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PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO ESCOLAR 1 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 A INCLUSÃO ESCOLAR – Lei Brasileira de Inclusão ............................. 4 A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA ..................................................... 6 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................................................. 13 ABORDAGENS USADAS PARA APRENDIZAGEM.............................. 18 APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA .............................................. 20 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA O TRABALHO COM ATIVIDADES LÚDICAS.................................................................................... 22 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR......... 26 INCLUSÃO PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ..................... 32 O PSICOPEDAGOGO E OS DESAFIOS DE APRENDIZAGEM ........... 35 CONCLUSÃO ........................................................................................ 40 REFERENCIA ........................................................................................ 42 2 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 3 INTRODUÇÃO Mesmo com o avanço no atendimento educacional, à alunos com dificuldades de aprendizagem, e com a atualização da LDB. Lei de diretrizes e bases, nem todas as escolas estão preparadas para o atendimento desses alunos, assim como nem todas possuem esse atendimento no âmbito escolar. O tema elegido para esse trabalho interessa, porque irá revelar quais as ações e intervenções são utilizadas pelo psicopedagogo para promover a inclusão escolar de alunos com dificuldades de aprendizagem. O Psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem e tem uma atuação preventiva. Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas escolares. Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e auxilia no desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar processos que conduzam às dificuldades da construção do conhecimento. Ao desenvolver essa investigação de forma qualitativa, busca-se refletir sobre a atuação do psicopedagogo na inclusão de alunos com dificuldades de aprendizagem a fim de diagnosticar as principais ações pedagógicas praticadas por ele para favorecer a aprendizagem e a inclusão escolar e também apontar ações pedagógicas básicas e a vivencia prática do psicopedagogo para promover a inclusão de alunos com dificuldades de aprendizagem escolar. 4 4 A INCLUSÃO ESCOLAR – Lei Brasileira de Inclusão A Lei 13.146 de julho de 2015, chamada de Lei Brasileira de Inclusão, consagrou a política de educação inclusiva no Brasil. Isso significa que todas as escolas, sejam públicas ou particulares devem cumprir as determinações dessa lei no sentido de aprimorar seus sistemas de ensino, visando garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem a todas as pessoas com deficiência. Tudo sem custos extras para a família da pessoa com deficiência, uma vez que, as adaptações necessárias para o atendimento educacional inclusivo devem ser suportadas por toda a sociedade ai entendendo-se a comunidade, a escola e a família. Isso inclui a adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação de professores e oferta de atendimento educacional especializado. 5 5 A nova lei também prevê a possibilidade de contratação de profissionais específicos em casos de comprovada necessidade, é o caso do profissional de apoio escolar. Esse profissional tem a incumbência de auxiliar a pessoa com deficiência nas atividades de alimentação, higiene, locomoção e outras que se fizerem necessárias dentro da atividade escolar. Mas não se deve confundir esse profissional com professor auxiliar. Nem na LBI, nem na Lei de proteção aos direitos dos autistas, Lei 12.764/12, é previsto a obrigatoriedade de a escola disponibilizar um professor auxiliar para o aluno. Não há normas federais ou estaduais que obriguem as escolas a partir do ensino fundamental a contratar professor auxiliar de sala de aula, o que a Lei 12.764/12 prevê é a possibilidade de um acompanhante especializado a pessoa com autismo. O mais importante de toda a situação do aluno com deficiência na escola é que seja elaborado para ele um Plano Pedagógico Individualizado. Esse plano deve contemplar todos os objetivos que a escola tem previsto no seu PPP para os alunos daquela faixa etária. Além disso o PDI deve abordar as dificuldades e 6 6 as habilidades desse aluno e a partir disso estabelecer estratégias de ensino e avaliação. O PDI deve ser elaborado com a colaboração da família e de eventuais profissionais que trabalhem com o aluno. O plano deve ser revisto periodicamente a fim de se verificar os objetivos alcançados e/o reestudo de métodos para o atingimento destes. Por fim, escola não é lugar onde se realizam terapias e sim um local de convivência e aprendizado com dignidade e respeito. A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica. Acreditava- se na época que os comprometimentos na área escolar eram provenientes de 7 7 causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da Psicopedagogia. De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente. Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com problemas escolares, ou de comportamento e eram definidas como aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira,surdez ou problemas motores. A denominação “Psicopedagógico” foi escolhida, em detrimento de “Médico Pedagógico”, porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos com menor resistência. Em decorrência de novas descobertas científicas e movimentos sociais, a Psicopedagogia sofreu muitas influências. Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação professor-aluno. Já Jorge Visca relata: 8 8 “A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23). Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-neurológica do desenvolvimento humano. Atualmente novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intraescolares e extraescolares na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova visão mais crítica e abrangente. Entre diversos conceitos de psicopedagogia, BOSSA (2007), identifica-se com seguinte escrita de Golbert: “não devemos nos limitar a uma escola” (p.22), ou seja, devemos ampliar nosso campo de visão, não devemos nos focar a um único diagnóstico e sim há vários até chegarmos a uma solução do caso em 9 9 questão e não podemos deixar de participar a família para que o apoio da mesma ajude num melhor tratamento. Já Jorge Visca relata: “A psicopedagogia foi uma ação subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidora de um objeto de estudo o processo de aprendizagem e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios” (Visca, 2007, p.23). A autora também nos trás alguns questionamentos, tais como: Quais as problemáticas estruturais que intervém no surgimento do transtorno da aprendizagem? E sua resposta é: “temos em mente que é o sujeito que aprende, por isso é motivo de pergunta para os psicopedagogos” (Id, p.23). A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, de uma demanda o problema de aprendizagem que é pouco explorado e evoluiu devido a alguns recursos raros, mas que atendiam a essa demanda, constituindo assim a prática. Portanto, a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia gradativamente e está condicionada por vários fatores. Esse objeto, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características específicas a depender do trabalho clínico ou preventivo, como diz GOLBERT (2007), “a definição do objeto de estudo de psicopedagogia passou por fases distintas em diferentes momentos históricos que repercutiam nas produções científicas, pois ele era entendido de várias maneiras”. Segundo, Silva (2012, p.9), primeiramente, o trabalho psicopedagógico priorizava a reeducação, o processo de aprendizagem era avaliado em função dos seus déficits e o trabalho era para vencer esses déficits. O objeto em questão era o sujeito que não aprendia, concebendo-o a “não-aprendizagem”. Com isso, buscava estabelecer as semelhanças entre grandes grupos de sujeito, ou seja, o esperado para determinada idade. Mais tarde, a psicopedagogia passou a se chamar o “não-aprendizagem” de o “não-aprender”. Essa fase era fundamentada na psicanálise e na psicologia genética, porque essa nova concepção levava em conta a singularidade do sujeito no grupo, buscando o sentido particular de suas características de acordo com sua própria história e seu mundo sociocultural. Alicia Fernandez apud Bossa 1 0 10 (2007), refere que o processo evolutivo pelo qual essa nova área de estudo se estruturou, entende-se que o objeto de estudo é sempre o sujeito “aprendendo”. E essa concepção mudou conforme a visão do homem em cada momento histórico, relacionando à concepção de aprendizagem. Hoje, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. Sua origem deu-se na Europa no séc. XX onde foram verificados os problemas de aprendizagem. Neste século tínhamos o avanço do capitalismo industrial e com ele os ideais burgueses de igualdade e fraternidade, o que ficava mais distante a possibilidade de uma sociedade fraterna e igual para todos. Surge também a necessidade de justificar as desigualdades das sociedades de classes. Um dos principais objetivos do surgimento da Psicopedagogia foi investigar as questões da aprendizagem ou do não - aprender em algumas crianças. Por um longo período atribuía-se exclusivamente à criança a patologia do não - aprender Foi na Europa, no século XIX, que médicos, pedagogos e psiquiatras levantaram questões sobre o não - aprender, entre eles: Maria Montessori, Decroly e Janine.