Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
7 1ºAula Aspectos fundamentais da administração da produção Vamos recordar alguns conceitos e fundamentos da Administração, os quais determinam a sobrevivência das empresas e norteiam os processos de produção de produtos e serviços. Iniciemos pelos conceitos e cenários que compõem os mais diversos sistemas de produção. Bons estudos! Administração da Produção I 8 Objetivos de aprendizagem 1 - Conceito de administração da produção e os novos cenários da competitividade 2 - As empresas: seus fatores de produção e seus recursos 3 - Estrutura da organização da administração da produção Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender os conceitos da Administração da Produção; • conseguir perceber os novos cenários da competitividade e seus impactos na Administração da produção; • identificar e perceber as mais diversas categorias de empresas de produção em atividade na produção de bens e serviços; • perceber a importância e a compreensão da correta combinação dos fatores de produção. Seções de estudo 1 – Conceito de administração da produção e os novos cenários da competitividade Conceito A administração da produção é a área da administração que cuida dos recursos físicos e materiais da empresa, que executa o processo produtivo. É através dela que as empresas extraem a matéria-prima, transformando-a para produzir o produto acabado, segundo o processo selecionado. Os dois grandes objetivos da Administração da Produção são, alcançar a eficiência e a eficácia na administração da combinação dos recursos de produção. A eficiência significa a utilização adequada dos recursos empresariais; reside basicamente em fazer as coisas corretamente, e da melhor maneira possível. Produzir com eficiência significa adotar métodos e procedimentos adequados, executando corretamente as tarefas através da racionalização dos processos de trabalho. Por isso, a produtividade é uma decorrência da eficiência, uma vez que representa o melhor resultado obtido dada a utilização de determinado volume de recursos empresariais. Por outro lado, a produtividade da empresa permite avaliar a sua competitividade frente a concorrência, uma vez que permite produzir produtos de melhor qualidade com menores custos. A eficácia significa o alcance dos objetivos da empresa. Está ligada aos fins e consiste basicamente em realizar as atividades que são importantes para os resultados finais. Saber Mais Você saberia estabelecer a diferença entre eficiência e eficácia? Existe alguma correlação entre esses dois princípios? Se vocês acessarem a Internet ou pesquisar em algum livro que fale de estratégias, produção, etc., verão muitas informações sobre Eficiência e Eficácia. Mesmo assim, ainda é muito grande o número de pessoas que não sabem a diferença ou que não têm segurança para explicá-las adequadamente. Se perguntarmos agora para alunos de Administração numa sala de aula, temos certeza de que muitos ficarão em silêncio. Tais conceitos estão intimamente ligados ao Planejamento Estratégico, que se divide em três níveis: estratégico, tático e operacional. No nível estratégico traçamos os objetivos, no tático as metas, e no operacional as ações a serem realizadas. Nessa ordem hierárquica, refletem como o processo de tomada de decisão ocorre. Quando falamos de eficácia, estaremos falando do nível tático, ou seja, é o nível que define as estratégias e as regras do jogo, sempre. No nível estratégico o planejamento ainda não ocorreu, e eficácia tem a ver com um planejamento prévio. Uma pessoa eficaz é aquela que faz aquilo que deve ser feito, que cumpre com suas metas, que realiza o que foi proposto. O vendedor A vendeu sua quota de produtos. O vendedor B também, mas gastou 30% de tempo a menos. Nesse caso, se a meta era vender a quota, ambos foram eficazes, mas o vendedor B foi mais eficiente. A eficiência diz respeito a como fazer e está relacionada às ações a serem realizadas, definidas no nível operacional. Eficiência é uma questão de custo-benefício, onde buscamos ter o mínimo de perdas e/ou 9 O que seria uma empresa com vantagem competitiva? Vejam o que diz o conteúdo deste site: <ht tp : / /www.knoow.net /c ienceconempr/gestao/ vantagemcompetitiva.htm> Saber mais Vejam esse outro texto disponível em: <ht tp : / /p t . shvoong .com/bus iness -management/ entrepreneurship> Ficou melhor assim? Se ainda permanecerem dúvidas estamos à disposição nas ferramentas da Plataforma, Fórum ou Quadro de Avisos. desperdício; uma relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados. Por exemplo, se toda a sua equipe entregou o relatório na data prevista, foram eficazes. Mas se você conseguiu fazê-lo e ainda sobrou tempo para realizar a próxima tarefa, ou mesmo para aproveitar o resto do dia com outra atividade, então você foi eficiente. 1.1 – Os Novos Cenários da Competitividade e os Impactos na Administração da Produção Atualmente as empresas devem buscar a obtenção de vantagens competitivas em todos os seus processos de produção. No entanto, existe um grau de dificuldade muito grande devido à grande concorrência que a globalização impôs às organizações, que forçou e continuará forçando a redução do grau de protecionismo empregado por muitos países como barreiras aos produtos externos, tornando necessária a manutenção de preços e padrões de qualidade em nível internacional. Conceito de Vantagem Competitiva - Vantagem Competitiva é um conceito desenvolvido por Michael E. Porter, em seu best-seller Competitive Advantage (Vantagem Competitiva), onde mostra a forma como a estratégia escolhida e seguida pela organização pode determinar e sustentar o seu sucesso competitivo. A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma determinada empresa consegue criar para os seus clientes e que ultrapassa os custos de produção. O termo valor aqui aplicado representa aquilo que os clientes estão dispostos a pagar pelo produto ou serviço. Um valor superior resulta da oferta de um produto ou serviço com características percebidas idênticas aos da concorrência, mas por um preço mais baixo ou, alternativamente, da oferta de um produto ou serviço com benefícios superiores aos da concorrência, que mais do que compensam um preço mais elevado. Segundo Porter (1989), existem dois tipos básicos de vantagem competitiva: a liderança no custo e a diferenciação, as quais, juntamente com o âmbito competitivo, definem os diferentes tipos de estratégias genéricas. Porter (1989) descreve ainda o instrumento básico para diagnosticar a vantagem competitiva e para encontrar formas de intensificá-la: a cadeia de valores. Através da cadeia de valores, a organização é dividida nas suas atividades básicas (investigação e desenvolvimento, produção, comercialização e serviço) o que facilita a identificação das fontes de vantagem competitiva. Ao se tratar de possível aplicação e futura (ou desejada) sustentabilidade de uma vantagem competitiva, faz-se necessária a explicação de exatamente o que é uma vantagem competitiva. Onde e a partir de que momento ela é formada. A vantagem competitiva pode derivar tanto de recursos e competências únicas da empresa específica como da exploração de uma posição específica e protegida da estrutura de mercado. Vantagem competitiva é uma ou um conjunto de características que permite a uma empresa ser diferente por entregar mais valor, sob o ponto de vista dos clientes, diferenciando-se da concorrência e, por isso, obtendo vantagem no mercado. Refere-se à produção de produtos ou serviços com características que levem os clientes a comprar dessa empresa em detrimento dos concorrentes. É um diferencial competitivo que não pode ser facilmente copiado pela concorrência. A Vantagem Competitiva geralmente se origina de uma competência central de negócio e que para ser realmente efetiva, a vantagem precisa ser difícil de imitar, única, sustentável, superior àcompetição e aplicável a múltiplas situações. A partir da segunda metade do século XX, com as rápidas mudanças tecnológicas e políticas Administração da Produção I 10 ocorridas no mundo, exigiu-se que as organizações passassem a conduzir seus negócios de formas diferentes. Essas mudanças inclusive transferiram paulatinamente para os clientes premissas que até então eram conduzidas pelo relacionamento entre fornecedores e fabricantes. Competir nessa nova realidade exige o estabelecimento de uma nova arquitetura organizacional que proporcione um completo alinhamento de todos os esforços com o objetivo da empresa, de vez que a excelência operacional não é mais, por si só, condição bastante para a competitividade sustentável. Ao se tratar de reordenação organizacional a função é alinhar os esforços em prol de um mesmo objetivo. Para isso, a confiança na organização tem que ser estabelecida, ou reestabelecida. Existem empresas que gastam fortunas para estabelecer missão, visão e valores, mas não conseguem estabelecer comprometimento com o resultado, por falta de divulgação do conhecimento adequado, imprescindível ao estabelecimento de uma nova cultura. Manobrar o negócio e com isso gerar valor não é uma tarefa fácil. Em resumo, aumentar preço, reduzir preços de aquisição de insumos, diferenciar- se ou tornar-se mais eficiente operacionalmente é fruto de um trabalho que envolve conhecimento e atuação em diversas dimensões. A capacidade de desenvolver as diversas dimensões do negócio é o que confere a vantagem competitiva. Ou seja, o estudo de modelo de negócios aponta direcionadores de comportamento do negócio para gerar valor à empresa, mas é no aprofundamento do