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1 VALORES INSTITUCIONAIS MISSÃO Promover a formação e o aperfeiçoamento, unindo as pessoas e organizações em prol do conhecimento, proporcionando valor a sociedade. VISÃO Ser referência nacional na formação e aperfeiçoamento de profissionais que agreguem valor às organizações de forma democrática, responsável e inclusiva. VALORES Nosso pensar e agir consiste em valorizar a: - Individualidade para comprometer. - Interconectividade para compartilhar. - Interdisciplinaridade para conhecer. - Inovação para competir. PROPÓSITO DO UNICV Transformar a vida das pessoas pela diversidade, criatividade e sustentabilidade. INSTITUCIONAL Reitor José Carlos Barbieri Vice-Reitor Hamilton Luiz Favero Diretora de Ensino e Extensão Luzia M. Yamashita Deliberador Diretor de Graduação Alexsandro Cordeiro Alves da Silva Diretora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Marcela Bortotti Favero Diretor de Registro Acadêmico e Regulação Lincoln Villas Boas Macena Diretor de Relações com o Mercado José Plínio Vicentini Diretor de Operações EAD Cleber José Semensate Santos Diretora Executiva Dayane Francis da Silva Almeida Gerente de Recursos Humanos Simone Moreira dos Santos Gerente Financeiro Douglas Moreira dos Santos Gerente Administrativo Victor Nicolau Barbieri Coordenadora do Curso de Bacharelado em Serviço Social Suzie Keilla Viana da Silva Supervisora Acadêmica do Curso de Bacharelado em Serviço Social Irení Alves de Oliveira Revisão textual Fátima Crhistina Calicchi SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 UNIDADE I 9 1. DIRETRIZES E NORMATIVAS 9 1.1 BASES CONCEITUAIS DO ESTÁGIO 10 1.2 OBJETIVOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL 14 1.3 FUNDAMENTOS LEGAIS 17 1.3.1 LEI Nº 8.662/1993 QUE REGULAMENTA A PROFISSÃO E O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL 18 1.3.2 LEI DE ESTÁGIO Nº 11.788/2008 20 1.3.3 RESOLUÇÃO Nº 533/2008 22 1.3.4 POLÍTICA NACIONAL DO ESTÁGIO - ABEPSS 25 UNIDADE II 30 2. PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL 30 2.1 PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PROFISSÃO 31 2.2 COMPETÊNCIAS DO(A) PROFISSIONAL 36 2.3 ATRIBUIÇÕES DO(A) PROFISSIONAL 39 2.4 PROJETO ÉTICO-POLÍTICO 42 2.5 DIMENSÕES: TEÓRICO-METODOLÓGICA, TÉCNICO-OPERATIVA E ÉTICO-POLÍTICA 45 UNIDADE III 50 3. PROCESSO DO ESTÁGIO DO UNICV 50 3.1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO UNICV 52 3.1.1 DA DISCIPLINA 54 3.1.2 DA CARGA HORÁRIA 55 3.1.3 DA INSERÇÃO EM CAMPO DE ESTÁGIO 56 3.1.4 DAS DOCUMENTAÇÕES 59 3.1.5 DA SUPERVISÃO 64 3.1.6 DAS LIVES/AULAS ON-LINE 66 3.1.7 DA TRILHA DE APRENDIZAGEM - VÍDEOS 66 3.1.8 DAS ATIVIDADES 67 3.1.9 DA VALORAÇÃO 68 3.1.10 DA AVALIAÇÃO 68 3.1.11 DO PRAZO 69 3.1.12 DO SEGURO DE VIDA 69 3.1.13 DO ATESTADO 69 3.1.14 DA REPROVAÇÃO 70 3.1.15 DAS ATRIBUIÇÕES DOS ATORES ENVOLVIDOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO 71 3.2 ORIENTAÇÕES GERAIS 74 INDICAÇÃO DE LIVROS 75 INDICAÇÃO DE FILMES 76 CONSIDERAÇÕES FINAIS 77 REFERÊNCIAS 79 7 INTRODUÇÃO Prezado(a) estagiário(a), Seja bem-vindo(a) ao processo do estágio supervisionado curricular obrigatório do UniCV, é um enorme prazer ter você aqui conosco e saber que chegou até aqui e não desistiu do seu sonho, de se tornar um profissional especialista em Serviço Social e em breve atuará como Assistente Social em um dos diversos espaços sócio-ocupacionais. Mas, precisamos alertar que o estágio supervisionado curricular obrigatório é um processo sem volta, pois a partir de agora você vivenciará experiências fantásticas que mudarão a sua visão de ser e de mundo, porém é preciso se dedicar, ter responsabilidade com o seu processo de formação e o mais importante, ser protagonista desse processo magnífico. Agora que destacamos esses pontos importantes e, esperamos com isso, ter aumentado o seu desejo de vivenciar a prática profissional, assim, vamos explicar como funcionará todo o processo do estágio supervisionado curricular obrigatório do UniCV e, para isso, dividimos este manual em três unidades. Na primeira unidade, você estudará as diretrizes e normativas que regem todo o processo do estágio supervisionado curricular obrigatório do UniCV, sendo subdividido em três tópicos que consideramos importantes para entender o porquê vivenciar a prática profissional na graduação em Serviço Social. Vejamos: no primeiro tópico abordaremos sobre as bases conceituais, no segundo, o objetivo do estágio e, no terceiro, os fundamentos legais, neste último tópico, daremos ênfase para as legislações que normatizam o estágio, como: a Lei que regulamenta a profissão nº 8.662/2008, a Lei de estágio 11.788/2008, a Resolução 533/2008 e a Política Nacional de Estágio - ABEPSS/2010. Na segunda unidade, abordaremos sobre o processo de formação profissional, pois não tem como vivenciar a prática profissional durante o cumprimento da carga horária do estágio nos diversos espaços sócio-ocupacionais sem, antes, entender o que está por trás da atuação profissional. Dessa forma, apresentaremos os princípios éticos da profissão, as competências e atribuições do Assistente Social, informações importantes sobre o Projeto Ético-Político e as três 8 dimensões que norteiam a atuação profissão e, para entender tudo isso, subdividimos esta unidade em cinco tópicos. E, por fim, na terceira unidade, apresentaremos o processo do estágio supervisionado curricular obrigatório do UniCV, o qual perpassa pela quantidade de disciplinas e carga horária, documentação, atividades, prazos e avaliação. Esperamos que no final da leitura deste manual você consiga entender sobre o processo do estágio, afinal irá utilizá-lo nas 03 disciplinas de Estágio Supervisionado Obrigatório em Serviço Social . Desejamos uma excelente leitura! 9 UNIDADE I 1. DIRETRIZES E NORMATIVAS Caro(a) estagiário(a), o Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório (ESCO), é considerado uma das etapas mais importantes do processo de formação profissional em Serviço Social, é um momento ímpar por diversos motivos, dentre eles podemos elencar: o contato com a prática profissional, conhecer os espaços sócio-ocupacionais do Assistente Social, desenvolver a identidade profissional, criar uma rede de contato com profissionais das diversas áreas, participar da elaboração e implementação de políticas públicas e sociais, enfim, podemos ficar aqui descrevendo diversos e diversos motivos sobre a importância de realizar o estágio no processo de formação, mas acreditamos que estes já lhe fizeram entender o quão importante é, vivenciar a prática profissional. Desta forma, você pode estar se perguntando! O estágio é obrigatório? E respondemos que sim, para que possa concluir o Curso de Bacharelado em Serviço Social do UniCV você precisa cumprir a carga horária exigida e prevista no Projeto Pedagógico do Curso - PPC, mas, calma! Vamos explicar através deste manual como tudo funcionará e no final você entenderá os princípios e diretrizes, as competências profissionais e o processo de estágio do UniCV. 10 1.1 BASES CONCEITUAIS DO ESTÁGIO O estágio supervisionado faz parte do processo de formação profissional em Serviço Social, considerado como uma etapa importante e fundamental, principalmente pelo fato de aproximar o(a) estagiário(a) da atuação profissional, mas também de proporcionar a realização de análise crítica e interventiva a partir da vivência cotidiana nos diversos espaços sócio-ocupacionais do profissional Assistente Social, entendendo os serviços/políticas e as diferentes expressões da questão social. Conforme já estudado na disciplina de Fundamentos Históricos Teóricos Metodológicos, o Serviço Social se configura como profissão no Brasil após o ano de 1930, se especializando como formação técnica em 1932 com o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), no ano de 1936 surge a primeira Escola de Serviço Social na PUC de São Paulo, em 1937 a segunda Escola de Serviço Social na PUC do Rio de Janeiro e somente em 1940 surge a terceira escola em Recife. Acreditamos que você deve estar se perguntando o porquê estamos realizando um breve contexto históricosobre o surgimento das primeiras escolas em Serviço Social. Ora, caro(a) estagiário(a), cursar Serviço Social para atuar como Assistente Social foi um grande avanço para a categoria profissional, no entanto, as atividades práticas só foram inseridas na grade curricular do curso no ano de 1996, com a aprovação das Diretrizes Curriculares da ABEPSS1 e foi a partir deste documento que o estágio supervisionado curricular se configurou como uma disciplina obrigatória, porém chamamos a atenção quanto ao ano de fundação da primeira escola até a obrigatoriedade do estágio na matriz curricular dos cursos de Bacharelado em Serviço Social, isso mesmo, houve cerca de 60 anos e durante 1 Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social (Com base no Currículo Mínimo aprovado em Assembleia Geral Extraordinária de 8 de novembro de 1996.) 