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Ao Juízo Federal da Subseção Judiciária de Niterói competente por distribuição João da silva, brasileiro, casado, residente e domiciliado na rua das couves, 9, casa 10, Icaraí, Niterói-RJ, inscrito no CPF sob o n.º 107.555.157-58, e-mail joaosilva@gmail.com vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus procuradores constituídos, propor a presente Ação de concessão de benefício previdenciário contra o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, com sede na Av. Paulista, 1000, São Paulo - SP, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz. Síntese processual A autora, cuja atividade habitual é de cuidadora de idosos, sofre de problemas psíquicos que a impedem de exercer o seu labor desde 06/07/2021, quando teve forte crise (anexo 1). Desde então, não conseguiu retornar a sua atividade pois tem pensamentos suicidas e crises de pânico que a impedem de sair de casa (anexo 2), mesmo com a prescrição de medicamentos (anexo 3). Há laudo contemporâneo atestando a sua incapacidade por tempo indeterminado, subscrito por médico do CAPS (anexo 4). A qualidade de segurado é incontroversa, pois reconhecida pelo próprio INSS (anexo 5) Os requisitos para a tutela de urgência, que ora se requer, estão presentes uma vez que há verossimilhança (os documentos atestam a doença e a incapacidade alegada) e o perigo na demora, por sua vez, decorre do caráter alimentar do benefício, devendo ser destacado que a autora está atualmente sem qualquer fonte de renda. Requerimentos preliminares Justiça gratuita ☒ Prioridade idoso ☒ Tutela de urgência ☒ Prioridade doença grave ☐ Valor da causa R$ 47.000,00 dos fatos Doença e incapacidade para a atividade habitual A Parte Autora é segurada da Previdência Social, e, desde 09/09/2019, sofre de problemas psíquicos. Ocorre que, apesar de devidamente requerido, não foi concedido o benefício de auxílio-doença pela Autarquia Previdenciária. Tal requerimento e sua negatória estão devidamente comprovados nos documentos anexos a essa exordial. Quanto ao resultado do pedido administrativo, sem dúvida alguma, merece reparo o trabalho realizado pela perícia da Autarquia-Ré. Isso porque a análise do caso realizado pelo perito da Autarquia-Ré foi feita de forma incorreta e superficial, desconsiderando o tratamento feito desde 2000 pela Parte Autora bem como os exames e laudos apresentados. A Parte Autora é portadora das seguintes enfermidades: Nome da doença CID Documento relacionado Transtorno de Pânico F41.0 Anexo 5, p. 1 Transtorno Afetivo Bipolar Episódio Atual Depressivo Grave sem Sintomas Psicóticos F31.4 Anexo 5, p. 2 Transtorno Fóbico Ansioso não especificado F40.9 Anexo 5, p. 1 Transtorno Depressivo Recorrente F33.1 Anexo 5, p. 3 Por estar ainda em tratamento, não se encontra em condições de voltar às suas atividades laborais. Inconformada com o erro cometido pela Autarquia-Ré, vem, a Parte Autora, perante este Emérito Julgador, requerer a concessão de seu benefício de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. do direito ao benefício Preenchimentos dos requisitos legais Os artigos 59 e 60 da Lei n.º 8.213/1991 determinam: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. (Redação dada pela Lei n.º 9.876, de 26.11.1999.) § 1.º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. § 3.º Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. (Redação dada pela Lei n.º 9.876, de 26.11.1999.) § 4.º A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes ao período referido no § 3.º, somente devendo encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias. § 5.º Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com: (Incluído pela Lei n.º 13.135, de 2015.) I – órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS); (Incluído pela Lei n.º 13.135, de 2015.) [...] § 6.º O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade. (Incluído pela Lei n.º 13.135, de 2015.) § 7.º Na hipótese do § 6.º, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das atividades exercidas. (Incluído pela Lei n.