(GASPARIAN,1997,p.15). Ao longo do séc. XIX surgem teorias relacionadas à ciência e a teoria evolucionista de Charles Darwin que enquadra o homem dentro do esquema da evolução biológica, abolindo as linhas divisórias das ciências naturais, humanas e sociais (Bossa, 2007). Independente, surge a psicologia neste período, como ciência que exemplifica algumas áreas do conhecimento, utilizando os princípios da biologia na construção do seu corpo, o corpo humano, objeto de estudo da psicologia. 1 1 11 A partir dessa ideia começaram a serem desenvolvidos nas escolas testes que procuravam explicar as diferenças de rendimentos dos alunos e o acesso diferenciado a diversos graus de escolarização. E assim, esse conhecimento científico foi à base do pensamento dos psicólogos e educadores daquela época. Aos poucos, o conceito de anormalidade ia sendo deslocado das psiquiatrias para as escolas. A criança que não conseguia aprender era chamada de “anormal”, sua causa era atribuída a anomalia anatomofisiológica. Na França surgiu Janine Mery, psicopedagoga que apresentou em seus trabalhos algumas considerações e ideias sobre o termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar uma ação terapêutica, onde apresentavam dificuldades de aprendizagem. O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento. ( Bossa, 2007, p.21). É também o francês George Mauco, que foi o fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico na França e que percebeu as primeiras tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para a solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (Bossa, 2007). Meados 1 2 12 do séc. XIX Janine começou a apontar diferentes sensoriais, debilidade mental e outros problemas associados com a aprendizagem a partir dela surgiram educadores como Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin que começaram a se dedicar às crianças que apresentavam problemas de aprendizado. Jean Itard realizou estudos sobre percepção e retardo mental. Pestalozzi inspirado por Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde abrigava crianças pobres. Seu método era intuitivo e natural, estimulava a percepção.Pereire se preocupou com a educação dos sentidos, em especial a visão e o tato. Seguin fundou na França a primeira escola de reeducação, denominou o método fisiológico de educação em 1837, fundou uma escola para crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento dos sentidos e dos músculos são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no tratamento dos problemas de aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as deficiências sensoriais e com a debilidade mental do que com a desadaptação infantil. Finalmente no ano de 1948, o termo psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de atender crianças e adolescentes desadaptados, embora inteligentes, tinham dificuldades. Vejamos qual é a definição do objeto de estudo da psicopedagogia segundo alguns teóricos: O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento ( Bossa, 2007, p.21). 1 3 13 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 1 4 14 Entende-se por dificuldades de aprendizagem a incapacidade apresentada por alguns indivíduos diante de situações novas, desencadeadas por diversos fatores. As dificuldades de aprendizagem não são uma exceção no sistema educacional. O insucesso da criança, muitas vezes rotulado de dislexia, é também o resultado de outros insucessos sociais, políticos, culturais, educacionais pedagógicos, dentre outros. Considerar esses transtornos de aquisição um problema estritamente da criança é ignorar os reflexos das dificuldades de ensino. O estudioso Kirk (1962, p.263), define de aprendizagem: Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita ou outras áreas cognitivas, resultantes de uma deficiência causada por uma possível disfunção cerebral ou alteração emocional ou condutas. Não é o resultado de retardamento mental, deprivação sensorial ou fatores culturais e instrucionais. Conforme Assunção (2011) “as dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre 1 5 15 outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado. A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH” (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Dislexia é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina. Disgrafia normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto. 1 6 16 Discalculia é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá- los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido. Dislalia