11 esses anos houve muitas discussões em Congressos, Seminários e Oficinas até que a categoria pudesse entender a importância da inclusão do estágio supervisionado curricular obrigatório na matriz curricular dos Cursos em Serviço Social e por mais que tenha demorado anos, podemos considerar que houve um grande avanço no processo de formação, principalmente pelo fato do estágio ser um fator primordial na relação teoria e prática. Estágio Supervisionado: É uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio, elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade Campo de Estágio, tendo como referência a Lei 8662/93 (Lei de Regulamentação da Profissão) e o Código de Ética do Profissional (1993). O Estágio Supervisionado é concomitante ao período letivo escolar (ABEPSS, 1996, p. 19). É claro que, após a aprovação desta Diretriz, houve a necessidade de atualizações e a última foi aprovada pelo Ministério da Educação - MEC em 20022 tendo a sua validação até os dias atuais. O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio (ABEPSS, 2022, p. 03). E a partir desta informação é que o estágio supervisionado curricular obrigatório vem fazendo parte do processo de formação, considerado como um momento ímpar durante o cumprimento da carga horária em campo de estágio. Por ser considerado com uma disciplina de caráter obrigatório, é necessário que a carga horária de estágio esteja atrelada, no mínimo, de 15% do total das horas do curso em Serviço Social e, esta carga horária da disciplina de estágio deve estar estabelecida no Projeto Pedagógico do Curso (assunto que vamos tratar melhor na unidade III). De acordo com a ABEPSS (2010), para que o estudante cursando bacharelado em Serviço Social possa ser matriculado no estágio supervisionado 2 Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social Resolução Nº 15, de 13 de Março de 2002. 12 curricular obrigatório é necessário ter cursado todas as disciplinas de Fundamentos Históricos Teóricos-Metodológicos do Serviço Social e a de Ética Profissional, isso porque o estudante conseguirá desenvolver o senso crítico e analítico, além de conhecimentos básicos e específicos da profissão e, são a partir desses conceitos, que o estudante conseguirá desenvolver as atividades de estágio, principalmente ao vivenciar a prática profissional. Em relação ao cumprimento da carga horária, a ABEPSS (2010) destaca que a carga horária tanto de campo como acadêmica deve ser equilibrada, ou seja, o(a) estagiário(a) não pode ultrapassar as 30h semanais conforme estabelecido na Lei nº 11.788/2008 de, no mínimo, 03 horas semanais em relação à supervisão acadêmica, contabilizando as aulas, as atividades e o atendimento individual ou coletivo do supervisor acadêmico, no entanto, é preciso observar qual o processo operacional da instituição de ensino, mas fique tranquilo, pois a esse respeito vamos explanar melhor na unidade III. Em relação ao conteúdo que deverá ser abordado na disciplina de estágio, a ABEPSS (2010) propõe que deverá ser considerada a relação teoria e prática, uma vez que essas duas ações não podem ser realizadas de forma separadas, também deve ser considerada a troca de informação entre o(a) estagiário(a) e o supervisor acadêmico a partir da observação do trabalho do Assistente Social, lembrando que esta troca de informação deverá manter o sigilo ético profissional em relação à identidade do usuário do serviço, apresentando apenas pontos relevantes para a compreensão da teoria e prática. É recomendado que o(a) estagiário participe de oficinas, rodas de conversas, seminários e debates acerca da profissão, sendo promovida pela instituição de ensino por meio das supervisões acadêmicas e eventos internos ou externos. Em linhas gerais, os conteúdos devem ser voltados para a prática e a ética profissional, buscando a compreensão a partir da vivência no campo de estágio. Claro que diante de todas essas informações, o estágio supervisionado curricular obrigatório tem uma matéria-prima, a qual é fundamental para o processo de formação. Ao discorrer sobre a supervisão em Serviço Social, ao nível de formação profissional, há que se questionar: qual é a matéria-prima da supervisão de estágio nessa perspectiva? A matéria-prima é a atividade prática profissional, desenvolvida pelo supervisor e supervisionado no contexto sócio-histórico-institucional, e ela deve ser entendida, como apropriadamente afirma Marx e Engels, tecendo considerações acerca da atividade humana, uma “atividade real, objetiva, sensível, isto é, prática”. No 13 processo ensino-aprendizagem, supervisor e supervisionado vivenciam uma práxis na qual ambos refletem sobre a sua ação, desenvolvida no contexto amplo das relações sociais (BURIOLLA, 2011, P. 87). Ou seja, a matéria-prima da supervisão de estágio está intimamente relacionada às atividades realizadas pelo profissional do Assistente Social nos diversos espaços ocupacionais, o(a) estagiário(a) e o professor orientador conhecido como supervisor acadêmico. Este momento é considerado ímpar no processo de formação profissional não somente pelo fato da vivência em campo, mas também por criar a identidade profissional a partir da relação teoria e prática. Neste sentido, o estágio supervisionado curricular obrigatório acaba se constituindo como um processo fundamental na formação em Serviço Social, principalmente quando é desenvolvido a capacidade de análise crítica, interventiva, propositiva e investigativa ao se deparar com as diversas expressões da questão social, após adquirir conhecimento em relação ao processo sócio-histórico do Serviço Social; as condições de trabalho dos profissionais; os serviços/políticos sociais e dos usuários dos diversos espaços de atuação profissional, exigindo do(a) estagiário(a) conhecimento teórico-metodológico, prático-interventivo e técnico-operativo para que, assim, consiga compreender o trabalho do Assistente Social ao vivenciar a prática profissional quando estiver inserido em campo de estágio. Segundo Lewgoy (2009), as bases conceituais que fundamentam o estágio supervisionado, tanto o não-obrigatório quanto o obrigatório está condicionado a um processo que envolve um atendimento sistemático interligado ao exercício profissional que precisa estar imbricado com os fundamentos históricos e as questões éticas que regulamentam a profissão. É importante considerar que é no processo do estágio supervisionadoque o(a) estudante em Serviço Social passa a entender o real sentido do compromisso com todos os elementos que perpassam na profissão, principalmente com a universalização dos valores democráticos e igualitários. Vale ressaltar que é no estágio supervisionado curricular obrigatório que o estudante entende sobre o projeto político profissional, isto porque, este projeto está interligado com o Código de Ética Profissional, com a Lei que regulamenta a profissão, com a Resolução 533/2008 do CFESS e com as Diretrizes Curriculares. 14 1.2 OBJETIVOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL 15 De acordo com a ABEPSS (2010), o objetivo do estágio supervisionado curricular obrigatório em Serviço Social é oportunizar ao estagiário a vivência da prática profissional, mas também proporcionar o conhecimento teórico e metodológico, a capacidade técnico operativa, a competência do exercício profissional a partir do desenvolvimento necessário do trabalho profissional. Além da possibilidade de compreender as diversas expressões da questão social por meio do contexto econômico, político e cultural em relação a hegemonia do sistema capitalista. Segundo Oliveira (2004), é a partir desses conceitos que o estágio supervisionado curricular obrigatório ganha força dentro da nossa categoria, sendo o estágio um processo de formação profissional, isso porque, além de proporcionar fatores importantes para o(a) estagiário(a), como o conhecimento teórico-metodológico e a aproximação com o exercício profissional também deve ser considerado as instrumentalidades e as diferentes relações que compõem na atuação profissional, entendendo que as relações sociais são fundamentais, tanto no processo de formação quanto na atuação profissional, aspectos como estes que ficam claros ao realizar o cumprimento da carga horária do estágio supervisionado obrigatório em Serviço Social. Outro objetivo do estágio supervisionado em Serviço Social é que, de acordo com a ABESS/CEDEPSS (1997), o estágio, além de proporcionar a prática, conduz o(a) estagiário(a) ao processo didático-pedagógico, envolvendo a teoria e as dimensões da profissão (assunto que vamos abordar na unidade II). Neste sentido, o estágio supervisionado curricular obrigatório configura-se como um processo de ensino e aprendizagem por meio da observação, análise, registro e do acompanhamento profissional. É importante destacar que durante o cumprimento da carga horária, o(a) estagiário(a) passa por um processo de avaliação dos profissionais envolvidos, pois o objetivo desta avaliação é identificar a competência e a habilidade que o(a) estagiário(a) adquiriu após o cumprimento da carga horária e a vivência em campo de estágio. Essa avaliação praticamente contempla o processo e o desempenho do(a) estagiário(a) como forma de melhoria e continuidade desse processo, ou seja, é uma preparação para a atuação profissional a partir do que precisaria ser modificado ou mantido, envolvendo o comprometimento, o conhecimento e a ética profissional. 