º 13.135, de 2015.) A Parte Autora preencheu todos os requisitos necessários para a obtenção do auxílio-doença. Quanto à qualidade de segurado, cabe-nos destacar que a cessação dos recolhimentos previdenciários se deu pela incapacidade laborativa. A jurisprudência vem entendendo que, se o segurado deixou de verter contribuições pelo fato de já estar acometido de doença durante o período de graça, resta suprida a exigência: PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NÃO CARACTERIZADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Não ocorre a perda da qualidade de segurado quando, à época da saída do emprego, a parte autora já apresentava sinais de problemas que a impediam de exercer atividades laborais e preenchia os requisitos necessários à aposentadoria por invalidez.STJ 2009 2. Recurso especial provido. (STJ, REsp 826.555/SP, 5.ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 13.4.2009). No presente caso, a carência foi devidamente cumprida pelo (a) segurado (a), tendo sido, portanto, implementada essa condição para a concessão do benefício. Além disso, a Parte Autora não possui a capacidade para o trabalho ou para as atividades habituais e, em face do agravamento de sua enfermidade, está impedida de desempenhar suas atividades laborais. Tal fato está suficientemente comprovado pelos laudos apresentados e poderá ser ratificado pelo laudo pericial. transformação em aposentadoria por invalidez O caput do artigo 42 da Lei n.º 8.213/1991 assim estabelece: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. No caso em análise, verificamos que a Parte Autora se enquadra na hipótese de concessão da Aposentadoria por Invalidez. É importante ressaltar que, apesar do auxílio-doença não ter sido concedido ao (a) autor (a), seu quadro clínico nunca melhorou e não apresenta possibilidade de melhora. Sendoassim, restando comprovada a incapacidade permanente da Parte Autora, esta faz jus à transformação do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. da tutela de urgência Preenchimento dos pressupostos legais Verossimilhança Perigo na demora · Carência e qualidade de segurado incontroversas; · CTPS e CNIS ratificam o preenchimento desses requisitos; · Laudo médico contemporâneo atestando incapacidade para a atividade habitual; · Benefício de caráter alimentar; · Autora mora sozinha e não tem outra fonte de renda; · Necessidade de comprar medicação para manutenção de sua saúde mental (receituário anexo 5), sem a qual corre risco de suicídio (doc. 7); A situação criada pela Ré, ou seja, a negatória do benefício por incapacidade, seja ele o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez, está pondo em risco a subsistência da Parte Autora e de sua família, principalmente pela natureza alimentar do benefício. Sem receber qualquer tipo de rendimentos e não podendo trabalhar, a Parte Autora passa por sérias dificuldades financeiras desde seu afastamento do trabalho, uma vez que o benefício em questão seria seu único meio de subsistência. Assim, impõe-se a designação de perícia médica, com urgência, a fim de que, após o laudo, possam ser antecipados os efeitos da tutela, como medida de salvaguarda à vida da Parte Autora. Em não sendo possível a realização de perícia judicial de forma rápida, faz-se necessária a concessão, ainda que precariamente, da tutela antecipada, de forma a garantir a subsistência do núcleo familiar do qual faz parte o (a) segurado (a). A jurisprudência vem entendendo pelo cabimento da antecipação de tutela antes mesmo da perícia, caso esse respeitável Juízo se convença da existência dos pressupostos para a concessão da medida a partir da documentação já acostada, como se vê da decisão a seguir transcrita: PREVIDENCIÁRIO. AGTR. AUXÍLIO-DOENÇA. ART. 59 DA LEI N.º 8.213/1991. INEXISTÊNCIA DE PERÍCIA JUDICIAL. INCAPACIDADE ATESTADA. ESTADO DE SAÚDE QUALIFICADO PELO JUIZ A QUO, EM AUDIÊNCIA, COMO DEPRIMENTE. RESTABELECIMENTO. POSSIBILIDADE. AGTR IMPROVIDO. 1. Pretende o INSS a reforma da decisão agravada, que determinou o imediato restabelecimento do benefício de auxílio-doença da ora agravada, por entender que o estado de saúde da autora salta aos olhos como deprimente (fls. 83). 2. A Lei n.º 8.213/1991, ao dispor sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, determina o preenchimento de requisitos para que haja a concessão de benefício de auxílio-doença, quais sejam, a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos e o período de carência.TRF5 2009 3. No caso dos autos, ainda não foi realizada a perícia judicial, mas o atestado colacionado às fls. 47 se reporta à incapacidade da agravada como total e definitiva, ocasião em que não mais lhe seria devido o benefício do auxílio-doença e sim a aposentadoria da agravada por invalidez. 