peças e os chips são imersos em água, utilizando-se cerca de 60% da capacidade de carga do tambor. Tempo total de ensaio de 4 horas. Procedimentos pós ensaio: Ao final dos ensaios, as cargas de abrasivos e peças foram separados, lavados em água corrente e depois caracterizados por meio de análises fotográficas. Os cinco corpos de prova numerados com furos são limpados com solvente para remoção de óleos e sujeiras para posterior medição de massa em balança analítica de precisão de 0,0001g, objetivando-se avaliar o desgaste de cada peça, como é mostrado na Fig. (34). Para caracterização da superfície externas dos corpos de prova, fez-se necessário a medição da rugosidade com o uso de um rugosímetro modelo Mitutoyo SJ-210, pois ao final do processo de tamboreamento, tanto o aço carbono SAE 1020 quanto o aço inox AISI 304 apresentaram uma superfície com aparência fosca, devido ao alto poder de riscamento dos abrasivos. Para mensurar essa mudança na superfície dos corpos de prova, mediu-se o parâmetro Ra dos anéis numerados de cada ensaio, realizando-se 3 medições para cada anel. 36 Figura 34. Medição de massa em balança de precisão. Figura 35. Medição de rugosidade após tamboreamento. 37 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 ENSAIO EXPLORATÓRIO Para o ensaio exploratório, realizado com corpos de prova de aço carbono SAE 1020, com abrasivos de resina uréica feito à seco, o resultados das medições das massas antes e depois do ensaio, assim como o desgaste calculado são mostradas na Tab. (5). O erro do instrumento de medição (0,0001g) e erros aleatórios são calculados. Tabela 5. Desgaste dos corpos de prova para ensaio exploratório. ENSAIO EXPLORATÓRIO Massa 1 (g) Massa 2 (g) Desgaste (g) CP1 34,4847 ± 0,0001 34,3823 ± 0,0001 0,1024 ± 0,0002 CP2 35,6757 ± 0,0001 35,5609 ± 0,0001 0,1148 ± 0,0002 CP3 35,7455 ± 0,0001 35,6505 ± 0,0001 0,0950 ± 0,0002 CP4 34,5941 ± 0,0001 34,5195 ± 0,0001 0,0746 ± 0,0002 CP5 35,5299 ± 0,0001 35,4086 ± 0,0001 0,1213 ± 0,0002 MÉDIA TOTAL [g] 0,1016 ± 0,0092 Figura 36. Corpos de prova após tamboreamento à seco Figura 37. Carga de ensaio no tambor. Figura 38. Carga após ensaio. 38 A medição do parâmetro Ra de rugosidade para o ensaio exploratório é mostrada na Tab. (6). Tabela 6. Rugosidade Ra para ensaio à seco. Ensaio à seco Desvio médio aritmético Ra [ 𝛍𝐦 ] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média [ 𝛍𝐦 ] CP1 2,938 2,843 2,788 2,856 CP2 3,336 2,986 2,738 3,020 CP3 2,967 2,703 2,047 2,572 CP4 2,558 2,802 2,589 2,650 CP5 2,890 2,563 2,606 2,686 Média total [ 𝛍𝐦 ] 2,757 5.2 ENSAIO 1 Para o ensaio 1, realizado com corpos de prova de aço inox AISI 304, com abrasivos de matriz cerâmica, o resultados das medições das massas antes e depois do ensaio, assim como o desgaste calculado são mostradas na Tab. (7). Tabela 7. Desgaste dos corpos de prova para ensaio 1. ENSAIO 1 Massa 1 (g) Massa 2 (g) Desgaste (g) CP1 23,9856 ± 0,0001 23,7424 ± 0,0001 0,2432 ± 0,0002 CP2 22,9309 ± 0,0001 22,6945 ± 0,0001 0,2364 ± 0,0002 CP3 27,5271 ± 0,0001 27,2846 ± 0,0001 0,2875 ± 0,0002 CP4 23,1145 ± 0,0001 22,9030 ± 0,0001 0,2115 ± 0,0002 CP5 22,6908 ± 0,0001 22,6908 ± 0,0001 0,2468 ± 0,0002 MÉDIA TOTAL [g] 0,2451 ± 0,0133 39 Figura 39. Corpos de prova no interior do tambor Figura 40. Corpos de prova e abrasivos do ensaio 1 no interior do tambor Figura 41. Corpos de prova do ensaio 1 com rebarbas. Figura 42. Corpos de provado ensaio 1 após tamboreamento. A medição do parâmetro Ra de rugosidade para o ensaio 1 é mostrada na Tab. (8). 