16 Para melhor compreensão do objetivo do estágio supervisionado em Serviço Social, vamos apresentar alguns pontos importantes a partir dos princípios, diretrizes e do processo de estágio supervisionado curricular obrigatório do UniCV. Conforme tabela 01: TABELA 01: OBJETIVOS DO ESTÁGIO DO UNICV OBJETIVO AÇÃO 01 Garantir que o processo de ensino e aprendizagem aconteça conforme previsto nas normativas, tanto no âmbito da instituição de ensino quanto no campo de estágio inserido. 02 Disponibilizar este manual a partir da primeira disciplina e as documentações antes e depois da inserção em campo. 03 Inserir os estagiários nos campos conveniados com a UniCV. 04 Credenciar o campo de estágio ao CRESS da região após a inserção do(a) estagiário(a) em campo. 05 Orientar o(a) estagiário(a) em relação às atividades pedagógicas, preenchimento das documentações e ao cumprimento da carga horária de campo e acadêmica. 06 Orientar o(a) estagiário(a) em relação às normativas e atribuições que envolve o processo de estágio 07 Realizar as supervisões acadêmicas individuais e coletivas. 08 Manter contato com o representante legal e Assistente Social do campo de estágio. 09 Avaliar o processo e o desempenho do(a) estagiário(a) após o cumprimento da carga horária. 10 Promover eventos internos e externos quando necessário, envolvendo os estagiários. Fonte: Projeto Pedagógico do Curso do Unicv. Caro(a) estagiário(a), os objetivos mencionados acima referem-se ao processo de estágio do UniCV, que será realizado durante o cumprimento da carga horária, tanto da supervisão acadêmica quanto da supervisão de campo. É importante destacar que esses objetivos serão conduzidos pelo(a) supervisor(a) acadêmico(a), porém a participação do(a) estagiário(a) é fundamental para que os objetivos sejam alcançados e o processo de estágio aconteça. 17 1.3 FUNDAMENTOS LEGAIS O Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório (ESCO) está respaldado em legislações que nos apresenta como tudo deverá funcionar e para entender melhor, vamos apresentar o pontos mais importantes de cada legislação, primeiramente, começaremos informando que temos a Resolução CONSEPE - UniCV Nº 006/2021, a qual aprova o Regulamento do Estágio Supervisionado do curso de Bacharelado em Serviço Social, devendo seguir o que está previsto na Lei nº 8.662/1993 de Regulamentação da Profissão, no Código de Ética profissional, na Lei de estágio nº 11.788/2008, na Resolução nº 533/2008 e na Política Nacional de Estágio - ABEPSS, a partir das fundamentações legais é que o Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório do UniCV, foi idealizado e se encontra devidamente registrado no Projeto Pedagógico do Curso - PPC que iremos apresentar neste manual. Para entender melhor sobre os fundamentos legais, apresentaremos à luz das legislações os principais pontos, compreendendo que o Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório tem um processo que precisa ser seguido para que possa concluir o curso de Bacharelado em Serviço Social. 18 1.3.1 LEI Nº 8.662/1993 QUE REGULAMENTA A PROFISSÃO E O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL Como você já sabe, a Lei 8.662/1993 é a que regulamenta a profissão e no parágrafo único destaca que “somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta de Assistente Social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio de Serviço Social” (BRASIL, 1993), portanto, somente o profissional formado em Serviço Social e que esteja com o seu registro profissional ativo e atuando como Assistente Social poderá supervisionar o(a) estagiário(a) que está cursando Serviço Social e devidamente matriculado em disciplina de estágio supervisionado curricular obrigatório. Desta forma, o(a) Assistente Social não poderá supervisionar estagiário matriculado em outro curso e o estagiário não poderá receber supervisão do(a) Assistente Social se não estiver cursando Serviço Social. É importante salientar que a lei que regulamenta a profissão nos apresenta no artigo 5º que a supervisão direta é uma atribuição privativa do Assistente Social, ou seja, o estagiário que estiver cursando Serviço Social não poderá receber supervisão de outro profissional, bem como atuar e assinar qualquer documento como Assistente Social, isto porque a 19 atuação profissional só poderá acontecer após a conclusão de curso e com o registro ativo no Conselho Região de Serviço Social - CRESS. Desta forma, o(a) estagiário(a) em Serviço Social, inserido em campo de estágio não poderá realizar atividades privativas do Assistente Social, visto que ainda não é um profissional formado e sim em processo de formação, neste sentido, o estagiário tem o papel de observação e acompanhamento direto do Assistente Social, não devendo estar sozinho quando estiver cumprindo a carga horária nos diversos espaços de atuação profissional. Ao analisar o Código de Ética Profissional do(a) Assistente Social, identificamos algumas informaçõesem relação ao estágio, no artigo 4º, alínea “d” é apresentado o que é vedado ao Assistente Social, no que diz: “compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive nos casos de estagiários/as que exerçam atribuições específicas, em substituição aos/às profissionais” (CFESS, 1993, p. 28). Ou seja, o Assistente Social não deve permitir que os estagiários realizem atribuições que compete a ele, muito menos compactuar com tal feito e, os(as) estagiários(as) devem ter ciência que deverão apenas observar toda a ação deste profissional nos diversos espaços sócio-ocupacionais, no intuito de vivenciar a prática profissional para desenvolver a sua identidade profissional. Já na alínea “e”, ainda do artigo 4º em relação ao que é vedado ao Assistente Social, nos é apresentado que o profissional não deve “permitir ou exercer a supervisão de aluno/a de Serviço Social em Instituições Públicas ou Privadas que não tenham em seu quadro Assistente Social que realize acompanhamento direto ao/à aluno/a estagiário/a” (CFESS, 1993, p. 28). Como é possível observarmos, nesta alínea, fica claro que o estagiário só poderá receber supervisão do Assistente Social, esse profissional deverá estar devidamente registrado no CRESS e com vínculo de trabalho ativo no local que o(a) estagiário(a) será inserido em campo para o cumprimento da carga horária obrigatória. O(a) estagiário(a) que estiver cursando Serviço Social não poderá ser inserido em campo de estágio, caso o local não tenha o profissional formado em Serviço Social e atuando como Assistente Social, cabendo à instituição de ensino realizar a inserção e o acompanhamento do(a) estagiário(a) no processo de supervisão, mantendo contato com os locais, profissionais e com os Conselhos Regionais de Serviço Social - CRESS. 20 Ressaltamos que as instituições de ensino superior seguem as diretrizes curriculares do MEC e as normativas que regulamentam os cursos, neste sentido, o curso de Serviço Social está respaldado em diretrizes curriculares e legislações que fundamentam o processo de formação, principalmente no que se refere ao Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório e para entender melhor, vamos abordar a seguir alguns pontos principais sobre a Lei de Estágio. 1.3.2 LEI DE ESTÁGIO Nº 11.788/2008 Caro(a) estagiário(a), o primeiro ponto importante que deve ser considerado nesta parte da unidade I é que o estágio por lei não se configura como trabalho, logo não há vínculo empregatício ao ser inserido no espaço sócio-ocupacional do Assistente Social para cumprimento das horas obrigatórias do estágio, isto porque a Lei nº 11.788/2008 nos apresenta que o “estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior” (BRASIL, 2008). 21 Neste sentido, o estágio é um momento de troca de saberes entre o(a) estagiário(a) e o supervisor e esta troca deverá acontecer no espaço de atuação profissional, mas, para isso, o profissional deverá ter vínculo empregatício no local de estágio e ter o registro profissional no Conselho do seu estado de residência, já o(a) estagiário(a) deverá estar matriculado no curso em Serviço Social e em disciplina de estágio supervisionado curricular obrigatório, também é preciso ter o termo de compromisso e a descrição das atividades a serem desenvolvidas. A lei de estágio (Brasil, 2008) destaca que além do(a) estagiário(a) receber a supervisão direta do profissional ao ser inserido em campo de estágio, também deverá ser acompanhado por um professor orientador que, no caso do Serviço Social, é denominado supervisor acadêmico, esse profissional irá acompanhar as atividades que o(a) estagiário deverá desenvolver, tanto no campo de estágio quanto da instituição ensino, tendo este profissional o papel fundamental em relação à teoria e à prática as quais o(a) estagiário deverá desenvolver ao cumprir a carga horária de estágio. É importante entender que tanto a instituição de ensino quanto o campo que irá conceder o espaço para cumprimento das horas de estágio tem requisitos que deverão ser seguidos para o não descumprimento da Lei, no entanto o(a) estagiário também tem, e são estes que iremos nos aprofundar a seguir. Pois bem, caro(a) estagiário(a), é importante entender que o estágio tem duas modalidades, o não-obrigatório que “é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória” (BRASIL, 2008), nesta modalidade, normalmente o(a) estagiário(a) receberá uma bolsa remuneratória ao cumprimento das horas, em forma de auxílio financeiro