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Carla Alessandra Cavalcanti – UniRV – FAMEF - @_carlanamed Carla Alessandra Cavalcanti - @carlalessandra fármacos anti-inflamatórios não esteroidais Introdução Anti-inflamatórios são divididos em 7 grupos: • Inibidores da enzima ciclo-oxigenase (COX); • Antirreumáticos; • Glicocorticoides; • Anticitocinas; • Anti-histamínicos; • Fármacos usados para controla a gota. Inibidores da ciclo-oxigenase AINES e coxibes (seletivos para o COX-2). Usados em tratamentos: • Dores pós-operatórias; • Odontológicas; • Menstruais; • Alívio de cefaleias e enxaquecas. Há diversas formulações disponíveis de AINES: • Comprimidos; • Injeções; • Géis. Podem causar efeitos indesejáveis, mais relacionado com a inibição da COX-1. Ação farmacológica: • Habilidade compartilhada de inibir a enzima COX de ácidos graxos, inibindo a biossíntese de prostaglandinas e tromboxanos. Duas isoformas da enzima COX: • Estritamente relacionados e catalisam mesma reação, porém há diferenças entre a expressão e a função. COX-1: • Enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos, inclusive nas plaquetas; • Homeostase; • Produz prostaglandinas com funções em citoproteção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação do fluxo sanguíneo renal e início do parto. COX-2: • Induzida nas células inflamatórias quando ativadas pelas citocinas inflamatórias (IL-1 e TNF-alfa); • Produção de mediadores prostanoides da inflamação; • É expressa constitutivamente no rim (prostaciclina) com papel na homeostase renal e SNC. Diferem em toxicidade e grau de aceitação e tolerância do paciente, as suas ações farmacológicas são similiares. Mecanismo de ação Inibem a biossíntese de prostaglandinas pela ação direta na enzima COX. As enzimas COX são bifuncionais com duas atividades catalíticas distintas e as duas contem heme anexados a membranas intracelulares, entretanto apenas um monômero está catalitamente ativo. Os AINES se ligam a um monômero da COX inibe a atividade catalítica de todo o complexo dimérico. As COX são estruturalmente semelhantes: • Canal hidrofóbico no qual se ancoram o ácido araquidônico; • Substratos de ácidos graxos para reação de oxigenação se prossiga. Inibem apenas a reação de dupla oxigenação inicial. Inibidores competitivos reversíveis rápidos da COX-1, a inibição da COX-2 é mais dependente do tempo e costuma ser irreversível. Para bloquear as enzimas, os AINES penetram no canal hidrofóbico, formando pontes de hidrogênio com um resíduo de arginina, impedindo que os substratos (ácidos graxos) entrem no domínio catalítico; A alteração de um único aminoácido na estrutura da entrada desse canal na COX-2 forma uma “protuberância” no canal que não é encontrada na COX-1 (explica a seletividade de alguns fármacos para COX- 2). AAS, é uma anomalia: entra no local ativo, acetila uma serina e inativa a COX irreversivelmente (base dos efeitos prolongados do AAS sobre as plaquetas). Carla Alessandra Cavalcanti – UniRV – FAMEF - @_carlanamed Carla Alessandra Cavalcanti - @carlalessandra Entretando, a COX inativada pelo AAS pode produzir alguns hidroácidos, mas não consegue produzir o intermediário endoperoxidase necessário para síntese de prostanoides. Ações terapêuticas dos inibidores da ciclo- oxigenase (COX) Esses fármacos inibem as enzimas COX, assim a síntese de prostanoides nas células inflamatórias. • Efeito anti-inflamatório: Diminuição da prostaglandina E2 e da prostaciclina reduz a vasodilatação e, indiretamente, o edema. • Efeito analgésico: Diminuição da geração de prostaglandinas significa menos sensibilização de terminações nervosas