40 Tabela 8. Rugosidade Ra para ensaio 1. Ensaio 1 Desvio médio aritmético Ra [ 𝛍𝐦 ] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média [ 𝛍𝐦 ] CP1 1,233 1,031 1,094 1,119 CP2 1,362 1,293 1,248 1,301 CP3 1,164 1,028 0,987 1,060 CP4 1,137 1,216 1,278 1,210 CP5 1,327 1,101 1,214 1,214 Média total [ 𝛍𝐦 ] 1,189 5.3 ENSAIO 2 Para o ensaio 2, realizado com corpos de prova de aço carobono SAE 1020, com abrasivos de matriz cerâmica, o resultados das medições das massas antes e depois do ensaio, assim como o desgaste calculado são mostradas na Tab. (9). Tabela 9. Desgaste dos corpos de prova para ensaio 2. ENSAIO 2 Massa 1 (g) Massa 2 (g) Desgaste (g) CP1 35,6925 ± 0,0001 35,4505 ± 0,0001 0,2420 ± 0,0002 CP2 34,7068 ± 0,0001 34,4766 ± 0,0001 0,2302 ± 0,0002 CP3 35,7386 ± 0,0001 35,4979 ± 0,0001 0,2407 ± 0,0002 CP4 34,5300 ± 0,0001 34,2944 ± 0,0001 0,2356 ± 0,0002 CP5 34,1721 ± 0,0001 33,9674 ± 0,0001 0,2047 ± 0,0002 MÉDIA TOTAL [g] 0,2306± 0,0080 Imagem 43. Carga de ensaio antes do tamboreamento Imagem 44. Carga de ensaio após tamboreamento 41 Imagem 45. Corpos de prova do ensaio 2 com rebarbas. Imagem 46. Corpos de prova do ensaio 2 após tamboreamento. A medição do parâmetro Ra de rugosidade para o ensaio 2 é mostrada na Tab. (10). Tabela 10. Rugosidade Ra para ensaio 2. Ensaio 2 Desvio médio aritmético Ra [ 𝛍𝐦 ] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média [ 𝛍𝐦 ] CP1 2,271 2,269 2,318 2,286 CP2 1,926 2,158 2,222 2,102 CP3 1,76 1,94 1,953 1,884 CP4 2,291 2,42 1,979 2,230 CP5 1,737 2,038 1,553 1,776 Média total [ 𝛍𝐦 ] 2,056 42 5.4 ENSAIO 3 Para o ensaio 3, realizado com corpos de prova de aço carbono SAE 1020, com abrasivos de resina uréica, o resultados das medições das massas antes e depois do ensaio, assim como o desgaste calculado são mostradas na Tab. (11). Tabela 11. Desgaste dos corpos de prova para ensaio 3. ENSAIO 3 Massa 1 (g) Massa 2 (g) Desgaste (g) CP1 36,0167 ± 0,0001 35,8558 ± 0,0001 0,1609 ± 0,0002 CP2 35,6173 ± 0,0001 35,4485 ± 0,0001 0,1688 ± 0,0002 CP3 36,0658 ± 0,0001 35,8998 ± 0,0001 0,1660 ± 0,0002 CP4 36,3787 ± 0,0001 36,2210 ± 0,0001 0,1577 ± 0,0002 CP5 35,0449 ± 0,0001 34,8728 ± 0,0001 0,1721 ± 0,0002 MÉDIA TOTAL [g] 0,1651± 0,0036 Figura 47. Carga de ensaio no tambor. Figura 48. Carga após ensaio. Figura 49. Corpos de provas do ensaio 3 com rebarbas. 43 Figura 50. Corpos de provas do ensaio 3 após tamboreamento. A medição do parâmetro Ra de rugosidade para o ensaio 3 é mostrada na Tab. (12). Tabela 12. Rugosidade Ra para ensaio 3. Ensaio 3 Desvio médio aritmético Ra [ 𝛍𝐦 ] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média [ 𝛍𝐦 ] CP1 2,13 1,909 1,965 2,001 CP2 1,821 2,027 1,986 1,945 CP3 2,325 1,768 2,105 2,066 CP4 1,9 1,961 1,789 1,883 CP5 1,819 1,606 1,809 1,745 Média total [ 𝛍𝐦 ] 1,928 44 5.5 ENSAIO 4 Para o ensaio 4, realizado com corpos de prova de aço inox AISI 304, com abrasivos de matriz uréica, o resultados das medições das massas antes e depois do ensaio, assim como o desgaste calculado são mostradas na Tab. (13). Tabela 13. Desgaste dos corpos de prova para ensaio 4. ENSAIO 4 Massa 1 (g) Massa 2 (g) Desgaste (g) CP1 23,0104 ± 0,0001 22,8503 ± 0,0001 0,1601 ± 0,0002 CP2 28,0655 ± 0,0001 27,8836 ± 0,0001 0,1819 ± 0,0002 CP3 25,3082 ± 0,0001 25,1485 ± 0,0001 0,1597 ± 0,0002 CP4 25,8205 ± 0,0001 25,6392 ± 0,0001 0,1813 ± 0,0002 CP5 24,0976 ± 0,0001 23,9069 ± 0,0001 0,1907 ± 0,0002 MÉDIA TOTAL [g] 0,1747 ± 0,0072 Figura 51. Corpos de provas do ensaio 4 com rebarbas. Figura 52. Corpos de provas do ensaio 4 após tamboreamento. 