e também incentivo para focar nos estudos, no entanto, esta modalidade não será o nosso foco visto que de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso - PPC está modalidade é opcional. O que vamos focar aqui é a segunda modalidade, o estágio obrigatório que “é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma” (BRASIL, 2008), ou seja, para conclusão do curso é necessário cumprir a carga horária total estabelecida no Projeto Pedagógico do Curso, a qual está em consonância às diretrizes curriculares da ABEPSS. Por você estar matriculado no curso de Serviço Social, poderá fazer as duas modalidades, no entanto, deverá cumprir a carga horária somente quando 22 estiver matriculado em disciplinas de estágio, seguindo os prazos e a quantidade de horas em relação às atividades teóricas e práticas, não devendo ultrapassar a jornada de horas estabelecida na lei que é no máximo 06h/dia e 30h/semanais. Tanto as horas, quanto os dias da semana e as atividades a serem desenvolvidas pelo(a) estagiário(a) deverão estar informadas no documento - Termo de Compromisso de Estágio (TCE) e este documento deverá estar assinado pelos atores envolvidos (estagiário(a), representante legal do local e da instituição de ensino), mas pode ficar tranquilo(a), que estas orientações serão apresentadas na unidade III e você também receberá o acompanhamento do Supervisor Acadêmico durante o cumprimento do Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório. Para entender melhor sobre o estágio obrigatório do curso de Serviço Social, apresentaremos a seguir informações à luz da Resolução nº 533/2008, a qual foi regulamentada 4 (quatro) dias após a Lei de Estágio entrar em vigor, esta resolução destaca sobre a supervisão direta de estágio em Serviço Social. 1.3.3 RESOLUÇÃO Nº 533/2008 23 Caro(a) estagiário(a), a supervisão de estágio em Serviço Social deve acontecer de forma sistemática, ou seja, entre os três atores que são: o supervisor de campo, supervisor acadêmico e estagiário(a), sendo que estes atores que deverão elaborar e validar o plano de estágio. O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente por professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio (CFESS, 2008, p. 01). Neste documento, deverá constar as atividades a serem desenvolvidas ao cumprir a carga horária, atividades estas que deverão estar de acordo com as atribuições e competências do supervisor de campo, conforme previsto no Projeto Pedagógico do Curso - PPC. É importante destacar que “a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento ímpar no processo de ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação teoria e prática” (CFESS, 2008, p. 02), ou seja, é mediante a inserção nos diversos espaços ocupacionais que o(a) estagiário(a) compreende a intervenção profissional, principalmente por este profissional conhecer a política de atuaçãoe a realidade institucional. No entanto, quando o supervisor de campo recebe um(a) estagiário(a) além de ele contribuir com o processo formativo também tem a oportunidade de rever as teorias já estudadas na formação acadêmica, gerando assim trocas de saberes. 24 Cabe destacar que o supervisor de campo tem uma quantidade de estagiários limite para acompanhar, conforme descrito na Resolução nº 533/2008 em relação ao número de estagiários é preciso “levar em conta a carga horária do supervisor de campo, as peculiaridades do campo de estágio e a complexidade das atividades profissionais, sendo que o limite máximo não deverá exceder 1 (um) estagiário para cada 10 (dez) horas semanais de trabalho” (CFESS, 2008, p.03). Neste sentido, se o supervisor de campo atuar com jornada de trabalho de 10h semanais só poderá supervisionar 1 estagiário, se a jornada de trabalho for de 20h semanais serão 2 estagiários e se a jornada de trabalho do supervisor de campo for de 30h semanais poderá receber 3 estagiários. Vale ressaltar que as atividades realizadas pelo(a) estagiário(a) tanto no campo de estágio obrigatório, quanto na instituição de ensino, deverá receber o acompanhamento de profissionais da área, tal ação é resultado de supervisão direta com intuito da validação do processo de formação profissional. 25 1.3.4 POLÍTICA NACIONAL DO ESTÁGIO - ABEPSS A política Nacional do Estágio em Serviço Social foi descrita pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social - ABEPSS, considerada como uma entidade civil de natureza acadêmico-científica em âmbito nacional, a qual deliberou e fundamentou este documento no intuito de delimitar a relação teórico-prática durante o processo de formação profissional dos estudantes devidamente matriculados no curso de Bacharelado em Serviço Social, por meio do Estágio Supervisionado, para que este documento pudesse ser elaborado houve a necessidade de ter “como referência o documento-base, acrescido das contribuições dos seis relatórios das oficinas regionais, do relatório da mesa que debateu a PNE na Oficina Nacional de Graduação e das contribuições enviadas por Vasconcelos em 2009” (ABEPSS, 2010. p. 02). Caro(a) estagiário(a), a PNE-ABEPSS apresenta muitos pontos importantes, alguns foram discutidos nas oficinas regionais e na oficina nacional de graduação que abordaremos ao longo deste manual, tais como, informações relevantes sobre 26 as Universidades e as tendências contemporâneas no mercado do trabalho, tendo a necessidade de compreender as questões que envolvem o estágio; os princípios que norteiam a realização do estágio; a concepção do estágio supervisionado e suas relações no que se refere ao conhecimento teórico-metodológico, ao trabalho do Assistente Social, sua capacitação no técnico-operativo e o seu compromisso com as classes trabalhadoras; também é apresentado pontos importante sobre o estágio supervisionado curricular obrigatório e o não obrigatório, as atribuições dos atores envolvidos no processo do estágio e, por fim, as estratégias operacionais. Dentre as pautas mencionadas acima, faz-se necessário destacar alguns pontos que identificamos serem importantes nesta parte da unidade, como as supervisões que podem acontecer de forma coletiva e individual, destacamos que isso é muito comum nos atendimentos realizados pelo supervisor acadêmico, visto que é uma forma de garantir o desenvolvimento do(a) estagiário(a) em relação à teoria e prática, bem como a sua capacidade de interpretação e compreensão a partir dos conhecimentos adquiridos e da vivência no campo de estágio, neste sentido, as supervisões coletivas e individuais é um meio fundamental para a criação da identidade profissional, visto que, o(a) estagiário(a) desenvolverá o pensamento crítico analítico e o trabalho em equipe, que são fatores importantes na atuação profissional. Outro fator importante abordado na PNE (ABEPSS, 2010, p) refere-se ao estagiário cumprir as horas de estágio curricular obrigatório no local de trabalho, “indica-se que esta situação deva ser evitada e/ou que sua viabilidade esteja condicionada a situações nas quais sejam esgotadas todas as possibilidades do(a) estudante se inserir como estagiário(a) em outro local, mediante avaliação do colegiado do curso”. Portanto, o(a) estagiário(a) não poderá cumprir as horas do estágio obrigatório no seu local de trabalho e isso também deve ser levado em consideração no caso do estágio não-obrigatório. No entanto, caso isso aconteça e seja aprovada pelo colegiado de curso após ser esgotadas todas as possibilidades, deve estar explícito no TCE a distinção das atividades que serão realizadas no estágio não-obrigatório e no estágio obrigatório, isso cabe também no caso de vínculo empregatício, é importante destacar que o(a) estagiário não poderá cumprir a carga horária do estágio obrigatório no mesmo setor que cumpre as horas do estágio não-obrigatório e/ou do vínculo de trabalho. 27 A PNE (ABEPSS, 2010, p. 31) também destaca que em “nenhuma hipótese a realização do estágio não-obrigatório substituirá o estágio obrigatório”, ou seja, as horas cumpridas no estágio não-obrigatório não poderão ser utilizadas para validar o estágio obrigatório e vice-versa, isto porque, além de ser modalidades diferentes (conforme estabelecido na Lei nº 11.788/2008) somente o estágio obrigatório é uma exigência para obtenção do diploma e conclusão do curso. Para melhor entendimento em relação ao cumprimento da carga horária, principalmente sobre o vínculo e validação das horas, vamos apresentar a situação hipotética em forma de estudo de caso que conta a experiência da aluna Joana, com o estágio não-obrigatório e o estágio obrigatório. Estudo de caso: Estágio não-obrigatório e obrigatório A aluna Joana está matriculada no curso de Serviço Social do UniCV, sempre teve vontade de vivenciar o trabalho do Assistente Social, mas como iria demorar para ser matriculada na disciplina de estágio supervisionado curricular obrigatório viu que não seria possível naquele momento, porém ao ler o manual Joana descobriu que poderia fazer o estágio não-obrigatório que além de receber uma bolsa remunerativa ela poderia vivenciar a prática profissional, recebendo a supervisão de um profissional com vínculo empregatício em um dos diversos espaços sócio-ocupacionais do Assistente Social. Então, Joana participou do processo e todas as etapas solicitadas, conquistando