é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino. 1 7 17 Os problemas de aprendizagem podem ser classificados em sintoma, inibição cognitiva e reativa. Nos dois primeiros casos, as origens e causas encontram-se ligadas à estrutura individual e familiar do indivíduo que “fracassa” em aprender. No último, relacionam-se ao contexto socioeducativo. Ou seja, a questões didáticas, metodológicas, avaliativas, relacionais. É importante salientar que nos problemas de aprendizagem reativos o fracasso escolar pode demandar redimensionamento que englobe desde órgãos superiores responsáveis pela educação no país até as salas de aula. (Nunes, 1997, p.21). disortográfia é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA 1 8 18 (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados. ABORDAGENS USADAS PARA APRENDIZAGEM 1 9 19 O Conhecimento humano, dependendo dos diferentes referencias, é explicado diversamente em sua gênese e desenvolvimento, o que condiciona conceitos diversos de homem, mundo, cultura, sociedade, educação, etc. Dentro de um mesmo referencial, é possível haver abordagens diversas, tendo em comum apenas os diferentes primados: ora do objeto, ora do sujeito, ora da interação de ambos. De acordo com Mizukami (1986), a partir de análises feitas sobre as diferentes abordagens do processo ensino-aprendizagem pôde-se constatar que certas linhas teóricas são mais explicativas de alguns aspectos do que de outros, percebendo-se assim a possibilidade de articulação das diversas propostas de explicação do fenômeno educacional. Ela procura fazer uma sistematização válida de conceitos do fenômeno estudado. Mizukami ainda critica a formação de professores colocando que o aprendido pelos professores nada tinha a ver com a prática pedagógica e seu posicionamento frente ao fenômeno educacional. A experiência pessoal refletiria um comportamento coerente por parte do educador, pondo fim assim ao permanente processo de discussão entre teoria e prática. Uma possível solução seria repensar os cursos de formação de professores, voltando às atenções principalmente para as disciplinas pedagógicas que analisam as abordagens do processo ensino-aprendizagem, 2 0 20 procurando articulá-los à prática pedagógica. Aproximando cada vez mais as opções teóricas existentes como o analisar, discutir, da vivência na prática e a partir da mesma, discutir e criticaras opções teóricas confrontando com a mesma prática. É tentar criar teorias através da prática, analisando o cotidiano e questionando evitando-se assim a utilização de Receituários pedagógicos, que é o que a autora chama de seguir cegamente a teoria ignorando a prática. Um curso de professores deveria possibilitar confronto entre abordagens, quaisquer que fossem elas, entre seus pressupostos e implicações, limites, pontos de contraste e convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a análise do próprio fazer pedagógico, de suas implicações, pressupostos e determinantes, no sentido de que ele se conscientizasse de sua ação, para que pudesse, além de interpretá-la e contextualizá-la, superá-la constantemente. (MIZUKAMI, 1986, p. 109). APRENDIZAGEM TRANSFORMADORA 2 1 21 A teoria da aprendizagem transformadora está voltada para a educação e envolve a aprendizagem em contextos formais e informais. Ela dirige-se à interseção entre o individual e o social, dimensões coexistentes e igualmente importantes, já que os indivíduos são constituídos em sociedade (Cranton, 2006). Mezirow (1981) é reconhecido como o formulador inicial dessa teoria de aprendizagem, cujos fundamentos epistemológicos encontram-se no construtivismo. Ele sofreu influências das obras de autores críticos como Paulo Freire e Jurgen Habermas. Freire (1970), um dos pioneiros, no Brasil, a trabalhar com a noção da aprendizagem de adultos, propõe uma prática de ensino que valorize a cultura dos alunos e que desenvolva sua criticidade e inquietude, indicando a necessidade de buscar a verdadeira causalidade dos fenômenos sociais por meio da interpretação profunda dos problemas vividos, assimilando criticamente a realidade. 