modelo de gestão é que visualizamos a capacidade de gerar a vantagem, o que de forma mais ampla é chamado de vantagem competitiva sustentável. Em um mundo competitivo, com mudanças rápidas e bruscas, nenhuma vantagem pode ser mantida em longo prazo. A vantagem competitiva sustentável é constituir a organização de tal forma que ela esteja atenta e ágil a fim de que se sobressaia e crie sua vantagem, não importando que mudanças ocorram externamente. Nessa corrida para conquistar a competitividade, a empresa precisa desenvolver alguma vantagem competitiva, não é mesmo? Nessa corrida para conquistar a competitividade, a empresa precisa desenvolver alguma vantagem competitiva, não é mesmo? As novas técnicas de produção, bem como os novos processos devem ser constantemente readequados, cabendo à engenharia da produção um papel fundamental no atendimento desses novos desafios e para a administração da produção um papel ainda mais importante, que é o de atender às novas demandas e proporcionar um feed back, que proporcione melhorias contínuas e acertadas. Exemplo dessas transformações evidencia- se quando recordamos a clássica expressão de composição de preço final: Custo + margem de lucro = preço fi nal Atualmente é recomendado analisar a expressão por outro prisma: Preço de venda – custo = margem de lucro Fonte: Extraído de Gestão Agroindustrial (BATALHA, 1997 apud COURTOIS, A.; PILLET, M.; MARTIN, C., Vol. 1, p. 265). Observando-se as duas expressões sob o ponto de vista do sistema de produção, na primeira o elemento preço de venda é uma variável a ser dimensionada pelo produtor, já na segunda, é evidente que o mesmo elemento é condicionado pela internacionalização dos mercados, e a margem de lucro está condicionada à capacidade das empresas em reduzir seus custos de produção e não impor ao consumidor final os custos extras da ineficácia administrativa. Para melhor caracterizar essas mudanças, podem ser identificadas três diferentes fases no ambiente industrial: 1ª fase: Oferta inferior à procura – Período de intenso crescimento devido à carência do mercado existente. As funções essenciais da empresa são técnicas e industriais - o lema é produzir e depois vender - e as características principais são: altos inventários em processo, fabricação em série, prazos estipulados pelo próprio ciclo de produção e gestão manual. 2ª fase: Oferta em equilíbrio com a procura – O consumidor pode escolher o fornecedor – o lema é produzir o que será vendido – e as características principais são: necessidade de se realizar previsões de vendas, controlar as atividades de produção, equacionar os estoques e fixar datas de entrega. 3ª fase: Oferta excedente à procura: a severa concorrência entre as empresas torna o consumidor mais exigente - O lema é produzir o que já está 11 vendido – e as características principais são: controle de custos, qualidade irrepreensível, prazos de entrega curtos e pontuais, alguns produtos personalizados e melhoria das técnicas de fabricação e controle. Sendo assim, os principais objetivos da administração da produção nesse novo contexto pode ser representado conforme figura abaixo: Fig. 1 - Objetivos dos sistemas de administração da produção qualidade confi abilidade fl exibilidade mix de produtos custos prazos Fonte: Gestão Agroindustrial (BATALHA, 2008, p. 266). Veja bem que nesta visão tanto a seta indicando custos de produção e prazos na entrega, estão no sentido inverso das demais, ou seja, as empresas devem, sem dúvida nenhuma, buscar a redução dos custos de produção e reduzir também os prazos de entrega, proporcionando dessa forma uma vantagem que será percebida pelo consumidor, que prefere comprar bons produtos, com preços acessíveis e com prazos de entrega cada vez mais curtos. Por outro lado, os demais atributos de um produto, como a qualidade, a confiabilidade, a flexibilidade e o mix de produtos, deve sempre seguir o sentido da seta, ou seja, cada vez melhorando e aumentando o valor destes atributos que são facilmente percebidos pelo consumidor. 2 – As empresas: seus fatores de produção e seus recursos As empresas são organizações sociais porque são constituídas de pessoas que trabalham em conjunto e utilizam determinados recursos para atingir determinados objetivos, podendo crescer atingindo seus objetivos ou declinar se estes não forem atingidos. 2.1 – Classificação das Empresas As empresas classificam-se de acordo com alguns atributos, a saber: a) Quanto à propriedade: É a forma de classificar as empresas quanto a quem detém o poder de comando e decisão. Classificam-se em: Empresas Públicas – São aquelas de propriedade do Estado, constituindo o setor público e o seu principal objetivo é a prestação de serviços e o bem-estar social. Empresas Privadas – são as empresas de propriedade privada, constituindo o chamado setor privado da economia do país; sua lógica é o lucro, ou seja, o retorno do capital investido. Empresas Mistas – São as empresas constituídas por sociedades de participação pública e privada simultaneamente; normalmente são aquelas prestadoras de serviços de utilidade pública e segurança nacional, sendo o setor público normalmente o acionista majoritário. Administração da Produção I 12 b) Classificação quanto ao tamanho: O tamanho da empresa representa o porte e o volume de recursos de que ela dispõe para suas atividades e podem se classificar em: Empresas de grande porte – São aquelas que utilizam grande volume de recursos, apresentam ampla estrutura, empregam muita mão-de-obra e também são responsáveis por índices elevados de produção. Curiosidade Vamos ver algumas características das empresas de grande porte. Empresa de grande porte ou Grande empresa é uma empresa que recebe tratamento diferenciado na legislação por possuir uma estrutura de maior capacidade de produção. Geralmente a diferença é baseada na quantidade de empregados ou faturamento da empresa. O tratamento diferenciado pode ser caracterizado por cobrança de mais impostos ou incentivos fiscais específicos. No Brasil, existem várias leis que buscam especificar o que é uma empresa de grande porte. A Lei N° 10.165, de 27 de dezembro de 2000, noartigo 17-D, estabelece que: “III – empresa de grande porte, a pessoa jurídica que tiver receita bruta anual superior a R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais). Lei N° 10.165, de 27 de dezembro de 2000”. Já a Lei Nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, no artigo 3° estabelece que: Considera-se de grande porte, para os fi ns exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Segundo o IBGE, a Indústria ou a empresa é considerada de grande porte se tiver mais de 500 empregados. Se for Comércio ou Serviços, precisa ter mais do que 100 empregados. Mas não existe fundamentação legal sobre a classificação por quantidade de empregados. Empresas de médio porte – São aquelas cujo volume de recursos utilizado é razoável, sendo empresas muito bem conhecidas regionalmente, porém, desconhecidas e com pouca penetração na esfera nacional. Empresas de pequeno porte – São aquelas que utilizam poucas quantidades de recursos, com estrutura pequena e pequeno número de funcionários; existe um grande número de pequenas empresas atuando na economia, sendo sempre empresas com importância localizada. Também estão incluídas aqui as empresas familiares, individuais e as microempresas. c) Classificação quanto ao tipo de produção: Essa classificação agrupa as empresas quanto ao que produzem, e podem ser: Primárias ou extrativas; secundárias ou de transformação; e terciárias ou prestadoras de serviço. Você Sabia? A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Esses setores econômicos podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. Cada grupo dessas empresas tem suas características bem específicas e juntas formam toda a atividade econômica do País. Setor primário Setor secundário Setor terciário 13 Empresas primárias ou extrativas – O setor primário está relacionado à produção através da exploração de recursos da natureza. São aquelas que desenvolvem atividades extrativas e de produção no setor primário da economia, sendo em sua maioria produtoras de matérias-primas. Nesse grupo encontram-se as empresas de extração mineral e vegetal, empresas agrícolas de produção de matérias-primas como soja, cana, milho ou trigo, entre outras tantas, e setor de pesca. Essas empresas normalmente não agregam valor nenhum aos seus produtos e apenas fornecem as matérias- primas ao setor da indústria de transformação. Empresas de mineração que executam apenas a lavra dos minerais também se encaixam nesse grupo de empresas. A grande maioria das empresas de produção primária passa por grandes oscilações em suas receitas, uma vez que normalmente produz produtos com pouco ou quase nenhum valor agregado e fica refém do sobe e desce dos produtos industrializados. Esse setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, o clima. A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas nesse setor econômico, pois tais produtos não possuem valor agregado, como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados. Empresas secundárias ou de transformação – São aquelas que processam as matérias-primas, transformando-as em produtos acabados com valor agregado, isto é, produtos tangíveis e manufaturados. É o setor da economia que transforma as matérias- primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc.). Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa base econômica concentrada no setor secundário. A exportação desses produtos também gera riquezas para as indústrias dos respectivos países. Empresas terciárias ou prestadoras de serviços – São as empresas prestadoras de serviços, podendo ser públicas ou privadas; o denominado terceiro setor da economia, e quanto melhor for a saúde econômica dessas empresas, melhor será o resultado econômico e social do País. É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não meterias que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades econômicas desse setor, podemos citar: comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos. Esse setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. 2.2 – Os Fatores de Produção Os fatores de produção num processo produtivo estão baseados num triângulo onde num dos vértices temos o capital, no outro temos o trabalho e no último temos a natureza; no entanto, esses três fatores, isoladamente, nada ou quase nada representam, sendo as empresas as responsáveis pela sua correta utilização e melhor combinação entre eles, considerada, então, como o quarto fator. A natureza fornece os insumos necessários, as matérias-primas, o solo, a água, a energia, etc. O capital fornece o dinheiro necessário para comprar os insumos, as matérias-primas e a construção da estrutura necessária, e o trabalho, por sua vez, oferece a mão de obra, sem a qual não haveria produção. As empresas interagem com os fatores, buscando o equilíbrio entre as quantidades utilizadas de cada um e, principalmente, administrando o fluxo necessário para atender suas demandas. Sabe-se, no entanto, que esses recursos são versáteis, finitos e combináveis, e dependem da correta estratégia de cada empresa sobre a sua utilização. Fig. 2 - Os quatro fatores de produção Natureza Empresas TrabalhoCapital Empresas Empresas Fonte: Gestão Agroindustrial (BATALHA, 2008). Administração da Produção I 14 3 - A estrutura da organização da administração da produção 2.3 – Os Recursos de Produção Para atender à produção, as empresas necessitam de recursos que na verdade são obtidos no banco de oferta dos fatores de produção. Esses recursos uma vez definidas as suas necessidades são também chamados de recursos empresariais. Um recurso ou a combinação de recursos é um meio através do qual a empresa produz algo. Os recursos empresariais são os seguintes: a) Recursos Materiais ou Físicos – São todos os recursos de origem da natureza e que ingressam no processo produtivo. Incluem-se também as fábricas, as instalações, as máquinas e equipamentos, matérias-primas, etc.. Os recursos ou materiais físicos compreendem o espaço físico, os prédios e terrenos, o processo produtivo, a tecnologia utilizada no processo de produção. Orienta e controla as atividades de materiais da organização, conforme os planos estabelecidos e a política adotada. Elabora rotinas de trabalho, tendo em vista a implantação de sistemas que devem conduzir a melhores resultados com menores custos, o que demanda a utilização de organogramas, fluxogramas e outros instrumentos de trabalho. b) Recursos Financeiros – Correspondem ao capital e abrangem as receitas, as contas a receber, e enfim, qualquer crédito que a empresa possua; nós sabemos que qualquer empresa em fase de crescimento necessita de recursos para financiar as suas operações no sentido de aumentar a produção, melhorar o faturamento, reduzir custos marginais, melhorar margem líquida, atendera novos mercados, enfim, melhorar a sua lucratividade, disponibilidade de caixa e sua rentabilidade e, com isso, melhorar o retorno sobre o capital investido. c) Recursos Humanos – Corresponde a todas as pessoas que trabalham na empresa, em todos os níveis hierárquicos. Numa empresa existem muitos cargos e cada qual tem as suas atribuições e funções bem definidas. A correta atuação de cada pessoa é que vai proporcionar a harmonia da empresa. d) Recursos Mercadológicos – Esses recursos normalmente estão fora da empresa e se constituem em todo o potencial que a ela dispõe para atender às necessidades e anseios de seus clientes, que são os demandadores de seus produtos; compreendem todos os métodos utilizados pelas organizações para análise de mercado (de consumidor e concorrente), planejamento de venda, execução e controle de qualidade, promoções, propagandas pelos meios de comunicação, lançamento de novos produtos no mercado com novas tecnologias necessárias para a demanda do mercado de acordo com as exigências dos consumidores e assistência técnica. e) Recursos Administrativos – São os recursos que a empresa possui para atuar como integrador e sincronizador de todos os demais recursos empresariais. Aqui estão todas as pessoas que trabalham na direção, controle e avaliação da empresa. A avaliação dos processos de produção, financeiros, mercadológicos entre outros, devem ser corretamente implantados e controlados na empresa. A percepção de treinamentos, análise das decisões para novos investimentos e outros procedimentos necessários para o funcionamento harmônico da empresa. f) Recursos Tecnológicos – São todos os recursos tecnológicos que a empresa possui para utilizar nos processos de produção; é o know how que a empresa emprega. Deve-se considerar também aqui, a capacidade que a empresa tem em buscar constantemente novas tecnologias à medida que vão aparecendo no mercado. Tudo tranquilo até aqui? Não esqueçam de fazer as atividades e encaminhar pelo Portfólio, afi nal, vale um terço da nota. A administração da produção geralmente busca uma estrutura que permita à empresa maximizar os seus resultados através da otimização, na utilização de seus recursos empresariais, conforme abaixo: a) Desenvolvimento do produto – É a área que cuida do planejamento e desenvolvimento do produto, de suas especificações técnicas, das características da embalagem e que pode também ser chamada de engenharia do produto; a principal preocupação deve ser com a busca de uma visão total da atividade de projeto, ou seja, que supere as visões parciais presentes em cada setor tecnológico específico. Para tanto, é importante dividir cada projeto em seções que, quando agrupados os seus trabalhos individuais, configuram e compõem o 15 Retomando aula Chegamos ao fi nal desta aula, esperamos que tenha sido bem compreendida. Vamos relembrar alguns tópicos: projeto de um novo produto na sua totalidade. Vejam o que dizem os professores Henrique Rozenfeld e Daniel Capaldo Amaral. Disponível em: <http://www.numa.org.br/conhecimentos/ c o n h e c i m e n t o s _ p o r t / p a g _ c o n h e c / Desenvolvimento_de_Produto.html>: Uma grande difi culdade atual para o gerenciamento do processo de desenvolvimento de produto é a existência de diversas visões parciais. No campo de ensino e pesquisa, desenvolver produtos vinha sendo tratado de maneira isolada pelas diferentes áreas de conhecimento especializado. Portanto, ainda hoje profi ssionais de engenharia tendem a pensar o desenvolvimento de produto como atividades específi cas de cálculos e testes (engenheiros químicos em termos de balanços de energia e dimensionamento de equipamentos, engenheiros mecânicos em termos de cálculos e desenhos necessários para processos mecânicos, etc...); “designers” ou programadores visuais como o resultado de estudos de conceito; administradores como algo mais abstrato, independente do conteúdo tecnológico e voltado para os problemas organizacionais e estratégicos; especialistas em qualidade como a aplicação de ferramentas específi cas; e muitos outros que poderiam ser aqui listados. Quando transportadas para a prática estas visões podem levar a muitos problemas e inefi ciências. Isto porque qualquer desenvolvimento, por maior a hegemonia de um determinado conteúdo tecnológico, implica em conhecimentos de várias destas visões. Este processo é um todo integrado que depende, para um adequado resultado fi nal, a consideração de diversos fatores ligados às mais diversas áreas do conhecimento. Cada visão parcial carrega consigo também uma linguagem e determinados valores próprios, que difi culta a integração entre os profi ssionais pertencentes a cada uma dessas escolas. Enfrentar esta situação depende do desenvolvimento de uma visão holística, ou seja, da construção de uma imagem única e integrada do processo de desenvolvimento de produto. A forma de representá-la empregada pelo Grupo de Engenharia Integrada é por meio do modelo de referência para o processo de desenvolvimento de produto. b) Engenharia Industrial – É a área que cuida do arranjo físico, do layout e dos tempos e movimentos no processo produtivo; Compete à Engenharia industrial o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologias, informação e energia. Compete ainda especificar, prever e avaliar resultados obtidos desses sistemas para a sociedade e o meio ambiente, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto de engenharia; Mais recentemente, a engenharia industrial foi definida como o planejamento, projeto, implementação e melhoria de sistemas, consistindo numa rede de processos através dos quais fluem objetos que sofrem transformações. Essas atividades são levadas a cabo para o benefício a longo prazo da empresa ou organização. c) Planejamento e controle da produção e produção propriamente dita – É a área que cuida de planejar e controlar a produção de acordo com a capacidade instalada, coordena as operações e os fluxos de produção, controla o volume produzido de acordo com a demanda prevista; d) Administração de materiais – É a área que cuida da busca, aprovisionamento e abastecimento dos recursos necessários para atender à produção dos bens e serviços da empresa; e) Controle de qualidade – É a área que cuida da inspeção dos produtos finais, verificando se eles atendem às especificações da engenharia do produto; f) Manutenção – É a área que cuida da preservação e da manutenção de toda a máquina produtiva da empresa, cabendo a ela a indicação de possíveis substituições. É importante frisar que para se obter os melhores resultados e, portanto, atingir seus objetivos com eficiência e eficácia, é necessário manter um dinâmico inter-relacionamento entre todos os setores, uma vez que todos devem contribuir em igual teor de importância visando ao sucesso da empresa. 