a tão sonhada vaga do estágio não-obrigatório, a qual cumpria a carga horária limite de 6h/dia e 30h/semanais. Porém, o que Joana não se atentou é que ela seria matriculada na disciplina de Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório três meses depois, como o cumprimento da carga horária estabelecida no Projeto Pedagógico do Curso para esta modalidade (estágio obrigatório) vinculada à conclusão do curso e obtenção do diploma, Joana queria utilizar a carga horária do estágio não-obrigatório para validar o estágio obrigatório, porém sabia que isso não era possível por ser modalidades de estágio diferentes, então Joana solicitou a redução da carga horária do estágio não-obrigatório, desta forma, ela poderia continuar com a bolsa remuneratória do estágio não-obrigatório e também realizar o estágio obrigatório, pois, assim ela não ultrapassaria a carga horária de 6h/dia e 28 30h/semanais conforme estabelecido na Lei nº 11.788/2008 e não usaria a mesma carga horária para validar as duas modalidades. Joana ainda teve a oportunidade de realizar seus estágios em locais diferentes, isto porque, além de estar recomendado na PNE como uma situação que deve ser evitada, Joana entendeu que ela teria a oportunidade de conhecer serviços/políticas diferentes, além de acreditar que estava fazendo o que era correto legalmente e eticamente. Fonte: elaborado pelas autoras. Caro(a) estagiário(a), como podemos observar no estudo de caso acima, a aluna Joana, não utilizou a carga horária do estágio não-obrigatório paravalidar o estágio obrigatório, visto que isso não pode acontecer legalmente e eticamente falando, como já mencionamos anteriormente, são modalidades diferentes e, por este motivo, a carga horária deve ser cumprida separadamente, porém nada impede a realização simultaneamente das duas modalidades (estágio não obrigatório e estágio obrigatório), todavia a carga horária não pode ultrapassar 6h/dia e 30/semanais e recomenda-se que seja campo de estágio diferente. Porém o que se deve ter em mente é que o estágio obrigatório é único e deve ser realizado para obtenção do diploma e conclusão do curso, devendo cumprir a carga horária estabelecida no Projeto Pedagógico do Curso tanto para supervisão de campo quanto para supervisão acadêmica. Em linhas gerais, a PNE-ABEPSS enfatiza sobre a supervisão direta, regulamentada na Resolução nº 533/2008, a qual destaca sobre o acompanhamento sistematizado do supervisor de campo e do supervisor acadêmico quando o(a) estagiário(a) estiver devidamente matriculado na disciplina de estágio supervisionado curricular obrigatório e necessitar do cumprimento da carga horária que é definida no Projeto Pedagógico do Curso, bem como sobre o processo do estágio e as atribuições dos supervisores (campo e acadêmico) e do(a) estagiário(a). 29 30 UNIDADE II 2. PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Caro(a) estagiário(a), a formação profissional é um processo contínuo, considerado como um conjunto de atividades que envolve a teoria e a prática, preparando-o para o exercício profissional e capacitando-o a “responder às exigências de um projeto profissional coletivamente construído e historicamente situado” (IAMAMOTO, 2004, p. 163). Neste sentido, faz-se necessário um sólido suporte teórico e uma experiência prática para consolidação da criação da identidade profissional, processo este que é construído durante a graduação em Serviço Social, mais especificamente, no Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório. Para lhe auxiliar nesta preparação e capacitação profissional, vamos nos apropriar de alguns assuntos importantes que irão contribuir neste período fundamental, que é o estágio, tais como: os princípios éticos da profissão, as competências e atribuições do profissional, o Projeto Ético-Político e as três dimensões. O intuito desta unidade é que você se sinta seguro quando estiver inserido em um dos espaços sócio-ocupacionais do(a) assistente social. 31 2.1 PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PROFISSÃO É importante destacar que a materialização do estágio supervisionado curricular obrigatório em Serviço social deve estar atrelado aos princípios éticos, que estão explicitados no Código de Ética do(a) Assistente Social e constitui os valores norteadores do projeto profissional, valores estes que precisam se consolidar no cotidiano profissional e nas vivências no campo de estágio. Esses princípios éticos “representam a estrutura ideológica sobre a qual se elaborou e se assentou o Código de Ética do assistente social. Eles se configuram como parâmetros ideológicos das regras materiais contidas nos artigos do Código de Ética” (BARROCO, 2012, P.120). E a partir dessa informação é que vamos nos aprofundar no conteúdo desta parte da unidade, pois é por meio desses princípios que você, caro(a) estagiário(a) entenderá a importância de compreender todas as normativas que perpassam o Código de Ética, pois certamente irá utilizá-lo quando estiver vivenciando a experiência profissional em seu campo de estágio e, claro, quando atuar como Assistente Social. Os princípios éticos se configuram em 11 (onze) bases fundamentais que devem ser praticadas cotidianamente e claro que iremos destacá-los na íntegra e 32 comentar cada princípio a partir do referencial teórico da autora Barroco (2012) em forma de tabela, considerando este conteúdo como primordial para entender o processo do estágio supervisionado curricular obrigatório. TABELA 02: OS PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE ÉTICA COMENTADO PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DO/A ASSISTENTE SOCIAL COMENTÁRIOS - BARROCO I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais. O Assistente Social na prática profissional, na relação que estabelece com o usuário do Serviço Social, com outros profissionais e com qualquer pessoa, deve pautar sua conduta no reconhecimento da liberdade e de suas possibilidades, eis que esse é o valor ético central. Qualquer conduta que viole esse princípio estará sujeita ao enquadramento no Código de Ética e a sua apuração. II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo. A dimensão jurídica da recusa do arbítrio expressa-se na ausência de estabelecimento de posturas, condutas ou determinações injustas, desnecessárias que não sejam razoáveis, posto que se apresentam como rigor excessivo. As condutas arbitrárias, muitas vezes, não são explícitas e se revelam na decisão individual e no “desejo” de seu executor, que em geral é superior hierárquico, que tem poder de mando. O autoritarismo caracteriza-se como uma conduta em que uma instituição ou pessoa se excede no exercício da autoridade de que lhe foi investida, podendo ser caracterizado pelo uso do abuso de poder e autoridade, confundindo-se, por não raras vezes, como o despotismo. O assistente social precisa se contrapor a essas condutas autoritárias e arbitrárias impostas por autoridade superior que violam o Código de Ética, uma vez que negam os princípios que devem ser afirmados e reafirmados em toda a atuação da profissão. III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras. O Serviço Social se encontra totalmente comprometido no processo de ampliação e consolidação da cidadania, mediado pelo conflito capital e trabalho e pelos reflexos da reprodução da desigualdade, presentes nos espaços sócio-ocupacionais. IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida. A democracia é meramente formal, nem possibilitando a efetiva participação de todos na vida, nem possibilitando a efetiva participação de todos na vida política, nem a liberdade de expressão de manifestação ou do pensamento, uma vez que inexiste 33 igualdade de oportunidade para todas. O princípio em questão destaca um outro elemento fundamental da democracia real ao indicar que tal defesa também tem sua expressão na socialização da riqueza socialmente produzida. Ou seja, para que haja democracia é imprescindível que a riqueza produzida seja socializada, seja distribuída entre aqueles que participam do processo de trabalho e de produção de qualquer bem. V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática. Equidade, no Direito, consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes. Consta do preâmbulo da Constituição que a justiça é um dos valores supremos da sociedade, como a harmonia social e a liberdade. Para que haja justiça social deve ser assegurada a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais. Reafirmamos que a equidade e a justiça devem ser componentes cotidiano da atuação do Assistente Social, porém na perspectiva de superação da ordem burguesa, na medida em que tais valores são apenas formalidade assegurados, afinal, as desigualdades não permitem a sua efetivação. VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participaçãode grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças. Esse princípio deve também regular toda atividade do Assistente Social, afastando, rejeitando e denunciando condutas e atitudes preconceituosas ou discriminatórias, manifestadas em qualquer dimensão profissional, não admitindo juízo preconcebido, na forma de atitude discriminatórias perante pessoa, lugares, tradições, culturas, orientação sexual considerados diferentes ou “estranhos”. O respeito à diversidade e o incentivo das diferenças, num sentido amplo, diz respeito àquela que é diferente do padrão dominante na sua forma de pensar, de se manifestar, de agir, de expressar sua individualidade. VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual. O pluralismo deve nortear a conduta do Assistente Social no sentido de respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas em busca do constante aprimoramento intelectual. 