4. Observa-se, ainda, que o douto Magistrado a quo consignou, em audiência, que o estado de saúde da autora salta aos olhos como deprimente (fls. 83), devendo ser mantido o benefício de auxílio-doença até que seja realizada a perícia judicial. 5. AGTR improvido. (TRF5, Proc. 0003579-72.2008.4.05.9999, Rel. Des. Federal Amanda Lucena (Substituto), publ. 26.2.2009). requerimentos Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência: a citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, responder à presente demanda, no prazo legal. caso seja constatado, por meio de perícia, a condição de invalidez (incapacidade insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer atividade), requer a concessão da tutela antecipada, determinando-se ao INSS que inicie imediatamente o pagamento do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, com fulcro no artigo 77 do Decreto n.º 3.048/1999 c/c arts. 62 e 101 da Lei n.º 8.213/1991; a determinação do pagamento de multa a ser fixada por este Juízo, com base nos artigos 300 (art. 273 do CPC/1973) e 497 do Código de Processo Civil/2015, caso haja, por parte da Autarquia-Ré, o descumprimento da tutela a ser deferida; a procedência da pretensão deduzida, consoante narrado nesta inicial, condenando-se o INSS a conceder o benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, ou, sucessivamente, a conceder o benefício de auxílio-doença, determinando-se ao INSS que pague as parcelas a serem apuradas, mês a mês, a partir da competência 00.00.2000, nos termos desta inicial, com juros de mora de 1% ao mês e correção monetária, bem como continue pagando à Parte Autora o benefício, enquanto persistirem as doenças ensejadoras do mesmo; a condenação do INSS ao pagamento de custas, despesas e de honorários advocatícios, na base de 20% (vinte por cento) sobre as parcelas vencidas e as doze vincendas, apuradas em liquidação de sentença, conforme dispõem o art. 55 da Lei n.º 9.099/1995 e o art. 85, § 3.º, do Código de Processo Civil/2015 (art. 20, §§ 3.º e 4.º, do CPC/1973); cumprindo a previsão do art. 319, VII, do Código de Processo Civil/2015, a parte autora declara que opta pela realização de audiência de conciliação no presente caso; Produção de provas Requer, também, a produção das provas por todos os meios admitidos em direito, especialmente a oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e, em especial, a nomeação de perito, escolhido por este R. Juízo, para realização da perícia médica, inclusive com poderes para requerer exames que considerar necessários e indispensáveis para a constatação da doença, além dos documentos já apresentados no processo, respondendo aos quesitos formulados e, não possuindo a Parte Autora condições financeiras para nomear assistente técnico, protesta pela apresentação de quesitos suplementares para o perito judicial. Gratuidade de Justiça Requer-se, ainda, por ser a Parte Autora pessoa hipossuficiente, na acepção jurídica do termo, sem condições de arcar com as despesas processuais e os honorários advocatícios sucumbenciais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, a concessão da Gratuidade da Justiça, na forma do art. 98 e seguintes do CPC. Destaque de honorários contratuais Requer-se, com base no § 4.º do art. 22 da Lei n.º 8.906/1994, que, ao final da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor do (a) autor (a), quando da expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato de honorários anexo) sejam expedidos em nome da sociedade de advogados contratada pela Parte Autora, no percentual constante no contrato de honorários anexo, assim como dos eventuais honorários de sucumbência. Valor da causa Atribui-se à causa o valor de R$ 47.000,00 em conformidade com art. 292 do CPC. Niterói, 06 de novembro de 2021 Júlio Xavier RJ 178547 Qualidade de segurada (CPTS, anexo 5) Carência (CNIS, anexo 8) Incapacidade (laudo, anexo 4) Direito ao benefício (art. 59 e 60 da lei 8.213/91) DER 30/10/2021 NB 31.157.548 Motivo do indeferimento Suposta ausência de incapacidade Atividade habitual Cuidadora de idosos Tipo de benefício Auxílio por incapacidade temporária Estrada Caetano Monteiro, 2250, sala 101, Niterói-RJ contato@tipografiajuridica.com.br Estrada Caetano Monteiro, 2250, sala 101, Niterói-RJ contato@tipografiajuridica.com.br .MsftOfcThm_Text1_lumMod_50_lumOff_50_Fill_v2 { fill:#7F7F7F; } .MsftOfcThm_Text1_lumMod_50_lumOff_50_Fill_v2 { fill:#7F7F7F; }