nociceptivas aos mediadores inflamatórios (bradicinina e 5- hidroxitriptamina). Alívio da cefaleia: diminuição da vasodilatação mediada por prostaglandinas. • Efeito antipirético: SNC, IL-1 libera prostaglandinas que elevam o ponto de ajuste hipotalâmico para o controle da temperatura, causando febre. AINES impedem esse mecanismo. Efeitos farmacológicos AINES tradicionais inibem COX-1 e COX-2, entretanto a potência é relativa. Acredita-se que ação anti-inflamatória esteja relacionada principalmente com a COX-2, enquanto os efeitos indesejáveis (TGI) resultem da inibição da COX-1. Ação inibitória seletiva sobre COX-2 estão em uso clínico, apresentando menos efeitos adversos no TGI, porém não tão bons assim: • Importante na cura e resolução da inflamação; • Efeitos cardiovasculares usados cronicamente. Efeitos terapêuticos Efeitos anti-inflamatórios As reações inflamatórias e alérgicas são coordenadas por mediadores; AINES reduzem componentes derivadas, principalmente, da COX-2; Agem na: • Vasodilatação e edema da inflamação pois facilitam e potencialização a ação de mediadores que aumentam permeabilidade vascular (histamina). Eliminam sinais e sintomas da inflamação, sem atividade sobre a doença crônica de base. Alguns AINES (sulindaco) possui efeito de eliminação de radicais de oxigênio e atividade inibidora da COX; diminui danos teciduais. AAS inibe também a expressão do fator de transcrição NFkB (transcreve genes mediadores de inflamação). Efeitos antipiréticos Neurônios do hipotálamo controlam equilíbrio entre a produção e a perda de calor: regula a temperatura corporal normal. A febre: • Ocorre por desequilíbrio desse “termostato” hipotalâmico, aumentando a temperatura corporal. AINE reajusta para o normal por meio de mecanismos regulares da temperatura (vasodilação de vasos superficiais, sudorese) entram em ação. Temperatura corporal no organismo sadio não é afetada pelos AINES. AINES inibem a produção de prostaglandinas pelo hipotálamo. Durante infecção, endotoxicinas bacterianas provocam a liberação da IL-1 dos macrófagos. IL-1 estimula a geração de prostaglandinas do tipo E no hipolátamo que elevam a temperatura. COX-2 tem participação no processo, pois a IL-1 induz essa enzima no endotélio vascular do hipotálamo. Efeitos analgésicos Eficazes contra dor leve ou moderada (principalmente originada de inflamação ou lesão tecidual). Há dois locais de ação: • Periferia: AINES reduzem a produção de prostaglandinas que sensibilizam os nociceptores para mediadores da inflamação como a bradicinina (eficazes em Carla Alessandra Cavalcanti – UniRV – FAMEF - @_carlanamed Carla Alessandra Cavalcanti - @carlalessandra artrite, bursite, dores musculares, odontológicas, dismenorreia, pós-parto e metástases ósseas). Afecções associadas a aumento da síntese local de prostaglandinas como resultado da indução da COX-2. Alivia cefaleia pela redução da vasodilatação das prostaglandinas sobre a vasculatura encefálica. • Central: Medula espinal. As lesões inflamatórias periféricas aumentam a expressão da COX-2 e a liberação de prostaglandinas na medula, facilitando a transmissão das fibras de dor aferentes para os interneurônios no corno posterior. Efeitos adversos Serem usados por períodos prolongados: • TGI; • Fígado; • Rim; • Baço; • Sangue; • Medula óssea. As prostaglandinas fazem a citoproteção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação renal e indução de trabalho de parto. Fármacos seletivos para COX-2 apresentam menor toxicidade ao GI. 1. Distúrbios gastrointestinais: Mais comum. Inibição da COX-1 gástrica, que sintetizam prostaglandinas que inibem a secreção de ácido e protegem a mucosa. Lesão na mucosa gástrica provoca dispepsia (desconforto gástrico) e náuseas, podendo levar a hemorragia e ulceração gástrica. Podem ser causados tanto por fármacos via oral quanto sistêmica. Administração oral de análogos de prostaglandinas de “reposição” (misoprostol) diminui a agressão gástrica produzida por essesagentes; (podem ser coprescritos ou combinados em um único comprimido). 2. Reações cutâneas: Rashes cutêneos comuns em ácido mefenâmico e sulindaco. Vão desde reações eritematosas leves, urticária e fotossensibilidade até doenças mais graves e fatais ( síndrome de Stevens- Johnson: rash bolhoso que se estende para o intestino) e necrólise epidérmica tóxica. 3. Efeitos adversos renais: Doses terapêuticas em pacientes suscetíveis causam IRA, sendo reversível por suspensão da terapia. Devido a inibição da biossíntese de prostanoides (PGE2 e PGI2, prostaciclina) envolvidos na manutenção do fluxo sanguíneo renal (vasodilatação compensatória mediada por PGE2, que ocorre em resposta à ação da norepinerina ou da angiotensina II. Risco aumentado em RN e idosos, pacientes cardiopatas, doenças hepáticas ou renais ou com redução do volume de sangue circulante. Consumo crônico de AINE pode causar nefropatia analgésica (nefrite crônica e necrose papilar renal). Utiliza-se paracetamol: menos tóxico para o rim, e mais para o fígado. 4. Efeitos adversos cardiovasculares AAS tem feitos antiplaquetários de longa duração, outros AINES não apresentam essa propriedade e contrapõem-se aos efeitos de alguns fármacos anti-hipertensivos, elevando a PA. Pode causar AVE e IAM. Esse efeito hipertensivo depende da dose e do tempo, com administração a curto prazo. O naproxeno é mais bem tolerado. 5. Outros efeitos adversos: Aproximadamente 5% dos pacientes expostos a AINE apresentam asma sensível ao ácido acetilsalicílico. Não se conhece o mecanismo exato, mas a inibição de COX está relacionada, e infecções virais preexistentes podem predispor a isso. Efeitos no SNC, distúrbios na medula óssea e alterações hepáticas, sendo estas últimas mais prováveis se já houver comprometimento renal. Superdosagem de paracetamol causa insuficiência hepática. Todos os AINE (exceto os inibidores da COX- 2, incluindo paracetamol em doses terapêuticas) impedem a agregação plaquetária em certa medida, podendo, portanto, prolongar o sangramento. Mais Carla Alessandra Cavalcanti – UniRV – FAMEF - @_carlanamed Carla Alessandra Cavalcanti - @carlalessandra uma vez o ácido acetilsalicílico é o principal problema. Alguns AINES e coxibes importantes Amplamente utilizado, porém causam efeitos adversos importantes. Principais usos: • Antitrombótico: AAS para pacientes com alto risco de trombose arterial (após IAM). Outros AINES inibem menos a síntese de tromboxano plaquetário do que o AAS, aumentando o risco de trombose; • Analgesia: Cefaleia, dismenorreia, lombalgia, metástase ósseas e dor pós-operatória. Dor aguda: AAS, paracetamol e ibuprofeno; Dor crônica: mais potentes com ação prolongada (naproxeno e piroxicam) combinados com opioides de baixa potência (codeína); • Anti-inflamatório: ibuprofeno e naproxeno (artrite reumatoide, gota e distúrbios das partes moles); • Antipirético: paracetamol. Ácido acetilsalicílico (AAS) Primeiros fármacos sintetizados. Pouco utilizado como anti-inflamatório. Fármaco cardiovascular: capacidade de causar prolongada supressão da COX-1 plaquetária, reduzindo a agregação. A função plaquetária é mais duradouro no AAS pois ele acetila de forma irreversível as enzimas COX, e enquanto essas proteínas podem ser substituídas em quase todas as células, as plaquetas anucleadas não são capazes de fazer, permanecendo inativa pelo seu tempo de vida (10 dias). Pequena dose diária para suprimir a função plaquetária para níveis benéficos em paciente com risco de IAM. • Câncer: reduzir a incidência de câncer do cólon e retal • Doença de Alzheimer; • Diarreia induzida por radiação. Aspectos farmacocinéticos: • Ele é ácido fraco, não dissociado no estômago, maior absorção no íleo (microvilosidades); • Meia vida depende da dose; • Duração de ação não está relacionada com a meia vida, em razão da natureza irreversível na COX. Efeitos adversos: • Salicilismo: superdosagem de qualquer salicilato: tinido, vertigem, diminuição da audição, náuseas e vômitos. Intoxicação por salicilatos (AAS, diflunisal e sulfassalazina) causa distúrbios acidobásico e eletrolítico, por desacoplarem a fosforilação oxidativa (músculo esquelético) causando hipertermia, aumento do consumo de O2 e aumento da produção de CO2. A hiperventilação causa alcalose respiratória compensada por mecanismos renais (aumento da eliminação de bicarbonato). Doses maiores causam depressão do centro respiratório, maior quantidade de CO2 no sangue: redução de bicarbonato plasmático (acidose respiratória não compensada): acidose metabólica (acúmulo de metabólitos dos ácidos pirúvico e láctico). No SNC, há estimulação inicial e posterior depressão respiratória. Hemorragia (agregação plaquetária). Interações medicamentosas: • Aumenta o efeito da varfarina; • Antagoniza o efeito de alguns anti- hipertensivos e uricosúricos; • Não deve ser usado na gota. Paracetamol Analgésico-antipirético não narcótico. Baixa ação anti-inflamatória. Livre dos efeitos gástrico e plaquetários colaterais. Antipirético e analgesia está relacionada com a inibição da síntese de prostaglandinas no SNC. Aspectos farmacocinéticos: • Bem absorvido na forma oral, concentração plasmática máxima em 30-60 min; • Meia vida é de 2-4h; • É inativado no fígado. Efeitos adversos: • Doses terapêuticas, os efeitos são poucos e incomuns, entretanto pode ocorrer reações alérgicas na pele; • Ingestão a longo período pode causar lesão renal; Carla Alessandra Cavalcanti – UniRV – FAMEF - @_carlanamed Carla Alessandra Cavalcanti - @carlalessandra • Doses tóxicas (10-15g) causam hepatoxicidade potencialmente fatal e nefrotoxicidade; • Consumo crônico de álcool pode exacerbar a toxicidade do paracetamol; • Naúseas e vômitos são sintomas inicias de intoxicação aguda por paracetamol, sendo hepatoxicidade tardia(24-48h) mais tarde; • A lesão hepática pode ser prevenida com a administração de agentes que aumentem a formação de glutatinona no fígado (acetilcisteína IV ou metionina VO). Coxibes Deve-se avaliar o risco de toxicidade cardiovascular. Celecoxibe e etoricoxibe: • Usados no tratamento para alívio sintomático no tratamento de osteoartite e artrite reumatoide; • VO, bem absorvidos com concentrações plasmáticas obtidas em 1-3h; • Metabolizadas no fígado e a ligação a proteínas plasmática é alta; • Efeitos adversos: cefaleia, tontura; rasher cutâneos e edema periférico (retenção hídrica). Parecoxibe: • Profármaco do valdecoxibe; • Via parenteral, intravenosa ou IM sendo rapidamente convertido em valdecoxibe pelo fígado; • Níveis plasmáticos em 30-60 min, dependendo da via de administração; • Ligação a proteínas plasmáticas é alta; • Convertido no fígado em metabólitos inativos e tem meia-vida no plasma de 8h. • Referência: Ritter, James M. Rang & Dale Farmacologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (9th edição). Grupo GEN, 2020. Carla Alessandra Cavalcanti @carlanamed
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