34 VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero. Toda ação e conduta profissional deve ser efetivada nessa perspectiva histórica, consubstanciada nesse princípio, pois é esse projeto social aí implicado que se conecta com o projeto profissional do Serviço Social, o que supõe a erradicação de todos os processos de exploração, opressão e alienação. IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as. Esse princípio também se encontra presente em várias regras adotada pelo Código de Ética do/a Assistente Social e sua formulação permite refletir que os assistentes sociais e suas entidades profissionais devem buscar parcerias com movimentos de outras categorias profissionais que tenham identidades com o projeto ético-político do Serviço Social e com a luta dos trabalhadores. Esse princípio nos remete à concepção da necessidade de organização da categoria que ultrapasse os limites do corporativismo, na perspectiva da defesa das lutas coletivas dos trabalhadores. X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional. O princípio em questão coloca como essencial o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, o que deve ser uma tarefa cotidiana da atividade desenvolvida pelo Assistente social. Para que isso ocorra, além da responsabilidade ética, é necessário o constante aperfeiçoamento intelectual do Assistente Social, o que possibilitará compreender a realidade de forma crítica e as dimensões da questão social, bem como para buscar mecanismo e instrumentos eficazes e éticos, para contribuir com a efetivação do acesso e implementação de direitos. XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física. Ao refletirmos sobre o ato de discriminar e ser discriminado, merece destaques duas Resoluções do Conselho Federal de Serviço Social (Resolução nº 489/2006 e Resolução nº 615/2011) que serve como instrumentos importantes para subsidiar o exercício profissional do Assistente Social numa perspectiva de enfrentamento ao preconceito e, portanto, de respeito à diversidade humana e do exercício do Serviço Social sem ser discriminado(a) e discriminar por diferente questões. Fonte: (CFESS, 1993, p 23-24 e BARROCO, 2012, p. 121-131). Além dos princípios apresentados acima podemos destacar alguns princípios que estão estabelecidos na Política Nacional de Estágio (2010, p.13), o primeiro refere-se à “articulação entre Formação e Exercício Profissional”, a qual está 35 atrelada aos atores envolvidos, ou seja, o Assistente Social (supervisor de campo), o(a) professor(a) (supervisor acadêmico) e o(a) estagiário(a), este princípio apresenta desde as tratativas iniciais, antes da inserção em campo até a reflexão das ações realizadas, construindo e socializando conhecimento através de um processo de ensino e aprendizagem. O segundo trata-se da articulação da universidade com a sociedade, tendo o estágio como um processo fundamental para constituir e potencializar essa relação, pois é por meio do estágio que se tem a aproximação entre a universidade e a comunidade, promovendo serviços gratuitos para a comunidade e ao mesmo tempo proporcionando aos estudantes a oportunidade de vivenciar a prática profissional, recebendo o acompanhamento de professores/profissionais especializados na área. O terceiro princípio aborda sobre teoria e prática, ofertas nos cursos de graduação por meio do estágio, promovendo atividades práticas que acontecem nos espaços sócio-ocupacionais e no ambiente acadêmico, tornando-se evidente a existência de um processo didático pedagógico dentro das universidades e dialético nos campo que estágio, envolvendo as dimensões (assunto que vamos tratar mais a frente) que são consideradas essenciais dentro da prática profissional. O quarto princípio destaca as relações com profissionais das diversas áreas do conhecimento, bem como a vivência no espaço sócio-institucional, relações e experiências que só podem ser proporcionadas durante o cumprimento da carga horária em campo de estágio. Por fim, o quinto princípio que oferta oportunidades de participar do processo entre ensino, pesquisa e extensão, aqui proporcionado por meio do estágio supervisionado obrigatório. Este tripé é um diferencial, principalmente, no curso de Serviço Social, pois leva o(a) estagiário(a) para um nível elevado em relação ao conhecimento e aprendizagem. Caro(a) estagiário(a), em linhas gerais podemos considerar que os princípios éticos são fundamentais para a nossa profissão e além de estar contidos em nosso Código de Ética, também pode ser encontrado nas normativas que regulamentam as atividades práticas dentro do processo de formação profissional, principalmente no estágio supervisionado curricular obrigatório, pois é neste momento que se desenvolve a identidade profissional, devendo entender que existem normas jurídicas que sobrepõe as regras, como é o caso dos princípios fundamentais ora apresentados nesta parte da unidade e neste sentido, deve-se ter em mente que os 36 princípios fundamentais não podem ser violados e sim seguidos, visto que fazem parte do exercício profissional. 2.2 COMPETÊNCIAS DO(A) PROFISSIONAL Além dos princípios éticos que são considerados como atos fundamentais para o exercício profissional é preciso enfatizar que o(a) Assistente Social deve se apropriar de conhecimentos, adquirir habilidades e ter atitudes que o leve a desempenhar as suas funções com o maior nível de magnitude possível, para isso, este profissional precisa desenvolver competências ao longo do seu processo de formação e vivência com a prática profissional. Mas, antes de destacarmos sobre as competências do Assistente Social faz-se necessário compreender o significado da palavra “competência”, para auxiliar, realizamos algumas pesquisas e identificamos que a origem deste termo que veio do latim “competere”3 e de acordo com Dolz e Ollagnier (2004, p.33) foi no final do século XV na França que o termo competência surgiu, neste período “designava a legitimidade e a autoridade outorgadas às instituições para tratar determinados 3 Significado: COM (junto) + PETERE (disputar, procurar, inquirir). Fonte: Dicionário eletrônico. Origem da Palavra. Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/competencia . Acesso em: 27/05/2022. 37 problemas”, sendo restrito ao âmbito jurídico. Segundo os autores supracitados, no final do século XVIII, o termo competência foi ampliado para o “nível individual e passou a designar toda a capacidade ao saber e a experiência”,isto porque, todo indivíduo tem a consciência de desenvolver uma capacidade adaptativa e contextualizada do profundo conhecimento, a partir do procedimento de aprendizagem obtendo domínio no assunto conforme vivência com a realidade, tornando-se um especialista e competente para executar tal ação. Quando analisamos o significado do termo competência dentro do mundo do trabalho, não podemos deixar de analisar o processo histórico que envolve o sistema capitalista, em sua linha do tempo que começa desde a era primitiva, passando pela idade média, depois o início da revolução industrial que até o presente momento apresenta-se 4 (quatro) fases, a primeira fase foi em meados dos anos de 1765 com o processo de mecanização (surgimento de máquinas industriais); a segunda fase em meados de 1870 com a fabricação de automóveis (Taylorismo e Fordismo - processo de repetição); a terceira fase em meados de 1969 com a inovação de máquinas que realizam a operação de forma automática (modo de produção Toyotismo); e, por fim, a quarta fase que é a revolução que vivemos atualmente que traz as experiências criadas nas fases anteriores, porém com o uso da tecnologia que se amplia e melhora cada vez mais, esta fase é conhecida como o mundo do conhecimento digital e utilização dos dados tornando um processo industrial mais eficaz. Acreditamos que você deve estar se perguntando, mas porque estão abordando esta informação em um manual de estágio supervisionado curricular obrigatório? O que isso tem a haver com o que eu vou vivenciar no campo de estágio? Ora, caro(a) estagiário(a), essas fases fizeram parte do processo histórico da profissão e, esses fatos ocorridos que causaram o problemas sociais e as diversas expressões da questão social que a profissão surgiu, mas isto certamente vai além do surgimento da profissão, porque os profissionais dos dias atuais precisam cada vezes mais adquirir conhecimento, habilidade e domínio das suas ações, ou seja, ter competência no que faz, visto que estamos vivenciando uma fase que tem por objetivo reduzir falhas por meio do avanço tecnológico, aumento do consumo e lucratividade, evidenciando que o ato de atuar dentro dos diversos espaços sócio-ocupacionais não corresponde à aquisição de um diploma de 38 formação, mas a competência que deve superar o certificado da aptidão e a qualificação