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DIREITO EMPRESARIAL HISTÓRIA DO COMÉRCIO E DA EMPRESA: DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Como mencionamos, os bens e serviços que homens e mulheres necessitam ou desejam para viver (isto é, vestir, alimentar-se, dormir, divertir-se etc.) são produzidos em organizações econômicas especializadas. Nem sempre foi assim, porém. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Na Antiguidade, roupas e víveres* eram produzidos na própria casa, para os seus moradores; apenas os excedentes eventuais eram trocados entre vizinhos ou na praça. *substantivo masculino plural: provisão de comestíveis; alimentos, gêneros alimentícios, vitualhas. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Na Roma antiga, a família dos romanos não era só o conjunto de pessoas unidas por laços de sangue (pais e filhos), mas também incluía os escravos, assim como a morada não era apenas o lugar de convívio íntimo e recolhimento, mas também o de produção de vestes, alimentos, vinho e utensílios de uso diário. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Alguns povos da Antiguidade, como os fenícios, destacaram-se intensificando as trocas e, com isto, estimularam a produção de bens destinados especificamente à venda. Esta atividade de fins econômicos, o comércio, expandiu-se com extraordinário vigor. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Graças a ela, estabeleceram-se intercâmbios entre culturas distintas, desenvolveram-se tecnologias (moedas) e meios de transporte, fortaleceram-se os Estados, povoou-se o planeta de homens e mulheres; mas, também, em função do comércio, foram travadas guerras, escravizaram-se povos, recursos naturais se esgotaram. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Com o processo econômico de globalização desencadeado após o fim da Segunda Guerra Mundial, o comércio procura derrubar as fronteiras nacionais que atrapalham sua expansão. Áreas de livre comércio começam a surgir e ganhar força, os chamados Mercados Comum - União aduaneira com políticas comuns de regulamentação de produtos e com liberdade de circulação de todos os três fatores de produção (pessoas, serviços e capitais). Haverá dia em que o planeta será um único mercado. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA O comércio gerou e continua gerando novas atividades econômicas. Foi a intensificação das trocas pelos comerciantes que despertou em algumas pessoas o interesse de produzirem bens de que não necessitavam diretamente; bens feitos para serem vendidos e não para serem usados por quem os fazia. É o início da atividade que, muito tempo depois, será chamada de fabril ou industrial. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Os bancos e os seguros, em sua origem, destinavam-se a atender necessidades dos comerciantes. Deve-se ao comércio eletrônico a popularização da rede mundial de computadores (internet), que estimula diversas novas atividades econômicas. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Na Idade Média, o comércio já havia deixado de ser atividade característica só de algumas culturas ou povos. Difundiu-se por todo o mundo civilizado. Durante o Renascimento Comercial, na Europa, artesãos e comerciantes europeus reuniam-se em corporações de ofício, poderosas entidades burguesas (isto é, sediadas em burgos) que gozavam de significativa autonomia em face do poder real e dos senhores feudais. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nas corporações de ofício, como expressão dessa autonomia, foram paulatinamente surgindo normas destinadas a disciplinar as relações entre os seus filiados. Na Era Moderna, estas normas (não sistematizadas) serão futuramente chamadas de Direito Comercial. Nesta sua primeira fase de evolução, ele é o direito aplicável aos membros de determinada corporação dos comerciantes. Os usos e costumes de cada praça ou corporação tinham especial importância na sua aplicação. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA No início do século XIX, na França, Napoleão, com a ambição de regular a totalidade das relações sociais, patrocina a edição de dois monumentais diplomas jurídicos: O Código Civil (1804) e o Comercial (1808). Inaugura-se, então, um sistema para disciplinar as atividades dos cidadãos, que repercutirá em todos os países de tradição romana, inclusive o Brasil. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA De acordo com este sistema, classificavam-se as relações chamadas de direito privado em civis e comerciais. Para cada regime, estabeleceram-se regras diferentes sobre contratos, obrigações, prescrição, prerrogativas, prova judiciária e foros. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO, portanto, vem cumprir a função de universalizar os regulamentos jurídicos comerciais, em detrimento da subjetividade com que era praticado somente para determinados associados (corporações de ofício). Desde então, na França, qualquer cidadão poderia exercer atividade mercantil, e não apenas os aceitos em determinada associação profissional. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Esta é a segunda fase da trajetória evolutiva da disciplina, em que ela não mais se considera o direito de alguns sujeitos (os comerciantes), mas a disciplina jurídica de determinados atos (os atos de comércio). DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA No início de sua criação, na legislação que tratava dos atos de comércio não se encontravam algumas atividades econômicas que, com o tempo, passaram a ganhar importância equivalente às de comércio, banco, seguro e indústria. É o caso da prestação de serviços, cuja relevância é diretamente proporcional ao processo de urbanização. Também da lista não constavam atividades econômicas ligadas à terra, como a negociação de imóveis, agricultura ou extrativismo DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Desde essa época também a teoria dos atos de comércio serve para delimitar quando se está diante de uma atividade de comércio ou de relações civis. Os comerciantes precisam obedecer às regras jurídicas específicas, como a escrituração nos livros comerciais. Com o tempo, a lista de atividades consideradas comerciais aumentou, incluindo a prestação autônoma de serviços e as negociações imobiliárias, por exemplo. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A insuficiência da teoria dos atos do comércio forçou o surgimento de outro critério identificador do âmbito de incidência do Direito Comercial: A TEORIA DA EMPRESA. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A TEORIA DA EMPRESA incorpora o extenso leque de atividades consideradas empresariais e parte de outro prisma para a delimitação do direito comercial. Ela procura identificar a forma específica de produzir ou circular bens e serviços. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA A tese surgiu no modelo jurídico italiano, em 1 942, em meio à II Guerra Mundial e ao fascismo de Mussolini, portanto. Não obstante o contexto autoritário de seu surgimento, a teoria da empresa continuou na redemocratização da Itália, sendo adotada pela Espanha em 1989. No Brasil, o Código Comercial de 1850 adotou a teoria dos atos de comércio e a migração para a teoria da empresa começou nos anos 60, fazendo parte do projeto de Código Civil de 1975. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Após décadas de tramitação no Congresso, o novo Código Civil foi aprovado (Lei 10.406/2002), revogando a primeira parte do Código Comercial de 1850 (listava as atividades econômicas tomadas por atos de comércio) e reunindo nele as disciplinas do direito civil e empresarial. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Na prática,os juízes já aplicavam algumas vezes a teoria da empresa, estendendo regras empresariais (concordata e falência) a negociantes excluídos da lista do Código Comercial de 1850, como os pecuaristas e as imobiliárias. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Com o advento do Código Civil de 2002, mudou-se o foco do Direito Comercial brasileiro, no novo texto legal, pois, a partir de 2003, ganhou importância o estudo da empresa, e não dos atos de comércio, para qualificação de um empresário e uma sociedade empresária, em evidente aproximação da teoria italiana da empresa, preterindo-se a teoria francesa dos atos de comércio. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nessa mudança ocorrida no início dos anos 2000, houve quem defendesse a ideia de unificação do Direito Civil com o Comercial no Brasil. Não obstante, houve apenas uma unificação legislativa, com a criação de um Código dispondo de matéria civil e comercial, sem que o Direito Comercial (Empresarial) perdesse sua autonomia. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Isso, porque a própria Constituição da República de 1988 menciona o Direito Civil separado do Comercial, ao tratar da competência legislativa privativa da União. E que se vê, a cada dia, é o aumento da influência do Direito Comercial/Empresarial invadindo o campo civil. DIREITO EMPRESARIAL COMÉRCIO E EMPRESA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Com o Código Civil de 2002, o Direito Empresarial passou a abranger qualquer atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, desde que exercida profissionalmente por empresário ou sociedade empresária. DIREITO EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA Em 1942 o mundo estava em guerra e, na Itália, governava o ditador fascista Benito Mussolini. Neste ano, na Itália, surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Nele, alarga-se o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e industriais DIREITO EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA Chamou-se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa. O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços, a empresarial. DIREITO EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA Relembrando que a então predominante teoria dos Atos de Comércio, apresentava a relação de atividades econômicas reputadas de “mercancia” que na linguagem atual compreenderia: a) compra e venda de bens móveis ou semoventes (animais), no atacado ou varejo, para revenda ou aluguel; b) indústrias; c) bancos; d) logística; d) espetáculos públicos; e) seguros; f) armação e expedição de navios. DIREITO EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA Pela antiga teoria dos atos do comércio (base do Código Comercial Brasileiro de 1850), era necessário verificar se a atividade explorada pelo comerciante era um ato comercial ou um ato civil para, assim, defini-lo. Como exemplo, uma sociedade agrícola, mesmo possuindo organização dos fatores de produção (capital, trabalho, insumos e tecnologia), não era considerada sociedade comercial por ser, a agricultura, uma atividade civil. DIREITO EMPRESARIAL TEORIA DA EMPRESA Já a teoria da empresa, adota como critério de identificação do empresário a forma de organização dos fatores de produção (capital, trabalho, insumos e tecnologia) para o exercício da atividade econômica com a finalidade de produção ou circulação de bens ou serviços. DIREITO EMPRESARIAL A ideologia fascista não é tão sofisticada como a comunista, mas um pequeno paralelo entre ela e o marxismo ajuda a entender a ambientação política do surgimento da teoria da empresa. Para essas duas concepções ideológicas, burguesia e proletariado estão em luta; elas divergem sobre como a luta terminará. DIREITO EMPRESARIAL Para o marxismo, o proletariado tomará o poder do Estado, expropriará das mãos da burguesia os bens de produção e porá fim as classes sociais (e, em seguida, ao próprio Estado), reorganizando-se as relações de produção. DIREITO EMPRESARIAL Já para o fascismo, a luta de classes termina em harmonização patrocinada pelo estado nacional. Burguesia e proletariado superam seus antagonismos na medida em que se unem em torno dos superiores objetivos da nação, seguindo o líder (Duce), que é intérprete e guardião destes objetivos. DIREITO EMPRESARIAL A empresa, no ideário fascista, representa justamente a organização em que se harmonizam as classes em conflito. A doutrina comercialista italiana, ao tempo do governo fascista, costumava apontar como um dos perfis da empresa o corporativo, em que se expressava a comunhão dos propósitos de empresário e trabalhadores. DIREITO EMPRESARIAL A teoria da empresa acabou se desvencilhando das raízes ideológicas fascistas. Por seus méritos técnicos, sobreviveu à redemocratização da Itália e permanece delimitando o Direito Comercial daquele país até hoje. Também por sua operacionalidade, adequada aos objetivos da disciplina da exploração de atividades econômicas por particulares no nosso tempo, a teoria da empresa inspirou a reforma da legislação comercial de outros países de tradição jurídica romana, como a da Espanha em 1989. DIREITO EMPRESARIAL Em nosso país, com o advento do novo Código Civil, de 2002, o comércio passou a representar apenas uma das várias atividades econômicas reguladas por um Direito mais amplo, o Direito Empresarial, que abrange o exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços (art. 966). Tudo naturalmente a partir de 11.01.2003 quando começa a vigência do novo Código Civil Brasileiro. DIREITO EMPRESARIAL A moderna doutrina comercial, entende que o conceito de empresa, em seu sentido técnico, encontra-se no perfil funcional, visto que a empresa é tida como “a atividade econômica organizada pelo empresário com a finalidade de produção ou circulação de bens e serviços. DIREITO EMPRESARIAL Deste conceito extraímos os demais perfis como conceitos relativos a outros institutos jurídicos próprios, tais como o empresário, descrito no perfil subjetivo e o estabelecimento empresarial como sendo o perfil objetivo. Assim, podemos dizer que empresa, empresário e estabelecimento são conceitos que não se confundem. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Empresário é definido na lei como o profissional exercente de "atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços" (CC, art. 966). CÓDIGO CIVIL LIVRO II Do Direito de Empresa TÍTULO I Do Empresário CAPÍTULO I Da Caracterização e da Inscrição Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Como se vê, o empresário deve exercer a sua atividade, a empresa, de forma organizada e profissional. Ou seja, ele deve organizar o caixa da empresa, o trabalho dos seus colaboradores, a utilização da matéria prima, entre outras necessidades da empresa para o regular exercício e, assim, produzir e circular bens ou serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Destacam-se, portanto, da definição do art. 966/CC* os elementos de profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmenteatividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Elementos: P rofissionalismo (Habitualidade, pessoalidade, monopólio da informação) A tividade econômica P rodução e circulação de mercadorias O rganização (capital, insumos, mão de obra, tecnologia) Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PROFISSIONALISMO A noção de exercício profissional de certa atividade é associada, na doutrina, a considerações de três ordens: • Habitualidade • Pessoalidade • Monopólio das informações DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PROFISSIONALISMO A primeira consideração do exercício profissional diz respeito à habitualidade. Não se considera profissional quem realiza tarefas de modo esporádico. Não será empresário aquele que organizar episodicamente a produção de certa mercadoria e/ou serviço, mesmo destinando-a à venda no mercado. Se está apenas fazendo uma atividade extra para socorrer situação emergencial em suas finanças, e não se torna habitual o exercício da atividade, então ele não é empresário. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PROFISSIONALISMO O segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade. O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar empregados. São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. O requisito da pessoalidade explica por que não é o empregado considerado empresário. Enquanto este último, na condição de profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os empregados, quando produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PROFISSIONALISMO A decorrência mais relevante da noção de profissionalismo está no terceiro aspecto, o monopólio das informações que o empresário detém sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa. Este é o sentido com que se costuma empregar o termo no âmbito das relações de consumo. Como o empresário é um profissional, as informações sobre os bens ou serviços que oferece ao mercado - especialmente as que dizem respeito às suas condições de uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciais à saúde ou vida dos consumidores - costumam ser de seu inteiro conhecimento. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PROFISSIONALISMO Porque profissional, o empresário tem o dever de conhecer todos os aspectos dos bens ou serviços por ele fornecidos, bem como o de informar amplamente os consumidores e usuários. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Se de acordo com o conceito técnico, empresa é uma atividade, não se deve dizer "fulano e beltrano abriram uma empresa", mas sim "eles contrataram uma sociedade". DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Na linguagem cotidiana, usa-se a expressão "empresa" com diferentes e impróprios significados. Se alguém diz "a empresa faliu" ou "a empresa importou essas mercadorias", o termo é utilizado de forma errada, não técnica. A empresa, enquanto atividade, não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA É o empresário que fale ("quebra") ou importa mercadorias. Similarmente, se uma pessoa exclama "a empresa está pegando fogo!" ou constata "a empresa foi reformada, ficou mais bonita", está empregando o conceito equivocadamente. Não se pode confundir a empresa com o local em que a atividade é desenvolvida. O conceito correto nessas frases é o de estabelecimento empresarial; este sim pode incendiar-se ou ser embelezado, nunca a atividade. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA A atividade de produção ou circulação de bens ou serviços deve ser atividade econômica consistente na geração de receitas ao empresário, haja vista que a atividade de produzir ou circular bens ou serviços é passível de valoração econômica junto ao mercado consumidor e apta a geral lucro ao empresário. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA A atividade empresarial é econômica no sentido de que busca gerar lucro para quem a explora. Note-se que o lucro pode ser o objetivo da produção ou circulação de bens ou serviços, ou apenas o instrumento para alcançar outras finalidades. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Religiosos podem prestar serviços educacionais (numa escola ou universidade) sem visar especificamente o lucro. É evidente que, no capitalismo, nenhuma atividade econômica se mantém sem alguma lucratividade e, por isso, o valor total das mensalidades deve superar o das despesas também nesses estabelecimentos educacionais. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Mas a escola ou universidade religiosas podem ter objetivos não lucrativos, como a difusão de valores ou criação de postos de emprego para os seus sacerdotes. Neste caso, o lucro é meio e não fim da atividade econômica. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA Além de ser uma atividade econômica, a empresa é uma atividade organizada fundada na organização dos fatores de produção (capital, mão-de-obra, matérias primas e tecnologia) que possibilitam a produção ou circulação de bens ou serviços e, por consequência, gerar riqueza ao empresário. Vale dizer, que a atividade exercida pelo empresário deve ter caráter econômico e ter seus fatores de produção organizados. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se encontram articulados, pelo empresário, os quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Não é empresário quem explora atividade de produção ou circulação de bens ou serviços sem alguns desses fatores. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA O comerciante de perfumes que leva ele mesmo, à sacola, os produtos até os locais de trabalho ou residência dos potenciais consumidores explora atividade de circulação de bens, fá-lo com intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é empresário, porque em seu mister não contrata empregado, não organiza mão de obra. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO ATIVIDADE ECONÔMICA ORGANIZADA A tecnologia, ressalte-se, não precisa ser necessariamente de ponta, para que caracterização da empresarialidade. Pressupõe-se apenas que o empresário, ao estruturar a organização econômica, detenha e use os conhecimentos próprios aos bens ou serviços que pretende oferecer ao mercado, sejam estes sofisticados ou de amplo conhecimento. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Como atividade, nos termos do art. 966, temos: I) a produção/fabricação de produtos ou mercadorias; II) produção de serviços é a prestação de serviços (bancários, hospitalares, etc); III) a circulação de bens corresponde: a) distribuição e comercialização de bens e b) circulação de serviços é a intermediação da prestação de serviços como, por exemplo, agência de turismo. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Produção de bens ou serviços. Produção de bens é a fabricação de produtos ou mercadorias. Toda atividade de indústria é, por definição, empresarial. Produção de serviços, por sua vez, é a prestação de serviços. São exemplos de produtores de bens: montadoras de veículos, fábricas de eletrodomésticos, confecções de roupas; E são exemplos de produtores de serviços: bancos, seguradoras, hospitais, escolas,estacionamentos, provedores de acesso à internet. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Circulação de bens ou serviços. A atividade de circular bens é a do comércio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê-lo ao consumidor. É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de mercadorias. O conceito de empresário compreende tanto o atacadista como o varejista, tanto o comerciante de insumos como o de mercadorias prontas para o consumo. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Circulação de bens ou serviços. Os profissionais que exercem a atividade de supermercados, concessionárias de automóveis e lojas de roupas são empresários. Circular serviços é intermediar a prestação de serviços. A agência de turismo não presta os serviços de transporte aéreo, traslados e hospedagem, mas os intermedeia quando monta um pacote de viagem. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Bens ou serviços. Até a difusão do comércio eletrônico, no fim dos anos 1990, a distinção entre bens ou serviços não comportava, na maioria das vezes, maiores dificuldades: bens são corpóreos, enquanto os serviços não têm materialidade. A prestação de serviços consistia sempre numa obrigação de fazer DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Bens ou serviços. Com a intensificação do uso da internet para a realização de negócios e atos de consumo, certas atividades resistem a classificação nesses moldes. A assinatura de jornal virtual, com exatamente o mesmo conteúdo do jornal de papel, é um bem ou serviço? DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO PRODUÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Bens ou serviços. Os chamados bens virtuais, como programas de computador ou arquivo de música baixada pela internet, em que categoria devem ser incluídos? Mesmo sem resolver doutrinariamente essas questões, não há dúvidas, na caracterização de empresário, de que o comércio eletrônico, em todas as suas várias manifestações é atividade empresarial DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS A teoria da empresa não acarreta a superação da bipartição do direito privado, que o legado jurídico de Napoleão tornou clássica nos países de tradição romana ao instituir a segunda fase do direito comercial com a teoria dos atos de comércio. A Teoria da empresa alterou o critério de delimitação do objeto do Direito Comercial (que deixa de ser os atos de comércio e passa a ser a empresarialidade), mas não suprime a dicotomia legal entre o regime jurídico civil e comercial. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS Assim, de acordo com o Código Civil, continuam excluídas da disciplina juscomercialista algumas atividades econômicas. São atividades civis, cujos exercentes não podem, por exemplo, requerer a recuperação judicial, nem falir. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS São quatro hipóteses de atividades econômicas civis. A primeira diz respeito às exploradas por quem não se enquadra no conceito legal de empresário. Se alguém presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem empregados, por exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito lucrativo e habitualidade), ele não é empresário e o seu regime será o civil. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS Aliás, com o desenvolvimento dos meios de transmissão eletrônica de dados, estão surgindo atividades econômicas de relevo exploradas sem empresa, em que o prestador dos serviços trabalha sozinho em casa. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS As demais atividades civis são as dos profissionais intelectuais, dos empresários rurais não registrados na Junta Comercial e a das Cooperativas. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Não se considera empresário, por força do parágrafo único do art. 966 do CC, o exercente de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-lo em seu trabalho. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Estes profissionais exploram, portanto, atividades econômicas civis, não sujeitas ao Direito Comercial. Entre eles se encontram os profissionais liberais (advogado, médico, dentista, arquiteto etc.), os escritores e artistas de qualquer expressão (plásticos, músicos, atores etc.). DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Há uma exceção, prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional intelectual se enquadra no conceito de empresário. Trata-se da hipótese em que o exercício da profissão constitui elemento de empresa*. * Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Imagine o médico pediatra recém-formado, atendendo seus primeiros clientes no consultório. Já contrata pelo menos uma secretária, mas se encontra na condição geral dos profissionais intelectuais: não é empresário, mesmo que conte com o auxílio de colaboradores. Nesta fase, os pais buscam seus serviços em razão, basicamente, de sua competência como médico. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Imagine, porém, que, passando o tempo, este profissional amplie seu consultório, contratando, além de mais pessoal de apoio (secretária, atendente, copeira etc.), também enfermeiros e outros médicos. Não chama mais o local de atendimento de consultório, mas de clínica. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Nesta fase de transição, os clientes ainda procuram aqueles serviços de medicina pediátrica, em razão da confiança que depositam no trabalho daquele médico, titular da clínica. Mas a clientela se amplia e já há, entre os pacientes, quem nunca foi atendido diretamente pelo titular, nem o conhece. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Numa fase seguinte, cresce mais ainda aquela unidade de serviços. Não se chama mais clínica, e sim hospital pediátrico. Entre os muitos funcionários, além dos médicos, enfermeiros e atendentes, há contador, advogado, nutricionista, administrador hospitalar, seguranças, motoristas e outros. Ninguém mais procura os serviços ali oferecidos em razão do trabalho pessoal do médico que os organiza. Sua individualidade se perdeu na organização empresarial. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Neste momento, aquele profissional intelectual tornou-se elemento de empresa. Mesmo que continue clinicando, sua maior contribuição para a prestação dos serviços naquele hospital pediátrico é a de organizador dos fatores de produção. Foge, então, da condição geral dos profissionais intelectuais e deve ser considerado, juridicamente, empresário. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS PROFISSIONAL INTELECTUAL Também os outros profissionais liberais e artistas sujeitam-se à mesma regra. O escultor que contrata auxiliar para funções operacionais (atender o telefone, pagar contas no banco, fazer moldes, limpar o ateliê) não é empresário. Na medida em que expande a procura por seus trabalhos, e ele contrata vários funcionários para imprimir maiorceleridade à produção, pode ocorrer a transição dele da condição jurídica de profissional intelectual para a de elemento de empresa. Será o caso, se a reprodução de esculturas assinaladas com sua assinatura não depender mais de nenhuma ação pessoal direta dele. Tornar-se-á, então, juridicamente empresário. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL Atividade econômica rural é a explorada normalmente fora da cidade. Certas atividades produtivas não são costumeiramente exploradas em meio urbano, por razões de diversas ordens (materiais, culturais, econômicas ou jurídicas). DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL São rurais, por exemplo, as atividades econômicas de plantação de vegetais destinadas a alimentos, fonte energética ou matéria-prima (agricultura, reflorestamento), a criação de animais para abate, reprodução, competição ou lazer (pecuária, suinocultura, granja, equinocultura) e o extrativismo vegetal (corte de árvores), animal (caça e pesca) e mineral (garimpo). DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL As atividades rurais, no Brasil, são exploradas em dois tipos radicalmente diferentes de organizações econômicas. Tomando-se a produção de alimentos, por exemplo, encontra-se na economia brasileira, de um lado, a agroindústria (ou agronegócio) e, de outro, a agricultura familiar (pequeno agricultor). DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL Naquela (agronegócio), emprega-se tecnologia avançada, mão de obra assalariada (permanente e temporária), especialização de culturas, grandes áreas de cultivo; Na agricultura familiar, trabalham o dono da terra e seus parentes, um ou outro empregado, e são relativamente menores as áreas de cultivo. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL Atento a esta realidade (dois grandes modelos de exploração de certa atividade econômica), o Código Civil reservou para o exercente de atividade rural um tratamento Específico: Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS EMPRESÁRIO RURAL Assim, se o empresário rural requerer sua inscrição no registro das empresas (Junta Comercial), será considerado empresário e submeter-se-á às normas de Direito Comercial. Esta deve ser a opção do agronegócio. Caso, porém, não requeira a inscrição neste registro, não se considera empresário e seu regime será o do Direito Civil. Esta deverá ser a opção predominante entre os titulares de negócios rurais familiares. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS COOPERATIVAS Desde o tempo em que a delimitação do objeto do Direito Comercial era feita pela teoria dos atos de comércio, há duas exceções a assinalar no contexto do critério identificador desse ramo jurídico. De um lado, a sociedade por ações, que será sempre comercial, independentemente da atividade que explora (LSA – 6.404/76 - art. 2º, § 2º; CC, art. 982). De outro, as cooperativas, que são sempre sociedades simples, independentemente da atividade que exploram (art. 982). DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS COOPERATIVAS Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro ( art. 967 ); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera- se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS COOPERATIVAS As cooperativas, normalmente, dedicam-se às mesmas atividades dos empresários e costumam atender aos requisitos legais de caracterização destes (profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços), mas, por expressa disposição do legislador, que data de 1971, não se submetem ao regime jurídico empresarial. DIREITO EMPRESARIAL ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS COOPERATIVAS Isto quer dizer que as Cooperativas não estão sujeitas à falência e não podem requerer a recuperação judicial. Sua disciplina legal específica encontra-se na Lei 5.764/71 e nos arts. 1.093 a 1.096 do CC, e seu estudo cabe ao Direito Civil. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Como já visto na aula anterior, sabemos que Empresário é “quem desenvolve atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços” (art. 966, CC), e que Empresa é a atividade econômica organizada, praticada pelo Empresário. CÓDIGO CIVIL LIVRO II Do Direito de Empresa TÍTULO I Do Empresário CAPÍTULO I Da Caracterização e da Inscrição Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Como se vê, o empresário deve exercer a sua atividade, a empresa, de forma organizada e profissional. Ou seja, ele deve organizar o caixa da empresa, o trabalho dos seus colaboradores, a utilização da matéria prima, entre outras necessidades da empresa para o regular exercício e, assim, produzir e circular bens ou serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Destacam-se, portanto, da definição do art. 966/CC* os elementos de profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Elementos: P rofissionalismo (Habitualidade, pessoalidade, monopólio da informação) A tividade econômica P rodução e circulação de mercadorias O rganização (capital, insumos, mão de obra, tecnologia) Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: A empresa não é um sujeito de direitos e obrigações. É uma atividade e, como tal, pode ser desenvolvida pelo empresário individual (unipessoal) ou pela sociedade empresária. Quer dizer, pela pessoa natural do empresário individual, ou pela pessoa jurídica contratual ou estatutária da sociedade empresária que são exercidas as atividades da empresa. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Assim sendo, a Empresa (atividade) pode ser praticada por grupos de pessoas, que se unem com um firme propósito comum, ou por uma só pessoa. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: O grupo de pessoas com finalidade de obtenção de lucro é denominado Sociedade Empresária, instituto que se manifesta com a chamada ‘congregação de capital e trabalho para o empreendimento de atividade empresarial’ DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Sob a epígrafe empresário, portanto, estão compreendidos tanto aquele que, de forma singular,pratica profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direito constituída para o mesmo fim. Ambos praticam atividade econômica organizada para a produção, transformação ou circulação de bens e prestação de serviços. Ambos têm por objetivo o lucro. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: O Código Civil, nos artigos 981 e 982, define os parâmetros e conceitua a sociedade empresária, conceituando-a como aquela que tem por objeto o exercício de atividade própria do empresário. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro ( art. 967 ); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera- se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Quando uma só pessoa se dispõe ao exercício da Empresa, manifesta-se a figura do Empresário Individual, aquele que age na prática de atividades empresárias sem o concurso de sócios. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Percebemos, portanto, até aqui, dois sujeitos Empresários, quais sejam: I. a Sociedade Empresária, formada por sócios empreendedores (e não empresários); II. o Empresário Individual, o próprio. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: A diferença entre os tipos Empresários acima destacados, entretanto, não se encerra na quantidade de pessoas envolvidas na Empresa (sociedade empresária ou empresário individual). DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: A Sociedade Empresária, devidamente constituída e cadastrada na Junta Comercial, possui personalidade jurídica própria, sendo sujeito de direitos e obrigações perante terceiros. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: Como a sociedade empresária é uma pessoa jurídica, ela possui patrimônio próprio e independente dos sócios que a integram. Com isso, a princípio, os bens dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, antes da execução dos próprios bens desta. Vejamos o que determina o Art. 1.024 do Código Civil a esse respeito: Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: De maneira diversa, o Empresário Individual recebe tratamento jurídico peculiar. Em primeiro lugar, o Empresário Individual é sempre pessoa física, natural, e não se reveste da personalidade jurídica afeta às Sociedades, ainda que indispensável seu registro com CNPJ na Junta Comercial. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: O empresário individual não se beneficia da separação patrimonial, sendo responsável pelas obrigações e pelo risco do empreendimento, inclusive respondendo com todos os seus bens. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: O registro “comercial” do Empresário Individual se presta para fins administrativos e tributários, de modo a facilitar o cadastro dos órgãos governamentais e as devidas cobranças fiscais. Não enseja em uma criação de ente novo, mas somente a atribuir novas condições à pessoa natural. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: PESSOA FÍSICA OU PESSOA JURÍDICA?: As divagações acerca da personalidade do Empresário Individual se resume a uma máxima: “O sujeito é um só: a empresa é exercida por ele, o nome empresarial o identifica, os bens são de sua titularidade”* *(WILGES BRUSCATO, in Manual de Direito Empresarial Brasileiro, p. 93-94). DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Nosso ordenamento civil, dividiu em segmentos distintos os dois tipos de empresário. Nos Títulos I (Do Empresário) e I-A (Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) que compreende o intervalos entre o artigo. 966 ao artigo 980-A No Título II (da Sociedade) trata das diversas espécies de sociedades empresárias. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Ser empresário não significa, simplesmente, praticar atividade negocial. A condição de empresário reclama a congregação de alguns requisitos básicos, porque trata-se de qualificação profissional. DIREITO EMPRESARIAL O EMPRESÁRIO EMPRESÁRIO Elementos: P rofissionalismo (Habitualidade, pessoalidade, monopólio da informação) A tividade econômica P rodução e circulação de mercadorias O rganização (capital, insumos, mão de obra, tecnologia) Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. DIREITO EMPRESARIAL EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Caracteriza-se o empresário individual (unipessoal) pela reunião de cinco elementos: •CAPACIDADE JURÍDICA; •AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL PARA O EXERCÍCIO DA EMPRESA; •EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA; •REGIME JURÍDICO PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA; •REGISTRO. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Todo ato jurídico tem como condição primária de validade a capacidade de quem o pratica. O Código Civil diz quem é capaz para os atos da vida civil e, por conseguinte, quem pode, validamente, assumir obrigações. No Direito Empresarial, não é diferente. Os atos de empresa só são juridicamente idôneos se praticados por agente capaz. Assim, quem tem capacidade civil pode ser empresário (art. 972 do CC). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de sua capacidade civil. Não têm capacidade para exercer empresa, portanto, os menores de 18 anos não emancipados, ébrios habituais, viciados em tóxicos, os que não puderem exprimir a vontade, os pródigos, e, nos termos da legislação própria, os indígenas. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Emancipado: Também pode exercer a empresa o emancipado. A emancipação significa a cessação da incapacidade civil antes dos 18 (dezoito) anos. É uma espécie de declaração irrevogável da maioridade. Seus fatores determinantes estão previstos no art. 5º, parágrafo único, do CC. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existênciade relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Emancipado: Uma das causas de emancipação é o estabelecimento civil ou comercial do menor com 16 (dezesseis) anos completos que tenha economia própria (inc. V – Par. Único art.5º). Em sentido restrito, de acordo com o espírito da norma do Código Civil, somente se considera economia própria, os bens que são obtidos pelo menor através do seu trabalho, do seu esforço. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Incapaz: O incapaz pode ser empresário apenas para continuar empresa anteriormente exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. Portanto, poderá fazê-lo nessas três hipóteses, com o sentido de se preservar a empresa. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Incapaz: No interesse do incapaz, prevê a lei (regulada nos arts. 974 a 976 do CC) hipótese excepcional de exercício da empresa: pode ser empresário individual o incapaz autorizado pelo juiz. O instrumento desta autorização denomina-se alvará. A circunstância em que cabe essa autorização é especialíssima. Portanto, o alvará só poderá ser concedido pelo Judiciário para: EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Incapaz: • o incapaz continuar exercendo empresa que ele mesmo constituiu, enquanto ainda era capaz, ou • que foi constituída por seus pais ou por pessoa de quem o incapaz é sucessor. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Incapaz: Não há previsão legal para o juiz autorizar o incapaz a dar início a novo empreendimento. O exercício da empresa por incapaz autorizado é feito mediante representação (se absoluta a incapacidade) ou assistência (se relativa). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Empresário casado: O empresário casado não precisa de outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real os imóveis que integram o patrimônio da empresa. É a disposição do art. 978 do Código Civil. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - CAPACIDADE JURÍDICA Empresário casado: Isto significa que o empresário casado em regime de comunhão de bens pode comprometer o patrimônio do casal em decorrência da atividade empresarial. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Pelo art. 5º, inciso XIII, da CF, é livre o exercício de qualquer ofício ou profissão, atendidas as qualificações reclamadas na lei. A norma de eficácia relativa restringível consagra o direito fundamental ao exercício profissional, mas admite, expressamente, a fixação, por norma infraconstitucional, de condições mínimas pertinentes ao exercício de cada profissão. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Assim, algumas profissões reclamam condição especial de aptidão. Não pode, p. ex., ser médico quem não é formado por curso regular de medicina ou ser advogado quem não é bacharel em Direito regularmente aprovado e inscrito nos quadros da OAB . Não é, regra geral, o caso do empresário. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Ao assegurar o exercício da atividade de empresário aos plenamente capazes, o art. 972* do Código Civil impõe uma condição, isto é, poderão fazê-lo se não forem legalmente impedidos. Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Excepcionalmente, algumas empresas exigem habilitação especial. É o caso, p.ex., da atividade securitária e dos serviços de vigilância e transporte de valores. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Por outro lado, há determinadas pessoas plenamente capazes a quem a lei veda a prática profissional da empresa. A proibição funda-se em razões de ordem pública decorrentes das funções que exercem. Não se trata de incapacidade jurídica, mas de incompatibilidade da atividade negocial em relação a determinadas situações funcionais. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Portanto, não são incapazes, mas praticam irregularmente atos válidos. Se, ainda que ao arrepio da lei, aquelas pessoas exercerem a empresa em nome próprio, praticarão atos válidos, embora fiquem sujeitas a diversas sanções. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL No plano penal, praticam a contravenção de exercício ilegal de profissão prevista no art. 47 da LCP, no qual fica claro que o exercício de atividade econômica ou o mero anúncio de seu exercício sem preenchimento das condições legais acarreta prisão simples ou multa. No âmbito administrativo, se agentes públicos, ficam expostas à demissão, nos termos do respectivo estatuto funcional. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Como sabemos, sendo a proibição uma restrição ao exercício de um direito, deve ser expressa. Não é lícito inferi-la por dedução, nem aplicá-la por analogia”. Em outras palavras, a lei diz quem está impedido de ser empresário. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Magistrados e membros do Ministério Público: Não podem ser empresários por força de vedações constitucionais. No caso dos juízes, o art. 95, parágrafo único, da CF, no inciso I, veda-lhes o exercício de outro cargo ou função, salvo a do magistério. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: (...) Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Magistrados e membros do Ministério Público: Para os membros do Ministério Público, vale a vedação de participar de sociedade empresária, contida no art. 128, § 5º, inciso II, c, da CF. Não bastassem tais óbices constitucionais, referidas proibições ecoam nas respectivas leis orgânicas. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 128. O Ministério Público abrange: (...) § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:(...) II - as seguintes vedações: (...) c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Magistrados e membros do Ministério Público: O que a lei impede, nesses casos, é a participação em sociedade empresária, entendida esta como exercício de funções administrativas e gerenciais susceptíveis de responsabilidade penal e responsabilidade civil ilimitada. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Magistrados e membros do Ministério Público: Realmente, o intuito de lucro e de aliciar clientela, inerentes ao exercício profissional da gestão empresarial são inconciliáveis com os elevados deveres atribuídos aos juízes de direito e promotores de justiça. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Servidores públicos civis federais, estaduais e municipais: Podem ser acionistas, cotistas ou comanditários, ou seja, sócios de responsabilidade limitada, mas não empresários nem administradores ou gerentes de empresa privada. É o texto do art. 117, inciso X, da Lei nº 8.112/90 que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquiase das fundações públicas federais. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 117. Ao servidor é proibido: (...) X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Servidores públicos civis federais, estaduais e municipais: A proibição inclui os ministros de Estado e os ocupantes de cargos públicos em comissão, bem como os chefes do Poder Executivo, em todos os níveis. É a necessidade de não se distrair dos deveres de seu cargo, a conveniência de manter o prestígio e a dignidade de certas autoridades – que uma declaração de falência, por exemplo, poderia comprometer seriamente – e os perigos do abuso e do monopólio que orientam, em suma, a incompatibilidade EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Militares: Também não podem ser empresários os militares da ativa, incluídos os corpos policiais. Proíbe-os o art. 29 da Lei nº 6.880/80 (estatuto dos militares). Exercer a empresa ou integrar a administração ou gerência de sociedade empresária, ou ainda dela ser sócio, salvo como acionista ou cotista, é crime previsto no art. 204 do CPM. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 29. Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Falidos não reabilitados: Constitui efeito da sentença falimentar a interdição para o exercício da empresa. Não é perpétua. Uma vez comprovada a extinção das obrigações, a interdição desaparece. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Falidos não reabilitados: De acordo com a Lei nº 11.101/05 (regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária), os falidos não reabilitados, pelo fato de não terem recuperação judicial ou extrajudicial, sendo a perda seus bens e até a administração deles, são considerados parte da massa falida. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Falidos não reabilitados: Por esse motivo, não poderão exercer a atividade empresarial até sua reabilitação que é decretada pelo juiz. Caso essa falência seja por condenação de fraude ou ainda respondendo por crime falimentar, não bastará à declaração de extinção das obrigações para se tornar reabilitado, necessita após decurso do prazo legal a reabilitação penal EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Falidos não reabilitados: O artigo 181 da Lei nº 11.101/2005, prevê condenação por crime como efeito dos casos previstos nessa lei como, “a inabilitação para o exercício da atividade empresarial, o impedimento para o exercício de cargo ou de função em conselho administrativo, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei e a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio”. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Deputados e Senadores: Os deputados e senadores não poderão ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, nem exercer nela função remunerada ou cargo de confiança. A inobservância da vedação prevista no art. 54 da CF acarreta a perda do mandato (art. 55 da CF). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: I - desde a expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; (...) Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Estrangeiro com visto provisório: O estrangeiro titular de visto provisório não pode estabelecer-se com firma individual ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade empresária ou simples. Se admitido na condição de temporário, sob regime contratual, só poderá atuar na entidade pela qual foi contratado, salvo autorização expressa do Ministério da Justiça, ouvido o Ministério do Trabalho. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Estrangeiro: Convém acrescentar que o estrangeiro, mesmo com visto permanente, sofre algumas restrições de natureza constitucional: •pesquisa ou lavra de recursos minerais ou aproveitamento de potenciais de energia hidráulica; •atividade jornalística e de radiodifusão; •assistência à saúde, salvo nos casos previstos em lei; •propriedade ou armação de embarcações nacionais, salvo de pesca; e •propriedade ou exploração de aeronave brasileira, salvo o disposto na legislação específica. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Estrangeiro: Exceção feita à atividade jornalística e de radiodifusão, os portugueses podem inscrever-se como empresários, com respaldo no Estatuto da Igualdade. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Leiloeiros: Sob pena de destituição, o art. 36 do Decreto nº 21.981/32 proíbe os leiloeiros de exercerem a empresa direta ou indiretamente, bem como constituir sociedade empresária. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Art. 36. É proibido ao leiloeiro: a) sob pena de destituição: 1º, exercer o comércio direta ou indiretamente no seu ou alheio nome; 2º, constituir sociedade de qualquer espécie ou denominação; 3º, encarregar-se de cobranças ou pagamentos comerciais; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Corretores de seguros: A Lei nº 4.594/64 proíbe aos corretores qualquer espécie de negociação, bem como contrair sociedade. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Devedores do INSS: O devedor do INSS é aquele que não recolhe as contribuições durante seu tempo de trabalho, e é assim chamado pela Previdência Social, sendo impedido de comerciar por não haver comprometimento com o recolhimento. Essa dívida do devedor poderá ser executada a qualquer hora, tendo a Previdência cinco anos para a cobrança. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Devedores do INSS: Em sua Lei Orgânica de Seguridade Social, Lei n. 8.212, em seu art. 95, § 2º “a empresa que transgredir as normas desta Lei, além das outras sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dispuser o regulamento: (...) d) à interdição para o exercício do comércio, se for sociedade mercantil ou comerciante individual.” EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Médicos: O Código de Ética Médica (Resolução nº 1.246/88 do Conselho Federal de Medicina), dispõe em seu art. 98 que é impedido o médico que “exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, laboratório farmacêutico, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação ou comercialização de produtos de prescrição médica de qualquer natureza, exceto quando se tratar de exercício da medicina do trabalho” EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Médicos: O Código deÉtica Médica veda em seu art. 99 “exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia, bem como obter vantagem pela comercialização de medicamentos, órteses ou próteses, cuja compra decorra de influência direta em virtude da sua atividade profissional.” EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL Lembrem-se que os proibidos de exercer a empresa, embora sujeitos a sanções disciplinares na órbita administrativa e passíveis de persecução criminal, não praticam atos nulos, uma vez que a proibição não é objetiva, mas diz respeito ao sujeito. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL O art. 973 do CC é taxativo: a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se o fizer, responderá pelas obrigações contraídas. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. Nem seria lógica qualquer solução em sentido contrário, pois equivaleria a permitir que o infrator se beneficiasse da própria infração EMPRESÁRIO INDIVIDUAL II – AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL A incompatibilidade empresarial não alcança a condição de sócio de responsabilidade limitada, quer dizer, quotista ou acionista. Exemplificando, nada obsta que uma pessoa impedida de exercer a empresa (empresário individual) seja acionista de determinada companhia (existem impedimentos da companhia celebrar contratos com pode público no caso dos agentes públicos e políticos). Todavia, a viabilidade de ser sócio encontra limites na proibição de exercer função ou cargo de direção e administração na sociedade. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL III – EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA Mesmo capaz, não impedida e regularmente matriculada no Registro Público de Empresas, a pessoa natural só será considerada empresária se exercer profissionalmente a empresa em nome próprio, com intuito de lucro. Ou seja, é essencial que o faça: •profissionalmente (não esporadicamente); •em nome próprio (não em nome de outrem); e •com intuito de lucro (não graciosamente). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL III – EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA Com efeito, qualquer pessoa pratica, ocasionalmente, atos negociais, sem que por isso seja empresário. É a natureza profissional (prática ordenada e habitual, com fins lucrativos) que confere ao empresário essa condição. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL III – EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA Por outro lado, é bom ter em mente que profissionalidade não implica exclusividade. O exercício da atividade empresarial não precisa ser a única profissão do empresário. Não é necessário, tampouco, que ela constitua a sua principal posição social, nem seja a sua maior fonte de renda. Pode tratar-se de banqueiro e agricultor, industrial e engenheiro, ou operário, empresário e cantor e ser, não obstante, empresário EMPRESÁRIO INDIVIDUAL III – EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA EMPRESA Fran Martins*, explica: “A prática de um ato esporádico de compra para revenda, não é, por si só, capaz de dar à pessoa que o realiza o caráter de comerciante. Necessário é que a profissão da pessoa consista na prática repetida de atos de modo permanente, dirigidos esses atos para a realização de um certo objetivo. Para tal, o comerciante se instala, registra firma ou nome comercial, contrata empregados, estabelece escrita própria para a anotação de suas atividades. Em uma palavra, o comerciante se organiza para o fim específico de realizar atividades de intermediação ou de prestação de certos serviços, empregando capital e trabalho a fim de conseguir esse desiderato. Faz do exercício das atividades comerciais a sua profissão, a ela se dedicando com fervor e assumindo obrigações da prática da mesma.” *Curso de Direito Comercial - Fran Martins - 40ª Edição - 2017 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL IV – REGIME PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA Ao empresário, quando insolvente, o direito destina um regime jurídico próprio. Submete-o ao sistema falimentar, disciplinado pela Lei nº. 11.101, de 2005. Esta Lei lhe confere a possibilidade de obter recuperação, ou seja, pode solucionar seu passivo obrigacional em condições mais vantajosas que aquelas proporcionadas ao devedor civil comum. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL IV – REGIME PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA Só o devedor empresário incide em falência. Esta, como solução paritária universal dos débitos, é destinada, com exclusividade, para os que, singular ou coletivamente, exercem a empresa. Desta forma, estão incluídos no regime jurídico falimentar, em regra, os devedores empresários, isto é, aqueles que exploram atividade econômica de forma empresarial, seja como pessoa física (empresário propriamente dito) ou jurídica (sociedades empresárias). EMPRESÁRIO INDIVIDUAL IV – REGIME PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA Assim, não se pode decretar a falência de fundação, associação beneficente, funcionário público, profissional liberal, sociedade simples e cooperativa, por exemplo. Tais sujeitos submetem-se ao regime jurídico da insolvência civil, a saber, arts. 955 a 965 do Código Civil de 2002 e arts. 748 a 786 do Código de Processo Civil. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL IV – REGIME PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA O art. 1º da Lei nº. 11.101, de 2005, estabelece que: “Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor” (grifo nosso). Assim, como dito, somente submetem-se ao regime falimentar o empresário e a sociedade empresária EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO O primeiro e um dos principais deveres do empresário é a oficialização de sua condição mediante a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM). É obrigatória a inscrição, diz o art. 967 do Código Civil, antes do início da atividade. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - REGISTRO Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO Nos termos do art. 968 do Código Civil, no requerimento de inscrição o empresário deve declarar: a) nome, nacionalidade, domicílio e estado civil (se casado, o regime de bens); b) firma, com a respectiva assinatura autógrafa; c) capital; d) sede da empresa; e e) objeto. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - REGISTRO Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO A Lei Complementar nº 128/08 incluiu um terceiro parágrafo no art. 968 do Código Civil dispondo que, se eventualmente o empresário individual admitir sócios poderá solicitar a transformação de seu registro para sociedade empresária. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - REGISTRO Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: (...) §3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código* Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se. Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, casoem que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031 . Art. 1.115. A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO O art. 4º da Lei nº 12.470/11 (dispõe sobre o plano de custeio da previdência social pelo microempreendedor individual) aditou ao art. 968 do Código Civil, os §§ 4º e 5º dispondo que o processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123/06 (ME e EPP), bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento, deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor EMPRESÁRIO INDIVIDUAL I - REGISTRO Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: (...) §4º O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 , bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2º da mesma Lei. §5º Para fins do disposto no § 4º, poderão ser dispensados o uso da firma, com a respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. . EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO Quando o art. 967 do CC diz que o registro é obrigatório antes do início da atividade, está afirmando que a prática profissional da empresa só se caracteriza quando regular. O direito só a reconhece quando instituída conforme a lei. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO Por isso, o registro não é mero complemento formal. No caso da sociedade empresária, a ausência de registro implica a não personificação jurídica, ou seja, a responsabilização pessoal, solidária e ilimitada dos sócios. No campo tributário, as consequências são seríssimas, à medida que, impossibilitado de obter o CNPJ, o empresário informal não pode emitir nota fiscal nem duplicata, transcorrendo o terreno delituoso da sonegação fiscal. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO Com a prática empresarial irregular, ainda que esporádica, temos como seus efeitos diretos para o “comerciante”: • não poderá, nessa condição, requerer a falência de outro empresário, porque, ao cuidar da legitimação ativa para o pedido de falência, a Lei de Falências reclama sua regularidade (art. 97, § 1º); •não poderá obter recuperação; •não poderá contratar com o Poder Público porque não inscrito no CNPJ e no INSS; •não poderá constituir microempresa e obter os benefícios fiscais e sociais. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL V – REGISTRO Com a prática empresarial irregular, ainda que esporádica, temos como seus efeitos diretos para o “comerciante”: • não poderá, nessa condição, requerer a falência de outro empresário, porque, ao cuidar da legitimação ativa para o pedido de falência, a Lei de Falências reclama sua regularidade (art. 97, § 1º); •não poderá obter recuperação; •não poderá contratar com o Poder Público porque não inscrito no CNPJ e no INSS; •não poderá constituir microempresa e obter os benefícios fiscais e sociais. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI Juridicamente, a "empresa individual de responsabilidade limitada" (EIRELI) não é um empresário individual. Trata-se da denominação que a lei brasileira adotou para introduzir, entre nós, a figura da sociedade limitada unipessoal, isto é, a sociedade limitada constituída por apenas um sócio. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI Embora não tenha se valido da melhor técnica, a Lei 12.441/2011, ao alterar disposições do Código Civil para instituir a EIRELI, tinha em vista, inegavelmente, trazer para o direito brasileiro o instituto da sociedade limitada unipessoal. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI Apesar de ter definido a nova figura como uma pessoa jurídica diferente das sociedades (CC, art. 44, VI), e discipliná-la num Título próprio, entre os dedicados, de um lado, ao empresário individual e, de outro, às sociedades, ao dispor detalhadamente sobre a EIRELI a lei valeu-se de conceitos e dispositivos legais próprios da sociedade limitada. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI O sócio único da EIRELI, como todos os sócios de sociedades empresárias, não é empresário. Empresário é a pessoa jurídica da EIRELI. Ela é o sujeito de direito que explora a atividade empresarial, contrata, emite ou aceita títulos de crédito, é a parte legítima para requerer a recuperação judicial ou ter a falência requerida e decretada. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI A Lei nº 12.441/11, mediante a inserção no CC do art. 980-A e seus parágrafos, institui a empresa individual de responsabilidade limitada conferindo personalidade jurídica ao empresário unipessoal titular da totalidade do capital social (art. 44, inciso VI, do CC), observados três requisitos: •capital social integralizado; •valor do capital social não inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país; •nome empresarial acrescido da expressão EIRELI. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI A Lei nº 12.441/11, mediante a inserção no CC do art. 980-A e seus parágrafos, institui a empresa individual de responsabilidade limitada conferindo personalidade jurídica ao empresário unipessoal titular da totalidade do capital social (art. 44, inciso VI, do CC), observados três requisitos: •capital social integralizado; •valor do capital social não inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país; •nome empresarial acrescido da expressão EIRELI. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA EIRELI Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. §1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão " EIRELI " após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. §2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. §3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. §4º ( VETADO) §5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. § 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. § 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. EMPRESA INDIVIDUAL