2 2 22 A aprendizagem emancipatória pode ocorrer em ambientes educacionais formais ou informais, tais como grupos de desenvolvimento comunitário, programas de desenvolvimento profissional, movimentos políticos e ambientais. A aprendizagem transformadora pode, portanto, se efetivar em qualquer ambiente onde ocorra aprendizagem. Ao adquirir conhecimento técnico, por exemplo, uma pessoa pode aumentar sua autoconfiança e mudar a percepção sobre seu lugar no mundo, obtendo assim uma aprendizagem emancipatória. Em algumas ocasiões, as pessoas adquirem uma série de conhecimentos instrumentais e comunicativos até que esses conhecimentos se integrem. Em outros casos, a aprendizagem emancipatória não ocorre porque, nesse processo, há apenas a aquisição de novos conhecimentos ou a elaboração de conhecimentos anteriores, processos de aprendizagem que não abarcam questionamento de crenças ou pressupostos preexistentes (Cranton, 2006). CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA PARA O TRABALHO COM ATIVIDADES LÚDICAS 2 3 23 A vida, os acontecimentos, a evolução dão conta da importância de trabalhar cada vez mais com o lúdico, com as crianças, seja qual for sua faixa etária. Inseridos em atividades lúdicas, os alunos conseguem assimilar melhor os conteúdos trabalhados e sem dúvidas viajar através da imaginação. As manifestações lúdicas desenvolvem funções importantes no desenvolvimento da criança e se constituem um instrumento didático importante para o professor. A brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo da criança, pois é através dela que a criança expressa seus sentimentos em relação ao mundo em que vive. É também através das atividades lúdicas que as crianças reconhecem sua realidade e compreende o funcionamento do mundo e suas emoções, também desenvolve-se como indivíduo e aprende a superar suas limitações, brincando e reproduzindo. É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda... (MARCELINO, 1996, p.38). 2 4 24 O lúdico é uma necessidade do ser humano indiferente de sua idade e não deve ser visto meramente como diversão. O brincar é a essência da infância, ele permite a produção de conhecimentos, estimula a afetividade, assim, estabelece-se com o brincar uma relação natural extravagando as angústias e paixões, alegrias, tristezas, agressividades. Em todas as épocas o lúdico, o brincar faz parte da vida da criança, viver no mundo da fantasia, do encantamento, da alegria, dos sonhos. Parte da descoberta de si mesmo, do experimentar, do criar e recriar oportunizando ao indivíduo, seu saber, sua compreensão do mundo, seu conhecimento, facilitando a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e coletivo, trazendo benefícios para a saúde mental, para a socialização, comunicação, expressão e valorizando sempre a criatividade que está inata nesta atividade. Nessa perspectiva, a brincadeira é a principal ação que manifesta a essência da aprendizagem significativa na vivência do aprendiz. Por meio da ação do brincar, a criança, que naturalmente possui a característica da curiosidade, é inserida em um mundo de fantasia proporcionado por elas e pelo 2 5 25 próprio contexto; a formação do saber aprimora-se através dessa prática importante. Essa junção entre a formação da aprendizagem e a prática do brincar é pertinente para o fornecimento de informações específicas, que têm como meta explorar conteúdos que retratam a evolução da criança nesse contexto lúdico. Por meio das brincadeiras que a criança cria oportunidade de interação com todos ao seu redor, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras, cognitivas e também da relação de afetividade entre os educandos, que estabelecem laços de amizade entre si e adquirem conhecimentos. A educação lúdica contribui para a formação do infante, possibilitando um enriquecimento pedagógico e de valores culturais, ensinando a respeitar as opiniões dos outros e ampliando o conhecimento. A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca,criativa,livre,crítica,promovendo a interação social e tendo 2 6 26 em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.(ALMEIDA,2003:57) Diante de todos estes aspectos importantes a ludicidade propicia também o desenvolvimento de outros aspectos importantes como o desenvolvimento do raciocínio da criança, na brincadeira, a criança vai interpretar de uma forma mais positiva o conteúdo, ou aquilo que a professora quis passar para o aluno, irá sentir-se mais satisfeito e envolvido, parte do processo de aprendizagem. E, além disso, foi passado de forma indireta, ou seja, não foi imposto pelo professor diretamente. Fugiu do obrigatório. E sem dúvida foi significativo porque a brincadeira irá marcar para o aluno por que foi interessante e desperto a sua curiosidade. O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter 2 7 27 preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobama família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Para tanto, prioridades devem ser estabelecidas, dentre elas: diagnóstico e busca da identidade da escola, definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender, análise do conteúdo e reconstrução conceitual, além do papel da escola no diálogo com a família. Na abordagem preventiva, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os elementos facilitadores, sendo isso uma atitude de investigação e intervenção. Trabalhando de forma preventiva, o psicopedagogo preocupa-se especialmente com a escola, que é pouco explorada e há muito que fazer, pois grande parte da aprendizagem ocorre dentro da instituição, na relação com o professor, com o conteúdo e com o grupo social escolar como um todo. 2 8 28 Na visão de Fagali (FAGALI, 2002, p. 10) “... trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento”. O trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente. O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das 2 9 29 aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir. Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológicas, psicomotora. Fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia. 3 0 30 Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar. A Psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor. Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber. Além do já mencionado, o psicopedagogo está preparado para auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver 3 1 31 alternativas de ação e ver como as demais técnicas podem intervir, bem como participando do diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem e do atendimento a um pequeno grupo de alunos. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma anaminese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. 3 2 32 Solé (SOLÉ, 2000, p. 29) afirma que essa intervenção tem um maior alcance quando realizada no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades e por meio das pessoas que, cotidianamente, se relacionam com ele, uma vez que os processos de aprendizagem se relacionam diretamente com a socialização e integração dos alunos no contexto sócio - educacional em que estes estão inseridos. O psicopedagogo tende a prevenir os problemas de aprendizagem, ao invés de remediá-los por meio da busca de diversos serviços escolares dos quais os alunos participam e na medida do possível, do ambiente familiar e social em que eles vivem, auxiliando o aluno a desenvolver o máximo de suas potencialidades. Nessa perspectiva, “o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seuslimites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico” (TANAMACHI, 2003, p. 43). Dessa forma, acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para que as transformações, de fato, ocorram. INCLUSÃO PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM 3 3 33 A inclusão é definida por um sistema educacional modificado, organizado e estruturado para atender as necessidades específicas, interesses e habilidades de cada aluno. Essa abordagem requer uma pratica pedagógica dinâmica, com currículo que contemple a criança em desenvolvimento, os aspectos de ação medidora nas inter-relações entre a criança, professores e seus familiares, atendendo às suas especificidades no contexto de convivência. A educação inclusiva é uma pratica inovadora que esta enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que as escolas se modernizem e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. É um novo paradigma que está desafiando o cotidiano escolar brasileiro. E que estas barreiras vêm a ser superadas por todos profissionais da educação, comunidade, pais e alunos. Precisamos buscar cada vez mais a aprender mais sobre a diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados de cada ser humano se sentir, agir e pensar. A importância da inclusão educacional em contribuir para a socialização de alunos portadores de necessidade educacionais especiais, a educação Inclusiva favorece a um melhor desenvolvimento físico e psíquico dos mesmos, beneficiando também os demais alunos que aprendem a adquirir atitudes de 3 4 34 respeito e compreensão pelas diferenças. Todos os alunos saem ganhando ao receber uma metodologia de ensino individualizado e ao depor de mais recursos na educação inclusiva serão também obedecidos os princípios de igualdade de viver socialmente com direitos privilegiados e deveres iguais; participação ativa na interação social e observância de direitos e deveres instituídos pela sociedade. É exigida uma maior competência profissional, projetos educacionais mais bem elaborados, currículos adaptados às necessidades dos alunos, surgindo, consequentemente, uma gama maior de possibilidade de recurso educacionais. Isto significa que há necessidade dos governos manterem seus profissionais atualizados, para que se tornem capazes de desempenhar um papel fundamental na aprendizagem de seus alunos. Apesar de garantir na lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, a filosofia da inclusão não se consolidou na forma desejada. É preciso, antes de qualquer ponto, que os professores se adaptem a este novo processo, entendendo que há necessidade de um novo olhar para os portadores de necessidades educacionais especiais. É importante que sejam revistos os