para exercer tal função. A partir dessas informações compreendemos que a “competência se impõe como uma necessidade, uma inovação indispensável, uma forma de superar as insuficiências de um regime obsoleto: o da qualificação” (DOLZ E OLLAGNIER, 2004, p. 66). Neste sentido, podemos considerar que o profissional que se apropria da “competência” desenvolve comportamentos autónomos, além de manifestar atitudes que vão além do esperado, promovendo o bem individual e coletivo e a capacidade de se relacionar com pessoas, desde o nível hierárquico até o nível operacional, realizando o mesmo tratamento sem distinção, demonstrando o seu conhecimento e habilidade no assunto ou na ação realizada, garantindo a confiabilidade para exercer tal função, constituindo a capacidade de apresentar decisões a uma determinada situação ou assunto. Partindo de toda esta análise é que podemos enfatizar sobre a competência do Assistente Social, que deve ser considerada como um ato adquirido quando se apropria de um vasto desenvolvimento metodológico, pautado em conhecimentos de diversos assuntos e de habilidades adquiridas ao executar determinada ação, mesmo não sendo considerado um assunto e/ou ação exclusiva da categoria profissional. Neste sentido, fica evidente que a competência deve ser refletida e aprofundada por meio dos fundamentos históricos e teóricos metodológicos, bem como na vivência no campo de estágio até a atuação profissional, considerando a origem do termo e suas relações dentro do mundo do trabalho, entendendo que “a competência expressa a capacidade para apreciar ou dar resolutividade a determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única especialidade profissional, mas a ela concernentes em função da capacitação dos sujeitos profissionais” (CFESS, 2012, p. 37). Depreende-se que as competências constituídas ao Assistente Social, estão estabelecidas na Lei que regulamenta a profissão (8.662 de 07 de junho de 1993), sendo elas: I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de 39 identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (BRASIL, 1993). Caro(a) estagiário(a), como pode observar existem 10 (dez) competências do(a) Assistente Social e de uma certa forma essas competências estão entrelaçadas ao significado do termo, ou seja, para executar qualquer ação mencionada acima é preciso ter conhecimento, habilidade e atitude, demonstrando autoridade no assunto, compreendendo que as ações devem ir além do previsto, isso é considerado competência e é claro que exige um aprofundamento teórico para que possa executar tal ação, a qual está atrelada às atribuições profissionais, assunto que vamos tratar a seguir. 2.3 ATRIBUIÇÕES DO(A) PROFISSIONAL 40 Ao realizar uma pesquisa sobre o termo atribuição identificou-se que não há estudos mais aprofundados para entender a sua origem e significado, isto porque o conceito é claro e direto, indicando a responsabilidade de uma pessoa em relação a seu cargo, função ou ofício, neste sentido o conceito deste termo está interligado ao processo de trabalho a partir de uma ou mais competências adquiridas, ou seja, etimologicamente o significado do termo atribuição expressa-se a “ação ou efeito de atribuir”4, considerado como uma prerrogativa, privilégio, direito e poder para realizar algo. Neste sentido, o conceito atribuição é considerado de duas formas: geral que refere-se à realização de uma ação por qualquer indivíduo, independente se este é um especialista da área ou não e o privativo, a qual só profissionais capacitados e especializados podem exercer determinada ação, tornando uma norma específica, a qual regulamenta o exercício profissional, como é o caso do Assistente Social que expressa-se as atribuições por meio da lei que regulamenta a profissão que a Lei 8.662/1993, a qual destaca em seu artigo 4º as atribuições privativas desse profissional l, sendo elas: I- coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria deServiço Social; IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional (BRASIL, 1993). Como podemos observar, caro(a) estagiário(a) todas as ações que envolvem o serviço social devem ser realizadas por um Assistente Social, considerando que as 4 Significado do termo atribuir. Fonte: https://www.dicio.com.br/atribuicao/ 41 atribuições são privativas, somente um profissional formado em serviço social poderá realizar as atribuições mencionadas acima. Mas é importante destacarmos que essas atribuições estão interligadas às competências da categoria profissional o que nos leva a considerar a importância de adquirir conhecimento e habilidade para executar qualquer atribuição privativa do Assistente Social. Cabe aqui destacar que devemos evitar a execução de atribuições que possuem caráter técnico administrativo e que não é considerada específica do Assistente Social, por um único motivo, mão de obra barata. Nós, enquanto assistentes sociais, precisamos lutar e defender o nosso espaço sócio-ocupacional, demonstrando por meio de nossa atuação que somos uma categoria profissional que garante o direito humano e social e não profissionais que realizam assistencialismo. E porque estamos abordando esta informação aqui, neste manual? Ora, pelo simples fato de existir pessoas que acreditam que o(a) estagiário é uma mão de obra barata, por não fazer parte do quadro de funcionário e não receber remuneração, mas precisa estar ali para cumprimento de carga horária e acaba delegando ações que não condizem com as atribuições privativas do Assistente Social, prejudicando no processo de formação profissional, por isso é de extrema importância que você saiba quais as atribuições privativas do Assistente Social, pois são elas que deverão acompanhar durante o cumprimento das horas do estágio supervisionado curricular obrigatório. 42 2.4 PROJETO ÉTICO-POLÍTICO Caro(a) estagiário(a), o Projeto Ético-Político do Serviço Social tem o objetivo de orientar a formação e o exercício profissional, por este motivo há o envolvimento direto do CFESS/CRESS, da ABEPSS e ENESSO. Para entender o significado do termo faz-se necessário destacar três bases fundamentais, o primeiro refere-se a uma projeção coletiva (Projeto), o segundo o envolvimento de vários indivíduos em busca de uma valorização ética (Ética) e, por fim, o terceiro, a vinculação de um determinado projeto societário (Político). É importante destacar que a idealização do Projeto Ético-Político do Serviço Social foi considerado um marco para a categoria, sendo o resultado de um processo histórico que se materializou no ano de 1979 com o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, conhecido como “Congresso da Virada” após um longo debate entre os profissionais da época, concluindo que “esse momento foi a expressão coletiva da categoria dos Assistentes Sociais de ruptura com o conservadorismo, e de compromisso com as lutas democráticas da classe trabalhadora” (CFESS, 2009, p 142). Entendendo que os assistentes sociais 43 precisavam romper com o conservadorismo que estava enraizado na atuação profissional. De acordo com Netto (1999) houve uma estruturação no Projeto Ético-Político nos anos de 1980 o qual passou a qualificar como sendo básico, mantendo os eixos fundamentais, flexível sem se descaracterizar, mas, incorporando novas questões, assimilando problemáticas diversas no enfrentamento de novos desafios, é claro que mediante a essa nova estruturação não podemos deixar de destacar que o Projeto Ético-Político é um processo com constante desdobramento. O autor supracitado destaca que, somente na década de 1990 é que o Projeto Ético-Político conquistou a hegemonia no Serviço Social por estar fundamentado teórica e metodologicamente, além de conquistar dois elementos importantes que são: o crescente envolvimento dos profissionais em fóruns e eventos e a consonância com as tendências relevantes dos movimentos da sociedade brasileira. É evidente que houve um avanço nos preceitos do Projeto Ético-Político do Serviço Social ao longo dos anos, viabilizando para os assistentes sociais mais autonomia no exercício profissional e direcionando tanto no processo de formação quanto na atuação nos diversos espaços sócio-ocupacionais. Mediante a essas informações você deve estar se perguntando o porquê estamos abordando sobre o Projeto Ético-Político neste manual de estágio obrigatório. Pois bem, o Serviço Social desde a sua gênese até os dias atuais passou por mudanças que marcaram não só na trajetória, mas também no exercício profissional, resultados conquistados pela própria categoria através de grandes debates históricos, debates estes que levaram ao rompimento com o conservadorismo e a regulamentação e normatização da profissão. No entanto, é importante compreender que não basta apenas cumprir as horas de estágio para obtenção do diploma de graduação e vivenciar a prática profissional, é preciso se aprofundar em todos os conceitos que regem a atuação do Assistente Social e o Projeto Ético-Político do Serviço Social nos direciona no agir profissional mediante as diversas expressões da questão social. Para entender melhor, apresentaremos alguns pontos importantes que fundamentam o Projeto Ético-Político e que será de extrema importância tanto na vivência do estágio obrigatório quanto no exercício