1 - Conceito de administração da produção e os novos cenários da competitividade O conhecimento e a implantação da eficiência e da eficácia nos mais diversos setores da empresa é uma necessidade e deve ser uma busca constante do gestor da produção. Administração da Produção I 16 A competitividade dos produtos da empresa deve levar em consideração todos os processos, mas a obtenção de produtos ou serviços com custos cada vez menores e prazos de entrega no menor tempo possível são determinantes. 2 - As empresas: seus fatores de produção e seus recursos O aumento da receita da empresa não deve vir unicamente do aumento de preços, mas, sim, da melhoria de todos os processos de produção. Os recursos de produção devem ser muito bem administrados em todos os seus aspectos como preços de aquisição, qualidade, estoques, entre outros atributos. 3 - Estrutura da organização da administração da produçãoO tamanho da empresa não significa ser mais ou menos eficiente tecnológica e economicamente, todavia, mesmo uma empresa pequena é importante para a atividade econômica e para o desenvolvimento. Obs.: Se tiverem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderão enviar para o e-mail: euclides@unigran. br e josimar.crespan@unigran.br CHIAVENATO, I. Iniciação à Administração de Produção. São Paulo: Makron Books, 1991. CORRÊA, H.L.; GIANESI, I.G.N. Planejamento, programação e controle da produção. São Paulo: Atlas, 1999. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. SLACK, N.; et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002. < h t t p : / / w w w. a d m i n i s t r a d o r e s . c o m . b r / i n f o r m e - s e / a r t i g o s / o s - r e c u r s o s - organizacionais/21937/> Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar 17 2ºAula Tecnologias, produtos e serviços de uma empresa (TPS) Nesta aula, vamos abordar e conhecer alguns aspectos sobre os produtos, as tecnologias e os serviços que são ofertados pela produção ao setor de consumo da sociedade. Muitos fatores interferem na maior ou menor aceitação, o que gera uma forte concorrência entre as empresas e uma acirrada corrida na busca por produtos com inovações mais adequados aos consumidores. Boa aula! Administração da Produção I 18 Objetivos de aprendizagem 1 - A classificação e os componentes dos produtos e serviços 2 - As inovações tecnológicas como fator de competitividade 3 - O ciclo de vida dos produtos Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • perceber e entender a importância das inovações tecnológicas nos produtos da empresa; • identificar e compreender os fluxos de produção de cada produto produzido na empresa; • conhecer o ciclo dos produtos e interferir no momento certo para sua substituição ou reengenharia; • identificar e conhecer os componentes do produto como forma de diferenciação e competitividade. Seções de estudo Para os gestores da produção, grandes desafi os são estabelecidos. As exigências do consumidor, a evolução tecnológica e a interação com os consumidores são fatores que devem promover as mudanças e adequações necessárias dos produtos e/ou serviços ofertados. 1 – A classifi cação e os componentes dos produtos e serviços: os produtos e serviços Saber Mais Queremos sugerir que ao longo de seus estudos utilizem as informações disponíveis neste guia de estudos, mas principalmente que busquem mais informações na bibliografi a indicada. E mesmo na Internet podem ser obtidas informações complementares muito importantes. Bons estudos! Até o final da década de 1970, a gestão industrial da maior parte das empresas no Brasil baseava-se no sistema de produção em massa. A produção enxuta teve grande divulgação a partir da década de 1980. Muitos livros sobre o assunto foram lançados, muitos técnicos estrangeiros vieram ao país e muitas missões foram ao Japão para aprender o máximo possível sobre aquela nova filosofia de produção, que trazia ganhos tão elevados na eficiência da gestão industrial e na qualidade dos produtos. Boa parte das empresas, porém, procedeu a uma implantação parcial do sistema de produção enxuta, uma vez que esta se mostrou bem mais complexa do que parecia a priori. Outro movimento de mudança importante iniciado na década de 1980 foi a externalização ou terceirização de grande parte das atividades realizadas pelas empresas, fossem industriais ou de serviços, para outras organizações especializadas na produção de peças, subconjuntos, conjuntos, módulos ou prestadores de serviços de segurança, alimentação, transporte, etc. Tal mudança buscava inicialmente uma redução de custos para as médias e grandes empresas. Porém, neste novo século, o mundo experimenta uma produção desenfreada de produtos que invadem os mercados de forma estupenda, com muita agilidade, muita gestão na redução de custos, produtos com vida útil muito curta, dada a rápida substituição e, sobretudo, com a geração de muitas inovações. O exemplo mais visível é o dos países asiáticos, que liderados pela China, produzem praticamente todas as categorias de produtos com uma vantagem comparativa impressionante. Não nos cabe aqui discutir aspectos como os sociais, ambientais e outros que ocorrem naqueles países, mas sim, entender que a gestão da produção precisa se adequar a este novo cenário, sem, entretanto, promover os prejuízos sociais e ambientais. As empresas têm como meta final produzir um determinado produto ou prestar um determinado serviço. Para que isso seja possível, existe a entrada de recursos produtivos (input) que uma vez submetidos às técnicas de produção, vão dar origem aos produtos e ou serviços planejados (output). Atenção Para os gestores da produção, grandes desafi os são estabelecidos. As exigências do consumidor, a evolução tecnológica e a interação com os consumidores são fatores que devem promover as mudanças e adequações necessárias dos produtos e ou serviços ofertados. Os produtos e serviços representam aquilo que a empresa sabe fazer e produzir, que é a própria vocação da empresa. Ocorre que a grande maioria das empresas não produz apenas um tipo 19 de produto ou serviço. Suas linhas de produção são montadas visando a atender às especificações de uma determinada linha de produtos, e na realidade, cada produto ou cada serviço apresenta suas características próprias, como marca, embalagem, tamanho, custo, qualidade, preço, etc. Fig. 3 – Representação esquemática do sistema de produção Input output Feedback SISTEMA DE PRODUÇÃO Fonte: Adaptado de Gestão Agroindustrial, 1ª ed., Vol. 1 (BATALHA, 1997, p. 267). 1.1 - Classificação dos Produtos e Serviços Primeiramente vamos entender a diferença entre produtos e serviços. Os produtos são também conhecidos como bens ou mercadorias que são destinados para uso das pessoas. São produtos físicos, tangíveis e visíveis, podendo ser tocados, vistos, ouvidos ou degustados, por serem compostos de matérias físicas. Esses bens são classificados ainda segundo a destinação, podendo ser: a) PRODUTOS (mercadorias) Bens de consumo, quando os bens são destinados direta ou indiretamente ao consumidor ou ao usuário final. Bens de consumo duráveis, são aqueles cujo consumo pode ser feito ao longo do tempo e por um período relativamente longo, é o caso dos eletrodomésticos. Bens de consumo perecíveis, que são os bens não duráveis e devem ser consumidos num período curto de tempo porque são passíveis de deterioração rápida, é o caso dos alimentos in natura como frutas e carnes. Bens semiduráveis, são aqueles considerados intermediários quanto a sua durabilidade, podendo ser consumidos por um período de tempo maior, observando-se suas características, é o caso dos vestuários. Bens de produção ou bens de capital, são os bens destinados à produção de outros bens, que é o caso das máquinas, matérias-primas, etc. b) SERVIÇOS Os serviços são atividades especializadas que as empresas oferecem ao mercado, sendo demandados pela sociedade e nem sempre são palpáveis, tendo sua importância dada à necessidade momentânea de cada consumidor. São os serviços de transporte, saúde, etc. Então, os produtos e serviços são os resultados das empresas, constituindo-se na consequência de suas atividades, sendo que produção é a atividade de produzir. 