45 A medição do parâmetro Ra de rugosidade para o ensaio 4 é mostrada na Tab. (14). Tabela 14. Rugosidade Ra para ensaio 4. Ensaio 4 Desvio médio aritmético Ra [ 𝛍𝐦 ] Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média [ 𝛍𝐦 ] CP1 1,597 1,715 1,246 1,519 CP2 1,232 1,293 1,439 1,321 CP3 1,425 1,366 1,321 1,371 CP4 1,449 2,231 1,526 1,735 CP5 2,047 1,486 1,17 1,568 Média total [ 𝛍𝐦 ] 1,503 5.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS A representação gráfica do desgaste abrasivo médio dos corpos de provas nos cinco ensaios e rugosidade Ra são mostrados nas Fig. (53) e Fig.(54), respectivamente. Figura 53. Representação gráfica do desgaste 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0 1 2 3 4 5 6 D e s g a s te a b ra s iv o m é d io [ g ] Número do corpo de prova Título do Gráfico AISI 304/Cerâmica AISI 304/Uréico SAE 1020/Cerâmica SAE 1020/Uréico SAE 1020/Cerâmica (seco) 46 Figura 54. Representação gráfica da rugosidade. Após os ensaios rebarbação por tamboreamento rotativo e analisando-se os resultados obtidos de desgaste, rugosidade superficial e análise visual dos corpos de prova, notaram-se os seguintes cenários: 1) O tipo de abrasivo utilizido interfere diretamente na eficiência do processo de rebarbação, onde o chip de matriz cerâmica obteve o melhor resultado. 2) Como é mostrado na Fig.(54), quando utilizado o chip de matriz uréica, o desgaste abrasivo no aço SAE 1020 e AISI 304 é semelhante. 3) Como é mostrado na Fig. (54), quando utilizado o chip de matriz cerâmica, o desgaste abrasivo no aço SAE 1020 e AISI 304 são semelhantes. 3) Quando o ensaio é conduzido à seco, obteve-se os piores níveis de desgaste e de rugosidade (mais rugoso). 4) A combinação de aço inox AISI 304 e chip cerâmico gerou os melhores resultados de desgaste e rugosidade superficial (menos rugoso). 5) A rugosisdade Ra dos corpos de prova de aço AISi 304 aumentaram 37% quando utilizado chips cerâmicos e 50% quando utilizado chips uréicos. 6) A rugosisdade Ra dos corpos de prova de aço SAE 1020 aumentaram 53% quando utilizado chips cerâmicos e 57% quando utilizado chips uréicos. 7) Para o ensaio à seco, a rugosidade Ra dos corpos de prova SAE 1020 aumentaram 60%, com a superfície das peças empregnadas com o pó abrasivo disperso no interior do tambor. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 R u g o s id a d e R a [ 𝛍 m ] Rugosidade Média AISI 304/Cerâmica SAE 1020/Cerâmica SAE 1020/Uréico AISI 304/Uréico SAE 1020/Cerâmica (seco) 47 Visualmente, os acabamentos superficiais seguiram os resultados encontrados nas medições de desgaste e rugosidade, exceto pela combinação de aço inox AISI 304 e chip uréico, que apresentou uma quantidade superior de rebarbas após o ensaio. 5.7 PLANEJAMENTO FATORIAL COMPLETO 2² Planejamentos Fatoriais são amplamente utilizados em experimentos envolvendo vários fatores onde é necessário estudar o efeito conjunto destes fatores na resposta. No planejamento de experimentos, deve-se decidir quais são os fatores e as respostas de intereses no sistema a ser analisado, como é mostrado na Fig. (55). Para o caso do tamboremanto, as respostas são as variáveis de saída do sistema como o desgaste superficial e as variáveis de entrada são os tipos de abrasivos e de materiais utilizados. Figura 55. Princípio de sistema. Fonte: autor Para compreender o efeito dos fatores sobre o desgaste superficial, deve-se variar os níveis e observar o resultado que essa variação produz sobre a resposta final. Para dois fatores, com dois níveis cada, o planejamentofatorial completo exige a realização de 2² = 4 experimentos, ou seja, quatro combinações de fatores e níveis, sendo que para os ensaios deste trabalho, foram escolhidos os fatores tipo de abrasivos (chip cerâmica ou chip uréico) e tipo de materiais rebarbados (AISI 304 ou SAE 1020). No planejamento 2² é costume denotar os níveis altos e baixos dos fatore pelos sinais + e -, respectivamente. 