profissional, neste sentido, destacamos, primeiramente, sobre o núcleo que tem como valor central o “reconhecimento da liberdade” um verdadeiro marco para a categoria, que de certa 44 forma traz consigo o “compromisso com a autonomia” para executar as competências e atribuições privativas do Assistente Social, devendo exercer a “emancipação”, compreendendo a “plena expansão dos indivíduos sociais” (NETTO, 1999, p. 15). O segundo ponto importante que devemos destacar em relação ao Projeto Ético-Político do Serviço Social é que a sua idealização deu-se através da existência do projeto societário que tem como objetivo o desenvolvimento de “uma nova ordem social sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero”, fundamentando-o na “defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o pluralismo, tanto na sociedade como no exercício profissional” (NETTO, 1999, p. 15-16), pontos que estão explícitos em nosso Código de Ética como fundamentos que devem ser seguidos durante o exercício profissional e evidente no processo de cumprimento da carga horária do estágio supervisionado curricular obrigatório. E, por fim, o terceiro ponto importante contido no Projeto Ético-Político do Serviço Social está atrelado à dimensão política, que traz o conceito em relação ao posicionamento do profissional em favor da “equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens ea serviços relativos às políticas e programas sociais; à ampliação e à consolidação da cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras” (NETTO, 1999, 16). É evidente que este terceiro ponto destaca sobre a postura que o Assistente Social precisa ter durante o exercício profissional, visto que é o garantidor de direitos sociais. Em síntese, ao analisar a trajetória do Serviço Social e a idealização do Projeto Ético-Político é evidente o compromisso que o Assistente Social precisa ter ao exercer a profissão por meio das competências profissionais, promovendo estratégias para: ampliação da liberdade; autonomia; emancipação; garantia dos direitos; consolidação da cidadania; democracia; equidade; justiça social; acesso aos bens e serviços; qualidade com a prestação de serviços; articulação com outros profissionais e trabalhadores; execução de programa e projetos sociais, além de entender os direitos e deveres profissionais. Seguindo estes preceitos contidos no Projeto Ético-Político, bem como nas normativas que regem a profissão certamente realizará um trabalho com excelência. 45 2.5 DIMENSÕES: TEÓRICO-METODOLÓGICA, TÉCNICO-OPERATIVA E ÉTICO-POLÍTICA 46 De acordo com Santos (2002), em relação ao Serviço Social o termo “dimensão” refere-se à propriedade de algo, apresentando uma direção que norteia a atuação profissional. Neste sentido, todos os elementos que constituem este conceito são considerados intrínsecos, pois envolvem alguns pilares importantes que orientam o exercício profissional, como, por exemplo, o processo formativo, investigativo, organizativo e interventivo, bem como, os pressupostos, as perspectivas e as competências que tornam as atribuições do Assistente Social uma totalidade. Partindo desta premissa, destacamos sobre as três dimensões constitutivas da intervenção profissional do Assistente Social, consideradas como uma unidade pelo simples fato de uma não ser mais importante que a outra, mas por estarem interligadas, por se complementarem, por manterem as suas especificidade e por serem interdependentes, sendo requisitos fundamentais que permitem ao profissional colocar-se diante das situações com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos societários, seus vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho (ABEPSS, 1996, p. 13). Para melhor compreensão, destacamos a seguir as três dimensões que lhe auxiliarão durante a vivência no campo de estágio, bem como no exercício profissional. Sendo elas: Figura 01: as dimensões Fonte: elaborado pelas autoras 47 A primeira dimensão teórico-metodológica refere-se à capacidade de realizar uma leitura crítica sobre a realidade social, articulando com um ato investigativo que permite ao Assistente Social a busca por estratégias voltadas ao interesse da população assistida. Segundo Iamamoto (2004), para que este profissional possa realizar qualquer tipo de intervenção faz-se necessário fundamentar-se em teoria que possa explicar as relações sociais existentes na sociedade, o intuito é que o Assistente Social sai do ato imediatista e do senso comum realizado em seu cotidiano e busca por bases teóricas para que possa explicar a prática, desempenhando o trabalho a partir de análise concretas. Neste sentido, podemos considerar que a dimensão teórico-metodológica é uma união entre a teoria e a prática, ou seja, é a partir das bases metodológicas que o profissional consegue explicar a realidade social e desempenhar o seu trabalho na sociedade. Por este motivo, esta dimensão é fundamental, pois o Assistente Social só conseguirá desenvolver o seu trabalho embasado nas teorias que servirá de mecanismo para análise da realidade que envolve a atuação profissional, possibilitando a escolha de instrumentos e técnicas capazes de materializar a intervenção. Caro(a) estagiário(a), para que você possa entender melhor, até mesmo quando estiver vivenciando a prática profissional em seu campo de estágio obrigatório, apresentaremos um exemplo, de uma situação hipotética em que o Assistente Social precisa de conhecimento teórico para realizar uma intervenção profissional. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA Um dos usuários do serviço do Centro de Referência Especializado de Assistência Social buscou pelo atendimento do Assistente Social para relatar um abuso de violência contra uma pessoa idosa, esse usuário relata que testemunhou o momento em que um homem agrediu a sua mãe idosa em plena luz do dia e declara que a cena foi chocante e não sabe o que fazer, pois este filho é usuário de drogas e acabou ameaçando-o de forma agressiva. Fonte: elaborado pelas autoras 48 Perceba que esta situação é agravante tanto para a pessoa que procurou o serviço quanto para a idosa e, até mesmo, para o seu filho. Situação esta que apresenta claramente o rompimento de vínculos parentais e abuso de drogas, acarretando a violência doméstica. Agora o que devemos nos perguntar é: o que o Assistente Social irá fazer? Qual a orientação para a pessoa que a procurou? Pois bem, caro(a) estagiário(a), se este profissional não tiver um conhecimento teórico sobre a demanda ora apresentada, que tipo de informação será passado para este usuário do serviço? Qual a ação será adotada? Perceba que não basta apenas estudar as bases teóricas metodológicas da profissão, mas é preciso um aprofundamento que se deve ir além do que está previsto, entendendo toda a realidade à nossa volta e assim conseguiríamos orientar e saber o que deve ser feito. A segunda dimensão é a técnico-operativa, considerada como a que mais se aproxima da prática profissional, visto que o Assistente Social se apropria do uso de instrumentos e técnicas para a realização interventiva. De acordo com Guerra (2012) esta dimensão trata-se da materialização do trabalho do Assistente Social em seu cotidiano, compostas por elementos como: estratégias e táticas que orientam a prática profissional; recursos técnicos e operacionais para executar os procedimentos profissionais, orientação em relação às dimensões teórico-metodológica e ético-política, além de proporcionar os instrumentos para o desenvolvimento técnico e as habilidades que norteiam a operacionalização da ação profissional. Para que o Assistente Social consiga entender e desenvolver a dimensão técnico-operativa em sua atuação profissional é preciso ter conhecimento da realidade do usuário, a existência de objetivos, a natureza da demanda, as estratégias de sobrevivência, o modo de vida, entre outras percepções que facilite no uso dos instrumentais e técnicas, para isso os profissionais precisam responder algumas perguntas como: Para que fazer? Para quem fazer? Quando e onde fazer? O que fazer? Como fazer? (GUERRA, 2012, p. 43). Isso irá facilitar na escolha dos instrumentais que constituem a atuação profissional. É importante destacar que as instrumentalidades utilizadas pelo Assistente Social precisam estar atreladas à resolutividade do problema social em questão, olhando para os fins visados de forma ética e comprometida com a profissão, 49 entendendo que existem diversos instrumentos a serem utilizados, porém precisam estar atrelados aos preceitos éticos, para que não haja um retrocesso e o uso do tecnicismo, agindo de forma neutra e superficial por falta de conhecimento e habilidade. Em linhas gerais, a dimensão técnico-operativa se compreende a partir das atribuições e competências do Assistente Social, as quais envolvem um vasto conhecimento teórico e da análise da realidade que não pode ser reduzida ao ato de tecnicismo, ou seja, não pode ser feita de forma automática, mas sim através da competência que permeia a atuação profissional. Por fim, destacamos sobre a terceira dimensão a Ético-política, considerada tão importante quanto as duas apresentadas anteriormente, pois veio para fundamentar os princípios e valores contidos no Código de Ética do/a Assistente Social, salientando