1.2 - Componentes dos Produtos e Serviços São os diversos aspectos que proporcionam as características dos produtos e serviços. Toda unidade produzida, com exceção dos produtos abstratos, apresenta dois tipos de dimensões: as tangíveis e as intangíveis. As tangíveis são aquelas facilmente verificadas, como volume, cor, textura, etc.; por sua vez,as intangíveis são características que podem variar de consumidor para consumidor, uma vez que a utilização de bens e serviços provocam efeitos diferenciados nos usuários, tornando- se difícil prever os verdadeiros efeitos em cada pessoa. Para a administração da produção, os componentes representam apenas as dimensões tangíveis dos produtos e serviços que devem ser a eles incorporadas no decorrer de seu processo produtivo, e não a reação que os produtos causam ao serem utilizados, pois estamos tratando do estudo da produção, cabendo a outras disciplinas o estudo da reação durante a sua utilização. Sendo assim, os componentes dos produtos e serviços podem ser: a) As partes ou subpartes que compõem os produtos e serviços – São as matérias-primas que foram utilizadas na fabricação ou composição de cada unidade de produto, ou seja, todo o material que é parte integrante. O pão, por exemplo, tem como matéria básica o trigo, no entanto, apenas trigo não é pão e, sim, toda a quantidade de outras matérias-primas utilizadas. b) Embalagem – constitui-se nos componentes que envolvem o produto, cuja função é guardá-lo e protegê-lo, mantendo suas características originais. As embalagens possuem várias funções e dentre elas podemos destacar as funções técnicas, que são responsáveis pela guarda e proteção dos produtos contra umidade, possíveis Administração da Produção I 20 quedas, etc.; as funções logísticas, que têm a finalidade de facilitar o manuseio, o transporte e a armazenagem dos produtos e, finalmente, as funções de comunicação, que tem a finalidade de procurar melhorar o visual do produto, fornecer informações importantes ao consumidor, identificando o produto, a forma correta de utilização, bem como suas consequências. c) Qualidade – A qualidade significa a adequação a determinadas especificações ou padrões tomados como referência. É o componente mais difícil de definir ou comprovar, uma vez que o conceito de qualidade é muito subjetivo, variando de usuário para usuário. No entanto, as empresas devem ter uma política de qualidade bem definida e de fácil observação dos consumidores em relação aos seus produtos, sejam elas intrínsecas, que são as qualidades inerentes ao produto ou serviço, ou extrínsecas, aquelas que subjetivamente as pessoas percebem ou imaginam. d) Custo – Custo do produto é a soma do total de encargos assumidos pela empresa para obter todos os recursos de produção, desde a concepção, fabricação e distribuição para o consumo final. Os custos podem ainda ser diretos que são aqueles que devem ser totalmente recuperados num ciclo do produto ou serviço, pois os fatores de produção que geram os custos diretos são totalmente absorvidos pelo produto ou serviço que está sendo produzido; e os custos indiretos, que são aqueles que devem ser recuperados ao longo do tempo, uma vez que os fatores de produção que geram esses custos não são totalmente absorvidos num único ciclo do produto ou serviço, tendo sua vida útil no processo produtivo por um longo tempo. Assim, os componentes dos produtos e serviços constituem os principais aspectos que formam o composto a ser considerado pela Administração da Produção. 2 - As inovações tecnológicas como fator de competitividade 2.1 - As Inovações Tecnológicas Para produzir os seus produtos ou prestar serviços, as empresas utilizam várias tecnologias. A tecnologia é o conjunto de conhecimentos ordenados, empíricos ou científicos, que a empresa utiliza em seus processos de produção. Pode-se perceber a tecnologia empregada sob dois aspectos: O primeiro são os aspectos abstratos, que é o conhecimento disponível para possível aplicação prática; e o segundo, são os aspectos físicos, que constituem o resultado prático desses conhecimentos, ou seja, são os próprios produtos e serviços. Portanto, a tecnologia utilizada pela empresa é quem define o processo de produção, os métodos de trabalho, as máquinas e os equipamentos. Quanto à sua versatilidade, a tecnologia pode ser classificada em dois tipos: a tecnologia fixa e a tecnologia flexível. A tecnologia fixa foi desenvolvida apenas para uma atividade específica e não pode ser utilizada em outros produtos e serviços diferentes. A empresa que utiliza tecnologia fixa é obrigada a adaptar seus produtos e serviços à tecnologia; Por outro lado, a tecnologia flexível pode ser utilizada em várias e diferentes finalidades. Nesse caso, a tecnologia pode adaptar-se às diferentes características dos produtos e serviços a serem produzidos. Para Refl etir Você percebeu a diferença quanto ao uso de “tecnologia fi xa” e “tecnologia fl exível”? Quais produtos podem ser produzidos na utilização das tecnologias? Pense um pouco e tente refl etir sobre isso. Qualquer dúvida, estamos a sua disposição no quadro de avisos da plataforma. As inovações tecnológicas são desafios constantes para o gestor da administração da produção, sobretudo porque os novos produtos devem ser os resultados de novas formulações e ou de novas embalagens. A grande maioria das inovações é no campo predominantemente tecnológico e no campo mercadológico. Deixaremos de lado aqui as inovações mercadológicas, que serão estudadas em outro momento e apresentam alguns aspectos com relação às inovações tecnológicas. Do ponto de vista tecnológico, um produto novo é aquele cujas características fundamentais relacionadas às suas especificações técnicas e destinação no mercado de consumo, visando a atender às necessidades dos consumidores 21 e torná-los permanentemente satisfeitos, as empresas não devem somente vender produtos, mas criar utilidades para eles, o que impacta na utilização de inovações tecnológicas para a engenharia e fabricação. Mais cedo ou mais tarde, qualquer empresa que queira crescer terá que enfrentar um dos grandes desafios do mundo empresarial, principalmente quando já existem concorrentes estabelecidos no mercado: lançar um novo produto ou serviço. Poucas empresas sabem exatamente como calcular a probabilidade de sucesso de um novo lançamento. Ninguém tem a mínima ideia de quanto exatamente vai vender o novo produto ou serviço, aliás, raramente se sabe se ele sobreviverá, se terá sucesso e dará lucro. O grande desafio, então, é evitar que ocorra o fracasso, pois poucas empresas hoje têm os recursos, o tempo e a energia necessários para desperdiçar em lançamentos mal-sucedidos. É importante frisar que para transformar produtos em utilidades, as empresas devem utilizar em seus processos de produção, o maior número possível de ideias que normalmente são geradas de muitas fontes, que pode ser tanto dentro da empresa quanto fora dela. Opiniões de funcionários, resultados de pesquisas de mercado, sugestões dos clientes e o próprio comportamento da concorrência são possíveis fontes de ideias inovadoras e que devem sempre ser consideradas pelos gestores da produção. É fato que um novo produto sempre vem acompanhado de aumento de competitividade, e praticamente em todos os mercados atuais, é possível observar a presença de novos produtos. Curiosidade Vejam o que o texto a seguir nos apresenta: Disponível em: <http://pt.oboulo.com/lancamentos-de- novos-produtos-49454.html> Hoje em dia vemos um mundo cada vez mais competitivo, onde quem vence é aquelas empresas que buscam a inovação e outros fatores como aliadas para conseguirem alcançar as exigências do consumidor-alvo. Será que todas as empresas estarão preparadas para todas as exigências? O consumidor pede cada dia mais produtos diversificados que atinjam suas expectativas de consumo. Cada empresa deve ter em mente que os consumidores estão aí e que os concorrentes farão o possível para fornecê-los. O trabalho trata sobre o “Lançamento de novos produtos”, o que cada empresa deve fazer para atingir os seus objetivos. Todas as empresas tomam decisões para fazer uma grande renovação, lutar por novas formas de se obter lucro.Renascer ou morrer, renascer com produtos novos, sempre procurando alcançar as necessidades de seu público- alvo. A própria empresa pode comprar ou desenvolver produtos em laboratórios, podemos contratar pesquisadores independentes ou empresas especializadas em desenvolvimento de novos produtos. Empresas que têm medo do fracasso, de correr riscos, não buscam novas formas de alcançar objetivos. Investir em novos produtos ou aperfeiçoar produtos já existentes, sugere riscos que todos tem que correr. Os consumidores de hoje já não são mais leais às marcas, e a concorrência investe cada vez mais, por isso há necessidade de modificações e de novos investimentos. Uma inovação tecnológica pode ser classificada segundo a natureza intrínseca da ideia inovadora, devendo os profissionais da produção desenvolver novos processos, de novas matérias- primas, produtos de concepção inovadora, etc. As operações técnicas na cadeia de produção podem ser classificadas segundo seu conteúdo tecnológico em três classes distintas: Tecnologias de base – São as operações necessárias à atividade principal, porém facilmente disponíveis e, portanto, sem impacto competitivo importante. Destacam-se nessa classe as tecnologias que podem ser comuns a várias empresas e que por serem muito parecidas efetivamente não promovem diferenciação nos produtos. Veja o exemplo de uma fábrica de ração, onde os principais componentes são a base de todas as fórmulas, como é o caso do farelo de soja e os derivados de milho, ou outros amidos que vão compor o produto final. O que vai diferenciar uma fórmula não são o farelo de soja e o amido, mas sim os demais componentes que, dependendo da combinação da fórmula, podem ser adaptados para determinadas classes de animais. Normalmente as inovações não ocorrem nessa classe de tecnologias, pois os insumos básicos não se alteram com tanta frequência, o que pode mudar é a combinação que será dada entre os componentes que serão utilizados. Tecnologias-chave – Operações determinantes do ponto de vista do impacto concorrencial. Essas tecnologias estão associadas às operações-chave da cadeia de produção. Destacam-se aqui aquelas tecnologias que são indispensáveis