48 Considerando que o aço AISI 3014 é mais duro e resistente que o aço SAE 1020 e que o chip abrasivo de matriz cerâmica tem um maior poder de corte e resistência ao desgaste do que o chip abrasivo de resina uréica, os níveis são definidos: Aço AISI 304 (+) Aço SAE 1020 (-) Chip Cerâmico (+) Chip Uréico (-) Montgomery (1943) sugere que uma notação deve ser usada para marcar as combinações dos ensaios, sendo que são representadas geralmente por letras minúsculas. Se uma letra estiver presente, o fator correspondente é corrido no seu nível mais alto naquele ensaio, se ela estiver ausente, o fator é corrido em sem nível mais baixo. A combinação de ensaio com ambos os fatores em nível baixo é representado por (1). Os efeitos de interesse são os efeitos principais A e B e o fator de interação AB, sendo o fator A o tipo de material e o fator B o tipo de abrasivo. Para estimar o efeito proncipal do fator A, deve-se fazer a média das observações do lado direito do quadrado da Fig. (56), estando A no nível mais alto, e subtrair desse valor a média das observações do lado esquerdo do quadrado, quando A está no seu nível baixo. Figura 56. Representação gráfica do planejamento fatorial 2². Fonte: Montgomery (1943) 49 Essas combinaçõe são sintetizadas em uma tabela, chamada matriz de planejamento como é mostrada na Tab. (15). Tabela 15. Matriz de planejamento fatorial. Fonte: autor Ensaios Fatores de Planejame nto Desgaste abrasivo (g) Desgaste abrasivo (g) A B A B Total Média (1) - - + 0,1609 0,1688 0,1660 0,1577 0,1721 0,8255 0,1651 a + - - 0,1601 0,1819 0,1597 0,1813 0,1907 0,8737 0,1747 b - + - 0,2420 0,2302 0,2407 0,2356 0,2047 1,1532 0,2306 ab + + + 0,2432 0,2364 0,2875 0,2115 0,2468 1,2254 0,2451 5.7.1 Cálculo dos efeitos principais Para calcular o efeito principal do tipo de material A, têm-se a seguinte equação: e𝑓[𝐴] = 1 2𝑛 [𝑎 + 𝑎𝑏 − 𝑏 − (1)] = 1 4(5) [0,1747 + 1,2254 − 1,1532 − 0,8255] (6) e𝑓[𝐴] = −0,02893 𝑔 Para calcular o efeito principal do tipo de abrasivo B, têm-se a seguinte equação: e𝑓[𝐵] = 1 2𝑛 [𝑏 + 𝑎𝑏 − 𝑎 − (1)] = 1 4(5) [1,1532 + 1,2254 − 0,8737 − 0,8255] (7) e𝑓[𝐵] = 0,03397𝑔 50 Para calcular o efeito combinado do tipo de abrasivo e tipo de material AB, têm a seguinte equação: e𝑓[𝐴𝐵] = 1 2𝑛 [𝑎𝑏 + (1) − 𝑎 − 𝑏] = 1 4(5) [1,2254 + 0,8255 − 0,8737 − 1,1532] (8) e𝑓[𝐴𝐵] = 0,0012 𝑔 As estimativas numéricas dos efeitos indicam que o efeito do tipo de abrasivo escolhido é grande e tem uma direção positiva, ou seja, mudando-se o abrasivo do seu nível mais baixo (chip uréico) para o seu nível mais alto (chip cerâmico), o desgaste abrasivo muda em 0,03397g. Os efeitos do tipo de material rebarbado, AISI 3014 ou SAE 1020 mostraram-se pequenos, confirmando os resultados obtidos experimentalmente. 51 6 . CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos nos ensaios de tamboreamento rotativo em bancada e da ánalise do planejamento fatorial completo, pode-se concluir que: No que se refere à rebarbação, a escolha do abrasivo interfere diretamente nos resultados, sendo o abrasivo de matriz cerâmica mais eficiente, devido ao seu maior poder de corte proporcionado por suas arestas com ângulos mais agudos, maior dureza e menor desgate proporcionado pela matriz cerâmica quando comparado ao chip de matriz uréica. O tipo material a ser rebarbado pouco interfeririu no desgaste abrasivo, obtendo resultados semelhantes quando agredidos com um mesmo tipo de abrasivo. Quando conduzido à seco, o ensaio apresentou os piores resultados em termos de desgaste abrasivo