conceitos e preconceitos existentes para que seja possível a elaboração de um trabalho educativo de qualidade. Desta forma nós podemos observa que a lei que ampara o aluno com necessidades especiais tem causado várias discussões sobre o assunto entre os educadores. Se nós queremos realmente uma sociedade justa e igualitária em que todas as pessoas tenham valores iguais e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos em nossas escolas, para posicionar aos alunos com deficiências as oportunidades e as habilidades para participar da nova sociedade que está sugerindo. Hoje na escola cada indivíduo apresenta a sua bagagem, uns diferem dos outros, quer seja pela genética, pelo meio em que vive, pelos seus anseios e desejos. Assim como as dificuldades na escola podem acontecer por vários fatores, tais como: a escola propriamente dita, sua cultura, sua política, seus professores, a relação do corpo docente e discente e a metodologia aplicada. 3 5 35 O PSICOPEDAGOGO E OS DESAFIOS DE APRENDIZAGEM As dificuldades de aprendizagem passaram a ser compreendidas de acordo com a interação de diversos fatores escolares e familiares. Nesse sentido, a Psicopedagogia colabora com a escola, haja vista que é no âmbito desta instituição que a aprendizagem socialmente reconhecida acontece. O psicopedagogo atua no cotidiano pedagógico, mas, agora, já não procura por causas e soluções em si mesma. Outros fatores, que estão fora do ambiente escolar, também contribuem com as dificuldades de aprendizagem e podem ser: orgânicos, emocionais, culturais, intelectuais, familiares e outros fatores mais específicos, como por exemplo, dislexia, disgrafia, discalculia; estes considerados transtornos ou distúrbios, que devem ser devidamente diagnosticados quando percebidos. Segundo Fonseca (1995), muitas das aprendizagens se adquire por imitação e por simples interação social, outras, porém, só se adquirem em 3 6 36 situações estruturadas, que exigem a participação e mediatizarão de um adulto científica e culturalmente preparado. No processo educacional o papel de quem ensina e de como aprende é fator importantíssimo para que professores e alunos criem vínculos indispensáveis para a aprendizagem. Este processo precisa ser construído de maneira sócio interacionista, pois ensinar e aprender envolve o professor, o aluno e o meio onde se dá a aprendizagem. Nos encontros pedagógicos das escolas em geral ouvem- se queixas de professores, como forma de desabafo e também para tirar de suas costas, a responsabilidade da não aprendizagem, de grande parte de seus alunos. Expressões como: o aluno é preguiçoso e desatento; lento para copiar, escrever e resolver as atividades faz parte do cotidiano, da maioria das escolas e a interação professor/aluno pouco tem contribuído como fator facilitador de aprendizagens. Na maioria das vezes a discussão é gerada apenas em torno do foco “alunos que não querem aprender” e “pais que não interessam pelos seus filhos e que não comparecem à escola”. Usam como estratégia de responsabilidade, o aluno, pelo seu próprio fracasso escolar. Bossa (2000) também faz menção que as dificuldades de aprendizagem estão relacionadas a diversos fatores. “Sabemos que o sentido das aprendizagens é o único e particular na vida de cada um, e que inúmeros são os 3 7 37 fatores afetivo-emocionais que podem impedir o investimento energético necessário ás aquisições escolares” (BOSSA, 2000, p.18). O problema de aprendizagem não tem origem apenas cognitiva e atribuir ao próprio aluno o seu fracasso, sem considerar as condições de aprendizagem, que a escola oferece para o aluno e outros fatores extras- escolares, é reforçar fracasso tanto do aluno como da escola. As dificuldades de aprendizagem interferem consideravelmente na vida do cidadão e quanto mais precocemente forem observadas tanto melhor será o seu diagnóstico e o seu tratamento. É importante que o trabalho psicopedagógico seja realizado em todos os momentos da vida escolar e com todos os alunos. No entanto, independente do fator que influencia negativamente a aprendizagem, é preciso o quanto antes identificar e tratar essas dificuldades. De acordo com Smith e Strick (2001) o fracasso escolar pode desencadear comportamentos e problemas que prejudicam ainda mais a criança. “Muitos se sentem furiosos e põem para fora, fisicamente, tal sensação; outrosse tornam ansiosos e deprimidos. De qualquer modo, essas crianças tendem a isolar-se e, com frequência sofrem de solidão, bem como de baixa autoestima”. (SMITH e STRICK, 2001, p. 16). Por isso, não apenas os pais, mas o professor e todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem da criança precisam apresentar um olhar atento a esses sintomas para identificar as causas e intervir o quanto antes. Sabemos que por outro lado a escola e família compartilhando o interesse em comum de fazer sempre o bem e de ajudar a criança o máximo possível tentam educa-lo, embora para alguns trata-se apenas de um filho e para o professor apenas de um aluno, destes casos uma boa e verdadeira colaboração em nível de igualdade passando por um respeito mútuo, requer um nível de confiança. No entanto os pais devem confiar no profissionalismo dos professores, não de forma cega, mas mediante a informação, a comparação de pontos de vista e o diálogo em torno de temas de seus interesses. 3 8 38 A orientação do Psicopedagogo Institucional junto ao professor deve ser constante, discutindo não apenas a relação professor e aluno, mas também as que dizem respeito ao conteúdo, atuação do aluno, formas de avaliação e até mesmo a relação e receptividade com os pais. Desta forma o professor poderá rever constantemente na sua prática a relação afetiva e as dificuldades vivenciadas na relação com o aluno e saber esperar pela resposta da sua produção. A escola deve investir, além do psicopedagogo, no quadro de seus profissionais, isto é, ter colaboradores, entre outros, psicólogo, fonoaudiólogo, psicoterapeuta, psicomotricista e médico e dar atenção especial aos seus professores que são primordiais para que a o processo ensino-aprendizagem aconteça. É importante que os professores tenham clareza que não há método bom ou ruim. Há sim métodos que servem para determinados alunos e não para outros. Não é porque um aluno não aprende por um método que concluiremos que não aprenderá. Não podemos nos fechar num único método e sim priorizar 3 9 39 diversas formas de ensinar, tendo em vista que cada ser humano é único, individual e tem sua forma, ritmo e momento de aprender. O educador deve ter a preocupação em torno de como alcançar intervenções pedagógicas adequadas para que os alunos avancem em seus conhecimentos. Estas são assuntos que rodam o dia-a-dia dos educadores compromissados com sua prática, que almejam que seus educandos estejam envolvidos em uma realidade de sucesso escolar e não do fracasso. Deste modo, a compreensão e reflexão do educador sobre a sua prática é fundamental para que o mesmo avalie sua ação produzindo estratégias capazes de favorecer o aprendizado dos alunos. Assim, precisa estar atento a como os alunos estão respondendo às suas intervenções pedagógicas. A atuação psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações, repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema familiar com uma saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de poder entre seus membros, clareza na definição de papéis e de limites. Assim o educador deverá ensinar a pensar, onde seus alunos devem entender o significado das atividades escolares, facilitar que o aluno compreenda o quê e o para quê da tarefa, assim como os critérios de avaliação; o aluno precisa saber o que o professor espera dele diante de cada tarefa proposta, deve favorecer a participação e a autonomia dos alunos, dando-lhe a oportunidade de participar de sua vida escolar. Para Pontes (2018) o educador, aquele que motiva para o saber, deve estar preparado para acompanhar a nova geração de alunos tecnológicos 4 0 40 CONCLUSÃO A inclusão educacional não é somente um fator que envolve pessoas, mas também as famílias, os professores e a comunidade, na medida em que visa construir uma sociedade mais justa e consequentemente mais humana. Dessa maneira, fazendo essas trocas sociais surge o sentimento de mútua ajuda, e quase que naturalmente e num tempo mais rápido, faz do ambiente escolar o principal veículo para o surgimento do verdadeiro espírito de solidariedade, da socialização e dos alicerces dos princípios de cidadania. Além de contribuir para a socialização de alunos portadores de necessidades educacionais especiais, a Educação Inclusiva favorece a um melhor desenvolvimento físico e psíquico dos mesmos, beneficiando também os demais alunos que aprendem a adquirir atitudes de respeito e compreensão pelas diferenças. O professor precisa ter criatividade para encontrar formas diferentes para o aluno aprender, sem seguir uma receita igual para todos. 4 1 41 A Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, colabora com planos educacionais e lúdicos no âmbito das organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizado diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes. Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem 4 2 42 REFERENCIAS AZEVEDO, A. D. ET ALII. APRENDENDO E ENSINANDO A LIDAR COM DEFICIÊNCIAS NA COMUNIDADE. MANUAL 1º E 2º FASCÍCULOS. SÃO PAULO: S.L., 1993. BRASIL. LEIS, ETC. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. SÃO PAULO. EDITORA DO BRASIL, 1996. 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