para a caracterização do produto. Voltemos ao caso da indústria de ração. Dependendo da classe de animais a que se destina o produto, devem-se adicionar mais ou menos proteínas e fibras devido às exigências do organismo de cada classe Administração da Produção I 22 de animal. É necessário, portanto, que no produto específico seja utilizada uma tecnologia que nada mais é que um insumo componente da fórmula considerada de “tecnologia-chave”. Tecnologias emergentes – São as operações ligadas a tecnologias importantes do ponto de vista da evolução futura do sistema de produção. Nessa categoria encontram-se as possibilidades de todas as inovações que irão surgindo. A incorporação de uma tecnologia emergente a qualquer produto é um fator concorrencial importante, principalmente se a empresa conseguir exclusividade sobre ele. Os produtos dessa empresa serão muito mais competitivos no mercado, auferindo aos usuários destes um conceito de produto diferenciado e evoluído. As Tecnologias Emergentes - trazem frequentemente novas oportunidades especiais de criação de conhecimento, crescimento econômico e melhoria de qualidade de vida. Para tirar o maior partido das oportunidades abertas por tecnologias emergentes de base científica e alcance global é essencial participar dos momentos decisivos em que há rápido aumento de conhecimento e desenvolvimento de aplicações nessas áreas, o que em geral tem de ser feito com uma elevada internacionalização. Nano Tecnologia: Provavelmente o mais interessante e assustador das tecnologias emergentes é a tecnologia nano. Nano tecnologia é um campo transdisciplinar que lida com a construção e síntese de materiais em escalas de 100 mm ou menos. A tecnologia Nano funciona normalmente em uma das duas maneiras: Tanto puxa partes menores juntas para construir, ou quebra partes maiores. As peças são então utilizadas para formar pequenos, novos materiais. Nas tecnologias emergentes surge uma nova linha de pesquisa e criação de produtos que é a BIOTECNOLOGIA. Vamos ver o que é biotecnologia? Biotecnologia é a tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura, ciência dos alimentos e medicina. Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica, da ONU: Biotecnologia defi ne-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fi m de resolver problemas e criar produtos de utilidade. A definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos vivos ou parte deles para a produção de bens e serviços. Nessa definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho, iogurte, cerveja, e outros). Por outro lado, a biotecnologia moderna se considera aquela que faz uso da informação genética, incorporando técnicas de DNA recombinante. Assim, é Biotecnologia o conjunto de técnicas que permite à Indústria Farmacêutica, por exemplo, cultivar microrganismos para produzir os antibióticos que serão comprados na farmácia. Cabe ressaltar que as inovações tecnológicas são cada vez menos específicas a um único produto, e sendo assim, a importância da tecnologia e das inovações tecnológicas devem ser ponderadas segundo a sua presença nos processos de produção atuais e nos futuros. Assim, um produto que é concebido por um sistema técnico composto de tecnologias de base, e onde a presença, atual ou futura, de tecnologias-chave ou emergentes é negligenciável, terá poucas restrições tecnológicas que possam influenciar a concorrência. Uma inovação tecnológica pode ser classificada segundo o grau de perturbação que ela ocasiona na cadeia produtiva, sendo possível distinguir dois tipos principais de inovação tecnológica: a) Inovação tecnológica com tecnologia específica e efeitos locais: são inovações que têm efeito quase que exclusivamente sobre um produto ou no máximo sobre uma cadeia de produção; b) Inovação com tecnologia de efeito difuso – são inovações que têm capacidade de alterar a dinâmica concorrencial de vários produtos entre si e ao mesmo tempo. Portanto, cabe à administração da produção definir qual a inovação tecnológica que deve ser adotada, lembrando que, por exemplo, uma empresa que adotar e desenvolver produtos a partir de tecnologias de efeito difuso, garantiria um maior número de usuários para seus produtos. 1 - As inovações tecnológicas surgem no mercado todos os dias, sendo decisivas para a concepção de novos produtos. 2 - As tecnologias se classifi cam em tecnologias de base, chave e emergentes. 3 - A biotecnologia é uma inovação emergente e, portanto, pode ser interessante na concepção de novos produtos. 23 Espero que vocês estejam entendendo bem as nossas aulas. Se tiverem dúvidas, por favor, não deixem de acionar a plataforma através do fórum ou quadro de avisos. Não esqueçam de resolver os exercícios das atividades avaliativas. 3 – O ciclo de vida dos produtos 3.1 - O Ciclo de Vida dos Produtos e Serviços Todo produto ou serviço tem uma vida: nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre. O tempo de vida de cada um deles depende de uma série de Você Sabia? O ciclo de vida do produto não pode ser confundido com o ciclo de vida de uma planta ou de um animal. Estamos nos referindo ao tempo de vida que um produto permanece no mercado sendo demandado pelas pessoas. Vamos ver então quais são as fases do ciclo de vida dos produtos. A curva do ciclo de vida dos produtos e serviços pode ser representada conforme fig. 4: Fig. 4 - A curva do ciclo de vida de um produto/serviço Vendas Introdução Crescimento Maturidade Declínio Tempo Fonte: Adaptado de Chiavenato (2005, p. 39). aspectos e está relacionadoao tempo que cada um permanece no mercado com índices de aceitação e utilização que permita a continuidade de sua produção. Podem-se destacar quatro fases bem distintas, a saber: Fase da Introdução – É a fase do nascimento do produto, quando ele é produzido pela primeira vez, segundo as características desenvolvidas pela engenharia do produto. Nessa fase, a produção e as vendas são pequenas, uma vez que o produto é desconhecido do consumidor e a empresa produtora ainda tem dúvidas quanto a sua aceitação no mercado consumidor. É também a fase de ajustes, pois muitos produtos, nessa fase, podem apresentar falhas devendo voltar à engenharia para os devidos ajustes e redirecionamento na linha de produção. Normalmente o produto não traz retornos econômicos e por isso é considerada uma fase de investimento. O sucesso na introdução de novos produtos pode ser crítico para a organização manter sua posição competitiva. No entanto, muitas dificuldade e incertezas estão associadas ao processo de desenvolvimento de novos produtos. As organizações investem em P&D sabendo que apenas uma pequena percentagem de ideias de novos produtos irá atingir a comercialização. Mudanças rápidas na tecnologia e nas demandas de mercado estão entre os fatores que aumentam a pressão sobre as empresas para que elas reduzam seus ciclos de desenvolvimento de produtos. O Desenvolvimento de Novos Produtos se tornou um dos cernes para a competitividade Administração da Produção I 24 das empresas. Para muitas delas, desenvolver novos produtos, com maior rapidez, mais eficientemente, e mais efetivamente é a grande meta competitiva. Evidências provam que o design e o desenvolvimento efetivo de novos produtos têm um impacto significativo em custo, qualidade, satisfação do consumidor, e vantagem competitiva. Através desse processo a empresa irá atingir novos mercados, introduzir inovações e aumentar seu potencial competitivo com o lançamento de novos produtos. Fase do Crescimento – Nessa fase o mercado se familiariza com o produto ou serviço e a empresa, através da Administração da Produção, aprende como produzi-lo corretamente. Ocorre uma aceleração positiva nas vendas e por consequência na produção. O produto é aceito pelo mercado e os investimentos começam a ser recuperados. Nesse estágio há uma rápida aceitação de mercado e melhoria significativa no lucro. O mercado apresenta uma abertura à expansão que deve ser explorada. Caracterizado por vendas crescentes, esse estágio também traz concorrentes. As ações de marketing buscam sustentação e as repetições de compra do consumidor. → Estratégias para a fase de crescimento: • melhoria da qualidade e adição de novas características –é a melhoria contínua do produto, quando deve ser levado em conta o feed back fornecido pelo cliente. Essa fase é decisiva para que haja uma boa aceitação do produto e, por conseguinte, a sua afirmação no mercado; Deve- se ficar atento a qualquer observação feita pelos usuários, seja positiva e ou negativa. • acrescentar novos modelos e produtos de flanco – se o objetivo é firmar o novo produto e também a marca, é importante lançar novos produtos que são chamados de flanco, que podem ser complementares ou semelhantes. Assim o consumidor começa a comparar produtos da mesma marca, fortalecendo com isso todo o complexo de produtos da empresa. Nesse caso é preciso se atentar para o fato de que todos os produtos devem ter uma estratégia de lançamento muito bem estudada, uma vez que, defeitos ou rejeições de algum produto da empresa com a mesma marca pode também significar prejuízos em todos os outros produtos, inclusive no principal e, por conseguinte, na marca. • entrar em novos segmentos de mercado – a empresa que só produz uma linha de produtos, com certeza tem vida curta, pois como já dissemos, as inovações tecnológicas são constantes e o desenvolvimento de novos produtos em outros segmentos do mercado é uma boa estratégia de crescimento e de sobrevivência das empresas. • aumentar a cobertura de mercado e entrar em novos canais de distribuição – tão importante quanto lançar novos produtos são as estratégias de marketing e a logística utilizada para a distribuição. Produtos encalhados, estoques velhos, embalagens com design ultrapassado dão ao consumidor uma impressão de produto velho e desatualizado. • mudar o apelo de propaganda – a criatividade do setor de marketing deve ser muito grande, uma vez que não adianta termos um excelente produto e não conseguir passar ao consumidor o que de fato ele representa. • reduzir preços para atrair novos consumidores – às vezes essa estratégia é necessária, principalmente quando a concorrência for muito acirrada, mas deve-se ter o cuidado de não passar ao consumidor a decisão de compra apenas pelo menor preço, pois as demais características como qualidade, durabilidade e outros aspectos que já foram apresentados devem estar bem evidentes. • segmentação demográfica – a pergunta sobre qual é o público-alvo para determinado produto é muito importante e deve ser feita antes mesmo da sua introdução, pois dependendo da resposta é que vamos realmente produzi-lo, respeitando os costumes e tradições do segmento definido. Isso interfere em preço, vendas a prazo ou vendas à vista, retorno do consumidor ao mercado para a recompra, entre outros tantos aspectos que são vitais para a sobrevivência do produto ou serviço no mercado. Fase de Maturidade – Ocorre quando o produto ou serviço já penetrou suficientemente no mercado e atinge um patamar elevado de vendas, chegando ao seu nível mais alto. Por consequência, a produção cresce até um ponto de equilíbrio e, a partir daí, mantém- se inalterada. Quando o produto atinge essa fase, o mercado começa a ficar saturado. Percebendo isso, os concorrentes lançam no mercado produtos similares, sendo necessário, por parte da empresa, desenvolver ações estratégicas em cima de custos e redução de preços, a fim de se manter no mercado. 25 Os produtos que sobrevivem nos primeiros estágios tendem a gastar mais tempo nessa fase. As vendas alcançam uma taxa de crescimento e se estabilizam. A tentativa dos produtores para diferenciar seus produtos e marcas é um ponto- chave nessa fase. A guerra de preços é intensa e a competição ocorre. Nesse ponto o mercado alcança saturação. Produtores começam a deixar o mercado por causa das baixas margens de venda. A promoção se torna mais difundida e é nessa fase que a mídia pode desempenhar um papel importante. Em regra geral, enquanto a quantidade disponível não satisfaz a procura, podem praticar-se preços mais elevados. Mas também pode suceder que, havendo a expectativa de uma etapa de crescimento e maturidade longa, a introdução no mercado se baseie numa estratégia de lançamento com promoção. Quando o produto se torna conhecido, maduro, e quando o mercado passa a ser servido por vários concorrentes, é natural que os preços sejam pressionados no sentido da baixa, contribuindo assim para a redução dos lucros. Quando o mercado passa a ser servido por produtos inovadores, a procura do produto anterior baixa, pressionando os preços e lucros para baixo e empurrando o produto anterior para o declínio. Cada produto ou categoria de produtos tem o seu próprio ciclo, com maior ou menor velocidade. Os produtos de “moda”, por exemplo, têm ciclos mais curtos. Por outro lado, existem produtos com ciclos extremamente longos. A Coca-Cola é um exemplo, parece ter ficado para sempre numa etapa de maturidade. Na verdade, todas as grandes indústrias já passaram pela fase de crescimento. Em todos os casos, o motivo pelo qual o crescimento é ameaçado não é pela saturação do mercado, mas sim pela ocorrência de uma falha na gestão. Fase de Declínio – É a fase em que as vendas e a produção começam a decair sensivelmente e progressivamente. À medida que as inovações vão sendo lançadas os consumidores começam asubstituir o produto ou serviço. Nessa fase, se a empresa não adotar estratégias de reengenharia que visem a adequá-lo às inovações, o produto e, por consequência, a empresa, podem morrer. É o ponto em que ocorre uma diminuição no mercado. Por exemplo: produtos mais inovadores são introduzidos ou o gosto de consumidores está mudado. Há intenso corte de preços e muito mais produtos são retirados do mercado. O lucro pode ser aumentado com a redução do investimento em marketing e cortando custos. Para Refl etir O ciclo de vida de alguns produtos e serviços pode ser alongado no tempo através de algumas providências ou modifi cações, que venham ajustar as características do produto, adequando-o às novas exigências do mercado. Esta fase é chamada de desenvolvimento de produtos e serviços, podendo impedir o declínio do produto alongando assim o seu ciclo de vida. O setor de desenvolvimento do produto cuida de todos os estudos e pesquisas sobre a criação, adaptação, melhorias e aprimoramentos de toda a produção da empresa, sendo na verdade responsável pela inovação na empresa. É o desenvolvimento que promove a renovação de estilos, modelos, formas e designer dos produtos e serviços, apesar de eles serem sempre parecidos em suas individualidades. Nas empresas de produção primária, o desenvolvimento costuma receber o nome de pesquisa e desenvolvimento (P&D); já nas empresas do ramo secundário, recebe o nome de engenharia de produtos e nas empresas do ramo terciário, varia muito sendo, porém, muito empregado o desenvolvimento, organização e métodos. O lançamento de um novo produto, ou a melhoria de um produto já existente, requer um longo trabalho de estudos que envolvem várias fases: a) Novas ideias – É quando surgem novas ideias e conceitos sobre a utilidade e uso do produto e/ou serviço, podendo vir tanto do usuário como da empresa; b) Estudo da viabilidade – Nessa fase é verificada a viabilidade e a aceitação das novas ideias e conceitos; c) Projeto do novo produto – É a elaboração das características que deverão ter o novo produto; d) Protótipo – É a montagem de um protótipo que servirá como teste inicial de suas características; e) Lote piloto – Produção de um lote inicial que servirá como teste do produto e da linha ou processo de produção; f) Modificações no projeto – São as modificações necessárias que deverão ser realizadas após um teste no protótipo; g) Produção de lançamento – É o início da produção para o lançamento do produto ou serviço no mercado. Administração da Produção I 26 Retomando a aula Tudo bem até aqui não é mesmo? Para encerrar esta aula vamos recordar alguns pontos importantes: É importante dizer que a melhoria nos processos, produtos e serviços é uma necessidade constante e as empresas devem estar sempre alertas e buscar o aperfeiçoamento para melhorar sua eficiência e eficácia. 1 – A classificação e os componentes dos produtos e serviços • Na atividade produtiva as empresas produzem produtos e/ou serviços. • Os produtos diferenciam-se dos serviços por algumas características. • Os componentes dos produtos e serviços. 2 – As inovações tecnológicas como fator de competitividade • As inovações tecnológicas são muito importantes na concepção de novos produtos. • A classificação das tecnologias utilizadas. • Os cuidados ao utilizar inovações ainda pouco conhecidas. 3 – O ciclo de vida dos produtos Finalmente, na seção 3 vimos que os produtos têm seu ciclo de vida que pode ser classificado em fases. • a fase da introdução; • a fase do crescimento; • a fase da maturidade; e • a fase do declínio. Obs.: Se tiverem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderão enviar para o e-mail: euclides@ unigran.br e josimar.crespan@ unigran.br CHIAVENATO, I. Iniciação à Administração de Produção. São Paulo: Makron Books, 1991. ______. Administração de Produção. São Paulo: Campus/Elsevier, 2005. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. CHEHEBE, José Ribamar B. Análise do ciclo de vida dos produtos: ferramenta gerencial da ISO 14000. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 104 p. SLACK, N.; et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002. <http://www.unimep.br/phpg/editora/ revistaspdf/rct13art02.pdf> <http://www.gestiopolis.com/Canales4/fin/ gerencustos.htm> <http://www.ufjf.br/ep/files/2009/06/tcc_ junho2007_fernandareis.pdf> Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar 27 3ºAula Sistemas de produção Os sistemas de produção seguem literalmente o conceito de sistema, onde temos a entrada de insumos ou fatores de produção, um processo de transformação e, finalmente, a saída dos produtos já acabados. Boa aula! Administração da Produção I 28 Objetivos de aprendizagem 1 - A quantidade manufaturada e sua repetitividade 2 - Organização do fluxo de produção 3 - Os principais sistemas produtivos quanto a organização do fluxo de produção Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • identificar qual o tamanho do processo de manufatura e as suas implicações de acordo com o modelo a ser adotado; • compreender e identificar a organização dos fluxos de produção; • desenvolver alguns conhecimentos e aptidões sobre o funcionamento e a adoção dos principais sistemas de produção utilizados nos processos de manufatura; • compreender que em qualquer sistema de produção adotado é sempre possível obter melhorias visando à produção eficiente e eficaz da empresa. Seções de estudo Vamos ver quais são os objetivos e as seções de estudo que serão desenvolvidos nesta aula. Saber Mais Queremos sugerir que ao longo de seus estudos utilizem as informações disponíveis neste guia de estudos, mas principalmente que busquem mais informações na bibliografi a indicada. E mesmo na Internet podem ser obtidas informações complementares muito importantes. Bons estudos! 1 - A quantidade manufaturada e sua repetitividade Para produzir de forma eficaz com o máximo de eficiência, é necessário que para cada produto ou serviço seja escolhido o sistema de produção mais adequado e se utilize os insumos e os meios de produção mais adequados. Em cada empresa existem características específicas de estrutura organizacional e dos produtos que fabrica. No entanto, a característica de cada processo produtivo é fundamental para a definição estratégica de qual sistema de administração da produção deve ser implementado. É normal ficarmos fascinados com os produtos ofertados, seja um simples utensílio doméstico quanto um sofisticado aparelho eletrônico, qualquer que seja o produto ele é o resultado do trabalho organizacional que é produzido pelas organizações. Segundo (CHIAVENATO, 2005), cada organização tem características próprias, sua individualidade, seus recursos, suas pessoas, seus produtos ou serviços, enfim, sua marca. 1.1 – Classificação dos Sistemas de Produção Uma das utilidades da classificação dos sistemas de produção é permitir discriminar grupos de técnicas de planejamento e a gestão da produção apropriada a cada tipo particular de sistema. Isso racionaliza a escolha e a tomada de decisão sobre qual técnica adotar em determinada circunstância e facilita sobremaneira a apresentação didática do assunto. Existem diversas maneiras de apresentar a classificação dos sistemas de produção, que leva em consideração o volume de produção e a repetitividade com que os produtos são fabricados. A produção repetitiva é a produção em grandes quantidades de uma pequena gama de produtos, enquanto que a produção em lotes é a produção de médias/pequenas quantidades de uma enorme variedade de produtos; Segundo Slack (1997, p.135), a classificação de indústrias estabelece duas grandes classes, cada uma com subclasses: - Indústrias do tipo contínuo: onde os equipamentos executam as mesmas operações de maneira contínua e o materialse move com pequenas interrupções entre eles até chegar ao produto acabado. Pode se subdividir em: - Contínuo puro: uma só linha de produção, os produtos finais são exatamente iguais e toda a matéria-prima é processada da mesma forma e na mesma sequência; - Contínuo com montagem ou desmontagem: várias linhas de produção contínua que convergem nos locais de montagem ou desmontagem; - Contínuo com diferenciação final: características de fluxo igual a um ou outro dos 29 subtipos anteriores, mas o produto final pode apresentar variações. - Indústrias do tipo intermitente: diversidade de produtos fabricados e tamanho reduzido do lote de fabricação determinam que os equipamentos apresentem variações frequentes no trabalho. Subdividem-se em: - Fabricação por encomenda de produtos diferentes: produto de acordo com as especificações do cliente e a fabricação se inicia após a venda do produto; - Fabricação repetitiva dos mesmos lotes de produtos: produtos padronizados pelo fabricante, repetitividade dos lotes de fabricação, pode-se ter as mesmas características de fluxo existente na fabricação sob encomenda. Podemos dividir a classificação em três grandes grupos: a) Produção unitária – São sistemas de produção cujo produto final é geralmente produzido sob encomenda e requer longos tempos para a sua produção, temos como exemplo, hidroelétricas, ferrovias, navios, etc.; sistemas de produção de grandes projetos sem repetição: produto único, não há rigorosamente um fluxo do produto, existe uma sequência predeterminada de atividades que devem ser seguidas, com pouca ou nenhuma repetitividade. b) Produção em pequena ou média série – Os produtos são fabricados em lotes, cujos tamanhos variam de produto para produto, sendo difícil estimar valores genéricos. Como 2 - Organização do fl uxo de produção Sabendo-se que o sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que as matérias-primas ou insumos saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. Percebe-se agora que a produção como um todo envolve outros aspectos conforme é observado na Fig. 5: Fig. 5 – Aspectos da produção Empresas Entradas Ambiente Saídas Ambiente Almoxarifado de matérias- primas Produção Depósito de produtos acabados Fonte: Chiavenato (2005, p. 52). exemplo, temos máquinas, ferramentas, motores, equipamentos agrícolas e etc.; c) Produção em grande série – Nesse sistema os volumes de produção são bastante elevados, apresentando baixa diversificação e alta repetitividade de produção. Podemos citar as indústrias de alimentos, vestuários, química, etc. Analisando-se a classificação acima, pode-se observar uma relação entre os três grupos de sistemas produtivos e seus objetivos mercadológicos: o sistema de produção unitária identifica-se com infraestrutura, o sistema de produção em pequenas ou médias séries, com os bens de capital e o sistema em grandes séries, com os bens de consumo em massa. Como vimos, de forma muito simplificada, o fluxo normal de um sistema de produção, seja de algum produto mais simples ou até de produtos ou processos mais complexos, deve ser muito bem planejado. No entanto, existem muitos aspectos que devem ser considerados quando vamos organizar um fluxo de produção. As questões relacionadas à reciclagem dos produtos ou insumos que apresentam falhas e são descartados ou reaproveitados, o destino dos resíduos industriais ou dos efluentes gerados pelo processo, devem merecer uma atenção muito especial. Alguns estudos já demonstram que em alguns projetos, cerca de 40% de seu custo total de instalação, são destinados para plantas ambientais que visam a minimizar ou reduzir quase a zero os impactos ambientais que possam advir do processo. Administração da Produção I 30 O descarte do lixo originado de algum processo de produção pode gerar grandes passivos ambientais. Mesmo os aterros sanitários e ou vulgos “lixões”, devem ter o seu fluxo de reciclagem definido, uma População Produção de Lixo Coleta Triagem Destinação vez que tudo o que for reciclável deve ser reciclado e tudo o que for tóxico deve ter seu destino correto, conforme sugestão de fluxo abaixo: Fluxo de produção de uma recicladora de lixo: Atenção A quantidade de lixo domiciliar produzida no Brasil atualmente é de 115 mil toneladas por dia. Se esse lixo fosse colocado de uma só vez em caminhões, haveria uma fi la de 16.400 deles ocupando 150 quilômetros de estrada. Em apenas três dias, essa fi la ultrapassaria a distância entre São Paulo e Rio de Janeiro. Cerca de 30% de todo o lixo é composto de materiais recicláveis como papel, vidro, plástico e latas. Tirar esses materiais do lixo traz uma série de vantagens como, por exemplo, os recursos naturais e de energia que se obtêm com a reciclagem. O fluxo de produção pode ser construído baseado num sistema de decisão centralizado. A centralização pode ser descrita mais especificamente como o grau com que a autoridade formal, para tomar decisões discricionárias, está concentrada num indivíduo, não permitindo assim aos demais Fig. 6 – Produção com decisão centralizada Sistema de Decisão Centralizada Material Material Material pedidos pedidos pedidos Fornecedor Fábrica Distribuidor Verejista Consumidor Fonte: Gestão Agroindustrial (BATALHA, 2008) empregados, qualquer decisão por mínimo insumo dentro de seu trabalho. Por outro lado, a descentralização na tomada de decisão torna-se importante, na medida em que for essencial a rapidez de resposta diante de condições de mudança. Um dos fatores críticos determinantes para a delegação de autoridade é a profissionalização e o conhecimento dos empregados. É importante observar que a centralização ou descentralização não devem ser tratadas como absolutas, mas preferivelmente como os terminais de um sistema contínuo e que dependendo da situação ou do processo que vamos implantar, é possível que tenhamos o melhor modelo de acordo com as características do processo. Assim, o que existe é uma organização mais centralizada ou menos centralizada que outra. Apresenta-se abaixo, na figura 6, um esquema de produção baseado em decisão centralizada: Manufatura Celular - A manufatura celular (MC) é caracterizada pelo grupamento de uma ou mais máquinas ligadas pela movimentação conjunta de materiais, sob o controle de uma célula centralizadora. O problema de formação de células tem sido objeto de inúmeras pesquisas devido a sua relevância no desenho dos sistemas de manufatura capazes de conferir maior flexibilidade de resposta às exigências dos clientes. A formação de células é uma das principais etapas no desenho e implementação de um sistema de manufatura celular, no qual a arquitetura dos sistemas de produção direciona 31 3.1 - Os Sistemas de Produção Cada empresa adota um sistema de produção para realizar as suas operações e produzir os produtos ou serviços da melhor maneira possível. os indicadores de desempenho dos sistemas produtivos, em termos de qualidade, flexibilidade, volume, custos de produção, confiabilidade e velocidade de entrega. O problema de formação de células envolve o agrupamento de peças em famílias de peças e o agrupamento de máquinas em células de manufatura, de modo que as peças com necessidades de processamento similares possam ser completamente manufaturadas na mesma célula. Dois sistemas básicos podem ser utilizados para organizar a produção: o sistema de produção por produto e o sistema de produção por processo. Nos sistemas de produção cuja arquitetura privilegia a organização por produto, as máquinas são dispostas em linhas de produção dedicadas à fabricação de produtos específicos.
Compartilhar