e de rugosidade superficial, devido à diminuição do fluxo no interior do tambor causado pela ausência da água. Após o ensaio à seco, as peças ficam empregnadas com o pó do abrasivo disperso no interior do tambor, o que aumeta sua rugosidade, necessitando de um novo tamboreamento para limpeza, aumentando o custo do tamboreamento à seco. A rugosidade superficial, medida pelo fator Ra da superfície das peças, aumentaram devido à abrasividade severa dos chips com alta granulometria (entre 80 e 120 mesh), riscando toda a superfície das peças de forma aleatória. Essa aleatoriedade no processo abrasivo no tamboreamento, ou seja, as peças são agredidas em ângulos e direções aleatórias, provoca uma superfície com rugosidade Ra variada em uma mesma peça. Para os materiais ensaiados com o abrasivo de matriz uréica, a rugosidade teve um aumento superior aos materiais ensaiados com o abrasivo de matriz cerâmica. Tal resultado foi encontrado devido ao maior desgaste da matriz uréica, dispersando o abrasivo (óxido de alumínio) no interior do tambor, aumentando a abrasão à 3 corpos. Para o caso mais crítico de ensaio molhado, utilizando-se o chip uréico e aço AISI 304, a rebarbação mostrou-se ineficiente. Tal resultado foi obtido devido à maior dureza da rebarba do aço inoxidável devido ao encruamento causado pela deformação que a ferramenta (dentes da serra fita) impõe no material e devido ao menor poder de corte e menor dureza do chip abrasivo uréico. 52 7. PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS O tamboreamento rotativo é um processo dinâmico, que requer adaptações de acordo com as necessidades do acabamento superficial requerido para a peça final, podendo fazer desde a rebarbação grosseira ao acabamento fino por polimento. Visando melhores resultados e eficiência, alguns procedimentos são sugeridos: 1) Para otimização do tempo de tamboreamento, sugere-se o uso de tambores com duas ou três câmaras isoladas, podendo fazer três procedimentos, com cargas diferentes em um único tambor rotativo; 2) Fazer um estudo de planejamento fatorial com maior número de fatores, por exemplo, o nível de água no tambor, a proporção de abrasivos/peças, tamanho do abrasivo e peças, velocidade de rotação e tempo de operação. 3) Utilização de soluções abrasivas em pó ou pasta, detergentes, compostos abrilhantadorers, compostos antioxidantes no processo de tamboreamento. 4) Testar combinações de diferentes chips abrasivos em um mesmo ensaio. 5) Ensaio de polimento com esferas de aço, abrasivos de granulometria baixa e pasta abrasiva para acabamento final das peças. 53 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, O.L. , RODRIGUES, A.C.S. , LIRANI, J. 1986, Tolerâncias, ajustes, desvios e análise de dimensões. Editora Edgard Blucher Ltda. ALBERTIN, E. , 2003, “Desgaste Abrasivo”. Congresso anual ABM Rio de Janeiro, 2003. Disponível em < http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM314/Desgaste%20abrasivo.pdf> Acesso em Jun. 2016. AMERICAN SOCIETY FOR METALS. ASM handbook: Properties and Selection: irons, Steel, and high performance Alloys.10 ed.,v.1, 2005 BENEDICT, G. F. 1987, Nontraditional Manufacturing Processes. New York. Marcel Dekker Inc. BRAGA, A.F. 2011, “Defeitos em peças fabricadas pelo processo de fundição.” II WorkShop da área de fundição – LABMAT. BUZZATTO, P.H.F; DAYOUB, D.M.; REBELLO, R.C. 2011. Replacing a Manual Deburring Process for an Eletrochemical Machining Process. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Mecatrônica Industrial) - Departamentos Acadêmicos de Eletrônica e Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba.